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INFORME
DA FAUNA ACOMPANHANTE
NA PESCA DE ARRASTO
NA AMÉRICA LATINA E CARIBE
REBYC II – LAC
O PROJETO FAO REBYC II – LAC
O Projeto Manejo Sustentável da Fauna Acompanhante na Pesca
de Arrasto na América Latina e Caribe − REBYC II − LAC, resultado
de uma iniciativa conjunta entre a Secretaria de Aquicultura e Pesca
do MAPA, a FAO − Organização das Nações Unidas para Alimenta-
ção e Agricultura e o GEF − Fundo Mundial para o Meio Ambiente,
com o propósito de promover a gestão sustentável e a redução de
desperdícios na pesca de camarões, representa o maior programa
oficial voltado para pesca desse crustáceo já desenvolvido no Brasil.
O REBYC II − LAC tem como objetivo ampliar o conhecimento so-
bre a captura incidental associada a pescarias de camarão no país,
assim como desenvolver tecnologias para mitigar o impacto dessa
atividade, considerando-se também aspectos socioeconômicos e o
empoderamento das mulheres nesse sistema pesqueiro.
ABORDAGEM ECOSSISTÊMICA
NA GESTÃO PESQUEIRA (AEGP)
O ineditismo do projeto se concentra, sobretudo, na aplicação da
Abordagem Ecossistêmica na Gestão Pesqueira (AEGP) para cons-
truir propostas de Planos de Gestão da Pesca de Camarões no Bra-
sil, contemplando as características oceanográficas do país e as pe-
culiaridades das pescarias regional, estadual e local a partir do olhar
e do saber tradicional dos pescadores e das pescadoras de camarão.
Deficiências de
governança, refletidas na
dificuldade de emissão
4
dos documentos de
comprovação do pescador Falta de valorização
e da atividade pesqueira, do pescador e da
no atraso no pagamento atividade pesqueira
seguro-desemprego do
pescador profissional
artesanal (seguro-defeso),
na inadequada estratégia e 5
abordagem da fiscalização
pesqueira, quando Insegurança jurídica
existente etc. da atividade
PRINCIPAIS RESULTADOS
ALCANÇADOS NAS OFICINAS
PARTICIPATIVAS
Os principais problemas identificados nas Oficinas
Participativas foram:
Ecológico/Recurso:
1. Medidas de ordenamento inadequadas e/ou defasadas;
2. Período de defeso inapropriado;
3. Limitação da frota de camarões;
4. Tamanho inadequado de rede;
5. Áreas de exclusão conflitantes com a dinâmica da pescaria;
6. Uso obrigatório do TED;
7. Importantes espécies comerciais proibidas de captura (espécies
ameaçadas de extinção);
Social/Humano:
1. Falta de reconhecimento da pesca;
2. Marginalização do pescador;
3. Alto custo do diesel;
4. Alto custo de manutenção da embarcação;
5. Embarcações obsoletas;
6. Insuficiência ou inexistência de infraestrutura/logística para
beneficiamento e/ou venda do pescado;
Governança:
1. Não emissão da carteira de pescador profissional;
2. Dificuldade de registro/autorização da embarcação;
3. Atraso no pagamento do seguro-defeso;
4. Fiscalização truculenta;
5. Ausência de monitoramento e estatística pesqueira padronizada;
6. Insegurança jurídica;
7. Centralização do ordenamento pesqueiro;
8. Precária participação social nos processos de tomada de decisão;
9. Pesquisas desconexas com a realidade da atividade;
10. Não reconhecimento das doenças laborais da pesca.
Componente ecológico
1. Melhoria das condições ambientais favorecendo o desenvolvi-
mento sustentável da pesca e a qualidade do pescado, com o esta-
belecimento de medidas que contribuam para a redução do nível de
poluição ambiental, por meio de trabalho de conscientização, edu-
cação ambiental e fiscalização; priorização de planos municipais de
saneamento básico; criação de pontos coletores para o descarte do
lixo; realização de campanhas de limpeza dos manguezais; e revita-
lização das margens dos rios;
Componente social/humano
1. Aumento da rentabilidade das pescarias de camarão marinho,
reduzindo os custos operacionais da frota pesqueira, com a desbu-
rocratização do programa de subvenção ao preço do óleo diesel;
apoio do governo para a renovação da frota pesqueira; aprimora-
mento do acesso a linhas de crédito para pescadores; isenção ou
diminuição de tarifa de importação para itens não existentes no
país; estudo e implantação de preço mínimo de comercialização do
camarão; ativação dos Terminais Pesqueiros Públicos; criação e in-
centivo da nota fiscal do produtor rural com alíquota reduzida;
Componente Governança
1. Implantação de um programa de monitoramento efetivo, de for-
ma a tornar a fiscalização da pesca mais eficaz, educativa e preven-
tiva, com aplicação de penalidades mais justas e escalonamento de
multas de acordo com a gravidade do delito, por meio da revisão da
lei de crimes ambientais; capacitação dos agentes de fiscalização; e
implantação de procedimentos de fiscalização, com etapas de edu-
cação ambiental e advertência antes da autuação;
PARANÁ
O Projeto REBYC II – LAC Brasil realizado na área piloto SC/PR tem
direcionado as atividades para promover o diálogo de saberes en-
tre pescadores e pesquisadores/ extensionistas. Atividades de pes-
quisa e extensão vêm sendo realizadas pela equipe desde 2012, in-
cluindo experimentos científicos apoiados pelo REBYC desde 2017.
bit.ly/montagemrede
bit.ly/pescagrelha
Esse diálogo por meio das redes sociais tem estimulado o uso vo-
luntário dos BRDs, a partir da criação, por exemplo, de uma Grelha
Nordmore com canos de PVC, como demonstrado no vídeo com-
partilhado:
bit.ly/comomontargrelha
Acompanhamento
do pescador na sua
primeira utilização
da rede com a grelha
feita por ele mesmo,
usando PVC.
ESPÍRITO SANTO, RIO DE JANEIRO,
SÃO PAULO, PARANÁ E SANTA CATARINA
Ao longo dos últimos quatro anos, foi formada uma rede de colabo-
ração entre diversos atores para a criação de adaptações nas redes
de arrasto de camarões do Sudeste e Sul. A partir do diálogo e da
construção coletiva estabelecida por essa colaboração, foram de-
senvolvidos testes com o uso do dispositivo exclusor de tartarugas
(DET, do inglês Turtle Excluder Devide – TED) e com ensacadores
modificados com janelas de malha quadrada nas pescarias de arras-
to industriais e de pequena escala entre o litoral do Espírito Santo e
de Santa Catarina, de acordo com as especificidades de cada pesca-
ria, já tendo sido construídos seis diferentes modelos (cinco malhas
quadradas e dois TEDs).
BELÉM – PARÁ
Especificamente no Pará, as atividades desenvolvidas pelo projeto
REBYC se mostraram bastante promissoras especialmente por se
tratar de um sistema industrial de pesca de arrasto de camarões
marinhos cujo investimento é alto. A possibilidade de se otimizar
as capturas de camarões, diminuindo a de espécies do bycatch, mi-
nimiza os gastos com combustível durante os arrastos e esse talvez
tenha sido o melhor de todos os resultados obtidos, agregado à di-
minuição das capturas de espécies ameaçadas ou que se encontram
muito próximas dessa categoria.
Vanildo Souza UFRPE − Ponto Focal do Projeto FAO REBYC II – LAC / BRDs
Flavia Lucena UFRPE
PE
Albérico Camello Extensionista do Projeto FAO REBYC II – LAC
Sérgio Matos Ponto Focal do Projeto FAO REBYC II – LAC
César Coelho Fundação Tamar − Ponto Focal do Projeto FAO REBYC II – LAC/BRDs
Erik Allan Pinheiro Reserva Biológica de Santa Isabel, do ICMBio
SE
Ana Rosa Araújo UFS
Maria Helena Analista Ambiental do IBAMA