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1- INTRODUÇÃO

De primeiro plano busca-se salientar a valorização do saber tradicional e a inclusão


de políticas públicas voltadas para a região amazônica, mais especificamente ao
município de Vigia, na microrregião do salgado quanto ao âmbito da atividade
pesqueira. Assim, de modo a incluir os saberes tradicionais em consonância as práticas
governamentais ao desenvolvimento da região. Ressalta-se a pesca artesanal como
atividade de intensa especificidade e complexidade mediante a manutenção de diversas
relações sociais e utilização de variadas técnicas e conhecimentos geracionais. Sob este
aspecto, trata-se do saber milenar que perpassa pelas tradições dos povos nativos,
fazendo-se valer maior atenção quanto a ausência das políticas públicas capazes de
atender as necessidades dos pescadores artesanais da região de Vigia-PA buscando a
preservação dos territórios de pesca e das práticas culturais e sociais.
Destaca-se a expoente exploração de pescados na região da Costa Norte
brasileira, havendo então a intensa participação da pesca artesanal neste contexto de
produtividade que, portanto, contam com os pescadores artesanais e seu repertorio de
saberes tradicionais, de notável conhecimento para assim atender a participação com as
políticas de gestão dos territórios e áreas de pesca das regiões, quanto as
particularidades locais. Inobstante, o conhecimento empírico do pescador artesanal
advém de práticas da própria vivencia, e o reconhecimento de tais experiencias como
universos de cultura ultrapassa a valorização regional da pesca e atinge o
empoderamento do local.
Conforme o aparato histórico, tem-se que instituiu-se o Conselho de
Desenvolvimento de Pesca por meio do decreto de 28 de junho de 1961, e, somente
após a criação da Superintendência de Desenvolvimento da Pesca, pela lei nº10 de 11 de
outubro de 1962 que os investimentos no setor industrial são exaltados, havendo a
exploração dos estoques pesqueiros e que estagnou o setor no fim da década 80. Como
consequência, se consideravam pescadores somente aqueles ligados a indústria,
havendo benefícios para tanto, enquanto que os pescadores artesanais eram excluídos
das assistências sociais e subsídios, por visões retrogradas. Assim, somente após a
criação do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais coube a gestão da
pesca e, após, ao Ministério de Agricultura. Já em 2003, criou-se a Secretaria Especial
de Aquicultura e Pesca, que, então, passa a conferir maior visibilidade com a questão da
pesca artesanal.
Em suma, a pesca artesanal aplica ao campo do saber tradicional diversos
domínios na área da pesca, como nomenclaturas e padrões, aspectos geográficos e
reprodução, havendo então a logística e propriedade no ensino e prática do assunto,
atendendo a tecnologias próprias e adaptadas ao ambiente. Para tal, o presente estudo
também se dirige a entender de igual modo a condição do trabalho no Estado brasileiro,
que, diante da realidade e conjuntura atual, não compreende o saber tradicional como
parte atuante da sociedade e na divisão do trabalho. Assim, as características e nuances
dos povos tradicionais brasileiros, que são observadas nas práticas e vivências da pesca
artesanal, entram em conflito com tal racionalidade estatal por meio das práticas
políticas de dominação com estes povos em suas ações.

2- METODOLOGIA
O presente trabalho possui como base metodológica as pesquisas bibliográficas
de artigos e dissertações voltadas para a pesquisa quanto a pesca artesanal na região de
Vigia, município do Pará. Como fonte principal tem-se a dissertação de mestrado
realizada em 2020 por José Silva, cujo título: “Gente do estuário:mudanças e
permanências dos saberes e técnicas tradicionais de pescadores artesanais de Vigia
(PA)”. Como demais fontes, utilizamos a dissertação de mestrado de Alzira de Araujo,
cujo tituilo é: “Saberes Culturais da Pesca Artesanal na Amazônia Ribeirinha de Vigia
de Nazaré/PA” e os artigos acadêmicos: Atividade pesqueira e produção do espaço na
Amazônia Atlântio-estuarina: Vigia de Nazaré, Pará, Brasil de autoria de Daniel
Sombra, Christian Silva, Igor Furtado e Ana Líria Goes; Organização social e aspectos
técnicos da atividade pesqueira no Município de Vigia-PA de autoria de Keila Mourão,
Ludmila Pinheiro e Flávia Lucena.

3- OBJETO DE PESQUISA
Possui como objeto de pesquisa a pesca artesanal na região Norte, mais
especificamente o estuário Amazônico, salientando as mais variadas formas de
expressão da regionalidade no âmbito da pesca no estado do Pará como processo
autônomo e de potencial de ressignificação dos aspectos socioculturais e ambientais.

4- DISCUSSÃO E RESULTADOS
Os saberes tradicionais são pilares para a persistência do modo de vida
pesqueiro, sendo ele responsável pela subsistência da era em que se localiza a cidade de
Vigia. O estudo emprestado se baseia na tese de mestrado de José Silva, “Gente do
estuário:mudanças e permanências dos saberes e técnicas tradicionais de pescadores
artesanais de Vigia (PA)”, que analisa a questão tradicional do teoria pesqueiro e como
a atividade é teor basilar na comunidade de Vigia.
A questão do aprendizado tradicional se sobrepõe as questões escolares, tendo
em vista que a maioria das pessoas entrevistadas, sendo entre 25 - 40 anos, são tidas
como analfabetas, ainda assim, este fato não prejudica na sua atuação no meio
pesqueiro. Diante disso, a situação costumeira de formação precoce de família, obriga
os indivíduos jovens a largarem os estudos em busca de sustento a suas famílias, assim
aumentando o contingente de indivíduos analfabetos nessas comunidades interioranas.
Apesar da necessidade atual da utilização de tecnologias para o andamento da
atividade de pesca, o conhecimento tradicional se sobressai, já que a aprendizagem é
passada de geração a geração antes mesmo da tecnologia e mecanização atingir este
setor tão antigo.
Além do conhecimento tradicional ser um dos pilares que sustentam as
comunidades da área de Vigia, entende-se que o cunho coletivo dessas comunidades é
imprescindível para o equilíbrio e subsistência da utilização da atividade pesqueira.
Assim, a coletividade é um conceito extremamente aparente e está contido em toda a
existência artesanal da atividade de pesca.
Historicamente, a pescaria tem importância basilar na região de Vigia. Assim,
como parte da formação de Vigia, a pesca se expõe como um trabalho informal, já que
boa parte dos indivíduos que se colocam como pescadores artesanais, não possuem
carteira de trabalho ou qualquer registro referente a atividade que exercem.
Sendo vigia uma das cidades mais antigas da Amazônia, tem-se a percepção de
como funciona a transmissão do saber tradicional, assim como sendo palco para as mais
diversas mudanças de atuação sobre a pescaria. Tendo em vista, que em 1970, surgiu a
pesca industrial, o que acabou por gerar uma reconfiguração da pesca, sendo dividida
em industrial e artesanal, assim acarretando em conflitos persistentes até a atualidade.
Nos tempos atuais, os pescadores, através das entrevistas presentes no mestrado
utilizado neste trabalho, se teve acesso a opinião dos moradores e pescadores de Vigia,
em que eles expõe as atuais complicações ao exercer a atividade de pescaria, sendo uma
das mais citadas:a “pirataria”, que ocasiona medo e insegurança na atividade, já que os
pescadores são assaltados e violentados, sem qualquer tipo de proteção das autoridades,
sendo citado também o descrédito no IBAMA, por parte dos pescadores, sendo descrito
somente sua serventia ao gerar “multas”.
Outras motivações além da pirataria são pontuadas pelos usuários deste modo de
subsistência, como a falta de legislação sobre algumas espécies de peixes,
principalmente da pescada amarela que é principal produto comercializado nesta
atividade. Além do mais, foi constatado que a escassez do pescado atual se dá pela
poluição ambiental, como lixo esmalto mar, e plástico na natureza. Sendo a pescada
amarela o principal produto, é essencial a crianças de legislação e modificações
necessárias a proteção da natureza, como medidas disciplinares a empresas e aos
próprios pescadores menores, que apesar de serem artesanais possuírem embarcações e
técnicas possivelmente nocivas
Além das motivações já citadas, é necessário expor a maior motivação, a pesca
industrial, que colocada pelos pescadores como grande causadora da escassez de
pescado, da dificuldade de subsistência e comercialização de produtos pelos pescadores
artesanais. Tendo em vista que as empresas pesqueiras tem mais aparatos, como barcos
frigoríficos e tecnologia avançada, acabam por retirar o máximo de matéria prima
(peixes) da natureza e monopolizam todo o cenário de pesca, assim como utilizando de
técnicas nocivas ao ciclo de produção de espécies, já que visam o lucro acima de tudo.
Para a melhor organização da pesca, é feira uma caracterização dos tipos de
técnicas utilizadas e formato de pescaria, sendo algumas delas: a pesca do vai e volta;
pesca de baliza; e a pesca do canal do navio.
A pesca do vai e volta se funda em uma técnica mais primitiva, sem utilização
de embarcações,ocorre perto das áreas da cidade, o melhor exemplo para tal técnica é o
extrativismo de mariscos, como o carangueijo.
A pesca de baliza se dá de uma maneira mais organizada e aparamentada, já se
tem a utilização de embarcações, já se possui uma tripulação por volta de 5 tripulantes,
tem-se um tempo médio de viagem de 10 dias para a pesca, assim tem um teor mais
organizado e necessita de mais indivíduos atuando.
A pesca do canal do navio se coloca da mesma maneira da pesca de baliza, a
diferença que se apresenta é a necessidade de embarcações maiores e maior tripulação,
assim como o maior tempo de pesca.
Com a mecanização da atividade pesqueira, que acaba por aumentar a
capacidade da pesca industrial sobre a pesca artesanal, se expõe a dificuldade trazida
por esse setor extensivo e prejudicial à natureza, assim como se coloca dificultosa a
vidamos pescadores artesanais perante a competitividade comercial de peixes, alem da
falta de legislação favorável aos pescadores que utilizam de seu trabalho para
subsistência de sua família. Dessa forma, os pescadores expõe suas preocupações e falta
de respaldo para a sua atuação de maneira segura e ativa.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Alzira, Saberes Culturais da Pesca Artesanal na Amazônia Ribeirinha


de Vigia de Nazaré/PA, https://ccse.uepa.br/ppged/wp-
content/uploads/2020/01/alzira_almeida_de_araujo-1.pdf, Acesso em 2023.

MOURÃO, K. R. M.; PINHEIRO, L. A.; LUCENA, F. Organização social e


aspectos técnicos da atividade pesqueira no município de Vigia-PA,
https://www.researchgate.net/profile/Flavia-Lucena-
Fredou/publication/238725683_ORGANIZACAO_SOCIAL_E_ASPECTOS_TEC
NICOS_DA_ATIVIDADE_PESQUEIRA_NO_MUNICIPIO_DE_VIGIA_-
_PA/links/0c960528c6f7ff01cb000000/ORGANIZACAO-SOCIAL-E-ASPECTOS-
TECNICOS-DA-ATIVIDADE-PESQUEIRA-NO-MUNICIPIO-DE-VIGIA-
PA.pdf. Acesso em 2023.

SOMBRA, DANIEL, SILVA, CHRISTIAN, ATIVIDADE PESQUEIRA E


PRODUÇÃO DO ESPAÇO NA AMAZÔNIA ATLÂNTICO-ESTUARINA:
VIGIA DE NAZARÉ, PARÁ, BRASIL,
https://revistamares.com.br/index.php/files/article/view/200, Acesso em 2023.

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