Você está na página 1de 24

CRIAÇÃO DE PEIXES EM TANQUES-REDES

EMATER–MG

2007
ELABORAÇÃO:

Coordenadores Técnicos

ENG. AGR. MSc FREDERICO OZANAM DE SOUZA – UREGI PASSOS

MED. VETER. MSc DIRCEU ALVES FERREIRA – E. CENTRAL

ENG. AGR. EUGÊNIO PACCELLI LOUREIRO VASCONCELOS

ENG. AGR. MSc JOÃO AUGUSTO GUABIRABA

CIENTISTA SOCIAL MSc MARIA HELENA ALVES DA SILVA

ASSISTENTE SOCIAL ISABEL MARIA ALVES


SUMÁRIO

1- APRESENTAÇÃO
2- LINHAS DE CRÉDITO DESTINADAS À PISCICULTURA
3- ASSOCIATIVISMO UNINDO PARA PRODUZIR RESULTADOS
3- A POLÍTICA NACIONAL DE ATER (PNATER)
4- PRODUÇÃO DE PEIXES NO SISTEMA TANQUE-REDE
APRESENTAÇÃO

A piscicultura é uma atividade que vem experimentando um rápido


crescimento em todo o Estado de Minas Gerais. Isto por ser uma atividade
produtiva que oferece grande oportunidade aos agricultores familiares e
aos pescadores profissionais/artesanais para diversificarem suas
atividades, permitindo conciliar o acesso ao consumo de alimento protéico
de alto valor biológico a um melhor uso da água e à geração de ocupação
e renda com a venda de parte dos peixes produzidos.

A agricultura familiar em Minas Gerais ocupa papel de destaque no


montante produzido dos principais produtos da agropecuária mineira,
sendo grande parte desta produção destinada ao consumo familiar e o
excedente comercializado, o que representa uma importante contribuição
para o fortalecimento do orçamento dessas famílias. Atualmente os
pescadores profissionais/artesanais de Minas Gerais encontram-se
desestimulados, em função da baixa produtividade dos rios, em
conseqüência da pesca predatória e da degradação do meio ambiente, o
que dificulta sua sobrevivência, pois têm como única fonte de renda a
atividade pesqueira.

Pretende-se, com este projeto, dar continuidade ao trabalho que já vem


sendo feito junto às comunidades de piscicultores de agricultura familiar e
pescadores profissionais/artesanais, utilizando-se das metodologias
próprias do trabalho de extensão rural, por meio de metodologia
participativa no processo de produção e apropriação do conhecimento
junto aos grupos de interesse, no conhecimento e utilização de linhas de
crédito disponíveis a estas atividades, no desenvolvimento de novos
mercados para comercialização da produção e na educação e gestão
ambiental, dando condições aos que já desenvolvem a atividade piscícola
e pesqueira de se aperfeiçoarem no processo produtivo.
LINHAS DE CRÉDITO DESTINADAS À PISCICULTURA

João Augusto Guabiraba


Engenheiro Agrônomo – MS
Coordenador Estadual de Crédito Rural
DETEC/CIAGRO/EMATER–MG
Email: creditorural@emater.mg.gov.br

1. PRONAF

Beneficiários

São beneficiários e se enquadram nos grupos B, C, D e E do PRONAF, de acordo com a renda e a


caracterização da mão-de-obra:
1. pescadores artesanais que se dediquem à pesca artesanal, com fins comerciais, explorando a
atividade como autônomos, com meios de produção próprios ou em regime de parceria com outros
pescadores igualmente artesanais;
2. aquicultores, maricultores e piscicultores que se dediquem ao cultivo de organismos que tenham na
água seu normal ou mais freqüente meio de vida e que explorem área não superior a 2 (dois)
hectares de lâmina d’água ou ocupem até 500 metros cúbicos de água, quando a exploração se
efetivar em tanque-rede.

Custeio
Limite Financiável:
Grupo C
Financia mínimo de R$ 500,00 e máximo de R$ 4.000,00 por mutuário, por safra; juros de 4% ao ano;
prazo de 1 ano.
Grupo D
Financia até R$ 8.000,00 por mutuário, por safra; juros de 4% ao ano; prazo de1 ano.
Grupo E
Financia até R$ 28.000,00 por mutuário, por safra; juros de 4% ao ano; prazo de 1 ano.

Investimento
Limite Financiável:
Grupo B
Financia R$1.500,00 por mutuário, independente do número de operações, não podendo exceder a
R$4.000,00 o somatório das operações, com direito ao bônus de adimplência de 25% sobre cada
parcela; juros de 1% ao ano; prazo de 2 anos.
Grupo C
Financia mínimo de R$1.500,00 e máximo de R$6.000,00 por operação; juros de 3% ao ano; prazo de
até 8 anos, incluídos até 5 anos de carência.
Grupo D
Financia até R$ 18.000,00 por beneficiário; juros de 3% ao ano; prazo de até 8 anos, incluídos até 5 anos
de carência.
Grupo E
Financia até R$36.000,00 por beneficiário; juros de 7,5% ao ano; prazo de até 8 anos, incluídos até 5
anos de carência.

2. RECURSOS CONTROLADOS

Custeio Pecuário

Finalidade:

Financiamento, mediante abertura de crédito fixo, das despesas normais da exploração, durante o
ciclo produtivo de animais, tais como:

Atividade aqüícola, entendida, para efeito desta norma, como atividade desenvolvida por pessoa física
ou jurídica, relacionada ao cultivo ou à criação comercial de organismos (peixes, crustáceos, moluscos,
anfíbios e algas) que têm na água seu normal ou mais freqüente hábitat, sendo financiáveis as
despesas normais de:

I - aquisição de matrizes e alevinos;

II - reparo e limpeza de diques, comportas e canais;

III- mão-de-obra, ração e demais bens secundários necessários ao desenvolvimento da atividade.

OBS.: Relativamente à atividade acima, exige-se, conforme Art.2º da Instrução Normativa nº.3, de
12.05.2004, da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República, que o produtor
seja inscrito no Registro Geral de Pesca – RGP. O registro pode ser requerido nos Escritórios Estaduais
da SEAP/PR, na Unidade da Federação em que o interessado esteja domiciliado. A Instrução Normativa
mencionada, bem como os endereços dos escritórios regionais estão disponíveis no site
www.presidencia.gov.br/seap.

Beneficiários: pessoa física ou jurídica que se dedique à exploração da pesca (cultivo ou captura), com
fins comerciais.

Prazos: até 1 ano


Teto para operações com recursos controlados: o valor dos financiamentos de custeio pecuário, ao
amparo de recursos controlados do crédito rural, para cada beneficiário/safra, em todo o Sistema
Nacional de Crédito Rural–SNCR, não acumulativo, é de R$150.000,00, quando destinados ao custeio
da atividade pesqueira/aqüícola.

3. Recursos não-controlados
Teto: Não existe teto.

Encargos Financeiros: 8,75% ao ano, quando utilizados recursos controlados do Crédito Rural, ou TR
mais juros, quando utilizados recursos não-controlados do Crédito Rural.

Limite Financiável: até 100% do orçamento apresentado, limitado a 70% da receita bruta prevista para
o empreendimento a ser financiado.

Prazo: até 1 ano

3.1 PRODEAGRO

Investimento
1. Linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Social – BNDES.

2. Aquisição de máquinas, equipamentos e instalações de estruturas de apoio, aquisição de redes,


cabos e material para a confecção de poitas, construção de viveiros, açudes, tanques e canais, serviços
de topografia e terraplanagem, destinados à produção de peixes, camarões e moluscos em regime de
aqüicultura e à aquisição de alevinos e ração no primeiro ciclo de produção, entendido como custeio
associado ao investimento.

3. Instalação, ampliação e modernização de benfeitorias, bem como sistema de preparo, de limpeza,


de padronização e de acondicionamento de peixes, camarões e moluscos produzidos e regime de
aqüicultura.

4. Beneficiários: produtores rurais, pessoas físicas ou jurídicas e suas cooperativas:

1. encargos: 8,75% a.a.;

2. prazo: até 60 meses, incluída carência de até 24 meses;

3. limite financiável: até 100% do empreendimento;

4. teto de financiamento: até R$200 mil por beneficiário, para empreendimento individual, e até
R$600 mil, para empreendimento coletivo, respeitado o limite individual por participante, no período
de 1º.07.2006 a 30.06.2007, independentemente de outros créditos concedidos ao amparo de recursos
controlados do crédito rural.

3.2. PROGER RURAL

• Finalidade: custeio e investimento.


• Beneficiários: proprietários, posseiros, arrendatários ou parceiros que não detenham a qualquer
título área de terra superior a 15 módulos fiscais; executem os trabalhos de forma direta e pessoal
com a família e ajuda eventual de terceiros; no mínimo 80% da renda proveniente de atividade
agropecuária; tenham renda bruta anual máxima de R$ 100.000,00;
residam na terra ou no aglomerado urbano mais próximo.
• Valor Financiado:
custeio – até R$48.000,00 por beneficiário; investimento – até R$ 48.000,00 por beneficiário, sendo que o
somatório do custeio e investimento não pode ultrapassar R$60.000,00; investimento coletivo: até o limite
individual de cada participante do grupo.
• Prazo: custeio – até 2 anos; investimento – até 08 anos com carência de 03 anos.
• Juros: 8% ao ano
• .

ASSOCIATIVISMO UNINDO PARA PRODUZIR RESULTADOS

Eugênio Paccelli Loureiro Vasconcelos


Engenheiro Agrônomo
Coordenador técnico Estadual
Cooperativismo e Associativismo
EMATER–MG

Trabalhar sozinho para solucionar os problemas particulares ou os da comunidade talvez seja o caminho
mais longo e difícil para obter o sucesso esperado.
Ao contrário, as pessoas, organizadas em associações, têm muito mais chance de resolver alguns
desses problemas.
Mas, para que a união ocorra e dê resultados, deve haver condições adequadas e muita vontade e
paciência.

FIGURA 1
Em geral as pessoas se unem para:
- resolver problemas em comum;
- aumentar a renda e reduzir os custos de trabalho e produção;
- facilitar e favorecer o acesso ao mercado;
- aumentar o poder de negociação;
- ampliar e consolidar parcerias;
- valorizar e divulgar a cultura local;
- ampliar o relacionamento entre as pessoas;
- obter melhorias, como: estradas, escolas, postos de saúde;
- dentre outros motivos.

O resultado dessa união é a melhoria da qualidade de vida das famílias.

Mas o que é uma associação?

FIGURA 2
Associação é um grupo organizado de pessoas, podendo ser legalmente constituído ou não, que
decide trabalhar em conjunto, visando alcançar objetivos comuns.
A consolidação das associações é dada pelo seu Estatuto Social, que precisa ser conhecido e
compreendido por todos.
No Estatuto Social está escrita a forma como a associação funcionará, quais são seus objetivos, qual a
sua área de atuação, como será a administração da entidade, quem são as pessoas que dela podem
fazer parte, seus deveres e direitos, dentre outros assuntos que valem a pena conhecer.

Quem forma as associações? O associado


A razão de ser de uma associação são as pessoas. Todas as ações desempenhadas devem ser, direta e
indiretamente, voltadas para satisfazer as necessidades delas.
A relação dos associados com a associação é expressa em direitos e responsabilidades ou deveres.

Direitos do associado:
- Votar e ser votado nas eleições.
- Participar das assembléias gerais, votando nos assuntos tratados.
- Apresentar à diretoria propostas de interesse da entidade.
- Propor à diretoria entrada de novos associados.
- Solicitar informações sobre a associação.
- Desligar-se quando lhe convier.

FIGURA 3
Deveres do associado:
- Participar das assembléias, votando nos assuntos tratados.
- Quitar suas dívidas com a entidade.
- Desempenhar com eficiência as obrigações do cargo que exercer.
- Zelar pelo nome e patrimônio da associação.
- Promover a associação e o associativismo.
- Conhecer o estatuto e os regimentos.

A Administração e o sucesso das associações

Os associados, para fazerem parte dos Conselhos de Administração e Fiscal, deverão ser eleitos em
Assembléias Gerais.
Cada conselho tem composições e funções descritas no Estatuto Social e no Regimento Interno.
Na verdade, as atitudes dos associados no dia-a-dia de convívio com a associação e o respeito às regras
serão fundamentais para o sucesso da entidade. Assim os associados devem estar dispostos a:
-Trocar idéias entre si.
- Ouvir, discutir e compreender.
- Acatar a decisão da maioria.
- Participar das discussões.
- Assumir tarefas e responsabilidades.
- Planejar atividades.

Declarações que devem ser feitas regularmente

Sendo a associação uma “Pessoa Jurídica”, ou seja, registrada no CNPJ – Cadastro Nacional de
Pessoas Jurídicas – ela deverá cumprir alguns requisitos para funcionar. Dentre esses requisitos estão as
declarações, conforme veremos a seguir.

Existem declarações que devem ser feitas regularmente:


- Janeiro a março – Declaração da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais para o Ministério do
Trabalho).
- Maio a julho – Declaração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica.
- As Associações são isentas de pagamento de imposto de renda, mas devem fazer a declaração anual.
Se não, estarão sujeitas a multas.

Recomendamos que as associações tenham a assistência de um contador, comprometido e bom


profissional, o que facilitará muito estas questões.

Palavras finais:

As palavras finais deste capítulo são palavras de alerta e de incentivo também.

Vamos começar pelas de alerta:


- A associação só funcionará se ela estiver cumprindo com suas funções.
- Para cumprir suas funções, deverá haver COMPROMETIMENTO, sim, tanto por parte dos conselhos de
administração e fiscal, quanto pelos associados.
- Ficarão frustrados os associados que pensarem que as associações darão conta de todas as suas
necessidades e vontades.
- A palavra-chave que abre as portas para os resultados positivos é PERSISTÊNCIA. “Aqueles que
perseverarem até o fim serão salvos”, está escrito na Bíblia Sagrada.
Vamos agora às palavras de incentivo:
- Vale a pena e vai muito além do que se espera, quando se trabalha com seriedade.
- A soma das forças que se consegue com o trabalho coletivo produz resultados muito interessantes de
satisfação e vitórias.
- Veja-se vitorioso e parta para o abraço, é possível.
No mais, desejo felicidades e também participar do sucesso de todos.

FIGURA 4
Anexo

Considerações de como escrever uma ata

1a - A ata deve ter um cabeçalho que a identifique e a situe no tempo (data) e no espaço (local).
2a – As datas devem ser colocadas por extenso, por exemplo: “Aos quinze dias do mês de fevereiro do
ano de dois mil e sete...”;
3a - No cabeçalho, devem-se reforçar o porquê da reunião e o que se espera dela.
4a - As atas devem ser escritas em um único parágrafo, sem espaços intermediários.
5a - As atas não devem conter rasuras. Caso ocorram erros, colocar na frente da incorreção o termo
“digo” e na seqüência colocar o correto.
6a - A ata deve conter a descrição de assuntos e fatos sugeridos, seja pelo presidente da reunião, seja
por qualquer pessoa participante.
7a - Quando a ata estiver pronta, ela deverá ser lida e submetida à aprovação das pessoas presentes à
reunião ou assembléia. Caso a ata não se encontre de acordo, pode-se utilizar da expressão “em tempo,
onde se lê tal termo, leia-se este outro” e descrever o termo incorreto e o que venha substituí-lo.
Para aquelas situações em que a ata vier a ser submetida à votação na reunião seguinte, havendo
necessidade de corrigi-la, a sugestão é que se faça constar a alteração na ata da reunião que está
acontecendo.
O registro da ata em cartório deverá ocorrer:
- quando se tratar de alterações entre os representantes da entidade;
- se projeto a ser desenvolvido requerer;
- caso seja vontade da Assembléia Geral.
8a - Deverá existir um livro próprio onde as atas são escritas, admitindo-se o uso de folhas impressas,
posteriormente coladas nas páginas do livro. Ao colar a folha, não ocultar a numeração do livro. A
diretoria deverá rubricar, “lacrando” a ata colada no livro. Podem-se também encadernar as atas.
POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL

Maria Helena Alves da silva


Cientista Social
Coordenador Técnico Estadual
Organização e Metodologia
EMATER–MG

Isabel Maria Alves


Assistente social
Coordenador Técnico Estadual
Organização e Metodologia
EMATER–MG

Esta política foi construída de forma participativa, envolvendo governo, sociedade civil, representantes de
agricultores familiares e suas organizações e os movimentos sociais que reivindicavam uma orientação
para reformular a prática extensionista e os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural do País.

Ela orienta os serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural – ATER pública, definindo a sua
missão, seus princípios, suas bases tecnológicas e metodológicas e seus beneficiários, bem como a
agroecologia como eixo norteador do desenvolvimento sustentável.

MISSÃO DOS SERVIÇOS DE ATER

“Participar da promoção e animação de processos capazes de contribuir para a construção e execução


de estratégias de desenvolvimento rural sustentável centrado na expansão e fortalecimento da
agricultura familiar e das suas organizações, por meio de metodologias educativas e participativas,
integrado às dinâmicas locais, buscando viabilizar as condições para o exercício da cidadania e a
melhoria da qualidade de vida da sociedade.”

ALGUNS PRINCÍPIOS DOS SERVIÇOS DE ATER PÚBLICA

● Assegurar aos agricultores familiares os serviços gratuitos de qualidade e em quantidade


suficientes.
● Gestão que permita controle social: monitoramento e avaliação com participação dos
beneficiários.
● Democratização das decisões.
● Construção da cidadania.
A QUEM ESTA POLÍTICA ATENDE

Agricultores familiares Quilombolas.


Pescadores artesanais Seringueiros.
Aquicultores Indígenas.
Povos da floresta Ribeirinhos.
Assentados de Reforma Agrária Atingidos por barragem.

É importante considerar as características relativas a gênero, raça, etnia e geração e suas condições
social, econômica e cultural.

BASES METODOLÓGICAS

● Caráter educativo desenvolvendo a capacidade das pessoas de pensar, indagar, questionar,


experimentar, decidir e de intervir.
● Uso de técnicas que criem condições favoráveis ao debate, planejamento e à gestão social de
programas e projetos que valorizem os princípios da agroecologia.
● Facilitar processos coletivos capazes de resgatar a história, identificar problemas, estabelecer
prioridades e planejar ações na busca de soluções que atendam aos interesses e às
necessidades.

BASES TECNOLÓGICAS

● Agroecologia como eixo orientador do processo de desenvolvimento sustentável.


● Processo de transição da agricultura convencional para uma agricultura sustentável.
● Interação entre as dimensões: social, ecológica, econômica, cultural, política e ética.
● Buscar o desenvolvimento rural sustentável.

AÇÕES PRIORITÁRIAS

● Diagnóstico e planejamento participativo.


● Produção de alimentos com qualidade.
● Desenvolvimento de mercados.
● Apoiar atividades não-agrícolas.
● Geração de renda e novas ocupações com incentivo à agregação de renda.
● Enfoque e ação em cadeia produtiva.
● Proteção ambiental.
● Atuação em rede – apoio a Conselhos Gestores.
PRODUÇÃO DE PEIXES NO SISTEMA TANQUE-REDE

Frederico Ozanam de Souza


Engenheiro Agrônomo
Coordenador técnico Regional
EMATER–MG

FOTO 1 Dirceu Alves Ferreira


Médico Veterinário
Coordenador técnico Estadual
EMATER–MG

Minas Gerais apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento da atividade piscícola, potencial que
lhe é concedido pelos mais de 5.000 km2 de espelhos d’água, provenientes de várias bacias hidrográficas
(rio São Francisco, rio Grande, rio Doce, rio Jequitinhonha) e de águas represadas.
O potencial hídrico e as condições climáticas favoráveis ao cultivo de peixes tropicais existem
praticamente em todo o Estado, entretanto algumas regiões do Sul de Minas permitem o cultivo de
peixes de clima frio (truta). O mercado consumidor é amplo, tanto em pequenas e grandes cidades do
Estado, como nos estados vizinhos, principalmente nas suas capitais (Rio de Janeiro, São Paulo,
Brasília, Goiânia, Vitória e Salvador).
A oferta de pescado proveniente dos rios tem diminuído substancialmente, em razão da construção de
hidrelétricas, condição prejudicial à piracema e à formação das lagoas marginais, o que limita a
perpetuação de algumas espécies.
A falta de tratamento adequado do esgoto das cidades também tem contribuído para poluir os rios,
trazendo sérios problemas para a sobrevivência dos peixes. Grandes indústrias, que nem sempre tratam
adequadamente os efluentes, despejam poluentes nos rios, causando a mortalidade dos peixes.
Com todos esses fatores negativos, tem havido considerável diminuição da produção e da captura de
peixes dos nossos rios. Conseqüentemente, para suprir a demanda do mercado, há necessidade de
importar peixes, principalmente da bacia Amazônica e de outros países, como: Argentina, Chile, Uruguai
e membros da Comunidade Européia.

Evolução da atividade piscícola no Estado de Minas Gerais

Na década de 70, a piscicultura estava praticamente restrita ao cultivo de tilápias e carpas, com a
finalidade de produção para consumo próprio ou lazer. Em alguns casos, era utilizada a fertilização da
água com adubos (químicos e orgânicos) e subprodutos agrícolas que se destinavam à suplementação
alimentar dos peixes. Naquele período, não houve registro de problemas causados ao meio ambiente.
Nos anos 80, em virtude da produção em grande escala de alevinos, houve crescimento dessa atividade.
A tecnologia preconizada persistia na fertilização (química e orgânica) da coluna d'água e no uso do
milho como o principal suplemento alimentar. No entanto alguns piscicultores inovadores buscavam a
ração balanceada específica aos peixes, na expectativa de se obterem melhores resultados zootécnicos,
principalmente dos reprodutores.
Na década de 90, houve crescimento significativo da piscicultura, sendo o grande propulsor o sistema de
comercialização chamado pesque-pague, que teve início nos estados do sul e consolidou-se,
principalmente, no Estado de São Paulo, onde, no início da década, havia grande número de criadores.
A demanda de peixes vivos para os pesque-pague de São Paulo desencadeou uma forte pressão por
esses produtos em Minas Gerais, em razão da proximidade e do potencial de produção existente.
A rentabilidade da atividade despertou grande interesse dos produtores rurais, e o produto era destinado
a uma indústria de lazer, com remuneração praticada acima do preço de mercado.
A tecnologia preconizada então sofre mudanças, isto é, a diminuição do uso de adubos químicos e
orgânicos para fertilização da água e a diminuição do uso do milho como suplemento alimentar,
principalmente pelos médios e grandes piscicultores, que passaram a utilizar ração balanceada por fase
de vida do peixe e equipamentos que permitiam o aumento da densidade dos peixes. Difunde-se,
também, a técnica da criação de peixes em tanques-redes nas grandes represas, voltando ao cultivo de
tilápia, que passa a ser produzida pelo sistema de reversão sexual, e outras espécies são testadas.
Neste sistema, os peixes são criados exclusivamente com alimento balanceado, específico a cada fase
de vida deles.
O crescimento da atividade ocorreu não-somente para atender à demanda do mercado de outros
estados, mas também a dos empreendimentos pesque-pague, que começam a se ampliar em Minas
Gerais. Esse incremento da piscicultura é constatado pelas informações da EMATER–MG, no período
1986 a 1997, em que se evidenciam o grande número de produtores que ingressam na atividade e a
expansão da área inundada (Quadro 4). Essas informações representam, na sua grande maioria, os
pequenos produtores assistidos pelos técnicos da extensão rural oficial, não sendo considerados alguns
médios e os grandes produtores de peixes não assistidos pela Emater–MG.
O desenvolvimento da atividade piscícola em Minas Gerais passa, portanto, pela capacitação desse
público e por um melhor ordenamento da cadeia produtiva da piscicultura, levando em consideração os
aspectos sociais, culturais, econômicos, tecnológicos e ambientais, visando uma produção sustentável.

A tecnologia de produção de peixes em tanques-redes tem sido difundida principalmente entre produtores
que têm propriedades rurais no entorno de grandes reservatórios de água, como o de Itaipu–PR, Furnas–
MG, Paulo Afonso–BA e outros. A disponibilidade desse recurso hídrico tem facilitado a divulgação e
adoção desse sistema de produção pelos produtores rurais. Normalmente a tecnologia preconizada tem
sido a de utilização de tanques-redes de pequenos volumes (4 m 3) com alta densidade de povoamento
(150 a 300 peixes/m3).

1. Como é a criação de peixes em tanques-redes em pequenos barramento de água?

Na maioria das propriedades rurais existe barramento do curso d’água para diversos usos:
dessedentação de animais, irrigação, criação de peixes em sistema extensivo, etc. Essas áreas
inundadas podem ser utilizadas na criação de peixes confinados em tanques-redes de pequeno volume.
A produção de peixes em tanques-redes de grande volume é mais tradicional que em tanques-redes de
pequeno volume. No entanto vários trabalhos têm evidenciado que a produtividade de criação de peixes
em tanques-redes de grande volume é limitada, principalmente pela capacidade de renovação de água
no seu interior. Em tanques-redes de pequeno volume, com altas densidades de estocagem, ocorre uma
maior taxa de renovação de água naturalmente ou induzida pela movimentação dos peixes, possibilitando
a obtenção de produtividades maiores (100 a 250kg/m 3), comparadas com as produtividades obtidas em
tanques maiores ( 20 a 50 kg/m3).

Foto 2 tanque-rede pequeno volume

2. Como é a criação de peixes em tanques-rede em grandes barramentos


de água?

Nos reservatórios que possuem grande quantidade d’água, os


monitoramentos da ictiofauna têm mostrado uma significativa redução no
número de peixes existentes, em função dos barramentos e da significativa
redução da qualidade da água. Há, contudo, um enorme potencial de
criação de peixes em tanques-redes nos referidos reservatórios.

3. Quais são as vantagens desse sistema de produção?

O sistema de criação de peixes em tanques-redes apresenta inúmeras


vantagens, como: um menor investimento inicial; possibilidade do uso
racional da água represada; facilidade de movimentação e recolocação dos
peixes; intensificação da produção; otimização da utilização da ração,
melhorando a conversão alimentar; facilidade de observação dos peixes,
melhorando o manejo; facilidade na determinação dos parâmetros
zootécnicos; controle da mortalidade devido a predadores e a
possibilidade de criação de diferentes espécies no mesmo ambiente,
permitindo o remanejamento total de toda a criação para outro local, se
necessário.
Trata-se de uma tecnologia que proporciona grande produtividade, ou seja,
maior quantidade de peso de peixe por área. Permite, assim, o
aproveitamento de uma área inundada improdutiva, que, com a utilização
de tanques-redes, torna-se produtiva.

Foto 3 alimentação de tanque-rede


4. Existe alguma desvantagem?

Como desvantagens podemos citar a dependência total do fornecimento de


rações completas de qualidade superior, a possibilidade de introdução de
doenças e a facilidade no roubo.
O ponto-chave para qualquer empreendimento na piscicultura está em um
bom manejo quanto à manutenção da qualidade da água. Na maioria das
vezes, baixo crescimento, doenças, parasitos e grandes mortandades de
peixes estão associadas a problemas na qualidade da água e ao manejo
inadequado.

5. O que são tanques-redes de pequeno volume?

Tanques-redes são estruturas flutuantes, delimitadas por telas de aço,


revestidas de PVC, como uma gaiola, que permitem confinar os peixes em
seu interior. Normalmente, essas estruturas são construídas com canos de
PVC ou vergalhões e, para flutuar, utilizam-se de galões de plástico ou
tubos de PVC.

Foto 4 tanque-rede pequeno volume

As dimensões dos tanques-redes de pequeno volume podem variar de 4 a


6m3. Sem dúvida, dois fatores básicos da definição do tamanho do tanque-
rede são o comportamento natatório da espécie a ser cultivada e o
tamanho do viveiro de água. Espécies como tilápias e matrinchãs são
recomendadas ao cultivo em volumes menores, sem que o crescimento e
a produtividade sejam comprometidos. No entanto outras espécies como o
pacu, tambaqui e surubim têm sido cultivadas em ambientes com maior
volume.
A possibilidade de utilização de altas densidades por metro cúbico e da
obtenção de produtividades maiores tem levado muitos técnicos a
incentivarem a produção de peixes em tanque-rede.
Ultimamente tem sido recomendado sistema de produção com o uso de
tanques-redes de pequeno volume, pela maior capacidade de renovação
de água no interior dos tanques-redes pela influência da movimentação
dos peixes e facilidade no manejo e principalmente na despesca.

6. Quais os locais que podemos colocar os tanques-redes de pequeno


volume?

A qualidade da água do local é o primeiro parâmetro a ser analisado antes


da colocação dos tanques-redes. Alguns indicadores são importantes e
devem ser analisados:

Nível de eutrofização
Os corpos de água devem apresentar o menor nível possível de
eutrofização. Uma maneira simples para se avaliar o grau de eutrofização é
pela leitura da transparência da água usando o disco de Secchi. É
fundamental que, neste caso, a transparência anotada não seja
influenciada por partículas em suspensão (argila e silte).
Um critério básico para avaliação é apresentado abaixo:
_______________________________________________________________
Transparência da água Nível de enriquecimento Produtividade esperada

80 a 200 cm médio em nutrientes até 200 kg/m3


30 a 80 cm rico em nutrientes até 150 kg/m3

O enriquecimento excessivo da água em nutrientes (adubo orgânico e


inorgânico) leva à formação de uma densa população de fitoplancton.

Temperatura da água
A variação da temperatura da água ao longo do ano deve ser conhecida.
De um modo geral, as espécies tropicais não toleram baixas temperaturas
da água. A faixa de temperatura e o desempenho esperado estão
registrados, abaixo, para os peixes tropicais:

Temperatura (oC) Desempenho esperado


28 a 32 ótimo crescimento
<24 consumo de alimento reduzido
<18 consumo de alimento cessa
10 a 15 letal para a maioria dos peixes
Outros parâmetros como oxigênio dissolvido, gás carbônico, alcalinidade
total, dureza total, pH, amônia e nitrito devem ser conhecidos, mas é
importante a consulta a um técnico.

Evitar áreas inundadas que recebam efluentes de esgoto e apresentem


nas margens exploração agrícola intensiva, manter os tanques-redes na
profundidade mínima de 1,0 metro do fundo do reservatório e colocá-los
próximos da residência de quem vai cuidar dos peixes, visando evitar a
ação de predadores animais e humanos.

7. Quantos peixes posso colocar nos tanques-redes de pequeno volume?

O cálculo da quantidade de peixes a ser colocada nos tanques-redes é


feito em função da metragem cúbica utilizada.

Tanque-redes:

Dimensões:
Largura : 2,0 m
Comprimento: 2,0 m
Profundidade: 1,2 m
Volume útil* : 4,0 m3 ( 2,0 m x 2,0 m x 1,20 m)
Da profundidade total 0,2 m fica para fora do nível da água.
Tanque-rede de recria utiliza a tela de polietileno de 9 mm e para engorda 15 a
20 mm.

Densidade para tilápias cultivadas em tanque-rede de pequeno volume:

Tanque-rede recria: 600 peixes/m 3


Tanque-rede engorda: 200 a 300 peixes/m 3

8. Qual o período de recria e engorda?

Os alevinos são cultivados no tanque-rede de recria com peso vivo inicial


de 5g, por um período de 45 dias, quando atingem 50 g de peso vivo. Em
seguida, são transferidos para os tanques-redes de engorda e onde ficam
até atingirem o peso de abate ( 500 a 600 g). Há expectativa de que esse
peso vivo seja alcançado com 135 dias de engorda, no entanto o
desempenho é em função de vários fatores, como: alimentação, qualidade
da água, temperatura da água, manejo, qualidade dos alevinos, etc.

9. Qual o manejo de alimentação no cultivo de tilápia em tanque-rede?

O fornecimento diário de alimento aos peixes em tanques-redes deve ser


em quantidade tal que 100% da ração seja consumida. Esse objetivo pode
ser alcançado pelo uso de ração extrusada (flutuante), métodos corretos de
alimentação e técnicas adequadas de distribuição.
A taxa de arraçoamento diário dos peixes deve ser em função da
temperatura da água, da espécie e do tamanho dos peixes cultivadas e do
tipo de ração utilizada. O ajuste freqüente da taxa de arraçoamento deve
ser realizado usando a seguinte orientação:

Freqüência de alimentação e quantidade diária de ração em função da


percentagem do peso vivo das tilápias e da variação da temperatura da
água para o cultivo de tilápias em tanques-redes.

Peso Vivo Frequência Temperatutra


(PV) nº trato/dia
(g) 16 a 20O C 20 a 24O C 24 a 30O C 30 a 32O
C
% do peso vivo
25 – 50 3 2,70 3,60 4,50 3,60
50 – 100 3 2,20 3,00 3,70 3,00
100 – 150 3 1,90 2,60 3,20 2,60
150 – 200 2 1,80 2,40 3,00 2,40
200 – 250 2 1,70 2,20 2,80 2,20
250 – 300 2 1,50 2,00 2,50 2,00
300 – 400 2 1,40 1,80 2,30 1,80
400 – 500 2 1,20 1,60 2,00 1,60
500 – 600 2 1,00 1,40 1,70 1,40
PV: Peso Vivo

Toda vez que a temperatura for menor que 16 o C, a quantidade diária de


ração deverá ser de 1% do peso vivo, uma vez ao dia e três dias por
semana.
Toda vez que a temperatura for maior que 32 o C, a quantidade diária de
ração deverá ser de acordo com o consumo dos peixes.

Exemplo:
Temperatura da água a 50 cm = 28oC
Peso médio da tilápia = 150 g
Número de peixes = 1.000
Biomassa = 150 kg (150 g x 1.000 peixes)
Arraçoamento = 4,8 kg/dia (150 kg x 3,20%)
Número de tratos = 3 (1,6 kg/trato)
Recomenda-se, no momento de alimentar os peixes, colocar, inicialmente,
uma pequena quantidade de ração e avaliar a resposta dos peixes. Caso a
resposta seja positiva, ou seja, toda a ração consumida, coloca-se uma
quantidade maior de ração de acordo com os cálculos para aquele trato.

10.Qual é o fluxo de produção?

Fase 1:
Densidade = 650 alevinos/m3
Volume útil = 1,0 m3
Tanque-rede
Número de tanque-rede = 1 Tanque-rede
Engorda
Peso inicial = 5 g recria
Peso final = 50 g
Período = 45 dias

Mortalidade = 5 a 8%

Fase 1 Tanque-rede
Tanque-rede Engorda
Engorda
Fase 2
Densidade = 200 alevinos/m3
Volume útil = 1,0 m3
Número de tanques-redes = 3
Peso inicial = 50 g
Peso final = 400 a 450 g
Período = 100 dias
Mortalidade = 3%
Produção por tanque-rede = 80 a 90 kg/m3

11. Qual é o custo de produção?


. Investimento

a - Aquisição do tanque-rede de pequeno volume:


. um tanque-rede de pequeno volume (2,00 x 2,00 x 1,20 m)

Custo de quatro tanques-redes = R$ 800,00

Custeio

Aquisição de alevinos (revertido sexualmente):

- Custo do milheiro (R$/mil) = 80,00


- Total de alevinos = 1.000
- Custo total dos alevinos = R$ 80,00

Alimentação dos peixes:

Tomando-se por base a conversão alimentar de 1,5 (1,5 kg de ração para


produzir 1,0 kg de peixe).

- Custo da ração extrusada (R$/kg) = 1,00


- Quantidade de ração/ciclo = 900 kg
- Custo da ração/ciclo = R$ 900,00

Custos de mão-de-obra:

Estimam-se 30 minutos de serviço/dia de um trabalhador rural para cuidar


de um tanque-rede de pequeno volume.

- Gasto de 30 horas de serviço/ciclo de produção(R$/dia=10,00) =


R$ 75,00

Resumo (investimento + custeio):

Especificação Custo (R$)


Investimento 800,00/20 anos = 40,00
Custeio
- Alevinos 80,00
- Ração 900,00
- Mão-de-obra 75,00
Total 1.095,00
Estimativa de produção 600 kg X 3,50 = 2.100,00
Superávit 1.005,00/tanque

12.- Mercado:

O mercado principal das tilápias produzidas em tanque-rede tem sido os


pesque-pague, restaurantes, feiras livres, peixarias e frigoríficos.

Anexo1. Diagrama esquemático para confecção dos tanques-redes.

20 mm
120 cm

15 mm

200 cm

200 cm

19 mm

200 cm

200 cm

Flutuadores

20 cm
200 cm

Você também pode gostar