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203/6517

vitruvius | arquitextos 203.02 espaço público vitruvius.com.br

como citar

MONTANER, Josep Maria; DIAS, Marina Simone. O direito ao espaço público. Princípios e exemplos.
Arquitextos, São Paulo, ano 17, n. 203.02, Vitruvius, abr. 2017
<http://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.203/6517>.

Mais além da grande diversidade de cidades contemporâneas, há um elemento que é a chave para a
melhora da qualidade de vida, para o aumento da sociabilidade e para a aproximação da sustentabilidade:
a qualidade do espaço público.

Na tradição das culturas mediterrâneas, sempre teve grande destaque o carácter público do espaço
urbano. As cidades italianas foram as pioneiras: Goethe, na sua viagem à Itália, no final do século 18, tão
logo quanto visitou Verona e Vicenza, registrou a forma como os italianos defendiam o direito ao uso
público de todos os espaços abertos da cidade. Pórticos, entradas, galerias, pátios, claustros, escadarias
e interiores de igrejas estavam sempre ocupados. Desde o Renascimento, já era costume que os
proprietários de obras de arte, jardins e pátios não impedissem o público de aceder à visita de edifícios e
objetos. Existia o direito entrar e visitar sem convite prévio. Giovanni Battista Nolli, quando em 1748
realizou o famoso plano de Roma, deixou claro que a figura sobre o fundo da cidade era o branco do
espaço público sobre o negro da densa construção; um branco que estava configurado tanto pelas
praças, ruas, ruelas e lotes, quanto pelos interiores das igrejas, claustros, pátios e edifícios públicos.

Mapa
deAs cidades mediterrâneas foram se configurando a partir dessa sábia combinação de espaços
Roma,
dedomésticos e edifícios públicos, ruas e praças que dão acesso a espaços de gradual transição
público-privado: lugares ambíguos onde se permite a entrada aos estranhos, observadores no espaço
Giovanni
Battista
residencial desde os quais participar da cidade. As línguas latinas deram nome a muitos elementos
Nolli
Imagemarquitetônicos genuínos desta cultura do espaço público dedicado às relações humanas: o átrio, o pátio, a
varanda, o pórtico, o vestíbulo, a loggia, as terraças, as galerias, o mirante, o boulevard; inclusive a
divulgação
[Wikimedia
cafeteria, âmbito de encontro por antonomásia, é um termo latino de uso internacional.
Commons]

O espaço público tem um carácter essencialmente poliédrico: pode ser entendido de muitas formas e
evolui constantemente. Em primeiro lugar, pode ser qualificado com respeito à função de edifícios públicos
que os caracterizam, ainda que foram variando com o tempo e em função do sentido de cada espaço.
Também pode ter sido gerado como espaço livre articulado em torno a uma preexistência ou
infraestrutura, como é um rio, um porto marítimo ou uma praia. Finalmente, os novos processos de
recuperação do uso para transeuntes foi incorporando a globalidade da rua como espaço público.

Como o artigo trata do direito ao espaço público, serão desenvolvidos critérios que se relacionam com as
necessidades de coletivos para os quais a cidade não foi pensada, em particular: as meninas e meninos,
as mulheres e os idosos.

À altura das meninas e meninos

O modo como a cidade tenha sido pensada, planejada, articulada e programada, condicionará o grau de
autonomia das pessoas em situação de vulnerabilidade. A partir dessa ótica, o espaço público não é
diferente em conceito, mas sim em necessidades e usos. Portanto, para que as crianças possam utilizar e
aproveitar o espaço público, deve-se levar em consideração como o experimentam e a segurança
proporcionada.
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A nossa tradição do espaço público, como “contenedor” do nada público, nasce na ágora grega. No
entanto, esta era um ideal filosófico, abstrato e irreal, dado que nem todos possuíam o direito de
desfrutá-la, mas somente poucos privilegiados. A ágora era o espaço dos homens livres, adultos e das
classes poderosas, promovendo a exclusão por classe, raça, idade e gênero. Desde então suscita o
debate de para quê e para quem é o espaço público.

Neste sentido, uma experiência maravilhosa de legislação a partir da participação popular direta foi o
sistema de cerca de 700 pequenas praças distribuídas por toda a cidade de Amsterdã. Como funcionário
do escritório de serviços públicos da cidade, o arquiteto Aldo van Eyck teve a oportunidade de projetá-las
a partir de 1947 e durante 20 anos. Segundo explica Liane Lefaivre em Ground-up City Play as a Design
Tool, de 2007 (1), no momento que, Jakoba Mulder, chefe do Departamento de Planejamento Urbano, viu
da sua janela uma menina jogando num canto da rua, sem mais recursos que a imaginação, areia e uma
lata, pensou que era possível criar espaços econômicos e plenos de possibilidades. Aldo van Eyck se
ofereceu como voluntário para o desenho de tais espaços. Uma série de elementos simples permitiam
conformar espaços de jogos/brincadeiras de acordo com cada forma e superfície, com um resultado
diferente em cada um e, o mais importante, com grandes possibilidades de provocar a utilização criativa
dos elementos e espaços pelas crianças. O mecanismo era simples: uma pessoa ou grupo de cidadãos
identificavam e propunham lotes vazios, esquinas, calçadas e outros pequenos terrenos urbanos não
utilizados para um desses espaços lúdicos. Uma vez comprovada sua viabilidade, a prefeitura respondia
com um projeto específico para cada caso.

Criação
deNa atualidade, muitos dos equipamentos lúdicos nas nossas praças são condicionantes e deixam pouca
espaço
margem para a criatividade. Predomina uma falsa ideia de segurança e limpeza, com a instalação de
lúdico
emfechamentos/trancas, limitação do uso e pavimentação. Em muitos espaços falta o contato com a
Dijkstraat,
natureza, onde se desconsidera a visão e o interesse da infância acerca da natureza que nos rodeia, por
Amsterdã,
mais urbano que seja o ambiente. O seu interesse está nos pombos, formigas, cães e gatos; e também
Holanda,
1954na água, areia, terra e grama. Experimentar com o ambiente é parte do crescimento.
Foto
divulgação
Em contrapartida, no norte da Europa abundam os espaços lúdicos abertos, com água, areia e
[MARTINHO,
Joanaequipamentos variados, que não se limitam a escorregadores e balanços, que mais parecem
equipamentos de academia. As crianças aprendem e amadurecem com o tempo “perdido”, com o brincar
Isabel
Pereira.
O
livre; detêm-se, olham com curiosidade, descobrem e imaginam. Portanto, tem valor que, dentro de um
espaçoparque seguro e com boa visibilidade, seja permitido um mínimo de aventuras e esconderijos às crianças,
dacomo metáforas de “casinhas”; que seja possível manipular os vários materiais; que sejam utilizadas
criança
na
cores e exprimam sons; que ponham ênfase nas texturas, explorando diferentes pisos, utilizando grama e
areia; que a vegetação emane perfumes, em definitiva, que potencie tudo que estimula os sentidos e a
cidade,
p.diversidade de experiências.
78]
Parque
infantil
Esta reflexão sobre a cidade e as crianças tem um referencial contemporâneo ineludível nos textos e
do
experiências do psicopedagogo Francesco Tonucci, criador em Fano do projeto internacional “A cidade
Forum,
das crianças” (2), que propõe às administrações das cidades do mundo pequenas mudanças urbanas
Barcelona
Foto
para fazê-las mais seguras, acessíveis e amistosas com a infância, bem como parâmetros de qualidade
Marina
ambiental e de sustentabilidade. Trata-se de um pensamento e ação surgidos no final dos anos sessenta,
Simone
quando o paradigma unitário da Ilustração se fragmentou e enfatizou a visão do outro: infância, gênero,
Dias,
2016
pós-colonialismo. A partir desse ponto de vista, a rua, a praça e a escola são os lugares de sociabilidade
para as crianças, onde desenvolvem sua autonomia e aprendem a superar medos e dificuldades. A
experiência da “cidade das crianças”, em países como Itália, Espanha e Argentina, proporcionou o
desenvolvimento de projetos de modificação do espaço público: ruas, praças e calçadas transformam-se
segundo
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Marreclamam uma
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segundo os desejos e ideias propostos pelas crianças. Neste sentido, suas demandas reclamam uma
cultura do espaço público que está desaparecendo em diversas cidades.

Parque
infantil
A proposta de Tonucci, herdeira de concepções urbanas biologistas de Pattrick Geddes, Lewis Mumford,
do
Jane Jacobs ou Christopher Alexander, argumenta que a cidade volte a ser acolhedora para as crianças:
Forum,
uma cidade na qual convivem todas as gerações e atividades, e onde umas se enriquecem com as
Barcelona
Foto
outras, potencializando um ciclo completo da vida urbana, e buscando evitar os grandes desastres da
Marina
especialização, dispersão e segregação.
Simone
Dias,
Seguindo seu ensinamento, algumas cidades começaram a integrar tais ideias no planejamento de
2016
determinadas zonas. Uma das práticas mais estendidas é a dos “caminhos escolares”, que consiste em
criar percursos seguros e agradáveis para que as crianças adquiram uma maior autonomia ao poder
deslocar-se sem acompanhantes até suas escolas e equipamentos próximos à sua casa. São projetos a
nível de bairro, que se baseiam em um acordo compartilhado entre diferentes agentes e usuários que
intervêm no espaço público, com especial colaboração dos comerciantes que têm suas lojas nos
mencionados percursos e que podem formar uma rede de referência, simpatia e proteção. Com o objetivo
de potenciar esses itinerários escolares, que enriquecem a própria rede social infantil, é relevante
destacar a discussão que se instaurou na comunidade educativa sobre a possibilidade de os pátios
escolares tornarem-se praças em horário extraescolar. Tal proposta que aqui encontramos como uma
novidade ao debate, para outras sociedades, como a canadense, configura questão já plenamente aceita:
os pátios são espaços de jogos/brincadeiras além do calendário e horário escolar. Assim, obtém-se dois
importantes benefícios: a mobilidade e independência dos menores para fortalecer seu entorno social, e o
uso eficiente de um recurso escasso, como o caso do solo, ao qual se lhe potencializa o máximo de
utilidade.

Cidades catalãs, como Réus ou Granollers, e valencianas, como Carcaixent, puseram em prática as ideias
de Tonucci, com a criação do “bus a pé” e do “caminho escolar”. Nos últimos anos, a cidade de Rosario,
na Argentina, busca criar uma cidadania democrática através da convivência urbana desde a infância,
para minimizar os efeitos de uma cidade em contínuo crescimento, da privatização do projeto urbano e da
especialização funcional que entorpece a vida na rua. Em acordo com Tonucci, criou-se ainda o Conselho
das Crianças (entre 10-14 anos), também denominado “a fábrica das ideias”, que a cada sábado se reúne
nos sete conselhos distritais. A atividade de Rosario como “cidade das crianças” foi reconhecida em 1999
pela Unesco e em 2003 recebeu um prêmio do PNUD (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento) por suas práticas de governabilidade. Entre os equipamentos criados, destacam-se a
Granja da Infância, a Ilha dos Inventos e o Jardim das Crianças: três espaços voltados para uma
educação ambiental, científica e artística através do lúdico.

A cidade para crianças não constitui uma dádiva, mas sim um direito que lhes permita crescer seguros,
em sociedade e liberdade. Este ideal se reflete em uma das vinhetas de Frato, o alter ego de Tonucci, no
qual um menino esclarece: “Senhor prefeito, não queremos escorregadores nem balanços, queremos a
cidade”.

“Senhor
prefeito,
Recentemente, em 2015, foi criado em São Paulo o Carona a Pé (3), uma iniciativa que reúne a
não
comunidade e organiza grupos de alunos de 4 a 12 anos que vão caminhando até o colégio
queremos
acompanhados de adultos. Essa prática simples traz vários benefícios ao ampliar a segurança, a
escorregadores
nemautonomia e tornar visível a presença das crianças nos espaços públicos. Ademais, convoca a
balanços,
comunidade do bairro a repensar sua estrutura e a mobilidade, e estreita os vínculos de cooperação e
queremos
a companheirismo entre as famílias. Por outro lado, quanto aos espaços públicos dedicados à infância, na
cidade”
maioria das grandes cidades brasileiras, estes continuam sendo negligenciados, com a reprodução
sistemática
Charge
Page 3 of 10 do formato de parques infantis e equipamentos lúdicos “tradicionais” (4)Mar
que06,remontam à
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maioria das grandes cidades brasileiras, estes continuam sendo negligenciados, com a reprodução
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sistemática do formato de parques infantis e equipamentos lúdicos “tradicionais” (4) que remontam à
Charge
de
primeira metade do século 20.
Frato
/
Carona
Francesco
a
TonucciA partir da experiência das mulheres
pé,
[Website
São
Città
dei Pensar o espaço público a partir da perspectiva de gênero significa incorporar ao projeto urbano as
Paulo,
2015
bambiniexperiências das mulheres na cidade. Quando nos referimos a gênero, não significa sexo: gênero é uma
Foto
e construção social e cultural que atribui papéis e capacidades, direitos e deveres, que se baseiam em
divulgação
delle
imaginárias capacidades biológicas marcadas. Dito de outra maneira, por exemplo, a capacidade
[Website
bambine]
Caronabiológica de dar à luz significou para as mulheres, como gênero, a exclusão da esfera pública, do
a
pé]
trabalho remunerado, do reconhecimento e da visibilidade social. Tradicionalmente foram-lhe atribuídos
os afazeres derivados do cuidado do lar e das pessoas. Com o passar do tempo, os papéis já não se
repartem tão taxativamente. Desse modo, discutir hoje o gênero feminino e as suas responsabilidades
pode não se referir exclusivamente às mulheres, dado que, aos poucos, os homens assumem e
compartilham responsabilidades nessas atividades. No entanto, as estatísticas mostram que ainda são as
mulheres as que dedicam a maior parte do tempo a essas tarefas invisíveis, não remuneradas e, portanto,
que não são consideradas no momento de decidir políticas urbanas e projetar espaços públicos.

Assim, incorporar a perspectiva de gênero no projeto do espaço público diz respeito à nossa capacidade
de conhecer, registar e aportar soluções para melhorá-lo segundo as necessidades complexas da vida
quotidiana, e para as quais as experiências das mulheres são uma fonte de conhecimento imprescindível.
Por este motivo, os projetos de espaços públicos com perspectiva de gênero devem recorrer a
metodologias diferentes das utilizadas tradicionalmente para abordar a questão: processos de
participação que permitam conhecer outras experiências que até agora não foram levadas em
consideração; observação ativa, que implica em um conhecimento in situ, que ajuda a relacionar usos
com usuárias e usuários, capacidades, motivos, horários; e, como elemento imprescindível, as estatísticas
segregadas por sexo, que permitem construir um registro mais aproximado da realidade, para não
planejar o espaço público a partir de situações supostamente neutras, genéricas e universais.

A cidade de Viena foi e é pioneira na realização de projetos de moradia e espaço público com perspectiva
de gênero. Em 1992 criou-se um “escritório-ponte” entre a secretaria da mulher e a secretaria de
urbanismo da cidade, dirigido pela arquiteta Eva Kail, que iniciou uma política de aplicação prática da
perspectiva de gênero no planejamento e desenho da cidade. Uma das primeiras atuações foi a chamada
de concurso e construção do conjunto de moradias Frauen Werk Stadt (“cidade das mulheres
trabalhadoras”, hoje, “Margarete Schütte Lihotzky Hof”). Pensado a partir da experiência das mulheres e
da distribuição espacial e funcional, que facilita a conciliação da vida pessoal, familiar e profissional. Os
espaços públicos do seu interior estão previstos para diferentes idades, onde cada zona tem usuárias e
usuários reais a partir dos quais foram elaborados. O reconhecimento da vida quotidiana e a sua
“coreografia”, tal como escreveu Jane Jacobs e como explica Franciska Ullmann, autora do plano urbano
e de parte das moradias, está na base desse projeto.

Segundo esses critérios, a equipe dirigida por Eva Kail realizou ainda outras intervenções nos espaços
públicos, entre os quais se destacam a reforma do bairro de Mariahilf e de praças em bairros centrais de
alta densidade populacional, onde faltavam espaços verdes. Na requalificação do bairro pensou-se nas
diferentes necessidades das pessoas que utilizam o espaço público, considerando mais tempo para os
semáforos onde havia maior afluência de idosos. A partir do entendimento de quais são os percursos
prioritários para os transeuntes, as calçadas têm sido alargadas diante das entradas de centros escolares
para facilitar e melhorar a espera e o encontro das crianças, o que levou à eliminação de estacionamentos
e a manutenção da capacidade de vias de veículos. O estacionamento é recuperado em ruas de menor

trânsito,
Page 4 of 10 colocando os carros em diagonal. A iluminação foi homogeneizada nas calçadas,
Mar 06,evitando a
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trânsito, colocando os carros em diagonal. A iluminação foi homogeneizada nas calçadas, evitando a
alternância entre ofuscamentos e zonas de sombra. Os bancos foram colocados em lugares diversos,
dado que sua utilidade nem sempre é a mesma, e que no caso dos idosos ou de pessoas que carregam
peso são imprescindíveis. As melhoras realizadas nesse bairro são indubitavelmente um ganho na
qualidade da vida quotidiana e na convivência das pessoas. Quando se fazem bairros mais amigáveis
para os transeuntes, permite-se uma maior independência das crianças, ao mesmo tempo que se respeita
e se dá suporte à autonomia das pessoas mais velhas. Estas independências conquistadas pela
segurança do espaço público contribuem para se liberar de tarefas; portanto, representam um ganho de
tempo para as pessoas que se responsabilizam pelo cuidado de outros, contribuindo para a conciliação
entre o tempo pessoal, profissional e familiar.

“Igualdade
sem A denominada Lei de Bairros de Catalunha (2004) incluiu, entre os tópicos que deve cumprir em cada
desculpas!”
projeto de reforma e melhora de bairros, a equidade de gênero no uso do espaço público e
Outdoors
e equipamentos. Apesar de que nem sempre a perspectiva de gênero no planejamento urbano seja
pinturas
observada em profundidade, nem de maneira transversal, foram alcançadas algumas atuações
urbanas
emexemplares, como os projetos urbanos realizados com processos de participação, incluindo as
Santexperiências das mulheres na requalificação de bairros: em L’Hospitalet, o bairro de Collblanc-Torrassa;
Justem Granollers, o bairro do Congost; e em Manlleu, o bairro do Erm.
Desvern,
Catalunha
“Igualdade
Foto
sem No caso do Brasil, apesar de urgente, a perspectiva de gênero é ainda uma novidade. Como regra geral,
divulgação
desculpas!”
[Ajuntament
os espaços públicos desconsideram as necessidades reais das mulheres, a segurança das ruas, os
Outdoors
de
e carrinhos de bebê, os banheiros públicos e uma longa lista de itens. Enquanto o urbanismo
Sant
pinturas
Justcontemporâneo brasileiro ignora estas demandas, respalda a ideia tradicional de que o lugar da mulher é
urbanas
Desvern]
emlonge dos espaços públicos (5). O feminismo ainda tem o desafio de fazer valer sua visão de mundo, na
Santdefesa de direitos urbanos, da vida e da diversidade.
Just
Desvern,
Em definitiva, incorporar a perspectiva de gênero no projeto do espaço público consiste em tornar
Catalunha
Fotovisíveis as necessidades derivadas da vida quotidiana e das experiências não consideradas até hoje no
seu planejamento. Na medida que alcançamos esse objetivo, estaremos construindo cidades e bairros
divulgação
[Ajuntament
de
mais inclusivos, que proporcionarão maior equidade nas oportunidades de acesso e uso dos espaços
Santpúblicos entre mulheres e homens, independentemente da idade, condição social ou origem.
Just
Desvern]
Espaços para idosos

Um dos critérios da diversidade do espaço público é que deve ser utilizável pelas pessoas de distintos
grupos sociais e etários. Para conseguir tal objetivo, devem existir sistemas de espaços públicos formados
por praças e parques, e aqueles que tenham uma maior dimensão devem acolher uma diversidade de
espaços segundo os diferentes usos. Que cada espaço tenha de tudo para todas as pessoas é
impraticável; por isso, é importante potenciar sistemas de espaços públicos. E o registro das dinâmicas
socioespaciais dos entornos, com observações ativas, permite-nos conhecer com mais precisão as
demandas dos diferentes espaços. Prover a cidade de espaços para os coletivos mais vulneráveis, como
podem ser as crianças ou os idosos, é uma necessidade para conseguir a equidade ao direito à cidade.

O espaço público é o lugar-chave para a promoção da convivência entre gerações. Isto já era explicado
em um dos padrões mais clássicos de Christopher Alexander, que se intitula “Ciclo de vida”. Tomando
como referência as sete idades, desde a infância até a velhice, que Shakespeare menciona na sua obra
Como você quiser (As you like it), uma vida social e comunitária estará melhor articulada se todas as
faixas etárias convivem e se interrelacionam em equilíbrio, aprendendo umas com as outras, dado que
cada etapa traz consigo determinadas experiências vitais: em cada uma as pessoas têm algo
insubstituível
Page 5 of 10 para aportar e receber da comunidade. Nas grandes cidades, estas relações
Mar 06, entre geraçõesMST
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cada etapa traz consigo determinadas experiências vitais: em cada uma as pessoas têm algo
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insubstituível para aportar e receber da comunidade. Nas grandes cidades, estas relações entre gerações
se romperam porque cada vez mais têm sido adjudicados espaços de relações específicos para cada
ciclo vital: creches para crianças pequenas, universidades para jovens, residências para idosos. Portanto,
é fundamental potenciar ambientes, edifícios e espaços públicos que possam recuperar e reforçar estas
relações: espaços de jogos e esportes, de aprendizagem e lazer, de cultura e criatividade. Este argumento
da mescla de ciclos também faz parte do pensamento urbano vitalista de Patrick Geddes, Lewis Mumford
e Jane Jacobs.

Para os idosos, ademais dos lugares tranquilos de passeios e encontros, com sombra, é necessário que
se proponham elementos que potencializem sua motricidade. Com este objetivo, há alguns anos,
começaram a aparecer em parques e praças da Catalunha equipamentos que conformam uma cadeia de
exercícios físicos e lúdicos. Esta pequena melhora é um grande passo para o projeto de cidade inclusiva.

Na China encontramos que, apesar da acelerada e desequilibrada transformação urbana que o país vive,
mantém-se a deferência e o respeito pelo idoso como integrante ativo da sociedade. Tal cultura se reflete
nos espaços e nas atividades propostas nos parques urbanos. Em Shanghai há grandes parques que
preveem espaços para as diversas atividades que se realizam tradicionalmente, assim como para a
prática de atividade física meditativa. São lugares onde os passeadores de pássaros podem levar suas
gaiolas e pendurá-las nas árvores – prática que ainda pode ser encontrada em alguns parques de cidades
espanholas. Há murais onde são expostas páginas dos jornais para que possam ser lidos gratuitamente,
ao mesmo tempo que aparecem propostas mais recentes, como os equipamentos de atividades físicas
para a terceira idade. E quando não há parques próximos, estes aparelhos são colocados nas ruas das
periferias.

Nos parques das cidades espanholas, pensados em função das necessidades dos futuros usuários,
começou a surgir um mobiliário para o exercício físico, não somente para jovens atletas, mas também
para pessoas mais velhas. Um caso emblemático, que cumpre com o modelo “ciclo vital”, é o Parque da
Torre Lluc, de Gavà (Catalunha, Espanha), onde se conjugam várias condições favoráveis que o fazem
apto para múltiplos tipos de usuários e em diferentes horários. O primeiro ponto é a localização e a
maneira como se trata o entorno: o recinto do antigo jardim de um casarão mantém o traçado de seu muro
original, sendo a alvenaria substituída por grades para permitir a relação visual com o passeio urbano
(rambla). Por outro lado, abre-se uma pequena praça, como os squares de Londres, próxima e a nível de
vizinhança, na qual há uma residência para idosos. Do antigo parque privado mantêm-se as suas
características, que se criaram pelo caminho de ciprestes centenários que marcam o eixo principal, e a
casa original, que hoje é sede de equipamentos públicos. Na área limitada pelos ciprestes e a entrada, na
rambla, localizam-se várias áreas dedicadas ao brincar, segundo faixas etárias: desde a caixa de areia
para os mais pequenos até as bicicletas estáticas para os mais velhos, sem esquecer das pirâmides de
cordas para que as crianças maiores possam trepar e aventurar-se. Trata-se de um novo parque que
conserva sua história, que articula espaços e considera a totalidade do público que poderá utilizá-lo. É, em
definitiva, um espaço de qualidade urbana indispensável para alcançar o direito à cidade.

Parque
daTal como exposto, a fim de gerar estes lugares para o relacionamento intergeracional, primeiramente é
Torre
necessário incluir aqueles que estão nas extremidades dos ciclos vitais. Se é agradável e seguro para
Lluc,
eles, também o será para os demais. Neste sentido, não se trata de fazer grandes transformações, mas
Gavà,
Catalunha,
sim de ter cuidado e atenção com aspectos básicos como acessibilidade, proximidade e visibilidade com
Espanha
Fotorelação ao continente/espaço, e com respeito ao conteúdo/elementos, através da colocação estratégica
de ambientes de reunião, com bancos e lugares tranquilos. Neste sentido, os 48 interiores de quarteirões
divulgação
[Regesa
Aparcaments
i

do6 of
Serveis
Page Eixample
10 de Barcelona (6) que foram recuperados para uso público são um grande
Marexemplo de
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do Eixample de Barcelona (6) que foram recuperados para uso público são um grande exemplo de
Serveis
/
espaços de proximidade, vitais tanto para as pessoas mais velhas quanto para as crianças pequenas.
actuacio_detall.php?c=PU09000]
Nestes espaços vitais ocorrem, continuamente, esses diálogos, jogos e troca de olhares entre gerações.

Interiores
Interiores
de
deA Diputación de Barcelona oferece aos seus municípios (7) a instalação de um modelo de circuito de
quarteirões
quarteirões
dojogos que se denomina “Espaço lúdico e de saúde para a terceira idade”. Este é fornecido, montado e
do
Eixample
Eixamplemantido gratuitamente durante os primeiros três anos pela Diputación de Barcelona. Seu objetivo é
de
defavorecer o exercício e melhorar o nível físico dos idosos, ainda que também possam ser utilizados por
Barcelona
Barcelona
reconvertidosoutros coletivos, como as crianças. Trata-se de um tipo de circuito com mais de uma dúzia de elementos,
reconvertidos
emque favorecem os exercícios de pernas, braços e coluna, em definitiva, a mobilidade e a agilidade, a
em
jardins
jardins
coordenação motora e visual, a força e o equilíbrio. Dezenas de municípios da província de Barcelona
públicos
públicos
Foto
Foto têm recebido essas instalações e, com isto, os espaços públicos melhoram as suas possibilidades de
divulgação
divulgaçãoutilização e integração. Eles podem ser encontrados em uma rua com passeio central, em uma praça ou,
[Lameva
[Lamevacomo no caso do Parque do Mil•lenari, em Sant Just Desvern, contíguos a um centro social e centro de
Barcelona
Barcelona
/ / moradias de interesse social para a terceira idade. Deste modo, configura um elemento mínimo que
Ajuntament
Ajuntamentcolabora a complementar a oferta de atividades públicas.
de
de
Barcelona]
Barcelona]
Espaço
lúdico
Na última década, grande parte das cidades brasileiras implantaram, em parques, praças e largos,
e
deequipamentos para a prática de exercícios físicos, destinados aos idosos. As conhecidas “academias da
saúdeterceira idade” são, por um lado, a aposta dos governos na manutenção preventiva da saúde dos
paraidosos; por outro, representam um grande avanço no reconhecimento da sua vida ativa e na sua
a
visibilidade no espaço público.
terceira
idade,
Na medida em que o nível de envelhecimento da população aumenta nos países ocidentais, as cidades
província
de
têm que se adequar e pensar nas necessidades de uma população que crescerá significativamente na
Barcelona
Fotofaixa próxima aos oitenta anos. Neste sentido, a incorporação desses espaços é o primeiro indício de
adequação dos espaços públicos, não somente utilitários, mas também de relacionamento.
divulgação
[Servei
d'Equipaments
i Processos de participação
Espai
Públic,
Na medida que o espaço público não é uma quimera, mas sim um espaço a construir, a participação da
Diputació
de
cidadania torna-se cada vez mais imperiosa.
Barcelona
/ O espaço público clássico foi um espaço dos cidadãos, conceito que abarcava os habitantes
diba.cat/web/seep/eludic]
privilegiados da cidade, excluídos os escravos e as mulheres. Muitas coisas ocorreram desde então e
hoje, em sociedades cada vez mais diversas, o conceito de espaço público é extremamente complexo.
Por este motivo, é necessário pensar em novas fórmulas para projetá-lo. Os processos de participação
para defini-lo são cada vez mais ineludíveis, dado que geram sentido de pertencimento e de apropriação.
Portanto, para que estes processos sejam eficazes, é necessário um conjunto de atitudes e aptidões: no
mínimo, a consideração mútua e a construção de adequados sistemas de comunicação e transmissão de
ideias, entre linguagens que podem ser diferentes ou os valores do quais se podem compreender e
interpretar de maneira diversa, segundo o repertório de cada um.

Felizmente, cada vez temos mais exemplos de espaços públicos nos quais há uma participação direta dos
futuros usuários, seja através de participações formais ou informais. Muitas vezes os processos informais
redundam em melhores resultados do que os processos hiperpautados e sobrepublicitados. O mais
importante de um processo de participação é o diálogo e o respeito, questões que podem parecer banais,
mas que muitas vezes estão ausentes. Um processo de participação não implica que sejam cidadãs e
cidadãos os que realizem o projeto; no entanto, este tópico é uma das principais travas a esse tipo de
processo
Page 7 of 10 de democratização, no qual se menciona a perda do papel dos profissionaisMar
e 06,
técnicos.
2018 04:35:04AM MST
http://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.203/6517
processo de democratização, no qual se menciona a perda do papel dos profissionais e técnicos.
Poderíamos dizer que a participação consiste, em primeiro lugar, em poder conseguir a melhor informação
sobre o lugar que deve ser trabalhado, dado que aqueles que o habitam e frequentam diariamente são os
conhecedores máximos, que podem explicar o que falha e o que é mais adequado. Em consequência, a
partir dos conhecimentos técnicos será possível oferecer melhores soluções para os problemas e levá-los
a consenso.

A participação é o exercício de um dever e de um direito, o dever de ser responsáveis pelo nosso entorno
e o direito democrático da participação na questão pública. É essencial que essa aprendizagem ocorra
desde a infância. Nesse sentido, é necessário reconhecer o valor do programa “Fazemos um jardim”, que
está sendo implantado na cidade de Granollers (Catalunha, Espanha), coordenado pelo vereador Albert
Camps, para que os estudantes dos dois últimos cursos do ensino básico, em cooperação com a
prefeitura e os seus serviços técnicos, colaborem para criar um espaço público contíguo ao seu centro
escolar. O projeto do espaço público é trabalhado como parte da matéria de síntese, onde os estudantes
realizam de maneira dialogada e acordada todo o trabalho que começa com o programa de
acompanhamento do projeto e construção, chegando até os planos, alvarás e questões prévias ao
começo da obra. Trata-se de um sistema de pequenos espaços públicos, como o Parque das Cinco, os
Jardins de Fátima, Can Gili ou o Parque da Mediterrânea, que constituem elementos essenciais para se
aproximar dos espaços do dia a dia das crianças pequenas. Para conquistar este objetivo que promove o
desenvolvimento dos jovens, seu sentido de pertencimento e de conhecimento da história, trabalham em
contato com a comissão municipal de nomenclaturas para que seja possível chegar a um acordo quanto
aos nomes de cada novo espaço público.

Outro exemplo modelo é o da Praça de Pius XII em Sant Adrià del Besòs (Catalunha, Espanha), no qual
dois arquitetos, Eva Prados e Ricardo Flores, aceitaram a sugestão da prefeitura de estabelecer um
diálogo com a vizinhança. Com a colaboração do secretário municipal de urbanismo, Joan Callao,
entenderam que o sucesso futuro desse espaço público como lugar de relações dependia de que os
vizinhos se apropriassem dele. A praça, com orientação norte, tem como fachada um grande edifício
residencial que lhe faz sombra. É um espaço de conexão e passagem entre zonas esportivas e as
moradias que se situam cruzando a Gran Via. A decisão do projeto de unir a praça ao edifício existente,
como uma transição ao espaço privado, e eliminar a rua que separava os dois espaços, potenciou o
diálogo e combinou características, usos e áreas: uma praça sem cantos, sem barreiras arquitetônicas,
com áreas infantis, quiosques, bancos que não fossem de concreto, três zonas de estacionamento para
motos, iluminação adequada, eucaliptos, flores etc.

Dois episódios do processo de realização da Praça Pius XII demonstram, por um lado, os valores
simbólicos que inclusive um aparente não-lugar como aquele pode representar para seus usuários e, por
outro, o sentido de pertencimento que é gerado. No primeiro caso, graças ao diálogo, souberam que umas
palmeiras que seriam retiradas da praça tinham sido plantadas por uma moradora para comemorar o
nascimento de cada um dos seus filhos. Por esse motivo, aquilo que parecia uma questão menor,
transformou-se em um fato simbólico de primeira importância. No segundo caso, durante a obra, os
vizinhos foram os olhos dos arquitetos in lócus, avisando quando a construção se afastava daquilo que
tinha sido projetado. O projeto continuou sendo dos arquitetos, mas como os vizinhos foram ouvidos e
considerados desde o momento de elaboração do projeto, apropriaram-se do espaço antes mesmo dele
existir e também uma vez acabadas as obras (8).

Praça
Pius
Desde a criação do Estatuto da Cidade, em 2001, a participação comunitária foi institucionalizada nos
XII,
Santprocessos que discutem o desenvolvimento urbano no Brasil. No entanto, na prática, muitas vezes essa
participação é mais uma formalidade do que uma realidade, dada a maneira como é realizada. Em um
Adrià
del
contexto
Besòs,
Page 8 of 10 onde a população não compreende o objetivo de sua participação, representantes do 04:35:04AM
Mar 06, 2018 capital e MST
http://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.203/6517
Besòs,contexto onde a população não compreende o objetivo de sua participação, representantes do capital e
Barcelona,
do mercado imobiliário não perdem a oportunidade de fazerem valer seus interesses, os técnicos
2004
Fotomunicipais temem a “interferência” dessa participação e o governo faz vista grossa ao desenvolvimento
Alexdo processo, poucos avanços são efetivamente alcançados.
García
[MASSAD,
Fred;Os exemplos mencionados demonstram como os processos de participação são variados e funcionam de
GUERRERO forma ad hoc – com determinada finalidade e sobre a realidade e circunstâncias. Não é válido um modelo
YESTE,
que se reproduza porque as realidades são variadas. De um bom diálogo surgem melhores soluções: a
Alicia.
raiz de perguntas derivadas de necessidades reais e concretas, e de propostas pelos coletivos
Flores
e envolvidos diretamente no caso. A informação obtida nesses processos não é substituível e, ainda que
Prats.
não seja a única, é tão necessária como ter uma boa e atualizada base planimétrica. A participação das
Sensibilidade
nopessoas que conhecem o bairro nos ensina que esta base técnica, que se pressupõe perfeita, muitas
vezes está desfasada da realidade sociocultural do lugar. Portanto, é necessário comprovar que as
pragmatismo]
diversas experiências derivadas das diferentes pessoas sobre um mesmo lugar determinam
reconhecimentos e mapas distintos, não contraditórios, mas sim complementares. Não há uma única
maneira de entender um lugar e os planos técnicos são somente uma das maneiras de interpretá-lo, mas
não a única, nem a mais correta, nem neutra.

Para finalizar este texto sobre o direito ao espaço público, devemos recordar que o espaço público está
em contínua redefinição, com centenas de soluções diferentes. Às vezes é palco de conflito e de controle,
mas também é o lugar essencial do diálogo, do intercâmbio e das relações entre as pessoas. É o espaço
urbano por excelência, sempre diverso, sempre em evolução. E todos os cidadãos e cidadãs de qualquer
idade e cidade devem poder desfrutar plenamente desses espaços urbanos.

notas

NA – O artigo se baseia no texto de Josep Maria Montaner, “El dret a l’espai públic: principis i exemples”,
escrito em catalão, como um capítulo do livro “El dret a la ciutat”, publicado pelo Institut de Drets Humans
de Catalunya, em 2011. O presente artigo é fruto da tradução ao português, resumo, atualização,
adaptação à realidade brasileira e ilustrações de Marina Simone Dias.

1
DÖLL, Henk (Org.). LEFAIVRE, Liane. Ground-up city. Play as a design tool. Rotterdam, 010 Publishers,
2007.

2
TONUCCI, Francesco. La città dei bambini. Un modo nuovo di pensare la città. Bari, Laterza, 2005.

3
Website Carona a pé. Caminhando juntos até a escola. São Paulo, 2017<http://caronaape.com.br>.

4
Com “equipamentos lúdicos tradicionais”, faz-se referência aos brinquedos de ferro tubular colorido:
escorregador, balanço, gangorra, trepa-trepa etc.

5
Casos recentes de estupro coletivo reabriram o debate sobre a existência da chamada “cultura do
estupro” no Brasil. Segundo dados do IPEA de 2011, há pelo menos 527 mil casos de estupro anualmente
no país. Já a pesquisa realizada em 2015 pelo Datafolha, a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, em 84 municípios brasileiros com mais de 100 mil pessoas, revelou que 90% da população
feminina teme ser vítima de agressão sexual.
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feminina teme ser vítima de agressão sexual.
http://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.203/6517

6
LAMEVA BARCELONA. Interiors d'illa. Barcelona, Ajuntament de Barcelona, 2016 <
http://lameva.barcelona.cat/eixample/ca/home/interiors-dilla>

7
A Diputació de Barcelona é um órgão governamental que abarca 311 municípios da província de
Barcelona, o que representa 24% da área total da Catalunha.

8
Recentemente a Prefeitura de Sant Adrià aprovou a mudança de nome da praça Pius XII a Germans
Riules, por demanda da população recolhida pela secretária de Participação Cidadã, Isabel Marcuello. A
vontade da população foi homenagear dois irmãos que anos atrás trabalharam na prefeitura e morreram
jovens.

referências de imagens

MARTINHO, Joana Isabel Pereira. O espaço da criança na cidade: um estudo crítico a partir da
experiência de Aldo van Eyck. Dissertação de mestrado em Arquitetura. Porto, Universidade do Porto,
2014.

MASSAD, Fred; GUERRERO YESTE, Alicia. Flores e Prats. Sensibilidade no pragmatismo. Drops, São
Paulo, ano 06, n. 013.09, Vitruvius, dez. 2005 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/06.013/1673>.

sobre os autores

Josep Maria Montaner é arquiteto, doutor e catedrático e da Escola de Arquitetura de Barcelona ETSAB
UPC e autor de diversos livros sobre Arquitetura e Urbanismo.

Marina Simone Dias é arquiteta urbanista (UFMG, 2000), doutora pela Escola de Arquitetura de Barcelona
ETSAB UPC (2014) e pesquisadora de pós-doutorado da UFES (2015-2016).

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