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EFEITO DA INCORPORAÇÃO DA NANOSSÍLICA EM PASTAS DE CIMENTO

COM ALTO TEOR DE FÍLER CALCÁRIO

GUILHERME HENRIQUE DE MELO GURGEL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

FACULDADE DE TECNOLOGIA

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

EFEITO DA INCORPORAÇÃO DA NANOSSÍLICA EM PASTAS DE


CIMENTO COM ALTO TEOR DE FÍLER CALCÁRIO

GUILHERME HENRIQUE DE MELO GURGEL

ORIENTADOR: DR. JOÃO HENRIQUE DA SILVA RÊGO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM ESTRUTURAS E CONSTTRUÇÃO CIVIL

BRASÍLIA/DF: DEZEMBRO - 2020

i
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

EFEITO DA INCORPORAÇÃO DA NANOSSÍLICA EM PASTAS DE


CIMENTO COM ALTO TEOR DE FÍLER CALCÁRIO

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E


AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE
BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO
DO GRAU DE MESTRE EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL DO PROGRAMA
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL.

APROVADO POR:

___________________________________________________
Prof. João Henrique da Silva Rêgo, Dr. (ENC-UnB)
(Orientador)

___________________________________________________
Prof. Rodrigo de Melo Lameiras, PhD. (ENC-UnB)
(Examinador Interno)

___________________________________________________
Prof.a Luciana de Figueiredo Lopes Lucena, PhD. (ECT-UFRN)
(Examinador Externo)

Brasília/DF – dezembro/2020

ii
FICHA CATALOGRÁFICA

GURGEL, GUILHERME HENRIQUE DE MELO


Efeito da incorporação da nanossílica em pastas de cimento com alto teor de fíler calcário [Distrito
Federal] 2020.

xvi, 129p., 210 x 297 mm (ENC/FT/UnB, Estruturas e Construção Civil, 2020).


Dissertação de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia.
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental.

1. Cimentos Portland 2. Nanossílica


3. Fíler Calcário 4. Fíler Silícico
I. ENC/FT/UNB II. Título (Mestre)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

GURGEL, G. H. M. (2020). Efeito da incorporação da nanossílica em pastas de cimento com


alto teor de fíler calcário. Dissertação de Mestrado em Estruturas e Construção Civil,
Publicação 10A/20, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental de Brasília, DF, 112 p.

CESSÃO DE DIREITOS

AUTOR: Guilherme Henrique de Melo Gurgel.

TÍTULO: Efeito da incorporação da nanossílca em pastas de cimento com alto teor de fíler
calcário.

GRAU: Mestre ANO:2020

É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação de


mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte dessa dissertação de
mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor.

iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a todos os meus familiares, pelo incentivo, apoio e compreensão. À


minha querida mãe, Maria da Conceição, por ser um exemplo de luta e bons valores. Às
minhas irmãs, Érika Jordânia e Mônica Dayane, pelo suporte e amor.

A Universidade de Brasília, pelo apoio didático, por proporcionar o desenvolvimento


intelectual/social e por permitir infraestrutura cabível ao desenvolvimento do trabalho. Ao
meu orientador, professor João Henrique, por toda contribuição e paciência. Ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Programa de Pós-graduação em
Estruturas e Construção Civil da Universidade de Brasília (PECC/UnB).

Aos companheiros de laboratório e aos amigos de mestrado pelo apoio, por serem meu
refugio nas horas vagas e pelo companheirismo. Esta vitória é nossa. Ana Luiza, Brenda
Fontes, Iana Damasceno, Larissa Mota, Mara Monaliza, Vanessa Viana e Victor Oliveira,
recebam o meu obrigado.

iv
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família,

de sangue e de coração.

v
RESUMO

EFEITO DA INCORPORAÇÃO DA NANOSSÍLICA EM PASTAS DE CIMENTO


COM ALTO TEOR DE FÍLER CALCÁRIO
Autor: Guilherme Henrique de Melo Gurgel
Orientador: Prof. Dr. João Henrique da Silva Rêgo
Programa de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil
Materiais cimentícios suplementares (MCS) são utilizados em formulações cimentícias,
almejando redução de custos e da quantidade de clínquer. Dentre os diversos tipos de SCM’s,
a nanossílica (NS) e o fíler calcário (FC) já comprovaram, em suas aplicações, serem
alternativas promissoras. O FC, por sua abundância e redução de custo e a NS por melhorar as
propriedades microestuturais e mecânicas das pastas. Contudo, o uso combinado desses
materiais em pastas e, principalmente, quando em elevado teor de substituição de FC ainda é
pouco abordado nos trabalhos atuais. Assim, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a
interação do alto teor de FC e a incorporação da NS em pastas binárias e ternárias de cimento
CPV-ARI nas idades de 1, 3, 7 e 28 dias, sendo produzidas seis misturas, uma de referência,
uma com substituição de 2% de NS, uma com substituição de 15% de FC, uma com
substituição de 15% de fíler silícico (FS), uma com 13% de FC e 2% de NS e uma com 13%
de FS e 2% de NS. As variações dos teores e incorporação do FS permitiram comparar o
comportamento das pastas contendo FC de forma isolada e conjunta. Para tal, foram
realizados ensaios de resistência à compressão, difratometria por raios-X (DRX),
espectroscopia no infravermelho (FTIR), análise termogravimétrica (TG) e ressonância
magnética nuclear (RMN). Os resultados de resistência demonstraram que a NS apresenta
melhor desempenho quando em forma isolada, destacando-se uma aceleração na hidratação e
consumo de Ca(OH)2 dessas pastas. Diferenças encontradas entre as pastas binárias e ternárias
indicam uma redução de resistência para o FC, quando utilizado em teor de substituição acima
do já existente no cimento CPV-ARI. Resultados mostram que nas pastas binárias, a NS
promoveu ganho de resistência e intensificou a formação de C-S-H, enquanto o FC e o FS
reduziram seu desempenho. Além disso, resultados com a pasta ternária mostraram que,
embora a NS ainda tem um efeito positivo no desempenho, este não é suficiente para
compensar o efeito negativo na adição de altos teores de fíler.

Palavras-chave: Cimento Portland; nanossílica; fíler calcário; fíler silícico.

vi
ABSTRACT

EFFECT OF THE INCORPORATION OF NANOSILIC IN CEMENT PASTES WITH


HIGH CONTENT OF LIMESTONE FILER
Author: Guilherme Henrique de Melo Gurgel
Supervisor: Dr. João Henrique da Silva Rêgo
Graduate Program in Structures and Civil Construction
Supplementary cementitious materials (MCS) are used in cementitious formulations, aiming,
in their production, to reduce costs and the amount of clinker. Among the various types of
SCM's, nanosilica (NS) and limestone filler (LF) has already shown, in their applications,
promising alternatives. LF, for its abundance and cost loss, and NS for improving the
microstructural and mechanical properties of pastes. However, the combined use of these
materials in pastes and, especially, when they have a high content of LF replacement is yet
not discussed in current articles. So, the present work aims to evaluate the interaction of the
high LF content among the incorporation of NS in CPV-ARI cement into binary and ternary
pastes at the ages of 1, 3, 7, and 28 days, with six mixtures being produced, one from
reference, one with the replacement of 2% NS, one with the replacement of 15% LF, one with
the replacement of 15% silicic filler (SF), one with 13% LF and 2% NS and one with 13% SF
and 2% NS. The changes in the contents and incorporation of the SF allowed comparing the
behavior of the pastes containing LF in an isolated and mutual way, and its synergy. For this
purpose, tests were performed on compressive strength, X-ray diffraction (XRD), infrared
spectroscopy (FTIR), thermogravimetric analysis (TG), and nuclear magnetic resonance
(NMR). The results showed that NS presents better performance when isolated, accelerating
the hydration and consumption of Ca(OH)2 of these pastes. Differences between binary and
ternary pastes show a reduction in strength for LF, when used in a replacement content above
that already exists in CPV-ARI cement. Results show that in binary pastes, NS promoted
resistance gain and intensified the formation of C-S-H, while LF and SF reduced their
performance. Also, results with the ternary paste showed that, although NS still has a positive
effect on performance, it is not enough to neutralize the negative effect with the addition of
high filler contents.

Key words: Portland cement; nanosilica; limestone filer; silicic filer.

vii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................1

1.1 MOTIVAÇÃO DA PESQUISA ..................................................................................3

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................4

1.2.1 Objetivo Geral.......................................................................................................4


1.2.2 Objetivos Específicos............................................................................................5

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................5

2 REVISÃO DA LITERATURA ..........................................................................................6

2.1 MISTURAS CONTENDO CIMENTO PORTLAND .................................................6

2.2 FÍLER CALCÁRIO (FC) .............................................................................................9

2.2.1 Efeito fíler ...........................................................................................................10


2.2.2 Efeito de nucleação .............................................................................................12
2.2.3 Efeito de diluição ................................................................................................14
2.2.4 Efeito químico.....................................................................................................14

2.3 FÍLER SILÍCICO (FS) ...............................................................................................17

2.4 NANOSSÍLICA (NS) ................................................................................................19

2.5 MISTURAS TERNÁRIAS DE CIMENTO CONTENDO FC E NS ........................28

2.6 TÉCNICAS DE ANÁLISE MICROESTRUTURAL ................................................29

2.6.1 Difratometria de raios-X .....................................................................................29


2.6.2 Termogravimetria (TG/DTG) .............................................................................32
2.6.3 Espectroscopia no Infravermelho .......................................................................33
2.6.4 Ressonância Magnética Nuclear (RMN 29Si) .....................................................33

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ...........................................................................35

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS .....................................................................................36

3.1.1 Cimento Portland (CPV-ARI).............................................................................36

viii
3.1.2 Nanossílica (NS) .................................................................................................36
3.1.3 Fíler silícico (FS) ................................................................................................37
3.1.4 Fíler calcário (FC) ...............................................................................................37
3.1.5 Aditivo superplastificantes (SP) .........................................................................37

3.2 METODOLOGIA EXPERIMENTAL.......................................................................38

3.2.1 Fase 1: Caracterização dos materiais ..................................................................38


3.2.2 Fase 2: Preparação das pastas de cimento...........................................................40
3.2.3 Fase 3: Avaliação das pastas ...............................................................................43

4 RESULTADOS E ANÁLISES .........................................................................................46

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS................................................................46

4.1.1 Difração de raios-X .............................................................................................49


4.1.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV-SEM) ...........................................51
4.1.3 Aditivo superplastificante ...................................................................................53

4.2 ANÁLISE DAS PASTAS DE CIMENTO ................................................................54

4.2.1 Teor de superplastificante das pastas ..................................................................54


4.2.2 Resistência à compressão das pastas...................................................................55
4.2.3 Difração de Raios-X (DRX) ...............................................................................59
4.2.4 Análise termogravimétrica (TG/DTG) ...............................................................78
4.2.5 Espectroscopia na região do infravermelho (FT-IR) ..........................................81
4.2.6 Ressonância Magnética Nuclear (RMN 29Si) ....................................................85

5 CONCLUSÕES ................................................................................................................89

5.1 PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS...........................................................90

REFERÊNCIAS........................................................................................................................91

APÊNDICE A – CÁLCULO ESTEQUIMÉTRICO PARA DETERMINAÇÃO DO TEOR


DE CALCÁRIO NO CIMENTO ANIDRO ...........................................................................105

APÊNDICE B – CÁLCULO DO TEOR DE CH NA PASTA DE FS AOS 28 DIAS DE


HIDRATAÇÃO PELA TG .....................................................................................................107

ix
APÊNDICE C – RESULTADOS DE FT-IR DAS PASTAS AOS 28 DIAS DE
HIDRATAÇÃO ......................................................................................................................109

x
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Classificação dos MCS (Adaptado, MEHTA; MONTEIRO, 2014). .....................8

Tabela 2.2 - Limites de composição do cimento Portland. .........................................................9

Tabela 3.1 - Quantitativo de material para moldagem dos corpos de prova.............................42

Tabela 3.2- Características do ensaio Mini-Slump. ..................................................................42

Tabela 4.1 - Propriedades físicas e químicas de cimento CPV-ARI, fíler calcário (FC), fíler
silícico (FS) e nanossílica (NS).................................................................................................47

Tabela 4.2 - Teores de aditivo superplastificante e área superficial total das pastas. ...............54

Tabela 4.3 - Resultados do ensaio de Resistência à compressão das pastas aos 1, 3, 7 e 28 dias
de hidratação. ............................................................................................................................56

Tabela 4.4 - Composição mineralógica encontrada nas pastas de cimento por idade, obtidas
por difração de raios X. .............................................................................................................61

Tabela 4.5 - Características dos compostos identificados por DRX nas pastas........................62

Tabela 4.6 - Resultados quantitativos do ensaio de termogravimetria das pastas – 28 dias. ....79

Tabela 4.7 - Porcentagem de perda de massa do gel de C-S-H proposto por Tabet, Cerato e
Jentoft (2011) e Goñi et al. (2010). ...........................................................................................80

Tabela 4.8 - MCL do C-A-(S)-H nas pastas de cimento aos 28 dias. .......................................87

xi
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Publicações nos últimos anos acerca das premissas utilizadas como pesquisa,
dados retirados da base Web of Science para FC e NS. .............................................................4

Figura 2.1 - Densidade de mistura calculada para mistura com escória de alto forno e FC. a)
FC de granulometria grossa; b) FC de granulometria fina.(DE SCHUTTER, 2011). ..............11

Figura 2.2 - Resultado de PIM para: N-350 – concreto convencional contendo 350 kg/m3 de
cimento; S-350/0 – concreto autoadensável contendo 350 kg/m3 de cimento; S-350/45 –
concreto autoadensável contendo 350 kg/m3 de cimento e 45 kg/m3 de FC e S-350/90 –
concreto autoadensável contendo 350 kg/m3 de cimento e 90 kg/m3 de FC (VALCUENDE et
al., 2011). ..................................................................................................................................12

Figura 2.3 - Porcentagem de água livre em função do teor de substituição para: a) 3 dias e b)
28 dias. (OPC: cimento Portland e escória; BLD: cimento Portland, escória e FC em mistura;
INT: cimento Portland, escória e FC em substituição) (AASHAY et al., 2016). .....................13

Figura 2.4 - Difratoframas gerados para misturas aos 1, 7, 28, 90 e 180 dias. Os picos
destacados são: etringita (E), monosulfato (Ms), sulfato e carbonato contendo AFm (AFm),
hemicarbonato (Hc), monocarbonato (Mc) e ferrita (F). (OPC: 100% OPC; OPC-LS: 95%
OPC + 5% FC; OPC-FA: 65%OPC+ 35% cinza volante e OPC-FA-LS: 65% OPC + 30%
cinza volante + 5% FC) ............................................................................................................16

Figura 2.5 - Difratoframas gerados para misturas aos 1, 2, 7, 28, 90 e 180 dias em: a) C3.5-1,
b) C3.5-3 e c) C3.5-9. Os picos destacados são: etringita (Et), hemicarbonato (Hc) e
monocarbonato (Mc). (C3.5-1: 3.5% SO3 + 1% FC; C3.5-3: 3.5% SO3 + 3% FC; C3.5-9:
3.5% SO3 + 9% FC) ..................................................................................................................16

Figura 2.6 - Espectro de FTIR para pastas com a/agl 0.2 e incorporação de quartzo em 0%,
10%, 20%, 30%, 40% e 50% (GARCIA; WANG; FIGUEIREDO, 2018). .............................19

Figura 2.7 - Esquema representativo da estrutura dos materiais cimentícios por granulometria
(NTC: nanotubos de carbono) (Adaptado de CHAN; ANDRAWES, 2009)............................20

xii
Figura 2.8 - Micrografias representativas para o tempo de cura em: a) Sem NS/7 dias; b) Com
NS/7 dias; c) Sem NS/90 dias; d) Com NS/90 dias; e) Resultados de resistência à compressão
(CHOOBBASTI; KUTANAEI, 2017)......................................................................................22

Figura 2.9 - Micrografias geradas para: a) Referência - 28 dias; b) Referência - 180 dias; c)
1%NS - 28 dias; d) 1%NS - 180 dias (KONG et al., 2012). .....................................................23

Figura 2.10 - Reação pozolânica da nanossílica em pastas ......................................................24

Figura 2.11 - Resistência à compressão em pastas aos 1, 3, 7 e 28 dias para diferentes teores
de NS (SINGH; ALI; SHERMA, 2016). ..................................................................................25

29
Figura 2.12 - a) Espectro de RMN Si para amostras com 24h de hidratação; b)
Representação da quantidade de C-S-H e valor não reagido em pastas com 24h de hidratação
(SHARMA et al., 2019). ...........................................................................................................26

Figura 2.13 - a) Curvas de TG/DTG para as amostras aos 7 e 28 dias; b) Porcentagem de C-S-
H primário e secundário aos 7 e 28 dias (ALONSO-DOMÍNGUES et al., 2017). ..................27

Figura 2.14 - Efeito sinérgico de misturas contendo NS e NC nos valores de resistência à


compressão em: a) cura padrão; b) cura combinada. (LI et al., 2015). .....................................28

Figura 2.15 - Resultado de resistência à compressão para misturas contendo cimento Portland,
1%Ns, 3% NC e 1% NS + 5% NC, em: a) curva padrão; b) curva padrão com aquecimento.
(LI et al., 2015). ........................................................................................................................29

Figura 2.16 – Detalhe do pico de hidróxido de cálcio no DRX em amostras contendo 3% de


NS. (ANDRADE, 2017). ..........................................................................................................30

Figura 2.17 - Resultado de DRX para pastas de cimento com 1h, 4h, 6h, 8h, 10h, 12h, 1d, 3d,
28d de hidratação. (OU; MA; JIAN, 2011). .............................................................................31

Figura 2.18 - Espectros de RMN 29Si para uma pasta de cimento branco com 5% de MK a 1
dia de hidratação. (RICHARDSON, 2014)...............................................................................34

Figura 3.1 - Organograma do programa experimental..............................................................35

xiii
Figura 3.2 - Organograma da Fase 2. ........................................................................................40

Figura 4.1 - Curva TG e DTG do cimento anidro CPV sob atmosfera de nitrogênio e taxa de
aquecimento de 10ºC/min. ........................................................................................................48

Figura 4.2 - Distribuição granulométrica do Cimento (CPV), Fíler calcário (FC) e Fíler
Silícico (FS). .............................................................................................................................49

Figura 4.3 - Difratograma dos materiais utilizados para fabricação das pastas; (a) cimento
CPV-ARI; (b) NS; (c) FC; (d) FS. ............................................................................................50

Figura 4.4 - MEV das amostras de (a) CPV; (b) NS; (c) FC; (d) análise química FC; (e) grãos
F50 FS; (f) grãos F10 FS; Os ensaio demonstra a semelhança do tamanho de partícula com o
resultado de granulometria. .......................................................................................................52

Figura 4.5 - Teor de aditivo superplastificante em função da área superficial total dos sólidos
na mistura, resultados contendo (a) FC e NS e (b) FS e NS. ....................................................55

Figura 4.6 – Índice de desempenho das pastas aos 1, 3, 7 e 28 dias. ........................................57

Figura 4.7 - Difratograma de Raios-X das pastas aos 1, 3, 7 e 28 dias de hidratação. .............60

Figura 4.8 - Difratogramas das pastas com 1 dia de hidratação. ..............................................63

Figura 4.9 - Detalhe do pico da etringita para as amostras com 1 dia de hidratação. ...............64

Figura 4.10 - Detalhe do pico da portlandita (Ca(OH)2) nas pastas com 1 dia de hidratação. .65

Figura 4.11 - Detalhe do pico de quartzo nas pastas com 1 dia de hidratação. ........................66

Figura 4.12 - Detalhe do pico da calcita (CaCO3) e dolomita (CaMg(CO3)2) nas pastas com 1
dia de hidratação. ......................................................................................................................67

Figura 4.13 - Detalhe do pico da portlandita (Ca(OH)2) nas pastas com 3 dias de hidratação.68

Figura 4.14 - Detalhe do pico da portlandita (Ca(OH)2) nas pastas com 7 dias de hidratação.69

xiv
Figura 4.15 - Detalhe do pico da portlandita (Ca(OH)2) nas pastas com 28 dias de hidratação
...................................................................................................................................................70

Figura 4.16 - Difratograma de Raios-X das pastas REF, 2NS, 15FC, 15FS, 13FC 2NS e 13FS
2NS a 1, 3, 7 e 28 dias de hidratação. .......................................................................................71

Figura 4.17 - Detalhe dos picos das fases silicatos das amostras de REF. ...............................72

Figura 4.18 - Detalhe do pico do hidróxido de cálcio para as amostras com incorporação de
2NS ...........................................................................................................................................73

Figura 4.19 - Detalhe dos picos. para as amostras com incorporação de 15FC para a)
hidróxido de cálcio e b) CaCO3. ...............................................................................................74

Figura 4.20 - Detalhe do pico do hidróxido de cálcio para as amostras com incorporação de
13FC 2NS. ................................................................................................................................75

Figura 4.21 - Detalhe do pico do hidróxido de cálcio para as amostras com incorporação de
15FS. .........................................................................................................................................76

Figura 4.22 - Detalhe do pico do hidróxido de cálcio para as amostras com incorporação de
13FS 2NS. .................................................................................................................................77

Figura 4.23 - Curvas de (a) TG e (b) DTA das pastas com 28 dias. .........................................79

Figura 4.24 - Curvas de FT-IR para as pastas aos 28 dias. .......................................................82

Figura 4.25 - Espectros de FT-IR na região referente ao C-S-H, para pastas aos 28 dias. .......83

Figura 4.26 - Espectros de FT-IR na região referente ao CH, para pastas aos 28 dias. ............84

Figura 4.27 - Resultados de RMN 29Si das pastas (a) REF, (b) 2NS (c) 15FC (d) 15FS (e)
13FC 2NS e (f) 13FS 2NS. .......................................................................................................86

xv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas


ASTM: American Society for Testing and Materials
CH: Hidróxido de cálcio
C-S-H: Silicato de cálcio hidratado
C2S: Silicato dicálcico
C3S: Silicato tricálcico
C3A: Aluminato tricálcico
C4AF: Ferroaluminato tetracálcico
DRX: Difração de raios-X
DTA: Análise térmica diferencial
FC: Fíler calcário
FS: Fíler silícico
IG: Instituto de Geociências
IPT: Instituto de Pesquisas Tecnológicas
IQ: Instituto de Química
LEM: Laboratório de Ensaio de Materiais
MCS: Materiais Cimentícios Suplementares
MET: Microscopia eletrônica de transmissão
MEV: Microscopia eletrônica de varredura
NBR: Norma Brasileira Regulamentadora
NS: Nanossílica
PECC: Programa de Pós-graduação em Estruturas e Construção Civil
PIM: Porosimetria por intrusão de mercúrio
RMN: Ressonância magnética nuclear
SF: Sílica ativa
SP: Aditivo superplastificante
TG: Termogravimetria
UFG: Universidade Federal de Goiás
UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina
UnB: Universidade de Brasília

xvi
1 INTRODUÇÃO

A utilização dos materiais cimentícios suplementares (MCS) como ferramenta de substituição


parcial do cimento Portland vem demonstrando ser uma alternativa promissora e sustentável,
principalmente quando se busca redução de custos (SINGH et al., 2016) e minimização da
quantidade de CO2 liberado na atmosfera (ANTONI et al., 2012). Dentre os materiais que
buscam reduzir a porção de cimento necessária em formulações cimentícias, a escória
granulada de alto forno e o fíler calcário são as classes de MCS com maior expectativa de
produção e consumo, no Brasil, para 2030 (ROADMAP, 2019). Também podemos destacar o
interesse por outras classes de MCS como argila calcinada e cinza volante.

No entanto, com o rápido crescimento da construção civil e apelo por conscientização


ambiental, determinadas classes de MCS com grande demanda de consumo estão com sua
utilização cada vez mais restrita (LOTHENBACH; SCRIVENER; HOOTON, 2011). Fato
esse, que incentiva o surgimento de novas fontes. Ou seja, é necessário encontrar nova
utilização para materiais existentes ou novas misturas que proporcionem uma substituição do
clínquer por materiais de maior abundância, visando sua aplicação no atual setor da construção
civil.

A nanossílica (NS) e o fíler calcário (FC) têm demostrado, de forma individual, resultados
satisfatórios. A NS, por melhorar o desempenho mecânico nas idades iniciais (BU et al.,
2018). E o FC, pela sua disponibilidade e por reduzir a quantidade de clínquer demandada nas
formulações cimentícias (ROADMAP, 2019). Incentivando estudos que investiguem sua
utilização de forma conjunta.

O FC é material em forma de pó finamente moīdo comumente utilizado em matrizes


cimentícias como alternativa para melhorar suas propriedades reológicas, através do efeito
fíler, e promover sítios de nucleação nas fases iniciais de hidratação, facilitando a formação de
C-S-H (PANESAR; ZHANG, 2020). Sendo assim, o principal efeito, o fíler, é atuante por dois
mecanismos. O primeiro, a nucleação, ocorre principalmente pela maior área superficial do
material em relação ao cimento e, portanto, é atrelado ao tamanho de partículas do material. O
segundo, o efeito de diluição, ocorre em cimentos contendo materiais inertes. Neles, o teor de
clínquer é reduzido para uma mesma quantidade de água, acarretando, assim, aumento na
quantidade de espaço disponível para formação dos produtos de hidratação. Porém, tanto o

1
efeito fíler quanto o efeito de nucleação podem sofrer alterações de acordo com o teor de
incorporação utilizado, chegando a reduzir seu desempenho.

O FC apresenta desempenho inversamente proporcional ao teor de incorporação e se comporta


de forma variada, dependendo de sua mineralogia. O seu uso, em até 10%, demonstra ser
suficiente para gerar produtos de hidratação adicionais (ITIM; EZZIANE; KADRI, 2011),
sofrendo queda no valor de resistência com o aumento do teor de incorporação (COURARD;
MICHEL, 2014). De certo modo, não existe um valor limite ou um valor de partida para
nomear como “alta incorporação de FC”. O teor de incorporação é classificado alto quando as
características dos materiais decaem de forma notável, podendo ser em 10, 20 ou 30%
(MEDDAH; LMBACHIYA; DHIR, 2014). O teor máximo de utilização permitido é ditado
pela norma BS-EN-197 (BRITISH STANDARDS INSTITUTION, 2011) em valores
próximos de 35% (PANESAR; ZHANG, 2020) e pela norma ABNT NBR 16697:2018 em
25% (ABNT, 2018).

Já a nanossílica, é capaz de influenciar a hidratação do cimento na formação de seus produtos,


por ser uma pozolana altamente reativa. Além disso, sua área superficial elevada,
proporcionada pelo tamanho e pelo estado de solução, acaba potencializando o efeito fíler e o
efeito químico, citados acima para o FC (ANTONI et al., 2012; MERMEDAS et al., 2012;
SIDDIQUE e KLAUS, 2009; SINGH et al., 2016). Nas idades iniciais, além do efeito fíler,
também ocorre a reação pozolânica. Isso leva a um aumento considerável de resistência à
compressão e consumo de CH (DA SILVA ANDRADE et al., 2018; KAWASHIMA et al.,
2013; MADANI et al., 2012; SHIN et al., 2006). No efeito químico, a reação pozolânica
consome hidróxido de cálcio (CH) para formar silicato de cálcio hidratado (C-S-H) e,
consequentemente, influenciar diretamente nos valores de resistência à compressão.

Enquanto o uso separado do FC e da NS já foi alvo de diversos estudos, o uso combinado em


misturas ternárias apresenta um número limitado de trabalhos (DA SILVA ANDRADE et al.,
2018; JAMSHEET et al., 2018). Nestes trabalhos, pouco se investiga sobre a interação
química proporcionada pelo uso dos componentes em conjunto e, em especial, como a
hidratação das pastas resultam na formação de CH e C-S-H. No presente estudo, a substituição
do cimento CPV-ARI por FC e FS em 15% objetiva verificar o comportamento da hidratação
em pastas cimentícias com teor de FC acima do já encontrado no cimento anidro. Espera-se
que o FS apresente característica totalmente inerte e, portanto, demonstre o comportamento
das pastas com a adição de 15% de fíler sem possíveis efeitos de sinergia química. Tendo em

2
vista que o uso de FC em alto teor pode proporcionar, em alguns casos, queda no desempenho
mecânico, o estudo se torna interessante quando se busca a interpretação dos resultados de FC
e FS em conjunto com a NS.

Sendo assim, além de investigar o efeito da substituição na formação de CH e C-S-H, o


presente trabalho também tem como finalidade avaliar experimentalmente pastas cimentícias
contendo FC, FS e NS.

1.1 MOTIVAÇÃO DA PESQUISA

Essa dissertação faz parte da linha de pesquisa “Tecnologia, Processos, Componentes e


Materiais de Construção” do Programa de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil
(PECC) da Universidade de Brasília (UnB). No programa, já foram realizadas pesquisas com
temas envolvendo o uso de diversos tipos de MCS em formulações cimentícias. Dentre os
MCS no âmbito do programa, podemos destacar trabalhos que contemplaram estudos da
utilização de cinza de casca de arroz, metacaulim, sílica ativa e argila calcinada (MARTINS,
2018; PINHEIRO, 2016; REGO, 2004; VIEIRA, 2017). Na sequência, podemos encontrar
trabalhos que se dedicaram à análise do comportamento de matrizes contendo nanomateriais
como principal ponto de investigação, em especial os que utilizam a NS (AGOSTINHO, 2017;
ANDRADE, 2017; SANTOS, 2016).

Em resumo, os trabalhos apresentados pelo PECC, até o momento, seguem linhas de pesquisa
paralelas quanto ao uso de NS (ANDRADE, 2017) e uso de fíler calcário em cimentos LC3
(LINS, 2017). Recentemente, Andrade (2017) investigou a hidratação de pastas de cimento
com substituição de MCS e NS. Porém, o trabalho focou na mudança do teor de substituição
pela NS e evitou investigar a influência dos teores de FC.

Acerca de uma visão global, vê-se necessário investigar o andamento do tema do presente
trabalho quanto a sua literatura internacional. Uma pesquisa bibliográfica foi realizada na base
de dados Web of Science, tendo como principais termos de pesquisa “Cement AND Filler
AND Limestone” e “Cement AND Nanosilica”. A utilização desses termos de pesquisa, que
visaram buscar resultados com mistura ternária envolvendo FC e NS, não apresentaram uma
quantidade de resultados satisfatória. Os poucos resultados encontrados foram descritos na
revisão da literatura deste trabalho. No geral, a pesquisa busca obter como resultado o número
de publicações nos últimos anos e seus dados são apresentados na Figura 1.1.

3
120
Número de publicações (Web of Science)
100

80

60
FC

40 NS

20

0
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Ano

Figura 1.1 - Publicações nos últimos anos acerca das premissas utilizadas como pesquisa, dados
retirados da base Web of Science para FC e NS.

Os resultados, para o número de publicações ao longo dos anos, mostraram um crescimento no


número de pesquisas que envolvem temas como FC e NS. Também, vale ressaltar a falta de
um número favorável de pesquisas envolvendo o estudo de FC com alto teor de incorporação e
estudos que determinem como classificar este alto teor. Dessa forma, os pontos aqui
destacados averiguam a importância do trabalho e revela o quanto o mesmo será capaz de
contribuir para a comunidade científica de maneira satisfatória. O trabalho objetiva estudar
pastas de cimento com incorporação de alto teor de FC e o efeito da NS nesses materiais.

1.2 OBJETIVOS

O objetivo geral e os objetivos específicos que definem o projeto da pesquisa são apresentados
na seção.

1.2.1 Objetivo Geral

Esta pesquisa tem como objetivo principal avaliar o efeito da incorporação de nanossílica nas
pastas de cimento com alto teor de fíler calcário.

4
1.2.2 Objetivos Específicos

Além do objetivo geral, a dissertação conta com os seguintes objetivos específicos:

• Verificar o efeito da influência da incorporação de alto teor de FC nas pastas de

cimento;

• Comparar a influência da substituição do alto teor de FC e FS na resistência à

compressão e microestrutura das pastas de cimento;

• Verificar o efeito da incorporação da NS na resistência à compressão e suas mudanças

microestruturais (teor de CH e C-S-H), em pastas contendo alto teor de FC e FS.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho foi estruturado em cinco capítulos: introdução, revisão da literatura,


programa experimental, resultados e discussões e conclusão. Os quais seguem:

• Introdução: Serão apresentados a motivação da pesquisa, os objetivos gerais e

específicos e uma descrição da estrutura do trabalho.

• Revisão da literatura: Apresenta um levantamento de informações que foram retiradas

da literatura nacional e internacional. A revisão contém informações bibliográficas

necessárias ao desenvolvimento do programa experimental.

• Programa experimental: Contempla a descrição dos materiais utilizados e da

metodologia adotada para a realização da pesquisa. Também encontramos a descrição

dos ensaios, dos locais, do tipo de equipamento e dos parâmetros de ensaio utilizados.

• Resultados e discussões: Apresentação e análise dos resultados obtidos.

• Conclusão: São apresentadas as conclusões da pesquisa.

5
2 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo tem como finalidade apresentar informações que buscam abordar temáticas
pertinentes ao trabalho, apresentando um levantamento de informações retiradas da literatura
nacional e internacional acerca dos efeitos do uso de FC, FS e NS em formulações cimentícias
de forma isolada e como misturas ternárias. Também, serão apresentadas informações sobre
algumas das técnicas analíticas estudadas.

2.1 MISTURAS CONTENDO CIMENTO PORTLAND

O estudo do Cimento Portland (CP) é, sem dúvidas, uma das vertentes mais utilizadas quando
se busca adquirir informações importantes sobre a indústria da construção civil, tendo em vista
que este é o material mais utilizado por ela. O constante crescimento no número de
informações sob o tema tem impulsionado a produção de cimentos com diversas composições
de mistura. Para tal, é importante entender suas características físicas e químicas.

O cimento Portland é basicamente composto por uma mistura de clínquer e gipsita. A gipsita é
composta por sulfato de cálcio hidratado e o clínquer, por sua vez, é característico da junção
de componentes como: silicato tricálcio hidratado ou alita (C3S), silicato dicálcio ou belita
(C2S), aluminato tricálcio (C3A) e ferroaluminato tetracálcico (C4AF). Neles, reações
contendo C3S e C2S apresentam como produto de formação o hidróxido de cálcio (C-H) e
silicato de cálcio hidratado (C-S-H). Já o C3A, reage com a gipsita e forma etringita (AFt),
sendo este o elemento responsável pela pega e enrijecimento inicial da pasta. Enquanto que o
C4AF, desempenha um papel importante na resistência do cimento ao ataque químico e seu
uso é importante em cimentos que possuem como área de atuação ambientes corrosivos.

Tendo em vista que o C3S é responsável por basicamente 80% das reações influentes sobre o
Cimento Portland e predominante nas propriedades do cimento (SCRIVENER; JUILLAND;
MONTEIRO, 2015), podemos esperar que as reações que ocorrem no período inicial de
hidratação são o foco de pesquisa em muitos trabalhos. Deste modo, durante as primeiras
horas de hidratação, tendo em vista o retardo da reação de C3A pelas reações de sulfato, as
reações recorrentes do processo apresentam como resultado a formação de calor de hidratação
maior nas primeiras idades, variando o valor de resistência mecânica de acordo com o tempo
de hidratação (MEHTA; MONTEIRO, 2014).

6
Outras características decorrentes do processo de hidratação foram observadas por Scriviner et
al. (2015) e confirmadas como sendo consequentes da composição do Cimento Portland. Os
autores avaliam e comparam a cinética de hidratação entre sistemas com cimento Portland
puro e sistemas com MCS e justificam sua hipótese de acordo com mudanças de temperatura,
decorrentes do calor de hidratação. Grande parte desse calor é subsequente da deposição do C-
S-H e de outros produtos de hidratação que causam a solidificação da pasta de cimento
(SILVA; DJANIKIAN, 1995). Rojas e Frías (1996) também relatam que a atividade
pozolânica proporcionada pelo uso de diversos materiais é capaz de influenciar diretamente no
calor de hidratação. Em suma, ao se variar o componente e a sua quantidade têm-se como
resultado a modificação dos produtos de hidratação.

Kong et al. (2015) buscaram entender os efeitos causados pelo uso de MCS em matrizes de
cimento. O trabalho sugere que a utilização de MCS pode ser decorrente de diversos fatores,
tais como: mudança no estado de retenção de água de amassamento, preenchimento da matriz
e incorporação de efeito pozolânica. Portanto, concluímos que os MCS podem ser utilizados
em formulações desde que se busque uma melhoria nas propriedades do cimento. Esta
melhoria, portanto, se dá de duas formas: como adição física, capaz de refinar os poros, ou
como material responsável pela formação de C-S-H adicional, ação química.

Os MCS são principalmente encontrados em trabalhos que almejam, em sua pesquisa, uma
temática ambiental, muitas vezes sua escolha é justificada pela busca da redução da
quantidade de CO2 e pela redução do teor de clínquer exigido ao cimento (YANG et al.,
2017). Como resultado, a indústria recebe uma crescente demanda por esta classe de materiais,
justamente por demonstrarem um bom comportamento em questões como: consumo de
recursos naturais, redução no custo/energia de produção e preservação do meio ambiente. A
Tabela 2.1 apresenta uma adaptação da classificação para MCS, proposta por Mehta e
Monteiro (2014). Nela, as adições inertes, pó de calcário e pó de pedra, foram acrescentadas.

Os MCS do subgrupo onde contém a presença de adições pozolânicas, são definidos pela NBR
12653 (ABNT, 2014) como sendo adições sílico ou sílico-aluminosas que, por si só, possuem
pouca ou nenhuma atividade aglomerante, mas que, quando finamente divididos e na presença
de água, reagem com o hidróxido de cálcio à temperatura ambiente para formar compostos
com propriedades aglomerantes. Tais adições são capazes de reagir quimicamente com o C-H
e incentivam a formação de C-S-H. Esta reação é definida como reação pozolânica e acontece

7
com maior intensidade na utilização de adições altamente reativas como metacaulim, sílica
ativa, cinza de casca de arroz e NS.

Tabela 2.1 - Classificação dos MCS (Adaptado, MEHTA; MONTEIRO, 2014).


Classificação Tipos de adições
Cimentantes Escória granulada de alto forno.

Cimentantes e pozolânicas Cinza volante com alto teor de cálcio.


Sílica ativa;
Pozolanas altamente
Cinza de casca de arroz sob temperatura
reativas
controlada.

Cinza volante com baixo teor de cálcio;


Pozolanas comuns
Materiais naturais.
Escória granulada de alto forno resfriada
lentamente;
Pozolanas pouco reativas
Cinza de forno.
Cinza de casca de arroz residual.
Pó de cálcio;
Adições inertes
Pó de pedra.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT NBR 6697:2018 , estabelece os limites


mínimos e máximos admissíveis na composição para cada tipo de cimento. Essa adição
corresponde aos MCS já incorporados ao cimento anidro no seu processo de fabricação,
classificando cimentos com MCS e propriedades especiais de acordo com o teor de cada
incorporação. Os limites propostos pela norma são dispostos conforme a Tabela 2.2.

8
Tabela 2.2 - Limites de composição do cimento Portland.
Clínquer Escória
Designação Classe de + granulada Material Material
Sigla Sigla
normatizada resistência sulfatos de alto- pozolânico carbonático
de cálcio forno
CP I 95-100 0-5
Cimento Portland
comum CP I-
90-94 0 0 6-10
S
CP II-
51-94 6-34 0 0-15
E
Cimento Portland CP II- 25, 32 ou
71-94 0 6-14 0-15
composto Z 40c
CP II- RSa 75-89 0 0 11-25
F ou
Cimento Portland BCb
CP III 25-65 36-75 0 0-10
de alto-forno
Cimento Portland
CP IV 45-85 0 15-50 0-10
pozolânico
Cimento Portland
de alta resistência CP V ARId 90-100 0 0 0-10
inicial
25, 32 ou
Cimento Estrutural CPB 75-100 - - 0-25
40c
Portland
Não
branco CPB - - 50-74 - - 26-50
estrutural
a
Resistência a sulfatos.
b
Baixo calor de hidratação.
c
Valor mínimo de resistência à compressão, em mega Pascal (MPa), aos 28 dias de hidratação.
d
Apresenta, em 1 dia de hidratação, resistência igual ou superior a 14 MPa.
Fonte: Adaptado de ABNT NBR 16697, 2018, p. 9.

2.2 FÍLER CALCÁRIO (FC)

Fíler é definido como qualquer material com tamanho menor que 80 µm (AH AL-SAFFAR,
2013). Nas formulações atuais, o fíler calcário é o mais utilizado na construção civil
(ROADMAP, 2020). Esse, é constituído basicamente pela moagem do carbonato de cálcio
(CaCO3), encontrado em rochas calcíticas de pedreiras. O FC vem sendo utilizado como MCS
na substituição parcial do cimento, de forma a reduzir o consumo energético e a emissão de
CO2 (AQEL; PANESAR, 2016).

Diferentemente da NS, o fíler calcário pode ser considerado uma adição inerte, dependendo do
seu teor de substituição e da presença ou não de outros componentes de mistura. No entanto,
Aquel e Panesar (2016) destacou que a utilização desse material pode influenciar no sistema
cimentício e provocar mudanças no comportamento físico/químico do material, sugerindo que
o FC pode apresentar características diversas, dependendo do seu teor de adição.

9
O uso de calcário como forma de substituição ao clínquer foi comentado por G. E. Bessey
(1983) e demonstrou que o CaCO3 é capaz de reagir com o cimento, formar carboaluminato e
modificar suas propriedades mecânicas. Deste então, diversos efeitos atrelados ao seu uso já
foram identificados, dentre eles: efeito fíler, efeito de nucleação, efeito de diluição e efeito
químico, todos baseados nos resultados de precipitação do C-S-H e aceleração do processo de
hidratação.

Decorrente do crescente número de pesquisas envolvendo o uso de fíler calcário e a


comprovação de sua eficácia, houve um aumento do valor máximo permitido na substituição
do cimento Portland por fíler calcário nas regulamentações nacionais e internacionais ao longo
dos anos. Em 1987 o Comité Europeu de Normalização (CEN) determina o valor máximo de
substituição em 15±5%, alguns anos depois

a norma europeia (EN 197-1, 2011) aumentou para 25% o valor máximo, já no Brasil, apenas
em 2018 foi aprovado o valor máximo de substituição de 25% pela NBR 16697 (ABNT,
2018).

Além da influência granulométrica, a origem do calcário também foi analisada por alguns
pesquisadores (HASHIM; KACZMAREK, 2019) e identificada como importante nas
propriedades finais do calcário. O calcário é originário da rocha sedimentar dolomita, sendo
seus sedimentos compostos por grãos esqueletais de origem natural (decomposição ambiental
ou fragmentos marítimos) ou artificial (precipitação da calcita ou aragonita). Dependendo do
seu método de formação, o calcário pode apresentar formação cristalina, granular e clásticas.

2.2.1 Efeito fíler

O efeito fíler do FC é, em grande parte, atrelado ao tamanho de partícula. Schutter (2011)


calculou a densidade de mistura entre Escória de alto forno e FC em função do número de
partículas e, observou que a densidade de empacotamento é menor quando as partículas são
maiores ou semelhantes às do cimento Portland (a) e maior quando as partículas apresentam
granulometria menor ao cimento Portland (b), como mostra a Figura 2.1. A incorporação de
FC com granulometria fina além de atuar no empacotamento também pode reduzir a fluidez
(DUAN et al., 2016) e melhorar a durabilidade do concreto (AZARSA; GUPTA; BIPARVA,
2019).

10
Figura 2.1 - Densidade de mistura calculada para mistura com escória de alto forno e FC. a) FC de
granulometria grossa; b) FC de granulometria fina. Adaptado de (DE SCHUTTER, 2011).

O efeito fíler do FC também é capaz de modificar sua microestrutura sendo, neste caso,
influenciado não somente pelo tamanho de partícula, mas pelo teor de incorporação. De
maneira geral, a adição de FC em misturas com cimento Portland é capaz de refinar a estrutura
porosa (LIU; YAN, 2008), dependendo do teor de substituição aplicado. Tal efeito também
pode ser intensificado com a redução do tamanho de partícula (BEDERINA; MAKHLOUFI;
BOUZIANI, 2011; LIU; YAN, 2010), apresentando resultados ainda melhores quando em
nanoescala (LI et al., 2015). Senhadji et al. (2014), observaram que o tamanho médio de poros
passou de 60 nm, na amostra de referência, para 31 nm, com a incorporação de FC em 10%. A
redução do tamanho médio dos poros também foi observada por Valcuende et al.(2012), os
autores não modificaram a relação água/cimento e observaram o surgimento de dois picos
principais na curva de porosimetria por intrusão de mercúrio (PIM), sendo o primeiro pico
decorrente das macrofissuras presentes no exterior da amostra. A diferença entre as misturas
está na interpretação da região de poros com volume capilar (0.01–1 µm) e dos os macroporos
(~100 µm), tendo como resultado que a amostra com maior teor de incorporação de FC (S-
350/90) apresentou poros menores que as amostras contendo um teor de FC inferior (S-350/0 e
S-350/45), como mostra a Figura 2.2.

11
Figura 2.2 - Resultado de porosimetria para: N-350 – concreto convencional contendo 350 kg/m3 de
cimento; S-350/0 – concreto autoadensável contendo 350 kg/m3 de cimento; S-350/45 – concreto
autoadensável contendo 350 kg/m3 de cimento e 45 kg/m3 de FC e S-350/90 – concreto autoadensável
contendo 350 kg/m3 de cimento e 90 kg/m3 de FC (VALCUENDE et al., 2011).

2.2.2 Efeito de nucleação

O efeito de nucleação foi estudado primeiramente por Soroka e Setter (1976), que
comprovaram que o FC é responsável por criar sítios de nucleação que facilitam a precipitação
dos produtos de hidratação, aceleram a reação de hidratação e melhoram o grau de hidratação
do cimento. O efeito de nucleação do FC pode ser influenciado por fatores como o tamanho de
partícula (VANCE et al., 2013), a estrutura da superfície (BENTZ et al., 2015) e o teor de
substituição (THONGSANITGARN et al., 2014).

O tamanho de partícula é responsável por modificar a energia superficial e a absorção capilar


da microestrutura. O efeito da influência do tamanho da partícula foi relatado por Li et al.
(2016) em amostras contendo nanocalcário, onde as misturas com 2% de incorporação
reduziram em 1.3 h o tempo de surgimento do pico de hidratação. Esse efeito também foi
estudado por Aashay et al. (2016), os autores comprovaram que a quantidade de água não
evaporada pode ser usada para auxiliar na identificação do grau de hidratação dos materiais e
perceberam que a atuação do FC era menor aos 28 dias de hidratação (Figura 2.3). O resultado
foi atribuído ao fato da hidratação por FC ser intensificada principalmente nas idades iniciais.

12
Figura 2.3 - Porcentagem de água livre em função do teor de substituição para: a) 3 dias e b) 28 dias.
(OPC: cimento Portland e escória; BLD: cimento Portland, escória e FC em mistura; INT: cimento
Portland, escória e FC em substituição) (AASHAY et al., 2016).

Ainda sobre o tamanho de partícula, Lawrence, Cyr e Ringot (2003) destacaram que quanto
menor o diâmetro da partícula, maior a influência do FC na aceleração da hidratação. Ou seja,
uma menor granulometria pode causar um aumento do grau de hidratação, justamente pelo
fato das superfícies das partículas atuarem como pontos de nucleação. Os pontos de nucleação,
quando inerte, facilitam a precipitação dos hidratos na superfície dos grãos (HOPPE FILHO,
2008). Dentre os hidratos formados, podemos destacar a formação de CH e C-S-H.

Conforme dito anteriormente, a presença do FC aumenta a precipitação de C-S-H na sua


superfície devido à configuração planar dos átomos cálcio (Ca) e oxigênio (O) da calcita ser
semelhante às camadas de C-S-H (IRASSAR et al., 2015; RODE et al., 2009). A alteração da
estrutura de superfície foi observada por Bentz et al. (2015), onde amostras de calcário
precipitadas na forma calcitica (configuração planar dos íons Ca e O: Marblewhite e HT
Sturcal F) apresentaram desempenho superior às de aragonita (somente presença dos íons
Ca:Sturcal F).

Quanto ao teor de substituição para a incorporação de FC, com a mesma granulometria


variando apenas o teor, o seu aumento possibilita uma maior quantidade de sítios de nucleação
e uma maior quantidade de produtos de hidratação absorvidos. Thongsanitgarn et al. (2014)
observaram um aumento no calor total de hidratação das misturas em até 10% de substituição,
reduzindo drasticamente quando próximo de 30%. Ou seja, é interessante destacar que em

13
teores de substituição acima de 10% o FC acaba reduzindo a sua participação na formação dos
produtos de hidratação, sugerindo uma queda na sua eficiência quando utilizada em alto teor.

2.2.3 Efeito de diluição

O efeito de diluição ocorre principalmente pelo teor de adição do FC na matriz. O efeito de


diluição ocorre quando parte do cimento é substituída pelo FC e aumenta a água livre capaz de
reagir com as partículas de cimento, tendo como resultado um aumento no grau de hidratação.
Por outro lado, uma taxa elevada de substituição reduz drasticamente a quantidade de clínquer
disponível para formação dos produtos de hidratação. Ou seja, ao reduzir a quantidade de
clínquer, a quantidade de alumina presente no cimento também é reduzida, fazendo com o que
apenas uma pequena parte do FC adicionado seja atuante nos processos químicos.

Diferentemente das formulações cimentícias contendo FC e argila, como cimentos LC3, a


adição de apenas fíler calcário pode apresentar efeitos negativos no que diz respeito à
resistência mecânica e durabilidade. Justamente pelo fato de que a diluição deixa de ter como
fator principal um material reativo e passa a ter como principal atuante um material menos
reativo (IRASSAR et al., 2015). Tal como investiado por Tironi et al (2017), os autores
verificaram que a resistência nas idades iniciais decai com a porcentagem de substituição, pois
o efeito de diluição passa a ser mais influente que o efeito fíler.

Sabemos que a redução parcial da quantidade de cimento também provoca outros fatores como
aumento da relação água/cimento (IRASSAR et al., 2015) e redução dos produtos de
hidratação. Portanto, o aumento do teor de FC em grande escala pode resultar na diminuição
da resistência à compressão do material em todas as idades, sendo mais notório nas idades
iniciais. Este efeito de diluição é capaz de mascarar as vantagens derivadas das contribuições
físicas (AQEL; PANESAR, 2016).

2.2.4 Efeito químico

O efeito químico ocasionado pelo FC como forma de adição ao cimento Portland sofre
influência principalmente pelo seu tamanho de partícula e pela quantidade de alumina presente
no C3A e no C4AF. O tamanho de partícula aumenta a taxa de dissolução do FC, pois
modifica a energia superficial e a morfologia de superfície, elevando a quantidade de
carbonato de cálcio formado na solução e promovendo o efeito químico.

14
Diferentemente dos cimentos convencionais, a estabilização da etringita em cimentos
contendo calcário ocorre quando o C3A e o C4AF excedente reagem com os íons de carbonato
e formam carboaluminato (KAKALI et al., 2000; MENÉNDEZ; BONAVETTI; IRASSAR,
2003). O aluminato presente no clínquer é limitado, logo, o efeito químico ocasionado pela
adição de calcário gera a necessidade de outras fontes que impulsionem a energia de reação,
denotando o uso de outros tipos de MCS para auxiliar no processo de hidratação (TAYLOR,
1997).

Quanto aos estudos sobre as reações químicas decorrentes da adição de fíler calcário, autores
destacaram que pode ou não existir influência alcalina sobre o processo de hidratação. DE
SCHUTTER et al. (2011) destacaram que o FC pode reagir com o C3A presente no cimento e
reduzir a alcalinidade de matrizes contendo apenas o cimento referência. Bizzorero e Scriviner
(2015) destacaram que a reação com C3A e FC pode não influenciar na alcalinidade de
matrizes contendo cimento como seu principal constituinte. Por outro lado, Scholer et al.
(2015) observaram uma redução de alcalinidade decorrente de reações entre FC e
sulfoaluminato de cálcio.

Os estudos aqui abordados indicam que o efeito químico pode alterar fatores como
alcalinidade, umidade e estabilidade volumétrica das matrizes. Logo, a detecção da presença
ou não desses fatores é de extrema importância para quantificar os possíveis efeitos químicos
na mistura.

Vance et al. (2013) perceberam que ao reduzir o tamanho de partículas de FC a reação entre o
carbonato de cálcio e aluminato aumenta, modificando o calor de hidratação final dos
produtos. Enquanto que, Ashay et al. (2016) fizeram substituição do cimento Portland em até
50% de FC e perceberam que existe uma limitação na quantidade de aluminato disponível pelo
cimento, mas que este pode ser compensado pela adição de MCS. Os resultados de taxa de
calor demonstraram que o calor acumulativo de hidratação era mais eficiente na presença do
efeito sinérgico promovido pela utilização de outros materiais como a escória de alto forno.

Lothenbach et al. (2008) observaram que a incorporação de FC previne a decomposição da


etringita, possibilitando a formação do hemi/monocarboaluminato. Os autores também
observaram que a etringita apresentava maior volume que o monosulfato.

15
Por fim, o efeito químico atuante nos produtos de hidratação foi analisado através do ensaio de
Difração de Raios-X por Weerdt et al. (2011) e Zajac et al. (2014). Os difratometros
encontrados seguem conforme as Figura 2.4 e Figura 2.5, respectivamente.

Figura 2.4 - Difratoframas gerados para misturas aos 1, 7, 28, 90 e 180 dias. Os picos destacados são:
etringita (E), monosulfato (Ms), sulfato e carbonato contendo AFm (AFm), hemicarbonato (Hc),
monocarbonato (Mc) e ferrita (F). (OPC: 100% OPC; OPC-LS: 95% OPC + 5% FC; OPC-FA:
65%OPC+ 35% cinza volante e OPC-FA-LS: 65% OPC + 30% cinza volante + 5% FC)
(WEERDT et al., 2011).

Figura 2.5 - Difratoframas gerados para misturas aos 1, 2, 7, 28, 90 e 180 dias em: a) C3.5-1, b) C3.5-3
e c) C3.5-9. Os picos destacados são: etringita (Et), hemicarbonato (Hc) e monocarbonato (Mc). (C3.5-
1: 3.5% SO3 + 1% FC; C3.5-3: 3.5% SO3 + 3% FC; C3.5-9: 3.5% SO3 + 9% FC)
(ZAJAC et al., 2014).

16
Weerdt et al. (2011) observaram que as fases de aluminato reagiram com o !"!#$ para
formar mono/hemocarbonato. O pico correspondente ao hemocarbonato foi observado após 7
dias de hidratação, sendo substituído gradualmente pelo monocarbonato ou totalmente
consumido, em alguns casos, já aos 28 dias. Porém, em processos de hidratação lentos, o
monocarboaluminato ainda pode ser encontrado aos 180 dias (LIU; YAN, 2008). Os autores
também notaram que a formação de hidróxido de cálcio e carboaluminatos podem ser
influenciadas pela quantidade de incorporação de FC e que estas reações reduzem
significativamente a formação de CH a partir dos 7 dias de hidratação. A redução na
quantidade de CH indica que a formação do hemicarboaluminato pode consumir o CH.

Segundo a Figura 2.5, percebemos um aumento na intensidade dos picos de hemicarbonato


contendo 3 e 9% de FC, em comparação às amostras de referência. Nas amostras com 1% FC,
os picos mais relevantes indicam uma mistura de hemi/monocarbonato. De modo geral, o
monocarbonato reduz gradualmente ao longo do tempo, em todas as amostras, e a sua taxa é
proporcional ao teor de substituição empregado.

2.3 FÍLER SILÍCICO (FS)

O fíler silícico tem sido abordado na literatura com nomenclaturas distintas: areia superfina
(JIANG et al., 2018), pó de areia (SHI et al., 2019), fíler de areia (JOUDI-BAHRI et al.,
2012), fíler de sílica (LINEC; MUŠIČ, 2019) e pó de sílica de areia (RAMDANI et al., 2019).
Em resumo, uma parcela significativa dos artigos estuda o efeito da incorporação de agregados
e pó de areia em junção com matrizes cimentícias, grande parte em busca de alternativas
capazes de reduzir a quantidade final de cimento Portland utilizada.

Devido à grande quantidade de areia disponível, diversos trabalhos apresentam como


alternativa ao clinker do o uso de fíler silícico. Dentre elas, o uso de concretos com elevada
quantidade de areia, nomeados de ‘sand concrete’ (RMILI et al., 2009). Esses concretos
exibem uma maior quantidade de areia e são basicamente compostos por cimento Portland,
água, areia, fíler de areia e aditivos, variando o tamanho do agregado. Bouziani et al. (2011)
estudaram o efeito de adições, no ‘sand concrete’, sob suas propriedades e classificaram que
sua produção exige menor quantidade de cimento (250-400 kg/m3), menor relação
água/cimento e têm como resultado um aumento de resistência, quando comparado com a

17
amostra de referência, sem a necessidade de agregado graúdo. Também constataram que o uso
de fíler era essencial para garantir uma melhor compactação e possível ganho de resistência.

Poucos artigos reportaram o uso de fíler proveniente de areia, principalmente quanto ao seu
comportamento nas etapas de hidratação, sugerindo que o efeito químico não é o assunto mais
abordado em estudos contendo fíler silícico. Khay et al. (2010) estudaram a adição de areia do
deserto, com granulometria entre 0.08-0.0 mm, em concretos e classificaram seus resultados
como satisfatórios para seu uso em pavimentos, mas destacaram que a presença de efeito
químico era quase inexistente. Desta forma, o presente trabalho utilizará o FS como material
inerte para comparar o resultado dos produtos de hidratação decorrentes do uso do FC e da
NS.

Belhadj et al. (2014) estudaram o efeito de diferentes tipos de areia sobre as características do
concreto. Os autores constataram que as propriedades causadas pelo uso de areia das dunas,
areia de rio e areia triturada eram variáveis, principalmente de acordo com suas propriedades
físicas. Tais propriedades são decorrentes de características como formato angular, diâmetro
máximo e distribuição granulométrica.

Gadri e Guettala (2017) estudaram o efeito de diversas superfícies de fíler silícico sob o
concreto e descobriram que fíler com alta rugosidade ajuda na resistência à flexão e reduz o
risco de descolamento entre superfícies. Os autores também destacaram que quanto menor a
interação com a superfície menor será a resistência à compressão adquirida.

Uma das principais características na busca por utilizar o FS é na sua questão ambiental.
Reduzindo o impacto no meio ambiente, o uso de materiais locais pode minimizar custos de
transporte e emissão de carbono durante o ciclo de construção (CHEN et al., 2017). Garcia et
al. (2018) estudaram a quantidade de incorporação de partículas de quartzo e relação
água/cimento nas propriedades microestruturais de pastas. Amostras contendo a incorporação
de FS em 10%, 20%, 30%, 40% e 50% foram elaboradas (Figura 2.6).

Ao observar os resultados da Figura 2.6 percebemos que a técnica de FTIR não foi capaz de
desenvolver, individualmente, grandes resultados. Os autores destacam em seu artigo que a
presença de xonolita e de tobermorita foi mais perceptível que as demais fases, sendo a
formação de xonolita relevante em amostras contendo menos de 20% de incorporação e a
tobermorita em amostras com maior quantidade de incorporação. Pelo resultado de FTIR
podemos destacar uma superposição dos picos de C-S-H com os picos de quartzo, sugerindo

18
que o aumento da incorporação de FS pode influenciar na interpretação dos dados de C-S-H.
Portanto, os autores passam a destacar que a formação de C-S-H deve vir associada com
outros resultados, e por isso utilizaram os ensaios de dureza.

Figura 2.6 - Espectro de FTIR para pastas com a/agl 0.2 e incorporação de quartzo em 0%, 10%, 20%,
30%, 40% e 50% (GARCIA; WANG; FIGUEIREDO, 2018).

2.4 NANOSSÍLICA (NS)

O uso de nanomateriais permite o refinamento da estrutura porosa de materiais cimentícios,


justamente por proporcionar uma melhor interação na superfície de contato formada entre os
particulados, melhorando, assim, propriedades como: coesão do material, aumento da
velocidade de ganho de resistência e aumento nos valores de durabilidade do cimento
(SANCHEZ; SABOLEV, 2010; MARTINS, 2018). Todos estes fatores demonstram estar
ligados com a forma, como a hidratação do cimento é afetada pela implementação de
nanopartículas.

19
Para um maior entendimento, Chan e Andrawes (2009) elaboraram um esquema que busca
simplificar a estrutura dos materiais cimentícios no decorrer das mudanças granulométricas
dos particulados, observando o campo de atuação de cada material de acordo com a sua
granulometria. O esquema sugere que as nanopartículas atuam principalmente em eventos
microestruturais, que influenciam a formação de C-S-H. Conforme podemos verificar na
Figura 2.7.

Figura 2.7 - Esquema representativo da estrutura dos materiais cimentícios por granulometria (NTC:
nanotubos de carbono) (Adaptado de CHAN; ANDRAWES, 2009).

O termo nanossílica é designado a nano partículas de óxido de silício (SiO2), comumente


chamado de sílica. A sílica, pelo fato do constituinte silício (Si) ser bastante abundante na
natureza, pode ser encontrada em fontes derivadas de origem mineral, biogênica e até mesmo
obtidas de forma sintética. Dentre estas opções, as partículas sintéticas tem despertado o olhar
dos pesquisadores, justamente pelo fato de que o seu método de síntese permite maior controle
dos parâmetros que influenciam características como: superfície especifica, reatividade
química e nível de pureza. Controlando suas funcionalidades, conseguimos alterar seu
comportamento e, no caso de aplicações cimentícias, melhorar seu desempenho. Esta premissa
justifica o crescimento no número de pesquisas envolvendo o uso de NS em formulações
cimentícias.

A NS pode ser sintetizada através de diversos meios, cujos quais se subdividem em Top Down
ou Bottom Up. A mais estudada e eficiente é a síntese via Bottom Up, por proporcionar a
construção do nanomaterial através da ligação química entre átomos e moléculas. Nas sínteses
via Bottom Up, podemos destacar a presença de métodos como sol-gel, método biológico,

20
lixiviação ácida e calcinação. Dentre os métodos de síntese exemplificados, a calcinação
demonstra ser o método mais capaz de promover um melhor estudo termodinâmico e
determinar quais parâmetros podem influenciar suas características.

Ao ser incorporada ao cimento Portland, justamente por ser altamente reativa, a NS atua em
dois níveis. Um deles correspondente ao seu efeito químico e o outro ao seu efeito físico
(SINGH et al., 2013). Singh, Kalra et al. (2017) descrevem de forma esquemática os
principais efeitos encontrados na atuação da NS em formulações, sendo estes, resumidos em:

• Alterar o tamanho dos poros capilares: A NS atua como ponto de nucleação que

estimula a hidratação do cimento e reduz a absorção de água;

• Aumentar a resistência mecânica: Os pontos de nucleação aumentam a quantidade de

CH e C-S-H formado, atuando principalmente nas idades iniciais da atividade

pozolânica;

• E, melhorar a zona de transição entre agregado e aglomerante: A sua incorporação

melhora os níveis de resistência da zona de transição.

Os materiais compostos por sílica, mesmo com tratamentos diferentes, apresentam


propriedades químicas semelhantes à NS. Alguns trabalhos mostram que autores
desenvolveram uma alternativa para a obtenção de nanopartículas de sílica a partir da casca de
arroz (CHANDRASEKHAR et al., 2003; DO KIM; CHOI; YANG, 2005), sendo destacado
que estes materiais apresentam a sílica em sua forma amorfa. Embora a NS apresente
propriedades semelhantes a outros compostos de sílica, esta apresenta maior reatividade
devido ao menor tamanho de suas partículas, podendo ser encontrada em escala de 20–40nm
(CHOOBBASTI; KUTANAEI, 2017). A redução no tamanho médio de partículas é
responsável pela densificação da estrutura porosa da pasta de cimento (LIM; LEE;
KAWASHIMA, 2018) e demonstra ser dominante sobre os fatores que modificam a
microestrutura das pastas.

Choobbasti e Kutanaei (2017) estudaram microestruturas de pastas contendo NS e seus


resultados foram comparados em micrografias obtidas aos 7 e 90 dias de hidratação. As
imagens do Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) e os resultados de resistência à
compressão são dispostas na Figura 2.8.

21
Figura 2.8 - Micrografias representativas para o tempo de cura em: a) Sem NS/7 dias; b) Com NS/7
dias; c) Sem NS/90 dias; d) Com NS/90 dias; e) Resultados de resistência à compressão
(CHOOBBASTI; KUTANAEI, 2017).

Segundo os autores, as imagens confirmam a tendência de valores encontradas pelo ensaio de


resistência à compressão (Figura 2.8-d), onde, aos 7 dias (Figura 2.8-a e Figura 2.8-b),
observa-se um processo de hidratação incompleto com a presença de agulhas de CH e início
da formação de C-S-H. As imagens com a NS (Figura 2.8-b e Figura 2.8-d) mostram cristais
que incentivam a formação estrutural mais densa e maior presença de C-S-H. Por fim, os

22
autores justificam que as amostras contendo NS apresentam uma maior resistência à
compressão para idades acima dos 28 dias.

Misturas contendo NS também são encontradas em alguns trabalhos e caracterizam


comportamentos importantes. Dentre estes, Kong et al. (2012) utilizaram a NS na sua forma
coloidal em diferentes teores de substituição (0%, 0.25%, 0.5%, 0.75% e 1%) e avaliaram o
ganho de resistência à compressão, decorrente do processo de hidratação. As imagens geradas
no microscópio eletrônico, para 1% de incorporação, são mostradas na Figura 2.9.

Figura 2.9 - Micrografias geradas para: a) Referência - 28 dias; b) Referência - 180 dias; c) 1%NS - 28
dias; d) 1%NS - 180 dias (KONG et al., 2012).

As imagens encontradas para cura aos 28 (Figura 2.9-a) e 180 dias (Figura 2.9-b), na amostra
de referência, mostram uma conexão capilar entre os poros aos 128 dias de formação (Figura
2.9-e), enquanto que as imagens contendo 1% de NS (Figura 2.9-c e Figura 2.9-d) apresentam
uma densificação nos poros, devido a formação dos produtos de hidratação, para ambas as
idades de 28 e 180 dias. O autor também realizou o ensaio de Porosimetria por Intrusão de
Mercúrio (PIM) e enfatizou que amostras contendo a adição de NS mostraram um refinamento
na estrutura porosa de 50-100nm aos 28 dias (Figura 2.9-c) e de 10-20nm aos 180 dias (Figura
2.9-d), enquanto que a amostra de referência demonstra valores próximos de 200-500nm para
ambas as idades. A redução nos valores, quando comparadas as amostras com NS e referência,

23
em conjunto com a presença de CH, comprova a atuação da atividade pozolânica na formação
de C-S-H nas pastas.

Por meio dos trabalhos anteriores, percebemos que a densificação da estrutura porosa e o
aumento da resistência à compressão em formulações cimentícias contendo a NS é explicada,
quimicamente, pela capacidade da NS de reagir com o hidróxido de cálcio e água livre,
formando produtos adicionais (C-S-H). Singh, Kalra e Saxena (2017) exemplificam a atuação
da NS em três pontos principais, a mesma característica é observada em outros trabalhos
(HOU et al., 2013; TOUTANJI et al., 2004). Quanto ao mecanismo químico, predominante
dado pela presença da reação pozolânica, Kontoleontos et al. (2012) justifica como sendo
conforme a reação da Figura 2.10.

Figura 2.10 - Reação pozolânica da nanossílica em pastas


(Adaptado, KONTOLEONTOS et al., 2012).

O uso de nanomateriais possibilita a modificação de suas propriedades. Porém, alterando a


granulometria do material, diminuímos sua estabilidade coloidal e, consequentemente,
inferimos uma maior capacidade de aglomeração em misturas. Experimentos com
composições cimentícias contendo a incorporação de NS podem sofrer uma influência nos
seus resultados em decorrência das forças superficiais decorrentes ao tamanho do particulado.
Mudanças na granulometria podem reduzir o desempenho esperado pela NS e o resultado
dependerá do teor de substituição aplicado (LI et al., 2004).

Buscando mitigar as forças de interações superficiais existentes entre as partículas de NS,


estudos revelam que o uso de ultrassom, superplastificante, equipamentos de mistura mecânica
ou, até mesmo, a redução do teor de substituição em massa, são capazes de proporcionar
melhores resultados. Em outros casos, estudos contendo NS, investigam quais características
são mais adequadas e quais devem ser levadas em conta durante a sua substituição. A grande
maioria deles nos permite uma quantidade de trabalhos que possuem como valores de
substituição teores entre 0,005 e 20%.

24
Apesar de estudos revelarem que o aumento progressivo no valor de substituição melhora
também a resistência mecânica (KONTOLEONTOS et al., 2012). Singh et al. (2013),
perceberam a mesma tendência e utilizaram valores de substituição entre 1% e 5%, para
comprovar ganhos de resistência mecânica com o aumento do teor. Em contrapartida, Khaloo
et al. (2016) informam uma redução na durabilidade de pastas em teores acima de 5%.

Singh, Ali e Sharma (2016) buscam estudar o teor de substituição adequado ao uso da NS. Os
autores estudaram pastas com diferentes dosagens de NS (1%, 2%, 3% e 5%), sendo os
resultados de resistência a compressão encontrados dados conforme vistos na Figura 2.11.

Figura 2.11 - Resistência à compressão em pastas aos 1, 3, 7 e 28 dias para diferentes teores de NS
(SINGH; ALI; SHERMA, 2016).

Como resultado, temos que a 1 e 3 dias de hidratação a resistência se apresenta


significativamente maior para todos os teores de substituição, sendo que a 7 e 28 dias a adição
de 5% apresenta uma leve queda nos valores de resistência. Em suas conclusões, os autores
comentaram que as amostras com teor de substituição acima de 5% não apresentam valores
significativos que possibilitem a atuação de C3S e sua influência sob a atividade pozolânica é
barrada.

Nos trabalhos encontrados na literatura, poucos são os que avaliam o desempenho da


resistência mecânica para com formulações contendo NS em idades muito avançadas. Shih et
al. (2006) observou um aumento significativo ainda a 56 dias, enquanto que Hou et al. (2013)
observou um comportamento de resistência mecânica a 84 dias semelhante ao de referência.
Justificando esse comportamento, mesmo em 2,25% de substituição, devido a formação de
camadas de hidratos que bloqueiam os grãos de cimento anidro e dificultam o processo de
hidratação.

25
O trabalho de Sharma et al. (2019) avaliou o efeito do tamanho da partícula de sílica na
microestrutura e formação de C-S-H nas idades iniciais de hidratação em cimento Portland.
Foram separados dois tipos de sílica comercial, uma com granulometria entre 100-300 nm
(Micro-sílica) e outra entre 8-15 nm (Nano-sílica). Uma das técnicas utilizadas foi o RMN 29Si
e seus espectros são mostrados conforme a Figura 2.12.

Figura 2.12 - a) Espectro de RMN 29Si para amostras com 24h de hidratação; b) Representação da
quantidade de C-S-H e valor não reagido em pastas com 24h de hidratação (SHARMA et al., 2019).

29
A Figura 2.12 mostra os espectros obtidos pela técnica de RMN Si para 24 horas de
hidratação. O valor medido em torno de -110ppm é relativo à parte da NS não hidratada, sendo
a parte da NS que não sofreu reação. Este fenómeno é mais observado na amostra contendo a
microsílica. O pico em -84 ppm mostra a intensidade de Q2, mais relevante na sílica em
nanoescala do que na microsílica, demonstrando uma maior formação de C-S-H nesta
granulometria.

Um estudo contendo NS e sílica ativa em pastas foi elaborado por Alonso-Domíngues et al.
(2017). A técnica de análise termogravimétrica permitiu uma estimativa das proporções de C-
S-H primário e secundário, sendo estes, receptivamente, referentes aos seus valores
decorrentes da hidratação do C3S e do C2S e atuantes na reação pozolânica. As curvas de
Termogravimetria (TG) e Termogravimetria Derivada (DTG), bem como as percentagens
calculadas, podem ser vistas conforme a Figura 2.13.

26
A)

B)

Figura 2.13 - a) Curvas de TG/DTG para as amostras aos 7 e 28 dias; b) Porcentagem de C-S-H
primário e secundário aos 7 e 28 dias (ALONSO-DOMÍNGUES et al., 2017).

Através da perda de massa entre 105-400oC, atribuídas a desidratação dos géis de C-S-H, os
autores observaram uma tendência das amostras com NS em apresentarem maiores proporções
de géis de C-S-H secundário. Tal evento indica uma maior atividade pozolânica nas amostras
com NS quando comparado com as amostras contendo sílica ativa. Por fim, observa-se que, a
28 dias, a porcentagem de C-S- H secundário para a pasta com 10% de sílica ativa (10SA) é
menor do que a encontrada na pasta com 10% de NS (10NS).

27
2.5 MISTURAS TERNÁRIAS DE CIMENTO CONTENDO FC E NS

Misturas ternárias são traços de cimento contendo cimento Portland e, neste caso, são
referentes a dois tipos de MCS adicionados de forma conjunta. Misturas ternárias,
especialmente as contendo FC e NS, objetivam conciliar o efeito sinérgico promovido pela
adição de NS e a diminuição da emissão de CO2 pela incorporação do FC. Seguindo esta
premissa, alguns trabalhos são encontrados objetivando o uso de NS (DA SILVA ANDRADE
et al., 2019; JOSHAGHANI; MOEINI, 2017) em misturas ternárias, bem como o uso do FC
(MEDJIGBODO et al., 2018; WANG et al., 2018). Porém, uma varredura na base de dados do
“Web of Science”, “Science Direct” e “Google Scholar” (em junho de 2020) demonstrou a
existência de poucos artigos envolvendo mistura ternária contendo NS com FC ou FS.

Entre esses, temos o trabalho de LI et al., (2015), onde os autores chegaram a investigar
misturas ternárias contendo nanosilica e nanocalcário (NC) com 0.5, 1.0 e 1.5% de
substituição de NS e 1.2, 2.0 e 3.0% de substituição de NC. O autor estima o efeito sinérgico
de mistura sob os resultados de resistência à compressão para amostras com 28 dias de cura.
Os resultados são demonstrados conforme Figura 2.14 e Figura 2.15.

A) B)

Figura 2.14 - Efeito sinérgico de misturas contendo NS e NC nos valores de resistência à compressão
em: a) cura padrão; b) cura combinada. (LI et al., 2015).

28
Figura 2.15 - Resultado de resistência à compressão para misturas contendo cimento Portland, 1%Ns,
3% NC e 1% NS + 5% NC, em: a) curva padrão; b) curva padrão com aquecimento. (LI et al., 2015).

Pela Figura 2.13 - a) Curvas de TG/DTG para as amostras aos 7 e 28 dias; b) Porcentagem de
C-S-H primário e secundário aos 7 e 28 dias (ALONSO-DOMÍNGUES et al., 2017). e Figura
2.14 e, observa-se que a incorporação de 0.5-1.5%NS e 1.0-3.0%NC permite aumento nos
valores de resistência à compressão. O trabalho explica que, quando aplicado um teor acima
de 3%, o NC perde sua eficiência, sugerindo que existe um teor máximo de incorporação
capaz de favorecer o desempenho mecânico. Os autores também destacaram que amostras
contendo NC e NS apresentam resultados eficientes com 1% de incorporação de NS. Ou seja,
o estudo sugere que existe um teor máximo de incorporação de NC e de NS, mesmo quando
em misturas ternárias.

2.6 TÉCNICAS DE ANÁLISE MICROESTRUTURAL

Neste item são apresentadas descrições de algumas técnicas utilizadas para análise
microestrutural das pastas de cimento.

2.6.1 Difratometria de raios-X

A difração de raios-X vem sendo usada na indústria brasileira de cimento para análise
qualitativa e quantitativa dos compostos do clínquer (WALENTA; FÜLLMANN, 2004) e
quantificação de fases (HOSHINO; YAMADA; HIRAO, 2006) do cimento. A técnica também
permite determinar a composição mineralógica dos sólidos cristalinos presentes em um
material.

29
Na Universidade de Brasília (UnB) a difração de Raios-X foi utilizada por Andrade (2017),
onde o autor estudou a influência da incorporação de MCS na formação de hidróxido de cálcio
por meio da identificação do tamanho dos picos ao longo das idades de hidratação. A Figura 4
mostra a intensidade do pico do Ca(OH)2 em pastas contendo 3% de NS.

Andrade (2017) destaca que foi possível constatar um aumento significativo da intensidade do
pico do Ca(OH)2 entre as idades de 3 a 7 dias. O autor ressalta que a partir dos 7 dias não foi
detectada diferença significativa entre os picos do hidróxido de cálcio.

Figura 2.16 – Detalhe do pico de hidróxido de cálcio no DRX em amostras contendo 3% de NS.
(ANDRADE, 2017).

Ou, Ma e Jian (2011) utilizaram a técnica de análise DRX para determinar os produtos de
hidratação de pastas com 1h, 4h, 6h, 8h, 10h, 12h, 1d, 3d, 28d de hidratação. Sendo o
resultado conforme a Figura 2.17.

30
Figura 2.17 - Resultado de DRX para pastas de cimento com 1h, 4h, 6h, 8h, 10h, 12h, 1d, 3d, 28d de
hidratação. (OU; MA; JIAN, 2011).

Pelo resultado de DRX, os autores encontraram a presença de etringita e CH nas amostras,


bem como as alterações de gesso nas idades iniciais. Além disso, os autores destacaram que
fases com baixo grau de cristalinidade, tais como C-S-H e monosulfato, não foram detectadas
pelo método.

Por fim, podemos destacar que a técnica, em conjunto com outros métodos, pode ser utilizada
para verificar a mudança de fase em pastas, principalmente quando esta mudança é decorrente
de fatores químicos (BOGAS et al., 2020; SOJA et al,. 2020). A técnica foi aplicada nesta
pesquisa para identificação das fases cristalinas das pastas de cimento, de forma a analisar
qualitativamente a hidratação das pastas.

31
2.6.2 Termogravimetria (TG/DTG)

Termogravimetria é um tipo de análise térmica que estuda a variação da massa da amostra, em


atmosfera controlada, em decorrência de mudança de temperatura e do tempo. As principais
curvas termogravimétricas fornecem informações sobre fatores relacionados a evaporação da
água, reações de decomposição e quantificação de perda de massa. A curva de DTG permite
encontrar com precisão o intervalo de temperatura para a qual um evento térmico ocorreu,
enquanto a curva TG permite quantificar a perda de massa naquele intervalo.

Determinados fatores podem causar mudanças significativas na curva termogravimétrica.


Fatores como a diferença de temperatura entre a amostra e o equipamento, erros relacionados
ao sensor termopar, desempenho do forno para a temperatura escolhida, erros na construção do
forno, dentre outros.

Quanto aos materiais cimentícios, a termogravimetria é comumente utilizada para avaliar as


fases formadas durante as etapas de hidratação do cimento Portland. A técnica permite avaliar
a desidratação do CH (MONTEAGUDO et al., 2014), que ocorre em uma temperatura
próxima de 400°C e com intensidade elevada de perda de massa. Desse modo, é possível
determinar o intervalo de temperatura em que este evento ocorreu para cada curva TG.

A perda de massa na região Ca(OH2) se dá pela decomposição da molécula em CaO e H2O. A


água é volatilizada, causando a perda de massa. Como a massa molar de todos os componentes
é conhecida, é possível utilizar essa perda de massa para calcular o teor de CH na amostra.
Cada mol de Ca(OH2) tem 74g e libera 1 mol de H2O (18g). Sendo assim, o teor de CH pode
ser calculado pela Eq. (2.1).

74
%&'( *& !+ = ×2&'( *& á45" 6'7"289"*" (2.1)
18

Assim como a perda de massa do CH, a perda de massa do C-S-H pode ser calculada a partir
da curva TG e foi identificada por Goño et al. (2010). Segundo os autores, a reação de
desidroxilação do gel de C-S-H ocorre entre 350oC e 450oC. Para o cálculo da quantidade de
C-S-H os autores utilizam a perda de massa do CH na faixa de temperatura indicada e o valor
da massa total e associam esses valores com cálculos estequiométricos das reações de C3S e
C2S.

32
Diferentemente da estequiometria do CH, a estequiometria do C-S-H envolve fatores externos
que dificultam a sua quantificação e necessita do cálculo prévio de CaO/SiO2 com o auxilio de
outras análises (CHANG; FANG, 2015). Por outro lado, a estimativa do teor de C-S-H pode
ser realizada utilizando, unicamente, a perda de massa na região de desidroxilação do C-S-H
(FORDHAM; SMALLEY, 1985; TABET; CERATO; JENTOFT, 2011) e o resultado final
garante uma estimativa do teor de C-S-H do material estudado.

2.6.3 Espectroscopia no Infravermelho

A espectroscopia no infravermelho é uma técnica capaz de identificar diferentes tipos de


ligações químicas, permitindo identificar compostos. A técnica funciona com a medição das
transições entre níveis de energia vibracional das moléculas causadas pela absorção de
radiação na região do infravermelho, com comprimentos de onda entre 400 e 4000cm-1
(LARKIN, 2004).

Como esses níveis de variação de energia são únicos para cada molécula, o espectro na região
do infravermelho fornece uma “digital” da molécula. As frequências dessas vibrações
dependem da massa dos átomos, seu arranjo geométrico e a força de suas ligações químicas.
Em função disso, o espectro fornece informações sobre a estrutura molecular, dinâmica
molecular e estruturação das cadeias e arredores da molécula (LARKIN, 2004).

No estudo de materiais cimentícios, a espectroscopia no infravermelho é utilizada para


identificar algumas ligações químicas de interesse. Destacam-se a ligação O-H encontrada em
3640 cm-1, identificando o CH, e as ligações Si-O-Si, Si-O-Al, encontradas no intervalo 1300-
850 cm-1, identificando o C-(A)-S-H. O pico desse intervalo é encontrado em 975 cm-1, mas
pode variar dependendo da quantidade de ligações Si-O-Al na amostra (KAPELUSZNA et al.,
2017).

O objetivo primário da técnica é a identificação de compostos, porém, é possível fazer uma


avaliação semiquantitativa dos espectros, comparando as curvas das amostras, desde que seja
aplicada a mesma condição de operação para todas as amostras.

2.6.4 Ressonância Magnética Nuclear (RMN 29Si)

A técnica de RMN 29Si permite identificar os deslocamentos químicos sofridos pelo 29Si. Ela
permite detectar quais sítios estruturais estão presentes nas amostras medidas. Em outras

33
palavras, a técnica permite caracterizar a formação de C-S-H, disposição dos grupos silicatos
na estrutura e posicionamento do SiO4 dentro do arranjo molecular.

Quanto à disposição dos grupos, a posição Q0 indica um tetraedro isolado, Q1 indica um


tetraedro ligado a apenas um tetraedro (na extremidade de cadeia), Q2 indica um tetraedro
ligado a outros dois (no meio de cadeia) e Q3 e Q4 indicam uma ligação com três e quatro
outros tetraedros, respectivamente. Deste modo, a técnica pode ser utilizada determinar o
tamanho médio de cadeia (MCL) do C-S-H.

Caso a amostra apresente apenas os grupos Q0, Q1 e Q2, o MCL para o C-S-H pode ser
calculado pela Eq. (2.2) (RICHARDSON, 1999).

2
:!; = (2.2)
=1
=1 + =2

O posicionamento dos picos no espectro de RMN é dado pelo descolamento químico (ppm), e
seu valor deve seguir algo semelhante ao encontrado na Figura 2.18. Porém, ao utilizar a
incorporação de SCM na composição, podemos identificar descolamentos químicos dos
hidratos, principalmente quando na presença de alto teor de alumínio.

Figura 2.18 - Espectros de RMN 29Si para uma pasta de cimento branco com 5% de MK a 1 dia de
hidratação. (RICHARDSON, 2014).

34
3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Neste item são explanados os materiais, procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa e


uma descrição da metodologia utilizada para cada ensaio realizado, buscando identificar as
variáveis pertinentes. O programa experimental pode ser resumido pelo fluxograma mostrado
na Figura 3.1 e suas etapas são utilizadas como ferramenta para atender aos objetivos dessa
pesquisa.

Figura 3.1 - Fluxograma do programa experimental.

35
3.1 MATERIAIS UTILIZADOS

Para a realização da pesquisa, foram utilizados os seguintes materiais:

• Cimento CP V – ARI (CPV), classificado pela ABNT NBR 16697:2018, da marca

Cauê, produzido pelo grupo Inter Cement;

• Nanossílica coloidal, em suspensão com 30% de SiO2, produzida pela AkzoNobel;

• Água da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal – CAESB;

• Fíler silícico, produzido pela moagem da Areia Normal Brasileira do Instituto de

Pesquisas Tecnológicas – IPT (FS);

• Aditivo superplastificante Visconcrete 6900, com 46% de teor de sólidos, produzido

pela Sika (SP);

• Fíler calcário GFI-040 Calcário calcítico, produzido pela empresa GoiásFiller (FC).

3.1.1 Cimento Portland (CPV-ARI)

Optou-se pela utilização do cimento CP V –ARI, por este ser um cimento que apresenta alta
resistência já nos primeiros dias de hidratação e pela não incorporação de material pozolânico,
conforme indicado na NBR 16697 (ABNT, 2018). O CP V utilizado foi obtido de forma
comercial em loja do Distrito Federal e foi armazenado no Laboratório de ensaios de materiais
da UnB (LEM-UnB) conforme prescritivas da norma NBR 5741 (ABNT, 1993). A NBR
16697 (ABNT, 2018) estabelece que o CP V –ARI pode apresentar até 10% de substituição de
cimento por material carbonático.

3.1.2 Nanossílica (NS)

A nanossílica utilizada neste trabalho apresenta forma coloidal em suspensão de 30% de


concentração de nano partículas de SiO2. Conforme ficha técnica AKZONOBEL (2018)
(Levasil CB45 A), as nano partículas de sílica coloidal apresentam áreas superficiais da ordem
de 500 - 900 m2/g e composição de 99,9% de pureza.

36
3.1.3 Fíler silícico (FS)

O fíler silícico foi obtido pela moagem da areia normal, o tempo adequado de moagem foi
aquele cujo qual, ao resultado final, exibisse uma granulometria semelhante à encontrada no
fíler calcário. Para isso, após a obtenção da areia de granulometria fina (#100), o material foi
levado ao equipamento de abrasão Los Angeles onde foi “triturado” e assim, passado em
peneira de malha 0,075mm (nº. 200).

Ainda assim, na busca por um processo mais eficiente de trituração, alguns testes foram
realizados. Variou-se então, o tempo de rotações do equipamento e o número de esferas
introduzidas no tambor, mantendo-se a massa fixa em 500g. Ao final dos testes, optou-se por
utilizar 4 horas de rotação, com o tambor contendo 15 esferas.

A areia utilizada nas bateladas foi obtida diretamente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas –
IPT, com fração granulométrica fixa em #100 e segue o padrão especificado na ABNT NBR
7215 (2019), bem como sua composição química.

3.1.4 Fíler calcário (FC)

O fíler calcário foi doado pela empresa GoiasFiller, localizada no estado do Goiás. Optou-se
por utilizar um material de origem comercial, visando investigar o seu comportamento em
pastas com teores altos de FC, segundo parâmetros definidos na norma NBR 16697 (ABNT,
2018). Desta forma, foi possível analisar as características do fíler comercial regional e
simular aplicações práticas.

3.1.5 Aditivo superplastificantes (SP)

O aditivo superplastificante utilizado na realização das misturas em pasta e em argamassa foi o


Sika ViscoCrete 6900, utilizado em concretos com alta resistência inicial. Segundo dados do
fabricante, o aditivo tem como produto base o policarboxilato e atende aos requisitos da norma
NBR 11768 (ABNT, 2011) nos tipos SP-I N e SP-II N.

37
3.2 METODOLOGIA EXPERIMENTAL
3.2.1 Fase 1: Caracterização dos materiais

A etapa inicial tem como objetivo a caracterização dos materiais que serão utilizados nas
etapas seguintes. Os resultados obtidos por ela serviram de fundamento para o entendimento
da mudança microestrutural das pastas. A seguir, apresentam-se os ensaios utilizados na etapa
de caracterização:

• Espectrometria por fluorescência de raios-X (FRX) (Cimento CPV, FC, FS e NS);


• Difração de raios-X (DRX);
• Granulometria por raio laser (Cimento CPV, FC e FS);
• Superfície específica BET (FC e FS);
• Massa específica (Cimento CPV e MCS´s);
• Microscopia eletrônica de varredura (FEG – SEM) (Cimento CPV, FC e FS);
• Tempo de pega (Cimento CPV);
• Determinação do Teor de sólidos (Aditivo Superplastificante e NS);

3.2.1.1 Espectroscopia de Fluorescência de Raios-X (FRX)

A espectroscopia por fluorescência de raios-X foi utilizada na obtenção da composição


química de óxidos predominantes na amostra de Cimento CPV, FC, FS e NS. O ensaio foi
realizado no Laboratório de Caracterização Estrutural dos Materiais (LCEM) da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio do equipamento EDX- 720 Shimadzu,
com alvo de ródio, fonte de raios-X SST-MAX, saída de 4 kW e operação sob 160 mA. A
nanossílica coloidal foi seca ao ar livre por 72 horas, objetivando a análise apenas da sua
fração sólida.

3.2.1.2 Diafração de Raios-X (DRX)

Os difratogramas gerados pelo ensaio de difração foram empregados na identificação dos


minerais presentes nos materiais utilizados neste trabalho. As amostras em pó foram testadas
usando o difratômetro BRUKER D8 Advance com radiação Cu-Kα (λ=1,5406 Å) e analisadas
usando o software PANanalytical Xpert High Score Plus. O ensaio seguiu os seguintes
parâmetros: voltagem de 40 kV, amperagem de 40 mA, sistema mantido em θ/2θ e velocidade
de varredura de 1,2°/minuto, com varredura 2θ de 5°-60°. As amostras de NS em pó foram
preparadas através da secagem do material ao ar livre por 72 horas.

38
3.2.1.3 Granulometria por Raio Laser

A curva de distribuição granulométrica do FC e do FS foi obtida no granulômetro de raios


laser. O ensaio foi realizado no Laboratório de FURNAS em Aparecida de Goiânia, sendo
utilizado o equipamento CILAS – Mod. Microcurve. A análise é capaz de fornecer a
distribuição granulométrica de partículas entre 0,04 µm e 2.500 µm de dimensão. As amostras
em pó foram secas, submetidas ao ultrassom por 60 s. e dispersas em álcool (99,8%).

3.2.1.4 Superfície Específica BET

A superfície específica foi utilizada para avaliar as propriedades físicas de superfície do FS e


FC. O ensaio foi realizado Laboratório de Materiais Cerâmicos da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (LACER/UFRGS), conforme a ASTM C1069 (2014), por meio do
equipamento Nova Station A. As amostras foram analisadas em atmosfera inerte de
nitrogênio, temperatura de 77,350K e cada análise durou em média 33 minutos.

3.2.1.5 Massa Específica

O ensaio de massa específica foi realizado unicamente para caracterização do Cimento CP V.


O Cimento CPV foi seco em estufa a 100oC por 24 horas e o ensaio foi realizado no LEM da
Universidade de Brasília, utilizando os procedimentos regidos pela ABNT NBR NM 23
(2001).

3.2.1.6 Microscopia Eletrônica de Varredura (FEG-SEM)

Os materiais de incorporação, FC, FC e NS tiveram sua morfologia, rugosidade e distribuição


média de grão avaliadas pelo Supra 35-VP FEG-SEM (Carl Zeiss, Germany), operando a 6
kV. O ensaio foi realizado no Laboratório de Caracterização Estrutural dos Materiais do
Departamento de Engenharia de materiais da UFRN. Os materiais em pó foram fixados em
stubs metálicos por meio de uma fita adesiva de carbono e o feixe elétrico foi ajustado até uma
varredura completa.

3.2.1.7 Tempo de Pega

O ensaio de determinação do tempo de início e fim de pega foram realizados para o Cimento
CP V - ARI no LEM/UnB e seguiram as premissas da norma NBR 16607 (ABNT, 2017).

39
3.2.1.8 Determinação do Teor de Sólidos

O teor de sólidos contido no superplastificante e na nanossílica coloidal foram determinados


seguindo a NBR 10908 (ABNT, 2008), no LEM/UnB. Os valores encontrados foram
utilizados para ajustar os traços de mistura nas etapas de preparo das pastas e argamassas.

3.2.2 Fase 2: Preparação das pastas de cimento

A Fase 2 da pesquisa busca identificar possíveis alterações nas pastas contendo Cimento CPV
incorporado com FC, FS e NS, objetivando uma coleta de dados e interpretativa. Para tal,
foram confeccionados 4 corpos de prova para cada idade dos 6 traços utilizados, totalizando
96 corpos de prova. As amostras foram confeccionadas no LEM-UnB e sua disposição segue
conforme a Figura 3.2.

Figura 3.2 - Organograma da Fase 2.

Os valores dos índices de substituição foram preceituados por trabalhos anteriores e


determinados por limitações quanto ao ambiente do laboratório e aos materiais utilizados. O
teor de substituição, em massa, dos FC foi definido com base no alto teor de FC desejado,
tendo em vista que a incorporações em até 9,4% de FC é um teor comumente utilizado no
cimento CPV-ARI. Porém, adicionando 15% de FC no cimento CP V–ARI esperasse um valor
total em torno de 23% de substituição de FC, sendo 9,4% do valor já contido na amostra de
referência e os 15% adicionado em mistura. Sendo assim, fora considerado que um alto teor de
FC é aquele cujo qual apresenta um teor acima de 10%.

40
Seguindo o mesmo princípio, o valor adotado para a NS nas amostras contendo FC e FS busca
manter fixo o valor de substituição total, ou seja, a incorporação da NS reduz a quantidade de
FC ou FS presente, mas não altera os 15% de substituição.

Quanto ao teor de NS, de forma individual, resultados encontrados por Andrade (2017)
demonstram que amostras com 2% de incorporação apresentam um ganho de resistência e não
reduz a trabalhabilidade de forma a exigir alto teor de superplastificante, sendo que o
fabricante determina teor máximo de até 1,8%. Desta forma, foi adotado 2% como sendo o
teor de NS, buscando comparar a influência do teor de NS em cimentos com e sem a presença
de FC e FS. A massa utilizada de NS coloidal foi calculada com base no teor de sólidos para
30%.

3.2.2.1 Determinação da consistência (mini-slump)

As pastas foram preparadas conforme estabelecido pela norma NM 43:2002 (ABNT, 2003),
estando em temperatura controlada e a água utilizada nos ensaios fornecida pela CAESB. As
misturas das pastas seguiram a ordem de:

1. A mistura água/superplastificante/nanossílica foi colocada na cuba;

2. Acrescentou-se a mistura cimento/adição;

3. A pasta foi homogeneizada em misturador com etapas de velocidade e tempo pré-


determinadas pela NM 43:2002 (ABNT, 2003).

A consistência das pastas foi fixada e após diversos testes o quantitativo de material foi
especificado, como mostram os valores na Tabela 3.1. O quantitativo de material sólido foi
calculado previamente e o teor de material líquido/sólido foi ajustado de acordo com a
incorporação dos materiais líquidos (água, superplastificante e nanossílica coloidal).

41
Tabela 3.1 - Quantitativo de material para moldagem dos corpos de prova.

PASTA ABREVIATURA MATERIAL

FC NS SP ÁGUA
CPV (g) FS (g) SP (g)
(g) (g) (%) (g)
1 REF 2097,54 0 0 0 5,35 0,26 837,11
2 2NS 2046,41 0 0 140 25,2 1,23 728,39
3 15FC 1782,97 315 0 0 4,41 0,25 837,62
4 15FS 1782,87 0 315 0 4,62 0,26 837,51
5 13FC 2NS 1774,89 273 0 140 21,97 1,24 730,14
6 13FS 2NS 1774,76 0 273 140 22,26 1,25 729,98

O método de mini-slump desenvolvido por Kantro (1980) foi adotado para determinar e
comparar a consistência das pastas de cimento com aditivo superplastificante, em diferentes
formulações. A técnica compreende em preencher um molde de formato tronco-cônico, com a
mistura da pasta, posicionado sobre uma placa de vidro centralizada em papel milimetrado
graduado. Em seguida, retira-se o excesso de material, o minicone é retirado e a mistura
espalhada de acordo com sua fluidez característica. Por fim, calcula-se a média de dois
diâmetros medidos, obtendo-se, então, o espalhamento equivalente adotado em 94±4 mm. A
Tabela 3.2 ilustra sua execução. Fixou-se também, a relação a/agl em 0,40 e o ensaio de
abatimento foi repetido três vezes para cada teor de superplastificante adotado.

Tabela 3.2- Características do ensaio Mini-Slump.

42
3.2.2.2 Moldagem dos corpos de prova

Após a etapa de determinação da consistência ideal para cada formulação, os corpos de prova
foram moldados em formato cilíndrico de 50x100 mm, mantidos em câmara úmida por 24
horas e sua parte superior vedada com placas de vidro, conforme indicado pela norma NBR
9479 (ABNT, 2006).

A moldagem dos corpos de prova em pasta é simples e consiste apenas no despejo da pasta
diretamente nos moldes. Ao final, os corpos de prova foram desmoldados, submetidos à cura
em meio aquoso saturado de cal e retificados antes do rompimento nas idades de 1, 3, 7 e 28
dias.

3.2.3 Fase 3: Avaliação das pastas

As amostras preparadas, conforme a Fase 2, são agora avaliadas quanto a sua resistência à
compressão e microestrutura. Após o rompimento dos corpos de prova, o estudo em diferentes
idades exige a paralisação da hidratação dos fragmentos das pastas, obtidos via rompimento do
corpo de prova. Os fragmentos foram retirados da parte interna e central dos corpos e a
paralisação da hidratação foi adaptada da metodologia proposta por Scrivener et al. (2016). O
procedimento de paralisação consiste na imersão dos fragmentos em isopropanol, durante 24
horas, e secagem em estufa com temperatura de 40±1oC, durante 24 horas. Por fim, as
amostras foram ensacadas, identificadas e armazenadas em recipientes com sílica gel e cal
sodada.

Por fim, os ensaios adotados na etapa foram:

• Resistência à compressão (1, 3, 7 e 28 dias);


• Difração de raios-X (DRX) (1, 3, 7 e 28 dias);
• Análise térmica (TG/DTG) (28 dias);
• Espectroscopia na região do infravermelho (IFR) (28 dias);
• Ressonância magnética nuclear (RMN 29Si) (28 dias).

Estes resultados foram fundamentais para perceber a influência do FC e do FS sob mudanças


microestruturais em pastas de cimento, ao longo do tempo de cura. O estudo de diferentes
idades exige o processo de paralisação da hidratação para as etapas envolvendo pastas.

43
3.2.3.1 Resistência à Compressão

O valor de resistência à compressão para as amostras com hidratação em 1, 3, 7 e 28 dias foi


obtido através da análise de dados retirada de 4 corpos de prova cilíndricos (Amostra 1, 2, 3 e
4, Figura 3.2) de dimensão 50 x 100 mm. O ensaio, realizado no Laboratório de Ensaio de
Materiais (LEM/UnB), teve como base a norma NBR 7215 (ABNT, 2019), sendo necessária a
retificação dos corpos de prova em máquina de corte, antes da etapa de rompimento.

3.2.3.2 Difração de Raios-X

Os difratogramas gerados pelo ensaio de difração foram empregados na identificação dos


minerais e formação de CH presentes nas pastas de cimento antes e após as idades de
hidratação (1, 3, 7 e 28 dias). As amostras em pó, que passaram pelo mesmo procedimento
descrito na Fase 2, foram testadas usando o difratômetro BRUKER D8 Advance com radiação
Cu-Kα (λ=1,5406 Å) e analisadas usando o software PANanalytical Xpert High Score Plus.
Foram considerados os seguintes parâmetros: voltagem de 40 kV, amperagem de 40 mA,
sistema mantido em θ/2θ e velocidade de varredura de 1,2°/minuto, com varredura 2θ de 5°-
60°.

3.2.3.3 Análise Térmica (TG/DTG)

A análise térmica foi utilizada com o objetivo de avaliar o teor de CH presente nas pastas aos
28 dias de hidratação. As medidas de TG/DTG foram realizadas no Laboratório de Análises
Instrumental da UnB-Gama, utilizando-se os seguintes parâmetros: faixa de temperatura de 30
a 1200oC, rampa de aquecimento em 10oC/min, cadinho de alumina, atmosfera de gás
nitrogénio (N2) e fluxo de 100mL/min. Fragmentos da amostra foram moídos em almofariz,
sendo a dimensão das partículas padronizadas por uma peneira de 188 µm até que
aproximadamente 50 mg fosse obtida para cada análise.

3.2.3.4 Espectroscopia no Infravermelho (IF)

A espectroscopia por infravermelho foi utilizada para analisar, de forma semi-quantitativa, os


teores de C-S-H e de CH presentes nas pastas hidratadas por 28 dias. As amostras foram
moídas seguindo o mesmo procedimento descrito no preparo das amostras de DRX e
misturadas com KBr puro na proporção de 1:100, formando pastilhas de 13mm de diâmetro,
prensadas com prensa manual. Os materiais foram analisados a uma faixa de comprimentos de
onda entre 4000 cm-1 e 400 cm-1. O equipamento utilizado foi o PerkinElmer FT-IR

44
Spectrometer, Frontier e os dados gerados pelo software WinFIRST-FTIR. Foram realizadas
três determinações para cada amostra e o resultado adotado foi a média entre eles.

3.2.3.5 Ressonância Magnética Nuclear (RMNS 29Si)

A ressonância magnética nuclear foi utilizada como método de obtenção do posicionamento


de tetraedros de SiO4 nas cadeias de C-S-H e os quantitativos de Q0, Q1, Q2 e Q3, a 28 dias
de hidratação. A análise foi realizada no departamento de Química da Universidade de Brasília
em estado sólido 29Si, utilizando como equipamento Magneto Ascend 600 Console Avance III
HD, da marca Bruker. As amostras, em pó, foram operadas em campo magnético de 14T, com
sonda de 4,0mm CP MAS H/X. Dentre os parâmetros escolhidos, temos: frequência de 10kHz,
4,25µs de duração de pulso, intervalo de pulso de 10s, 1024 pontos utilizados na obtenção de
cada espectro e padrão interno baseado no tetrametilsilano (TMS).

Os dados obtidos foram analisados através da utilização de três softwares


(ACD/SpecManager, OPUS e OMINIC). O software ACD/SpecManager foi utilizado
trancrever o arquivo de “.fid”, para o formato “.spc”. Em seguida, o arquivo foi então aberto
no software OPUS, com região de interesse da análise entre 60 e 100ppm e ajuste da linha de
base do espectro. Por fim, o software OMNIC foi utilizado para deconvolução em função
Gaussiana/Lorentziana.

45
4 RESULTADOS E ANÁLISES

Neste item, são destacados os resultados da caracterização dos materiais, do teor de aditivo
superplastificante utilizado para cada mistura, da resistência à compressão da pasta e das
análises microestruturais.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS

As propriedades físicas e químicas dos materiais são apresentadas na Tabela 4.1. A área
superficial específica foi determinada pelo método de B.E.T. para cimento e fíler, e obtida
diretamente com o fabricante para a nanossílica. A massa específica de cimento e fíler foram
obtidas com um penta-picnômetro automatizado, enquanto a da nanossílica foi medida em sua
forma coloidal, dispersa em água. O tamanho médio de partícula foi obtido pelo ensaio de
granulometria a laser para cimento e fílers e fornecidos pelo fabricante para a nanossílica. Por
fim, também são apresentadas as composições químicas dos materiais, obtidas pelo ensaio de
Espectroscopia por fluorescência de raios-X. Nos materiais sólidos, foi realizado o ensaio de
perda ao fogo nas amostras antes do ensaio de fluorescência de raios-X, para evitar alterações
nos dados devido a presença de determinados componentes. No caso da nanossílica, o material
foi também previamente seco ao ar por 72h, para que fosse avaliada, no ensaio, somente a
parte sólida.

46
Tabela 4.1 - Propriedades físicas e químicas de cimento CPV-ARI, fíler calcário (FC), fíler silícico
(FS) e nanossílica (NS).

Propriedades do material CPV-ARI FC FS NS

CaO 55,62 50,74 - 0,02


SiO2 19,73 0,643 79,72 90,61
Fe2O3 3,44 - 8,83 0,11
SrO 2,58 - - -
MgO 4,76 6,61 - 0,10
Al2O3 4,69 - 4,92 -
SO3 2,84 - - -
K2 O 1,08 - 3,96 0,03
Composição
TiO2 0,30 - - 0,03
química (%)
MnO 0,10 - - <0,01
ZnO <0,01 - - -
CuO <0,01 - - -
Cs2O - - 1,42 -
N2 O - - - 2,03
Outros 0,02 0,038 0,95 0,90
Perda ao
5,51 42,0 2,63 6,19
fogo
Massa específica (g/cm³) 3,12 2,72 2,52 1,2(1)
Área Superficial
2,86 3,15 2,73 80(1)
Específica (m²/g)
D10 1,23 1,49 2,05 -
Diâmetro D50 9,52 16,39 20.52 -
(µm) D90 22,99 42,73 72,31 -
Dméd 10,82 24,97 22,02 0,022(1)

Nota:
(1) - Valor informado pelo fabricante.

A composição química, revelada pelo ensaio de FRX, demonstra que o cimento CPV-ARI
exibe uma concentração de CaO e SiO2 semelhante às encontradas na literatura (HUANG et
al., 2017; SENSALE; VIACAVA, 2018). Já a composição química encontrada para o FC,
destaca que esse possui um teor de óxido de cálcio (CaO) acima de 50%, conforme o esperado
(PANESAR; ZHANG, 2020). Segundo a classificação feita por Pettijohn et al. (1987), um
fíler é considerado de origem dolomítica quando apresenta valores de MgO entre 2,1% e
10,8%. Por fim, a composição química da NS e do FS revela que tais materiais são compostos
principalmente por SiO2.

47
Sobre os resultados de caracterização física, o ensaio de perda ao fogo aplicado apresenta
valores de 5,51% para o CPV-ARI, 6,19% para a NS e 42% para o FC. O valor encontrado
para a NS pode ser justificado por resquícios de água decorrentes do processo de secagem ao
ar, enquanto que para os demais, FC e CPV-ARI, o valor é principalmente decorrente da
presença de carbonato de cálcio (CaCO3). Tendo como base o cimento anidro, percebe-se que
o valor de 5,51% indica que o cimento adotado apresenta fíler calcário na sua composição,
sendo o valor de perda ao fogo diretamente proporcional ao teor de calcário (TORRES-
CARRASCO et al., 2017). O ensaio de termogravimetria proporciona maior controle sobre a
obtenção dos resultados e é o mais indicado pra determinar a porcentagem de calcário pré-
existente no cimento anidro. Para tal, a amostra de cimento anidro foi submetida ao ensaio de
TG, e o seu resultado pode ser visto na Figura 4.2. Por meio de cálculos estequiométricos,
envolvendo a descarbonatação da calcita, é possível estimar o teor de fíler calcário presente no
cimento anidro (o cálculo é apresentado no APÊNDICE A). A descarbonatação da calcita é
representada pela maior curva de perda encontrada na DTG e tende a ocorrer numa faixa entre
500 e 900ºC, juntamente onde ocorre a maior porcentagem de perda de massa total.
Considerando a perda de massa total média de 0,47mg e o valor da perda média por
descarbonatação igual a 0,34mg, tem-se que o fíler calcário presente no cimento é responsável
por quase 80% da emissão de CO2 e considerando que o ensaio de TG informa o resultado de
CO2 emitido com a perda de massa do material, concluindo que o cimento CPV-ARI usado no
presente trabalho possui aproximadamente 9,4% de fíler calcário em sua composição.

Figura 4.1 - Curva TG e DTG do cimento anidro CPV sob atmosfera de nitrogênio e taxa de
aquecimento de 10ºC/min.

48
A área específica da NS (80 m²/g) é significativamente superior às áreas do fíler calcário (3,15
m²/g), fíler silícico (2,73 m²/g) e do cimento (3,32 m²/g). Embora o FS apresente um valor
levemente menor, este é semelhante aos demais (FC e cimento) e não difere de forma
significativa. Como a área específica BET é capaz de inferir na disponibilidade de área das
partículas em interação com futuras espécies químicas e possível demanda de água de mistura
(ABRÃO; CARDOSO; JOHN, 2020), espera-se que a NS e o FC, principalmente a NS,
apresentem uma maior demanda de SP e facilitem interações químicas.

As distribuições granulométricas do cimento CPV e dos fílers foram obtidas por


granulometria por raio laser e são apresentadas na Figura 4.2. Nota-se que os materiais exibem
distribuição granulométrica similar, a curva entre eles praticamente indiferente até o
percentual passante acumulado chegar próximo de 20%. Acima dos 20%, observa-se um
aumento na granulometria do fíler calcário, seguido pelo fíler silícico. Esse aumento corrobora
com o valor de D50 e D90 apresentados na Tabela 4.1.

100.00%
90.00%
Percentual passante acumulado (%)

80.00%
70.00%
60.00%
50.00%
40.00%
30.00%
20.00%
10.00%
0.00%
1 10 100
Diâmetro (µm)

CPV-ARI FC FS

Figura 4.2 - Distribuição granulométrica do Cimento (CPV), Fíler calcário (FC) e Fíler Silícico (FS).

4.1.1 Difração de raios-X

O ensaio de Difração de raios-X (DRX) foi realizado para obter a composição mineralógica da
matéria-prima utilizada (CPV, NS, FC e FS). Os difratogramas gerados pela análise são
demonstrados conforme a Figura 4.3.

49
a) b)

c) d)

Figura 4.3 - Difratograma dos materiais utilizados para fabricação das pastas; a) cimento CPV-ARI; b)
NS; c) FC; d) FS.

O difratograma referente ao CPV anidro (Figura 4.3-a) demonstrou a existência das fases
típicas do clínquer de cimento Portland: alita (◄-C3S) e belita (♦-C2S), bem como a presença
de calcita (♦-CaCO3) e gipsita (♣-CaSO4.2H2O). A gipsita é um minério que, assim como a
calcita, é composto por cálcio, sendo a gipsita composta de ~32,5% CaO. Esse material, por
sua vez, é utilizado para regular a pega e é capaz de influenciar diretamente na resistência
mecânica final das pastas (ANGELERI; CARDOSO; SANTOS, 1982; MOREIRA; REGO,
2020). O difratograma gerado para a NS (Figura 4.3-b) apresentou uma curva dispersa.
(ROBERTSON, 1979) e demonstra uma relação direta entre tamanho do cristal e alongamento
da curva, ou seja, nanomateriais apresentam uma curva alongada e de menor intensidade. Para
a NS estudada, a dispersão ocorre entre 15 e 40º no ângulo 2θ e pico amplo em 22º. Tal
comportamento representa a natureza amorfa da sílica e foi encontrado em condições
semelhantes (AMUTHA; RAVIBASKAR; SIVAKUMAR, 2010).

No espectro do FC, foram detectados cristais de dolomita (♠-CaMg(CO3)2), calcita (♦-


CaCO3) e quartzo (■-SiO2). A presença de dolomita também foi encontrada por Liu e Yan.
(2008) nos picos de difração em 2θ = 29, 32, 37 e 43º, caracterizando um fíler calcário de

50
origem dolomítica. Estudos já demonstraram e comprovaram a qualidade do uso do calcário
dolomítico em cimentos Portland (MIKHAILOVA et al., 2013; XU et al., 2019). Ou seja,
tanto a dolomita quanto a calcita podem participar ativamente da reação de hidratação para
formar hemicarbonato e estabilizar a etringita, quando necessário. Sendo que a dolomita,
quando comparada com a calcita, apresenta menor taxa de dissolução. Estas características são
modificadas pelas condições de formação rochosa (FRIEDMAN; HALL, 1963).

Já para o FS, podemos observar a presença de cristais de quartzo 2θ = 21, 26, 35, 39 e 50º (■-
SiO2) e microclina (♥-KAlSi3O8). Ambos, característicos de materiais arenosos, são
decorrentes da areia utilizada no processo de moagem. O Fe2O3, presente na Tabela 4.1, não
foi encontrado pela análise de DRX, indicando que este é uma impureza resultante do processo
de moagem e que só foi detectada na amostra utilizada pelo FRX.

4.1.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV-SEM)

Para ilustrar os materiais utilizados, em especial o tamanho e a morfologia dos cristais,


utilizou-se o ensaio de MEV para o CPV-ARI, a nanossílica, o fíler calcário e o fíler silícico,
conforme mostrado nas imagens da Figura 4.4. Por meio da análise dos dados experimentais,
levantados no ensaio de granulometria por raios laser (D10, D50, D90), podemos comparar a
ordem de grandeza esperada no diâmetro de cada partícula.

51
(a)

(b)

(c) (d)

cps/eV
C-KA
O-KA Mg-K Ca-KA
12

10

8 C

6 CaO Mg Ca

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
keV

(e) (f)

Figura 4.4 - MEV das amostras de (a) CPV; (b) NS; (c) FC; (d) análise química FC; (e) grãos F50 FS;
(f) grãos F10 FS; Os ensaio demonstra a semelhança do tamanho de partícula com o resultado de
granulometria.

Na Figura 4.4-a, aparecem partículas com tamanho superior à 50 µm, este grão apresenta
cantos irregulares (A), envoltos por partículas menores (F) e partículas em torno de 3 µm (B).
Devido a sua característica amorfa, o cimento anidro apresenta pouca formação cristalina
visível, conforme pode ser observado na imagem. Porém, pelos dados da tabela 4.1, podemos
perceber que as partículas apresentam comprimento semelhante com o encontrado em (A), (F)

52
e (B), ou seja, na Figura 4.4-a foram encontradas partículas de comprimento próximo ao D90,
envoltas por partículas aglomeradas com valor semelhante ao D10 e ao D50.

Na Figura 4.4-b, a NS apresenta nanopartículas de formato esférico e tamanho entre 10-20nm.


(RAHIM et al., 2011) realizou a síntese química de nanopartículas de sílica e detectou uma
aglomeração quando estas apresentaram tamanho inferior à 25nm, exemplificando a
aglomeração semelhante a encontrada na imagem.

As observações da amostra de FC em MEV revelaram cristais com tamanhos e formatos


irregulares. A interpretação feita entre as marcações (F1) e (F2) da Figura 4.4-c demonstram
regiões com características diferentes, tendo em vista que o calcário modifica sua densidade de
acordo com o processo geológico (ENGON et al., 2017; RIDHA et al., 2013). Como podemos
ver, o mapeamento por EDS (Figura 4.4-d) demonstra a presença de Mg em sua composição,
assim como o resultado de DRX apresentado na Figura 4.3. Tendo como base o efeito da
densificação e a composição química, é possível estimar que a formação de blocos angulares
de tamanho variado é característica da fase calcita, enquanto que a dolomita apresenta
superfície com menos rugosidade e estrutura mais compacta (ÁVILA, 2017). De modo geral,
podemos encontrar partículas com largura de >40µm envolta por partículas de <10µm,
semelhante ao valor granulométrico de D10 e D90 (Tabela 4.1).

Por fim, a imagens obtidas para o FS, Figura 4.4-e e Figura 4.4-f, apresentam partículas com
ordem de grandeza de diâmetro semelhante aos valores de D10, D50 e D90, encontrado pelo
granulômetro de raios laser. Ou seja, na Figura 4.4-e podemos encontrar partículas com
tamanho médio semelhante ao D50(~20µm) e D90 (~70µm), enquanto que na Figura 4.4-e, de
maior amplitude, as partículas são semelhantes ao D10(~2µm).

4.1.3 Aditivo superplastificante

Os ensaios de caracterização realizados para avaliar o aditivo superplastificante foram o teor


de sólidos e a medida de pH. No ensaio de teor de sólidos, foi encontrado um valor de 46%,
resultando em um teor de água de 54%. Enquanto que a medida de pH apresentou um valor
médio de 5,4. Conforme procedimentos descritos no item 3.2.2.1, os valores encontrados estão
de acordo com o esperado pela norma NBR 11768-3 (ABNT, 2019). O valor do teor de água é
importante e foi utilizado no ajuste do traço das pastas e das argamassas.

53
4.2 ANÁLISE DAS PASTAS DE CIMENTO

As pastas de cimento foram submetidas à análise do teor de superplastificante, resistência à


compressão, difração de raios-X (DRX), análise termogravimétrica (TG), espectros na região
do infravermelho (FT-IR) e ressonância magnética nuclear (RMN 29Si).

4.2.1 Teor de superplastificante das pastas

No estado fresco, o parâmetro avaliado nas pastas foi o mini-abatimento, usado como
indicativo de sua consistência. Tal parâmetro foi previamente fixado em 94±4mm e o teor de
aditivo superplastificante nas pastas foi modificado até obtenção da consistência desejada.
Estudos mostram que, mantendo uma relação a/agl constante, o aumento da área superficial
total dos sólidos leva a diminuição da trabalhabilidade, exigindo um teor de aditivo
superplastificante maior, de forma a compensar o aumento na demanda de água (NAZÁRIO
SANTOS et al., 2017; VARHEN et al., 2016). As amostras com NS apresentaram um
aumento na demanda por superplastificante, sendo superior aos valores de REF. Nas pastas
contendo somente o FC e FS, observou-se uma redução, com relação à referência, na demanda
por aditivo, conforme dados da Tabela 4.2.

Para avaliar a relevância da área superficial neste comportamento, foram calculados os teores
de aditivo superplastificante, tanto em relação à massa de sólidos total, quanto em relação à
massa de cimento e a área superficial total da mistura. A área superficial total (ASt) é
calculada pela Eq. (4.1), onde M é a massa do material e ASE é a área superficial específica.
Os resultados da equação para cada mistura são apresentados na Tabela 4.2.

?@2 = ?@AB8C D :B8C + ?@AEF D :EF + ?@AGB D :GB (4.1)

Tabela 4.2 - Teores de aditivo superplastificante e área superficial total das pastas.
Área superficial total
Pasta SP/Cimento (%) SP/Sólidos (%)
da mistura (m²)
REF 0,255 0,255 5998,964
2NS 1,231 1,153 9212,278
15FC 0,247 0,210 6090,284
15FS 0,259 0,220 5960,533
13FC 2NS 1,362 1,004 9294,5884
13FS 2NS 1,254 1,017 9182,014

54
A partir desses valores, foi traçado um gráfico relacionando o teor de aditivo superplastificante
(%) e a área superficial total da mistura sólida (m2), conforme mostrado na Figura 4.5.
Percebe-se uma relação direta entre as duas variáveis do gráfico, onde os resultados
demonstram uma linha de tendência linear com parâmetro R² de ~0,98 para o FC e NS e R² de
~0,99 para o FS e NS. A linha reta mostra que, mesmo considerando as características físicas
entre os materiais sólidos, a variável predominante sobre demanda por aditivo
superplastificante foi à área superficial total. Comportamento similar foi observado por
Quercia et al. (2014).

(a) (b)

Figura 4.5 - Teor de aditivo superplastificante em função da área superficial total dos sólidos na
mistura, resultados contendo (a) FC e NS e (b) FS e NS.

4.2.2 Resistência à compressão das pastas

Os resultados de resistência à compressão média (RCM) e o desvio padrão das pastas com 1,
3, 7 e 28 dias de hidratação para as misturas são apresentados na Tabela 4.3.

55
Tabela 4.3 - Resultados do ensaio de Resistência à compressão das pastas aos 1, 3, 7 e 28 dias de
hidratação.
RCM Desvio padrão Índice de
Idade Pasta
(MPa) (MPa) desempenho
REF 32,0 0,61 100
2NS 43,6 0,59 136,25
15FC 22,9 0,27 71,56
1 dia
15 FS 23,3 0,98 72,81
13FC 2NS 39,9 0,52 124,68
13FS 2NS 35,8 0,93 111,87
REF 48,5 0,75 100
2NS 79,9 0,66 164,74
15FC 44,4 0,77 91,54
3 dias
15 FS 48,9 1,03 100,82
13FC 2NS 59,4 1,08 122,47
13FS 2NS 55,4 1,06 114,22
REF 77,8 1,10 100
2NS 81,8 1,09 105,14
15FC 56,4 0,80 72,49
7 dias
15 FS 53,6 1,04 68,89
13FC 2NS 60,8 1,02 78,14
13FS 2NS 60,2 1,08 77,37
REF 86,8 1,24 100
2NS 91,2 1,10 105,06
15FC 64,5 1,18 74,30
28 dias
15FS 62,3 1,0 71,77
13FC 2NS 69,7 1,18 80,29
13FS 2NS 66,4 1,06 76,49

56
180

160

140
Índice de desempenho (%)

120 REF

FC
100
2NS
80 13FS 2NS
3 dias
60 FS
1 dia
7 dias 28 dias 13FC 2NS
40

20

0
Idade (dias)

Figura 4.6 – Índice de desempenho das pastas aos 1, 3, 7 e 28 dias.

Pode-se observar que, independentemente da idade de cura, ocorre uma diminuição na


resistência com o incremento do FC quando comparado com a amostra de referência. A
mesma tendência foi encontrada por Demirhan, Turk e Ulugerger (2019), no qual os autores
perceberam uma redução nos valores de resistência à compressão, quando comparados com a
referência, aos 28 dias em 13,9% e 22,37% para uma substituição de 15% e 25% de FC,
respetivamente. A queda no valor de resistência à compressão é justificada pelo efeito de
diluição que reduz a taxa de hidratação do cimento (MOON et al., 2017) e, portanto, afeta a
ocorrência de reações de hidratação. O cimento CPV-ARI, utilizado no experimento, contém
adição prévia de calcário em torno de 10%. Sendo assim, é de se esperar um alto valor na taxa
de hidratação para as amostras de REF e a redução dos valores para amostras com adição de
FC (15FC), tendo em vista que a adição de mais 15% de calcário, somado ao valor pré-
existente no cimento CPV, excede o limite de 15%, encontrado na literatura (WANG, 2017).
A pasta 15FC teve o resultado mais baixo de resistência dentre todas as idades, principalmente
quando comparado com a REF. A redução no valor de resistência é esperada para amostras
com incorporação de FC acima de 10%, pois a incorporação de alto teor acaba reduzindo
drasticamente a quantidade de clínquer disponível no sistema. Quanto aos valores de
resistência, observa-se um maior índice de desempenho a 3 dias de hidratação, sendo este
valor em torno 91,94%. Quando comparado com as amostras contendo adição de FS (15FS), o
FC apresenta resultado semelhante para todas as idades, sugerindo que a adição de 15% de FC

57
e 15% de FS podem sofrer processo de hidratação semelhante, tanto no efeito fíler quanto no
efeito de diluição.

Para amostras contendo a incorporação de NS, podemos destacar que, em todas as idades,
houve um aumento da resistência à compressão. Esse aumento foi mais significativo nas
primeiras idades, uma vez que a nanossílica é responsável por acelerar o processo de
hidratação, devido ao seu efeito de nucleação (BU et al., 2018; KAWASHIMA et al., 2013;
PANESAR; ZHANG, 2020). Para a pasta 2NS, aos 28 dias, ainda é possível observar um
aumento de resistência devido à reação pozolânica (KAWASHIMA et al., 2013), mas, quando
comparado com a pasta de REF, esta diferença é reduzida com o avanço das idades de
hidratação. Ou seja, a 1 e 3 dias, a pasta 2NS apresenta resistência maior que a REF de 36,2%
e 64,7%, respetivamente. Já a 7 e 28 dias de hidratação a diferença é apenas em torno de 5%.

Nas misturas ternárias, a incorporação da NS apresentou comportamento similar, logo, seu


resultado foi mais significativo nas idades iniciais, com relação aos demais. Comparando a
pasta 13FC 2NS com a pasta 15FC, ambas com mesma quantidade de clínquer, o aumento de
resistência foi de 72,24%, 33,78%, 7,80% e 8,06% a 1, 3, 7 e 28 dias de hidratação,
respectivamente. O mesmo ocorre com as pastas 13FS 2NS e 15FS, onde se observa um ganho
de resistência nas idades iniciais. Porém, ao comprar as amostras contendo FC com as
amostras de FS, percebemos que a adição da NS não é capaz de modificar, de forma
significativa, o resultado entre elas.

Nas idades mais tardias, o ganho de resistência promovido pela NS nas misturas ternárias é
maior que nas misturas binárias (aproximadamente de 8% a 5%). No geral, o efeito da adição
de NS foi semelhante nas pastas binárias e ternárias, indicando que não há efeito sinérgico
significativo, mas que o efeito pozolânico proporcionado pela adição da NS ocorre
principalmente nas idades iniciais.

Comparando a resistência à compressão da mistura ternária (13FC 2NS) com a referência, foi
avaliada a eficácia da mistura entre o fíler calcário e a nanossílica. A 1 e 3 dias, a mistura
ternária apresenta ganho de resistência, mostrando que o efeito da nanossílica foi suficiente
para compensar a substituição de parte do clínquer. No entanto, a 7 e 28 dias de hidratação,
quando a hidratação do clínquer atinge o ponto máximo de resistência, a mistura ternária
apresenta uma pequena queda, ficando inferior à pasta de REF em ~20%. Portanto, nota-se

58
que a NS, no geral, não é suficiente para compensar a redução de clínquer nas pastas com alto
teor de incorporação de forma expressiva.

Por fim, a pasta binária contendo unicamente a NS (2NS) demonstrou um aumento de


resistência em relação à REF e, assim como em 13FC 2NS, este comportamento foi mais
notório nas idades iniciais de hidratação. Esse comportamento é esperado com base nos
resultados encontrados na literatura e pode ser demonstrado pela quantidade de clínquer
disponível ser maior que nas amostras 13FC 2NS (HOU et al., 2013; KAWASHIMA et al.,
2013). Nela, percebemos maior rendimento nas idades iniciais (SUPIT; SHAIKH, 2015),
justificado pela aceleração do processo de hidratação com a incorporação da NS, em
decorrência do efeito de nucleação e reação do CH para formação de C-S-H adicional
(KAWASHIMA et al., 2013). Sendo assim, o aumento de resistência nas pastas 2NS é mais
significativo, quando comparado com a REF, a 1 e 3 dias sendo 36,2% e 64,7%,
respetivamente.

4.2.3 Difração de Raios-X (DRX)

A difração de raios-X foi utilizada para identificar os principais componentes e as fases


cristalinas presentes nas pastas a 1, 3, 7 e 28 dias de hidratação. As análises foram
apresentadas de duas formas: (1) desenvolvimento das 6 composições estudadas em cada
idade 1, 3, 7 e 28 dias; (2) desenvolvimento de cada pasta, de forma individual, ao longo das
idades 1, 3, 7 e 28 dias. Ao fim, espera-se obter uma comparação da hidratação entre todas as
pastas para cada idade e uma comparação de cada idade ao longo das pastas.

a) Avaliação das pastas por idade de hidratação

Os difratogramas gerados pelo ensaio para as 6 pastas e as fases encontradas para cada idade
são mostrados na Figura 4.7 e Tabela 4.4, respetivamente.

De modo geral, foram observadas, em maior nitidez, a presença das fases de portlandita
(Ca(OH)2), calcita (CaCO3), quartzo (SiO2), larnita (Ca2SiO4), etringita
(Ca6Al2(SO4)3(OH)12.26H2O) e dolomita (CaMg(CO3)2) em quase todas as amostras. Dentre
os picos estudados, optou-se por priorizar, devido à reação pozolânica, a intensidade dos picos
relacionados ao CH, localizados em 2q = 18o e 34o (TORRES-CARRASCO et al., 2017).

59
Os principais compostos detectados nas amostras das pastas analisadas são apresentados na
Tabela 4.4. As principais características desses compostos são apresentadas na tabela seguinte,
Tabela 4.5.

Figura 4.7 - Difratograma de Raios-X das pastas aos 1, 3, 7 e 28 dias de hidratação.

60
Tabela 4.4 - Composição mineralógica encontrada nas pastas de cimento por idade, obtidas por difração de raios X.
Fórmula molecular de REF 2NS 15FC 15FS 13FC 2NS 13FS 2NS
Mineral
acordo com a DRX 1 3 7 28 1 3 7 28 1 3 7 28 1 3 7 28 1 3 7 28 1 3 7 28
Portlandita Ca(OH)2 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Calcita CaCO3 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Quartzo SiO2 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Larnita Ca2SiO4 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Etringita Ca6Al2(SO4)3(OH)12.26H2O x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Dolomita CaMg(CO3)2 x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Aluminato de cálcio
Ca3Al2O6.xH2O x x x x - x x x x x x x x x x x x x x x - x x x
hidratado
Srebrodolskita Ca2Fe2O5 x x x x x x x - x x x x x - - - x x x x x x x -

Óxido de alumínio Al2O3 - - - - - - - x - - - - x x x x x - x - - - -

Heulandita Ca(Si7Al2)O18.6H2O - - - - - - x - - - - - - - - - - - - - - - - -

61
Tabela 4.5 - Características dos compostos identificados por DRX nas pastas.
Quantidade de 2Theta dos
Nome Carta de Sistema
Composto Composição picos picos de maior Obervações
convencional referência cristalino
caracteristicos incidencia

Composto
Dióxido de 20,856; 26,638;
SiO2 Quartzo 03-065-0466 62 Hexagonal cristalino
silício 50,134.
presente no FS

Carbonato
Carbonato de 29,405; 39,420; presente no
CaCO3 Calcita 98-002-3973 33 Hexagonal
cálcio 47,409; 48,514. clínquer e no
filer calcário
Produto da
Hidróxido de 17,986; 34,027;
Ca(OH)2 Portilândita 98-004-6328 19 Hexagonal hidratação das
cálcio 46,986.
fases silicatos
Produto da
Ca6Al2(SO4)3(
Trisulfoalumin 9,086; 15,770; hidratação das
OH)12.26H2O / Etringita 98-001-1995 192 Hexagonal
ato de cálcio 22,919; 34,992. fases
C6AS.3H32
aluminatos
Fases silicato
Silicato de Ca2SiO4 / Larnita / Belita
00-021-0128 58 30,917; 34,605. Monoclinico presentes no
cálcio 2CaO.SiO2 C2S
clinquer
Carbonato de
30,970; 41,170; Presente no
cálcio e CaMg(CO3)2 Dolomita 98-001-7162 44 Hexagonal
51,220. filer calcário
magnésio

62
a.1) Pastas com 1 dia de hidratação

Os difratogramas das pastas com idade de 1 dia de hidratação são mostrados na Figura 4.8.

Figura 4.8 - Difratogramas das pastas com 1 dia de hidratação.

A etringita é o primeiro produto da hidratação das fases aluminatos, presentes no clínquer de


cimento Portland, e pode persistir indefinidamente ou ser substituída paulatinamente pelo
monosulfato de cálcio (fase Afm). Foi constatada a presença da etringita em todas as pastas
estudadas, como consta na Figura 4.8. A seguir, temos a presença da etringita nas pastas com
1 dia de hidratação, Figura 4.9.

63
Figura 4.9 - Detalhe do pico da etringita para as amostras com 1 dia de hidratação.

O hidróxido de cálcio, juntamente com o C-S-H, são os principais produtos da hidratação do


cimento Portland e é gerado pelas reações das fases silicatos (C2S e C3S) com a água. Foi
constatada a presença de hidróxido de cálcio em todas as pastas estudadas. Também foi
constatado uma leve tendência à diminuição da intensidade dos picos do Ca(OH)2 nas pastas
com nanossílica coloidal em relação às pastas sem nanossílica, como pode ser constatado pelo
detalhe da Figura 4.10.

64
Figura 4.10 - Detalhe do pico da portlandita (Ca(OH)2) nas pastas com 1 dia de hidratação.

O quartzo, sílica cristalina, pode ser encontrado em todas as amostras, sendo de maior
intensidade nas amostras com a incorporação de FS. Na Figura 4.11, pode ser observado o
pico característico do quartzo nas pastas com substituição de cimento Portland por FS.

65
Figura 4.11 - Detalhe do pico de quartzo nas pastas com 1 dia de hidratação.

A calcita e a dolomita, fases características da presença do carbonato de cálcio, foram


encontrados em materiais com incorporação do FC. Na Figura 4.12, pode ser observado o
pico característico da calcita nas amostras com adição de CPV e FC. Já a dolomita, é
encontrada nas amostras contendo unicamente a adição do FC, sugerindo que o teor de cálcio
contido no cimento CPV, calculado no item 4.1 deste material, é de origem calcítica.

66
Figura 4.12 - Detalhe do pico da calcita (CaCO3) e dolomita (CaMg(CO3)2) nas pastas com 1 dia de
hidratação.

a.2) Pastas com 3 dias de hidratação

Foi constatada a presença de hidróxido de cálcio em todas as pastas com 3 dias de hidratação.
Também foi encontrada um disposição a diminuição da intensidade dos picos de Ca(OH)2 nas
pastas com substituição de FC e FS, com e sem NS, e uma tendência a diminuição da
intensidade dos picos de Ca(OH)2 nas pastas com NS, em relação às pastas sem NS. Como
pode ser observado no detalhe da Figura 4.13.

67
Figura 4.13 - Detalhe do pico da portlandita (Ca(OH)2) nas pastas com 3 dias de hidratação
a.3) Pastas com 7 dias de hidratação.

Foi constatada a presença de hidróxido de cálcio em todas as pastas com 7 dias de hidratação.
Também foi constatada a tendência a diminuição da intensidade dos picos do Ca(OH)2 nas
pastas com substituição do cimento CPV por FC e FS, com e sem NS, e uma disposição de
diminuição da intensidade dos picos de Ca(OH)2 nas pastas com NS, em relação às pastas sem
NS. Como pode ser observado no detalhe da Figura 4.14.

68
Figura 4.14 - Detalhe do pico da portlandita (Ca(OH)2) nas pastas com 7 dias de hidratação.

a.4) Pastas com 28 dias de hidratação

Foi constatada a presença de hidróxido de cálcio em todas as pastas com 28 dias de


hidratação. Também foi constatada a disposição a diminuição da intensidade dos picos do
Ca(OH)2 nas pastas com substituição do cimento CPV pelo FC e FS, com e sem NS, e uma
tendência a diminuição da intensidade dos picos de Ca(OH)2 nas pastas com NS, em relação
às pastas sem NS. Como pode ser observado no detalhe da Figura 4.15.

69
Figura 4.15 - Detalhe do pico da portlandita (Ca(OH)2) nas pastas com 28 dias de hidratação

Qing et al. (2012) estudaram a influência da adição da nanossílica nas propriedades de pastas
de cimento através da difração de raios-X e observaram que os picos de difração do Ca(OH)2
na amostra de referência apresentam-se muito intensos em relação às amostras com adição de
3% de NS nas idades de 1, 7 e 28 dias. Os resultados ainda mostram que a adição de NS em
3% pode diminuir a concentração do CH de maneira mais eficaz do que a adição de outros
MCS, como a sílica ativa (QING et al., 2007). Zhao et al. (2017), ao investigarem a
microestrutura de pastas de cimento com NS também perceberam uma diminuição do pico
correspondente ao hidróxido de cálcio, em relação à referência. Esses dados, em conjunto
com a análise termogravimétrica, reforçam os resultados obtidos pelos autores, mostrando que
a pasta de cimento com NS possui elevada capacidade de promover a reação pozolânica
(ZHAO et al., 2017).

70
b) Análise da evolução da hidratação para cada pasta

Os difratogramas das pastas nas idades de 1, 3, 7 e 28 dias são mostrados na Figura 4.16.

Figura 4.16 - Difratograma de Raios-X das pastas REF, 2NS, 15FC, 15FS, 13FC 2NS e 13FS 2NS a 1,
3, 7 e 28 dias de hidratação.

b.1) Pastas de referência (100% CPV)

No resultado de difração de raios-X espera-se um aumento da intensidade do pico de Ca(OH)2


com o tempo de hidratação, decorrente da evolução do processo de maturação. Porém, ao

71
verificar de forma pontual, o resultado não demonstra dados significativos, sugerindo a
necessidade de análise complementar. Na Figura 4.17, os picos referentes às fases silicatos
(alita e belita) presentes no clínquer do cimento Portland não hidratado não apresentam
modificação significante de intensidade ao longo das idades.

Figura 4.17 - Detalhe dos picos das fases silicatos das amostras de REF.

b.2) Pastas com 2% de nanossílica coloidal

Pela DRX não foi possível constatar um aumento significativo da intensidade do pico do
Ca(OH)2 entre as idades, como mostra a Figura 4.18. As intensidades dos picos referentes às
fases silicatos presentes no clínquer não hidratado demonstram uma redução com o
crescimento da idade de hidratação.

72
Figura 4.18 - Detalhe do pico do hidróxido de cálcio para as amostras com incorporação de 2NS

b.3) Pastas com 15% de fíler calcário

Pela DRX não foi constatada uma diferença significativa na intensidade dos picos de Ca(OH)2
e CaCO3 entre as idades de 1, 3, 7 e 28 dias (Figura 4.19). Comparando com o resultado de
resistência à compressão percebemos que o pico de Ca(OH)2 de hidratação não é capaz de o
crescimento de 93,88% no valor de resistência observado entre 1 e 3 dias. Porém, o resultado
de DRX indica que o FC apresenta caráter inerte na hidratação do cimento CPV,
corroborando com alguns resultados da literatura para alto teor de incorporação de FC.
Quanto ao pico de CaCO3, observamos que ele se mantém praticamente constante nas fases
iniciais e permanece igual a 7 e 28 dias, sugerindo que o ganho de resistência é
predominantemente influenciado pela presença do cimento CPV-ARI.

73
Figura 4.19 - Detalhe dos picos. para as amostras com incorporação de 15FC para a) hidróxido de
cálcio e b) CaCO3.

b.4) Pastas com 13% de fíler calcário e 2% de nanossílica

Pela DRX foi constatada uma redução da intensidade do pico do Ca(OH)2 já aos 3 dias de
hidratação, como mostra na Figura 4.20, comportamento resultante do efeito da reação
pozolânica. A partir dos 3 dias percebe-se que o pico do Ca(OH)2 não sofre grandes
alterações, indicando que a NS foi responsável por atuar nas fases iniciais do processo de
hidratação, quando comparado com as amostras contendo unicamente a incorporação de FC.

74
Figura 4.20 - Detalhe do pico do hidróxido de cálcio para as amostras com incorporação de 13FC
2NS.

b.5) Pastas com 15% de fíler silícico

Pela DRX não foi constatada uma redução significativa da intensidade do pico do Ca(OH)2
nas idades de hidratação, como mostra na Figura 4.21. Os picos de SiO2 se mantiveram
estáveis durante todo o período de estudo. Estes dados corroboram com a característica inerte
do FS e demonstram semelhança com o resultado encontrado nas amostras 15FC.

75
Figura 4.21 - Detalhe do pico do hidróxido de cálcio para as amostras com incorporação de 15FS.

b.6) Pastas com 13% de fíler silícico e 2% de nanossílica

Pela DRX foi constatada uma pequena redução da intensidade do pico do Ca(OH)2 aos 3 dias
de hidratação, como mostra na Figura 4.22. A partir dos 3 dias percebe-se que o pico do
Ca(OH)2 não sofre grandes alterações, indicando que a NS foi responsável por atuar nas fases
iniciais do processo de hidratação, quando comparado com as amostras contendo unicamente
a incorporação de FS.

76
Figura 4.22 - Detalhe do pico do hidróxido de cálcio para as amostras com incorporação de 13FS 2NS.

As matérias-primas utilizadas no trabalho apresentam composição química conforme a Tabela


4.1 e composição mineralógica conforme Figura 4.3. De forma adicional, foi apresentada a
composição do cimento Portland CPV-ARI que, pelo método de TG, identificou cerca de
10% de incorporação de calcário. Estes materiais, mesmo sem a presença de reação química
eminente, podem influenciar diretamente no resultado de DRX (XU et al., 2010).

Independente desses parâmetros, uma série de reações, oriundas da hidratação, podem


promover o ganho de resistência ou modificar diversas propriedades do material. Desta forma,
a incorporação de alto teor de FC e FS ressalta a presença do efeito fíler, e também destaca
que, a reação química existente é predominantemente decorrente da presença de clínquer (XU
et al., 2017).

Comparando os picos de portlandita, Figura 4.7, observou-se que a pasta REF apresenta picos
com altura semelhante em 1 e 3 dias, aumentando aos 7 dias e estabilizando aos 28 dias. Esse
comportamento indica que a hidratação do cimento ocorre de forma rápida, conforme
esperado, já que o CPV-ARI é um cimento de alta resistência inicial (ABNT, 2018). A pasta

77
2NS apresentou picos de CH com menor intensidade nas idades precoces, como resultado da
reação pozolânica, que é parcialmente responsável pelo ganho de resistência encontrado no
ensaio de compressão (Tabela 3.1). Este comportamento também ocorreu ao comparar as
pastas 15FC/15FS e 13FC 2NS/15FS 2NS, com a incorporação da NS sendo responsável por
reduzir a altura dos picos de CH.

O pico da calcita se apresentou estável durante as etapas de hidratação, sendo mais relevante
no estudo das pastas com fíler calcário. Essa estabilidade mostra que, independentemente da
presença de NS, o FC permanece praticamente inerte. Nessas pastas, a dolomita também foi
detectada, como esperado, uma vez que também foi encontrada nos resultados de suas
propriedades químicas.

Ao analisar os ângulos 2q = 26-27º e 49-51º, característicos do pico de quartzo (CHISHOLM,


2005), percebemos sua presença em quase todas as curvas, uma vez que o SiO2 pode ser
detectado no cimento CPV-ARI e na NS. Porém, as amostras contendo incorporação de FS,
15FS e 13FS 2NS, se sobressaem. Nelas, estes picos se mantêm quase estáveis ao longo das
idades de hidratação, indicando, mais uma vez, a característica inerte do SiO2 em microescala
(KAMINSKAS et al., 2020).

4.2.4 Análise termogravimétrica (TG/DTG)

O ensaio de termogravimetria foi utilizado para determinar a perda de massa em relação ao


aumento da temperatura das pastas de cimento nas idades de 28 dias. A faixa de temperatura
da desidroxilação do CH foi determinada por meio da análise do gráfico de TG/DTG e um
exemplo do seu cálculo, adaptado da literatura (LYRA et al., 2012), foi colocado no Apêndice
B.

Em todas as amostras, a faixa de temperatura utilizada para o cálculo do teor de CH esteve


aproximadamente entre 390º e 450ºC. Nela, a decomposição do Ca(OH)2 em H2O e CaO
permite, por meio da perda de massa nesse intervalo e com o auxílio da curva DTG, calcular a
perda de água volatilizada do CH. Seu cálculo seguiu conforme apresentado na Eq. (2.2),
sendo aplicado para cada amostra aos 28 dias. Através desse, podemos calcular a perda de
massa para cada salto característico e determinar, por meio de cálculo estequiométrico, a
quantidade de hidróxido de cálcio para cada amostra.

78
As curvas de TG/DTG de todas as pastas com 28 dias de hidratação são mostradas na Figura
4.23. A quantificação das perdas de massa e o teor de CH são mostrados na Tabela 4.6.

Figura 4.23 - Curvas de (a) TG e (b) DTA das pastas com 28 dias.

Tabela 4.6 - Resultados quantitativos do ensaio de termogravimetria das pastas – 28 dias.


Perda de massa Teor de CH Índice de CH em
Traço na faixa do CH na amostra relação ao REF
CH (%) T.CH (%) I.CH (%)
REF 4,90 20,16 100
2NS 3,62 14,87 73,75
15FC 4,77 19,64 95,52
15FS 4,68 19,26 97,45
13FC 2NS 4,16 17,11 84,87
13FS 2NS 3,98 16,36 81,13

Foi constatada a diminuição do T.CH com a substituição do cimento Portland por FC e FS,
em relação a pasta de referência com CPV. Além disso, foi constatada a diminuição do T.CH
nas pastas com nanossílica coloidal, em relação à pasta de referência e às pastas contendo
CPV, FC e FS. Esse comportamento era esperado decorrente da menor quantidade de cimento
CPV, devido a sua substituição pelas adições, nos aglomerantes. Contudo, o principal fator
envolvido nessa diminuição do T.CH é a reação pozolânica, que ocorre nas amostras com a
incorporação de NS. No caso das pastas com FC, FS e NS essa diminuição foi mais
pronunciada, sugerindo, mais uma vez, que a nanossílica atua na formação de C-S-H. Singh et
al. (2015) também observaram uma diminuição no teor de CH em pastas de cimento

79
hidratadas com incorporação de nanossílica em comparação com a amostra de referência, já
com 1 dia de hidratação. Os autores atribuíram esse resultado ao efeito de nucleação
proporcionado pela nanossílica durante a hidratação em idades iniciais. Zhao et al. (2017), ao
investigarem pastas de cimento com nanossílica, também observaram que a curva de
composição do hidróxido de cálcio é menor para a pasta com nanossílica, em relação à pasta
de referência, indicando que a reação pozolânica consome o CH. Os autores comentaram que
um dos fatores responsáveis pela intensificação da reação pozolânica, além da elevada área
superficial específica da nanossílica, é a geração de pontos de nucleação, o que faz a interação
iônica entre os cristais de CH e as nanopartículas de SiO2 ser mais eficiente, acelerando a
hidratação do cimento.

A técnica TG/DTA também foi aplicada para estimar as quantidades relativas de C-S-H. Goñi
et al. (2010) e Tabet, Cerato e Jentoft (2011) utilizaram a faixa de temperatura entre 105oC e
400oC para retirar os valores de C-S-H dos resultados de TG. O método foi simplificado, em
ambos os casos, para melhor entendimento. Assim, as quantidades relativas de cada tipo de
gel de C-S-H foram calculadas de acordo com a perda de massa e seus valores foram
destacados na Tabela 4.7.

Tabela 4.7 - Porcentagem de perda de massa do gel de C-S-H proposto por Tabet, Cerato e Jentoft
(2011) e Goñi et al. (2010).
Pasta Perda de massa (%)
REF 7,375
2NS 8,291
15FC 7,651
15FS 7,242
13FC 2NS 8,012
13FS 2NS 7,763

Quanto à interpretação dos dados, nota-se que as amostras com NS, com ou sem incorporação
de FC e FS, apresentaram porcentagem de C-S-H maior que a mistura referência. Além disto,
observam-se maior porcentagem de C-S-H nas misturas com nanossílica, em relação às
misturas contendo unicamente FC e FS, conforme esperado e destacado por Goñi et al.
(2010). Alonso-Domíngues et al. (2017) mostraram que misturas contendo a incorporação da
NS apresentam aumento na porcentagem de C-S-Hsecundário e diminuição de C-S-Hprimário. Os

80
autores afirmam que isto se deve à reatividade da nanossílica que, mesmo em pequenas
quantidades, proporciona grande eficiência e ganho de atividade pozolânica. Portanto, espera-
se que o valor de C-S-Htotal seja influenciado pela presença do C-S-Hprimário e do C-S-
Hsecundário.

Os teores de C-S-H obtidos na Tabela 4.7, de forma geral, estão de acordo com os resultados
de índice de hidróxido de cálcio obtidos pela técnica TG/DTA (Tabela 4.6) e com os
resultados de DRX (Tabela 4.5), pois a mistura referência apresentou os maiores teores de
hidróxido de cálcio, enquanto as amostras contendo unicamente a incorporação do FC e FS
apresentaram menores teores de hidróxido de cálcio.

Por fim, ao interpretar os dados de resistência à compressão aos 28 dias, percebemos que o
valor de C-S-H é praticamente constante para todas as amostras, variando apenas com a
incorporação de NS. O aumento no valor de C-S-H atua, principalmente, na região dos nano-
poros e é capaz de influenciar os resultados de resistência à compressão (GOÑI;
GUERRERO, 2010), justificando o aumento de resistência e de C-S-H nas pastas contendo
NS. As amostras 2NS e 13FC 2NS também demonstraram resultados diferentes das amostras
REF e 15FC. Porém, ao comparar o valor de resistência das amostras REF e FC com os
valores de C-S-H, percebemos que a amostra REF tem resistência superior, mas permanece
praticamente igual no valor de C-S-H, indicando uma correlação entre os dados de resistência
à compressão

4.2.5 Espectroscopia na região do infravermelho (FT-IR)

O ensaio de fluorescência na região do infravermelho foi utilizado para detectar de forma


semiquantitativa os produtos de hidratação das pastas, ou seja, a presença de CH e C-S-H. A
Figura 4.24 mostra o resultado do ensaio para as amostras REF, 2NS, 15FC, 15FS, 13FC 2NS
e 13FS 2NS aos 28 dias de hidratação. A curva de cada amostra pode ser vista de forma
individual no Apêndice C.

81
Figura 4.24 - Curvas de FT-IR para as pastas aos 28 dias.

No cimento Portland, de acordo com sua incorporação, a região que representa o Si-O na
vibração Q2 pode variar. Autores destacaram que a faixa entre 969 e 970 cm-1, sob condições
adequadas de Ca/Si, pode representar a formação de C-S-H (GARCIA-LODEIRO et al.,
2011; PUERTAS; FERNÁNDEZ-JIMÉNEZ, 2003). Por outro lado, também foi detectado
que o mesmo composto pode ser identificado em 975 cm-1 (GUERRERO BUSTOS et al.,
2014). Neste trabalho, como pode ser observado na Figura 4.24, a intensidade relativa da
banda foi maior em faixas próximas de 971 cm-1, este evento pode ser melhor interpretado na
Figura 4.25.

82
Figura 4.25 - Espectros de FT-IR na região referente ao C-S-H, para pastas aos 28 dias.

Pela Figura 4.25, a intensidade relativa no pico 971cm-1 é maior nas misturas com nanossílica
coloidal, o que sugere que a substituição de cimento por NS promove a formação de gel de
silicato de cálcio hidrato (C-S-H). Dependendo da relação C/S do gel C-S-H, a frequência do
pico pode ser diferente.

O pico em torno de 971 cm-1 da amostra 15 FS apresentou intensidade semelhante a 2NS.


Este comportamento é inesperado e sugere interferência do FS na detecção das ligações Si-O-
Si, semelhante ao encontrado na NS. Neste pico também foi observado um deslocamento para
a esquerda do gráfico. Segundo SINGH et al. (2015), a incorporação da nanossílica provoca
um deslocamento da amplitude do pico do C-S-H para frequências mais elevadas. O
deslocamento da vibração do estiramento do Si-O para frequências mais elevadas indica
aumento do grau de polimerização da formação da fase C-S-H e da conectividade na rede de
silicato (BJORNSTROM et al., 2004).

A pasta 2NS teve a maior intensidade relativa da banda em (Figura 4.25), indicando maior
teor de C-S-H, seguido pelas pastas REF, 13FC 2NS e 15LFC nessa ordem. Os resultados
mostram uma correlação direta entre o conteúdo de C-S-H e a resistência à compressão,
conforme o esperado. As pastas com FC apresentaram menor teor de C-S-H devido ao menor
teor de clínquer na mistura, e a inclusão de NS aumentou esse teor, tanto nas pastas binárias
quanto nas ternárias, devido à reação pozolânica. Os valores de intensidade para o C-S-H
corroboram com os resultados obtidos na resistência à compressão (Tabela 4.3). Isso ocorre
pois quanto maior o teor de C-S-H, maior será a resistência à compressão.

83
Já o CH, encontrado na região em torno de 3466 cm-1, apresentou espectros conforme visto na
Figura 4.26.

Figura 4.26 - Espectros de FT-IR na região referente ao CH, para pastas aos 28 dias.

Nota-se que o pico a 3644 cm-1 é mais intenso na amostra referência e menos intenso nas
demais, com exceção da amostra 15FS que continua apresentando comportamento inesperado.

Na pasta 2NS, a redução do conteúdo de CH é corroborado pela literatura (SIDDIQUE;


KLAUS, 2009; VARHEN et al., 2016) e justificado pela presença da reação pozolânica. O
teor de CH obtido pelo FT-IR (Figura 4.26) é compatível com os dados encontrados na
análise de TG (Figura 4.23).

Nas pastas ternárias (13FC 2NS e 13FS 2NS), também pode ser observado uma redução no
teor de CH quando comparadas com as pastas binárias (15FC e 15FS), mas a diferença é um
pouco menor que a encontrada entre REF e 2NS. Uma explicação possível para a menor
participação da NS nas amostras contendo FC e FS está na presença do conteúdo do clínquer.
Menos clínquer leva a menor produção de CH e, com menos CH disponível, a reação
pozolânica ocorre com menor intensidade. Outra possibilidade é a diminuição da relação
água/cimento. Embora a relação a/c tenha sido mantida, a relação efetiva a/c aumentou nas
pastas com FC e FS, por ser um material inerte. Foi observado na literatura que a NS é mais
eficaz em relações a/c mais baixas (NAZÁRIO SANTOS et al., 2017).

84
4.2.6 Ressonância Magnética Nuclear (RMN 29Si)

Os espectros obtidos pela técnica RMN 29Si das pastas aos 28 dias e suas deconvoluções são
mostrados na Figura 4.27. Em vermelho, está representado o espectro obtido no ensaio, em
verde, as curvas deconvoluídas, e em azul, a curva gerada pela soma das deconvoluções.
Também foram identificados na figura os picos Q0, Q1, Q2(0Al), Q2(1Al), Q3(1Al) e Q3 de
suas respectivas análises.

O percentual de área de cada pico na deconvolução foi utilizado para determinar o tamanho
médio de cadeia (MCL), por meio da Eq. (2.2), conforme proposto por Richardson (2014). Os
detalhes dos picos deconvoluídos, como descolamento químico e de área, o tipo de tetraedro
representado por cada pico e os valores calculados de MCL, são apresentados na Tabela 4.8.

(a)

(b)

(c)

85
(d)

(e)

(f)

Figura 4.27 - Resultados de RMN 29Si das pastas (a) REF, (b) 2NS (c) 15FC (d) 15FS (e) 13FC 2NS e
(f) 13FS 2NS.

86
Tabela 4.8 - MCL do C-A-(S)-H nas pastas de cimento aos 28 dias.
Área
PASTA б(ppm) Cadeia Área (%) MCL
(adimensional)
-88,924 Q3 219,588 4,382
-86,192 Q3(1A1) 540,828 10,793
-84,517 Q2(0A1) 1009,956 20,156
REF 3,095
-81,921 Q2(1A1) 888,296 17,728
-79,147 Q1 2072,532 41,36245
-73,08 Q0 114,343 2,282005
-85,048 Q2(0A1) 138,335 15,521
-81,9 Q2(1A1) 216,565 24,299
-78,957 Q1 316,229 35,482
2NS -76,459 Q0 70,168 7,873 4,929
-75,73 Q0 9,9168 1,112
-72,554 Q0 57,914 6,498
-71,321 Q0 82,103 9,212
-85,114 Q3 758,528 13,588
-83,335 Q2(0A1) 510,319 9,142
-81,412 Q2(1A1) 845,556 15,147
-78,794 Q1 2256,916 40,431
15FC 4,248
-76,065 Q0 399,046 7,148
-73,197 Q0 410,977 7,362
-71,163 Q0 299,832 5,371
-70 Q0 100,897 1,807
-84,715 Q2(0A1) 740,524 12,195
-81,632 Q2(1A1) 1090,293 17,955
-78,593 Q1 2164,962 35,653
-76,052 Q0 509,018 8,382
15FS -74,421 Q0 11,436 0,188 4,194
-73,513 Q0 443,716 7,307
-71,123 Q0 480,951 7,920
-69,354 Q0 304,688 5,017
-64,442 Q0 326,672 5,379
-84,799 Q2(0A1) 1207,699 24,415
-81,515 Q2(1A1) 799,804 16,169
-78,981 Q1 1970,651 39,839
15FC 2NS 4,443
-76,84 Q0 513,789 10,386
-73,341 Q0 115,862 2,342
-71,275 Q0 338,673 6,846
-88,924 Q3 219,588 4,382
-86,192 Q3(1A1) 540,828 10,793
-84,517 Q2(0A1) 1009,956 20,156
15FS 2NS -81,921 Q2(1A1) 888,296 17,728 4,344
-79,147 Q1 2072,532 41,36245
-73,08 Q0 114,343 2,282005
-71,525 Q0 165,113 3,295242

Em relação aos resultados de MCL, houve um aumento no tamanho médio de cadeia nas
pastas com a incorporação da NS. O aumento foi maior nas pastas 2NS e 13FC 2NS, com

87
MCL de 4,929 e 4,344, respectivamente. Esse comportamento foi semelhante ao encontrado
por Andrade et al. (2019) e Jamsheer et al. (2018), que estudaram espectros de misturas
ternárias de MCS e nanossílica, onde as amostras sofrem aumento no valor do MCL com a
adição de NS e MCS.

Os resultados de MCL encontrados pelo ensaio de RMN 29Si reforçam a hipótese de que não
existe diferença significativa entre o FC e o FS, mesmo com a incorporação da NS. Desse
modo, percebemos que os índices de MCL apresentam diferenças de resultados maiores
quando comparamos a amostra REF com as amostras contendo unicamente a NS. Kapeluszna
et al. (2017) encontraram resultados semelhantes, justificando que a reação pozolânica facilita
a abertura da cadeia e diminui a relação Ca/Si.

88
5 CONCLUSÕES

Este estudo foi desenvolvido com o intuito de avaliar a microestrutura e as características do


CH e C-S-H de pastas de cimento com a incorporação de FC e NS, em misturas binárias e
ternárias. Foram realizados ensaios experimentais de caracterização dos materiais (FRX,
DRX, Granulometria por raio laser, BET, FEG, Tempo de pega e Determinação do teor de
sólidos), de preparo das pastas de cimento (Mini-slump) e de avaliação das pastas
(Resistência à compressão, DRX, TG, IF e RMN), buscando caracterizar os materiais
utilizados na pesquisa e avaliar o comportamento das pastas analisadas nesta dissertação. O
programa experimental contou com a elaboração de 6 pastas de cimento, com composições
binárias e ternárias de FC, FS e NS.

A partir da análise dos dados experimentais, as seguintes conclusões foram feitas:

• Ao substituir o cimento Portland por FC, FS e NS, houve maior demanda de aditivo
superplastificante para manter as mesmas consistências das pastas REF. Esse aumento
foi mais expressivo nas pastas contendo NS (2NS, 13FC 2NS e 13FC 2NS);
• Nas idades iniciais, 1 e 3 dias, a utilização da NS coloidal resultou no aumento da
resistência à compressão quando comparado com a não presença de NS;
• Em idade mais avançadas, 7 e 28 dias, a adição de NS nas pastas contendo FC e FS
não causou um aumento de resistência significativo, como era esperado;
• A incorporação de alto teor de FC reduz os valores de resistência à compressão e de
formação de produtos de hidratação. A amostra 15FC (com valor de FC acima de
20%) apresentou desempenho inferior à amostra REF (com valor de FC em torno de
10%), sendo o efeito de diluição o principal responsável;
• Os valores encontrados nas pastas de FC e FS, com e sem adição de NS, apresentaram
comportamento similar, atuando como efeito fíler e sem o efeito químico. Os ensaios
de DRX, FT-IR e TG demonstram formação de CH e C-S-H similar. Os valores de
resistência para 13FC 2NS e 13FS 2NS não apresentaram grandes mudanças, quando
comparados entre si. O mesmo vale para 15FC e 15FS;
• Embora a resistência à compressão, encontrada nas amostras com NS, seja superior às
amostras de 15FC, 15FS, 13FC 2NS e 13FS 2NS, o uso combinado de alto teor de
fíler e NS demonstrou que o ganho de resistência e aumento da formação de C-S-H

89
não é capaz de mitigar a perda decorrentes do teor de fíler acima de 10%. As amostras
2NS apresentaram valor de resistência à compressão e formação de CH/C-S-H
superior às demais. Porém, ao analisar a diferença entre o 15FC e 13FC 2NS
percebemos um ganho não tão significativo.

De modo geral, podemos concluir que a adição da NS é capaz de modificar positivamente as


taxas de hidratação nas idades iniciais, mas seu desemprenho foi insatisfatório em conjunto
com alto teor de incorporação de FC. Logo, acredita-se que os ensaios experimentais e as
análises dos dados obtidos nesta pesquisa contribuem para o melhor entendimento do
comportamento da adição de nanossílica coloidal em pastas de cimento com alto teor de fíler
calcário.

5.1 PROPOSTAS DE TRABALHOS FUTUROS

Como sequência e complementação do estudo apresentado, são elencados como propostas de


trabalhos futuros os seguintes de temas:

• Realizar os ensaios de TG/DTG nas pastas, permitindo acompanhar a evolução do teor


de CH e C-S-H ao longo dos 1, 3, 7 e 28 dias de hidratação.
• Utilizar a técnica de MEV/WDS para obter os limites de Ca/Si e Al/Si e composição
química do C-(A)-S-H nas pastas aos 28 dias.
• Avaliar mais combinações entre teores de FC e NS, permitindo constatar se a NS é
capaz de impulsionar a hidratação em outros teores.
• Fazer os ensaios das pastas aos 91 dias, para avaliar o comportamento das pastas com
alto teor de FC em idades avançadas.
• Realizar os ensaios de resistência em argamassa e análise por PIM. De modo a estudar
o empacotamento das misturas.
• Medir teor de pH das pastas ao longo das idades de hidratação. Estudar se reações
químicas decorrentes da utilização do FC acabam alterando o pH da solução e como
este valor pode influenciar na resistência à compressão.

90
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104
APÊNDICE A – CÁLCULO ESTEQUIMÉTRICO PARA DETERMINAÇÃO DO
TEOR DE CALCÁRIO NO CIMENTO ANIDRO

Figura A.1 - Decomposição térmica do cimento anidro em atmosfera de N2, fluxo de gás 100mL/min
e taxa de aquecimento 10ºC/min.

Tabela A.1 - Dados necessários para o cálculo estequiométrico

Elementos Ca(CO3) CaO CO2

Massa molecular (g/mol) 100,09 56,08 44,01

Por meio da curva TG pode-se visualizar que a etapa de decomposição térmica ocorre entre
558ºC e 682ºC. Esta etapa nos auxilia no cálculo da porcentagem de Ca(CO3).

Cálculo da porcentagem de Ca(CO3)

Para o cálculo da porcentagem de Ca(CO3), tem-se:

!"#$%& = 7,848 -. ; !#$#0#%& = 8,186 -. ; !%34567% = 8,277 -.

Nesses, -#$#0#%& é a massa encontrada na amostra aos 558ºC, -"#$%& é a massa encontrada
para em 682ºC e !%34567% é a massa utilizada no equipamento, para a realização do ensaio de
TG.

105
De acordo com a Equação de decomposição do Ca(CO3), tem-se:

9: 9;< → 9:; + 9;?

100,09 → 56,08 + 44,01

Sabe-se que a massa molecular do Ca(CO3) corresponde a 100%, indicando que a de CaO
corresponde a uma porcentagem desse valor. Sendo assim, temos:

!#$#0#%& − !"#$%&
C → D + ×100 ∴ C = 9,36 -. IJ 9:(9;< )
!%34567%

Portanto, o cimento CPV apresenta cerca de 9,4% de adição de calcário em sua composição.

106
APÊNDICE B – CÁLCULO DO TEOR DE CH NA PASTA DE FS AOS 28 DIAS DE
HIDRATAÇÃO PELA TG

Figura B.1 - Determinação da faixa de temperatura de desidroxilação do CH na pasta REF aos 28 dias.

Pra melhor identificar e comparar os picos de cada mistura (REF, 2N, 15FC, 15FS, 13FC 2NS
e 13FS 2NS), optou-se por extrapolar duas tangenciais, antes e depois, ao ponto de queda e
ascensão da curva, de modo a obter-se um valor de temperatura inicial (To) e final (Tf). Uma
vez obtido a temperatura no momento em que ocorre To e Tf, é necessário retirar seus
respectivos valores de perda de massa, naquele momento (Mo e Mf). Para o cálculo do teor de
CH, necessitamos o teor de água volatizada, sendo que este teor é proporcional ao teor de
perda de massa. Sendo assim, temos as seguintes equações:

!W − !"
MJNO IJ á.Q: RNS:TUV:I: = ×100
!"

74
MJNO IJ 9X = ×MJNO IJ á.Q: RNS:TUSUV:I:
18

Com base nas equações, temos a seguinte tabela de valores:

107
Tabela B.1 - Resultados quantitativos do ensaio de TG das pastas aos 28 dias.
Perda de
Teor de
Amostra To Tf Mo Mf massa na faixa
CH (%)
do CH (%)
REF 401 449,9 9,839 9,379 4,904574 20,16325
2NS 392 446,5 16,160 15,596 3,616691 14,86862
15FC 392 446,5 13,199 12,597 4,779592 19,64943
15FS 397,6 474,5 13,138 12,552 4,685259 19,26162
13FC 2NS 400 451,8 20,676 19,84973 4,162639 17,11307
13FS 2NS 392 448 12,386 11,912 3,979181 16,35885

108
APÊNDICE C – RESULTADOS DE FT-IR DAS PASTAS AOS 28 DIAS DE
HIDRATAÇÃO

Figura C.1 - FT-IR da pasta de REF aos 28 dias de hidratação.

109
Figura C.2 - FT-IR da pasta de 2% de NS aos 28 dias de hidratação.

Figura C.3 - FT-IR da pasta de 15% de FC aos 28 dias de hidratação.

110
Figura C.4 - FT-IR da pasta de 13% de FC e 2%NS aos 28 dias de hidratação.

Figura C.5 - FT-IR da pasta de 15% de FS aos 28 dias de hidratação.

111
Figura C.6 - FT-IR da pasta de 13% de FS e 2%NS aos 28 dias de hidratação.

112

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