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PODER JUDICIÁRIO DO AMAZONAS


ESTADO DO AMAZONAS

Para conferir o original, acesse o site https://consultasaj.tjam.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0624623-93.2020.8.04.0001 e código 69A5EE4.
PODER JUDICIÁRIO
12º Vara do Juizado Especial

Autos nº: 0624623-93.2020.8.04.0001


Classe Procedimento do Juizado Especial Cível
Requerente: Arilson Vieira dos Santos
Requerido: SKY Serviços de Banda Larga Ltda

SENTENÇA

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIO CESAR OLINTHO DE SOUZA, liberado nos autos em 15/05/2020 às 13:12 .
Vistos e examinados.

Trata a presente de demanda proposta por Arilson Vieira dos Santos contra SKY
Serviços de Banda Larga Ltda, todos devidamente qualificados.

No mais, o art. 38 da Lei 9.099/95 dispensa relatório.

Ante a desnecessidade de produção de provas, e mediante concordância das partes,


passo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 355, I, do CPC.

Rejeito todas as preliminares: (i) a contestação ataca o mérito e mostra subsistência de


lide, a justificar o processo; (ii) o endereço inicial, segundo provimento correcional amazonense,
pode vir em nome de terceiro, desde que acompanhado de declaração deste. Embora tal não esteja
no feito, em busca no Infojud (sistema da Receita Federal), constatei que o endereço surgido é no
Estado do Amazonas e não na Bahia; e (iii) não há perda do objeto porque ainda perduraria o
interesse do autor por eventuais danos morais.

No mérito, a questão de fundo debatida nos autos gravita em torno da realização de


cobrança abusiva de seguro residencial com o qual a Autora não teria anuído. A relação jurídica
estabelecida entre as partes é consumerista. Inteligência da Súmula 297, STJ.

As provas mostram-se a favor do autor.

Primeiro, a atualização de endereço – do Amazonas para Bahia - e de plano – de um


valor mensal inferior a R$ 90,00 a mais de R$ 350,00 – estão nas fls. 126/127 e lá não há qualquer
pedido de confirmação de dados pessoais pela atendente da SKY.

Pede-se para se confirmar simplesmente o número do equipamento da ré. Esse dado,


apesar de presumivelmente ser de ciência apenas do consumidor, é por demais frágil e pode, sim,
ser obtido por outros, como um funcionário mesmo da ré que tenha ido até à residência do autor
previamente e o tenha anotado, ou parente dele.

Mas dados pessoais, como RG, CPF, data de nascimento e filiação, não foram pedidos
pela ré.

Logo, entendo que a mudança tanto de endereço quanto de plano foram evidentemente
equivocados e mostram falha de segurança no proceder da empresa demandada.

Rua Alexandre Amorim, nº 285, 1º Andar, Aparecida - CEP 69010-300, Fone: 3212-6208, Manaus-AM - E-mail:
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Assim, as cobranças são indevidas.

As fls. 28/35 são faturas onde lá consta a informação de que o pagamento é por meio
de débito automático. Ora, se é por débito automático, mesmo que o autor não tenha juntado o
extrato, considerando a ausência de provas da ré de que os débitos estão em aberto, forçoso
concluir que o pagamento existiu e foi na conta do autor.

Assim, a inserção reiterada de valores não ajustados entre as partes, à guisa de


contraprestação dos serviços usufruídos pelo consumidor constitui fato do serviço prestado pelo

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIO CESAR OLINTHO DE SOUZA, liberado nos autos em 15/05/2020 às 13:12 .
fornecedor individualizado nos autos, a quem cabe zelar pelo atendimento eficiente das demandas
de seu público consumidor.

Nessa seara, é evidente o abuso de direito de cobrança operado pelo fornecedor,


devendo ser declarados inexigíveis tais lançamentos. Sendo indevidas as cobranças, é devida a
restituição, em dobro, do que foi pago indevidamente, á míngua de demonstração de erro escusável
pela instituição, nos termos do art. 42, parágrafo único do CDC. Devido, portanto, o valor de
R$1.427,12 (713,56 x 2).

A responsabilidade do Réu é, portanto, objetiva.

O dano moral dispensa comprovação documental, pois se apresenta como decorrência


natural do evento danoso, caracterizando-se na modalidade in re ipsa, pois é nítida a lesão a direitos
da personalidade, nos moldes do que disciplina o art. 14 do CDC, e conforme reconhecido pelo
Superior Tribunal de Justiça, em sua Súmula 479:

SÚMULA N. 479 - 27/08/2012 - As instituições financeiras respondem


objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos
praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. DJ-e 01/08/2012 –
STJ" ; "Dano moral e material. Relação de consumo, súmula 297 do STJ.
Empréstimos e saques indevidos em conta corrente. Hipótese em que não
há prova de culpa exclusiva da vítima que possa afastar a responsabilidade do
banco de indenizar os danos. O risco da atividade deve ser suportado pelo
fornecedor, artigo 14 do CDC. (...) Súmula 479, STJ. Danos morais configurados.
Recurso parcialmente provido.(TJ-SP - APL: 10730914920138260100 SP
1073091-49.2013.8.26.0100, Relator: Luis Carlos de Barros, Data de
Julgamento: 24/08/2015, 20ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação:
03/09/2015)".

Pelos danos morais sofridos, bem como pela conduta omissiva do Réu em solucionar
o problema, e, por fim, os constrangimentos oriundos do fato, razoável e proporcional a quantia de
R$ 5.000,00, considerando a realidade fática e a razoabilidade.

CONCLUSÃO

Forte nesses argumentos, ratifico a decisão liminar e, no mérito, JULGO


PROCEDENTES os pedidos, termos em que: 1) CONDENO a Ré à repetição do pagamento
indevido correspondente ao seguro, no montante de R$ 1.427,12, sobre o qual deverão incidir juros
legais a contar da citação e correção monetária oficial (INPC), a partir do efetivo prejuízo – data do
pagamento (16/11/2019 – data do vencimento); 2) DECLARO inexigíveis o débito cuja fatura
encontra-se nas fls. 31/35, no valor de R$ 800,25, contrato 144.841.719, e outros relativos a esse
contrato e cujo fato gerador tenha-se dado a partir de 18/12/2019 (data do cancelamento); e 3)
CONDENO a Ré ao pagamento de R$ 5.000,00, a título de indenização por dano moral, incidindo-
se correção monetária oficial a partir do arbitramento, em conformidade com a Súmula 362 do
Superior Tribunal de Justiça e juros de 1% (um por cento) ao mês desde a citação.

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Em sede de Juizados Especiais não há pagamento de custas processuais nem fixação


de honorários advocatícios em 1° grau, na forma do art. 54, caput, da lei n° 9.099/95.

P. R. I. C.

Manaus, 15 de maio de 2020.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIO CESAR OLINTHO DE SOUZA, liberado nos autos em 15/05/2020 às 13:12 .
Fábio César Olintho de Souza
Juiz de Direito

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