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Disciplina: Linear I

Geovany Fernandes Patricio

20 de junho de 2022
Dimensão de um espaço Vetorial

Revisão: Base de um espaço Vetorial


Seja V um espaço vetorial. Vimos que uma base para um espaço vetorial V é um
subconjunto β = {v1 , v2 , ..., vn } ⊂ V tal que:

(i) β é LI.

(ii) β gera o espaço V, isto é, [β] = V.

Exemplo 0.1 Quando consideramos o espaço vetorial R2 , então os conjuntos A =


{(1, 0), (0, 1)} e B = {(1, 1), (0, 1)} são bases para R2 .

Exemplo 0.2 Quando consideramos M2 (R) o espaço das matrizes 2 × 2 com entradas
reais, então os conjuntos
       
 2 3 1 −1 −3 −2 3 −7 
A=  ,  ,  ,  
 −1 0 0 −2 1 −1 −2 5 
e        
 1 0 0 1 0 0 0 0 
B=  ,  ,  ,  
 0 0 0 0 1 0 0 1 
são bases para M2 (R).

Matriz das Coordenadas


Dada um base β = {u1 , u2 , ..., un } para um espaço vetorial V, temos que cada vetor
v ∈ V pode ser escrito de forma única

v = a1 u1 + a2 u2 + ... + an un , com únicos a1 , a2 , ..., an ∈ R.


Uma vez que podemos ter mais de uma base, então o que faremos agora é mudar de uma
base para outra. Mais precisamente, se

v = a1 u1 + a2 u2 + ... + an un ,

então os números reis a1 , a2 , ..., an ∈ R são chamados coordenadas de v na base β. A


matriz n × 1  
a1
 
 
 a2 
[v]β = 
 ..
,

 . 
 
an
é chamada matriz das coordenadas de v na base β.

Exemplo 0.3 Se β = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1)} é a base canônica de R3 , então

v = (1, −2, 4) = 1(1, 0, 0) + (−2)(0, 1, 0) + 4(0, 0, 1)

e assim  
1
 
[v]β =  −2  .
 
 
4
Por outro lado, temos que α = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (1, 1, 1)} é uma outra base para R3 ,
então
v = (1, −2, 4) = (−3)(1, 0, 0) + (−6)(0, 1, 0) + (4)(1, 1, 1)
 
−3
 
[v]α =  −6  .
 
 
4

CONCLUSÃO: Dependendo de qual base do espaço vetorial estamos considerando, então


a matriz coordenada, de cada vetor, muda.

Dimensão
Por um questão de formalidade, vamos enunciar alguns resultados matemáticos im-
portantes para que tenhamos uma boa definição do que venha a ser a dimensão de um
espaço vetorial.

Proposição 0.4 Todo espaço vetorial V finitamente gerado admite uma base.

Proposição 0.5 Seja V um espaço vetorial finitamente gerado. Então duas bases quais-
quer de V tem o mesmo número de vetores.

Motivados pelas proposições 0.4 e 0.5, temos a seguinte definição:

Definição 0.6 (DIMENSÃO) Seja V um espaço vetorial finitamente gerado. Denomina-


se dimensão de V o número de vetores de qualquer uma das bases do espaço vetorial.
Neste caso, dizemos que V é um espçao vetorial de dimensão finita.

NOTAÇÃO: Usaremos a seguinte notação para indicar a dimensão do espaço: dim(V).

Exemplos

1. Quando V = R2 , então dim(V) = 2. De fato, basta notar que o conjunto A =


{(1, 0), (0, 1)} é uma base para R2 .

2. De maneira mais geral, temos que dim(Rn ) = n. (Por quê?)

3. Quando V = M2 (R), então dim(V) = 4. (Por quê?)

4. De maneira geral dim(Mm×n (R)) = m · n. (Por quê?)

5. Se Pn (R) = {an tn + an−1 tn−1 + ... + a1 t + a0 , an , an−1 , ..., a1 , a0 ∈ R} é o espaço dos


polinômios com coeficientes reais, então dim(Pn (R)) = n + 1. Basta considerar o
conjunto
β = {1, t, t2 , ..., tn }

e notar que β é uma base para Pn (R).

Alguns resultados importantes

Teorema 0.7 (Completamento) Seja V um espaço vetorial de dimensão finita e S =


{u1 , u2 , ..., un } um subconjunto de vetores LI de V. Então S é parte de uma base de V,
isto é, S pode ser estendido à uma base de V.
Proposição 0.8 Todo subespaço vetorial de um espço vetorial finitamente gerado é
também finitamente gerado.

Proposição 0.9 Seja W um subespaço de um espaço finitamente gerado V. Então,


dim(W) ≤ dim(V). Além disso, se dim(W) = dim(V), tem-se W = V.

Determinando uma base para subespaços de Rn


Nesta seção vamos apresentar um método para encontrar uma base de subespaços de
Rn usando as transformações elementares nas linhas de uma matriz. Para uma matriz
 
a a12 · · · a1n
 11 
· · · a2n 
 
 a21 a22
A=  .. .. .. ..  .

 . . . . 
 
am1 am2 · · · amn

os vetores
v1 = (a11 , a12 , · · · , a1n )
v2 = (a21 , a22 , · · · , a2n )
..
.
vm = (am1 , am2 , · · · , amn )
em Rn formados pelas linhas de A são chamados os vetores linha de A. O espaço
gerado pelos vetores linhas {v1 , v2 , ..., vm } de A são chamados espaço linha de A.
O próximo resultado mostra como obter uma base para o espaço linha de uma matriz.

Teorema 0.10 Seja A é uma matriz e à sua forma escalonada, então as linhas não
nulas de à formam uma base para o espaço linha de A.

O exemplo a seguir nos mostrará como o Teorema 0.10 pode nos ajudar a determinar o
espaço gerado por vetores em

Exemplo 0.11 Determine uma base do espaço gerado pelos vetores

v1 = (1, −2, 0, 0, 3), v2 = (2, −5, −3, −2, 6), v3 = (0, 5, 15, 10, 0), v4 = (2, 6, 18, 8, 6).
O espaço gerado pelos vetores v1 , v2 , v3 e v4 é o espaço linha da matriz
 
1 −2 0 0 3
 
−5 −3 −2 6 
 
 2
A= 
.

 0 5 15 10 0 
 
2 6 18 8 6

Reduzindo a matriz à forma escalonada obtemos a matriz


 
1 0 0 −2 3
 
1 0 −1 0 
 
 0
à = 

.

 0 0 1 1 0 
 
0 0 0 0 0

Os vetores linha não nulos da matriz à são os vetores

w1 = (1, 0, 0, −2, 3), w2 = (0, 1, 0, −1, 0), w3 = (0, 0, 1, 1, 0).

Estes vetores formam uma base para o subespaço de R5 gerado por v1 , v2 , v3 e v4 . E com
isso dim(W) = 3. Ademais,

W = [{w1 , w2 , w3 }] = {(x, y, z, −2x − y + z, 3x), x, y, z ∈ R}.

Exercı́cios

1. Mostre que o conjunto {(1, −1), (−1, −1)} forma uma base para R2 .

2. Mostre que o conjunto {(1, 2, 3), (0, 1, 2), (0, 0, 1)} forma uma base para R3 .

3. Encontre as coordenadas de:

(a) u = (1, −1) em relação à base {(2, −4), (3, 8)} de R2 ;

(b) u = (1, −1) em relação à base {(1, 1), (0, 2)} de R2 ;

(c) p(x) = 2 + x − x2 em relação à base {1 + x 1 + x2 , x + x2 } de P2 (R).

4. Seja V um espaço vetorial de dimensão finita e seja β uma base de V. Mostre que
(a) [v + w]β = [v]β + [w]β , ∀ v, w ∈ V.

(b) [cv]β = c[v]β , ∀ v ∈ V e c ∈ R.

5. Seja U o subespaço de R4 gerado pelos vetores

u1 = (1, −2, 3, −3), u2 = (2, 3, 1, −4), u3 = (3, 8, −3, −5).

(a) Ache uma base e a dimensão de U .

(b) É possı́vel, a partir da base de U , obter uma base para R4 ? Justifique.

6. Ache uma base e a dimensão do subespaço W de R4 gerado por

w1 = (−1, 4, 2, −1), w2 = (1, −3, −1, 2), w3 = (4, −10, −2, 10).

Estenda a base de W a uma base de todo R4 , isto é, utilizando a base de W encontre
uma base para R4 .

7. No espaço vetorial R3 consideremos os seguintes subespaços vetoriais:

(a) S = [{(0, −1, 2), (2, 1, 1)}].

(b) T = [{(0, 1, −1), (1, 2, 1)}].

Determinar a dimensão de S e T .

8. Considere os subespaços vetoriais

(a) U = {(x, y, z) / x + y = 4x − z = 0}

(b) W = {(x, y, z) / 3x − y − z = 0}.

Determinar as dimensões de U, W .

9. Seja W o subespaço vetorial de M2 (R) dado por


  
 a b 
W=   ∈ M2 (R) / a = d e c = a + b .
 c d 

(a) Qual a dimensão de W?


(b) O conjunto    
 1 −1 2 1 
 ,  
 0 1 3 4 
é uma base de W? Justifique.

10. Determine a dimensão do espaço vetorial de todas as matrizes 3 × 3 triangulares


superiores.

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