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Fórum Legislação

29/30 – Segunda-feira
A Constituição de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã,
consagrou princípios caros à democracia dos brasileiros. É notória a sua
afirmação de direitos civis, políticos, sociais e culturais nunca antes vistos em
outra Constituição Brasileira. Estas valorizações fizeram crescer os deveres do
Estado em assegurar tais direitos. O direito à Educação é um dos direitos
subjetivos assegurados por esta Constituição, que agora o estende dos 4
(quatro) aos 17 (dezessete) anos. A Constituição de 1988 vê como o objetivo a
Educação o desenvolvimento pleno da pessoa e tem como meio para alcançar
tais objetivos a valorização dos professores, a gratuidade, a obrigatoriedade, o
financiamento do ensino. As instituições escolares ficam com a
responsabilidade do desenvolvimento afetivo e da qualidade da capacidade
cognitiva dos sujeitos.

30/11 – Terça-feira
Segundo Jamil Cury, a Constituição Cidadã de 1988 trouxe novas perspectivas
acerca dos indivíduos, agora vistos como sujeitos singulares, indivisíveis, que
possuem um todo em si. Fala o autor: “Dotado de vontade própria, de vontade
racional, de capacidade cognoscitiva, ele é capaz de saber o que é melhor para
si” (p. 198). Nasce o sujeito de direito. No entanto, esta nova noção de
indivíduo traz consigo a ideia de não discriminação, prevalecendo a igualdade
de todos perante a lei desde seu nascimento. Os privilégios da aristocracia, dos
nobres, dos brancos são, na lei, postos de lado. Infelizmente, estas igualdades
ainda permanecem somente no papel, apesar da extensão de direito de ir à
escola, de estudar, ter sido estendido a todos, não tendo permanecido somente
na classe detentora de poderes e privilégios.

01/11 – Quarta-feira
A Constituição de 1988, encarando os indivíduos como sujeitos de direito e
como iguais perante a lei, busca eliminar os privilégios de nascença, de
sangue, de etnia ou de raça, impondo assim a igualdade entre todos os
sujeitos, independentemente de sua classe social, religião, oriental sexual ou
qualquer outro fator. Porém, dado o carácter de universalidade e generalizante
da igualdade, este conceito torna-se de difícil aplicação em casos particulares e
específicos. Assim, é que entra o conceito de equidade para que possa ocorrer
uma “adequação contextuada e prudente dos fenômenos não regulados pelo
caráter amplo da lei universal” (p. 200). Já em seu preâmbulo, a Constituição
de 1988 assegura ao Brasil uma sociedade pluralista, ou seja, uma sociedade
multirracial, multiétnica, multirreligiosa. Todavia, como é notório, ainda se vive
no Brasil em uma sociedade racista, homofóbica, elitista, onde muitos grupos
são cotidianamente feridos por seu passado histórico (como no caso dos
negros) ou por divergências de valores religiosos ou culturais. Assim, cabe ao
Estado assumir o dever de proteger estes grupos, propiciando condições para
que de fato todos possam gozar de direitos plenos e tenham garantida a sua
dignidade humana.
02/11 – Quinta-feira
Em seu texto “O Vigésimo Ano da LDB: as 39 leis que a modificaram”,
Dermeval Saviani aborda as mudanças ocorridas pelas 39 leis aprovadas
desde a promulgação da LDB em 1996 até 2015. Segundo o autor, a maioria
das modificações foram de caráter pontuais. Em seu texto, Saviani apenas
relata estas modificações. No entanto, aquelas que trouxeram mudanças mais
substantivas mereceram a atenção do autor. Assim, Saviani analisa as
mudanças trazidas pelas leis no 10.639/2003, que inclui no currículo escolar a
obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-brasileira”, lei no
11.741/2008 que aborda ações para a educação profissional técnica de nível
médio, para a educação de jovens e adultos e para a educação profissional e
tecnológica, e a lei no 12.796/2013, que trouxe várias alterações como a
escolaridade obrigatória e gratuita para a faixa etária dos 4 aos 17 anos de
idade.

03/11 - Sexta-feira
Em “Base Nacional Curricular Comum: novas formas de sociabilidade
produzindo sentidos para educação” Elizabeth Macedo identifica como os
agentes públicos e, principalmente, agentes privados estão envolvidos em
engendrar uma hegemonização no currículo escolar. Macedo relata que estes
grupos atuam no sentido de criar diretrizes comuns curriculares, regulando a
educação por meio de avaliações. Estes diretrizes atuam no sentindo de dar
qualidade à educação aos diferentes grupos da sociedade. Esta qualidade
também estaria associada ao direito ao acesso e permanência na escola e
profissionalização. Macedo destaca bem a atuação de conglomerados
neoliberais no debate educacional, gerando novas formas de governabilidade e
uma desestatização da educação. Ball citando Jossep arguemta que estas
participações geram “soluções sócio-empresariais e de mercado para os
problemas educacionais” (p. 1541). Ou seja, estamos vendo como os
problemas da educação estão sendo solucionados aos olhos do mercado
neoliberal através de financiamentos, modelos de avaliação e padronização de
currículos.
04/11 – Sábado
Comentários sobre as postagens dos outros colegas
05/11 – Domingo
Diante dos textos lidos para discussão neste Fórum e das leituras já realizadas
durante minha docência, é claramente perceptível que existe um fosso enorme
na Educação brasileira no que tange ao que se diz na lei e ao que realmente
acontece nas escolas, nas salas de aulas, na vida estudantil de nossos alunos
e alunas. A educação brasileira precisa sair das mãos de seus financiadores
liberais e conservadores, e passa aos cuidados reais de um Estado de fato
preocupado com uma educação crítica, libertadora e emancipatória, a fim de
construir sujeitos livres e críticos. No entanto, devemos reconhecer os novos
ventos trazidos pela Constituição Cidadã de 1988, como a oferta, o acesso, a
gratuidade da Educação a todos e a todas.

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