Você está na página 1de 98

"Os Muitos Orisas"

ESU
Esu é o Orisa com o maior número de qualidades, são cerca de duzentas.
Abordarei apenas quatro qualidades que eu creio serem as mais importantes.
ESU IJELU
No Candomblé se chama ele de Esu Ijelu, no batuque de Bara Ijelu ou até mesmo Baragelu, mas quem é ele? Por
que esse nome?
Ijẹ̀lú é uma cidade da região de Ekiti na Nigeria, fica próxima a Itapa
Segundo lendas foi lá que Esu teve sua primeira encarnação humana, ou seja lá é o marco zero para a jornada de
Esu na terra e por isso é tão importante.
Quando falamos "Esu Ijelu" estamos a falar da qualidade mais velha deste Orisa e por isso a mais sábia.
Se conta que Esu era um Orisa mas que não era Rei de nada e nem tinha fortunas como os outros Orisa.
Aconselhado por Orunmilá, ele foi para a cidade de Ijelu em forma de homem.
Quando chegou lá ele pediu abrigo e foi acomodado na casa de um aldeão.
Esu trazia consigo várias bolsas e afirmava que dentro delas estavam muitos tesouros.
Era tudo mentira de Esu!
No meio da noite ele ateou fogo a casa e quando os aldeões vieram acudir Esu berrou que seus tesouros haviam
sido consumidos no incêndio.
Pela lei o dono da casa deveria indenizar Esu por tudo que foi perdido, mas quando Esu revelou o valor o dono
não teve como pagar pois era uma fortuna.
O rei da cidade foi chamado e quando soube do ocorrido soube que ele mesmo teria de assumir a dívida, mas a
cidade de Ijelu não tinha dinheiro suficiente.
O rei então deu a coroa da cidade para Esu e desde então Esu é conhecido como o Rei de Ijelu.
Foi em Ijelu que Esu se tornou um homem.
Foi em Ijelu que Esu se tornou o Rei Elejelu.
Esu também foi rei da cidade de Ketu e por isso também se chama Esu Alaketu.
Laaroye Esu Ijelu!
Esu que se veste de Branco!

ESU LAALU
Muitas pessoas creem que Esu é inimigo de Osala/Obatala mas isso não é verdade. Em alguns momentos Esu
entrou em atrito com Obatala sim mas isso foi superado.
Laalu é o Esu cultuado próximo a Obatala/Osala, seu culto foi muito difundido, se sabe que existe em muitas
cidades inclusive em Ijelu e em Ifé.
Na cidade de Ifé se conta que "Esu" é o nome divino deste Orisa, mas seu nome enquanto ser humano que foi era
Obasín.
Detalhes sobre Laalu:
Essa qualidade é famosa por ser forte e valente, é um Esu que protege as cidades.
O nome "Láàlù" vem da junção das palavras "Olá ìlú", e a tradução é "que é senhor da felicidade".
Amigo fiel de Obatala, Osumare e Orunmilá, este Esu é maduro e de caráter confiável.
Há quem creia que Esu Laalu e Esu Ijelu são o mesmo, mas a maioria cre nos dois como qualidades distintas.
Laalu é feiticeiro, uma divindade muito poderosa.
Laaroye Esu Laalu!

ESU ODARA
"Odára Ló Soro, Odára Ló Soro Loonòn"
(Odara é quem pode dificultar o caminho)
A palavra Odára se traduz como "muito bom", é um termo usado para se referir algo aprazível ou demonstrar
satisfação.

1
Esu Odára é o mais famoso Esu.
Ele é quem conhece o Segredo de Iyami Osorongá, e por isso ela o respeita.
Odara também é cultuado junto a Osun.
Foi ele que lutou com Iku mas não caiu.
Foi ele que salvou Igbin.
Foi ele que guerreou contra Yemoja Asaba e lhe queimou o tornozelo.
Ele que finaliza com Osanyin os ritos das folhas.
Este Esu é cultuado para coisas boas, para trazer muitas bênçãos aos que creem nele.
Seu culto vem da região da cidade de Ketu.
Laaroye Esu Odára!

ESU ELEGBARA
(também chamado de Bara/Lebara/Barabo/Papawara)
Elegbara ou simplesmente Bara é um Esu muito famoso tanto na Nigéria quanto no Brasil.
Houve muita confusão sobre ele no Brasil, sobretudo dentro do Candomblé.
Aqui passaram a crer que "Esu Bara" é Exu do corpo, mas na verdade essa informação não se confirma, Bara
significa sim corpo mas no caso de ESU BARA está palavra nada mais é que diminutivo de Elegbara que por sua
vez significa "poderoso".
Papawara, outro nome de Elegbara significa "muito veloz".
Outra grande confusão foi também o tal "Exu Marabo", que na verdade é Barabo, que vem a ser uma variação de
Elegbara.
Bara-bo significa "adorar Bara".
Outra confusão ainda maior foi criada dentro da Umbanda onde "Lebara" virou uma palavra voltada a Pombagiras,
e por isso muitos passaram a crer que Esu Elegbara é uma mulher, mas não é.
Elegbara é masculino.
Existem sim caminhos femininos de Esu mas Elegbara/Lebara/Bara/Barabo não é um deles.
Na Nigéria Esu Elegbara é cultuado em muitos lugares como a região Egba, Egbado, Ondo, mas principalmente
em Iworo (proximo a Badagry) onde se conta que ele quando em forma humana residiu lá dentro de um bosque
sagrado.
Elegbara como já diz o significado do nome é muito poderoso e reverenciado por fazer coisas maravilhosas e
conceder milagres aos seus devotos.
Há um verso sobre este Esu que diz assim:
"Esu dorme dentro da casa, mas a casa é demasiado pequena para ele.
Esu dorme no quintal, mas o quintal é minúsculo para ele.
Esu dorme dentro da casca da nós de Palma, e ali sim ele tem espaço para se esticar"
Elegbara anda com Orunmilá e compartilha dos conhecimentos dele.
Elegbara ama azeite de Dende e receber galos em suas oferendas.
Elegbara dança nas encruzilhadas.
Laaroye Esu Elegbara!

OGUN
OGUN ALAGBEDE
Ogun é a divindade Yoruba do Metal.
A palavra ALAGBEDE se traduz como FERREIRO, é o Orisa que criou a forja e o uso do metal.
Marido de Iyanla, Oyá e Ogunté, Ogun Alagbede dedicou sua vida a criar armas e ferramentas, por isso é
aclamado patrono da evolução por seus esforços em criar.
Ogun Alagbede criou a espada (idá) e o escudo (apata) para o guerreiro.

2
Ogun Alagbede criou o arco (Ofá) e a lança (Oko) para o caçador
Ogun Alagbede criou o arpão (Ipejaja) para a pesca.
Ogun Alagbede criou a faca (obe) parar o açougueiro.
Ogun Alagbede criou o rastelo (wiwun) para o fazendeiro.
Tudo que o homem usava para facilitar a vida veio de Ogun Alagbede.
Muitos tem a visão errada de que Orisa Ogun era um homem bruto que raramente usava o cérebro pois preferia
usar os músculos, mas não, Orisa Ogun era extremamente inteligente e muito criativo, além de ser esforçado.
Ogun sempre é relacionado a serpente MÓNÁMÓNÁ, uma Python muito reverenciada no culto deste orisa.
Ogun Ye!
OGUN ONIRE
Ogun Onire ou Ogunire é patrono da cidade de Ire em Ekiti na Nigéria.
A arte antes dessa foi de Ogun Alagbede, que é o famoso aspecto de Ogun enquanto ferreiro, já Onire é a
segunda das cinco qualidades de Ogun que farei nesta série e ele é o famoso aspecto de Ogun sendo guerreiro.
Onire, o mais famoso Ogun, mas atenção: Não confundam Ogun Onire com Ogun Onirá e Ogun Onile, estes
outros dois são qualidades diferentes de Ogun.
Ogun era Rei de Ire, um rei muito próspero e muito severo.
Por ser excelente guerreiro ele foi contratado pelo povo de Ondó para ir liderar o exército deles em uma guerra.
Para fazer isso, Ogun Onire entregou a chefia da cidade para seu filho mais velho e então partiu rumo a Ondó.
A guerra durou décadas, e quando Ogun retornou a Ire a cidade estava muito mudada, havia se tornado maior e
habitada por muitas pessoas desconhecidas.
Durante a ausência de Ogun, o filho dele organizou a cidade de modo próprio, e criou uma tradição que Ogun
desconhecia, a tradição do silêncio.
Durante as reuniões do conselho dos chefes da cidade ninguém falava, eles apenas se comunicavam com gestos.
Ogun quando chegou marchou rumo ao palácio e entrando em uma das salas encontrou os chefes, mas nenhum
disse nada.
Ogun falou com eles mas ninguém se comunicou.
Ogun muito irritado berrou com eles perguntando porque não o cumprimentavam, afinal ele era o rei.
Mas ninguém disse nada.
Ogun se sentiu desrespeitado.
Ah todos nós sabemos como é Ogun, e sabemos muito bem que ele não deve ser irritado.
Quem irrita Ogun perde a vida!
Ogun empunhou a espada e sem prévio aviso passou a matar todos os chefes, todos os que não falaram com ele,
e furioso decepava as cabeças.
Um dos chefes vendo o massacre berrou:
" Ogun Onire estamos em silêncio por ordem de seu filho!"
Ogun parou de matar e ouviu o que o chefe estava dizendo.
O chefe disse mais:
"Ogun Onire, muitos destes que tu matou eram seus netos!"
Ogun compreendeu.
Nenhum chefe ali quis faltar com o respeito, eles apenas seguiam a tradição que Ogun desconhecia.
Ogun olhou para os cadáveres que ele havia acabado de matar e soube de imediato que eram inocentes, e o que
pesou mais é que havia matado muitos netos que não conhecia pois tinha ficado muito tempo fora.
Ogun então tomou uma decisão, ele iria embora.
Ogun não ia embora de Ire ou da região Yoruba, não, Ogun decidiu ir embora do aye, abandonou a sua existência
humana.
O motivo de Ogun desejar sumir?
Ele amava o filho mais que qualquer coisa, e por mais que Ogun fosse muito valente ele não tinha coragem de
estar na presença do filho após ter matado os netos.

3
O amor de Ogun por seu filho o impelia a ir embora para sempre.
Antes de ir embora ele encontrou na entrada da cidade um ancião chamado Elepe, e este ancião deu a Ogun
inhame e vinho de Palma.
Ogun contou a Elepe tudo o que havia feito e do remorso que sentia.
Elepe apaziguou Ogun.
Ogun deu a ele o poder de representa-lo, fazendo de Elepe o seu primeiro sacerdote.
Orientou a Elepe que cultuasse dentro da cidade de Ire, mas que nunca, jamais, em hipótese alguma Elepe
deveria se encontrar com o filho de Ogun, pois Elepe representava Ogun.
Elepe aceitou isto, e Ogun disse mais:
"Diga a meu filho e ao povo de Ire que eu nunca os abandonarei, sempre que precisarem invoquem meu nome e
eu os protegerei".
Após isso, Ogun bateu a espada no chão e um grande buraco se abriu, ele pulou para dentro e em seguida a terra
se fechou.
Ninguém nunca mais viu Ogun.
Pelo fato de Ogun ter ido embora ainda vivo, todos nós saudamos ele com a expressão "Ogun Yee" que significa
"Ogun vive".
O filho de Ogun se tornou rei oficial de Ire e ele teve mais filhos, e todos por muita gerações tem sido reis de Ire.
Elepe se tornou o título do sacerdote de Ogun, e nenhum sacerdote até hoje ficou na presença do rei de Ire tal
como Ogun ordenou.
Todos respeitam o desejo de Ogun.
Nos mesmos aqui do outro lado do Oceano também devemos respeitar Ogun pois ele além de um Orisa é também
o ancestral de nossos ancestrais.
Ogun Ye!
Ogun esta vivo!
Respeito e submissão ao Orisa da guerra!

Número 7
OGUN MEJE
Ogun Meje significa literalmente "Sete Ogun".
Alguns também o chamam de Ogun Mejeje que significa "Ogun Sete Vezes".
Como podem ver o número 7 é sagrado para este Ogun.
Vamos entender o motivo:
A cidade de Ire é consagrada como principal local de culto a Ogun. Esta cidade foi constituída de Sete aldeias
menores, então a cidade de Ire mesmo sendo única ainda se divide em sete regiões.
Se conta que em cada entrada da cidade há um assentamento de Ogun, então todos dizem:
"OGUN MEJE N'ILE IRE"
(existem sete Ogun na terra de Ire)
As sete entradas da cidade são protegidas por Ogun Meje, ele é quem defende a região.
Onde está o Mariwo de Ogun Meje o mal não passa.
Onde esta o assentamento de Ogun Meje o mal não se aproxima.
Meje é valente e nunca abandona a vigilância para proteger seu povo.
Por este fato Ogun Meje no Brasil é frequentemente assentado nas portas dos terreiros de Candomblé.
Ogun Ye! Ogun Mejeje o!

Número 8
OGUNJÁ
Ogunjá é um título de Ogun que vem das expressões "Ogun Nje Aja / Ogun Ajaja" que significa:
OGUN COME CÃO

4
Isso é devido a uma peculiaridade no culto deste Orisa onde cães são sacrificados em oferendas.
Os cães só podem ser sacrificados de uma única madeira, a degola total, a cabeça tem de ser separada do corpo.
"OGUN PA TA K'ORI"
(Ogun mata arrancando a cabeça)
Ogun aprecia muito se alimentar de cães:
AJA L'ONJE OGUN
(o cão é a comida especial de Ogun)
Se conta em um Itan que Ogun certa vez quis entrar em uma cidade porém havia um cão na entrada cobrando
pedágio. Ogun então escondeu uma arma dentro das roupas e ao se aproximar do cão, Ogun pegou a espada e
degolou o animal.
Em outro itan se conta que Ogun quando ia trabalhar na fazenda levava consigo cães de caça.
Inclusive algumas estatuetas de Ogun tem representações de cães junto a ele.
Ogun Ye!

Número 9
OGUN OLODE
Aqui no Brasil existe muita confusão sobre "ODÉ", infelizmente aqui as pessoas pensam que Odé é Oxossi
(Osoosi), mas não, Odé é uma função, uma atividade.
ODÉ a palavra Yoruba para CAÇADOR
Não existe Orixa que se chame Odé, existe sim dezenas de Orisa que desempenham a atividade Odé, e o
primeiro deles é OGUN.
Ogun foi o primeiro caçador.
Ogun inventou o Ofá, se não fosse por Ogun os demais orixas não teriam essa ferramenta de caça.
Ogun também inventou todas as demais armas usadas por caçadores como lanças, arpões, facões e etc.
Ogun era famoso por sua surpreendente inteligência, criou técnicas e ferramentas para facilitar a caça.
OGUN ENSINOU OS CAÇADORES A CAÇAR E FUNDOU O EGBE-ODE (clã dos caçadores)
Por isso Ogun é chamado de Olodé.
OLODÉ é o título de LIDER DOS ODÉ.
Mas aqui no Brasil essa informação é difícil de ser compreendida porque as pessoas crêem que só oxossi é Odé,
então como Ogun seria lider de um grupo se este grupo só tem Oxossi?
Bom meus queridos para a surpresa de muitos, Osoosi é so um dos muitos Odé, inclusive todas as ditas
"qualidades de Oxossi" cultuadas no Candomblé são na África Orixas independentes (que não devem nada a
Oxossi). Na verdade o Orixa Osoosi não possui qualidades, todos nomes usados para definir as qualidades dele
pertencem a outras divindades.
Sei que pareço insistente frisando isso, mas é necessário, essa forma de culto onde todos os Ode são vistos como
qualidade de Osoosi empobrece muito a cultura e dificulta o aprendizado.
Prosseguindo:
Se conta que Ogun Olode foi professor de todos mas principalmente de seus três aprendizes principais que eram
Osoosi, Erinlé e Ijá.
Mas quantos Orisa Odé Existem?
Quantos estão sob a autoridade de Ogun?
Não sei ao certo, mas sei que são muitos. Vou citar alguns abaixo:
◆Odé Oreluere, o caçador funfun que veio do céu junto com Oduduwa.
◆Odé Onikule, que faz das montanhas sua casa.
◆Odé Oberuja, que não tem medo de briga.
◆Odé Osoosi que nasceu em Ijebu mas foi ilustre em Ketu.
◆Odé Igbo, que se esconde na floresta.
◆Odé Erinlé/Ibualama que é um pescador.

5
◆Odé Erinlé/ Iya Mokin, que é herbalista.
◆Odé Loogun Edé, que é herdeiro de Osun.
◆Odé Onisewe, que é favorito de Osanyin.
◆Odé Ajaiyn Pakó, que mata cães.
◆Odé Aküeran, que lida com carne vermelha.
◆Odé Koife, que é feroz.
◆Odé Otin, a formidável de Okuku.
◆Odé Kare, o leopardo.
◆Odé Labure, que traz fartura.
◆Odé Wawa, que é muito velho.
◆Odé Ogodo (Orisa Oko), que é fazendeiro.
◆Odé Obedu, que abastece Ifé.
◆Odé Danadana, que acende fogueiras.
◆Odé Oduleke, que é pai de Oyá.
◆Odé Ijá, irmão de Ogun.
Estes são os que conheço, mas com certeza existem mais.
Ogun Olodé é quem manda nos caçadores.
No meu desenho abaixo fiz Ogun usando uma espingarda, sei que para a maioria dos brasileiros isso não é algo
coerente mas na Nigéria é comum se por armas do tipo em assentamentos dos Orisa de caça.

Número 10
OSOOSI
Osoosi/Oxóssi/Osowusi é um Orisa muito popular mas antes de falar dele é preciso esclarecer alguns pontos que
vem sido ensinados para nós brasileiros e que são falsos:
1 - Não existem qualidades de Osoosi, a aglutinação de divindades no culto dele criou essa ilusão mas não se
confirma.
2 - O culto de Osoosi não está extinto na África.
3 - Nenhum africano jamais precisou vir para o Brasil reaprender o culto deste Orisa.
4 - Osoosi não é o único Odé.
5 - Osoosi não é pai de Logunede.
6 - Osoosi não é filho de Yemoja.
Aqui no Brasil existem muita confusão e equívoco no culto deste Orisa. Ele sofreu mútuo com a aglutinação de
outras divindades caçadoras que foram ditas "qualidades" dele mas que não são.
Eu irei desenhar e abordar varias destas divindades logo em seguida a Osoosi então tenham paciência e eu irei
explicar todas elas.
Agora vou falar detalhadamente do Orisa Osoosi SEM A INTERFERÊNCIA da cultura de outras divindades, ou
seja tudo que eu vou falar abaixo é SOMENTE DE OSOOSI e não tem relação com "Aküeran, Erinlé, Danadana,
Kare, Igbo e todas as demais divindades que erroneamente são cultuadas dentro do culto dele.
Isso está claro?
Ok, vamos lá:
Osoosi nasceu em Ikija, região próxima a Ijebu, mas é cultuado em Ketu, Ifé, Savé, Ilara, Abeokuta, Ibadan, Ire e
em muitas outras cidades pois é um Orisa muito conhecido.
Se conta que dentro das duzentas e uma Iyami haviam três que eram irmãs, eram elas Mepére, Bokolô e Bangbá.
As três Iyami fizeram uma promessa de nunca ter filhos e para sempre ficarem juntas, mas Bangbá não compriu,
ela engravidou e teve um bebê, Oso.
Oso foi criado junto a árvore de Bangbá, a sagrada árvore Apaoká (Mogno Africano) e a mãe ensinou a ele muitas
segredos.
Certo dia as Iyami se revoltaram contra o Ooni de Ifé e enviaram para atormentar o palácio um pássaro gigante.

6
O Ooni convocou diversos caçadores para matar o pássaro, mas nenhum conseguiu.
O último caçador foi convocado, era Osotokansoso, Oso o filho de Iyami Bangbá. Este era caçador de uma flecha
só, e ele com grande destreza matou o pássaro.
O Ooni muito satisfeito presentou Oso com o título de Alaketu, e o povo da cidade passou a chama-lo de Oso-Osi,
que significa "Oso é popular".
Desde então Osoosi se juntou a Ogun e aprendeu com ele toda a técnica de caça.
Posteriormente Osoosi socorreu Obatala quando ele estava em apuros e se tornou seu protetor.
Osoosi é o caçador mais famoso.
Como eu disse acima Osoosi não tem qualidades, mas ele tem títulos honoríficos como:
● ODÉ ALAKETU
ganhou este nome por ter sido muito influente na cidade de Ketu.
● ODÉ AJAGUNA
Que significa literalmente "Caçador guerreiro" por ter sido muito valente.
● OLOYE MEJI
Que significa "que tem muitos títulos", referencia as honrarias que este orisa carrega.
Osoosi é extremamente ligado a Ogun, Esu, Yemoja, Osun, Osanyin, Ayrá e Obatala, quando próximo a alguns
deles Osoosi incorpora símbolos e cores de cada um estando ora com roupas coloridas de Ogun ora com roupas
brancas de Obatala por exemplo.
Pela grande ligação com Ogun alguns dizem que eles são irmãos, mas isso é símbolo da grandes amizade entre
os dois já que na verdade cada um vem de uma família diferente.
Osoosi é caçador e guerreiro, Orisa que traz coragem prosperidade.
Odé Koke mao!
(O caçador grita alto)

Número 11:
ODÉ DÁNÀDÁNÁ
Antes de começar a ler eu preciso deixar claro alguns pontos que causam muita confusão no Brasil,
principalmente no Candomblé:
1 - Danadana não é qualidade de Osoosi. Orisa Osoosi não possui qualidades. Odé Danadana é um Orisa de
culto próprio. As pessoas que os cultuam como sendo qualidade um do outro é porque fazem a aglutinação
(mistura de tradições).
2 - Danadana não tem nada com Vodun Dan. Danadana é ligado a serpentes sim, mas no idioma Yoruba serpente
se diz "Ejo" ou "Ere". Dizer "Idan" para falar de serpentes é algo exclusivo do idioma Fongbe, (das tribos Fon) e
por isso a palavra dan não faz sentido para Danadana, até pq "Dan" em yoruba é uma sílaba interrogativa, usada
para formular perguntas.
Entendido?
Então vamos ao texto:
O nome de Danadana tem duas traduções, a primeira é "Fazer Fogo" e a segunda é "O Ladrão".
O primeiro significado "fazer fogo" vem de lendas onde este caçador fazia fogueiras na mata para afugentar os
animais que vinham em busca de roubar a caça que ele juntava nas clareiras.
O segundo significa "Ladrão" eu sei que parece ofensivo e desrespeitoso chamar um Orisa assim mas neste
especifico caso a conotação de "ladrão" não é uma ofensa e sim um elogio, pois há lendas que dizem que esse
Odé costumava usar de armadilhas na mata e nisso capturava muito mais animais que os demais caçadores,
então quando os outros vinham caçar eles não encontravam quase nada e acusavam Danadana de ser o "ladrão"
que roubava a chance deles terem boas caças. Nisso ser um ladrão era sinônimo de ser melhor que os outros.
Porém devo salientar que em outro contexto a palavra Danadana pode soar muito ofensiva, então cuidado.
Existem muitas lendas de Danadana, ele é muito famoso, mas a principal é a que ele conhece o Orisa Osumare:
Danadana vivia com Osun, sua amada.
Mas Osun se desgostava muito do comportamento dele.
Danadana não respeitava nada.

7
Havia um dia sagrado onde as pessoas não podiam trabalhar.
Este dia era reservado para o culto de divindades e por isso todos faziam silêncio.
Mas Danadana não se importava nem um pouco com isso.
Ele foi para a mata caçar mesmo com os avisos de Osun dizendo para não desrespeitar o dia sagrado.
Danadana foi.
No meio da mata ele ficava atento
Para tentar ouvir o som dos animais.
Então ouviu uma voz melódica cantando "Emi Kii Kan Eye Fun O Lati Pa Mi"
Que significa "Eu não sou um passarinho para ser morta por ti".
A voz era bela e Danadana passou a seguir o som até que encontrou uma grande serpente, e era a serpente que
cantava.
Danadana ficou muito surpreso, a serpente enorme não tinha uma cor exata, ela tinha todas as cores.
Ele sabia que não devia matar a serpente
Mas queria muito comer a carne dela
Então disparou uma flecha e a matou.
Danadana a levou a serpente para casa, a despedaçou, cozinhou e comeu.
Durante a noite ele sentiu dores no estômago e a dor era tão intensa
Que ele não suportava.
A serpente que ele havia matado era o Orisa Osumare, mas Orisa é imortal e por isso a serpente havia se
reconstituido dentro da barriga do caçador e estava rasgando as entranhas dele para se libertar.
Então Osumare rompeu o Ventre do caçador e saiu tranquilamente para fora, porém Danadana com o grave
ferimento faleceu.
Osun foi visitar o amado e o encontrou morto com o ventre vazado e o rastro da serpente que havia saído dele.
Osun se desesperou e clamou a Olodumare que ressuscitasse Danadana.
Osun é um Orisa muito importante
E por isso Olodumare aceitou
E trouxe Danadana de volta,
Mas agora ele não era mais homem,
Ele era um Orisa.
O Orisa Osumare vive no céu com Olodumare, mas toda vez que vem a terra Danadana é responsável por
protege-lo.
Danadana anda com Osumare, Osun, Oyá, Esu, Ogun, Osoosi e os demais caçadores.

Número 12:
ODÉ ONISEWE
Onisewe não é qualidade de Osoosi. Orisa Osoosi não possui qualidades. Odé Onisewe é um Orisa de culto
próprio. As pessoas que os cultuam como sendo qualidade um do outro é porque fazem a aglutinação (mistura de
tradições).
Existe uma grande polêmica sobre esse orisa no Brasil causada por uma enorme estupidez de algumas pessoas.
A polêmica é: Onisewe se veste de cor-de-Rosa.
Não é salmão, não é beje, é Rosa.
E as pessoas aqui no Brasil por influência Europeia vêem a cor rosa como feminina e então dizem que não é
adequado vestir um caçador com essa cor pois isso o torna "afeminado",
Porém o que o povo não se atenta é que:
ONISEWE NÃO NASCEU NA EUROPA
Ele vem da Nigéria.
Onisewe é Yoruba, e nunca precisou se render a costumes dos brancos Europeus.

8
Entre os Yorubas a cor rosa nada mais é que mais um tom na paleta do vermelho, para eles nunca foi "cor de
menina", é só mais uma cor.
Orisas como Ogun, Sango e outros também podem se vestir (e eventualmente se vestem) de Rosa sem
problemas já que não existe atribuição de gênero em cor de roupa para eles.
Quando forem cultuar Orisa tenham respeito pela ORIGEM deles e não fiquem querendo impor dogmas que não
correspondem a origem da divindade. O que os brancos europeus pensam sobre cores de roupa não interessa
nem um pouco para os Orisa.
Esta claro isso?
Agora sem mais delongas vou falar do Orisa:
O nome Onisewe (OONI S'EWE) se traduz como "que domina as folhas", ele ganhou este nome por ter sido um
dos mais sábios alunos de Osanyin.
Sim, Osanyin nunca restringiu o conhecimento que detinha, existe um grande número de Orisa que foram alunos
dele, por exemplo Igbo e Erinlé.
Por ser aluno de Osanyin ele adquiriu costumes iguais, por exemplo o hábito de se manter recluso a floresta e ter
rejeição por situações atribuladas preferindo o silêncio onde era mais fácil caçar e fazer as magias com as folhas.
Conheço apenas esta lenda:
Onisewe vivia sempre na floresta, gostava de estar sempre só.
Um dia encontrou na mata uma mulher, e a estonteante beleza dela o fascinou profundamente.
Ela se apresentou com o nome de Oyá, e ele que sempre havia sido de caráter bruto, surpreendendo a si mesmo
se viu tratando a moça com todo tipo de mimo e galanteio.
Mas Oyá em nenhum momento ofereceu mais que amizade.
Durante o tempo que permaneceram próximos ela deu a ele um presente muito precioso, o ensinou a fabricar um
pó vermelho chamado Arole, este pó tinha o poder de afugentar os espíritos dos mortos e os espíritos ruins, deste
modo Onisewe enchia seu cetro Erukere com o pó e então batia contra o corpo para se impregnar do preparado.
Oyá foi muito boa com Onisewe, mas ele ficou obcecado por ela, e então após alguns dias ela foi embora.
Oyá não esquenta lugar, ela vem e logo se vai.
Antes de partir ela deu a ele um manto cor de rosa, que era um dos tecidos com o qual ela se vestia e deveria
servir de recordação, em seguida se transformou em uma borboleta e sumiu voando mata a dentro.
Onisewe se vestiu com o manto que ela lhe dera, e passou a caçar borboletas na esperança de que um dia
encontrasse Oyá em uma delas.
Onisewe ostenta uma aparência suave, mas não se enganem, ele é arredio e áspero, não deve ser tratado com
desrespeito.
Por mais que a lenda das borboletas seja a mais conhecida, a borboleta não é o animal sagrado para este Orisa,
seu animal vem a ser o pássaro João-de-Barro, inclusive se tornou hábito colocar uma casinha de João-de-Barro
sobre o assentamento.

Número 13:
ODÉ LAGBURE (Laburê)
Lagbure não é qualidade de Osoosi. Orisa Osoosi não possui qualidades. Odé Labure é um Orisa de culto próprio.
As pessoas que os cultuam como sendo qualidade um do outro é porque fazem a aglutinação (mistura de
tradições).
"Òo kú o odé Lagburè, e màrìwò làjá kiní ilé òde Òo kú o kódé"
Lagbure vem da junção da plantas Nla + Gbó + Wure que significam literalmente Grande + prosperidade + sorte,
esta junção de palavras é usada para falar de um certo tipo de oferenda feita a Orisa Osun, o chamado presente
dado a ela em seus festejos é um Lagbure.
Mas porque este caçador leva o nome de Lagbure?
Ele na verdade carrega esta alcunha por ser a divindade que leva os presentes até Osun.
Se conta que em um determinado festejo dedicado a Osun os devotos prepararam um grande presente, um cesto
cheio de coisas que ela aprecia. No momento de entregar o presente as pessoas fizeram uma procissão até o Rio,
e ao chegar as margens temeram perturbar as águas e não ousaram mergulhar. Então clamaram que Osun viesse
buscar o presente, mas Osun não veio. Após algum tempo ouviram um voz feminina ecoar dizendo
"Ọmọ mí ní Ká Odò, Lagburè mí Ká Odò"

9
Que se traduz como "meu filho venha até o rio buscar o meu presente"
As pessoas observam um homem sair da mata, ele apanhou o presente de Osun na margem e e entrou com com
cesto nas águas de onde não saiu mais. Era um caçador da floresta, um dos muitos Orisa filho de Osun, ele ficou
conhecido como Odé Lagbure, o caçador que leva o presente.
Esta é a lenda.
Obviamente que o culto deste Orisa não se resume a ser apenas um fulano que carrega um balaio, claro que não,
ele tem sua função primordial em ser uma divindade da fartura de alimentos.
Lagbure é cultuado no intuito de ser um Orisa que da sorte a comida, fazendo com que o alimento nunca falte na
mesa dos que nele tem fé.
Por isso no Brasil alguns terreiros de Candomblé colocam o assentamento desse orisa na cozinha, que é um
hábito Brasileiro mas que faz todo sentido.
Lagbure é destoa do comportamento comum dos demais Odé, que são carrancudos e reservados, ele pelo
contrário é dócil e amável, seu culto segue um ritmo alegre e simples.
Pelo fato de no Brasil a falsa crença de Osun ter apenas um único filho muitas pessoas confundem Lagbure com
Logunedé. Porém Osun teve muitos filhos como Olose, Paroye e Lagbure.

Número 14:
ODÉ KARE
Kare não é qualidade de Osoosi. Orisa Osoosi não possui qualidades. Odé Kare é um Orisa de culto próprio. As
pessoas que os cultuam como sendo qualidade um do outro é porque fazem a aglutinação (mistura de tradições).
Odé Kare existe em conjunto com Osun Kare.
É uma situação complicada, então deve-se ter atenção nos detalhes desta dupla.
Os Orisa são divindades, ou seja são seres superiores e não humanos, mas algumas vezes encarnaram em
corpos humanos em um esquema similar ao dos "avatar" das divindades do hinduísmo.
A encarnação humana levava que a existência temporária deste orisa nesta forma física configurasse laços
específicos com outras divindades e pessoas.
Vou usar Osun como exemplo abaixo mas o que eu falar dela se aplica a grande maioria dos Orisa.
Orisa Osun originalmente em sua primeira encarnação nasceu na cidade de Igede, ela tinha família completa (irei
abordar isso quando chegar a hora de falar da qualidades de Osun), mas então o corpo humano de Osun morre.
Em seguida Osun nasceu novamente, agora com outro corpo humano e em outra família. Isso se sucedeu
repetidas vezes fazendo Osun ter inúmeros irmãos, pais, filhos e cônjuges diferentes, o grupo em que Osun se
inseria mudava de acordo com a encarnação que ela vivia.
O que Odé Kare tem haver com isso?
Em uma das encarnações de Osun ela foi gerada em "ibeji" ou seja, ela foi gêmea com outro ser, e este ser era
Odé Kare.
Durante esta encarnação de Osun ela foi extremamente apegada ao irmão sendo que em muitas cantigas não se
fala dela ou dele de forma separada mas sim se menciona "Ibeji Kare", os gêmeos Kare como uma coisa só.
Mas como eles nasceram?
Existe uma lenda que conta do casamento de Yemoja (Asesu) com Erinlé, um famoso caçador. O casamento era
um tanto conturbado, ja que os dois Orisa são muito parecidos e sempre brigavam, mas no meio de tantas rusgas
Yemoja ficou grávida, dali um tempo nasceram um casal de gêmeos.
Os gêmeos foram chamados de Karé.
"Ibeji karé"
a palavra "Karé" nada mais é que uma saudação, uma expresso de gratidão, vem da junção das palavras Ka + Iré,
significando "atitude benéfica".
A menina era encarnação da antiga divindade Osun, e o menino um novo Orisa caçador.
Não demorou muito para que Yemoja e Erinlé viessem a se separar, coisas muito graves aconteceram e não havia
como manter o casamento. Foi então que eles decidiram separar os gêmeos, o menino iria ficar com Erinlé e a
menina (Osun) iria ficar com Yemoja.
Os gêmeos se tornaram absolutamente infelizes separados, e por isso simultaneamente fugiram dos pais e se
encontram no meio do caminho entre as duas regiões que tinham vindo ficando juntos.

10
Existe uma outra lenda dos gêmeos mas que irei contar quando chegar a hora de desenhar Osun Kare (em
breve).
Eu sei que no Candomblé se foi usada a lenda de que o nome Kare vinha de uma aldeia, eu mesmo usei muito
esta mitologia tão popular nas nossas terras mas descobri que na Nigéria essa história de "aldeia kare" não existe.
Os gêmeos Kare eram famoso por serem caçadores e pescadores da região de Ijexa (Ilesa).
Por serem hábeis caçadores, o casal de irmãos é representado por Leopardos.
Odé Kare por ser gêmeo a Osun tem muitas características dela, como a beleza e a atração por coisas bonitas
(principalmente as de alto valor), o que o difere é que ao contrário dela ele é bruto, sério e recluso não
simpatizando com situações de muita exposição.
Ele se veste com cores como azul e dourado, mas ama a pele de leopardo e abusa deste tipo de estampa.

Número 15:
ODÉ ỌRẸLÚÉRÉ
Ọrẹlúéré ou simplesmente Odé Oré é um dos caçadores mais velhos, um dos mais ilustres, infelizmente pouco
conhecido no Brasil.
Se conta que Oduduwa foi o grande fundador, o patrono dos Yoruba. Quando Oduduwa veio do Orun ele trouxe
consigo uma comitiva de dezesseis Orisa, entre eles estava Ọrẹlúéré, o caçador.
Esta comitiva trazia muitos sábios vindos do céu como Obasin (Esu), Orunmilá, Ogun (Alagbede-Orun), Olokun
(Seniade) e outros.
Oreluere foi o primeiro deles a andar sobre a Terra e explorar a região onde o povo de Oduduwa iria habitar.
Era exímio caçador sabendo manejar o Ofá (arco e flecha) de modo único e atuando como um professor dos
demais Orisa caçadores.
Seu culto se deu em Ifé, onde ate os dias de hoje existe.
Este orisa também é famoso por ser o guardião da moral e protetor das tradições.
Mesmo tendo vindo a terra junto com Oduduwa, se conta que Oreluere se virou contra ele e partiu em defesa de
Obatala na disputa por Ifé.

Número 16:
ODÉ AKUERAN
Akueran é um Orisa Caçador que no Brasil foi sincretizado como qualidade de Osoosi.
Seu nome vem de
a - ku - ẹran
A+KU forma a palavra "matar"
ẸRAN significa "carne"
Este é um Orisa da região de Ketu, famoso por ser um caçador especialista em animais de grande porte,
trabalhava com carne vermelha.
Tem fama de ser velho mas bondoso.
Seu culto ocorre de madruogada onde lhe são ofertadas carnes cruas.
Se veste de vermelho e cores quente.

Número 17:
ODÉ AJÁÌYÌN PAKỌ
Ajaiyin Pako é mais conhecido no Brasil por "Onipapo", é um Orisa Caçador que no Brasil foi sincretizado como
qualidade de Osoosi.
Eu não tenho informações de como era o culto original deste Orisa em solo africano, mas sei que a finada Iyalorisa
Pulcheria do Terreiro de Candomblé Gantois cultuava esta divindade e que no nome dele fazia a cerimônia
chamada "Quartinhas de Oxossi" onde se louvam various orixas sincretizados como caminhos de Osoosi e outros.
Ajaiyin é cultuado em espaços abertos.

Número 18:

11
Odé Ínle / Erinle

Entendam que Ínle é uma curruptela do nome Erinlé, não é uma qualidade nem nada do tipo, Ínle é Erinlé, o que
ocorre é que em toda região Yoruba eles pronunciam o R com firmesa, mas na região de Okuku há um sotaque
diferente e isso torna a letra R quase impronunciavel de forma que Erinlé lá se fala "Einlé" ou simplesmente " Ínle".

Este Orisa era filho de Ainá.


Ainá é uma Iyami vermelha
Que dominava fogo.
Foi de Ainá que ele herdou os poderes.
Ele cresceu na mata
Sendo um poderoso caçador.
Sua especialidade era caçar
Os grandes Elefantes
E isso deu a ele muita fama
Por isso foi chamado de Erinlé
Que significa "terra dos elefantes".
Ele também era um ótimo pescador.
Na mata ele conheceu Osaniyn
E se tornou um aprendiz.
Muita coisa ele absorveu
Até se tornar um curandeiro
Tão bom quanto.
Osanyin para sempre foi
Um dos melhores amigos de Erinlé
E vendo o talento que ele tinha
O presenteou com um Osu (cajado)
Similar ao seu próprio.
Osaniyn tem um Osu chamado
Opa Orere e deu para Erinlé um igual
Para mostrar que ele era também
um Baloogun (Mestre em medicina natural).
O cajado de Erinle geralmente
É chamado de Opá Erinle ou Opá Inle
Mas o nome real dessa ferramenta
É Bojuto.
De tão poderoso esse cajado
Alguns dizem que ele se tornou
Uma divindade consciente
Que ajuda Erinle na medicina
E na feitiçaria.
Em seus trabalhos como Baloogun
Erinlé desenvolveu um feitiço próprio
Chamado Ejaaro
Que é um pó feito do couro de
Determinados peixes

12
E usado para curar doenças.
Erinle foi marido de muitos Orisa,
Ele se casou com Yemoja (Asesu)
E ela gerou dois filhos com ele,
Os famosos gêmeos Karê.
Ele se casou também com Osun (Iponda)
E com ela teve um filho, Logun Edé.
Ele teve um breve romance com Obá
E dessa relação também foi gerado
Uma filha, Osía.
Se casou com Otin
Mas não tiveram filhos.
Por fim ele se casou com Iya Abatan
E com ela vive até hoje.
Existem dois Orisa que ajudam
Erinlé em tudo, são eles Asipelu e Jobia.
Erinlé é famoso em muitas cidades
Mas a principal é Ilobu
Pois ele ajudou o fundador.
Se conta que Ayonu era o
O herdeiro do trono de Nupe
Mas que havia sofrido um golpe
E seu reino lhe foi usurpado.
Ayonu fugiu para longe e tentou
Viver como caçador
Mas não tinha talento.
Foi então que ele conheceu Erinlé.
Erinlé era um caçador muito
Hábil mas nunca dizia seu nome
Dentro da floresta pois sabia
Que atraia má sorte.
Ele se apresentou a Ayonu
Se dizendo chamar Awe.
Erinlé percebeu que Ayonu
Não era bom caçador
E quis ajudar ele.
Ele levou Ayonu para seu palácio
Subterrâneo, pois Erinlé mora
Em baixo da terra.
Ele bateu a mão no solo e uma passagem
Se abriu direito para o palácio
Nas entranhas das rochas.
Ayonu se maravilhou
E pediu a Erinlé que o ajudasse.
Erinlé disse a Ayonu que se

13
Ele jurasse cultua-lo e fizesse
Constantes oferendas
Ele lhe daria um reino muito
Próspero e o protegeria
Dos inimigos.
Ayonu aceitou
E em pouco tempo ele fundou Ilobu.
Tal como Erinlé prometeu
A cidade de Ilobu nunca
Sofreu com guerras.
Até hoje ele é louvado lá
E sempre dizem que Ilobu é
A cidade de Erinle.
Tempos depois a cidade de Okuku
Estava sendo atacada
E Otin que era uma grande guerreira
Lutava para denfender o lugar.
Erinlé foi até lá e se juntou
A ela na defesa de Okuku.
Otin e ele se apaixonaram
E se casaram.
Anos depois eles tiveram uma
Seria briga e ele quis se separar.
Otin que era um Orisa
Decidiu deixar a forma humana
E se tirou um rio.
Até os dias de hoje o Rio Otin
Corre na cidade de Okuku.
Erinlé continuo sua vida
Vivendo muitas aventuras
E ficando cada vez mais famoso.
Ele quando envelheceu
Foi para uma aldeia próxima a Ilobu
E decidiu viver em paz e sozinho.
Um dia houve um roubo
E acusaram Erinlé de ser o ladrão.
Era mentira, ele era honesto
E nunca havia roubado ninguem.
Ele foi difamado e humilhado
E isso o deixou muito triste.
Ele viu que ja não queria viver
Entre os humanos e abandonou
Sua forma física.
Quando os filhos de Erinle
Foram visita-lo eles não o encontraram

14
Mas na casa dele acharam
Um jarro cheio de agua.
Ao chamarem o nome de Erinlé
O jarro transbordou e água correu
Para a floresta formando
Um grande rio, o Rio Erinle.
Ele se tornou a divindade do rio.
Quando ele está nas partes razas
Ele é gentil
Mas quando está nas partes profundas
Ele se auto intitula "Ibualama"
E ameaça matar qualquer um
Que entre na água.
Erinlé é um Orisa muito bom
Mas quando está em sua forma
Ibualama ele se torna muito cruel.
Por ser muito famoso o culto deste
Orisa se espalhou por várias cidades
Da Yorubaland.

OBALUAYE
Obaluaye, o rei da terra.
Ele é um Orisa grandioso
E muito conhecido
E nisto o povo lhe deu
Muitos nomes como
SANPANNA, OLODE, OMOLU,
AJAKAYE, BABA AGBA,
ALAJOGUN, JAGUN, ALAGBADA,
WARIWARUN, OKEKE, ANIRI ILEWE
Entre outros.
Se conta que Obaluaye nasceu
Na região de Tapa
Filho de uma mulher muito rica.
Quando adulto percorreu
Muitas cidades e reinos se tornando
Famoso em todo canto.
O povo sabe quem é Obaluaye.
Ele é o sol do meio dia
O pó da terra
E a angústia dos enfermos.
Obaluaye é contagioso.
Ele é bonito como um príncipe
E violento como o guerreiro.
Obaluaye é silêncioso

15
Não gosta de barulho
Não gosta de bagunça.
Obaluaye é conhecido de Ifé até Dahome.
Ele é quem se casou com mulheres muito belas.
Obaluaye é vermelho como sangue.
Obaluaye é roxo como os mortos.
Orixa muito temível
A qual se deve apaziguar.
Obaluaye ama Comer Guguru, a Pipoca
E com elefaz seus milagres.
Ele ama saborear o peteki na casa de Oxum.
Ama a carne do cabrito.
Obaluaye é Sanpanna na terra.
Ele bebe vinho no lugar de água
Ele é quente como o fogo.
Em Obaluaye estão todas as doenças
E nisto só ele as pode curar.
Obaluaye é um médico
Mas ao contrário de Osaniyn e Erinle
Que usam a natureza para curar,
A cura que Obaluaye realiza
Vem dele mesmo.

Atoto Obaluaye
Kabiyesi! Agba o!

Obaluaye
Orisa quente.
Obaluaye é Sanponna.
Sanponna existiu antes de Obaluaye.
Obaluaye surgiu de Sanponna.
Senhor do sol do meio dia.
Orisa rubro, Orisa púrpura.
Filho de Opará.
Obaluaye Olutapá!
Obaluaye é chamado de OLODE.
Olode significa "senhor do lado de fora", do espaço aberto.
Obaluaye é quem anda no sol Causticante sem se queimar.
Ele que esta na rua vestido de vermelho ou roxo.
Ele é gbona, febril.
Ele é quem socorreu Sango.
Sango é conterrâneo de Obaluaye
E por isso dizem que são irmãos.
Se Sango come, Obaluaye também come.
Abao! Abao! Ele cura.

16
Obaluaye é rei é forte
Obaluaye não se esquece.
Quem ofende a Obaluaye
Pode esperar que ele virá
Dar a paga por isso.
Amarga é a paga a de Obaluaye.
Ele usa uma vassoura de palha
Chamada Sasara (xaxará).
Ele usa setas de cobre para atingir
Os inimigos.
Quem é atingido perde a visão.
Obaluaye é senhor do verão,
Da estação mais quente do ano.
Orisa que pode curar.
Orisa que pode matar.

Osumare nasceu.
Mas quem era a sua mãe?
Uns dizem que era Olojá
A dona do mercado.
Outros dizem que era Omolu
A senhora de duas nações.
Oloja ou Omolu?
De qual das duas ele nasceu?
Osumare não era filho de uma
mulher comum
Ele era filho de Orisa.
A mãe de Osumare deu a ele
O poder de se transformar em Serpente
E por isso o chamavam "ARAKÁ"
Que significa "corpo sinuoso".
Cada cidade disse que Osumare
Teve uma mãe diferente
Mas todos os nomes são de Orisa.
Osumare era um homem muito belo,
Esguio, charmoso.
Vivia bem vestido e ornado com
Belas jóias.
Osumare era um homem muito sábio
Falava de tudo e gostava de aprender.
Foi então que conheceu um que era
Mais sábio do que ele,
E este era Orunmilá.
Orunmilá se afeiçoou a ele
E o chamou para ser seu aprendiz,

17
E tempos depois Osumare
Se tornou um Babalawo.
"Pai do Segredo"
Muito sábio ele logo conquistou
Fama e prestígio.
O rei de Ifé soube dos grandes
Poderes divinatórios de Osumare
E ordenou que ele fosse seu
Babalawo pessoal.
Osumare não podia recusar,
Não era bom afrontar o rei.
O rei era avarento, ele não pagava
Os serviços de Osumare,
Dizia ele que era um privilégio
Para Osumare servir alguém
Como o rei de Ifé,
E que isto ja era boa paga.
Porém Osumare tinha familia,
Sua esposa Ijoku estava
Aflita sem recursos.
E ele precisava sustentar o lar.
Assim Osumare passou a atender
As pessoas da cidade,
E os pobres lhe pagavam mais
Que o avarento rei.
Era segredo, ele atendia os pobres
Mas não queria que o rei soubesse
As pessoas maldosas foram
Relatar ao rei o que Osumare fazia.
O rei soube que seu Babalawo
Pessoal estava atendendo os
Plebeus e se zangou,
Disse que não queria mais
Osumare dentro do palácio.
Osumare ficou muito preocupado,
Ele sabia que se o rei o difamasse
O bom nome que ele havia conquistado iria cair na lama.
Mas antes de isso ocorrer
A Rainha Olokun Seniade
Desejou falar com Osumare
E para isso enviou um mensageiro
Ao palácio do Rei de Ifé.
Là o mensageiro soube que
Ele já não trabalhava mais para o Rei.
O mensageiro procurou por toda

18
A cidade até encontrar Osumare,
E assim que o encontrou o levou
Para ver a Rainha Olokun.
A Rainha pediu que Osumare
A orientasse em como ela devia
Prosseguir em sua vida.
Osumare cheio de sabedoria
Deu excelentes conselhos e
Usou de seus métodos para
Relevar o futuro.
A Rainha ficou impressionada
Com as palavras que ele falava,
A maior preocupação da Rainha
Era se teria filhos e se a vida dos
Filhos sería boa
E Osumare revelou que sim,
Que ela teria filhos fortes e
Que seria muito feliz.
Olokun Seniade não era somente
Uma Rainha, era ela tambem Orisa.
Como pagamento ela deu a Osumare
Muitos búzios, e esta concha virou
O símbolo que ele ostenta.
Olokun deu também um tesouro,
Ela o presenteou com um manto
Que tinha sete cores,
E no momento que Osumare o vestiu
As cores refletiram no céu
Formando o primeiro arco-iris.
Osumare naquele momento se tornou
Um Orisa.
Ele serviu durante muitos anos Olokun
E quando Olokun se foi para o mar
Ele esteve em auxílio de Yemoja
E também serviu a Sango
Dentro do palácio de Oyó,
Porém Sango não deu ouvidos
As palavras de Osumare
E nisto ele se acabou em tragédia.
Muitos reis e rainhas foram
Bem aconselhados por Osumare.
Osumare era agora muito poderoso.
Os poderes que Olokun lhe dera
Se ampliaram muito.
Ele não gostava de chuvas excessivas.

19
Osumare carregava consigo um
Facão de cobre e sempre que o céu
Estava chovendo em demasia
Ele apontava a lâmina para cima
Fazendo a chuva parar e o
Arco-iris aparecer.
Sempre que o arco-iris aparecía
No céu após uma chuva as pessoas
Saudavam Osumare.
Todos os Orisa são emissários de
Olodumare, o Deus maior.
Um dia Olodumare teve problemas
Em sua visão, ele viu coisas
Muito ruins que os seres humanos
Faziam na terra e a maldade
Dos homens feriu os olhos do
Grande criador.
Todos os Orisa foram até ele
Mas nenhum conseguiu restituir
A visão perdida.
Foi até que Osumare subiu ao Orun
E com sua luz restaurou a visão
De Olodumare.
O grande Deus ficou muito satisfeito
E convidou Osumare para morar
Com ele no céu.
Até os dias de hoje Osumare vive
No Orun e só vem a terra para
Visitar seus amados filhos.
Osumare é o lider de todos
Os Orisa Serpente!

Osumare Gbe mi o!

Nanã Buruku
Anda com o queixo erguido.
Nanã é meio a meio
Meio Nanã meio Buruku
Meio branco meio azul.
Aos pés de Nanã
Se ajoelha Yewa
Pedindo a bênção
Daquela que a mais velha
Entre todas.
A mãe de Yewa é Moje,

20
Mas Nanã é como se fosse sua mãe.
Nanã Buruku dizem
Que sabe falar duas línguas,
Ela fala fon
Ela fala yoruba.
Nanã Buruku dizem que não gosta
De Sangue em sua casa.
Nanã Buruku dizem que é velha
Mas é muito bonita.
Naná l'ewa! Nanã é belíssima!
De Nanã surgiu Osumare.
A serpente descansa colo de Nanã.
Nanã é Anabuku?
Nanã é Omolu?
Nanã e Buluku?
Nanã é Ananu?
Nanã é Brukung?
Não sei quem é Nanã
Ela pode ser tudo isto.
Ela pode ser nada disto.
Nanã é muito velha
Não se sabe de quem nasceu,
Nao se sabe nada.
Quando os Orisa desceram do céu
Nanã já estava aqui.
Osun conhece Nanã.
Yemoja conhece Nanã.
Obaluaye conhece Nanã.
Mas entre todos tem um que
A conhece bem, este é Ogun.
Nanã Buruku é severa
Mas não mostra isto.
Tal como a cobra boca-de-algodão
Nanã morde sem que se sinta
E envenena sem que se de conta.
Nanã é só sorrisos.
Sempre sorri
Mesmo no funeral Nanã sorri.
Senhora que manda o espírito do
Morto para o lado de lá.
Senhora que abriga o cadáver
Na terra.
Obiwa! Obiwa Nanã Buruku!
Poderosa senhora das mulheres!
Nos que conhecemos seu nome

21
Não pronunciamos em vão.
Nem dentro da casa,
Nem caminhando na rua.
Oluwa! Ela é filha de Deus.
Nanã Buruku seja bendita
Todos os dias.

YEWA
A Dama das Serpentes

Ha muito tempo que eu não homenageio Yewa em minha arte, mas agora trouxe mais uma vez um desenho dela.
Na imagem ela está tocando Kora, que é uma harpa africana que existe em muitos países mas na Nigéria se
conta que vem desde a época dos Nok (aproximadamente mil anos antes de Cristo).

Yewa é um Orisa ligado a Beleza, arte e cultura.


Tudo que é belo ela se apraz.
Ela era muito sábia.
Yewa é filha de Obatala e Moje
E nisto era uma pessoa muito importante.
Orisa Baromú é quem criou Yewa desde pequena.
Yewa é a senhora de rio
Na região Egbado.
Mesmo sendo um orisa de água
Na africa ela também é famosa
Por dominar o fogo.
Ela foi esposa de Orunmilá, Obaluaye e Jagun Elefon.
Yewa é amiga íntima de Nanã.
Yewa tem muitos nomes
Ela é chamada de
Yewa Akanakan
Yewa Salami
Yewa Binoyé
Yewa Giran
Yewa Gebeuyin
Ela é o orisa que se torna serpente.
Yewajobi! Este é o verdadeiro nome de Yewa.
Ela foi o orisa que sacrificou
A própria vida em prol do bem dos filhos.
Yewa é parte do grupo dos Orisa serpente
Pois ela se transforma em uma
Serpente aquática.
Ela é a serpente que esconde tesouros
No leito do rio.
Yewa é uma feiticeira.

22
AGANJÚ SOLA
Há tempos vocês me pedem para fazer uma nova arte de Aganjú, e agora chegou o momento!

Aganjú no Brasil foi sincretizado como sendo uma "qualidade" de Sango, mas isso é falso, Aganjú é um Orisa
independente com culto próprio.
Ele é sim parente de Sango, ora visto como sobrinho ora citado como irmão caçula ou primo.

Vou contar um pouco sobre esse Orisa:

Aganju é um Orisa, sempre foi.


Ele é muito velho, existe desde
O início do mundo.
Porém ele encarnou em um corpo
Humano uma vez sendo que
Nasceu na família descendente
De Oduduwa calhando a vir
A ser um dos Alaafin de Oyó.
A família de Oduduwa teve
Muitas encarnações de Orisa
Como Ogun, Sango, Bayanni e outros.
Oyó teve muitos Reis.
Os Reis de Oyó são chamados Alaafin.
O primeiro Alaafin foi Òrànmíyàn,
O fundador do reino.
O segundo Alaafin foi Dadá Ajaka,
Que perdeu o trono por um golpe
De estado dado por seu irmão Sango.
Sango foi o terceiro Alaafin,
Mas seu reinado durou pouco.
Sango também era encarnação
Humana de um Orisa.
O quarto Alaafin foi Dadá Ajaka
Que recuperou o trono.
O quinto Alaafin foi Aganju Solá.
Aganjú foi um rei muito próspero
Famoso por ser vaidoso
E por criar um leopardo dentro
De sua própria casa
E ter domésticado este
Animal selvagem.
Ele era chamado por vários títulos como
Ekun Feninjú Tanná (Leopardo de olhos flamejantes)
e
Ekùn Olóju Iná (Leopardo dos olhos de fogo) .
Aganjú quando passou por Saki

23
Conheceu Yemoja e se casou com ela.
Ao passar pelo território de Osun
Ele também a desposou
Porém foi na princesa Iyayun
Que ele encontrou o verdadeiro amor.
Aganju era um homem muito alto
E de beleza notória
Que encantava a todos com sua aparência
Ao mesmo tempo que amedrontava
Com sua bravura.
Aganju não aparentava
Mas era um homem muito emotivo.

● Agora para evitar confusões listo aqui as principais diferenças entre Orisa Aganjú Sola e Orisa Sango:

Sango é um Orisa dos raios e do fogo.


Aganju é um Orisa do fogo e da terra.

Orisa Sango Já existia antes de encarnar no corpo humano de Alaafin.


Orisa Aganju também existia antes de encarnar no corpo humano de Alaafin.

Sango foi marido de dezesseis esposas mas as mais famosas são Oyá, Obá e Osun.
Aganju foi marido de também muitas esposas mas as famosas são a Princesa Iyayun (que foi rainha regente de
Oyó) Yemoja (Asesu) e Osun (Ajagura).

Sango usa Ose (machado duplo) e Okuta (pedras) como armas.


Aganju usa um Aké (machado de uma unica lâmina) Oko (lança) e Idá (espada).

Sango come carneiro.


Aganjú come bode castrado
(ÒDÁ Ẹ BỌ ŞE AGANJÙ JẸ UN - o sacrificio castrado é o que Aganjù come).

Sango gosta de metal alaranjado (cobre).


Aganju gosta de metal dourado (bronze/ouro).

O colar (ileke) de Sango é de contas vermelhas ou as vezes vermelho intercalado com branco.
O colar (ileke) de Aganju é colorido, se usa muito vermelho, azul, verde, amarelo, branco e marrom.

● Agora algumas curiosidades sobre Aganju:

Na ponta da lança ele traz um coração humano espetado (simbolizado em suas ferramentas por algo de formato
similar ou para os mais modernos da diáspora um "♡").

O machado de Aganju possui uma só lâmina e do lado oposto um formato em espiral.

24
Aqui na Diáspora dizem que Aganju é um Orisa dos vulcões porém não existem vulcões nas terras de Aganjú, e
seu culto na África nunca foi ligado a isto.

Os assentamentos de Aganju levam um ferro em um formato similar a letra " f " cravado de argolas.

Na região de Igboho a Iyagba Obá também é citada como esposa de Aganju.

Iyayun foi a esposa que ele mais amou, tanto que guerreou contra o pai dela Onisambo que negava permitir o
casamento. O primeiro herdeiro de Aganju se chamava Lugbe, mas ele demonstrou interesse sexual por sua
própria madrasta Iyayun tendo inclusive tentado violenta-la. Aganju sabendo disso o condenou a pena morte
matando então seu próprio herdeiro. Iyayun gerou um segundo filho, Kori. Quando Aganju morreu Kori ainda era
uma criança e por isso Iyayun subiu ao trono como rainha regente sendo uma "imperatriz" de Oyó até o filho ter
idade para assumir.

A causa da morte de Aganju foi uma profunda depressão causada pela morte de seu filho Lugbe, o que o fez
definhar e falecer em poucos meses.

Após sua morte ele foi confirmado como encarnação humana de Orisa.

Kabiyesi! Alayelu'wa Aganjú Solá!

ONIRA
OYÁ ONÍRA,

Oyá foi o nome que ela ganhou


Quando foi elevada a posto de Orisa,
Pois Oyá significa "rachar ao meio"
E se refere a aos poderes destrutivos
Que ela possuia, mas antes disso
Ela era conhecida pelo nome
Humano de Princesa Akanbi.
Akanbi era uma mulher Nupê,
Era princesa por se bisneta de um
Famoso rei chamado Elempe.
Oyá descendia da mesma família
Que Sango, por isto muitos
Diziam que Oyá e Sango eram
Primos pois ela era neta de Torosí.
Oyá Akanbi morava em Irá
Que era um pequenino reino no
Território de Kwara.
Ela tinha grandes poderes,
Fazia prodígios de todo tipo
Todos diziam que ela era uma
Feiticeira e que havia aprendido
A fazer coisas mágicas com sua
Familia materna de Nupê.

25
Se conta que havia nela um
Caráter ambíguo, pois ela
Podia tanto fazer o bem
Quanto fazer o mal
Ajudando algumas pessoas
E prejudicando outras
Sempre a procura de fazer justiça.
Oyá dava as pessoas
O reflexo delas mesmas
Portanto o homem maldoso
Ganhava de Oyá somente infortúnios
Enquanto o homem bondoso
Ganhana de Oyá somente bênçãos.
Oyá fazia grandes tempestades
E controlava o clima de toda região,
Ela trazia chuva para as plantações
E garantía fartura ao povo.
Era também chamada de
Ayaba Niku, que significa
Rainha da Morte
Pois ela tinha poder também
Sobre os espíritos dos mortos.
Mas vivía solitária dentro
De sua floresta sagrada,
Ela se casou com Ogun mas
Não foi feliz, teve de voltar
Para a mata onde sentía paz.
Um dia Oyá se cansou de sua
Solidão e então fez um enorme
Redemoinho de vento no qual entrou
E assim desapareceu das terras de Irá
Logo em seguida este mesmo
Redemoinho apareceu em Oyó,
De onde Oyá surgiu.
Ali ela conviveu com Sango e
Ele não resistiu aos seus encantos.
Oyá acabou por se tornar
Uma de suas esposas.
Sango era um Rei que vivia
Sempre em guerra
E então na ocasião de um golpe
Ele teve de fugir de sua casa,
Foi exilado em Tapá.
Oyá seguiu Sango por muito tempo
Mas ele não resistiu a perda do trono

26
E acabou por se suicidar.
Após isto Oyá retornou para Irá
E seu espírito habita até hoje
Dentro da floresta sagrada
E nas águas do Rio Níger.
Oyá da cidade de Irá é Oyá Oníra.
Entre suas muitas ferramentas
Está um jarro de água que nunca seca
E por mais que se retire agua dele
Ele jamais esvazia,
A água deste jarro é miraculosa
As pessoas que precisam de ajuda vão
Beber para que Oyá os abençoe.
Oyá Onira vive com seu leque em
Suas mãos e com ele
Comanda os ventos!
Efufulele ti i da igi l’oke!
(Vendaval que derruba árvores!)
Eepa Heiy!

Agora uma breve explicação, fora Oyá Oníra existem mais duas divindades que vieram de Irá e também são
chamadas de Oníra, uma delas é Ogun Oníra (não confundir com Onirê) que foi Rei de Irá e a outra é Ayaba Oníra
que foi Rainha de Irá.

Onira se parece como uma princesa


E de fato um dia foi uma
Mas os caminhos dos Deuses
Sempre se inclinam para o Alto.
Onira é uma das muitas encadernações de Oya
Que é uma Deusa muito antiga
Deusa do rio Niger.
Onira foi uma mulher chamada Akanbi
Que era poderosa feiticeira da cidade de Irá na Nigéria.
Onira era Akanbi mas tinha Oya dentro de si.
Oya é brava
Mas quando se chama Onira ela disfarça
É tao bonita quanto Osun
É tão sanguinária quanto Ogun
Ela dança entre as borboletas
E monta no seu bufalo para se embrenhar na mata
E ir atrás de Oko.
Oya é brava mas também é benevolente
Ela tem um jarro de água que nunca seca
E um leque para mandar os ventos ruins embora.
Oya Onira é aquela que quando calma é uma brisa de verão
Mas quando furiosa faz o vendaval arrancar as árvores do chão.

27
Se sauda Oya com "Eepa"
Mas se ela se chama Onira se pode dizer "Oriri o"
Que significa "ela é charmosa".
Oya é uma Deusa magnífica
Deusa Africana da pele preta como o ébano
De porte majestoso e temível.
Oya não nem boa nem má
Ela é o reflexo de quem a procura.
Oya Onira é mãe
É uma Ayaba e também uma Iyagba.
Que seja louvada todos os dias

Na África a saúdam : Eepa Oya Oke Onira o!


Em Cuba saúdam: Máa fá èrè fún Oya!
No Brasil saúdam: Eepa heyi!

OYÁ GUERÊ

Guerê (Geerè) é uma palavra que significa "agilidade" ou "fluidez".


O termo "Ọya Geere" pode ser traduzido como "Oyá sem empecilhos".

Esta Oyá é parte do grupo Igbalé, e mesmo que todos saibamos que este tipo de Oyá se veste de banco, existe
um hábito aqui no sudeste do Brasil de vestir ela com tons claros de rosa.

Oyá Ajalorun
Dona dos ventos que sopram no céu.
Oyá Geere é Ajalorun.
Se conta que Oyá era muito nervosa,
E que ninguém conseguia
Fazer com que ela ficasse calma.
Oyá estava sempre nervosa,
Qualquer pessoa que a desafiasse
Acabava muito ferido.
As pessoas tinham medo de Oyá,
E então a aconselharam a ir
No mercado comprar um escravo.
O escravo respeitaria Oyá
E falaria por ela.
Ele diria as pessoas que
Não era seguro perturba-la.
Assim ela não se aborreceria.
O escravo zelaria pela paz de Oyá.
Oyá foi até o mercado e comprou
Um rapaz para ser seu escravo.
Ehin, Erú de Oyá.

28
Ela não gostou do nome de Ehin.
Ehin significa "dente".
Oyá pensou ter entendido errado,
E o chamou de Heyi.
Pensava ela "ninguém pode se chamar Ehin, deve ser Heyi".
O escravo fazia tudo para Oyá
Mas ela continuava nervosa.
Então quando as pessoas viam
Que Oyá estaca se aproximando
Elas gritavam "HEIY!"
Para que ele viesse falar por Oyá.
Eepa Oyá! (Se acalme Oyá!)
Eepa Heyi! (Heiy a acalme!)
Toda pessoa que serve a Oyá
Sabe que quando ela se aproxima
Se grita Heyi!
E Oyá chama de Heyi todo
Aquele que a serve.
Eepa Heiy Oyá!
Ela é brava!
Oyá quebra as árvores
Usando seu vento! Eepa Heyi!
Oyá cospe fogo! Eepa Heyi!
Ela afasta os raios! Eepa Heyi!
Oyá grita até ficar vermelha!
EEEEEPA HEEEEEEYI!!!!
Oyá grita dentro da casa!
Oyá kooro nílé ó geere-geere
(Oyá tiniu na casa incandescendo brilhantemente)
Oyá kooro nlá ó gẹ àrá gẹ àrá
( Oyá tiniu com grande barulho afastando os raios)
Obírin șápa kooro nílé geere-geere
( Mulher arrasadora que ressoou na casa sensualmente e inteligentemente)
Oyá kíì mọ rẹ lọ
(A Oyá cumprimentamos para conhece-la mais.)
Eepa Heyi!

OYÁ GAMBELÊ

Gambelê é uma curruptela do nome original dela, que é "Gẹ-ngbélé" e significa algo como "residente" ou
"morador", no caso simbolizando que Oyá mora dentro da casa que a cultua, ou seja ela reside nela. É uma Oyá
muito maternal. Nessa série de desenhos eu tenho mostrado varias faces de Oyá, desde terríveis feiticeiras até
princesas vaidosas, guerreiras ou caçadoras, mas está Oyá Gambelê é uma "mamãe".

Se conta que o sonho de Oyá era


Engravidar e ter muitos filhos,

29
Mas ela não conseguia.
Uns dizem que ela era esposa de Ogun
Outros dizem que era esposa de um
Caçador.
Ela queria muito ser mãe
Mas nunca conseguia.
Desde muito nova ela tentava
Mas jamais segurava criança
Em seu ventre.
Foram abortos atrás de abortos
E ela se sentia muito triste.
Até que a aconselharam a ir
Consultar Ifá para saber
O que corría.
Oyá foi até Orunmilá pedir ajuda
E ele consultou Ifá para ela.
A resposta foi que a dieta de Oyá
Era o que lhe causava os abortos.
Oyá tinha predileção por três
Alimentos que lhe faziam muito mal
E ela não percebia.
O primeiro alimento era a carne
De carneiro
O segundo era a abóbora
E o terceiro era a carne de arraia.
Orunmilá disse que se ela
Nunca mais se alimentasse disto
A irritação de seu útero iria se curar
E ela geraria muitos filhos.
Oyá atendeu a isto
E em pouco tempo engravidou.
Uns dizem que ela teve
Nove filhos de Ogun,
Outros dizem que teve dezoito
Filhos do caçador.
Estes tres alimentos se tornaram
Tabú para ela e para todos
Que a cultuam.

"OYÁ KARÁ"

Esta é a Oyá mais famosa de todas, mundialmente conhecida por ser a esposa de Sango.
Por ser largamente conhecida ela é a Oyá que possui o maior número de mitos. Eu aqui vou fazer um apanhado
de algumas histórias e contar elas juntas como se fosse uma única lenda.

30
Esta Oyá no Brasil se veste de vermelho, em cuba usa uma saia com as sete cores do arco-irís e na Nigéria usa
geralmente vermelho escuro, vinho ou marsala, por isso eu fiz o desenho dela com varios tons para abranger
todas as culturas onde ela existe.

Esta Oyá só existe ao lado de Sango.

Se conta que a principio Oyá


Morava longe
Ela vivia na cidade de Irá.
Lá ela ja era um feiticeira poderosa.
Oyá um dia insatisfeita
Se tranformou em um enorme
Redemoinho de vento
E dentro dele desapareceu das terras
De Irá aparecendo então
Nas terras de Oyó.
Oyá era parente de Sango
Mas não o conhecia.
Ambos tinham descendencia materna
Da familia real de Nupê
Mas nunca haviam se visto.
Sango era Rei de Oyó
E tinha duas esposas,
Uma era Obá Yamú
A outra era Osun.
Sango era bem cuidado
Por Obá
E era muito orgulhoso por ter
Se casado com a famosa Rainha Osun,
Mas mesmo tento duas deusas
Dentro de sua casa ele ainda
Sentia falta de amor.
Foi então que Sango conheceu Oyá
E ficou absolutamente deslumbrado
Com a beleza e a postura dela
Mas a princípio não se envolveram
Justamente por ele já estar
Casado com duas mulheres ciumentas.
Obá tinha muito ciúme de Sango
E Osun tinha ciúme da coroa.
Oyá percorreu outros caminhos
Andou com os caçadores e
Com os guerreiros
Até que encontrou o filho
Mais velho de Oduduwa.
Este filho era Ogun.

31
Ogun descobriu o segredo
De Oyá se transmutar em búfalo
E para que ele não revelasse
A ninguém esta façanha
Ela aceitou se casar com ele.
O casamento durou o suficiente
Para Oyá marcar a vida de Ogun.
Ele a amava mais do que a si mesmo.
Ogun era filho de Oduduwa
E Sango era neto,
Logo eram tío e sobrinho.
Sango foi até a casa de Ogun
E se surpreendeu em encontrar lá
Sua parente Oyá
Casada com o tio.
Oyá tinha carinho por Ogun
Mas não o amava.
Sango era muito mais jovem
E muito mais belo que Ogun.
Ogun era áspero.
Sango era galante.
Oyá não resistiu as investidaz de
Se Sango e fugiu ele para Oyó.
Ogun não se conformou com a traição
E perseguiu o casal
Até que os encontrou.
Ogun chamou Sango para um duelo.
Pensava ele que se matasse Sango
Oyá sería sua novamente.
O duelo foi aceito mas não
Por Sango, quem lutou foi Oyá.
Ogun era um ferreiro
E havia produzido para si
Uma espada mágica que
Em tudo que tocava despedaçava
Em sete partes.
Porém por amar Oyá
Ele havia produzido uma outra
Espada mais poderosa que a
sua própria.
Esta espada cortava tudo que tocava
Em nove pedaços
E Ogun a deu para Oyá.
Na batalha a espada que ela
Empunhava era mais forte do que

32
A dele e sem chance de vencer
Ele pereceu.
Ogun ficou para trás
Oyá seguiu sua vida se casando
Com Sango.
Agora Oyá era Ayabá, Rainha de Oyó.
Osun ficou muito desgostosa
Pois Oyá era tão bela e tão famosa
Quanto ela.
Já Obá mesmo sendo ciumenta
Nunca teve problemas com Oyá.
Oyá era brava mas sempre respeitou
A autoridade de Obá por ser
A primeira esposa e rainha legítima.
Obá ficava em casa e cuidava de tudo.
Osun tinha seus próprios interesses,
Ela nunca esteve de fato ao lado
De Sango.
A pessoa que Osun amava era a que
Ela via quando olhava no espelho.
O casamento de Osun com Sango
Foi por ele estar apaixonado
E ela estar interessada em
Aumentar suas riquezas.
Já Oyá ia com Sango para a guerra,
Lutava lado a lado.
Ela era a companheira dele,
Mais do que esposa ela
Era também sua melhor amiga.
Algumas vezes Sango se irritava
Por Oyá lutar melhor que ele.
As vezes Sango se enfurecia
Por Oyá ser mais querida pelo
Povo do reino do que ele próprio
Que era o Rei.
Mas Sango amava Oyá.
Oyá era diferente das outras mulheres.
Ele era um rei que ansiava
Ter poderes mágicos.
Sango era muito forte fisicamente
Mas não possuia poderes.
Oyá era cheia de dons prodigiosos
Ela podía controlar os ventos
E fazia chover,
Também falava com os mortos

33
E com os espíritos da floresta.
Ela tinha poder sobre os animais
E sobre as coisas que os olhos
Humanos não conseguem ver.
Mas ele não tinha nada.
Foi então que Sango soube
Que na terra dos Baribas
Haviam feiticeiros que faziam
Coisas maravilhosas.
Ele encomendou uma poção
Que o faria cuspir fogo e
Controlar as chamas.
Sango incumbiu Oyá de buscar
O preparado mas a advertiu
Que era algo no qual ela não
Poderia tocar.
Oyá tem alguns defeitos,
E um deles é não aceitar regras,
Ela gosta de contrariar.
Se Sango tivesse dado a ela a poção
Talvez ela nem quisesse,
Mas por ele ter proibido que
Ela a tocasse
Oyá ficou ouriçada em
Fazer justamente o oposto.
Assim que pegou a poção
Ela abriu o pacote e viu que
Era um pó vermelho como sangue.
Os Baribas disseram que
Este pó era para Sango comer,
Se ele ingerirse iria criar
Fogo nas entranhas.
Oyá não resistiu e comeu metade.
Oyá ficou com o corpo quente
Como se fosse uma própria fogueira.
Quando chegou em Oyo
Ela entregou o pacote a Sango
E ele perguntou porque a embalagem
Estava violada.
Oyá quando foi falar
Abriu a boca e dela saiu
Uma enorme labareda.
Sango se enfureceu!
Ele entendeu o que Oyá tinha feito
E se revoltou.

34
O único poder que seria somente
Dele agora era de Oyá também.
Ao ver que o marido estava furioso
Ela correu para longe.
Sango comeu o pó mágico
E saiu na porta do palácio
Berrando o nome de Oyá
Querendo encontra-la.
Ela se escondeu longe
No meio de um rebanho de carneiros
Até o marido se acalmar.
Sango a partir deste dia
Adquiriu poder sobre o fogo da terra
E também sobre o fogo do céu (raios).
Sango soube tempos depois
Que em Irawo havia um homem
Que tinha poder sobre todas as folhas.
Ele podia curar ou afligir qualquer
Doença do corpo ou da alma.
Sango invejou muito esse homem e
Quis saber quem ele era.
Oyá foi atrás para investigar
E contou que ele se chamava Osanyin
E que era muito sábio.
Sango desejou ter as folhas
E os poderes de Osanyin e
Oyá foi até ele pedir que contasse
Os segredos das folhas.
Sem rodeios ela o questionou,
Pediu que ele ensinasse a fazer
A magia das folhas.
Osanyin se negou.
Oyá ficou brava!
Ela não gosta de ouvir "não".
Ela levantou um vento muito forte
Que sacudiu a floresta e levou
Todas as folhas que Osanyin tinha
Direto para Sango.
Oyá pensava que tinha conseguido
Tomar as folhas para si e para
O marido, mas Osanyin
Gritou palavras mágicas
E as folhas voltaram todas
Para a floresta.
Sango e Osanyin nunca foram amigos

35
Por conta desse caso.
Oyá e Osanyin logo esqueceram
Este caso e ficaram amigos.
Ele até deu algumas folhas
Para ela usar em suas coisas.
Oyá e Sango eram muito respeitados,
Eram guerreiros muito poderosos.
Em todos os reinos Sango havia
Enviado parentes seus para
Trabalharem como embaixadores.
Mas um reino não aceito,
Este era o reino dos Malês,
Os muçulmanos.
Sango enviou seus parentes
Para viver entre eles mas
Os Malês os expulsaram
Com a desculpa de que
Não aceitavam pessoas que não
Tinham o mesmo sangue que eles.
Sango e Oyá tomaram isso como
Um grande sinal de desrespeito
E resolveram atacar a cidade.
Quando os Malês viram Oyá
Voando no céu cuspindo fogo
E Sango atrás atirando raios
Ficaram apavorados e se renderam
A autoridade do casal do Dendê.
Os Malês não comem carne de porco
E por terem se submetido com
Tanta subserviência ao Sango e Oyá
Os dois pararam de comer carne
De porco em homenagem a eles.
Sete anos depois Oyá era
A pessoa que mais influênciava Sango
No controle da cidade.
Ele possuia dois generais
Um chamado Timi Agbale
Que era um poderoso feiticeiro
Que usava um Ofá do qual
Atirava flechas de fogo,
O outro era Gbonka,
Tão poderoso quanto o outro.
Oyá disse a Sango que estes
Dois eram poderosos demais
E por isso era perigoso te-los

36
dentro do Palácio.
Se eles quisessem trair Sango?
Quem seria pariu contra eles?
Em uma situação Sango deu
Uma ordem mas os dois
desobedeceram.
Em uma batalha ele ordenou
Que não lutassem,
Mas os dois ignoraram e lutaram.
Vendo a insubordinação
Sango concordou com Oyá
E separou os dois os enviando
Para governarem cidades
Tributarias de Oyó nas fronteiras.
Sango enviou Gbonka para Edé
Mas pediu para Timi ficar em Oyo
Por mais um tempo.
Ele então ordenou que Timi
Fosse para Edé prender Gbonka.
Oyá havia orientado Sango a
Por um contra o outro.
Timi e Gbonka lutaram
Mas Sango não acreditou,
Ele pensava que ambos fingiram
Lutar mas não tinham se enfrentado
De verdade.
Oyá novamente diz a Sango
Que os dois deviam lutar na frente
Dele para não haver chance de
Dissimularem uma falsa luta.
Timi e Gbonka foram para Oyó
E diante de Sango foram obrigados
A lutar.
Timi venceu Gbonka.
Sango ordenou que o perdedor fosse
Queimado vivo.
E assim se fez.
Dias depois Gbonka surgiu
Das cinzas,Vivo!
Diante de todos acusou
Sango de ser covarde e traidor de
Seus próprios subordinados.
Gbonka contou a todos que
Sango e Oyá haviam arquitetado
A briga dele com Timi

37
Por medo dos dois.
Sango se levantou para enfrenta-lo
Mas Gbonka fugiu.
Sango correu até uma pedra alta
E invocou do céu raios
Para atacar o inimigo, mas
Nenhum raio atingiu Gbonka.
Porém varios raios
Atingiram o palacio
E as casas do reino causando
Um enorme incêndio.
Obá e Osun correram desesperadas
Ao ver o palácio pegando fogo.
O incêndio queimou todo o palácio
E metade do reino.
Osun furiosa ao ter suas roupas
E suas joias queimadas
Foi embora, se separou de Sango
E foi morar em Igede onde
Tinha o seu vasto rio.
Obá ficou um pouco mais mas
Também estava muito desgostosa
Pela humilhação de perder tudo
Foi para Igbon e nunca mais
Viu Sango.
Obá amava Sango, ela chorou até
Se tornar um rio de lágrimas.
Oyá ficou.
Agora Sango só tinha uma esposa.
O povo odiou Sango por saber
Que o incêndio era culpa dele.
A população de Oyó exigiu que
Ele abdicasse do trono.
Oyá e Sango tiveram de fugir
De Oyó, foram para a terra de seus
Parentes em Nupê.
Lá Sango soube que seu irmão
Dadá Ajaká havia retomado
O trono.
Sango havia roubado a coroa
de Dadá mas o destino foi
A favor dele.
Dadá era rei novamente.
Sango tempos antes pediu para Oyá
Esconder a coroa de Oyó na terra

38
Dos espíritos mortos
Para que Dadá não pudesse pega-la
De volta.
Mas o general que protegía Dadá
Era ninguém menos que Ayrá Gbona.
Ele se vestiu com os vestidos
De Oyá e acendeu um tacho com fogo,
Pôs sobre a cabeça
E entrou na terra dos mortos
Fingindo ser ela.
Quando Ayrá berrou tal qual Oyá
Berrava os espíritos pensaram
Que ele era ela e o deixaram passar.
Ayrá pegou a coroa e entregou
A Dadá que voltou triunfante
Para Oyó exibindo a coroa real.
Sango estava exilado e sem dignidade.
Não suportou, entrou na floresta
Com uma corda e na árvore Ayan
Ele se enforcou.
Uns dizem que Oyá foi procurar Sango
E ao ve-lo morto não aguentou
A dor e também se suicidou
Se afogando no rio Niger.
Mas existe outra história que diz
Que o Oyá amava Sango de tal modo
Que ao ve-lo morto não se conformou.
O nome desta Oyá é Kará por que
Isto significa "brasa".
Havia uma comida que esta Oyá
Tinha recebido para ser sua
E se chamava "Akara-Nje" (acarejé)
Que significa "brasa comestível".
Esta era a comida que ela mais
Gostava de comer, era seu simbolo.
O Akara era frito em dendê e por
Isto era vermelho.
Oyá fez um Akara diferente,
Ela o fritou em azeite doce
Para que ficasse claro, branco.
Ela subiu em uma montanha
E no topo dela clamou a presença
De Olodumare, o grande Deus.
Ele apareceu para ela e perguntou
O que ela queria.

39
Oyá ofereceu para ele o Akara-Nje
Branco que havia feito
E ele entendeu que aquilo
Era tudo o que ela tinha.
Oyá chorou e pediu a Olodumare
Que a deixasse ver Sango
Uma vez mais.
Ele disse que Sango estava morto
E que era um suicída,
Que não seria possível.
Oyá desesperada chorou como
Olodumare nunca havia visto
Uma mulher chorar,
Ele se comoveu pelo enorme amor
Dela por ele.
Oyá era uma Deusa poderosa
E estava se humilhando a Olodumare
Por causa de seu amor.
Ele decidiu atender o pedido dela
E fez de Sango um Orisa.
Desde então Ele e Oyá estão
Sempre juntos dançando nas nuvens
De tempestade.
Oyá Kará é uma mulher
Intensa.
Eepa Heiy!

OYÁ TOPÉ

Eu só conheço uma lenda para ela, é a mesma que eu ja postei outras vezes, aqui esta novamente:

"OYÁ TOPÉ e ESU INÁ"

Ela era uma bruxa solitária.


Ela é Oyá mas não é Oyá.
É sem ser e sem ser é.
Porque Topé é encarnação de Oyá.
Topé e a mulher que nasceu
Com o espírito de Oyá dentro de si.
Ela é OYÁ TOPÉ!
É nebulosa, sombria.
Ela não viveu as coisas famosas
Que todos dizem de Oyá.
Topé não conhece Sango.
Topé não conhece Oyó.

40
Topé não conhece Ogun.
Topé tem sua própria vida.
Ela tem muito poder.
Topé é uma bruxa.
Ela vivia sozinha entre as montanhas
De mata densa e escura.
Lugar sem nome.
"Fim do mundo".
Esu era dono do fogo.
Esu era dono do azeite de Dendê.
"Epo Pupá".
Esu precisava de Ajuda.
Esu um dia havia sido cortado
Em duzentos pedaços.
Esu agora era duzentos Orisa.
Um dos duzentos era Iná.
Esu Iná era feito de fogo
Ele era um fogueira ambulante.
E tudo que tocava queimava.
Esu Iná nunca havia recebido
Um beijo ou um abraço.
Era muito infeliz.
Todos que tocavam Iná morriam!
Mas ele não queria isso.
Esu não era mau.
A solidão o assustava muito.
Se ele entrava em uma casa
A casa pegava fogo.
Se ele quisesse comer algo
Antes de levar ate a boca
Já havia virado cinzas.
Era muito ruim viver assim.
Esu foi até a casa de Orunmilá
E pediu ajuda.
Orunmilá abriu Ifá
E disse
"Há uma feiticeira que mora entre as montanhas, ela poderá lhe ajudar. Leve para ela azeite de Dendê, um feixo
de búzios e a chame pelo nome de Oyá. "
Esu agradeceu e foi
Rumo as montanhas.
Esu chegou até a casa de Oyá Topé
E a chamou para fora.
A casa era de barro e madeira
Esu Iná não podia entrar.
Oyá Topé saiu para fora

41
E ele a viu.
Era linda, misteriosa.
Ela disse
"Quem me chama"
Esu Iná respondeu
"Sou Esu, venho a mando de Ifá pedir ajuda".
Oyá Topé então ouviu a história
De Esu Iná.
Ela pensou e pensou...
Entrou em sua casa e trouxe
Uma capa de couro de búfalo.
Um couro negro e brilhante.
Esu olhou para aquilo e disse
"Se eu tocar nisto há de pegar fogo."
Topé disse
"Este não é um couro de búfalo comum, este e meu couro. Eu sou um búfalo, eu sou Obirin-Efon, a mulher
búfalo."
Oyá Topé lançou o couro sobre Esu
E o fogo de Esu apagou.
Ele se vestiria agora com o couro
Do búfalo e seu fogo cessaria.
Esu deu a Oyá um grande garrafa
De Azeite de Dendê e
Muitos búzios.
Mas Oya pediu a ele um pedaço de sua pele.
Esu deu uma tira da pele
De seu braço.
Oya deixou a pele cair dentro do
Dendê.
O dende explodiu em fogo.
Topé entrou no fogo e o absorveu!
Ali Topé aprendeu a gerar fogo
Com o poder de Esu.
Muitos dizem "Topé é Esu mulher"
Por isto.
Oyá Topé agora vive com Esu.
Os dois como nomades pelos mundos.
Topé dança nos incêndios!

Eepa Heyi Oyá Topé!

OYÁ OLOGUNERÉ
(Também chamada de Oyá Dê, Indé, Oloküere, Ologüere, Nifa-Orô, etc.)

Havia uma cidade chamada Erè

42
Que é próxima a Ijexá,
Neste região acontecia uma
Grande guerra
Comandada por Ogun.
Ele havia declarado guerra
A muitas aldeias a fim de domina-las,
Mas as consequências
Foram desastrosas,
Muitos inocentes foram mortos
Durante as batalhas.
Em Erè havia uma moça, Oyá
Que era uma Obirin-Odé, ou seja
Uma mulher caçadora.
Por ser muito valente ela era
Chamada de Ologun-Eré,
Que significa
"Senhora da Guerra de Eré".
Muitos pensavam que ela
Seria esposa de Oxóssi e ele
Teria lhe dado o Ofá,
Mas não era verdade,
Oxóssi era um mero conhecido
Das terras de Ketu.
Ela aprendeu a usar o Ofá e a Opá
Desde criança ensinada por seu pai.
Ela não foi criada por sua
Família sanguínea,
Por artimanhas do destino
Oyá Ologuneré foi adotada por
Odé Odulekê, um caçador.
E ele a ensinou tudo o que sabia,
E ela se tornou tão boa quanto ele era.
A guerra de Eré seguía feroz e
Ela vendo a calamidade da situação
Buscou um amigo poderoso
Para ir com ela ajudar os feridos,
Este amigo era Obaluayê,
Um bravo guerreiro e
Exímio feiticeiro nascido em Nupê.
Juntos partiram de aldeia
Em aldeia curando os doentes
Alimentando os tinham fome
Tratando dos molestados
E dando um enterro digno aos mortos.
Eles dois percorreram todo o

43
Território afetado pela violência,
E quando voltavam para Erè
Desviaram do caminho e acabaram
Entrando em outras terras.
Encontraram em uma mata
Próximo ao palácio de Ipondá
Um pequeno garoto que
Brincava jogando pedras em
Uma colméia.
O menino era uma criança diferente,
Ele estava todo vestido com tecidos
Caros, usava também uma pequena
Coroa e muitas joias de ouro
E pedras preciosas.
Oyá e Obaluayê estranharam
Pois ele notoriamente era uma
Criança da realeza mas
Estava completamente sozinho
No meio do mato,
O que era muito perigoso
Pois um animal selvagem poderia
Facilmente ataca-lo.
Obaluayê correu e agarrou o menino o levando para longe da colméia,
ele muito assustado quis saber
Porque estava sendo levado
E Oyá explicou.
Com muita paciência ela disse:
"Menino você estava jogando pedras em uma casa de agbon (abelhas) e elas são muito perigosas."
O menino retrucou
"Não para mim, as agbon trabalham para minha mãe, produzem mel para ela."
Oya então quis saber quem era
A mãe do menino e ele se apresentou:
"Sou o príncipe Larô, filho da Rainha de Iponda, Osun."
Ele no futuro viria a carregar
O título de "Ologun Edé"
Mas ainda era o
Pequeno principe Larô.
Oyá conhecia Osun e por isso
Disse para o menino ir logo
Ao encontro da mãe, porém
Pequenino contou que Osun o havia
Abandonado para se casar com Sango
E desde então ele morava apenas
Com as criadas no palácio
e sentia muito sozinho.

44
Oyá que era mãe de muitas crianças
Tomou o menino para si
Eo levou consigo.
Durante toda a infância e adolescência
Ele foi chamado de filho de Oyá.
Sim, Oyá Ologuneré é a
Mãe de criação de Ologun Edé.
Foi ela que levou Ologun para
A casa de Ogun, onde ele aprendeu
A lutar com a espada.
Ela que ensinou Logun e usar Ofá.
Através dela que ele conheceu
Seu grande professor Obatalá.
Ela fez de tudo para que ele
Se tornasse um homem forte,
E conseguiu.
Porém mesmo sendo um guerreiro
Destemido ele conservou
A altivez, a vaidade e a sutileza
Que herdou de sua mãe de sangue.
Um dia Ologun seguiu
Seu próprio rumo,
E Oyá Ologuneré voltou para a mata
Para caçar.
Ela se transforma em borboletas
E desaparece sempre que alguém
Encontra sua morada.
Uns dizem que ela
Se veste de vermelho por que come
Com o Orisa Esu.
Outros dizem que ela veste branco
Pois come com Egun e Obatalá.
Há quem diga que ela veste azul
Por causa de Ologun Edé e Erinlé.
Alguns dizem que ela se veste
De marrom porque andava com Sango.
Dizem também que ela usava rosa e
Amarelo por causa de Osun.
Falam também que ela se veste
De verde porque andava com Ogun.
Tudo isso é verdade
Ela era amiga de todos os Orisa
Por isso ela usa qualquer cor.
Ela foi caçadora, guerreira,
Feiticeira, e desempenhou muitas

45
Funções por isso ela usa muitas
Insígnias e ferramentas,
Ela também come de tudo
Gosta de tudo.
Oyá Ologuneré e bem vinda
Em todo lugar.
Mas cuidado, ela é brava!
Eepa Heiy!

FUNAN!

Eu ja postei três outras qualidades, Bagan, Egunitá e Oníra, confiram na linha do tempo ou nos álbuns da página.

Assim como Egunitá, Funan também é uma Igbale.

Funan é Oyá séria, brava.


Funan é Aféfé Ikú,
O vendaval da morte.
Ela é alágbara inú aféfé,
A poderosa que vive no vento.
Ela é Aféfé lége-lége tí i dá'gi l'okê-l'okê,
Vento que destroi a copa das árvores.
Ela é Oriri,
A mulher encantadora.
Se conta que ela vivia dentro
Da floresta junto com os Eguns
Mas que saia do breu de sua mata
Para defender as estradas em volta.
Todos os caminhos eram de Funan.
Funan é Igbale, mãe de nove Eguns.
E seu segundo filho chamado Iorugà
Nasceu em um dia de tempestade.
Iorugà foi deitado em um ninho
De palha de rafia,
Mesma palha que a mãe usava
Em seus adornos.
Tudo de Funan é feito de palha.
Funan tem uma grande amizade
Com Ikú, a morte.
Ela recebe Ikú em sua casa
Como alguem que recebe um irmão.
Funan senta na mesma mesa
Que Ogun, Obaluaye, Osala,
Osagyan e Nanã Buruku,
Todos estes são seus amigos.

46
Mas Funan também é amiga
De Egun e de Iwin.
Ela se veste de branco
Mas aceita detalhe em azul.
Ela se veste de branco
Mas tudo o que come é preto.
Um dia Esú se aborreceu
Com uma ave chamada Abadá.
Esú se sentiu desrespeitado
Quando Abadá se negou
A fazer oferendas a ele.
Foi então que Esú pediu
A ajuda de Oyá.
Esú pediu a ela que encontrasse
Abadá pois o ninho dele estava vazio.
Oyá não precisou sair
Do local onde estava,
Ela simplesmente enviou
O seu vento e encontrou Abadá
Em uma outra árvore.
Oyá destruiu tudo que Abadá tinha,
Quebrou todos os seus ovos.
Abadá agora tem muito medo de Oyá.
Ela é terrível pois sua força
Apesar de a enorme, é invisível.
Éèpà Heyi!

EGUNITÁ

Dentre as Oyá's de culto Igbale esta é a mais intensa e sombria, Egunitá é a primeira entre elas. O desenho
abaixo retrata uma imagem de Oyá um tanto incomum, o mito que irão ler agora explicará cada detalhe.

Se conta que Oyá era um Orisa


Que não conseguia ter filhos.
Oyá era uma guerreira
Uma mulher independente,
Mas seu maior desejo era ser mãe.
Oyá recorreu a varios Ebós
Até que finalmente conseguiu
Engravidar.
Ela vivia uma vida muito agitada
E por isto nos últimos dias de gravidez
Decidiu se retirar para a floresta
Pois se sentia fragilizada.
Porém Oyá tinha muitos inimigos,

47
E entre estes estavam as
Iyami Osoronga.
As Iyami eram muito perigosas
E se aproveitaram que Oyá
Estava fraca para ataca-la.
As Iyami foram até Oyá
E rasgaram sua barriga,
Arrancaram o bebê e o
Esconderam.
As Iyami cobriram o bebê com
Panos sujos e o fizeram comer carne
De Okete, rato que vive em carniça.
A criança não resistiu e se tornou
O primeiro filho Egun de Oyá.
Este primeiro foi chamado de
Imalegan, Egun que símboliza
O poder de Oyá sobre o vento.
Oyá entrou em um estado de fúria,
A violência tornou ela um ser
Cheio de ódio e ela usou toda
A força que tinha e invocou
Uma enorme tempestade
Chamada de Tempestade Eboikú
A tempestade durou nove dias,
O céu se tornou negro e os raios
E os tufões destruiam tudo.
Oyá continuava furiosa
E por isto no dia seguinte
Ao ter a barriga rasgada e Imalegan
Ter sido raptado ela abusou
Mais de seus poderes e fez
A tempestade ficar ainda mais
Violenta, e nisso ela espontaneamente
Pariu um segundo filho,
Mas ele ja nasceu morto.
O segundo filho era o Egun Yorugan,
E ele simbolizava a vaidade de Oyá.
Yorugan comia folhas de bananeira
E Oyá o incumbiu de cuidar dos seus
Assentamentos.
No terceiro dia Oyá sabia que
A tempestade devia parar,
Mas ela não parou.
Oyá lançou muitos raios pelos céus
E toda a floresta se iluminou,

48
Nisso ela pariu o terceiro filho
Que também nasceu morto,
Ele era o Egun Akugan, ele
Simbolizava e rebeldía de Oyá.
Akugan bate os pés nos chão
E faz barulhos para assutar as pessoas,
Ele foi alimentado com brotos
De bambu.
No quarto dia Oyá estava muito
Apreensiva, não sabia se prosseguia
Ou se parava a tempestade e então
Ela pariu o quarto filho morto,
O Egun Orugã, que era frio e serio,
Sempre pensativo.
Orugã comia espigas de milho
E por isso mora em buracos no
Solo do milharal.
Por ser muito sensato ele ganhou
De Oyá uma atori chamada Pason,
Ele simboliza a seriedade da mãe.
No quinto dia Oyá decidiu continuar
A tempestade independente das
Consequências, nesta hora pariu
O quinto filho morto, ele era o
Egun chamado Rungan,
E simbolizava a coragem de Oyá.
Rungan comia bambú velho
E por ser valente ele viveu aventuras
Junto à outros Orisa além da mãe.
No sexto dia ela estava começando
A se apaziguar e nisto pariu o sexto
Filho morto, ele era o Egun
Demó Gyogan e simbolizava a
Inteligência de Oyá.
Gyogan foi aliado de Oxóssi quando
Este precisou matar o pássaro Orúro
No telhado do palácio de Ifé.
Gyogan se veste com o couro negro
Do búfalo de Oyá.
No sétimo dia ela começou a remoer
A tristeza e a dor por ter perdido o
Primeiro filho e por ter parido os
Demais mortos e então ela pariu
Mais um, o sétimo filho de Oyá
Também nasceu morto,

49
Era ele o Egun chamado de Ungã
Ou de Reigá e simbolizava o lado
Mais sombrio e perigoso de Oyá.
Reigá vivia próximos as covas
E túmulos castigando as pessoas
Que violavam os corpos.
No oitavo dia Oyá alcançou o máximo
De sua força e então ela pariu Heigà,
O Egun perverso que só sabe fazer
Maldades. Ele simbolizava toda a
Maldade que Oyá algum dia teve
Dentro si mas que através
Dele ela pós para fora.
Este é o mais poderoso dos filhos
De Oyá.
No último dia Oyá pariu o nono filho
Que era o resultado de tudo o que ela
Havia vivido. Este filho foi chamado
Segí ou Egungun.
Todos os oito primeiros filhos de Oya
Eram Eguns mudos, não tinham voz,
Porém Segí tinha uma voz rouca
Parecida com a do Macaco Ejimaré
Que é o macaco dos Abikus.
Segí é o filho que Oyá mais ama
E ele representa o poder dela sobre
Os humanos.
No nascimento de Segí a tempestade acabou
E Oyá se saiu do estado de fúria.
Oyá Igbale carrega uma boneca
Chamada Abayomí, que significa
"Nascido para me dar orgulho".
Essa boneca simboliza os filhos
Eguns que ela pariu e dentro
Da boneca vão muitas coisas
Que dão poder a ela.
Essa boneca esta sempre amarrada
Na cintura de Oyá ou escondida
Sob sua roupa
E há quem diga que ela guarda
Seus filhos dentro dela.
Oyá agora era mãe de nove Eguns
O primeiro Imalegan
O segundo Yorugan
O terceiro Akugan

50
O quarto Orugã
O quinto Rungan
O sexto Demó Gyogan
O sétimo Reigá
O oitavo Heigà
E o nono Segí Egungun
As Iyami acharam que ferindo
Oyá ela seria derrotada mas
Aconteceu o contrario, ela ficou
Muito mais forte após a tempestade.
Mas Oyá queria não apenas
Ser mãe, ela queria ser
A Rainha dos Eguns,
Ela era poderosa o suficiente
Para impor sua vontade a eles.
Então ela dominou o maior
De todos eles
Oyá guerreou contra o Rei de
Todos os Eguns que era Babá Ajimudá
E ele não teve forças para enfrenta-la.
E assim a ela se tornou a grande
Lider Egunitá, e Ajimudá agora é
Subordinado a ela.
Se conta que Oyá quando se tornou
Rainha de todos os Eguns
Pintou o rosto de branco (Efun)
Como se fizesse uma máscara
Para ir para a batalha,
E todos os que olharam para
O rosto dela foram arrebatados
Pelo enorme poder que ela tinha.
E deste então quando está se
Preparando para a guerra
Ela pinta a face.
Esta Oyá é Egunitá,
Ela que usa uma espada curvada
Como uma foice e que
Vive na floresta.
Egunitá é a rainha dos Eguns!
Eepà heiy!

BAGÁN

A familia Real de Nupe


É muito famosa pois a

51
Mãe de Sango chamada
Torosi ou Iya Masemale
Descende dessa família.
Porém muito antes da mãe de
Sango nascer, uma antepassada sua
Fez Oya Nascer.
Uma Vez o Rei de Nupe
Se viu ameaçado por inimigos
Que pretendiam destruir o seu povo.
O Rei foi até Orunmilá e pediu
Que ele desse bons conselhos
De como evitar a guerra.
Orunmilá consultou sua sabedoria
E receitou um Ebó que iria
Trazer proteção para a cidade.
O Ebó só poderia ser feito
Por uma moça virgem,
E o Rei pediu a sua própria filha
Para faze-lo.
A princesa foi até o limite das terras
Levando um pano preto.
Foi então que princesa começou
A rasgar o pano, e ela gritava
"O-ya"
Que significa rasgar, rachar.
Toda vez que ela rasgava um pedaço
Do tecido negro ela gritava "O-ya".
Ao terminar de rasgar o tecido
Ela atirou os pedaços no chão,
E estes retalhos de pano
Se misturaram com a terra
E se tornaram lama,
Essa lama se tornou água,
Uma água escura que jorrou
E se tornou um largo rio, Odo Oya.
Este rio circundou o lugar
E os inimigos temeram atravessar
A água escura pois espíritos
Estavam espreitando dentro dela.
E assim não houve guerra.
O local se chamou Jebba,
E em uma ilha no meio deste rio
Um Orisa nasceu.
Este Orisa trazia em si todo
O poder daquele rio e por isso

52
Esse Orisa se chamou Oyá.
Oyá era uma mulher muito bela
Que tinha muitos dotes,
Podia controlar os ventos
E fazer cair chuva,
Tinha dominio sobre os espíritos
Dos mortos e podia se transfomar
Em qualquer animal.
Mas Oyá gostava mais de
Se transformar em Búfalo.
Ela era muito guerreira
Vivia a correr o mundo
Em mil batalhas.
Todos diziam "Oyá é brava",
E ela era mesmo.
Ela tinha o hábito de degolar
Os que a ousavam enfrentar,
Por isso muitos a chamavam de
Oyá sem cabeça.
Um dia ela adentrou na floresta
E lá ela conheceu um caçador
Que era discípulo de Osanyin.
Oyá era brava mas também era amiga.
Eles se aproximaram e ela aprendeu
Muitos segredos com ele
E dividiu também o que sabia.
Ele se apaixonou por ela,
Mas ela não correspondeu
O sentimento da mesma forma,
Ela tinha por ele amizade
E ele tinha por ela amor.
Quando ela percebeu que ele
Estava pondo esperanças nela,
Ela se foi, o deixou para trás.
Entregou para o caçador
Um manto cor de salmão
Para servir como recordação.
Esse manto era dela,
Uma de suas mais belas roupas.
Em seguida ela se transformou em
Uma nuvem de borboletas e assim
Se foi para sempre.
O caçador não suportou a falta
Que sentía de Oyá e então
Ele se vestiu com o manto salmão

53
E passou a caçar borboletas,
Com a esperança de que em uma
Pudesse reencontra-la.
Ela voltou para sua vida cheia
De guerra e de feitiçarias
E até os dias de hoje ela vive
Em suas batalhas sem fim.
Bagan é Oyá que vive entre
As margens do rio e a floresta.
Èpà Heyi!

LOGUN EDE
Um belo moço
E perigoso feiticeiro
Se esconde atrás do sedutor sorriso
Mas muito cuidado
Que a cauda do pavão tem muitos olhos
E o ataque é sempre traiçoeiro.
Um belo moço
E ferrenho guerreiro
Então mantenha o resguardo
Que o alvo de flecha
Sempre será certeiro.
Um belo dançarino
Nas festas se exibe
Mas proteja o seu coração
Para que na dança
Ele não sirva de tapete.
Um jovem Príncipe
Que parece esculpido em negro mármore
Tem os olhos rapineiros
E quando ginga o corpo a fim de seduzir
Esconde as costas uma faca afiada.
A aranha viúva-negra é como os seus filhos
É o pata do gato que arranha e esconde as unhas.
Ele tem os pés nas águas
E a cabeça nas nuvens
Voz aveludada que faz qualquer crer
Riso inocente para fazer se derreter
Mas muito cuidado
Que o perigo vem com ele.
Ele é como a mãe
Oxum se fosse homem
E tal é como é

54
Dela é o orgulho.
Até a águia e o carcará temem o beija-flor
Pois este singelo de aparência inofensiva
Dos grandes fura os olhos.
Logun Ede é um podoros Orixá
Mas que se faz de qualquer um
Se faz de ninguém
Tal como o crocodilo do pântano
Que se faz imóvel por horas
Ate que o passarinho entre em sua boca
E então a fecha
E então acabou.
Oluwa o Logun filho de Oxum!

YEMOJA ODÔ

O nome é bem simples, Yemoja Odo se traduzir como "Yemoja do rio".


Existem muitas histórias sobre ela, mas contarei a que gosto mais:

"YEMOJA ODÔ É A MÃE DE OSUN"


Esta historia se passou à muitos milênios atrás...

Yemoja era uma moça de


Origem Nupê.
Por ser muito bela
Ela despertava o interesse
De muitos homens.
Nisto se casou ainda jovem.
Uns dizem que seu marido era
Oloroke, Rei de Ekiti.
Outros dizem que seu marido era
Okere, Rei de Saki.
Yemoja quería filhos
Mas não podia engravidar.
Ela se sentia muito triste.
Foi então que decidiu buscar ajuda.
Ela foi até Orunmilá
E ele leu o destino.
O décimo quinto Odú de Ifa
Se apresentou.
Era o Odu "Ose" (Oxê)
Orunmilá disse que para
Engravidar ela devia fazer um rito
A cada cinco dias.
Yemoja obedeceu,

55
A cada cinco dias ela
Apanhava uma cabaça
Pintada de branco,
colocava sobre a cabeça e enchia
Com agbo (abô, agua com ervas maceradas),
Então ia para o rio cercada
De crianças que cantavam e
Dançavam com muita alegria.
Junto ela levava egbo (Ebô, canjica branca cozida),
Yanrin (verduras)
Ekuru (inhame amassado misto com azeite de dendê),
E Eko (mingau de milho branco).
Ela juntava tudo isso com
Obi e orogbo,
E então ela e as crianças partiam
Para o rio antes que o sol nascesse.
Ao chegar no rio ela enchia
O pote com agua e voltava para
Casa cantando junto com as crianças.
A casa cinco dias ela trazia agua e
A guardava em um grande jarro
Chamado Awé, e nos cinco
Dias que se passavam ela
Bebia e se lavava com aquela agua.
Yemoja fez este rito muitas vezes,
Até que engravidou.
Ela ficou muito feliz.
Após estar grávida ela não parou,
Continou indo ao rio a cada cinco dias
Onde lavava sua barriga com
Omi Tutu (Água fria).
As crianças gostavam tanto de Yemoja
Que a esperavam na porta de casa
Sempre no dia marcado.
Um dia Yemoja estava indo para o rio
Quando sentiu as dores fortes do parto.
Ela pediu que as crianças fossem
Embora pois ela queria fazer
Suas necessidades.
As crianças acreditaram e
Assim Yemoja pariu sozinha,
Agaixada de cócoras na mata.
Dela nasceu uma menina.
Yemoja a banhou com o Agbo
E pediu que uma das crianças fosse

56
Até Orunmilá contar do nascimento.
Muito feliz, Yemoja foi para casa
Com o bebê nos braços
E todas as crianças cantavam
"E KORE YEYE OSUN O! YEYE O, YEYE O, YEYE O!
(Gritamos as bênçãos da graciosa mãe Osun, Graciosa mãe! Graciosa mãe! Graciosa mãe!)
No terceiro dia de vida
O umbigo do bebê começou a sangrar
E nada parava o sangramento.
Yemoja ficou assustada
E foi para o rio fazer os ritos
E jogou as oferendas o mais longe
Que pode mas Osun não melhorava.
Ela correu com a criança para a casa
De Orunmilá.
Ao ver Yemoja com a criança
No colo ele deitou os buzios
E o Odu Ose Orogbe respondeu
Em Osun.
Orunmilá disse:
"Odu Ose Orogbe, Ose Orogbe, A-ri-agbon k'owo si, a yeye n'imo, a fide re mo."
(Odú Oxê Orobé, Oxê Orobé, que possui uma gamela onde guarda dinheiro, graciosa mãe dona de muitos
conhecimentos, ela que enfeita os filhos com cobre dourado)
Ainda no jogo, Orunmilá
Recitou os versos deste Odu:
"Tani yoo dido? Tani yoo dido Osun? Osun Yeye n'imo."
(Quem vai curar o umbigo? Quem vai curar o umbigo de Osun? Osun que enfeita os filhos com broze dourado)
A surpresa de Yemoja foi grande
Pois ela não havia dito ainda
A Orunmilá que o nome de sua filha
Era Osun.
Nisto todos souberam que Osun
Havia nascido Orisa.
O Odu Ose determinou um Ebó
Para curar Osun.
Seriam dezesseis buzios,
Dezesseis Obi, dezesseis Orogbo,
E o Odu teterminou que a placenta
De Yemoja não deveria ser enterrada
(Como era o costume) e sim
Colocada dentro do Ebó.
Orunmilá preparou o Ebó
Com muito cuidado e então
Chamou a Ogun.
Ele pediu que Ogun colocasse

57
O Ebó no leito do rio,
Na parte mais profunda.
Metade dos buzios foram retirados
Do Ebó e colocados dentro da
Cabaça branca de Yemoja junto com agbo e ewe Yanrin (folhas sagradas).
Osun deveria beber e ser banhada
Com este agbo, e a temperatura
Devia ser sempre fría.
Por isso se usa a expressão Agbo Tutu,
Omi Tutu para Osun, que é água fria.
Osun estava cada dia melhor
Mas Yemoja ainda estava muito
Preocupada com a filha, Ogun
Se propôs novamente a ajudar.
Ele foi para a floresta falar
Com Osanyin, o rei das folhas.
Osanyin disse que deviam por
Mais folhas de Yanrin com pimentas
Verdes dentro do pote de agbo.
As pessoas perguntaram a Ogun
Qual era o nome da filha de Yemoja
E ele disse que antes de tornar
Público o nome dela
Yemoja ainda deveria repetir
Muitas vezes o rito recomendado
Por Orunmilá e Osanyin
Pois o nome da criança só
Seria dito a publico quando
Ela estivesse com a saude plena.
Assim se fez, quando Yemoja
Trouxe a criança e todos
Viram que ela estava saudável
Ogun disse em voz alta o nome
"Ose-n'ibu-omi" (Oxe-nibú-omí)
Que significa "o Odu Ose esta nas profundezas das águas".
A abreviação de Ose-n'ibu-omi é Osun.
Até os dias de hoje nos festivais
De Yemoja é comum verem
Mulheres indo ao rio com
Cabaças e potes sobre a cabeça
Em honra a esta história.

Yemoja Odo é mãe de Osun.


Yemoja Odo é Orisa Funfun (se veste de branco).

58
Eepa Yemoja!
Yemoja Olodo! Odo Iya!
Omi o!

YEMOJA ASESU
(Também chamada de Iyasesu ou Susuré)

Esta é a minha mãe, eu cultuo esse Orisa há alguns anos e a minha maior busca sempre foi por informações
sobre ela.

O nome Asesu significa fonte/nascente de mananciais. Em seu culto original ela não é ligada ao mar e sim as
nascentes dos rios.

Vou contar um pouco do que sei dela:

Yemoja Asesu era uma bela mulher


Muito doce e amável
Filha de Iya Olokun.
Ela se casou com Okerê
Que era Rei de Saki.
Saki é um reino vizinho a Oyó.
Okerê e Asesu eram muito felizes,
O casamento era muito bom
Para os dois.
Porém ela ficou grávida
E teve um filho.
Este filho foi chamado Orugan
E com o passar dos anos ele
Se tornou um homem forte.
Orugan era perverso, maligno
Ele olhava Asesu com malícia.
Em uma ocasião em que Okerê
Estava ausente
Orugan tentou seduzir Asesu.
Ela ficou horrorizada pois
Ela era mãe dele,
Ela jamais aceitaria algo assim.
Foi então que Orugan a violentou.
Yemoja Asesu se sentiu a pior das mulheres
E seu sofrimento foi tanto
Que ela não aguentou
E se desmanchou em lágrimas.
De tanto chorar ela se tornou um rio.
Okere quando chegou tentou impedi-la
De partir mas ela estava irredutível,

59
Em forma de rio ela correu em
Direção ao mar
Para se encontrar com Olokun.
Okerê tentou impedi-la e usou
De seus poderes para criar uma
Grande montanha afim de barrar
O curso do rio,
Mas Yemoja Asesu fez suas águas
Circularem a grande pedra
Mostrando que a água sempre
Acha um caminho.
Ela desaguou no mar,
Foi buscar consolo com a mãe.
Okere ficou muito triste
Em perder a mulher amada.
Yemoja Asesu ficou
Extremamente desgostosa,
A violência que sofreu deixou
Marcas profundas nela.
Asesu não queria mais voltar a superfície
E foi se aprofundando cada vez mais
Indo para o fundo das águas.
Ela se aprofundou tanto
Que em um momento ela estava
A se aproximar do centro da Terra.
Quando isso aconteceu
Os poderes dela se quebraram.
Mesmo um Orisa tem limites
E ela ultrapassou os que tinha.
Asesu teve que emergir
Mas quando voltou ela não era
Mais a mesma.
Seus poderes estavam de volta
Mas sua memória ficou prejudicada,
Ela tinha momentos de esquecimento
Onde não se lembrava de coisas simples.
Foi então quando voltou a superfície
Que ela conheceu seu segundo marido,
Era ele Erinlé o Odé de Ilobú.
Os dois se apaixonaram
E logo tiveram filhos.
Mas Asesu ja não era uma mulher doce.
O sofrimento que ela passou a
Deixou um tanto amarga.
Erinlé não quis mais ser marido dela

60
E pediu a separação.
Ela não viu problema em perder
O marido mas viu problema
Em ele revelar os segredos
Que ela tinha confiado.
Na última noite juntos ela
Enfeitiçou Erinlé e o fez cair em
Um sono pesado e cortou
A lingua dele.
Quando ele acordou não conseguia falar
E assim os segredos de Asesu ficaram
A salvo.
Nesta obsessão por manter segredo
De tudo que tinha ela passou
A odiar que os seres humanos
Ficassem bisbilhotando as aguas.
Nesta época todas as aguas eram
Transparentes e qualquer um
Nas margens ou praias que olhassem
Para a água conseguia ver o
Que havia no fundo.
Ela decidiu acabar com isso
E tingiu os rios e oceanos,
As águas passaram a ser azuladas
Ou esverdeadas para que assim
Ninguém pudesse olhar as coisas dela.
Depois de ter feito isso
Muitos a chamaram de
"Yemoja das águas sujas".
Ela se tornou uma poderosa feiticeira
E começou a rivalizar com Osun.
Osun e Asesu nunca se deram bem.
Osun ostentava longos cabelos trançados
E Asesu também tinha cabelos iguais.
Ela resolveu que nao queria que
Ninguém tivesse cabelo como o dela
E foi até a casa de Osun
Com a desculpa de fazer uma visita
E Osun acreditou.
Sem Osun perceber
Asesu a enfeitiçou
E cortou os cabelos dela
Quando Osun se deu conta
Os cabelos estavam curtos
E ela nem sabia como

61
Aquilo tinha acontecido.
Por muito tempo Osun usou
Um coque (Suku) para esconder isso.
Asesu era terrível.
Até em Sango ela pôs medo.
Nas terras dos Egba
Asesu conheceu Yewa
E ela se tornaram muito amigas.
Um dia Asesu resolveu aprontar
E chamou Yewa para acompanha-la.
Elas roubaram as favas de Osoosi.
Osoosi consultava Ifá com as favas
Mas elas roubaram dele sem
Ele perceber.
Asesu arranjou um barco
E Yewa foi com ela navegando
Pelos rios e litorais.
Elas enganavam os homens
Jogando as favas e exigindo
Altos pagamentos pelas consultas.
Quando indagada de quem havia
Permitido a elas usar as favas
Elas mentiram dizendo que Esu
Havia dado aval.
Esu logo ficou sabendo disso
E não gostou.
Ele caçou as duas ate encontra-las
E as fez devolver todo dinheiro
Que haviam pego dos homens,
Também as fez devolver as favas
Para Osoosi.
Esu desde entao tem um pé atrás
Com Asesu e Yewa.
Tempos depois Asesu conheceu seu
Terceiro marido, Aganju Sola
Que era sobrinho de Sango.
Ela se casou com ele e viveu uma intensa paixão.
Dizem que estão juntos até hoje.
Yemoja ama patos
E tem predileção por eles em suas oferendas.
toda vez que Alguém lhe da um pato
Ela vem para contar as penas dele
Mas por sua memoria ser prejudicada
As vezes ela perde a conta
E volta ao início

62
E perde novamente a conta e volta
Ao começo.
Por isso se diz que esta Yemoja
É muito lenta para atender pedidos
Ja que esta sempre distraída.

Eepa Omi o!

OGUNTÉ OGUNASOMÍ

Antes de lerem a lenda eu preciso explicar uma coisa:


Existem duas maneiras de cultuar Ogunté. A maneira mais comum é ela sendo uma qualidade de Yemoja, assim
ela se chama Yemoja Sarawawa e responde pelo título de Ogunté.
A segunda maneira e ter ela como irmã mais nova de Yemoja, nisto ela se chama Ogunte Ogunasomí, Yemoja foi
a primeira a nascer e Ogunté a quarta entre as sete irmãs filhas de Olokun.

Não se preocupem em apontar a versão correta ou a versão errada, as duas são válidas. Se na sua fé Ogunté é
Yemoja ou se Ogunté é parente de Yemoja, não tem problema. As diferenças culturais não diminuem o brilho e a
importância deste Orisa.

Eu particularmente creio nela como sendo irmã de Yemoja (pois o comportamento e a personalidade das duas são
bem diferentes) e por isto a desenhei usando roupa cor de rosa, pois ela quando cultuada separada de Yemoja
tem direito a cores diferentes das que a irmã usa (como vermelho, roxo, rosa e outras).

Existe lendas de Yemoja Ogunte sim, mas as que lerão abaixo é de Ogunte Ogunasomí, a irmã brava de Yemoja.
Outra coisa é que não se poder confundir é Ogunte com Iya Ogun/Togun, pois são qualidades/divindades
diferentes.
Eu juntei 3 lendas de Ogunté em uma só, vamos a leitura:

"OGUNTÉ OGUNASOMÍ É UMA MULHER GUERREIRA!"

Olokun Seniade foi uma Rainha


Muito importante.
Ela teve sete filhas.
Entre estas filhas estavam
Yemoja, a primogênita
Ogunté, a quarta a nascer e
Aje Saluga, a caçula.
Todas as sete eram importantes.
Cada uma com sua personalidade.
Cada uma com seus dons.
Ogunté era a mais brava!
Enquanto Yemoja tem seios fartos
Para amamentar os filhos,
Ogunté tem os ombros largos para
Carregar o peso do escudo e da espada.
Enquanto Aje tem as mãos suaves

63
Para lidar com suas pedras preciosas
Ogunté tem os músculos fortes
Para aguentar a batalha.
Ogunte cresceu sendo protetora,
Ninguém ousava em uma
De suas irmãs tocar.
Mas o tempo passou,
E cada uma delas escolheu uma
Nova casa para chamar de lar.
Ogunte sozinha partiu fareijando aventura
E em muitas guerras ela se dispôs
A lutar,
Guerras estas que nem
Sempre eram suas mas a vontade
De batalhar a fazia lutar.
De norte a sul
De leste a oeste
Andava como uma beduína,
Era errante, sempre atrás de agito
Ela vivia somente para pelejar.
Um dia ela conheceu um homem,
Que entre todos os guerreiros não
Havia igual.
Ogun, o grande!
Ogun o ferreiro!
Ele que forjou as armas de todos os Orisa!
Ogunte Ogunasomi, uma moça
De sangue quente,
Ela não conseguiu evitar
E por ele se apaixonou,
E ele sem pestanejar em casamento
A pediu e ela aceitou sem hesitar.
Ogun o grande!
Ela estava deslumbrada,
Ele lutava com a ferocidade de um leão!
Ela pensou que seriam perceiros
Nas batalhas e ja imaginava
Como seria ao lado dele lutar.
Mas ele era machista
Disse a ela que agora sendo sua esposa
A espada ela nunca mais iria empunhar.
Ogunte casada, se tornou uma dona de casa,
Só o que fazia era limpar e cozinhar.
A principio ela tentou se convencer
Que assim era certo,

64
Mas seu sangue quente não demorou
Para gritar.
Ela queria aventura,
Mas Ogun dizia que ela tinha
Que se recolher ao seu lugar de esposa
Pois para ele uma mulher
A um homem não podia se igualar.
Ela o amou por pouco tempo,
Mas o amor deixou de existir e no
Lugar surgiu um desprezo,
Ele dela desdenhava
E ela dele começou a se enojar.
Um dia ela encontrou um homem
Muito belo e muito galante,
Obaluaye das terras de Tapá.
Ele disse que queria desposa-la
Mas para isso de Ogun ela tinha
Que se livrar.
Mas como? Como?
Como ela faria?
Se ela pedisse o divórcio Ogun
Com certeza não iria diria não.
Ela desistiu desse amor proibido
E passou a viver em desilusão.
Ogun percebeu que ela estava infeliz
Disse a ela que se quisesse poderia
Ter uma ocupação.
Ela gostou disso,
Pode em fim sair de casa,
As outras esposas de Ogun é
Que pilotariam o fogão.
Ogunté foi para o mercado,
Uma grande feira livre
E lá montou um barraca para ganhar
Seu próprio sustento.
Mas vender o que? O que tinha?
Ela pensou e pensou até
Que achou a solução.
Ela era de que familia?
Ela era irmã de Yemoja
Por isso os peixes também eram seus.
Na barraca ela vendia
Todo o tipo de iguaria,
Peixes dos rios e também do mar.
Não que precisasse trabalhar

65
Mas ela queria,
Pois na feira ela via gente todo dia,
E assim apaziguava o coração.
Um dia estava vendendo em
Sua barraca quando um cliente
Em especial lhe chamou a atenção.
"Obaluaye? O que fazes aquí?"
Ele a queria
E desta vez ela decidiu agir.
Ogunté armou uma grande farsa,
Ela montou um plano,
Disse a Obaluaye que iria fingir
Sua própria morte e que assim
Ogun pensando estar viúvo
Não a procuraria e ela poderia
Com Obaluaye fugir.
Ela dissimulou! Usou magia
E assim sua aparência esmoreceu.
Ogun perguntava "O que você tem? Porque so vives doente?"
E ela cheia de dramas fingindo
Ser uma moribunda
Se deitava e prostrada ficava no chão.
Ogun muito preocupado,
Pois há dias ela não comia
Pensou até em chamar um curandeiro
Para ver se havia alguma maneira
De ajudar.
Mas não houve tempo
Uma belo dia ele chegou em casa e
A triste noticia foram a ele anunciar.
"Ogunté morreu!"
Todas as outras esposas estavam a berrar.
Naquela época ainda não existia
O hábito de enterrar os mortos e
Os cadáveres eram enrolados
Em mantas e no meio
Da floresta aos pés da grande árvore
Iroko eram deixados para descansar.
Ogun a carregou, a levou para
A grande árvore e com todas as
Honrarias ele se despediu.
Mas assim que ele partiu
Ela saltou de dentro da manta,
A muito viva se pôs a correr
Para Obaluaye encontrar.

66
Ogun foi enganado,
Estava enlutado
E enquanto isto Ogunté estava a farriar.
Obaluaye a pediu em casamento,
Mas ela se negou,
Disse que seriam como namorados
Pois agora uma vida independente
Era o que ela queria.
Ela não queria homem dentro
De sua casa, ela não queria ser
Mandada,
"Antes só que mal acompanhada"
Ela somente queria ficar em paz.
Mas o problema e que ela havia
Tomado gosto pelo comércio,
E cometeu o erro de o mercado ir visitar.
Neste dia uma filha de Ogun estava
No mercado a comprar
mantimentos para casa
E viu Ogunté em sua antiga banca,
Ali vendendo os peixes.
A menina foi correndo pra onde
O pai estava e Ogun ao ver sua filha
Tão agitada deduziu que algo
Importante ela tinha para contar
"Eu vi Ogunté! Ela está viva! Está no mercado na banca de peixes! Meu pai o que ela fez foi te enganar!"
Ogun furioso!
Sabia que a menina não mentia,
Pois se ela dizia que Ogunté estava
Viva e porque devia sim estar.
Ele foi até o mercado e viu
Com os próprios olhos
A mulher por quem estava de luto,
E ela ali entre amigos a gargalhar.
Ogun irado, pensou até em
Guerrear contra ela,
Mas se lembrou quem ambos eram
Orisa.
Por isso somente o grande Deus
Poderia a traição de Ogunté julgar.
Ogun berrou na frente de todos,
E Ogunté não pode escapar!
Foi levada para além do céu,
Diante do próprio Olodumare
E o Deus maior ouviu os dois

67
Ogun se dizendo enganado
E ela que dizia que so quería se libertar.
Olodumare disse que o crime era
Grave mas o crime não era contra Ogun!
O crime era o desrespeito que ela
Teve com a morte,
E assim uma decisão tomou o
Grande Olorun.
Ele disse que a partir daquele instante
Os mortos deviam ser enterrados
Para que farsas como a dela não
Voltassem a se repetir.
Ogun ainda irado pedia que
Ela fosse castigada,
E Olorum entendeu que o pior
Castigo era por Ogunté em sua
Antiga posição.
Ele disse "ai está sua esposa, agora sabes que ela esta viva. Vão os dois para casa viver juntos como deve ser."
Ogunté ficou triste,
Agora estava de volta
Na rotina de lavar e cozinhar
E Ogun dela sempre desconfiava
Ele sempre dizia as outras esposas
"Fiquem de olho em Ogunté"
Sempre que saia para trabalhar.
Houve um homem muito belo
Que passava pela cidade,
Era Ayê um Orisa da terra
E ele por Ogunté se apaixonou.
Ela correspondeu
E marcou um encontro
Para consumarem o seu amor.
Ogun foi para a fazenda,
Alem de ferreiro ele também
Era agricultor.
Ogunte esperou o marido sair
E fugiu da vista das outras esposas,
Assim ela escapou e foi com
Ayê se encontrar.
O que ela não imaginava é que
Estava sendo seguida por
Um fiel servo do marido,
Era o cão Aja.
O cão seguiu Ogunte até a casa
De Ayê e em seguida correu

68
Para a fazenda de modo a Ogun avisar.
Ogun ao ouvir o cão ladrando
Soube de imediato que o problema
Era Ogunte.
O cão guiou Ogun para a casa de Ayê
E ele pegou Ogunte nos braços deste
Outro Orisa.
Ogun irado apenas apontou para
Ela e os cães avançaram,
Ogunte eles foram atacar.
Até hoje o Ewo (kizila) de Ogunte
É ver cachorro, ela não surporta
Pois faz dessa cena lembrar.
Os cães morderam Ogunte
Mas não o suficiente para machucar,
Então Ogun percebeu que não
Havia jeito, eles dois
Tinham que se separar.
Ele disse a ela para ir embora e
Ogunte juntou suas coisas,
Se despediu de todos
E feliz da vida pôs o pé na estrada
Marchou rumo ao mar.
"Vou-me embora! Pra casa de minha mãe Olokun eu vou voltar!"
Ela voltou a vida de guerreira,
morava na praia
Mas sempre que a chamavam
Para a guerra ela ia sem demorar.
Anos se passaram e um dia
O rei de Ejigbo chamado Osagyan
Soube que muitos de seus filhos
Haviam sido levados como escravos
Para além do mar.
Ele foi para a praia e jogou na água
Um tronco de árvore, sentou
Em cima e flutuando
Ele quis o mar atravesar.
Osagyan era um Orisa branco
E este tipo de divindade
Nao gosta de sal,
Por isto ele não poderia na água
Do mar nadar.
Foi lentamente boiando,
Calmamente deixando as
Correntes de água o tronco empurrar.

69
Logo ele viu que vinha subindo
Uma figura lá do fundo do oceano,
Ela vinha do fundo escuro e
Da superficie estava se aproximando.
Quando emergiu ele pode ver
A bela mulher que o fitava
Com olhar sério.
Era Ogunté, e ela queria saber
O que um Orisa estava fazendo
Ali no mar de sua mãe.
Ogunté é protetora,
Ela não hesitaria de proteger o mar
Que era agora a sua morada.
Osagyan explicou e ela logo entendeu.
Ficaram amigos, e mais que amigos
Eles se apaixonaram e
Ela engravidou.
Pelo tempo da gestação eles ficaram
Juntos, mas assim que o bebê nasceu
Osogyan teve de voltar para
O seu trono, para o seu povo.
Ele quis se casar com ela,
Fazer dela sua rainha.
Mas ela disse não.
Ogunté nunca mais quis se casar.
O menino filho dos dois
Foi chamado de Ogunjá.
Este andava ora com mãe
Ora com o pai
E assim se tornou tão guerreiro
Quanto eles eram.
Ogunté continuo em sua vida
De guerreira errante
E até hoje sempre está atrás de
Uma nova batalha.
Ogunté tão Brava quanto Oyá
Tão feiticeira quanto Osun,
Tão bela quanto Yemoja,
Tão forte quanto Ogun
De modo que Ogunté é independente
Ela sozinha se basta.
Ogunté é uma mulher brava!
Odo fi Ayaba!

YEMONJÁ OGUNTE

70
Ogunté é uma guerreira
Se conta que Ogun
Buscava uma esposa
E um dia encontrou uma mulher
Chamada Sarawawa
Ela era extremamente bonita
Mas o que mais chamou atenção de Ogun
Foi a valentia dela.
Ogun se encantou e a pediu em casamento
E ela aceitou.
Porém o casamento foi um
Completo desastre.
Ogun é um homem machista
Queria Ogunté dentro de casa
Lavando, cozinhando e
Cuidando dos filhos
Mas ela não o tipo de mulher
Que aceita cabresto
E logo começou a desafiar o marido.
Ogun não aceita ser desafiado
E como dois bicudos não se beijam
O casamento acabou
E Sarawawa voltou a se aventurar
Em batalhas pelo mundo afora.
Por ser muito parecida com
O Ogun o povo a chamava de Ogunté.
Ogunté se comporta como ele
É muito brava
Ela tem fome de guerra
E facilmente perde as estribeiras.
Depois de Ogun ela nunca mais se casou
Não quer mais ter marido
Ela gosta de ser livre.
Ogunté Ogunasomi!
Ela não é só uma guerreira
Ela também é um Orixa das águas!
Omi o!

YEMOJA OKURA
(Também chamada de Akura ou Konlá)

Antes de lerem a lenda eu preciso explicar uma coisa: Na Nigéria (África) não se cultua Yemoja no mar. A raiz de
Yemoja tem seu culto em rios, água doce.

71
A lenda que vão ler abaixo foi erroneamente traduzida em um livro muito famoso onde se diz que ela se passou no
mar, mas na verdade se passa nos rios. Aliás, se vocês pesquisarem livros sobre Yemoja verão que muitas
cantigas e lendas em Yoruba que citam rio (Odo) são erroneamente traduzidas como "mar/oceano".
Isso se deu pelo sincretismo de Olokun (divindase oceânica) e de divindades Bantu (como Kalunga, Kukueto) que
aquí nas Américas foram misturadas a Yemoja.
Compreenderam?
Agora vamos a lenda:

"YEMOJA OKURA AFOGA OS PESCADORES"

No Brasil chamamos ela de Akura,


Mas o nome dela é Okura.
Talvez por se falar "Iya okura"
A primeira letra tenha sido trocada.
Okurá (Oku-irá) não é um nome
De bom sentido.
Okurá significa algo ruim.
Se fala Okurá para coisas podres.
Dizer Yemoja Okura é falar
"Yemoja está azeda"
Mas isso é um dizer que quando
Se refere a sentimentos
O "Azeda" significa
"Profundamente aborrecida",
Ou seja Yemoja está amarga de
Modo a que seu comportamento se torna maçante, intolerante.
Se conta que ela morava no fundo
De um rio muito lodoso.
As águas eram verdes,
E ela vivia envolta em plantas
Aquáticas como a planta Cabomba
E os musgos dos mais variados
Tons de verde.
Ela tinha um profundo rancor
Pelos pescadores que não
Respeitavam seus peixes.
Haviam pescadores muito respeitosos
Mas alguns pescavam além do limite,
Desperdiçando a vida destes
Que são os reais filhos de Yemoja.
Ora ela não é a mãe dos peixes?
Então os respeite!
Ela quando via estes maus homens
Saia da água e os seduzia na superfície.
Ela era muito bela e quando
Usava seus encantos nenhum homem

72
Resistia.
Eles completamente encantados
Faziam tudo o que ela queria
E assim a seguiam
Para qualquer lugar que ela desejasse.
Yemoja levava para dentro do rio
E quando eles se davam conta
Que estavam sob a água
Tentavam fugir
Mas Yemoja Okura não deixava.
Eles morriam afogados.
As vezes ela devolvia os corpos
Que apareciam boiando
Nas margens.
As mães e esposas dos pescadores
Ficavam desesperadas quando
Seus filhos e maridos saiam para pescar
pois havia chance de Yemoja
Os afogar.
Elas decidiram fazer um balaio
Como muitos presentes e
Levaram para o rio
Pedindo que Yemoja fosse paciente e
Que desse seus peixes sem se aborrecer.
Yemoja Okura é temida
E por isto é respeitada.
Yemoja Okura se vestia de branco
Mas por sempre estar no limo
E no lodo sua roupa ficava
Esverdeada e esta se tornou a sua cor.

Omi o! Yemoja o!
Yemoja Okura é a dona das águas lodosas!

OOSA OJÁ / OLOJÁ / IYALOJÁ

Esta não é uma qualidade de Yemoja e sim um Orixa totalmente separado mas que no Brasil (precisamente no
candomblé) foi sincretizada como se fosse Yemoja. MAS NÃO É.
O candomblé é praticamente um mosaico onde cada peça vem de uma cultura diferente, então não é nenhuma
surpresa que existam misturas.

O nome deste Orixa vem da palavra


OJÁ que significa mercado
E então pode ser chamada
Olojá (senhora do mercado)
Ou Iyaloja (Mãe do mercado)

73
O mercado em questão seria algo como as feiras públicas que temos aqui no Brasil e por isso esse Orisa é
referente ao comércio e ao trabalho.

Esta Iyagba é profundamente ligada a Aje Saluga, Obatala, Orunmilá e Olokun Seniade.

Devo lembrar também que Iyaloja além de ser nome deste Orisa também é um título muito comum usado por
mulheres lideres do comércio em suas respectivas regiões.

O termo "Iyaloja" também é usado por outros Orixas femininos.

Olojá é também uma "qualidade" de Esu.

Em algumas versões as mães de Ayrá (Ara) e Osumare são chamadas de Iyaloja.

Vamos a Lenda:

O Odú Odí conheceu Iyaloja


Dentro do mercado.
Iyaloja é um Orisa Funfun.
Odí se encantou com Iyaloja
E fez amor com ela.
De tão encantadora
Muitos outros homens queriam
Fazer amor com Iyaloja
E cantavam para ela cantigas
Que diziam que o Iyaloja era
Como um mel muito doce
E que eles não conseguiam
Ficar longe dela,
Por isso ficavam dentro do mercado
Onde inevitavelmente
Gastavam muito dinheiro
No comércio.

Iyaloja é Orisa muito cultuada por mulheres que a vêem como divindade de riqueza e fertilidade.

Iyaloja também é famosa por ser


Esposa de Obatala (Osala).

No Brasil dizem que ela é uma Yemanja que carrega o "xere" de Sango, mas essa informação não é correta.

O culto de Iyaloja é extremamente ligado ao de Aje Saluga, muitos dizem que são irmãs.

O assentamento de Iyaloja fica sempre no meio do mercado coberto por um pano branco.

74
YEMBO / YEMÚ

Yembo na tradução Lukumi é um Orisa muito parecido com Yemoja. Ela é considerada a primeira esposa de
Oduduwa e mãe de Ogun, porém em outras tradições essa posição é ocupada por Olokun Seniade.
Yembo é um Orisa da água.
Não confundam Yembo com Yemoo pois sao divindades diferentes.
Ela não é uma qualidade de Yemoja mas por ser muito próxima ela foi incluída nesta série.

Vamos de lenda:

O INCESTO DE OGUN E YEMBO

Quando Oduduwa se casou com


Yembo ela era muito jovem.
Logo que casaram ela engravidou
E pariu o primogênito, Ogun.
Oduduwa era muito orgulhoso de
Ter uma bela esposa e um filho
Muito forte.
Com o passar do tempo Ogun cresceu
E se tornou um homenzarrão.
Ele passou a olhar a mãe
Com outros olhos
Afinal ela era extremamente bela.
Ela também não o via como filho
Mas sim como homem.
Ogun teve um caso com Yembo.
Durante muito tempo foram amantes.
Um dia Oduduwa voltou mais
Cedo para casa e flagrou a esposa
E o filho juntos.
Furioso ele expulsou Ogun
E nunca mais permitiu que ele
Entrasse no palácio.
Desde então Ogun ficava do lado
De fora e por isso na tradição Lukumi
Ogun é assentado do lado de fora
Das casas.
Yembo muito triste pelo acontecido
Chorou até se desmanchar em água.
O local onde Yembo caiu se tornou
Um poço.

Yembo é louvada como mãe e


Primeiro amor de Ogun.

75
Maferefun Yembo!
MALELEWO

Se conta que esta Yemoja vem como irmã de Osun e tem um comportamento rebelde, agressivo.
Malelewo é uma GUERREIRA.
O nome Malelewo se traduz como "Aquela que ama o dinheiro" e se refere a ela dar sorte em situações de cunho
financeiro.
Não confundam Malelewo com Awoyo, elas são diferentes.
Vamos a lenda:

MALELEWO, A MULHER DECIDIDA!

Yemoja Malelewo era muito bela


E sempre teve uma enorme sede
Em ter conhecimento.
Ela vivia nos rios, nas lagoas
E nas nascentes das águas
Que ficam na mata virgem.
Um dia ela passava pela margem
De seu rio e viu Osanyin.
Ela observou que ele falava sozinho
E achou aquilo muito curioso.
Porém a cada palavra que ele dizia
As plantas da mata se moviam.
Ela entendeu que ele estava
Falando com a floresta.
A cada pedido de Osanyin as folhas
Vinham até ele.
Ela ficou admirada com aquela
Sabedoria e se aproximou.
Yemoja fingiu ser uma mulher tola,
Se portou como se fosse uma
Ingênua para que ele não desconfiasse.
Yemoja passou muito tempo
Com Osanyin e sempre o observava
Porém fingia não estar atenta.
Ele gostou dela e os dois tiveram
Um romance.
Assim que tinha aprendido o
Suficiente ela o abandonou
E seguiu sozinha
Agora sabendo muito sobre as
Poderosas folhas.
Yemoja Malelewo é muito sabia

76
Osanyin só percebeu que ela o tinha
Enganado quando era tarde.
Uma outra vez Yemoja estava no mar
Junto de sua mãe Olokun.
Ela sempre que queria causava
Grandes enchentes fazendo
Parte da terra se encher de água.
Os homens tentaram falar com ela
Mas Yemoja Malelewo não deu
A menor atenção as queixas deles.
Eles foram reclamar com Olodumare
Dizendo que tudo que construiam
Era ameaçado por ela
Pois ela vivia a causar danos
Com as enchentes.
Olodumare enviou Obatala para
Que ele resolvesse a situação.
Esu era muito amigo de Yemoja
E ele escutou tudo o que os homens
Haviam dito a Olodumare,
E então se apressou em ir contar
Para Yemoja que Obatala vinha
Para faze-la parar com as inundações.
Ela foi até Ifá para ser
Aconselhada no que deveria fazer
E ele lhe disse para sacrificar
Um carneiro branco em honra
A Obatala.
Assim ela fez.
Quando Obatala chegou na terra
Ele foi se reunir com os homens
Que se queixavam de Yemoja.
Foi então que eles ouviram o estrondo
Da enchente, a água estava invadindo
Tudo e Yemoja Malelewo
Vinha cavalgando em uma onda
Como quem monta em um cavalo,
Altiva e orgulhosa trazendo
A cabeça do carneiro para Obatala.
Ele quando viu a oferenda
Ficou muito feliz
E se sentiu muito honrado.
Nisto ele apoiou Yemoja e deu
A ela o direito de invadir a terra
Seja com as inundações

77
Ou com as marés
E assim não se passa muito tempo
Sem que as aguas venham
E invadam tudo.
Yemoja Malelewo é uma mulher
Muito decidida e fez tudo o que
Deseja independente da opinião
Dos outros.

Eepa! Eepa Yemoja! Omi o!

ASABA / OLOFUN / AYABA


A Soberana

Asaba é um caminho de Yemoja muito popular no Brasil, ela é a Yemoja que está mais próxima de Olodumare
sendo as vezes referida como sua assistente mais eficaz.
Ela foi esposa de Ogun, Obatala e Okere, mas seu casamento mais fomoso foi com Orunmilá.
Ela se veste de branco pois é do grupo dos funfun.
Existe varias lendas sobre ela mas eu adoro esta:

YEMOJA ASABA GANHA O MERIDILOGUN

Yemoja Asaba era soberana


Pois havia sido visitada pelo
Próprio Olodumare
E dele recebido autoridade
Sobre muitas coisas.
Em seu casamento com Orunmilá
Ela foi muito feliz.
Um dia Orunmilá viajou
Para atender pessoas de um
Vilarejo vizinho.
Yemoja se viu sozinha em casa.
Orunmilá era um sábio advinho,
Ele usava diversas ferramentas
Para consultar os Odu
E uma destas era o Meridilogun
Que era o jogo de 16 búzios.
Yemoja sendo esposa de Orunmilá
Já havia visto ele jogar Meridilogun
Muitas vezes e havia compreendido.
Na ausência de Orunmilá ela
Acabou por ser importunada
Por muitas pessoas que vinham
Atrás dele enfim de saber de seu futuro.

78
Ela que estava sem dinheiro
Resolveu abrir a casa e atender
O povo usando o jogo.
Quando Orunmilá voltou ele
Soube de uma mulher que havia
Roubado todos os seus clientes.
Inconformado ele foi atrás para
Saber quem era
E quando chegou em casa
Encontrou uma fila de pessoas
Em sua porta.
Ao indagar o que estava
Acontecendo as pessoas disseram
Que aguardavam para serem
Atendidas pela sábia mulher
Que jogava Meridilogun.
Ele ficou abismado pois pensou que
A tal mulher além de roubar
Os seus clientes tinha
Também roubado sua casa.
Ele entrou correndo e ficou
Mais abismado quando viu
Que a mulher era sua esposa Yemoja.
Ele ficou irado, brigou com ela
E a levou diante de Olodumare
Pedindo uma punição para ela
Mas o grande Deus disse
Que os Odu haviam sidos
Abertos pela mão de Yemoja
E isto era sinal de que ela
Tinha sabedoria e poder
Para usar deles.
Orunmilá teve de aceitar
E após isto Yemoja ganhou
O direito de jogar Meridilogun.
Após isto consultar os odu que era
Uma função somente masculina
Também foi atribuída as mulheres.
Yemoja é muito sábia.
Yemoja pode fazer tudo o que quiser
Pois sua sabedoria não tem limites.

Epa! Omi o!

IYA MASE MALE

79
(Também chamada de Ayamase)

Está é uma qualidade MUITO POLEMICA, exatamente porque existem pessoas que a cultuam e até dizem ser
iniciadas para ela, mas existem também pessoas que afirmam categoricamente que ela não existe. Bom, sabendo
dessas opiniões tão contrárias vamos esmiuçar esse assunto? Vamos entender o que esta acontecendo? VAMOS!

O grande problema de Yemoja Iya Mase Male é que ela é citada como sendo mãe de Sango. Mas daí vocês
podem perguntar
"qual é problema disso?"
O problema é que todas as pessoas que estudam a história africana Yoruba conhecem a mãe de Sango e sabem
que ela não é Yemoja, na verdade a mãe de Sango foi uma figura ilustre impossível de ser ignorada pois foi uma
princesa do reino Nupê.
Mas ai vocês podem perguntar "Se a mãe de Sango ja é conhecida, como Yemoja entra nessa história?"

Sango não é simplesmente um Orisa, ele foi uma pessoa importante na história Yoruba, ele existiu em carne e
osso. Então o que ocorre é que a história política (a história real) de Sango é uma e a história mitologica (contada
na religião) é outra.

Eu sei que parece muito confuso, então eu vou contar as duas histórias.

Primeiro a visão política sobre Sango:


Òrànmíyàn rei de Ifé fez um acordo político com Elempé rei de Tapá. O acordo foi selado através do casamento de
Òrànmíyàn com Torosi, a filha de Elempé. Desta união nasceu Tella-Oko.
A familia de Elempé cultuava uma divindade chamada Sango e este nome também foi atribuído a Tella, ele então
passou a responder por "SANGO". Tella também era conhecido como "Arabambi".
Torosi faleceu cedo, Tella/Sango foi criado por familiares.
Diversos acontecimentos acorreram e ele acabou por se tornar rei de Oyó. Se casou com dezesseis esposas,
muitas em acordos políticos. Reinou por sete anos até ser deposto.

Como podem ver a história política (como todas as histórias políticas) é bem enxuta, sem acontecimentos
miraculosos ou nada parecido, apenas fatos.

Agora a história religiosa é bem diferente:


Òrànmíyàn era esposo de Yemoja a poderosa divindade dos rios, dela nasceu Sango o orisa dos raios.
Sango cuspia fogo e lançava raios pelas mãos. Ele se tornou rei de Oyó e se casou com tres esposas, Osun, Oba
e Oyá que eram tres poderosas deusas. Yemoja esteve com ele por toda a vida.

Há também uma terceira versão que mistura a religiosa com a política:


Òrànmíyàn era marido de Torosi e com ela teve Sango. Torosi faleceu cedo e entregou Sango para ser criado por
Yemoja.

Outras coisas são difíceis de entender, por exemplo que Aganju também foi casado com Yemoja, e ele era
sobrinho de Sango, isso seria cronológicamente impossível pois o sobrinho não poderia se casar com a tia avó,
mas na mitologia religiosa tudo pode acontecer, na mitologia as coisas raramente seguem alguma ordem. Ela
também aparece como sendo esposa de Ogun, que era tio de Sango ( Òrànmíyàn era meio irmão de Ogun), ou
seja a participação dela na família se enrola ainda mais.

Com isso sabemos que Yemoja existe sim dentro do culto do Orisa Sango e dos Orisa ligados a ele mas ela não
existe na história física política, então se vocês me perguntarem se Yemoja Iya Mase Male existe eu simplesmente
respondo "Não sei", ela pode sim existir como pode não existir, então não tenho como dar uma resolução nesse
assunto.

80
Pelo que se sabe a origem do culto de Yemoja se dá na mesma região onde a mãe de Sango (Torosi) nasceu, por
isso acabaram por trocar uma pela outra.

Nisso as pessoas que acreditam nela não podem ser consideradas erradas, e as que não acreditam também não
podem ser consideradas erradas.

Sei que o texto acima não responde dúvidas, mas algumas dúvidas não podem ser respondidas, esses assuntos
são complexos demais.

Yemoja Iya Mase Male é uma figura apenas religiosa, mas isso não diminui a importância dela na cultura, e ela
está presente em muitas lendas de Sango.

Pelo fato de ser conhecido que ela não era mãe sanguínea de Sango é um costume referir a ela como "mãe
espíritual de Sango" (Emi-Iya) o que não deixa de ser um titulo importante.
Por ela semente existir junto a Sango ela não possui cores próprias, ela usa as cores dele que são branco, azul
intenso e vermelho.

YEMOJA ATARA-MAGBA

Também chamada de Ataramobá, Ataramawa, Anibodê ou Iyakú.

Esta qualidade de Yemoja é muito bonita, dizem que tem uma aparência similar a de Osun. aliás varias qualidades
de Yemoja são mães de Osun mas esta em específico trás as duas como irmãs. O nome significa "mais
importante que um rei" ou "que é importante a todo momento".
Se conta que ela era um tanto brava, de comportamento enérgico.
Anos atrás eu recebi uma encomenda de desenhar essa Yemoja para um cliente, e na época eu não sabia nada
sobre ela, então o cliente me orientou nas cores e na aparência que ela teria, na época eu fiz uma "Iemanjá
Baiana", mas usei o mesmo esquema de cores para fazer essa Yemoja africana.
A lenda abaixo eu retirei de uma publicação de Santería (onde Atara-Magba é muito famosa) e conta porque ela é
tão ligada a Osun.
Vamos a lenda:

Yemoja Atara-Magba
Ela é rica e altiva.
Yemoja não se levanta para saudar
O Rei nem põe a cabeça ao chão.
Ela é maior que qualquer Rei.
Ninguém pode contra ela.
Yemoja Atara-Magba bebe
Água ardente sem se cansar.
Ela é muito rica, tão rica que
Não se pode comparar.
É ela quem convida Ogun
Para comer carne de cabrita
Recém desmamada em sua casa.
Ela que convida todas as suas irmãs
Para comer Pombos e Gansos
Nos banquetes que serve.

81
Mas Yemoja Atara-Magba tinha
Uma irmã, era Osun.
Osun era muito rica e muito bela.
Mas Osun era imprudente.
Um dia uma guerra sangrenta
Atingiu as terras de Osun,
Ela tentou lutar mas teve de fugir.
Osun havia passado a vida preocupada
Com os bens materiais e
Havia esquecido de se preparar
Para as adversidades.
No auge da guerra ela perdeu
E para não morrer ela fugiu
Osun partiu apenas com a roupa
Do corpo e algumas jóias.
Ela se refugiou em uma terra estranha
E teve de vender suas jóias para
Comprar comida.
Com o passar do tempo seu vestido
Ficou gasto e encardido
E por tantas preocupações que ela
Passava os seus cabelos caíram.
Osun ficou feia, pobre e infeliz.
Um dia quando estava já definhando
Ela encontrou Yemoja Atara-Magba
Sua rica irmã que a muito tempo
Procurava por ela.
Yemoja restituiu as riquezas de Osun
E fez dela uma nobre novamente.
Yemoja devolveu Osun as terras
Que haviam sido roubadas.
Osun recuperou sua beleza
Mas seus cabelos estavam ralos.
Foi então que Yemoja cortou as
Longas tranças que tinha e deu a Osun
Para que ela pudesse usar cobrindo
As falhas em sua cabeça.
Osun usou o cabelo de Yemoja
Até que o seu próprio voltasse
A ser belo como antes.
Osun ficou muito grata e jurou
Que como paga pela bondade
Da irmã ela protegeria todos os filhos
Que Yemoja viesse a ter.
Por isto os filhos de Yemoja Atara-Magba

82
Tem a proteção de duas mães,
Osun e Yemoja.
Yemoja Atara-Magba é muito rica,
Ela pode restituir as coisas boas
E remediar todo sofrimento.

Eepa omi o! Odo IyaYemoja Atara-Magba!

Algumas pessoas gostam de por algum tecido amarelo ou alguma jóia dourada em Yemoja Atara-Magba (por isso
eu desenhei esse espelho de ouro na mão dela) porém não é uma regra, Atara-Magba também existe junto a
Ogun.
Há também uma outra versão onde ela vem como filha predileta de Babá Olokun (Ajaokoto) e ai se veste somente
de branco.
Ou seja, tem vários modos de se ver essa qualidade, e todos são belos.
Os Lukumi (adeptos de Santería) costumam por muitas jóias (mesmo que bijuterias) nos assentamentos de
Yemoja Atara-Magba, e também põem
Uma bússola (brújula) para fazer alusão a busca de Yemoja por Osun citada na história acima.

YEMOO / YEMOWO

Yemoo (se pronuncia Iê-mo-ô) não é uma qualidade de Yemoja, ela é uma divindade totalmente separada mas
que aquí no Brasil foi sincretizada como se fosse Yemoja.
Yemoo é a esposa preferida de Osala.
Toda vez que ouvirem lendas de Yemoja no Candomble ou na Umbanda que citam Yemoja como esposa de Osala
entendam que não é de Yemoja que estão falando, na verdade é de Yemoo.
A história de Yemoo é totalmente mesclada com a de Osala e com a dos filhos que ela teve com ele (Osalufan por
exemplo é filho de Yemoo e Osala, mas no Brasil foi sincretizado como sendo qualidade do próprio Osala).
No Candomble e na Umbanda ela é constantemente chamada de "Yemanjá Yemowô" (forma popular de escrita,
porém errónea) e a maioria não sabe que ela não é Yemoja.

Por haver tanta confusão aquí no Brasil referente a estas duas eu resolvi por Yemoo na lista da série de desenhos
de Yemoja para poder explicar.

Estando claro que Yemoo e Yemoja não são a mesma pessoa vamos a história de Yemoo:

YEMOO É A ESPOSA DE OSALÁ

Se conta que Osala era casado


Com duzentas mulheres,
Mas a sua esposa predileta era Yemoo.
Ela deu a luz a muitos filhos,
Dela nasceu desde Osalufan, que é
Primogenito de Osala até
Obalesun, o caçula.
Quando Osala se casou com Yemoo
Ele descobriu que a mulher não bebia
Água ou nenhum tipo de bebida.
Yemoo só bebia sangue.

83
Osala então foi a Orunmilá
E contou o que a esposa bebia.
Orunmilá deu a Osala uma
Colher de pau encantada,
E disse que toda vez que Yemoo
Quisesse beber sangue ele
Devia ir a floresta e ao apontar
A colher para algum animal
O sangue jorraria de dentro dele
E Osala o recolheria e levaria
Para a esposa,
Porém Orunmilá advertiu que
Osala não devia contar a ela
Sobre o que fazia.
Nesta época Yemoo não podia
Ter filhos, ela não conseguia engravidar.
Ela também foi a Orunmilá
Perguntar como conseguiría
Gerar um filho,
Mas ele não respondeu,
Apenas disse que ela não davia
Jamais suspeitar do marido.
O que Orunmilá mandou ela fazer
Ela fez exatamente o oposto.
Yemoo passou a disconfiar de Osala
Porque ele não tinha uma espada
Nem uma lança, nem nada cortante
E mesmo assim trazia sangue
Todos os dias para ela beber.
Yemoo queria saber como ele
Retirava o sangue dos animais
Sem ter uma arma para ferir
E então o seguiu quando ele saiu
Para caçar.
Osala este día não encontrou
Animal algum, e depois de muito
Procurar ele se sentou em uma
Pedra para descansar.
De repente ele ouviu um barulho
Atrás de uma moita e rapidamente
Apontou a colher de pau na direção,
Mas se assustou quando ouviu
O grito de sua esposa.
Era ela que estava atrás da moita o espiando.
Osala quando a achou viu que sua

84
Roupa estava suja de sangue,
Pois ao apontar a colher para ela
O sangue jorrou da vagina.
Sim, Yemoo sangrou.
Esta foi a primeira vez que
Uma mulher sangrou, a partir deste
Dia todas as mulheres começaram
A sangrar também, e isto
Se chamou menstruação.
Osala a levou para ver Orunmilá
E ele disse que ela deveria fazer
O sacrifício de cinco galinhas,
Uma por dia e que após isto
Ela ficaria bem.
Yemoo fez o recomendado e parou
De sangrar.
Ela então se deitou com o marido
E finalmente conseguiu engravidar.
Yemoo se tornou a esposa que
Osala mais amava.
Um dia Osala chamou vários animais
Para brincarem com ele um jogo
De escorregar nas pedras.
Osala e Orunmilá eram muito sábios
E por isso falavam a língua
Dos animais.
Osala chamou os pássaros, o bufalo
E o elefante.
Eles sempre se reuniam na pedra de
Agbarisaala para conversar.
Orunmilá disse a todos que deviam
Fazer sacrificios para terem boa sorte
Mas os animais ignoraram
As palavras de Ifá.
Osala os chamou para brincar
Nas pedras e eles foram.
Um a um foram pulando
E escorregando nas pedras,
Mas na vez de Osala ele caiu e bateu
O rosto na rocha fazendo um de seus
Dentes quebrar e sair de sua boca.
Os animais o socorreram,
Mas Osala ficou banguela.
Ele ficou muito constrangido,
Se sentiu humilhado.

85
Foi então que o elefante disse
Que daria marfim para Osala
Usar em sua boca como dente.
Os animais afiaram um pedaço
De marfim e colocaram na boca
De Osala.
Osala ficou muito grato mas pediu
Que todos mantessem aquí em segredo
Pois ele não queria que Yemoo
Soubesse que ele
Usava um dente falso.
Todos os animais juraram guardar
Segredo sobre a situação.
Todos os animais juraram em falso
Pois assim que chegaram em casa
Contaram as suas esposas sobre
A vergonha de Osala.
O elefante ao chegar em casa disse
Para a esposa "não vê que falta um pedaço do meu marfim?"
E ela respondeu "sim vejo que falta, o que aconteceu?"
E ele contou sobre a vergonha
De Obatala dizendo que havia
Dado o marfim para ele pois
Obatala era o rei da região e ele
Não queria que o rei fosse banguela.
O único do grupo que não traiu a
Promessa de contar nada foi Orunmilá.
O elefante ficou muito preocupado em
Ter exposto a situação de Osala
E arrependido foi se aconselhar
Com Orunmilá.
A esposa de Orunmilá se chamava Abá
A esposa do Elefante se chamava Oko
A esposa do Búfalo se chamava Poolo.
Quando Orunmilá estava falando
Com o elefante, Abá ouviu a conversa
E questionou o marido.
Ele pediu a ela para guardar segredo
Sobre o que tinha ouvido.
Já Oko e Poolo contaram a todos
Sobre a vergonha de Osala.
Um dia Yemoo foi até o rio,
Ela tinha que buscar agua para
Osala fazer a argila e moldar
Os seres humanos.

86
Havia uma grande seca na época
E o rio estava com pouca água,
Então todos os que precisavam
Fizeram uma fila para um
De cada vez retirar agua.
Yemoo estava aguardando
Quando Oko veio e passou a
Frente na fila.
Yemoo falou "Você tem que esperar a sua vez, você me viu na fila."
Oko respondeu "Você me deve respeito, a água que você conseguir deve dar a mim."
Yemoo perguntou "Mas quem é você?"
E Oko respondeu "Eu não sei, vá perguntar a seu marido, afinal se não fosse pela ajuda do meu marido o seu não
sairia de casa, humilhado ele morreria de vergonha."
Yemoo não entendeu,
Mas ficou muito constrangida
Pela atitude de Oko.
Ela foi para casa e contou a Osala
O que Oko havia falado.
Osala ficou furioso,
Ele contou a Yemoo que tinha
Perdido o dente e ela compreendeu,
Mas Osala soube que as pessoas
Nas ruas estavam zombando dele.
Ele correu até a casa do Elefante
E o amaldiçoou, ele gritou
"Elefante! Você me traiu! Por isso eu digo que a tua esposa será a causa da sua morte".
Osala correu ate a casa do Búfalo
E gritou as mesmas palavras.
Quando ele chegou na casa de
Orunmilá ele bebeu agua fria no
Casco de caramujo e se acalmou.
Ele contou a Orunmilá que havia
Amaldiçoado todos os que lhe trairam
Dizendo que suas esposas lhes
Causariam a morte.
Orunmilá não traiu Osala mas
Por precaução Aba teve de ir embora.
A esposa do Elefante se chamava
Oko, que significa lança
E com lanças é que se matam elefantes.
A esposa do bufalo se chamava Poolo
Que significa armadilha,
E com armadilhas é que se matam
Os búfalos.
Pela traição do Elefante Osala

87
Tomou posse dos seus dentes e
De todos os ossos do seu corpo
Sendo que o marfim pertence
Agora a Osala.
Yemoo continúa a ajudar Osala
A fazer suas tarefas pois é
A esposa que ele mais ama.

Não existe Yemoo sem Osala


Eepa Baba! Eepa Yemoo!

YEMOJA AWOYO

Esta é sem dúvida um das qualidades de Yemoja mais famosas na Nigéria e em Cuba, porém no Brasil ela perdeu
este posto para outras.
Awoyo é uma das mais velhas, existe uma certa discussão em se dizer se foi ela ou Odô que nasceu primero, mas
de todo modo ela é mais antiga que a maioria das outras qualidades.
O caráter de Awoyo é diferente das Yemojas dóceis, ela na verdade é altiva e orgulhosa o que a faz ser distante,
também é impaciente e guerreira, porém sua marca é a opulência, a extravagancia e a exigência de ser sempre a
melhor, a mais bem vestida, a melhor ornada, é a mais vaidosa das qualidades de Yemoja. (Traduzindo: Ela é uma
Diva).

Eu sei que muita gente aqui no Brasil vê Yemoja como uma mulher tímida e emocionalmente abalada (chorona,
depente e muito emotiva), mas em algumas culturas ela é o oposto disso, Awoyo esta ai de prova sendo que é
uma mulher forte e voluntariosa.

Eu não encontrei nenhuma lenda genuína Yoruba ou Afro-Brasileira, a lenda que vão ler agora é Afro-Cubana,
vem da Santería.

"YEMOJA AWOYO É A RAINHA DAS ÁGUAS"

Awoyo era uma forma de elogiar Yemoja.


Awoyo significa "muito rica".
Ela era a primogênita de Olokun.
Ela era uma mulher muito poderosa e altiva.
Yemoja Awoyo era conhecida
Por ser bem quista pelos Reis,
Como por exemplo o seu aliado Sango.
Olokun estava em dificuldades
Ela havia se voltado contra a humanidade e causado um enorme
Dilúvio na tentativa de erradicar
A vida na terra.
Por este feito ela fora castiga sendo
Acorrentada no fundo do oceano.
Yemoja Awoyo é senhora dos rios,
Porém sua mãe precisava de auxílio.
Yemoja Awoyo foi para o mar

88
Para ver a mãe.
A mãe estava impossibilitada
De governar o oceano,
E Yemoja Awoyo foi incumbida
De tomar o seu lugar.
Ela se tornou rainha não só das
Águas doces mas também das salgadas.
Ela tomou para si as jóias da mãe
E usou sete mantas que tinham os
Mais belos tons de azul como sua saia.
Porém Yemoja Awoyo não tinha
Um Ade, uma coroa.
Foi então que o amigo mais chegado
De Olokun veio até Yemoja,
Era ele Osumare a serpente Arco-Íris.
Osumare deu a Yemoja um pedaço
De si mesmo, no qual ela usou
Em sua cabeça como um diadema.
Por isto de diz que Yemoja Awoyo
Se coroa com Osumare,
Sua coroa é uma serpente Arco-Íris.
Ela se tornou a regente de todas
As águas, e para isto teve de ser forte.
Se conta que ela travou muitas batalhas
Para defender seu território e que
Sempre que volta da guerra ela
Se refestelava nas águas doces da
Lagoa de Olosá, sua irmã.
Awoyo é diferente de todas as outras
Qualidades de Yemoja,
Ela é única.
Baalé! Eepa! Eepa Yemoja Awoyo!

AJE SALUGA
(Tambem chamada Kowo, Ainá ou Anabí)

Antes de lerem eu preciso explicar uma coisa, na lenda que vão ler abaixo eu cito Aje como irmã de Yemoja,
porém isso dependendo da tradição pode ser contestado. O parentesco de Yemoja com Olokun, Olosa e Aje pode
ser conhecido em algumas tradições ou totalmente desconhecido em outras.
Outro detalhe é que quando se cultua Aje como irmã de Yemoja ela vem toda cheia de cores como o desenho que
fiz, mas em outras tradições ela pode existir como funfun.
Vamos a história:

Olokun Seniade era uma Rainha


Muito poderosa e poderosos
Também eram seus filhos.

89
A filha predileta de Olokun era
Anabí, que é mais conhecida pelo
Nome "Aje Saluga" a dócil moça
Que vivia das praias para o mar.
Um dia Olokun se ausentou
E Aje escapuliu para a praia.
Ela se fez em forma de espuma
E assim foi sobre as ondas.
As pessoas que estavam na praia
Se maravilharam com aquilo,
Elas viram a espuma do mar brilhar,
E de tão reluzente todos os que
Olharam para ela ficaram cegos.
Olokun sabendo disto avisou Aje,
Ela disse que o que Aje iria se ver
Tal qual as pessoas lhe viam,
Por isto ela devia ter cuidado.
Novamente quando Olokun
Se ausentou ela foi para a praia
Mas desta vez ela se ergueu sobre
As ondas e quando olhou para a água
Ela viu o reflexo do seu próprio
Brilho, nisto Aje ficou cega.
Yemoja é quem anda com Aje
E a leva para passear,
Aje é a irmã caçula de Yemoja.
Aje compreendeu que a sua grande
Riqueza cegava os homens,
Mas só compreendeu isto quando
Ela mesma foi ferida.
Se conta que certa vez Osala
Estava no campo com três de seus
Servos, e ifá alertou que eles
Não deviam agir com ganância.
Quando Osala partiu do campo
Rumo a cidade
No meio do caminho eles encontraram
Aje deitada no chão dormindo.
Osala disse a todos que ela era
Filha de Olokun, e que não deviam
Toca-la.
Porém os mensageiros viram
Que aje era belissima e que
Os seus cabelos na verdade
Eram fios de ouro.

90
Cheios de cobiça eles cortaram
Os cabelos da moça enquanto
Ela dormia e levaram para a cidade
No intuito de vender.
Coisa ruins ocorreram e cada
Um deles acabaram por perder a vida.
Aje mostrou que a ganância leva
Para o caminho do mal,
E puniu os três.
Nenhuma riqueza deve ser adquirida
Sem esforço, Aje abençoa
Os que trabalham.
Aje é a mulher que tem os cabelos
Como ouro.
Aje é a mulher que vomita pedras preciosas.
Aje é a que expele de dentro de si ouro e prata em abundância.
Certa vez Aje veio para a terra,
Mas se apresentou com uma aparência
Não muito agradável.
Aje morava no céu antes de habitar
Na terra.
Quando ela chegou aqui as pessoas
A rejeitaram, não queriam
Que ela entrasse em suas casas.
Tarde da noite aje bateu na porta
De Orunmilá pedindo abrigo.
Ela contou que ninguém na terra
Quis abriga-la.
Orunmilá era um homem bom
E a acolheu.
Ao amanhecer Aje acordou Orunmilá
E disse que sentia vontade de vomitar.
Orunmilá correu e apanhou
Uma bacia para ela vomitar
Mas Aje disse que não podia vomitar ali.
Orunmilá correu e apanhou uma tigela
Para Aje vomitar mas ela disse
Que não poderia vomitar ali.
Orunmila então apanhou uma cabaça
E deu a Aje mas ela disse que
Não podia vomitar ali.
Orunmilá perguntou a ela onde
Então ela queria se aliviar
E Aje revelou que quando
Estava no Orun ela tinha

91
Um quarto específico para isto.
Orunmilá a levou para um cômodo
Vazio em sua casa e lá Aje
Começou a vomitar, e de sua
Boca saia todo tipo de riquezas
Rubis, safiras, diamantes, cristais
Pérolas, pepitas de ouro e tudo mais
Que é precioso.
As pessoas que passavam na rua
Entraram na casa de Orunmilá
Para Ver o que estava acontecendo
E ele contou que Aje estava vomitando.
As pessoas entraram no quarto
E viram Aje expelindo os tesouros
E todos se espantaram.
Orunmilá disse
"Está é Aje Saluga, dona de todas as riquezas da terra"
Todos juraram servir Aje a partir
Daquele momento
E aqueles que antes a desprezaram
Passaram a tratar Aje com carinho.
Aje é muito timida.
Aje e o Orisa que faz prosperar.

Ajewole! Ajewole!

OLOSÁ / OSAARA
A senhora dos lagos

Olosá ou Osaara é uma divindade profundamente envolvida com Yemoja e Osun, seu culto se dá em lagos e
lagoas e seu principal local de culto é a lagoa de Eko.
Olosá é sim um Orisa, existe sim um culto específico para ela, inclusive existe até um animal sagrado: O crocodilo.
Olosa sería irmã de Iyá Olokun Seniade ou esposa de Babá Olokun Ajaokoto, ela também foi conhecida por ser
esposa de Oduduwa.
Algumas casas de Candomblé sincretizam Olosá como sendo qualidade de Yemoja, mas temos de deixar claro
que ela não é.

Vamos a lenda:

Se conta que Olokun Seniade


E sua irmã Osaara (Olosá)
Eram esposas de Oduduwa
O rei de Ifé.
Osaara e Olokun eram amigas
Porém tinham uma certa rivalidade
Por seus poderes serem similares.

92
Olokun era senhora do mar e
Osaara era senhora da lagoa.
Certa vez as águas do mar e das
Lagoas baixaram e uma grande
Seca se instaurou.
Osaara e Olokun foram até
Orunmilá pedir ajuda
Elas queriam uma solução
Para suas águas voltarem.
Orunmilá consultou Ifá
E disse que se as irmãs fizessem
Oferendas elas seriam agraciadas
Com as águas novamente.
Elas ouviram de Orunmilá o tipo
De oferenda e então fizeram.
Assim que foram embora
Da casa de Orunmilá
Osun chegou para jogar com ele
Ela queria ajuda pois o seu rio
Estava muito cheio e ela não tinha
Onde despejar a água.
Orunmilá disse a Osun que
Devia despejar a água do rio
Na lagoa de Osaara e
No mar de Olokun.
Osun fez isto e a lagoa e o mar
Voltaram a ficar cheios.
Quando Osun encontrou
Osaara e Olokun elas discutiram
Sobre quem seria a rainha das águas.
Osun disse que era ela pois
Fora as águas de seu rio que encheram
A lagoa e o mar.
Osaara disse que era ela pois
A agua corrente do rio e a água
Salgada do mar não deixavam a vida
Acontecer tal qual a lagoa cheia de
Plantas boiando.
Olokun disse que seria ela pois
O mar é muito maior que
O rio ou a lagoa.
Orunmilá resolveu a questão dizendo
Que a rainha seria a que
Tivesse o dominio maior e por
Isso Olokun se tornou rainha de

93
Todas as águas
Mas a rivalidade com Osaara
Continua até hoje.

OSOOGUIAN
Osogiyan, o Orixa que ama
Comer inhame batido no pilão.
Ele é um dos filhos mais ilustres de Obatalá.
Se conta que era muito valente
Galante e bonito
O mais belo entre os funfun
Ele nasceu na cidade de Ife.
Certo dia em uma campanha de guerra
Ele chegou na região
Onde achou propício fundar uma cidade
E a chamou de Ejigbo para
Homenagear Ife pois este era
Usado na em sua cidade natal
Como nome de um
Mercado publico muito importante,
O mercado de Ejigbo-Mekun.
Osogiyan é muito famoso
Por ser guerreiro
Por ser destemido.
Se conta também que todos os anos
O povo de Ejigbo celebra o festival
Dos inhames novos
Onde mulheres batem o inhame no pilão
Para servir de oferenda a este Orixa.
Osogiyan tem seu próprio pilão sagrado
Tem também um cajado como o do pai
Para mostrar sua honra,
Também tem varas de
Madeira de Atori para
Castigar os perversos e convocar
Os espíritos dos mortos.
Osogiyan é muito poderoso
E por mais que seja benevolente
Pode se tornar muito perigoso quando desrespeitado.
Por ser um rei se saúda Osogiyan
Com a palavra "Kabiyesi"
Que significa majestade
Mas tambem se Sauda dizendo
"E SEUN E BABA"
Que significa " O pai que é gentil".

94
Orisa Osogiyan
Akinjole nascido em Ifé
Era filho de Obatalá.
Ele era irmão de Osalufon, Ikire,
Ajaguna, Popo e de muitos outros Orisa.
Junto a seus muitos irmãos
Eles iam sempre guerrear.
Um dia Akinjole passou por uma
Região e viu que ali era
Um bom lugar para se morar.
Ele fundou uma cidade lá.
Akinjole quando estava em Ifé
Vivia a comandar o mercado Ejigbo Mekun
E disso tirou o nome da cidade
Que estava a construir,
Ele chamou de Ejigbo
E a si mesmo se chamou de Elejigbo,
O rei da cidade.
Um amigo de Obatala era Orisa Oko
Que era um Odé.
Orisa Oko na cidade de Ijugbe
Era chamado Lejugbe e ali
Ele cultivava inhames.
Akinjole ao provar os inhames
Que Orisa Oko trazia
Ficou encantado e
Passou a plantar inhames em Ejigbo.
Akinjole amava comer inhames
Batidos no pilão
Gostava tanto que todo dia
As pancadas no pilão eram ouvidas
Por toda a região.
O povo da cidade sabendo do grande
Apreço que Akinjole tinha por
Inhames o apelidaram de "Osogiyan"
(Orisa que come inhame pilado).
Esse nome se espalhou rápido
E todo povo passou a se referir ao
Rei como Osogiyan
Porém esse nome corria apenas
Nos comentários informais pois
Quando qualquer pessoa se aproximava
Do Rei ela devia sauda-lo como "Kabiyesi"
E ele devia ser chamado pelos

95
Seus títulos de
Elejigbo (rei de Ejigbo) ou de
Elemoso (que é bem vestido, título que ganhou por fazer parte da família de seu irmão Popo na região de
Ogbomoso).
Que eram formas respeitosas
De tratar o lider.
Porém Akinjole tinha um amigo
Que o acompanha desde sua
Juventude, desde muito antes
Que ele se tornasse Rei.
Esse amigo era o Babalawo Awoleje.
Awoleje não estava habituado
A tratar Akinjole como "Kabiyesi"
Ou como Elejigbo, nem de Elemoso
Ele o chamava pois eram amigos
De Infância e se tratavam
Sem nenhuma formalidade.
Quando Awoleje foi visitar o reino
Do amigo ele ouviu o povo
O chamando de Osogiyan
E achou muito engraçado.
Então quando chegou no Palácio
O guarda do portão perguntou
O que ele queria e
Awoleje falou
"Eu vim falar com Osogiyan"
Isso foi considerado desrespeito!
O guarda não sabia quem era Awoleje
E por isso não pôde admitir
Que ele tratasse o grande rei
Apenas por um apelido que corria
Na boca do povo.
Awoleje foi preso acusado do
Crime de insolência e por isso
Foi violentamente espancado
Com varas de madeira e
Jogado em uma
Masmorra fétida.
Ele era um Babalawo muito
Poderoso e sabia feitiçaria,
Então durante o tempo que ficou
Preso ele usou de magia para
Lançar todo tipo de desgraçada
Sobre a cidade.
Ejigbo ficou sete anos sem chuva,

96
Nenhuma mulher conseguia
Gerar filhos e nada prosperava.
O Rei Akinjole foi atrás de Ifá,
Foi consultar Orunmilá para saber
O motivo de tanta má sorte em seu reino.
Ifá contou que havia uma amigo
Do rei preso injustamente na masmorra
E que ele era quem havia lançado
As maldições sobre a cidade.
O único modo de trazer a paz era
Se Akinjole fosse até ele
O libertasse e pedisse o seu perdão.
O rei foi correndo até a prisão
E ficou muito surpreso quando
Viu lá dentro seu grande amigo
De infância Awoleje.
Ele implorou o perdão do amigo
Mas Awoleje fugiu e se refugiou
Dentro da floresta de Ejigbo.
Akinjole fou atrás dele e perguntou
O que ele queria,
O que ele precisava para perdoar
Pela injustiça que havia passado.
Awoleje então disse que um rito
Devia ser feito.
Do mesmo modo que ele havia
Apanhado com varas
As pessoas da cidade teriam que
Apanhar também.
Ele disse que as pessoas de Ejigbo
Deviam entrar na mata a cortar
Trezentas varas de Atori
E então os morados dos dois distritos
De Isale e de Oke Mapo
Deviam se degladiar
Batendo uns nos outros com as varas
Até que elas se quebrassem
Como prova do arrependimento.
Akinjole concordou
E ordenou que todos os moradores
Das cidades fizessem isso
E então a grande batalha das Atori
Aconteceu.
Awoleje ficou satisfeito
E a fartura voltou para a cidade.

97
Akinjole foi então oficialmente
Chamado de Osogiyan.
A tradição da guerra de Atori
Teve que ser repetida todos os anos
Para que a maldição de Awoleje
Nunca mais caisse sobre eles.
Um dia o irmão de Osogiyan
Chamado de Arowu ou de Ajaguna
Pelejou contra Osun e perdeu.
Ajaguna não tinha cidade fixa,
Ele era chamado "Ipitiode" (o que ocupa o espaço externo)
Por ser um guerreiro errante.
Quando Ajaguna e perdeu a batalha
Contra Osun ela o enviou
Para Ejigbo onde ele viveu
Muitos anos com Osogiyan.
Por isso muitos pensam que
Ajaguna e Osogiyan são a mesma pessoa
Porém eles são irmãos.
O rei de Ifon chamado Osalufon
É também irmão de Osogiyan.
O regente de Efon chamado
Orisa Elefon ou simplesmente de Jagun
também é irmão de Osogiyan.
O pescador de Ijebu que se chama
Baba Epê ou Orisa Epeja (Apeja)
Também é irmão de Osogiyan.
Obatala teve duzentas esposas
E por isso tem muitos filhos.
Todos os Orisa funfun joviais e guerreiros
São chamados de "elemoso"
E todos são como Osogiyan
Por isso muito confundidos com ele.

Kabiyesi Elejigbo! Kabiyesi Orisa Ogiyan! Kabiyesi Osogiyan!

98

Você também pode gostar