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Jane Goodall nasceu em 1934 em Londres. Teve muitas dificuldades para estudar
porque a sua família era muito pobre. Aos 26 anos instalou-se sozinha nas florestas
junto ao lago Tanganica, na região de Gombe na Tanzânia, para estudar os
chimpanzés. Dedicou a sua vida ao seu estudo tendo revolucionado a forma como
encaramos os animais mais próximos de nós. As suas descobertas acabaram por
influenciar também a própria conceção de ser humano.
Nos últimos anos orientou as suas energias a viajar pelo mundo promovendo, através
de conferências e outras intervenções, um programa especialmente dirigido aos
jovens: Roots and Shoots.
Em maio de 2006 esteve em Portugal, precisamente a divulgar este programa.
Reproduzimos um extrato da entrevista que deu ao Público.
Pagar a dívida?
Sim, agradecer-lhes tudo o que fizeram por mim e pela humanidade. Porque aquilo
que aquela comunidade me mostrou, e mostrou a nós todos, é que fazemos todos parte
do mesmo mundo animal, que não somos seres à parte. Aqueles chimpanzés obrigam-
nos a todos a sermos muito mais humildes.
Essa ideia contrasta com outra, anterior aos seus estudos, segundo a qual os seres
humanos seriam os únicos animais capazes de se matarem uns aos outros sem ser
para se alimentarem.
Mas não são. Os chimpanzés também o fazem. E as hienas também. No fundo aí está
outro aspeto comportamental em que somos parecidos com outros animais, o que
mais uma vez nos mostra que somos menos únicos, menos diferentes, do que antes
acreditávamos ser. O que faz a nossa diferença é a linguagem sofisticada que
conseguimos desenvolver e dominar.
Costuma por isso referir que uma das razões porque mantém a esperança no
futuro é porque acredita nas capacidades do cérebro humano. Mas também
sublinha a capacidade de resistência e recuperação da natureza, a energia dos
mais novos e a vontade de realizarmos os nossos sonhos...
Para realizar os nossos sonhos é necessário nunca desistir.
Para isso foi importante a experiência que teve na sua juventude durante a
guerra (nasceu em Londres em 1934)? Foi importante ter assistido à capacidade
de resistência dos britânicos, à sua resposta ao apelo de Churchill para que não
desistissem?
Muito importante. O que se passou foi o oposto do que hoje se passa, quando George
Bush e outros líderes dizem para termos medo. Churchill disse o contrário: disse-nos
para não termos medo que não seríamos subjugados. E tudo o que nos defendia dos
alemães era um estreito e algumas linhas de arame farpado mais alguns aviões, mas
como toda a nação se uniu, isso fez a diferença e vencemos