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Licenciatura em Filosofia

Docente: Dra. Viviane Magalhães Pereira


Discente: Pedro Henrique Peixoto Souza

TEMA: “CÂNDIDO”, DE VOLTAIRE, E SUA RELAÇÃO COM O PENSAMENTO KANTIANO

O livro “Cândido” ou “O otimismo”, do escritor e filósofo iluminista francês Voltaire,


tem como intenção principal satirizar o pensamento do filósofo Gottfried Leibniz, que
acreditava, em poucas palavras, na “providência divina”. Segundo Leibniz, Deus, com
sua inteligência magnânima havia pensado sobre diversas possibilidades para o mundo
antes de criá-lo.

A obra acompanha o jovem Cândido, pupilo de Pangloss, um sábio, filósofo, e


metafisico, que segue a teoria do otimismo, a qual possui o credo de que vivemos no
“melhor dos mundos possíveis”;

“- Provava admiravelmente que não há efeito sem causa e que, neste que é o
melhor possível dos mundos, o castelo do senhor barão era o mais belo
possível dos castelos e a senhora a melhor das baronesas possíveis.”

Ao decorrer da historia vemos que Cândido se encontra em um estado de total


menoridade, no qual se vê completamente dependente de seu tutor, Pangloss, e de seus
ensinamentos, sempre o referenciando ao desenrolar da obra, e se mostrando um
seguidor assíduo de sua ideologia otimista;

"- Bem me dizia Mestre Pangloss que tudo está o melhor possível neste
mundo, pois sinto-me infinitamente mais tocado com a sua extrema
generosidade do que com a dureza daquele senhor de negro e da senhora sua
esposa?”

Mesmo quando se vê separado de seu mestre, Cândido continua bebendo do


conhecimento de alguma outra figura tutora, necessitando dos conselhos de seus
companheiros de viagem para tomar decisões;

“Cacambo, que já passara por outras, não perdeu a cabeça. Despiu a batina do
barão, vestiu-a sem demora em Cândido, deu-lhe o chapéu de três bicos e o
fez montar a cavalo. - Corramos patrão; todos o vão tomar por um jesuíta que
anda a serviço; e teremos passado as fronteiras antes que possam sair em
nosso encalço.”

Vemos que até quando o jovem aventureiro parece estar fazendo uso de seu próprio
entendimento, como quando enxerga necessário por fim a vida de dois homens, ainda
sim move-se apenas em função de um algo maior, neste caso, por sua amada
Cunegundes;
"Se esse santo homem pede socorro, estou queimado vivo; o mesmo poderá
suceder a Cunegundes; ele mandou açoitar-me impiedosamente; é meu rival;
posso matá-lo agora; não há que escolher".

Em todo o desenvolver da historia, Cândido se mostra extremamente relutante em


abandonar o pensamento otimista que lhe foi ensinado por seu tutor. Apenas ao final de
suas desventuras é mostrado em um diálogo com seu mestre Pangloss, que agora o não
tão mais jovem Cândido, se entende como um individuo autônomo e responsável por
seu próprio destino;

“- Todos os acontecimentos - dizia às vezes Pangloss a Cândido - estão


devidamente encadeados no melhor dos mundos possíveis; pois, afinal, se
não tivesses sido expulso de um lindo castelo, a pontapés no traseiro, por
amor da senhorita Cunegundes, se a Inquisição não te houvesse apanhado,
se não tivesses percorrido a América a pé, se não tivesses mergulhado a
espada no barão, se não tivesses perdido todos os teus carneiros da boa
terra do Eldorado, não estarias aqui agora comendo doce de cidra e
pistache. - Tudo isso está muito bem dito - respondeu Cândido, - mas
devemos cultivar nosso jardim.”

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