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ROTEIRO DE DOM QUIXOTE

A BATALHA DOS MOINHOS DE VENTO

Narrador-Dom Quixote passou a ter longas conversas com o


vizinho lavrador. Era um homem muito pobre, de cabeça fraca, mas de
bom coração, chamado Sancho Pança. O fidalgo desfiou grandes
promessas para convencê-lo a ser seu fiel escudeiro.

Dom- Quando eu conquistar uma ilha, você será o governador! -


garantiu.
Sancho - Governador? Eu, Sancho Pança, governador?

Narrador- Decidiu largar mulher e filhos para seguir o fidalgo. Dom


Quixote vendeu algumas coisas e juntou uma boa quantia em moedas.
Reuniu as armas, pegou roupas limpas e botou em dois grandes
alforjes. Sancho montou um burro velho, bem carregado com seus
pertences. Dom Quixote, seu cavalo Rocinante. Sem se despedir de
ninguém, os dois partiram silenciosa- mente na calada da noite. Ao
amanhecer, já estavam tão longe que seria impossível encontrá-los.
Sancho -Ah, senhor, não se esqueça de que me prometeu uma
ilha!

DOM -Pode ser até que ganhe um reino e se torne monarca

Narrador-Assim conversavam quando, a certa altura do caminho,


se depararam com trinta ou quarenta moinhos de vento. Ao vê-los, Dom
Quixote fez Rocinante parar.

Veja, amigo Sancho! Gigantes!


Onde? - espantou-se Sancho.

Dom -Aqueles de braços compridos!


burro e encheu a pança. O fidalgo conseguiu encontrar um galho
seco, onde ajustou a ponta de ferro da lança partida. Quando anoiteceu,
deitaram-se embaixo de algumas árvores. O fidalgo passou a noite
acordado, pensando em sua amada Dulcineia. Sancho, de pança cheia,
dormiu profundamente. Não acordou nem com o sol nem com os
passarinhos cantando. Dom Quixote teve que sacudi-lo. Mal abriu os
olhos, quis comer outra vez. Tomou mais alguns tragos. Dom Quixote
continuava sem fome. Finalmente partiram.

-Preciso avisá-lo, amigo Sancho. Nunca erga a espada para me


defender, por mais perigos que eu corra. A não ser que os atacantes
sejam gente da ralé Contra um cavaleiro, só outro cavaleiro!

Nem penso nisso, senhor! Eu sou pacífico! -garantiu Sancho.

Pela estrada vinham dois frades da ordem de São Bento.


Montavam duas mulas. Trajavam hábitos escuros e usavam máscaras
com cristais no lugar dos olhos, para resguardá-los do sol e da poeira.
Atrás deles via-se uma carruagem seguida por quatro ou cinco
homens a cavalo e dois rapazes a pé, puxando mulas. Como se
soube mais tarde, a carruagem transportava uma senhora que viajava a
Sevilha, onde encontraria o marido. Os frades não viajavam juntamente
com ela. Apenas seguiam o mesmo caminho. Mal os viu, Dom Quixote
disse para o escudeiro:
- Ou muito me engano, ou esta será a mais gloriosa das aventuras!
Aqueles dois vultos negros são feiticeiros! Raptaram uma princesa, que
está presa na carruagem! Vou salvá-la!

- Ai! Esta aventura será pior do que a dos moinhos de vento! -


gemeu Sancho, já imaginando o que aconteceria. - Repare, meu amo,
são dois frades! A carruagem deve ser de alguém que está viajando!

-Já disse, Sancho, e agora repito: você nada sabe de aventuras!

Dom Quixote parou o cavalo no meio da estra- da. Gritou:

Vocês dois, seres endiabrados e descomunais! Soltem


imediatamente a princesa que está presa na carruagem. Ou serão
castigados duramente!
Admirados, os frades responderam:

Senhor cavaleiro, não somos endiabrados nem descomunais.


Somos dois religiosos. Não sabemos quem vem na carruagem.

- Falas mansas não me enganam, canalhas! esbravejou Dom


Quixote.

Sem aguardar por uma resposta, esporeou Ro cinante. Ergueu a


lança e atirou-se sobre o primeiro frade. De susto, este caiu da mula. O
outro esporcos sua montaria e saiu em disparada.

Sancho correu até o frade caído e quis arrancar suas roupas. Dois
rapazes acudiram.
O que está fazendo?- quis saber um deles

-Por que está tirando a roupa do frade?

-São os despojos da batalha, que me pertencem. Sou escudeiro


do herói - explicou Sancho.

cavaleiro!

homem.

Os rapazes viram que Dom Quixote estava mais longe, junto da


carruagem. Não tiveram dúvidas deram umas pancadas em Sancho e
até puxaram sua barba! O frade caído levantou-se. Montou sua mula e
disparou até onde estava seu companheiro. Nenhum
dos dois quis esperar o fim da aventura. Fizeram o si- na da cruz e
partiram.

Enquanto isso, Dom Quixote conversava com amulher que estava


na carruagem:

Agora que a salvei de seus raptores, senhora in! quero que saiba o
meu nome. Sou Dom Quixote del Mancha. Em agradecimento, só peço
que vá até mi- nha nada Dulcineia del Toboso. Conte o que fiz para
salva Diga que dedico a ela esta vitória.

Um dos homens que acompanhava a carrua. gem aproximou-sc.


-Suma daqui!

- Não se atreva a falar assim comigo, sou um cavaleiro!

Veremos quem é o melhor! - gritou o homem.

- Agora, sim, veremos! bradou Dom Quixote.

Jogou a lança no chão. Desembainhou a espada. Ergueu o


escudo. Partiu para cima do homem. Este também pegou uma espada e
arrancou uma almofada
da carruagem para usar como escudo. Lutaram G cheiro,
assustado, afastou a carruagem. O atingiu o ombro de Dom Quixote
com um golpe do O fidalgo só se salvou graças ao escudo.

- A senhora da minha alma, formosa Dulcineia, socorra-me! -


bradou Dom Quixote.

Investiu furiosamente, de espada erguida. O adversário esperava,


montado em sua mula. A dama, carruagem, rezava, apavorada. Dom
Quixote receber um novo golpe que amassou seu elmo e arrancou um
pedaço de sua orelha! Mesmo assim, firmou-se tribos. Furou a almofada
com que o outro se protege e acertou sua cabeça. O adversário, ferido,
agarrou pescoço da mula para não cair. Assustado, o anima disparou. E
jogou o homem no chão. Dom Quixote correu até ele.

-Renda-se! Ou corto seu pescoço!

O pobre homem nem conseguia falar. A dama carruagem gritou:


-Por tudo que é mais sagrado, peço que perdoe!
Nosso herói impôs uma condição:

Só se ele prometer ir até minha Dulcincia del Toboso. E se colocar


à sua disposição para o que ela ordenar.

Sem nem mesmo perguntar quem era a tal Dulcineia, a dama


prometeu que assim seria feito. Dom Quixote concedeu o perdão. E
partiu, de cabeça erguida, certo de que mais uma vez havia vencido
poderosos inimigos.

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