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Curso: Letras

Disciplina: Estudos Críticos da Literatura

Semestre: 2017/1 – 2º Bim

Madame Bovary de Gustave Flaubert

Gustave Flaubert, escritor francês, nascido em Ruão em dezembro de


1821, ficou conhecido por sua profundidade de análise psicológica em suas
obras, seus traços realistas, e pela maneira como expunha sutilmente ou não,
sua sociedade. Com um estilo único em seus romances, em 1857 foi levado ao
tribunal por ser acusado de afrontar a moral religiosa e os bons costumes em
sua obra Madame Bovary. Foi absolvido e a venda do livro só aumentou, afinal
todos queriam saber o que de tão proibido existia no romance.

A obra Madame Bovary, segundo o próprio autor levou cinco anos para
ser concluída, pois, buscava a forma perfeita, ideal e justa, muitas vezes
levando horas para uma frase ou até mesmo dias para uma página. Detalhista
e com uma leve ironia, nunca passa do ponto, mesmo assim fica visível sua
crítica a forma como vive a sociedade francesa do século XIX.

Ema Bovary, personagem principal da obra, escandalizou por sua


imagem totalmente adversa da mulher da época, que era pura, criada para
casar, ser submissa, sem vontades próprias. Já Ema, odiava essa hipocrisia, a
sociedade burguesa, conservadora, a religiosidade e moral que ela pregava,
sendo assim, depois de frustrar-se em seu casamento passou a dar ouvidos
aos seus desejos e correr atrás de tudo que acreditava que lhe daria prazer e a
faria feliz. Era leitora assídua dos romances da época e sonhava com a
felicidade que lia e que para isso casar-se seria a solução, mas como não foi
bem assim, acabou envolvendo-se em relacionamentos extraconjugais,
entregando-se ao adultério.

A postura de Ema era inadmissível, não que não existisse adultério,


nem essa quebra dos padrões naquela sociedade, mas expor isso na literatura
era totalmente escandalizador, motivo pelo qual o autor foi processado, pois
acreditavam que poderia influenciar a todas as mulheres que lessem, a não
seguirem mais os padrões impostos.

Podemos perceber na personagem uma busca pela liberdade, julgando


que poderia ser independente em suas vontades, não tendo que ser submissa
aos homens e a sociedade hipócrita. Quase um século depois, todos esses
pontos aparentemente negativos na época, tornaram-se positivos diante do
movimento feminista no século XX. Que com uma certa radicalidade buscou a
igualdade de direitos, ao trabalho, e a emancipação da mulher.

Ema foi um marco na literatura, por ser a primeira mulher descrita


como forte, adúltera, por ter o controle da própria vida, ter autonomia e
liberdade em suas ações. Flaubert também ganhou destaque por ser um dos
fundadores do movimento realista ao criar Madame Bovary, a anti-heroína que
foi criada com base num fato real ocorrido na França.

Com sua criticas politicas e sociais, há quem diga que Flaubert teria
projetado-se na personagem de Ema, uma vez que ele também odiava toda a
hipocrisia da sociedade burguesa e a moral que ela pregava, também
envolveu-se com mulheres casadas e por isso foi criticado pela Igreja e por
críticos literários da época.

Um livro totalmente envolvedor, que anos depois também ganhou muitas


versões de filmes e lotou os cinemas, merece um destaque pela perfeição da obra e
pela maneira que o autor descreve a personagem, permitindo que o leitor a conheça
intimamente e se envolva no enredo. É uma obra que instiga diversos
questionamentos em relação a época, a sociedade, os valores e principalmente a
observar e perceber a evolução da mulher nos últimos séculos.
Referencias:

- FLAUBERT, Gustave. Madame Bovary. Tradução Araújo Nabuco. São Paulo:


Editora Abril, 1971.

- https://www.youtube.com/watch?v=NC3_e-Acvpk Acesso em 17 de junho de


2017.

-http://www.jung-rj.com.br/artigos/Ema-BovaryII-Haroldo-Michiles-Brs.pdf
Acesso em 17 de junho de 2017.

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