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anónimo, do qual possuo uma cópia, intitulado “LIVRO DE OBITOS DOS PROFESSORES DE
MUSICA FALECIDOS NA CIDADE DO PORTO” 1814/1876 e que contém pequenas biografias com
comentários pessoais sobre os ditos professores.
Cumprimentos,
A B Ribas
FIM
Ps: Acrescento um, que saltei no lugar próprio, que seria o 11-:
217- José Lourenço, n. Porto, 1-5-1821 com 74 anos
OBSERVAÇÕES
Errata:
1) O famoso Zé C., do Arco de Santana de Garrett, é o 45- JOSÉ MONTEIRO e não o 44- José Placido.
2) O 48- Antonio da Silva Leitão é na realidade ANTÓNIO DA SILVA LEITE cujo verbete diz o
seguinte na grafia original:
Antonio da Silva Leite = Natural do Porto = Mestre de Capella, e da Chatedral do Porto = Insigne
Contrapuntista, e Compositor fecundo, de talento, e Sabedoria; carteaba-se com as notabilidades do
seu tempo, a saber: Paccini, Mercadante, Pleyel, Mehul, Paisiello, Etc.. Era bom Organista e Compoz
muinta Muzica, a saber: 32 Missas, 14 a grande Orchestra, e 16 a piquena Orchestra; entra as maiores
são a Missa de Quartº, dos Recitados, dos Motivos de Mozart, de Moises, Dona del Lago; Missas a
Orgão e vozes, não se pode saber a quantidade, pois todos os Conventos de Frades e Freiras do
Reyno, possuiam Missas delle; Credos e Graduães, immensos; Vesporas compoz 7 jogos, e humas
Solemnes que todavia figurão (as dos Conffessores); Ladainhas 94; Motetos do Natal 6 jogos; Officios
4; 2 toabia são tocados; em suma a Muzica que Compoz era (a qual quasi toda se perdeo com a
supressão dos Conventos) immenso Catalogo: Falaba correctamente o Latim, Italiano, Francez,
Espanhol. Era amante da Arte da Musica, e muinto mais dos Proffessores. Muinto Esmoler, meteu
infindos descipulos delle , por Organistas de muintos Conventos, e ajudava a que se ordenassem;
Meteu muintas meninas a Freiras, a humas pela prenda de Organistas, a outras pagando-lhes os
enxovais. Em suma, os Proffessores tinhão nelle hum Amigo e hum verdadeiro Pay. Era muinto
Sabio, e fazendo-lhe alguma má acção, a esquecia logo e pagaba com Beneficiar a quem o tinha
injuriado. Estaba ligado ao Sacerdocio, com as Ordens de Epistola. Incontrando-se em alguma Soirée
ninguem podia estar triste, pondo-se elle a cantar ao som da viola, ou do cavaquinho, era de morrer
com riso; ou recitando versos (era Poeta), ou contando historietas; muinto chistoso de bons dittos, e
tinha felizes lembranças; Sendo importunado continuamente para Padrinho, a ninguem se recuzaba.
Deixou huma abultada Livreria, e de Partituras das melhores Operas, e Sinfonias, tanto antigas como
modernas; Ensinou e teve infinitos descipulos, aos quaes a maior parte erão de familias desvalidas,
sustentaba os Pais, e ensinaba e vestia os Filhos; Foi muintas vezes Mestre de Operas Lyricas; Era
bom Gastronomo, mas pouco bebedor; Era estimado, e respeitado de toda a cidade; e não abia festas
ou reuniões de grande aparato, que não fosse convidado. Finou-se a 18 de Janeiro do anno de 1833
(tempo do Cerco do Porto) com 72 annos, tendo penado de atroz doença (paralesia) mas sempre com
o riso e resignação propria de hum coração bom e Christão. E.P.D.
Caro A. Ribas:
Ainda que seja um apontamento residual, noto que coloca um ponto de interrogação frente a
Meinedo. Não sei se por dúvida de leitura ou da existência de tal local, mas se for o segundo caso
posso informá-lo que provavelmente se trata de uma freguesia dos arredores do Porto onde, segundo
alguns estudos, ficaria no séc. VI a sede episcopal que depois se transferiu para o Porto, ou seja o
Bispo do Porto terá começado por o ser de Meinedo.
Melhores cumprimentos,
Nuno Falcão
"Nicolao Raposo = Tocava Clarinete e Saxfigle = Mestre de Banda Militar; Musico em 2ª Secção;
Génio Sossegado e Bondoso; Natural da Ilha 3ª; Faleceu no dia 18 de Outubro de 1871 com 63 anos."
Sobre os padrinhos de baptismo do seu bisavô, da família Arroio, cito biografia que encontrei na net:
"de origem Estrangeira, lançou profundas raízes em Portugal. Empurrados pelas bem conhecidas
convulsões políticas e sociais do seu tempo, fixaram-se aqui os dois irmãos:
—João Emílio Arroio (Séc. XIX) que foi instrumentista mui valioso;
—José Francisco Arroio (1818-1886) é o autor de diversas peças musicais de merecimento.
Os filhos deste último dedicaram-se também à música, sendo os seus nomes bastante conhecidos:
—José Diogo, António José, e seu irmão João Marcelino.
—João Marcelino Arroio (1861-1930) foi de todos eles o que mais se distinguiu, tendo sido prestigioso
professor de Direito e autor de livros muito apreciados; sobraçou as pastas da Marinha e Ultramar,
da Instrução Pública e dos Negócios Estrangeiros; pertence ao número dos fundadores do Orfeão
Académico de Coimbra; compôs a música para as óperas "Amor de Perdição", "Leonor Teles", e a
cantata "Inês de Castro", assim como a marcha "Camões", e isso além do que produziu como poeta e
autor dramático."
Quanto ao João Francisco Arroyo, citado no "manuscrito", falecido em 1844 com 52 anos, nascido
portanto cerca de 1792, deverá ser pai do José Francisco e do João Emilio.
O irmão do meu trisavô, Hipolito Medina Ribas (*1823,+1883) casou com Margarida Arroyo antes de
1854, de quem teve uma filha, Margarida Isabel Arroyo Ribas, que faleceu com 18 anos em 1872. Não
sei onde encaixa esta Arroyo nascida cerca de 1830, eventualmente filha de José Francisco
Já agora deixo aqui tambem o que diz o manuscrito sobre João Francisco Arroyo:
João Franc.º Arroyo = Natural de Castilhejo (España) = Tocaba bem Clarinete e foi hum dos
Affamados Mestre de Musica Regt.al tanto na España como em Portugal; e Compositor de Fama; e
bom Solfegista; em suma hum bom Musico; a estatura pendia mais para o pequeno do que alto, mas
a coragem, e o coração, não cabiam dentro da Grande Muralha da China; por bem era bom, e muin
chistoso, mas por mal, nem Satanas lhe daba volta, por modo que quando estibesse de mau humor,
era deixado até passar o Nordeste. Finou-se aos 23 de Julho de 1844 com 52 annos. Genio de ferro
Bronzeado.
Caro A V Alves
Nicolao Badoni (Pai), Natural de Turin (Piemonte), Tocava Tromboni e Trompa, e copiava, tudo
passablement; Muito económico, e busca a vida; E por isso ajuntou alguns vinténs, e chegou a possuir
3 lojas de peso, e muito bem surtidas de todos os géneros. Por fim os filhos todos começaram a roe-lo
em vida, e tanto roeram que o deixaram sem camisa; É verdade que ele tinha feito o mesmo ao
próximo; e por isso, nos fins da vida, pobre e quase cego, se retirou a sua Ordem (3ª Franc); e um dia
lhe deu na cabeça o ir dar uma volta pelas nuvens e foi para o Passeio das Virtudes, e se lançou abaixo
do paredão em 28 de Outubro de 1859 com 78 anos. Génio Económico, Desconfiado e Italiano.
Agostinho Badoni (filho), Natural do Porto, Tocava bem Trompa, Flauta, Rabeca, e mais
Instrumentos; Bom Musico; algum tanto dado á intriga e mordacidade contra o próximo, tinha
algumas lembranças boas, outras .... (era homem). Sacrificou a Arte bastante, acabando por fazer
acções que a honra da arte manda calar. Toda a sua vida foi uma Pandega. Finou-se aos 27 de Janeiro
de 1861 com 48 anos. Génio Pandego e Archipandego.
Já agora, chamo a sua atenção para estes dois registos no tópico "Porto: Assentos diversos que
podem interessar":
Cumprimentos,
António
Caro Theodor
Só agora tive conhecimento desta sua mensagem. Então aqui vai:
João Alves Pereira Canedo (Pai) Natural do Porto = Tocava Violoncelo = Arvorou-se em Mestre de
Capela, e fez fortuna no tal jogo = Emigrou em 1832, no tempo da Alçada, passou trabalhos, e
regressou para a sua pátria, donde continuou a ter Capela = Era muito jovial, e muito Serviçal, e
Prestável para tudo e para todos = Finousse em 5 de Novembro de 1862, com 72 anos.
Génio Alegre, chistoso, Económino e Serviçal.
https://geneall.net/pt/forum/117646/livro-de-obitos-dos-professores-de-musica/#a295795