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O nosso canto não é mais do que um eco do canto dos anjos. A música é uma invenção dos céus.

À
nossa volta e por cima de nós, cantam os anjos. Se o homem é músico, é-o por uma revelação do
Espírito Santo; o cantor é inspirado pelos céus.
S. João Crisóstomo (347-407)

Arrastado da tradição judaica, o canto cristão, hoje conhecido como «canto


gregoriano», é a expressão mais pura de rezar cantando. Nele, a palavra sobrepõe-se à
melodia e a melodia mais não faz do que dar relevo à força do texto.
Afastado das liturgias desde que as línguas vernáculas substituíram o latim, este
canto continua a ser considerado, no entanto, o canto oficial cristão, assim como o latim
continua sendo a língua oficial da Igreja Católica.
O canto da Missa divide-se em Próprio [partes variáveis, em função da
comemoração do dia] e Comum [partes iguais, qualquer que seja a comemoração do
dia]. Ao Comum pertencem o Kyrie eleison [Senhor, tende piedade], Sanctus [Santo] e
Agnus Dei [Cordeiro de Deus], para além do Credo e do Gloria. O Próprio era
constituído pelo Introitus [cântico de entrada], Graduale [Canto responsorial], Alleluia,
Ofertorius e Communio.
O Coro gregoriano de Penafiel interpreta o Alleluia, do Próprio e os Kyrie,
Sanctus e Agnus Dei, do Comum.
O Canto gregoriano ou «cantochão» é um canto a uma só voz [monódico], com
um resultado melódico ondulado, onde as palavras ou sílabas se prolongam em
«melismas» [notas sem texto], maiores ou menores consoante a maior ou menor
solenidade da celebração. É um canto intemporal, onde os autores não existem, e se
algum dia existiram, recolheram-se na humildade do anonimato, na intenção única de
louvar e engrandecer o Deus que quiseram servir com a sua arte.

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