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Condições para a constituição e funcionamento dos Bancos em Moçambique

Vários são os factores que favorecem a longevidade das empresas, o comprometimento,


capacidade de assumir riscos e de tomar decisões acertadas têm impacto directo no bom
andamento do negócio. Não menos importante, entretanto, influenciando diretamente o
nível de actividade destes empreendimentos, o crédito também vem se configurando ao
longo dos anos como ferramenta incentivada para lhes oferecer melhores condições de
sobrevivência. E, como meio de direcionamento dos recursos financeiros para estas
empresas se utiliza as instituições financeiras.

De forma geral são instituições financeiras, as pessoas públicas ou privadas, que tenham
como actividade principal ou acessória a colecta, intermediação ou aplicação de
recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a
custódia de valor de propriedade de terceiros.

Na óptica de Neto (1999) “consideram-se instituições financeiras, as pessoas públicas


ou privadas, que tenham como actividade principal ou acessória a colecta,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda
nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros” (p. 53).

Os bancos regem-se pela Lei n.° 15/99, de 1 de Novembro, pelo previsto no presente
regulamento, pela demais legislação que regula a actividade das instituições de crédito e
sociedades financeiras e por outras normas legais que lhe sejam aplicáveis.

Os Bancos são instituições de crédito que têm, de acordo com o artigo 4 da Lei no
15/99, de 1 de Novembro, com as alterações introduzidas pela Lei no 9/2004, de 21 de
Julho, como funções as seguintes:

a) Recepção, do público, de depósitos ou outros fundos reembolsáveis;


b) Operações de crédito, incluindo concessão de garantias e outros compromissos,
excepto locação financeira e factoring;
c) Operações de pagamentos;
d) Emissão e gestão de meios de pagamento, tais como cartões de crédito, cheques
de viagem e cartas de crédito;
e) Transacções, por conta própria ou alheia, sobre instrumentos do mercado
monetário, financeiro e cambial;
f) Participação em emissões e colocações de valores mobiliários e prestação de
serviços correlativos;
g) Consultoria, guarda, administração e gestão de mobiliários
h) Operações sobre metais preciosos, nos termos estabelecidos pela legislação
cambial

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i) Tomada de participações no capital de sociedades;
j) Comercialização de contratos de seguro;
k) Aluguer de cofres e guarda de valores;
l) Consultoria de empresas em matéria de estrutura de capital, de estratégia
empresarial e questões conexas.
Os bancos podem ainda, de acordo com a inovação introduzida pela Lei no 9/2004, de
21 de Julho, exercer as actividades de leasing e factoring.

Os bancos poderão realizar, simultaneamente, a pluralidade das actividades que lhes são
legalmente permitidas ou concentrar-se em apenas determinado tipo.

As cooperativas de crédito devem constituir-se sob a forma de sociedades cooperativas


de responsabilidade limitada, sendo o seu capital representado por acções.

Requisitos para a autorização

De acordo com o nº 1 do artigo 10 da Lei no 15/99, de 1 de Novembro, na apreciação


dos pedidos de autorização de abertura de agência, ter-se-à em conta: A capacidade e
solvabilidade do requerente; O interesse da agência para a economia do local onde vai
ser instalada; e O número e a natureza das instituições de crédito e sociedades
financeiras já estabelecidas no local.

No nº 2 do artigo 10 da Lei no 15/99, de 1 de Novembro, são condições para que seja


dada a autorização: Que os fundos próprios da instituição em causa sejam adequados à
garantia das operações a efectuar pela agência; e Que a instituição possa, com a criação
da agência, continuar a respeitar todas as regras prudenciais a que se encontra sujeita,
nomeadamente os rácios de solvabilidade e imobilizado.

Requisitos de constituição

De acordo com o nº 1 artigo 13 da Lei nº 28/91, de 31 de Dezembro: A autorização de


constituição de bancos e de estabelecimentos especiais de crédito só pede ser concedida
desde que a sua criação satisfaça a necessidades económicas e financeiras nacionais e os
seus promotores se comprometam: A adoptar a forma de sociedade anónima de
responsabilidade limitada; A dotar a sociedade com um capital social não inferior ao
mínimo estabelecido nos termos do nº 1 do artigo 33, subscrito e realizado nos termos
do nº 2 do mesmo artigo; A que o conselho de administração ou a direcção da sociedade
seja constituído por um mínimo de 3 membros, com idoneidade e reconhecida
competência em matéria monetária e financeira, econ6mica ou jurídica e de gestão.

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De acordo com o nº 2 artigo 13 da Lei nº 28/91, de 31 de Dezembro: Na apreciação da
necessidade e oportunidade da instituição cuja autorização se requer, ter-se-ão em conta,
designadamente, os seguintes critérios: Adequação dos objectivos a política económica
do pais; Idoneidade dos accionistas fundadores, no que for susceptivel de, directa ou
indirectamente, exercer influencia significativa na actividade da instituição;
Possibilidade de a instituição melhorar a diversidade ou a qualidade dos serviços
prestados ao público e garantir a segurança dos fundos que lhe forem confiados;
Suficiência dos meios técnicos e recursos financeiros relativamente ao tipo de operações
que pretenda realizar; Compatibilidade entre as perspectivas de desenvolvimento da
instituição e a manutenção de uma sã concorrência nos mercados em que se propõe
exercer a sua actividade.

O pedido de autorização de constituição de será apresentado ao Banco de Moçambique,


o qual, depois de emitir parecer e cumprimento do disposto no nº 1 do artigo 11 da Lei
nº 28/91, de 31 de Dezembro, o remeterá ao Ministério das Finanças.

Conclui-se que o estudo deste tema é de tamanha importância pois o relacionamento


entre bancos e empresas hoje é imprescindível para a realização das transações
comerciais. Actualmente, ficar de fora dessa realidade fragiliza a sobrevivência das
empresas que tem na comodidade destes produtos/serviços, redução de custos de
transações.

Conclui-se também que deve se levar em consideração o papel das instituições


financeiras, que se configuraram como instrumento valioso na execução de políticas
públicas, contribuindo antes de tudo, não apenas para o fortalecimento da economia,
como também, para a inclusão social e bancarização.

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