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Tecnologiada Confecção
Tecnologiada Confecção
DA CONFECÇÃO
PROFESSORAS
Andressa Jaqueline Gonçalves de Macedo
Natani Aparecida do Bem
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio
Ferdinandi.
Coordenador(a) de Conteúdo Sandra Franchini, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração José
Jhonny Coelho, Designer Educacional Bárbara Neves, Revisão Textual Cíntia Prezoto Ferreira, Ilustração
Bruno Pardinho e Marta Kakitani, Fotos Shutterstock.
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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores
Possui Pós-Graduação em Docência no Ensino Superior pelo Centro de Ensino Superior de Maringá
(2016) e Graduação em Moda pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2011). Atualmente, é
Instrutora de Informática da Audaces Automação e Informática Industrial e Modelista da Melange
Confecções. Tem experiência na área de Educação.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse
seu currículo disponível no seguinte endereço:
<http://lattes.cnpq.br/8533781408577835>.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse
seu currículo disponível no seguinte endereço:
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apresentação do material
Tecnologia da Confecção
Andressa Jaqueline Gonçalves de Macedo e Natani Aparecida do Bem
Para cada unidade, propomos assuntos que te direcionam para isso. Vamos
encarar juntos o desafio de conhecer os aspectos mais técnicos da moda?
Este livro tem como objetivo fornecer informações para a sua atuação profissional
como um(a) Designer de Moda, apresentando-lhe informações técnicas e com
base conceitual para que contribua com o seu trabalho dentro da indústria. O
livro foi desenvolvido a partir de um conjunto de informações organizadas em
textos e dados concisos, com o propósito de tornar um conteúdo com bastante
rigor técnico em um estudo prático e dinâmico, para lhe auxiliar durante os
desafios propostos pela profissão.
Com isso, desejamos que você, aluno(a), alcance seu objetivo e tenha sucesso
em sua jornada na busca pelo conhecimento e que possa compreender a im-
portância dos saberes que norteiam a indústria do vestuário. Também deseja-
mos que possa ter sabedoria para empregar, em suas faculdades mentais, os
conhecimentos práticos e teóricos necessários para se tornar um bom cidadão
(ou uma boa cidadã) e profissional na área de moda e, assim, contribuir para
o avanço da sociedade.
Boa leitura!
sum ário
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• História e Evolução das Máquinas
• Cadeia Produtiva Têxtil
• Avanços Tecnológicos na Indústria do Vestuário
Objetivos de Aprendizagem
• Compreender quais foram os avanços que influenciaram o
surgimento da máquina de costura.
• Conhecer os elos da cadeia produtiva da indústria de confecções.
• Entender o papel da tecnologia na indústria do vestuário.
unidade
I
INTRODUÇÃO
O
lá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à primeira unidade do
livro da disciplina de Tecnologia da Confecção, em que será
apresentado um breve relato sobre o surgimento dos maqui-
nários e a evolução da indústria do vestuário, que teve início
com a Revolução Industrial na Inglaterra.
Para compreender o surgimento das máquinas, apresentaremos um
levantamento histórico sobre as grandes transformações que ocorreram
entre os séculos XVIII e XIX. Os avanços tecnológicos contribuíram para
o desenvolvimento da humanidade devido à influência da Revolução In-
glesa, sendo que, na segunda metade do século XVIII, surgiram grandes
inventores que revolucionaram a produção na indústria, principalmen-
te nos setores de fiação e da tecelagem de algodão. Nesse processo de
transformação e modernização, a indústria de confecção também foi be-
neficiada, com invenções que possibilitaram o aumento na produção do
produto de confecção, uma delas é a máquina de costura.
Em seguida, iremos abordar as etapas da cadeia produtiva têxtil, res-
ponsável por organizar e gerir todo o processo de produção de um pro-
duto de moda, desde a elaboração da matéria-prima até o produto final,
em que se faz necessário o conhecimento dos elos da cadeia para que o
profissional de moda entenda a complexidade de fabricação e também
a valorização de cada setor, pois o trabalho final só torna-se possível se
houver colaboração de todos os setores que compõem a cadeia.
Caminhando para o fim da unidade, veremos como se deu a evolução
dentro da indústria do vestuário e seus avanços tecnológicos que, a cada
dia, nos surpreendem com o surgimento de novos programas de compu-
tador e maquinários capazes de agregar valor a todo o processo industrial.
Portanto, convido você, caro(a) aluno(a), a compreender a importân-
cia de conhecer todo o processo produtivo de uma indústria de confecção
e, assim, tornar-se um(a) designer completo, de acordo com sua área de
atuação. Boa leitura!
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
História e Evolução
das Máquinas
Durante o século XVIII, na Inglaterra, havia diversas aparelho munido de uma agulha com duas pontas
formas de trabalhos industriais, que eram realizados contendo um orifício no centro. Esse aparelho fazia
de forma artesanal. Porém foi um período marcado pontos parecidos com bordados, chamado de ponto
por grandes avanços tecnológicos nos maquinários e cadeia, porém, não houve êxito com essa invenção.
transportes, fatores que contribuíram para os avan- Trinta e cinco anos depois, em 1790, Thomas
ços dentro e fora da indústria da confecção. Com a Saint inventou uma máquina utilizada para pes-
necessidade de a população se vestir e aumentar a pontar sapatos; mas, assim como Weisenthal, não
produtividade nos processos industriais, surgiram desenvolveu seu invento de forma prática. Outros
os primeiros inventos, como a máquina de costura. inventores, como Scott John Duncan, James Hen-
Em 1755, o alemão Charles Fredrick Weisenthal derson, Josef Madersperger e John Adams, procu-
recebeu o diploma de invenção por ter criado um raram aperfeiçoar o invento e patentearam novas
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DESIGN
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TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
morar o sistema da máquina de costura, criando o ela pudesse funcionar adequadamente e costurar
sistema de pesponto duplo que, posteriormente, foi materiais mais rígidos, abrangendo outras possibi-
patenteado por ele. lidades de costuras, além de roupas.
Segundo Monteleone (2012, p. 7): Partindo para o Brasil, segundo Monteleone
(2012), há registros históricos de que a primeira má-
o pesponto acabou se tornando praticamente quina de costura teve sua aparição no Rio de Janei-
um sinônimo para costuras feitas na máquina e
ro, em 1868, vinda da empresa fabricante de Isaac
a invenção de Howe baseava-se em quatro pon-
tos principais: uma agulha com “olho” bem na Singer, que possuía máquinas mais modernas e com
ponta, um calcador por onde passava a agulha, melhores aspectos técnicos que as de Howe.
um sistema de bloqueio e direcionamento do
tecido e uma alimentação automática/manual Isaac Singer não foi apenas um adversário das
do sistema inteiro. máquinas de Elias Howe. Singer revolucionou
o mercado ao tentar as máquinas mais baratas
O sistema apresentado na invenção de Howe imita- e mais eficientes. Na verdade, Singer mudou a
va o processo feito à mão, em que a costura era en- ideia de que as máquinas de costura deveriam
trelaçada prendendo dois cortes de tecido pela cos- estar em fábricas. Ele pensou e desenvolveu
tureira. Porém esse processo, até então visto como máquinas baseado numa ideia que vai se espa-
lhar pelo século XIX – a de que as máquinas
simples, era considerado o principal problema que
de costura eram aparelhos para serem usados
levou os outros inventores ao fracasso. em casa ou, no máximo, num pequeno ateliê
Howe pensou de forma diferente para melhorar (MONTELEONE, 2012, p. 9-10).
o processo de costura entrelaçada e, em sua inven-
ção, utilizou uma agulha com um buraco na parte
de baixo, assim
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DESIGN
los mais leves e funcionais, destinados ao uso do- desenvolver, fabricar máquinas e exportá-las para
méstico e, com isso, esse fabricante foi o que mais os demais países. Como todo progresso industrial,
aperfeiçoou e teve êxito com a máquina de costura, a máquina de costura continua sendo indispensável
demonstrando sua funcionalidade, praticidade e para a indústria da moda e confecção, possibilitan-
utilidade. do, assim, o aumento da produção e variedade de
Com o passar dos anos, novas evoluções fo- peças do vestuário e a diminuição do tempo de exe-
ram acontecendo até chegarmos aos maquinários cução. Hoje há uma variedade de máquinas de cos-
existentes na indústria. Outros inventores vieram e tura, cada uma com sua função específica.
enxergaram a necessidade de criar novas máquinas Diante deste contexto histórico apresentado
para diferentes processos, porém, dentre tantos no- resumidamente, torna-se visível que a máquina de
mes/marcas existentes no mercado atual, a marca costura passou a ser considerada indispensável no
Singer sempre esteve à frente e é muito lembrada e dia a dia das pessoas naquele período. A máquina
utilizada nas indústrias, sendo considerada sinôni- ganhou seu espaço com o passar dos séculos, mas
mo de qualidade, funcionalidade e utilidade. com a evolução dos sistemas de fabricação de rou-
Para Godey (1856 apud BIGIO, 2017, on-line)², pas, acabou caindo em desuso. Desta forma, a tra-
a “máquina de costura é, talvez, o instrumento mais dição que era passada de geração em geração, de
abençoado da humanidade”, sendo assim, com a me- confeccionar roupas e ter uma máquina de costura
canização da costura, países europeus começaram a dentro de casa, acabou se perdendo.
Cadeia
Produtiva Têxtil
Com uma indústria em constante crescimento im- trabalhos manuais e, na maioria das vezes, feitos
pulsionado pelas mudanças da Revolução Industrial por um único indivíduo, o que dificultava a produ-
e, principalmente, com o desenvolvimento da má- ção em grande escala. Com o desenvolvimento da
quina a vapor e das máquinas de costura, a indústria indústria têxtil e o aumento da população, houve
têxtil vem se desenvolvendo constantemente desde a a necessidade de criarem novos métodos e, princi-
Revolução Industrial até os dias atuais. palmente, de expandir a cadeia do setor produtivo
Sabemos que, por milhares de anos, os métodos têxtil.
de confecção de produtos do vestuário envolviam
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TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
TÊXTIL E CONFECÇÃO
ESTRUTURA DA CADEIA PRODUTIVA E DE DISTRIBUIÇÃO
Varejo
físico
Co
nsu do
*Fibras e
filamentos Vendas por
mi
catálogo res
Fiação Tecelagem Acabamento Confecção Vestuário
Fios fiados Tecidos Tecidos Tecidos Roupas e
com fibras planos planos e de planos e acessórios
malha de malha
Vendas
eletrônicas
Quando falamos de cadeia produtiva têxtil, nos re- malhas (como o algodão ou fibras sintéticas), estam-
ferimos ao setor produtivo têxtil e de confecções, paria, aviamentos (linhas, botões, rendas etc.), além
que é dividido em três categorias: cadeia a mon- de alimentar a atividade do vestuário em diferentes
tante, cadeia principal e cadeia a jusante. Podemos produtos, como: roupas, artigos de malharias, rou-
chamar a cadeia principal de cadeia têxtil, pois ela pas profissionais e produtos para cama, mesa, banho
representa o processo produtivo de tecidos, fios e e decoração (BUARQUE, 2008).
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DESIGN
Algodão e
fibras Ateliê de
Agricultura moda, design
sintéticas
e costura
Petroquímica
e química Indústria de Serviço
fiação e especializado
Indústria de tecelagem de exportação
aviamentos
Máquinas e Aviamentos Indústria de Serviços de
equipamentos (linhas, botões, confecção e cabideiro
rendas etc.) vestuário
Artesanato de
rendas e
bordados Lavagem e
embalagem
Indústria de
embalagem
Serviços
especializados Transporte e armazenagem
de design
Serviços
técnicos Comércio varejista e
especializados Comercialização e distribuição comércio atacadista
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TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
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DESIGN
produto, assumindo um papel relevante na com- tam valor, por meio do processo de desverticalização
petitividade industrial, ou seja, na comercialização (CARVALHO, 2010).
e diferenciação de um produto e na divulgação da Diante disso, entende-se que a gestão de uma
marca. Isso faz com que os elos mais intensivos da cadeia produtiva é realizada de forma centralizada,
cadeia acabem voltando-se para países em desenvol- diferentemente da produção, que ocorre de forma
vimento, enquanto os países desenvolvidos conver- fragmentada em prol dos custos e mão-de-obra
gem as atividades nos segmentos que mais acrescen- baixos.
Avanços Tecnológicos
na Indústria do Vestuário
Historicamente, a evolução do vestuário iniciou- Cabe ressaltar que, apesar da busca pelo trabalho do-
-se com a evolução da humanidade. Percebe-se miciliar, as indústrias passaram a produzir em mas-
que esta evolução deu-se à medida que o homem sa com o objetivo de reproduzir roupas em grande
também evoluiu. Assim, a indústria do vestuário quantidade, tanto de modelo quanto de tamanhos.
passou por diversas transformações durante os sé- Dessa forma, após a Revolução Industrial na In-
culos, que também ocorreram no próprio vestuá- glaterra, a indústria do vestuário evoluiu. A partir
rio, em toda sociedade e, principalmente, no meio de então, a manufatura das roupas desenvolveu-se
produtivo: de forma rápida e diversificada devido ao surgi-
mento de maquinários que auxiliavam no processo
No entanto, foi no período entre 1898 a 1910 fabril. A atividade industrial passou a ser realizada
que a indústria do vestuário evoluiu, passando por máquinas que aceleravam a produção e garan-
a produzir em massa, tanto na Inglaterra como tiam a maximização da cadeia produtiva. Com isso,
na América. Da mesma forma, houve um au-
a competitividade aumentou e, consequentemente,
mento do trabalho em domicílio, pois, com as
costureiras domésticas, as pessoas poderiam os consumidores passaram a exigir maior qualidade
achar exclusividade, o que não era possível nas dos produtos, principalmente dos produtos relacio-
fábricas (OLIVEIRA, [2018], on-line)3. nados ao vestuário.
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TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Figura 6 - Tecelagem com tear mecânico em uma fábrica de algodão em Lancashire, Inglaterra (1835)
É possível perceber que a sociedade evoluiu e continua mércio, que, por sua vez, transformou toda a histó-
evoluindo. O surgimento de novas máquinas, equipa- ria. Segundo Ferraz (2007, on-line)4, “nos anos 40,
mentos. E dispositivos, como o tear mecânico, possibi- a produção de roupa barata e atraente estava cada
litou que a indústria têxtil passasse a ter uma produção vez mais ligada ao desenvolvimento de métodos de
em ritmo acelerado, tornando-se competitiva em todo fabricação moderna que envolviam rapidez, estilo,
o mercado têxtil. Para Fujita e Jorente (2015, p. 161): qualidade e preço”.
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DESIGN
Podemos afirmar que a indústria passou por trans- O contexto atual da indústria do vestuário no Brasil
formações constantes, sendo que, historicamente, e apresenta um aspecto positivo e, apesar do cenário
por volta de 1950, as empresas estavam em busca de político e econômico que o país atualmente apresen-
técnicas de produção a fim de obter um resultado ta, a indústria têxtil e do vestuário é um dos seto-
satisfatório frente à produção de artigos de moda. res que mais geram empregos. Assim, a qualificação
profissional é fundamental para os profissionais que
SAIBA MAIS atuam nessa área, visto que as mudanças são cons-
tantes e acontecem de forma acelerada.
A partir da década de 50, gestores, construto- Para Prendergast (2015), a inovação na indús-
res de máquinas e consultores realizaram um tria da moda e do vestuário pode vir de qualquer
enorme esforço no sentido de desenvolver coisa, desde a computação, que gera o design de pe-
técnicas que permitiam a produção de uma
maior quantidade de produtos com o mesmo ças em 3D, até o upcycling do vestuário, processo em
número de trabalhadores. Essas técnicas re- que peças do vestuário são reutilizadas nas áreas da
sultaram no aparecimento de novos sistemas moda e design.
de produção, mecanização, métodos, motiva-
ção e controle. A maioria destas técnicas fo-
ram originalmente desenvolvidas nas empre-
sas que fabricam os produtos mais comuns
e padronizados. Porém, nos últimos anos,
estes conceitos estão sendo modificados para
apoiar a produção de artigos de moda.
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TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
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considerações finais
C
aro(a) aluno(a), chegamos ao término da primeira unidade do livro da
disciplina de Tecnologia da Confecção. O objetivo foi auxiliar em sua
trajetória como futuro designer. Conhecer a história e características
das máquinas de costura irá ajudá-lo(a) durante todo o processo de
desenvolvimento de um produto de moda. Saiba que um criador começa a con-
cretizar sua carreira por meio da busca completa do conhecimento, sendo que
a confecção de uma peça do vestuário requer uma variedade de técnicas, como,
por exemplo, entender como se costura uma peça. Esse fator é essencial para um
designer de moda que deseja alcançar o sucesso pessoal e profissional.
Estudamos, nesta unidade, a criação da máquina de costura, sua evolução,
seus principais inventores e objetivos. Muitas tentativas foram realizadas antes de
se concretizar um modelo que atendesse às necessidades das indústrias. Assim,
observamos que os desafios enfrentados pelos criadores durante todo o processo
foram muitos, porém não impediram que o maquinário fosse concretizado.
Desde então, o trabalho de costura mecanizada evoluiu e vem melhorando
dia a dia, cada fabricante com suas peculiaridades, mas com o mesmo objetivo:
introduzir no mercado maquinários capazes de atingir às expectativas de seus
consumidores de maneira útil e prática.
Vimos também as características do setor produtivo têxtil, como é feita a di-
visão da cadeia produtiva, quais são os setores que a compõem e algumas parti-
cularidades, dados importantes para um designer de moda, pois ao desenvolver
um produto, é importante para o designer que ele conheça como funciona o elo
produtivo da indústria têxtil/confecção a fim de atender ao mercado final.
Dessa forma, ter como base esse conhecimento sobre a história e a evolução
da indústria têxtil e, principalmente, conhecer as características e funcionalida-
des do setor produtivo, irão contribuir na sua trajetória acadêmica e profissional,
mesmo porque, para criar moda, é necessário entender como ela se constrói.
25
atividades de estudo
26
atividades de estudo
27
LEITURA
COMPLEMENTAR
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LEITURA
COMPLEMENTAR
A máquina de Howe perdeu espaço para os equipamentos de Isaac Singer, que possuíam
melhores propagandas e assistência técnica às máquinas. Singer revolucionou o mercado
com equipamentos mais baratos e eficientes, ele ainda mudou a ideia de que esses pro-
dutos deveriam estar apenas em fábricas e começou a vender para o consumidor final.
Inovou também ao parcelar o pagamento, que deveria ser mensal.
Com o passar dos anos, diversos inventores aprimoraram o processo e cada um deles fazia
uma patente do seu aperfeiçoamento e recebiam um número. Os fabricantes conheciam
as alterações dos outros e aperfeiçoavam seus equipamentos. Essa situação gerou uma
guerra nos tribunais, onde cada empresário brigava pelo direito de produzir sua própria
invenção.
Logo as novas máquinas começaram a chegar ao Brasil. Em 1858, a Singer montou a pri-
meira loja de máquinas de costura em território brasileiro. Logo depois, muitos empre-
sários anunciaram e trouxeram máquinas de costura para o Brasil, como o sr. Murbert
Dutton, Madame Besse e Companhia, que vendia as marcas Wheeler & Wilson’s, além
de Nathaniel Wheeler e Allen B. Wilson.
Depois de anos de batalha judicial, os principais produtores de máquinas de costura dos
Estados Unidos, como Singer, Wheeler & Wilson, Grover & Baker, entre outros, se uniram
em cartel a fim de manipular a fabricação desses equipamentos. No acordo, a cada má-
quina fabricada, os participantes deveriam pagar aos integrantes do grupo o equivalente a
duas semanas de trabalho de um colaborador da fábrica, cerca de US$ 15. Apesar de acu-
sadas de monopólio pela imprensa, o cartel durou de 1856 a 1877, com a aprovação pelo
Congresso americano da lei que quebrava o monopólio do cartel.
O valor de comercialização do equipamento reduziu. Em 1880, o crescimento da Singer foi
tão significativo que a marca controlava cerca de 75% do mercado.
A história da máquina de costura mostra que o equipamento demorou para se destacar
no mercado quando foi lançado devido à dificuldade de costura e às diferentes falhas. Mas
no período em que o cartel foi dissolvido, a realidade era diferente, pois a aquisição de
uma máquina de costura era um bom negócio para famílias abastadas e pequenos ateliês
de costura. Importante destacar que, diferentemente do que aconteceu com Barthelemy
Thimonnier, a “democratização” do equipamento fez com que alfaiates e costureiras vis-
sem-na como forma de aumentar o lucro ao invés de serem substituídos.
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material complementar
30
referências
Referências On-Line
1
Em: <http://oblogdojf.blogspot.com.br/2016/08/a-invencao-da-maquina-de-costura.html>.
Acesso em: 26 set. 2018.
2
Em: <http://www.pucsp.br/maturidades/curiosidades/curiosidades_ed63.html>. Acesso em: 26
set. 2018.
3
Em: https://www.cpt.com.br/cursos-confeccaoderoupas/artigos/a-historia-do-vestuario-os-cos-
tumes-de-cada-epoca. Acesso em: 26 set. 2018.
4
Em: <http://www.fashionbubbles.com/historia-da-moda/revolucao-industrial-e-a-industrializa-
cao-do-vestuario-onde-a-funcao-encontrou-a-moda/>. Acesso em: 26 set. 2018.
5
Em: <http://www.textilia.net/materias/ler/moda/moda-vestuario--mercado/giuseppe_ognibe-
ni__mostra_a_evolucao_da_industria_do_vestuario>. Acesso em: 26 set. 2018.
6
Em: <https://www.audaces.com/historia-da-maquina-de-costura-inovacao-e-polemica/>. Acesso
em: 26 set. 2018.
31
gabarito
1. B.
2. Após a Revolução Industrial, ocorreram diversas transformações em di-
versos setores. Na indústria do vestuário, uma das maiores transforma-
ções ocorreu no processo produtivo com o surgimento dos maquinários
e houve, a partir de então, um aumento na produção de confecção de
moda.
3. A.
4. D.
5. Cadeia têxtil: representa o processo produtivo de tecidos, fios, malhas,
estamparia e aviamentos e alimenta a atividade do vestuário em diferen-
tes produtos, como: roupas, artigos de malharias, roupas profissionais e
produtos para cama, mesa, banho e decoração.
Cadeia a montante: é formada pela agricultura e pela indústria petroquí-
mica, ambas oferecem os fios têxteis e abrangem a produção dos insu-
mos que fazem parte do setor têxtil e da produção de vestuário, que são
os insumos, as matérias-primas, as máquinas e os equipamentos utiliza-
dos nas unidades produtivas da cadeia principal.
Cadeia a jusante: é formada por profissionais da moda e pelas múltiplas
atividades que envolvem o design, a produção do vestuário, o marketing,
os desfiles e as grifes.
32
UNIDADE
II
ESTUDO DAS MÁQUINAS
E EQUIPAMENTOS DO
SETOR PRODUTIVO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Tipos e Funções dos Equipamentos
• Características das Máquinas de Costura: Aspectos Técnicos
• Classificação dos Pontos de Costura
• Classificação das Agulhas de Costura
• Classificação das Linhas e Fios
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os maquinários que compõem o universo da indústria do
vestuário.
• Aprender a importância da regulagem dos aspectos técnicos para
garantir a qualidade da costura.
• Conhecer os tipos de pontos de costura e suas aplicações.
• Conhecer os tipos de agulhas e suas utilidades.
• Compreender a relação das linhas e fios com a máquina de costura
e a matéria-prima.
unidade
II
INTRODUÇÃO
O
lá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à Unidade II do ma-
terial didático. Aqui, será possível obter conhecimento de
alguns dos equipamentos mais utilizados na indústria de
confecções, os diversos tipos de pontos de costura e suas apli-
cações, os tipos de agulha de costura e as classificações de fios e linhas.
Uma empresa de confecção possui diversos tipos de equipamen-
tos em sua linha de produção, em que há uma variedade de máquinas
de costura designadas para desenvolver uma tarefa específica. Sendo
assim, as características que permeiam os diversos tipos de ponto de
costura, obtidos por meio de diferentes maquinários, refletem na ne-
cessidade de se obter conhecimento a respeito de como, quando e onde
serão aplicados cada ponto.
Vimos que uma máquina de costura é composta por diversos aces-
sórios, sendo a agulha um dos principais e parte essencial para o seu
funcionamento. Nesta unidade, serão apresentadas as características
de uma agulha para máquinas de costura industrial. Abordaremos os
tipos de pontas, canaletas, nomenclaturas e códigos segundo as nor-
mas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), pois cada
máquina, tecido e linha exige um tipo específico de agulha.
Contudo, durante o processo produtivo, encontraremos desafios
referentes à regulagem das máquinas, a adequação das linhas e agu-
lhas ao maquinário, a matéria-prima e, principalmente, a qualidade
dos pontos de costura. Para obter um resultado satisfatório, a equipe
responsável pela produção das peças deve estar atenta aos detalhes e à
manutenção dos maquinários e, se necessário, adequá-los ao tipo de
proposta de cada designer.
O mercado de trabalho busca profissionais criativos e com visão
estratégica, capaz de solucionar problemas. Sendo assim, é nosso dese-
jo que você desfrute de todo o conhecimento técnico e científico sobre
todos os processos que envolvem a indústria do vestuário. Boa leitura!
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Tipos e Funções
dos Equipamentos
O setor têxtil de confecção, como vimos na Uni- às especificidades da matéria-prima, assim como a
dade I, é dividido em vários setores que compõem definição das linhas e agulhas a serem utilizadas.
a cadeia têxtil e fazem parte do setor produtivo de Não há diferenças consideráveis nos equipamen-
um produto do vestuário. Neste tópico, veremos tos de um tipo de produção para outra, eles são pra-
alguns dos equipamentos que fazem parte deste se- ticamente os mesmos, apresentam apenas mudanças
tor, especificamente voltados para o segmento de no sistema de acabamento e nos acessórios coloca-
confecção. dos neles. Portanto, a definição do maquinário a ser
Este segmento tem muitas variações nos tipos usado depende do segmento o qual está sendo tra-
de maquinário devido aos diferentes tipos de peças balhado. No quadro a seguir, serão apresentadas as
que podem ser produzidas, como exemplo, peças máquinas e equipamentos mais utilizados na con-
em malha, couro, tecido plano e jeans, em que cada fecção de um produto do vestuário, bem como uma
tipo de artigo requer um equipamento que atenda breve descrição de suas funções.
38
DESIGN
MÁQUINA FUNÇÃO
Galoneira Utilizada para fazer acabamento em artigos de malha de qual-
quer segmento, é muito utilizada na fabricação de lingerie.
39
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
MÁQUINA FUNÇÃO
Travete Utilizada para fazer a costura de reforço, tem o aspecto de
um ponto de bordado ou retrocesso. É usada para reforçar
pontos específicos de uma peça onde há maior desgaste,
como bolsos, passantes, laterais e zíperes.
Ferro industrial (a Aquecido pelas caldeiras (com água quente), é utilizado para
vapor) passar as peças na fase da passadoria.
Mesa de passar Utilizada para apoiar as peças de roupa enquanto são passa-
roupas das, geralmente de madeira ou ferro, tem seu tampo revesti-
do por tecidos, ou materiais que não “derretem” com o calor
excessivo.
Fonte: as autoras.
40
DESIGN
41
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
42
DESIGN
MÁQUINA RETA
43
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
MÁQUINA OVERLOQUE
44
DESIGN
45
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
A máquina overloque é ideal para dar acabamen- É preciso saber o acabamento a ser realizado na peça
tos, ela possui agulhas e uma lâmina que remove o que será confeccionada para saber qual o modelo de
excesso do tecido. Muitas vezes, a máquina reta e a máquina a ser utilizado. Existe overloque que pos-
máquina overloque irão trabalhar juntas para dar sui dois, três ou quatro fios, conforme Prendergast
acabamento ao trabalho de uma peça. Assim como (2015, p. 14), e é de suma importância saber qual
as demais máquinas, a overloque possui acessórios máquina será usada, já que cada uma será utilizada
fundamentais para seu funcionamento: para tecidos diferentes:
• Facas: possui dois tipos de facas; a superior, • Overloque três fios: usada em tecidos mais
que serve para eliminar o excesso de tecido firmes com tendência a desfiar.
durante a costura; a faca inferior que, junta- • Overloque quatro fios: permite que o fio esti-
mente com a chapa e a agulha, possibilita um que junto com o tecido jérsei ou malha.
chuleado mais estreito ou largo.
Prendergast (2015) explica que há grande variedade de
• Chapa de agulha: é uma chapa metálica com
uma abertura para, passagem da agulha e do máquinas industriais de costura disponíveis, sendo que
transportador. as máquinas retas podem variar conforme seus fabrican-
• Calcador: responsável por firmar o material a tes, porém todas elas desempenham a mesma função.
ser trabalhado.
• Agulha: essa máquina requer uma agulha que MÁQUINA GALONEIRA
consiga laçar a linha para que a lançadeira
consiga formar o ponto. A galoneira é uma máquina conhecida por realizar
ponto corrente. Ela possui cinco linhas para formar
o ponto de costura, três linhas superiores da agulha
SAIBA MAIS
e duas linhas inferiores do looper. Além dessas cinco
linhas, é possível realizar trabalhos como trançador
Chuleado é um tipo de ponto de costura feito por meio de uma sexta linha. Essa máquina é res-
pela máquina overloque. ponsável por realizar acabamentos como bainhas,
Lançadeira é uma das agulhas que faz parte da
máquina overloque. especialmente em tecidos como malha, além de apli-
O fio auxilia na formação do chuleado, geral- cações de viés, debrum e elástico.
mente, uma máquina overloque é composta Com a generalização da costura, hoje é possível
por três a quatro fios, além da linha de costura.
encontrar diversos tipos de máquinas, tanto para o
Fonte: as autoras. uso fabril como uso doméstico, inclusive máquinas
galoneiras com refilador.
46
DESIGN
Figura 7 - Máquina
galoneira
Fonte: as autoras.
O conteúdo proposto nesta unidade está focado pressão que é determinada pela afinação da barra do
nas máquinas com uso mais frequente dentro da calcador à qual ele se encontra fixado, e que garan-
indústria, portanto, sugiro que você faça uma pes- tirá que a costura aconteça com firmeza, sem que o
quisa acerca das características de cada maquinário tecido se mova na medida que a agulha sobe e desce.
a fim de entender e conhecer as especificações, as Esse procedimento feito pelo calcador propor-
peças, os componentes e o uso detalhado de cada ciona a formação correta da laçada da agulha, per-
uma delas. mitindo que ocorra a pressão adequada do material
sobre o arrastador para que ele se mova para frente à
CALCADORES E ACESSÓRIOS medida que o arrastador avança.
Diante de diversos tipos de acabamentos, ma-
Para realizar a costura de uma peça, é necessário teriais e processos existentes no setor da confecção,
utilizar elementos que alimentem o tecido nas má- existe uma gama de calcadores para diferentes má-
quinas de costuras; independentemente de qual má- quinas a fim de atender cada especificidade no mo-
quina for, é necessária a presença dos calcadores. mento da costura. Veremos, a seguir, alguns tipos de
O calcador é um elemento que fica sobre o tecido calcadores mais utilizados na confecção de artigos
quando ele está sendo costurado, exercendo uma do vestuário.
47
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
48
DESIGN
Fonte: as autoras.
49
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
50
DESIGN
Classificação dos
Pontos de Costura
SAIBA MAIS
O ponto de costura é o resultado de repetidas passa-
gens da linha e agulha pelo tecido. É possível, com
Por volta de 1930, quando as tensões políticas
essa ação, realizar diversos tipos de pontos. Há tem- na Europa causaram preocupação ao mun-
pos atrás, cada empresa criava seus próprios nomes do inteiro, a produção de artigos para fins
para classificar os mais diversos pontos, porém sem militares constituía o ponto de convergência
das atenções e interesses de todos os tipos
obedecer a nenhum critério. Com isso, houve uma de indústrias. Foi nessa ocasião que os fabri-
série de confusões entre os fabricantes de equipa- cantes de confecções sentiram a necessidade
mentos de costura. de se curvarem a uma sistematização quanto
ao ponto de costura.
Os pontos de costuras possuem características
que devem obedecer às normas internacionais de Fonte: adaptado de Senai (2003, p. 39).
51
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
52
DESIGN
53
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Com o aumento da produção de costura, houve a ne- çadeira, provocando defeito e enfraquecimento da
cessidade da padronização dos mais diversos pontos; costura. Portanto, durante o processo de formação
assim, os fabricantes passaram a adotar a nomencla- dos pontos, é preciso estar atento aos aspectos apre-
tura padronizada. As classes dos pontos são dívidas sentados e, se acaso apresentar alguma deficiência
e identificadas pelo segundo e terceiro algarismo. Os como ponto falso, corrigir essa situação das seguin-
pontos foram divididas em sete classes, cada classe tes maneiras:
dividida de acordo com seu algarismo: • Verificar o alinhamento da máquina.
• Classe 100 = Ponto corrente com uma só linha • Verificar se as linhas estão passadas de forma
na agulha. correta.
• Classe 200 = Ponto manual. • Verificar se as agulhas estão danificadas ou
• Classe 300 = Ponto fixo, realizado entre agulha estão posicionadas da maneira correta.
e bobina. • Verificar se o número da agulha corresponde
• Classe 400 = Ponto corrente de fios múltiplos. ao número da linha.
• Classe 500 = Ponto chuleado e ponto de segurança. • Verificar a regulagem do passa linhas.
• Classe 600 = Ponto de cobertura. • Verificar o estado da lançadeira.
• Classe 700 = Ponto fixo com uma só linha. • Verificar a relação entre agulha e lançadeiras.
As máquinas de costura são desenvolvidas para exe- Além de terem relação com diferentes tipos de cos-
cutar tarefas específicas. Devido a essa caracterís- tura, os pontos e classes são utilizados na confec-
tica, cada máquina possui um tipo de ponto a ser ção/execução de diferentes tipos de acabamentos e
realizado, de acordo com o padrão de classificação costuras que podem ser aplicados tanto em tecido
internacional. Em uma confecção, em geral, as má- plano, como em artigos de malharia. No quadro a
quinas de costura se enquadram nas seguintes clas- seguir é possível visualizar os principais pontos de
ses: 300, 400, 500 e 600. costura utilizados em uma confecção, os pontos ma-
Além das classificações de pontos existentes, nuais, bem como, os acabamentos no qual podem
temos o ponto falso que, segundo Araújo (1996), ser aplicados em uma peça do vestuário.
ocorre quando a agulha não apanha a linha da lan-
54
DESIGN
Reta industrial
Ponto zigue- zague 304 Pregar aviamentos,
pespontar elásticos
e fazer pespontos
decorativos.
Zig zag
Overloque 3 fios Ponto 504 Fechamento de peças
(laterais, ombros,
mangas). Geralmente,
só é vista pelo avesso
da peça, mas pode ser
aparente de acordo
com a proposta do
produto.
Overloque 4 fios Ponto 514 Fechamento com
diferencial de possuir
uma costura de
segurança, indicada
principalmente
para peças com alta
elasticidade (linha praia
e ginastica) e ajustadas
ao corpo.
55
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
Acabamento de mangas,
bolsos, barras e decotes
BAINHA GALONEIRA 3 AGULHAS de artigos de malha em
geral.
Galoneira 4 fios
Aparelho opcional*
Se utilizado, propicia
uniformidade na largura
da bainha.
56
DESIGN
ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
Acabamento de mangas,
bolsos, barras e decotes
BAINHA GALONEIRA 2 AGULHAS de artigos de malha em
ABERTA geral.
Aparelho* Guiador
(se utilizado, propicia
uniformidade na largura
da bainha).
Acabamento de mangas,
BAINHA GALONEIRA 2 AGULHAS bolsos, barras e decotes
FECHADAS de artigos de malha em
geral.
Aparelho*Guiador
(se utilizado, propicia
uniformidade na largura
da bainha).
BAINHA GALONEIRA COM
COBERTURA/TRAMA
Acabamento de mangas,
barras e decotes de
artigos de malha em geral
e como cobertura de
Galoneira com 4 fios recortes e detalhes.
(para bainha com 2
agulhas) e 5 fios (para
bainha com 3 agulhas)
Aparelho* Guiador
(se utilizado, propicia
uniformidade na largura
da bainha).
57
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
Acabamento de mangas,
barras e decotes de
BAINHA GALONEIRA FALSA artigos de malha em
(agulha fechada) geral.
Aparelho* Guiador
(se utilizado, propicia
uniformidade na largura
da bainha).
Acabamento de decotes e
DEBRUM DUAS DOBRAS COM 1 cavas de artigos de malha
AGULHA em geral.
Aparelho: Sim
58
DESIGN
ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
DEBRUM DE ELÁSTICO
DOBRÁVEL Acabamento de decotes
e cavas de blusas e cavas
Galoneira com 2 ou e cintura de calcinhas
3 fios ou interloque (lingerie).
adaptada
Aparelho: Sim
Galoneira com 3, 4 ou 5
fios (5 fios quando usar Aparelho: Sim.
trama)
Obs.: com ou sem
dobras, dependendo do
material utilizado (tira de
tecido ou fita na largura
desejada).
59
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
Overloque 3 ou 4 fios + VIVO Recortes de blusas,
reta se for pespontado; camisetas, calças, sungas
galoneira se colocado e em juntamente com
juntamente com debruns em decotes
debruns e cavas. Obs.: o vivo
pode ter enchimento,
mas é mais comum em
produtos de tecido plano.
Obs.: o formato/visual da
prega fêmea pelo avesso
é denominado prega
macho.
Aparelho: não
necessariamente. Se
houverem muitas pregas
de mesma largura, há
aparelho específico para
adaptar na máquina reta.
60
DESIGN
ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
Geralmente overloque ROLETÊ Alças de biquínis, blusas,
3 fios vestidos etc. e como cordão
para amarrações/ajustes de
cintura, capuz etc.
Obs.: o acabamento da
ponta do cordão pode ser
travete, nó ou por meio de
ponteiras.
Dependendo da espessura
do tecido e da bitola da
máquina, a medida pronta
varia de 0,4 a 1cm.
Geralmente utiliza- COULISSÉ Efeito de franzidos em
se overloque e reta, laterais e ombros, em
mas pode ser feito na ajustes de cintura, biquíni
galoneira e overloque modelo cortininha.
ou apenas overloque.
Aparelho: geralmente
não, mas se o túnel for
feito por tira aplicada,
o aparelho facilita a
colocação.
61
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
62
DESIGN
SAIBA MAIS
REFLITA
63
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Classificação das
Agulhas de Costura
Para Araújo (1996), a parte essencial de qualquer má- 1. Cone Superior: parte superior da agulha, usada
quina de costura é a agulha ou as agulhas. Segundo o para fazer contato com o orifício da máquina.
autor, existem mais de 2000 sistemas de agulhas e cada 2. Cabo: parte fixada na barra da agulha, estabi-
uma com dimensões específicas. Uma agulha para má- lizando a haste.
quina de costura possui as seguintes características: 3. Cone: situado entre o cabo e a haste, serve
• Feita de aço flexível. para reforçar esta.
• Resistente à temperatura e a atritos decorren- 4. Haste: parte na qual ocorre maior fricção du-
tes da costura. rante a costura, é a parte mais fina da agulha;
dessa forma, é necessária a utilização da agu-
lha correta, da máquina correta na operação
A figura a seguir ilustra as partes de uma agulha correta, evitando que a haste se curve, cau-
para máquina de costura: sando danos como pontos saltados.
64
DESIGN
SAIBA MAIS
5
4
Existem agulhas para todos os tipos de tecidos
6 e projetos de todos os tipos. Tenha sempre à
mão uma boa seleção delas, seja para fazer
7
um remendo de emergência, pregar botões
8 ou customizar uma peça de roupa.
65
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
2
A ponta bola é uma agulha caracterizada por ser cô-
Figura 16 - Ponta redonda nica desde a parte inferior do furo, porém sua extre-
Fonte: Araújo (1996, p. 270).
midade é esférica. Segundo Araújo (1996, p. 271), os
Legenda: tipos de agulhas com ponta bola são classificadas da
1. Ponta redonda ou cônica. seguinte forma:
2. Ponta redonda aguda (fina).
• Ponta redonda ou cônica: indicada para te-
cidos grossos, é a agulha mais usada comu-
Caracterizada por ser uma agulha cônica desde a mente.
parte inferior do furo até a extremidade, ao ser in- • Ponta redonda aguda (fina): geralmente é utili-
troduzida no tecido, a agulha de ponta redonda for- zada para pontos especiais, como o ponto invi-
ma um círculo. É possível encontrarmos três tipos sível, e para costuras feitas no direito da peça,
de agulhas com ponta redonda: como em colarinhos e punhos de camisa.
66
DESIGN
Cana
mais elásticos, com fios de borracha ou de
outros elastômeros, pois a agulha desliza en-
leta a
tre eles em vez de perfurar o tecido.
dicion
• Ponta bola pesada: indicada para malhas
grossas, este tipo de agulha trabalha igual a
a
ponta bola média.
l
• Ponta grossa: indicada para pregar botões,
pois seu formato de ponta acaba centran-
do o botão, mesmo que ele não esteja per-
feitamente alinhado.
Tripla
A ponta da agulha é um das partes mais importan-
tes. Desse modo, encontrar a agulha apropriada para
determinado material torna todo o processo produ-
tivo, ágil e satisfatório. Além dos diversos tipos de
pontas que encontramos nas agulhas, encontra-
mos também tipos de canaletas diferenciadas:
• Canaleta Longa: tem como função proteger a
linha durante a perfuração da agulha no tecido.
• Canaleta Adicional: tem como função deixar
a linha livre para formar as laçadas. Esse tipo
de agulha é usada em máquinas de ponto 401.
Cana
Cana
leta a
fiamento dela.
spira
jour d
SAIBA MAIS
l
upla
Cana
Figura 18 - Tipos
de agulhas para
Fonte: Senai (2001, p. 28). máquina de
costura
67
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
68
DESIGN
69
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Classificação
das Linhas e Fios
Antes de conhecermos as classificações das linhas e As linhas e os fios auxiliam no processo de monta-
fios, talvez você esteja se perguntando o que é uma gem de um produto de moda, por isso, torna-se de
linha de costura e, principalmente, o que é um fio. extrema importância conhecer a linha e o fio, uma
Segundo informações do site da Coats Industrial vez que ambos serão parte da composição do produ-
([2018], on-line)4, as linhas de costura são fios es- to. Devido ao uso em grande quantidade na monta-
peciais desenvolvidos para serem utilizados em gem de uma peça de roupa, faz-se necessário analisar
máquinas de costura. Sua função é unir os tecidos, a performance de uma linha ou de um fio, pois a me-
montando a peça de roupa ou o produto que está nor falha que seja pode afetar diretamente a função
sendo confeccionado, além de proporcionar aparên- da linha, resultando em perda de investimento em
cia e desempenho nos pontos e costuras. material, tecido, mão-de-obra e equipamento.
70
DESIGN
A qualidade de uma costura está diretamente rela- filamento, classificada em: monofilamento, monofi-
cionada à linha que une os materiais, uma vez que lamento liso e filamento texturizado.
esta deve apresentar características como: uniformi- • Linha de fibra fiada: é fabri-
dade da espessura, resistência à tração e ao atrito, cada a partir de fibras na-
uniformidade na torção, bonderização, lubrificação turais ou sintéticas. A linha
de poliéster fibra fiada é a
e elasticidade. Dentre a gama de fibras oferecidas no
mais utilizada no setor de
mercado para a fabricação de linhas e fios de costu- confecções, devido à sua
ra, as mais usuais são: poliéster, poliamida (nylon), resistência e à ampla varie-
polipropileno, algodão etc., para bordados, a viscose dade de cores e espessuras
e a seda (PEREIRA, 2011). se comparada à linha de
Portanto, para que você, aluno(a), tenha me- algodão, que é utilizada em
lhor conhecimento sobre a linha, vamos analisar, a alguns segmentos.
seguir, alguns parâmetros para que você conheça as Figura 19 - Linha de fibra fiada
características deste produto, a linha de costura. Fonte: Coats Industrial ([2018], on-line)4.
71
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
passa a ser usado para bainhas, cortinas • Enceramento e lubrificação: aplicação de ceras
e estofados. e substâncias que reduzem o atrito entre agu-
Figura 21 - Linha de monofilamento lha e tecido e garantem boa costurabilidade.
Fonte: Coats Industrial ([2018], on-line)4.
• Resinagem: aplicação de resinas que formam
• Linha de monofilamento liso: feita de uma “capa protetora” sobre a linha. Aumen-
nylon ou poliéster, a linha consiste na tam sua resistência ao atrito e à tração, per-
junção de dois ou mais filamentos con- mitindo seu uso em costuras de materiais
tínuos que são torcidos juntos. Devido à mais grossos e mais rígidos.
sua alta resistência, é utilizada na costura • Bonderização: aplicação de resinas que per-
de sapatos, roupas de couro e produtos mitem uma colagem das fibras da linha de
industriais. costura, que aumenta sua resistência à tração
Figura 22 - Linha de monofilamento liso e ao atrito, evitando desfiamentos da linha. As
Fonte: Coats Industrial ([2018], on-line)4. linhas sem bonderização são chamadas de li-
• Linha de monofilamento texturizado: é nhas moles devido à sua maior flexibilidade.
feita de poliéster, e seu uso mais comum
é como linha do looper (máquina over- TERMINOLOGIA DA LINHA
loque/galoneira e outras) para fazer os
pontos de cobertura. Essa característica
A terminologia é outro ponto importante que auxi-
da linha proporciona maior cobertura e
alongamento ao fio, porém ele torna-se lia na classificação da linha/fio, pois, com uma gama
sujeito a enroscamento. de variedades do mesmo produto, a terminologia
Figura 23 - Linha de monofilamento texturizado acaba auxiliando na diferenciação do produto, uma
Fonte: Coats Industrial ([2018], on-line)4.
vez que a terminologia classifica os tipos e aponta
Além das classificações apresentadas anteriormen- as diferenças existentes, sendo assim, as linhas são
te, as linhas e os fios também podem ser classifi- classificadas por algumas características, como:
cados com base em seu acabamento, isso se dá no • Resistência à tração: tensão na qual a linha
momento da preparação dos filamentos, que se- quebra.
rão posteriormente transformados em fios/linhas, • Tenacidade: resistência relativa obtida pela
onde é importante que haja um bom acabamento espessura da linha.
no fio/linha para lhe conferir melhor costurabilida- • Resistência à laçada: é a carga necessária
de e melhorar sua função. Estes acabamentos pro- para quebrar um comprimento de linha que
porcionam ao fio/linha melhorias na resistência à é lançado através de outro comprimento da
mesma linha.
abrasão e à lubrificação. Há também acabamentos
• Resistência mínima da laçada: é a resistência
mais específicos, para linhas destinadas a produtos
da parte mais fraca da linha.
mais exigentes quanto às especificidades de um fio,
• Alongamento à ruptura: quantidade pela qual
que são: antiumidade, antifungo, resistência a cha-
a linha é esticada até o seu ponto de quebra.
mas, repelente à água e acabamentos antiestáticos.
• Módulo: termo usado para designar um va-
Além destes, podemos listar alguns processos de lor numérico que indica a maneira a qual o
acabamento que conferem melhoria no desempe- tecido se comporta quando uma força de tra-
nho das linhas, como: ção é aplicada.
72
DESIGN
bre as características que são levadas em considera- 140 90 a 150 Tex (nº 30 a 20)
ção no momento da escolha/compra de uma linha 160 120 a 150 Tex (nº 24 a 20)
ou um fio. A mais importante característica é a in-
Tabela 5 -Tipo de linha x agulha
dicação da linha pela sua espessura, representada Fonte: Pereira (2011).
por um número denominado de título, expresso
em TEX, que representa quantas gramas correspon- Outro ponto importante a ser levado em considera-
dem a 1000 metros de linha, ou seja, quanto maior ção no momento da escolha da linha é o tipo de teci-
o número do título, maior será a espessura da linha. do no qual a linha será utilizada e também o maqui-
Outro fator importante é adequar a escolha da linha nário. A tabela a seguir é apenas uma orientação, a
conforme as características da agulha. A tabela a se- adequação da linha com o tecido deve ser feita com
guir apresenta de forma clara como pode ser feita base em testes prévios, ou seja, durante a confecção
essa escolha. dos protótipos.
73
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Pespontos Overloque
Tipo de Tecido
Tecidos para agulha
Tecido Pesado 80 a 120 Tex 60 a 105 Tex 24 a 60 Tex
24 a 27 Tex
Acima de 440 g/m² (13oz)
Tecido Médio/Pesado 80 a 90 Tex 60 a 80 Tex 24 a 60 Tex
24 a 40 Tex
De 340 a 500 g/m² (de 10 a 14oz)
Tecido Médio 60 a 80 Tex 40 a 60 Tex 24 a 40 Tex
24 a 27 Tex
De 270 a 400 g/m² (de 8 a 12oz)
Tecido Médio/Leve 40 a 60 Tex 24 a 60 Tex 24 a 27 Tex
24 a 27 Tex
de 170 a 340 g/m² (de 5 a 10oz)
Tecido Leve 24 a 27 Tex 24 a 27 Tex 24 a 27 Tex
24 a 27 Tex
Até 200 g/m² (6oz)
Tabela 6 – Relação do tipo de linha x tecido
G/m² : Gramas por metro quadrado
Oz: Onça – medida em massa
Fonte: Pereira (2011).
O fio de costura apresenta características que o des- • Monofilamentos: fios com espessura capilar
tinam para determinado segmento de acordo com utilizados na produção de telas finas para fil-
seu aspecto, qualidade e resistência. Vimos que a tros e quadros de estamparia, fio de costura
invisível e linha de pesca. Podendo chegar à
linha é feita a partir de um agrupamento de fibras
espessura de 3 a 4 mm.
lineares ou filamentos que formam uma linha con-
• Multifilamentos: fio com aspecto liso e bri-
tínua com características têxteis, com o fio não é di- lhante, utilizado também na fabricação de
ferente. Diante de tantos aspectos que influenciam a tecidos. Possui superfície lisa e escorregadia,
qualidade de um fio têxtil, podemos mencionar que devido seu a aspecto plástico.
sua regularidade se dá pela junção de fibras lineares • Multifilamento de nylon: geralmente é usado
que conferem a ele resistência e alta flexibilidade. em produtos que exigem extrema resistência,
A classificação dos fios é feita com base em suas tais como calçados, artigos esportivos, mó-
veis e pneus.
propriedades físicas e características funcionais,
• Mercerizados: geralmente, são retorcidos e
uma vez em que seu diâmetro e peso são apresenta-
levam o nome da linha. A mercerização é um
dos como características determinantes da titulação
processo feito nos fios penteados, que confe-
do fio. Tudo isso depende das propriedades físicas re a eles um aspecto sedoso, liso e brilhante,
das fibras ou dos filamentos que o constituem. Os deixando as cores mais vivas e aumentando
principais tipos de fios são classificados como: sua resistência. O processo é feito a partir da
74
DESIGN
75
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), chegamos ao término da segunda unidade do nosso
livro, conhecendo os diversos tipos de equipamentos utilizados na in-
dústria de confecção, os tipos de pontos de costura, tipos de agulhas e a
classificação das linhas.
Devido à variedade de tipos de máquinas, linhas, agulhas e equipamentos, os
assuntos foram expostos de forma clara e precisa para que você possa compre-
ender a importância de cada um deles e também os fatores que influenciam na
qualidade e no funcionamento desses itens no momento de confecção do pro-
duto. Falamos sobre características, padronização e qualidades inerentes de cada
ponto e suas classes. Conhecemos quais são os tipos de agulhas e pontas, uma vez
que cada tecido necessita de uma agulha específica para a realização do trabalho.
Conhecemos quais são as classificações das linhas e dos fios que, embora pa-
reça complexo compreender as características e aspectos técnicos, esta compre-
ensão é necessária para que você possa estar apto(a) a aplicá-los no momento
certo durante a construção de suas peças. De modo geral, as propriedades que
norteiam o conteúdo visto nesta unidade tornam-se fundamentais para a ava-
liação da qualidade de um produto de moda, principalmente em relação a seu
acabamento/costura.
Diante disso, você, aluno(a), ao analisar o livro didático e ampliar seus co-
nhecimentos por meio de estudos complementares, irá compreender que o papel
de um designer de moda abrange também conhecer os equipamentos e/ou ma-
quinários, entender quais os pontos de costura e como aplicá-los em cada peça
desenvolvida no processo de criação, quais são os tipos de fios e linhas existentes
e como devem ser selecionados.
Ao colocar em prática os assuntos aqui explorados, você irá desempenhar seu
papel como um(a) verdadeiro(a) profissional de moda, estará apto(a) a atuar no
mercado de trabalho e, assim, atenderá às necessidades e expectativas das indús-
trias de confecção de moda.
76
atividades de estudo
3. A norma técnica n. 17003, NBR 9397, classifica, ilustra e designa os vários tipos
de pontos de costura usados na indústria do vestuário. As imagens a seguir
representam os aspectos técnicos referentes aos pontos de costura.
77
atividades de estudo
78
LEITURA
COMPLEMENTAR
A máquina de costura ponto fixo 301 é a mais utilizada no processo de costura. Ela pos-
sibilita realizar operações simples, como costurar retas ou costuras mais complexas, tais
como fechamento de peça ou até mesmo a construção da peça em sua totalidade. Essa
classe de máquina pode ter uma agulha (conhecida popularmente como reta) ou duas agu-
lhas (pespontadeira).
Primeiro vamos conhecer em detalhes a máquina de costura ponto fixo 301 reta.
Esta máquina de costura pertence à classe de ponto 300 e forma o ponto 301. Possui duas
linhas na formação do seu ponto, uma linha superior da agulha e outra inferior da bobina.
Esta máquina produz a classe de costura LS.
A figura a seguir demonstra algumas das principais partes que compõem a máquina de
costura ponto fixo 301.
79
LEITURA
COMPLEMENTAR
1. Bobinadeira
2. Destacador de Fios
3. Alavanca de Barra de Agulha
4. Botão de Retrocesso
5. Calcador
6. Motor
7. Joelheira
8. Interruptor
9. Visor de Nível de Óleo
10. Alavanca de Retrocesso
11. Regulador de ponto
12. Polia
13. Painel de controle
14. Suporte de Cones
15. Protetor de Linha
16. Protetor de Dedo
Figura 26 - Máquinas
1. Barra de Agulha 4. Repositor de Óleo 7. Regulador de Ponto 10. Protetor de Linha de costura ponto fixo
2. Tampa Frontal 5. Polia 8. Bobinadeira 11. Protetor da Correia
301 pespontadeira
3. Visor de Nível de Óleo 6. Alavanca de 9. Protetor de Dedo
Retrocesso
Fonte: Bhother (2007).
80
LEITURA
COMPLEMENTAR
81
material complementar
Tecnologia do Vestuário
Mário de Araújo
Editora: Fundação Calouste Gulbenkian
Sinopse: essa obra foi concebida a fim de apoiar o ensino e a formação universi-
tária na produção de vestuário, expressando de forma simples e ilustrativa uma
visão da tecnologia do vestuário.
82
referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9397:1986. Materiais têxteis – Ti-
pos de costura – Classificação. ABNT: Rio de Janeiro, 1986.
ARAÚJO, M. Tecnologia do Vestuário. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.
PEREIRA, M. A. Cartilha de Costurabilidade. Uso e Conservação de Tecidos para Decora-
ção. Comitê de Tecidos para Decoração da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil
e de Confecção). 2. ed. São Paulo: Comitê TexBrasil Decor, 2011. Disponível em: <http://
abnt.org.br/paginampe/biblioteca/files/upload/anexos/pdf/8cc6045e6c1c8f8b77266c-
d5a70025c4.pdf>. Acesso em: 27 set. 2018.
PRENDERGAST, J. Técnicas de costura: uma introdução às habilidades de confecção no
âmago do processo criativo. Tradução de Michele Augusto. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.
RECH, S. R. Moda por um fio de qualidade. Florianópolis: Udesc, 2002.
SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Costura Industrial. Curitiba: Senai-
-PR. Apostila Técnica, 2002.
______. Tecnologia da Confecção. Aprendizagem Industrial. Curitiba: Senai-PR. Apostila
Técnica, 2003.
SMITH, A. O grande livro da costura: material, técnicas, moldes, projetos. Tradução de
Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Publifolha, 2013.
Referências on-line
1
Em: <http://www.sebrae.com.br/appportal/reports.do?metodo=runReportWEM&no-
meRelatorio=ideiaNegocio&nomePDF=Ind%C3%BAstria%20de%20confec%C3%A7%-
C3%A3o&COD_IDEIA=ba187a51b9105410VgnVCM1000003b74010a____>. Acesso
em: 26 set. 2018.
2
Em: <http://costuralivre1.blogspot.com/2013/12/diferentes-tipos-de-calcadores.html>.
Acesso em: 26 set. 2018.
3
Em: <https://www.audaces.com/producao-de-lingerie-e-moda-praia-como-fazer-pecas-
-de-qualidade/>. Acesso em: 26 set. 2018.
4
Em: <http://www.coatsindustrial.com/pt/information-hub/apparel-expertise/sewing-
-threads>. Acesso em: 13 mar. 2018.
5
Em: <http://www.audaces.com/maquina-de-costura-ponto-fixo-301/>. Acesso em: 27
set. 2018.
83
gabarito
1. D.
2. C.
3. C.
4. Ponto classe 600: é realizado pelas máquinas galoneiras com
duas, três e quatro agulhas, as quais executam uma costura com
um entrelaçamento de fios na parte inferior e superior do tecido,
usados para acabamentos e costuras decorativas. Essas máqui-
nas se apresentam de forma plana ou cilíndrica. Podem ser inseri-
dos/respondidos outros pontos relacionados a outras máquinas.
Essa resposta é apenas um exemplo de como seria a descrição.
5. Segundo assuntos explorados, para se tornar um bom profissio-
nal, um designer de moda precisa compreender que o processo
criativo envolve, além de muita criatividade e originalidade, co-
nhecimentos relacionados a maquinários e técnicas de costura
para, assim, alcançar o objetivo esperado referente a uma peça
do vestuário.
84
UNIDADE
III
PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA
DE CONFECÇÃO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Ciclo Produtivo da Moda: Arranjo Físico ou Layout
• Etapas da Produção de uma Peça, Montagem e Acabamento
• Ficha Técnica, Normalização e Etiquetagem
Objetivos de Aprendizagem
• Entender a estrutura do ciclo de desenvolvimento e produção do
vestuário e sua importância para uma boa gestão do processo
produtivo.
• Assimilar as etapas da produção de uma peça no setor produtivo.
• Assimilar a importância da ficha técnica, da normalização e dos
processos de etiquetagem de uma peça.
unidade
III
INTRODUÇÃO
O
lá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à terceira unidade do
nosso material didático. Daremos início à nossa conversa fa-
lando sobre o ciclo produtivo da moda e como é feito o arran-
jo físico deste ciclo, para que tudo aconteça de forma ordena-
da dentro de uma empresa, conhecendo os tipos de layout existentes e
como funcionam.
Sabemos das diversas responsabilidades de um designer de moda,
uma delas é a escolha dos acabamentos para suas criações. Veremos que
há diversos tipos de acabamentos, mas como exigir ou desejar determi-
nado tipo de acabamento, como uma barra com pesponto duplo, feito
com máquina de duas agulhas, se não os conhece? Portanto, para que
o(a) estilista e modelista consigam trabalhar em harmonia, é fundamen-
tal que ambos os profissionais possuam conhecimentos em técnicas de
costura e acabamentos.
Veremos sobre a ficha técnica, documento que deve conter as infor-
mações necessárias para a confecção da peça, dentre elas, a sequência
operacional. Você também irá aprender que a ficha técnica preenchida
corretamente e com todas as informações necessárias é essencial para
garantir a fidelidade do produto, além de auxiliar no planejamento da
compra de matéria-prima e na análise do custo da peça. Sendo assim,
você aprenderá a importância da ficha técnica e qual o papel que ela de-
sempenha dentro da indústria do vestuário.
Por vez, serão apresentados os processos de normalização e padroniza-
ção de etiquetas concernentes à indústria do vestuário; será discutida a im-
portância dessas normas e como o descumprimento delas afeta o mercado
do vestuário e também dos consumidores. Iremos analisar como a norma-
lização das etiquetas pode contribuir para aumentar a vida útil do produto.
Assim, esteja atento(a) às dicas que irão te auxiliar quando você pre-
cisar colocar em prática suas ideias durante o desenvolvimento de um
produto de moda para que possa ter sucesso em sua profissão. Boa leitura!
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
90
DESIGN
Considerando este ciclo que envolve a cadeia Em uma indústria de confecção, cada protóti-
produtiva do vestuário, é necessário que você, fu- po é oriundo de uma ideia/criação, cuja concreti-
turo(a) designer de moda, entenda como funciona zação exige uma equipe multidisciplinar, ou seja,
o processo produtivo de um produto; de forma que o setor produtivo; principalmente os setores de
este conhecimento venha a auxiliar no momento criação, engenharia de produto e modelagem que,
de desenvolver um produto, pensando em todos juntos, garantem o sucesso de um produto do ves-
os processos que ele irá passar até obter o resulta- tuário. Sabe-se que o setor de criação trabalha no
do final. Além disso, é de grande importância que desenvolvimento de novos produtos e que o setor
o(a) profissional de moda tenha conhecimento do de modelagem reproduz a peça em molde, o qual
layout e/ou arranjo físico de um processo fabril, a servirá como guia para o corte do produto em lar-
fim de acompanhar a fabricação de novos produtos. ga escala.
91
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
92
DESIGN
93
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
94
DESIGN
O fato de saber qual operação será feita primeiro exemplo, a sequência de montagem de uma camisa
e qual é a seguinte evita que a roupa fique repassando ou uma calça sempre serão as mesmas, mas as mu-
dentro dos processos de costura, pois com uma sequ- danças podem ocorrer de acordo com o tipo de ma-
ência eficiente, a peça fará um único sentido, fazendo téria-prima utilizada, pois, para uma calça feita em
o trabalho fluir mais rápido, sem que haja desper- jeans, os acabamentos utilizados são diferentes de
dício de tempo e mão-de-obra. Entretanto, quando uma calça social, por exemplo.
isso não acontece, a pessoa responsável por esse setor A seguir, serão apresentadas as fichas de
faz a distribuição dos processos e acompanha cons- sequência operacional de montagem da camiseta
tantemente a montagem do produto e, com isso, há básica, camisa social manga longa, da calça e da saia
uma redução na produtividade da confecção. jeans, que servirão como um conhecimento prévio
A sequência operacional de montagem da peça de como é feita a sequência operacional dos demais
pode ser considerada padrão para os produtos, por produtos do vestuário.
95
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
1 2
CORTAR 1 X GOLA
CORTAR 2X 1. COSTAS
MANGA 2. FRENTE
3. MANGA
4. GOLA
3
96
SEQUÊNCIA OPERACIONAL - MONTAGEM DA CAMISA SOCIAL
CÓD. PROCESSO PONTO ACESSÓRIOS CLASSE
PREPARAR VISTA DIREITA
1º Posicione o dianteiro direito sobre a mesa de passar com o avesso para cima. Manual Ferro
2º Dobre as extremidades do tecido conforme as marcações (piques). Manual Ferro
3º Dobre novamente nas marcações e passe ferro. Manual Ferro
OBS. Esta vista poderá ser ou não pespontada conforme o padrão da empresa.
PREPARAR VISTA ESQUERDA
1º Posicione o lado esquerdo sobre a mesa de passar com o lado direito do tecido para cima. Manual Ferro
2º Coloque a entretela entre os piques e dobre o tecido sobre a entretela. Passe a ferro. Manual Ferro/entretela
3º Dobre novamente o restante do tecido sobre a entretela e passe a ferro. Manual Ferro
4º Pesponte as duas extremidades conforme o padrão da empresa. 301 300
PREPARAR A PALA
1º Executar as pregas conforme piques na parte inferior das costas e reserve. 301 300
2º Unir a pala com a parte inferior das costas. 301 300
3º Pespontar pala. 301 300
PREPARAR COLARINHO E PUNHO
MONTAGEM
1º Unir ombro 516 500
2º Pespontar ombro 301 300
3º Pregar mangas 516 500
4º Pespontar cavas 301 300
5º Preparar e montar carcela conforme esquema da montagem do punho
6º Fechar laterais 516 500
7º Pregar punhos conforme esquema da montagem do punho 301 30 300
8º Pregar colarinho (colocar etiqueta no centro costas) 301 Etiqueta 300
ACABAMENTO
1º Fazer barra 301 300
2º Marcar casa Manual Fita métrica
3º Pregar botões Manual Botões 300
4º Fazer casas 304 300
5º Revisar Manual
6º Limpeza Manual Tesoura
7º Passar Manual Ferro
8º Dobrar Manual
9º Embalar Manual Saco plástico
15
14
CORTAR 2X
MANGA 9
12
1. FRENTE DIREITA
8 6 2. FRENTE ESQUERDA
5 3. COSTAS
4. PALA (CORTAR 2X)
2 5. MANGA
CORTAR 1X FRENTE ESQUERDA 6. PUNHO (CORTAR 2X)
3 7. CARCELA (CORTAR 1X)
8. GOLA (CORTAR 2X)
9. PÉ DE GOLA (CORTAR 2X)
CORTAR 1X COSTAS 10. DETALHE GOLA (CORTAR 2X)
11. BOLSO (CORTAR 1X)
12. ENTRETELA PUNHO (CORTAR 2X)
CORTAR 1X FRENTE DIREITA
13. GABARITO BOLSO (PAPEL)
14. ENTRETELA GOLA (CORTAR 1X)
1 15. ENTRETELA PÉ DE GOLA (CORTAR 1X)
10
11 PALA
13 7
4
98
SEQUÊNCIA OPERACIONAL - MONTAGEM DA CALÇA JEANS
CÓD. PROCESSO PONTO ACESSÓRIOS CLASSE
PREPARAÇÃO
1º Overlocar vista simples 504 500
2º Overlocar vista dupla 504 500
3º Pregar vista c/ zíper na vista simples 301 300
4º Overlocar espelho 504 500
5º Barra do bolso relógio 301 300
6º Barra do bolso traseiro 301 300
7º Pregar bolso relógio 301 300
8º Pregar espelho no forro do bolso 301 300
9º Pregar revel no reforço do bolso 301 300
10º Pregar forro e revel no dianteiro 301 300
11º Pespontar bolso dianteiro 301 300
12º Fixar espelho no dianteiro Manual
13º Fechar bolso dianteiro (forro de bolso) 516 500
14º Fazer filigrana bolso traseiro 301 Bordado 300
15º Preparar passantes 406 400
16º Gabaritar bolso traseiro Manual Ferro/gabarito
TRASEIRO
1º Pregar pala 516 500
2º Unir traseiro (máquina de braço ou interlock) 516 500
3º Pespontar traseiro 301 300
4º Pregar bolsos traseiros 301 300
DIANTEIRO
1º Pregar bolso relógio 301 300
2º Pregar espelho no forro do bolso 301 300
3º Pregar revel no reforço do bolso 301 300
4º Pregar forro e revel no dianteiro 516 500
5º Pespontar bolso dianteiro 301 300
MONTAGEM
1º Fechar lateral 516 500
2º Pespontar lateral 301 300
3º Fechar entrepernas 516 500
4º Fixar passantes nas posições determinadas Manual
5º Pregar cós com etiquetas no centro das costas (avesso) 401 Etiquetas 400
6º Fazer ponteira de cós 301 300
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
ACABAMENTO
1º Fazer barra da perna 301 300
2º Travetar passantes 304 300
3º Travetar bolsos (dianteiro, traseiro e braguilha). 304 300
4º Marcar caseado Manual Fita métrica
5º Casear 304 300
6º Pregar botão Prensa Botões
7º Revisar Manual
8º Limpeza Manual Tesoura
9º Passar Manual Ferro
10º Dobrar Manual
11º Embalar Manual Saco plástico
12º Selar Manual Etiqueta adesiva
Obs.: Máquina reta, interlock, caseadeira, máquina de pregar cós, botoneira e travete.
100
DESIGN
1. DIANTEIRO
CÓS 3 2. TRASEIRO
9
3. CÓS (CORTAR 1X)
10 11 4. PARA TRASEIRA
(CORTAR 2X)
5. ESPELHO (CORTAR 2X)
CORTAR 2X DIANTEIRO 6. BOLSO RELÓGIO
(CORTAR 1X)
FORRO 7. FORRO BOLSO
1
5 (CORTAR 2X)
8. BOLSO TRASEIRO
(CORTAR 2X)
7 6 9. VISTA DUPLA
(CORTAR 1X)
4 CORTAR 2X TRASEIRO 10. VISTA SIMPLES
(CORTAR 1X)
BOLSO 11. PASSANTE
* 8 2 (CORTAR 1X)
* GABARITO BOLSO
(CORTAR 1X EM PAPEL)
101
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
TRASEIRO
1º Pregar pala 516 500
2º Unir traseiro (máquina de braço ou interlock) 516 500
3º Pespontar traseiro 301 300
4º Pregar bolsos traseiros 301 300
DIANTEIRO
1º Pregar conjunto de vista no dianteiro 301 300
2º Pespontar vista esquerda com zíper 301 300
3º Pregar vista direito 301 300
4º Unir parte inferior do dianteiro 516 500
MONTAGEM
1º Fechar lateral 516 500
2º Pespontar lateral 301 500
3º Fechar entrepernas 516 500
4º Fixar passantes nas posições determinadas Manual
5º Pregar cós com etiquetas no centro das costas (avesso) 401 Etiquetas 400
6º Fazer ponteira de cós 301 300
ACABAMENTO
1º Fazer barra da perna 301 300
2º Travetar passantes 304 300
3º Travetar bolsos (dianteiro, traseiro e braguilha). 304 300
4º Marcar caseado Manual Fita métrica
5º Casear cós 304 300
6º Pregar botão Prensa Botões
7º Revisar Manual
8º Limpeza Manual Tesoura
9º Passar Manual Ferro
10º Dobrar Manual
11º Embalar Manual Saco plástico
12º Selar Manual Etiqueta adesiva
Obs.: Máquina reta, interlock, caseadeira, máquina de pregar cós, botoneira e travete.
102
DESIGN
CÓS
3
5
4
PALA
1 2
6 7 * 8
BOLSO
1. DIANTEIRO
2. TRASEIRO
3. CÓS (CORTAR 1X) 7. VISTA DUPLA (CORTAR 1X)
4. PALA TRASEIRA (CORTAR 2X) 8. BOLSO TRASEIRO (CORTAR 2X)
5. ESPELHO (CORTAR 2X) 9. PASSANTE (CORTAR 1X)
6. VISTA (CORTAR 1X) * GABARITO BOLSO (CORTAR 1X EM PAPEL)
103
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
As sequências operacionais apresentadas podem ser De acordo com Rech (2002, p. 45),
consideradas padrões na indústria, estas que virão a
sofrer alterações em seu processo de montagem de As características que orientam a qualidade do
produto de moda começam na definição e aná-
acordo com o modelo da peça a ser confeccionada
lise das matérias-primas (fibras, fios, tecidos),
e também o tipo de acabamento escolhido; etapas passando pelas fases de criação, desenvolvi-
que passam a ser definidas pelo estilista e modelista mento, confecção, acabamento e sua relação
no desenvolvimento de novos produtos, pois ambos com o consumidor, no uso diário.
acabaram definindo o que se adequa melhor à ne-
cessidade de cada produto, para que a ficha de mon- Sendo assim, pensar no acabamento certo se torna
tagem – sequência operacional – possa ser definida. uma das prioridades do designer, pois é ele quem
Ao tratar-se de montagem e sequência opera- faz a escolha do tecido e dos aviamentos que irão
cional de uma peça do vestuário, podemos afirmar compor a peça. Em algumas empresas, o designer
que este processo objetiva maior visualização dos não pensa sozinho, ele tem a ajuda do setor de mo-
processos de execução/montagem de determinado delagem para escolher qual tipo de acabamento me-
produto por meio da enumeração das operações que lhor se adequa na produção da peça. Este processo é
serão realizadas. De certa forma, a sequência ope- realizado sempre com a preocupação de como isso
racional apresentada na ficha técnica é de extrema irá refletir em uma escala maior na produção.
importância para que a produção funcione bem, em
ritmo satisfatório. Contudo, sugiro que você, caro(a) Uma peça de vestuário agrega vários elemen-
tos em sua confecção. Além da matéria-prima
aluno(a), pesquise mais sobre a sequência operacio-
principal, o tecido, há todo um universo de ma-
nal dos produtos a fim de criar um repertório para teriais utilizados para se obter a forma, a estru-
que você tenha conhecimento dos processos de cos- tura e os efeitos desejados. O conhecimento e a
tura, montagem e execução de processos, e venha a aplicação desses recursos permite que o produ-
se tornar um designer completo. to reúna em si os valores extrínsecos e intrín-
secos que despertarão o desejo do consumidor
pelo produto (LIMA et al., 2008, p. 105).
ACABAMENTOS
Lima et al. (2008) ainda afirmam que é importante
Pensar no acabamento é essencial para quem quer que o designer tenha conhecimento dos tipos de aca-
produzir produtos de vestuário, pois isso garante a bamento existentes, visando a melhoria da qualidade
qualidade e a aparência do produto, fazendo com do seu trabalho, pois os acabamentos são de extrema
que ele seja valorizado e passe a ser desejado pelo importância na construção dos valores extrínseco e
consumidor. O acabamento é considerado a finali- intrínseco do produto de moda, uma vez que este
zação de uma peça, que pode ser boa, contribuindo carrega os atributos e qualidades como estratégias
de forma positiva; ou se for ruim, pode deixar a peça competitivas que estão relacionadas ao custo e à di-
com aparência desleixada e mal feita. ferenciação, como os detalhes e o acabamento.
104
DESIGN
105
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Tecidos tecnológicos que são costurados ou colados com uso do calor no tecido da roupa
ENTRETELAS
para aumentar a estabilidade em pontos críticos, como colarinhos e punhos.
Usados para dar acabamento na parte interna de um traje de alfaiataria, evitar o desgaste
das costuras e fazer com que a roupa amasse menos. São cortados, geralmente, em teci-
REVESTIMENTOS
dos acetinados para a roupa deslizar no corpo e vestir mais facilmente. São costurados em
apenas alguns pontos da roupa: cós, decote e, às vezes, na barra.
Tecido extra que pode ser aplicado no tecido principal ou no revestimento para deixar a
FORRO
roupa mais quente sem criar volume. Casacos de inverno costumam ter uma malha interna
EXTRA
acolchoada ou removível.
Depois de conhecermos sobre os acabamentos exis- Outro ponto a ser levado em consideração são as bai-
tentes, vamos falar sobre alguns aspectos considera- nhas, sejam elas de manga de blusa, barra de calça, saia
dos essenciais ao fazer o acabamento de uma peça. ou vestido. Elas não podem ser feitas de qualquer forma,
De início, temos o tecido, este que deve ser sinôni- necessitam de uma atenção especial em relação ao tipo
mo de qualidade por ser um aspecto crucial na con- de ponto, técnica e espessura escolhida, tudo deve estar
fecção de um produto, ele deve apresentar caracte- em harmonia com o modelo, artigo e segmento da peça.
rísticas como não entortar ou torcer ao vestir, não
desmanchar ou puxar as costuras com facilidade, SAIBA MAIS
não enrugar, não criar “bolinhas” nos locais que têm
maior atrito, como braços e entrepernas.
Uma calça ou saia com corte alfaiataria pede
Assim como o tecido, a linha é outro ponto uma barra invisível feita à mão. Se fizer uma
a ser levado em consideração pela sua qualidade barra à máquina em uma peça com tecido e
e, principalmente, a cor. Isso mesmo! Em alguns corte de alfaiataria, tira toda a elegância da
peça. Entretanto, este acabamento manual aca-
casos, o não uso da linha na mesma cor que a do ba aumentando o tempo da produção de uma
tecido em que a peça foi cortada influencia direta- peça; desta forma, o processo manual pode
mente na estética do produto final. A agulha tam- ser substituído por outro tipo de acabamento
que também se adequa ao modelo proposto.
bém precisa estar de acordo com o tipo do tecido
utilizado, para que não danifique o tecido no mo- Fonte: adaptado de Mukai ([2018], on-line)5.
mento da costura.
106
DESIGN
A entretela, como vimos, também faz parte dos de um corte feito de forma incorreta, veremos mais
acabamentos, mas, para cada tipo de acabamento e sobre o corte na Unidade IV do nosso livro didático.
tecido, existe uma entretela específica, comumente Os acabamentos que diferenciam uma peça de
usada para dar acabamentos em decotes, golas, cós, vestuário podem estar relacionados à costura, ao
entre outros, a fim de conferir estrutura à peça. corte, a uma aplicação, uma lavagem, aspectos que
Por fim, um dos processos que influenciam dire- estão diretamente ligados ao processo de desenvol-
tamente no acabamento final do produto em relação vimento do produto, ou seja, ao designer. Sendo
ao seu caimento e à sua vestibilidade é o corte. Sim! assim, precisamos ter em mente a escolha correta
Por incrível que pareça, se a peça não for cortada dos acabamentos, entre outros processos, pois são
corretamente na posição do fio, o resultado pode detalhes que, ao final da coleção, criam um visual
não ser tão agradável. Você já se deparou com uma diferenciado e harmônico.
calça cujas costuras laterais ficavam torcidas no cor-
po conforme você se movimentava? Isso é resultado
REFLITA
SAIBA MAIS
Os acabamentos são tão importantes quanto
os aviamentos. Uma coleção pode ser prepa-
O acabamento pode agregar luxo à roupa. É rada valorizando-os. Depois de se definir a
muito importante agregar elementos corre- matéria-prima, é fundamental testar os aca-
tos para seu trabalho, pois é por meio desses bamentos em pequenas amostras, observar
detalhes que as pessoas irão percebê-lo e se o efeito de costura e detalhe no tecido ou
sentirem atraídas. malha escolhida.
107
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
108
DESIGN
109
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Ao analisarmos as diversas fichas existentes na in- ria descritiva do produto e isso é importante para
dústria do vestuário, vimos que, além da ficha de que as empresas mantenham os registros de sua pro-
protótipo, conforme ilustrada na imagem, encon- dução e possam consultá-los com agilidade no caso
tramos as outras fichas técnicas, como a operacio- de um novo pedido”.
nal, sendo ela destinada ao PPCP (Planejamento, Os designers de moda assumem uma das tarefas
Programação e Controle da Produção), ao setor de mais importantes dentro da indústria do vestuário,
produção, o qual irá analisar as operações que serão pois seu trabalho envolve a criação de novos produ-
realizadas, e também ao setor da prototipagem, res- tos. Dessa forma, além da pesquisa de tendências e a
ponsável pela montagem do protótipo. Essas fichas elaboração dos desenhos, o preenchimento correto
devem conter as seguintes informações: da ficha técnica por esse profissional irá contribuir
• Qual máquina irá realizar tal operação. para que os demais setores desenvolvam seu traba-
• Qual a classe e o ponto da costura a ser reali- lho com eficiência.
zado e seu perfil.
• Acessórios que serão utilizados em determi-
nada costura.
• Em quanto tempo será realizada a costura. SAIBA MAIS
• Qualidade dos pontos de costura.
• Tipo de tecido, entre outros.
A ficha técnica na confecção de roupas é o
• Um dado importante a ser observado é que, documento descritivo e essencial no planeja-
caso haja alguma alteração na ficha, o único mento de uma coleção. Sua correta utilização
responsável que possui autorização para refa- impacta na qualidade, no tempo e custo de
zê-la é o gerente do desenvolvimento de pro- cada peça produzida. Cada ficha descreve
duto e, assim, se houver qualquer alteração, individualmente peça por peça, com todos
os insumos necessários para sua produção:
como a troca de matéria-prima, o gerente do
tipo de tecido, aviamentos, tipo de costura e
desenvolvimento de produto irá discutir com qualquer outra informação necessária.
o designer e os demais setores e, assim, reali- Quanto maior o detalhamento, mais idêntica
zar as alterações necessárias. à ideia do estilista a peça será. Por isso, a ficha
técnica na confecção é tão importante.
Para Leite e Velloso (2004 apud TRONCOSO, 2013, Fonte: Verrone (2016, on-line)8.
110
DESIGN
ELABORAÇÃO E PREENCHIMENTO
DA FICHA TÉCNICA
As informações contidas na ficha não seguem uma Em algumas empresas, esse processo de preen-
norma em sua elaboração, elas devem ser acrescen- chimento da ficha técnica é feito de forma manual,
tadas conforme a necessidade da empresa, porém ou seja, o layout da ficha é desenvolvido no com-
algumas dessas informações são consideradas es- putador, depois é impresso e, posteriormente, é pre-
senciais para evitar diversos problemas, como troca enchido conforme passa pelos setores. Há também
de referência, quantidade alterada de matéria-pri- aqueles que optam por utilizar a ficha digital em sof-
ma, entre outros. Esses problemas ocorrem por má twares que proporcionam o preenchimento de for-
comunicação entre os setores internos ou externos, ma virtual, além de ser possível consultar este docu-
já que, atualmente, é comum o processo de tercei- mento a qualquer momento, sem que seja necessário
rização das peças. Esse processo ocorre quando os fazer a impressão dele.
serviços são realizados fora das indústrias, ou seja, Durante a elaboração da ficha técnica, deve-se
por terceiros, havendo uma necessidade maior de levar em consideração algumas informações essen-
uma ficha técnica preenchida corretamente para que ciais sobre o modelo, consideradas essenciais, sendo
o trabalho seja realizado com precisão e qualidade. elas:
111
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
[...] nome da marca, nome da estação ou cole- ções como: descrição da peça, referência do
ção a que se destina, referência da peça, referên- produto, estilista, coleção, data etc.
cia do molde, nome do designer responsável, • Grade: destinado a tamanhos da peça, como
nome do tecido principal e fornecedor, cores
P, M e G, ou 36, 38, 40, com as respectivas
pretendidas, tamanho do protótipo, tamanhos
variações, além das quantidades que serão
a serem graduados posteriormente, custo de
produção estimado e detalhada descrição do
produzidas em cada tamanho.
modelo. Além do desenho técnico do modelo • Desenho técnico: destinado à representação
(frente e costas), podendo, ainda, apresentar gráfica do modelo criado pelo estilista com
desenhos em croquis ou desenhos ampliados algumas indicações, como tipos de aviamen-
de detalhes, como técnicas de fechamento ou tos e de costura, informações que dão supor-
pespontos, para auxiliar o modelista e a pilo- te para os demais profissionais envolvidos no
tista a produzirem o caimento e acabamentos desenvolvimento da peça de roupa.
desejados. A data da criação da ficha é incluída,
• Tecidos: destinado aos principais materiais
bem como as datas de modificações que esta
têxteis utilizados na confecção da peça e os
recebe durante o processo. Os nomes do mode-
lista e da pilotista responsáveis pelo protótipo dados, como: códigos de referência (internos
e outras anotações são acrescentadas à medi- ou externos), o fornecedor, a composição
da que o modelo percorre o fluxo operacional da matéria-prima, os preços dos tecidos por
(TREPTOW, 2013, p. 163). unidade (kg ou m), a quantidade que será uti-
lizada e o valor gasto de fato em cada peça.
• Variantes: destinado às variações de tecidos
A autora ainda afirma que outro dado a ser acres-
ou de cores, que podem ser confeccionadas
centado à ficha é a planilha de custos, em que ficam
no mesmo produto e em alguns casos, até
registrados todos os tipos de materiais e as quanti- mesmo a variação de estampas.
dades consumidas. Além da sequência operacional • Aviamentos: destinado aos aviamentos que
com o tempo consumido em cada operação, ambos farão parte da peça, em que serão colocados:
os resultados irão fornecer uma estimativa do custo código, descrição, fornecedor, custo unitá-
de produção do produto para que seja possível cal- rio, unidade de medida, quantidade, custo de
cular o preço de venda do produto final. produção; neste campo, incluem-se as linhas
de costura.
Tendo conhecimento na elaboração da ficha téc-
• Observação: destinado às informações ou
nica, torna-se mais fácil seu preenchimento. Para
detalhes específico do tecido, de outra maté-
que você, futuro(a) designer, tenha conhecimento de
ria-prima ou até mesmo, um processo.
como ocorre esse preenchimento detalhado e com-
• Costura/Acabamento: destinado aos tipos de
pleto da ficha técnica, listamos alguns itens essen- costuras ou acabamentos que serão utilizados
ciais que devem ser preenchidos, segundo Audaces na peça, como costura reta, sobreposta, de
([2018], on-line)9, sendo eles: borda, overloque etc.
• Cabeçalho: destinado a um grupo de infor- • Processos: destinado aos serviços ou ativida-
mações básicas que servem para situar a peça des que serão necessários para materializar a
na cadeia produtiva e facilitar a pesquisa so- criação, como a mão-de-obra de costura, cor-
bre o modelo em questão. Contém informa- te, embalagem etc.
112
DESIGN
113
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
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DESIGN
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TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
com informações adicionais, para que, assim, ele en- As informações e símbolos chegam aos clientes por
tenda o significado de cada símbolo. Há alguns itens meio das etiquetas e tudo o que está implícito no
que também merecem destaque e que devem inte- material têxtil influi na simbologia, desde fibras,
grar uma etiqueta de composição: aplicação de corantes, entre outros processos. As-
• Nome, razão social ou marca registrada do sim, a ABNT alerta para o fato de, ao etiquetar um
fabricante ou importador. produto que contenha mais de uma fibra, é neces-
• Identificação Fiscal - CNPJ ou CPF. sário levar em consideração a fibra que possui uma
• País de origem, por extenso. composição mais delicada, mesmo que em pequena
• Indicação do nome das fibras ou filamentos quantidade, pois será essa fibra que determinará os
têxteis e sua composição em porcentagem cuidados que esse produto deverá receber.
sempre em ordem decrescente.
A partir de 2001, a Resolução de Etiqueta Têxtil
• O Tamanho da peça que está sendo adquirida.
padronizou a maneira de os consumidores recebe-
• Cuidados para a Conservação do produto.
rem informações sobre o produto. Essa padroniza-
ção fez com que as informações fossem transmiti-
das por meio de símbolos ou texto, porém o uso de
textos pode fazer com que as etiquetas fiquem de
um tamanho desproporcional ao tamanho padrão
das etiquetas. Sendo assim, os símbolos são vantajo-
sos, já que são reconhecidos de forma internacional
e poderão ser identificados independentemente da
origem do produto.
Segundo o Guia de Normalização para Confec-
ção (2012, p. 39) “desde 1988, a norma de simbo-
logia de cuidados têxteis foi inserida no acervo de
normas da ABNT sob o número NBR 8719 (1994),
pois ainda não tínhamos a possibilidade de normas
equivalentes”.
A partir dessa normalização, todo o Mercosul
aderiu ao uso dessa norma, mas, com o passar dos
anos, devido às atualizações, ela foi substituída por
outra NBR, que também sofreu mudanças em 2006
e vem sendo alterada conforme as necessidades da
indústria. Sua versão mais recente foi lançada em
2013, NBR 3758/2013, para assegurar melhor utili-
zação dos símbolos e cuidados, visando a garantir às
empresas segurança e competitividade, além da du-
Figura 16 - Etiqueta de composição rabilidade do produto e a proteção ao consumidor.
116
DESIGN
SAIBA MAIS
117
considerações finais
C
hegamos ao final de mais uma unidade e percebemos que o ciclo da moda
envolve muito mais setores e ações que possamos imaginar, vimos que para
todos esses processos acontecerem de forma ordenada e correta, é necessária
a ajuda de um layout ou arranjo físico em um ritmo satisfatório.
Vimos que a ficha técnica é um documento fundamental para o êxito do processo
de construção de uma peça do vestuário. Durante todo o processo de produção, a
ficha técnica servirá como objeto de fidelização do produto, sendo que nela é possível
encontrar as informações necessárias para a confecção de uma peça, tais como: qual
matéria-prima será utilizada, passando pelo processo produtivo até o acabamento
final. Acredito que, após a análise que fizemos, você, caro(a) aluno(a), será capaz de
perceber a importância do preenchimento correto de uma ficha técnica.
Vimos os processos de normalização estabelecidos pela ABNT – responsável pela
padronização das normas técnicas – e como funciona esse processo de padronização
dentro das indústrias de confecção.
Verificamos o quanto é importante para as empresas seguirem as normas esta-
belecidas referentes à etiquetagem das peças, se assim desejarem se manter em um
mercado tão competitivo. É preciso atentar-se aos diversos símbolos que devem ser
apresentados nas etiquetas, símbolos que contribuem para descrever os cuidados
que o consumidor deverá observar ao lavar ou passar a peça de roupa. Esse cuidado
irá garantir ao cliente uma peça de qualidade e a durabilidade do produto.
Espero que tenha gostado de aprender um pouco mais sobre os parâmetros da
confecção do vestuário e que você, como futuro(a) profissional da moda, possa con-
tribuir para a qualidade dos produtos, estando atento(a) não apenas à composição
estética, mas também a todos os detalhes e processos que envolvem a indústria e
confecção de moda.
118
atividades de estudo
119
atividades de estudo
120
LEITURA
COMPLEMENTAR
Cabeçalho: nome da empresa, coleção, código de referência, nome da peça, grade de ta-
manho (ex: P/M/G, 38/40/42 etc.), tamanho da peça-piloto e lacre. Quando a peça piloto é
provada, recebe um lacre e esse número vai para a ficha.
Descrição da peça: é a exposição do modelo com detalhes para formas de decote, cava,
comprimento e acabamentos, fazendo uso dos termos mais técnicos. Essa descrição deve
ser sucinta e precisa.
121
LEITURA
COMPLEMENTAR
Etiquetas: são as necessárias para o modelo, além das regulamentadas, como a de compo-
sição e lavagem. Como etiquetas de marca, etiquetas externas, tag etc. Também é impor-
tante cadastrar os dados do fornecedor.
Serviços terceirizados: referem-se aos beneficiamentos do modelo que não são feitos
internamente. Por exemplo: estamparia, bordado, tinturaria, passadoria etc.
Minutagem ou cronometragem: é o tempo que cada operação leva até que o modelo
seja confeccionado. Este dado é importante para se calcular o custo final da peça. O setor
de PCP também deve confirmar a cronometragem das operações. Alguns modelos sofrem
alterações depois da cronometragem, pois, no retorno do PCP, a peça pode apresentar
inviabilidade de produção.
Variantes de cor: são as possíveis variações e combinações de cores para o modelo. Além
da variação de cor da matéria-prima principal, coloca-se aqui também as variações para
estampas, bordados etc. Deve-se seguir um código de cor de acordo com o fornecedor ou
serviço terceirizado, para têxteis e estampas, é comum usar os códigos da escala Pantone.
122
LEITURA
COMPLEMENTAR
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LEITURA
COMPLEMENTAR
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LEITURA
COMPLEMENTAR
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material complementar
126
material complementar
Neste canal do Youtube (Marlene Mukai), você pode conhecer mais dicas sobre acabamentos de roupas, parte
fundamental nas confecções, além de outras dicas sobre modelagem, processo produtivo, sequência opera-
cional e maquinários.
Web: <https://www.youtube.com/channel/UC9MePuw96CbeyLbj5OXS2ww>.
Com o intuito de contribuir para o seu repertório sobre acabamentos, selecionamentos alguns links com dicas
bem interessantes sobre tipos de acabamentos x tecidos. Além disso, uma ótima dica é procurar uma costu-
reira experiente na área, que tenha conhecimento em diversos segmentos de moda, e fazer uma entrevista,
anotando em um caderninho os processos e nomenclaturas dos acabamentos existentes.
Web: <https://www.audaces.com/acabamento-de-roupa-08-tipos-de-barras-para-voce-fazer/>.
Web: <https://www.audaces.com/tipos-de-bainha-utilizadas-na-industria-do-vestuario-2/>.
Web: <https://www.audaces.com/acabamentos-de-roupas-x-tecido/>.
Web: <https://www.audaces.com/dicas-para-modelistas-sobre-costuras-e-acabamentos/>.
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referências
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nho da qualidade na confecção. Rio de Janeiro: ABNT; SEBRAE, 2012.
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usando símbolos (ISO 3758:2012, IDT). ABNT: Rio de Janeiro, 2013.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8719:1994 - Símbolos de cuidado para con-
servação de artigos têxteis – Simbologia. ABNT: Rio de Janeiro, 2002.
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BRASIL. Lei n. 4.150, de 21 de novembro de 1962. Institui o regime obrigatório de preparo e obser-
vância das normas técnicas nos contratos de obras e compras do serviço público de execução direta,
concedida, autárquica ou de economia mista, através da Associação Brasileira de Normas Técnicas
e dá outras providências. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/
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processo criativo. Tradução de Michele Augusto. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.
RECH, S. R. Moda por um fio de qualidade. Florianópolis: Udesc, 2002.
RIGUEIRAL, C.; RIGUEIRAL, F. Design & moda: como agregar valor e diferenciar sua confecção.
São Paulo: Instituto de Pesquisa Tecnológica; Brasília: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
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rio/>. Acesso em: 27 set. 2018.
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12
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13
Em: <http://www.audaces.com/acabamento-de-roupa-08-tipos-de-barras-para-voce-fazer/>. Acesso em:
27 set. 2018.
14
Em: <http://www.abnt.org.br/noticias/4091-toda-atencao-as-etiquetas-texteis>. Acesso em: 27 set. 2018.
15
Em: <https://www.audaces.com/como-fazer-uma-ficha-tecnica-completa/>. Acesso em: 27 set. 2018.
gabarito
1. B.
2. E.
3. Uma peça do vestuário pode receber diversos tipos de acabamento conforme
definido pelo estilista. Esse acabamento pode ser realizado com aviamentos, lava-
gem ou costuras diversificadas. Temos, como exemplo, os diversos tipos de aca-
bamentos, sendo eles barra de lenço ou barra com pesponto duplo, entre outros.
4. D.
5. A.
129
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL:
SISTEMAS CAD/CAM
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Sistemas CAD/CAM versus indústria de confecção
• Automação do setor de modelagem
• Sala de corte: enfesto, encaixe e risco
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os aspectos que agilizam a produção e proporcionam
praticidade na criação e fabricação do produto nas indústrias.
• Conhecer os sistemas e processos que fazem parte da modelagem
automatizada.
• Conhecer os tipos de planejamento de risco, técnicas e máquinas
de corte, assimilando os tipos de enfesto e encaixes com o tipo de
matéria-prima.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
134
DESIGN
SAIBA MAIS
135
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
mo, temos a busca por profissionais qualificados na Segundo Audaces (2017, on-line)3:
área operacional e de manutenção, especializados
em atender a esse cenário tecnológico. associado ao sistema CAD, o sistema CAM (sigla
em inglês para Fabricação Assistida por Computa-
Com isso, percebe-se que são vários os fato-
dor) é usado para melhorar o enfesto e o corte dos
res que levam uma empresa a se automatizar, uma tecidos. Como essa é uma etapa muito importante
delas é o aumento da produção, porém o que re- do processo produtivo, o software ajuda a definir a
almente contribui para esse acontecimento são as linha e o fio correto para o corte do tecido.
exigências baseadas nos padrões de qualidade do
mercado. A empresa que não acompanha os pro- Vale ressaltar que o sistema CAD é utilizado em
cessos de modernização gradativamente irá perder outras áreas específicas, como: engenharia, arqui-
espaço no mercado, principalmente por estarmos tetura, mecânica, geologia e em outros segmentos
tratando de uma era digital, em que tudo envolve industriais. Pensando em você, futuro(a) designer,
tecnologia. a seguir, iremos abordar este assunto com o viés da
Para a designer de moda, professora e consultora indústria do vestuário, para que você tenha conheci-
empresarial Ana Luiza Olivete (2013, on-line)2, o in- mento dos avanços existentes neste setor.
vestimento em melhores processos, equipamentos e A indústria do vestuário possui diversos softwa-
“cérebros” são essenciais para garantir um espaço no res que auxiliam no processo produtivo, em todas
mercado. Cabe ressaltar que o uso desses sistemas as etapas/setores que uma peça irá passar ao longo
auxilia em todo o processo produtivo de confecção da sua produção. Durante o processo de criação, o
das roupas, desde a etapa de criação até a produção software tem como função facilitar a comunicação
do protótipo; pois, além de praticidade, a tecnologia entre estilistas e modelistas, com o objetivo de de-
permite a visualização do produto antes mesmo que senvolver desenhos estilizados, desenhos técnicos e
ele esteja pronto, transformando isso em informa- fichas técnicas. Além disso, este software permite aos
ções claras que irão viabilizar e auxiliar o trabalho estilistas e designers criarem com precisão e agilida-
do modelista. de de forma inovadora, garantindo a produtividade.
REFLITA
136
DESIGN
Hoje, a maioria das indústrias de confecção apresen- Para que você, caro(a) aluno(a), tenha conheci-
tam grande evolução quando o assunto é tecnologia. mento acerca destas empresas que atuam no Brasil
Mesmo diante deste quadro de inovação, boa parte com os sistemas CAD/CAM, elas serão apresenta-
dessas empresas continuam passando por este pro- das de forma breve, para que você entenda como
cesso, em virtude de acrescentar algum tipo de sof- cada uma delas funciona no mercado de tecnologia
tware ou maquinário que auxilie no processo produ- da confecção.
tivo, garantindo qualidade aos produtos, reduzindo A Audaces é considerada uma empresa líder em
custos e o tempo gasto em cada processo. modelagem de vestuário computadorizada no Bra-
sil, por trabalhar com uma variedade de softwares
Atualmente, algumas destas tecnologias estão dis-
poníveis para empresas de qualquer porte, pois
que auxiliam no processo de execução de um produ-
existem soluções compatíveis com o tamanho de to. Dentre os softwares existentes, o Audaces Vestu-
cada uma. Duarte e Saggese (2010) citam as prin- ário atua na construção, graduação e documentação
cipais empresas de CAD/CAM atuantes no Brasil, de moldes, com uma interface simples que facilita
são elas: Audaces, Gerber e Lectra [...]. Existem
a comunicação entre o usuário e o software (REIS,
mais de dezoito softwares especializados no de-
senvolvimento do produto de moda, mas esses 2015, on-line)5.
são os mais representativos (COSTA, 2016, p. 53).
137
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
138
DESIGN
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TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Além destes, o software mais recente do grupo, lança- Outro sistema muito utilizado é o da Ger-
do em 2017, é o Audaces 360, que apresenta uma pro- ber, fundada em 1968 nos EUA, primeira a
posta ousada e que irá contribuir grandemente com o produzir uma máquina de corte automáti-
desenvolvimento das indústrias. ca para a indústria do vestuário, que veio
Segundo o site oficial da Audaces ([2018], on-line)8: ao Brasil por volta de 1984, contratada pela
Alpargatas, primeira empresa a adquirir
O software tem como princípio facilitar todos os um sistema CAD no país, que envolviam
processos de uma confecção – desde a criação todas as estações de trabalho, mesa digita-
das peças, passando pela modelagem, gradua-
lizadora e plotters. Atualmente, a Gerber é
ção, encaixe, plotagem e finalizando no corte. A
proposta é que, de forma automatizada, simples e considerada uma das líderes mundiais de
digital, o cliente possa integrar todos os seus pro- CAD/CAM, que atua em mais de 130 pa-
cedimentos, otimizando cada etapa, reduzindo íses, inclusive no Brasil (BORIELLO, 2014
os custos da produção e maximizando os lucros. apud COSTA, 2016).
140
DESIGN
141
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
AUTOMAÇÃO DO
SETOR DE MODELAGEM
A automação dos processos de modelagem se deu a que fosse necessário grande investimento na ca-
partir da década de 60, com a invenção da primeira pacitação dos operadores. Visto que o operador de
máquina de corte de tecido automatizado do mun- CAD, que atua na gradação e encaixe das peças, não
do, alimentada por um sistema CAD, fato que re- necessita de conhecimentos em modelagem, torna-
volucionou a indústria mundial do vestuário e que -se possível que um profissional sem formação de
veio a contribuir com o desenvolvimento do setor. modelista consiga atuar nesta função, já que os co-
Segundo Corso, Casagrande e Santos (2016, p. 4), nhecimentos para operar o sistema podem ser ad-
“as primeiras empresas que se destacaram em sof- quiridos ao longo do tempo, com auxílio de treina-
tware CAD para modelagem foram a Gerber/Cams- mentos. Como destaca Corso, Casagrande e Santos
co, Lectra System and Microdynamics System, As- (2016, p. 11),
syst e Investronica. No Brasil, destacou-se a Audaces
e Moda-01 no início dos anos 1990”. Mas, mais do que uma ferramenta de auxílio
ao modelista, o CAD também facilita o corte e
O uso desse sistema causou uma grande revo-
economiza dinheiro, pois o encaixe gerado no
lução e impacto, principalmente no setor da mode- sistema é o de menor desperdício e, enquanto
lagem e do corte, em que a tecnologia rapidamente diferentes planos de corte são encaixados no
apresentou uma quantidade expressiva no tempo computador, a mesa de corte está livre para que
despendido nas tarefas de ambos os setores, sem o tecido seja enfestado e cortado.
142
DESIGN
Diferentemente do que muitos pensam, o processo com a tecnologia, seria possível adquirir mais pre-
de construção de um molde ou modelagem no siste- cisão, agilidade e eficiência nos processos, de for-
ma CAD assemelha-se à representação da modela- ma que as modelagens fossem confeccionadas em
gem plana desenvolvida manualmente que, de certa menos tempo.
forma, facilita o entendimento para aqueles que já Com isso, elencamos algumas das funcionalida-
possuem conhecimento sobre modelagem, mas não des e vantagens de utilizar um sistema de modela-
dominam o sistema CAD. Talvez um dos maiores gem de roupas (AUDACES, 2018, on-line)12.
empecilhos seja isso e o fato de alguns dos profissio- • Precisão: com o sistema, é possível contar
nais do setor não possuírem noções básicas de in- milímetros e fazer conferências de medidas
formática, dificultando a familiarização com os pro- que, no papel, delongariam tempo e, muitas
cessos e a tecnologia que o software tem a oferecer. vezes, não seriam tão precisas. Mas, se cria-
Porém, nem sempre foi desta forma, quando das de forma automatizada, o molde tem
foram lançados os primeiros softwares de modela- maior precisão e faz com que o produto final
tenha ainda mais qualidade.
gem, grande parte dos modelistas não acreditavam
• Eficiência: com o auxílio de diversas ferra-
no sistema e presumiam ser mais seguro desen-
menta criadas com base nos materiais utili-
volver a modelagem no método convencional, no zados no dia a dia de um modelista, torna-se
papel, à mão e, posteriormente, transferi-la para o mais fácil o reconhecimento e a execução do
computador. Com o tempo, este receio foi se per- trabalho, pois os processos passam a ser rea-
dendo e os profissionais passaram a aceitar que, lizados com facilidade.
143
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
144
DESIGN
a forma dos moldes por meio de coordenadas carte- proporções entre partes, obedecendo aos princípios
sianas X, Y e Z, que podem obedecer às medidas e de geometria espacial – considerando as alturas, lar-
grandezas variadas, como centímetros, milímetros, guras e profundidades. Processos executados com
polegadas, dentre outras. base em métodos de modelagens disponíveis em
Sabe-se que, mesmo sendo realizada por meio diferentes bibliografias, ou repertório pessoal, cada
de um software, a modelagem é feita pelo profissio- um considerando suas particularidades.
nal responsável em transformar o modelo escolhido Mesmo com a modelagem plana, algumas em-
em um objeto concreto, por meio de uma sequência
de operações específicas para sua realização. Estas
se diferem apenas do tipo de ferramenta usada, ao
invés de papel e réguas, é utilizado o computador.
Conforme a Figura 11, os processos iniciais da
modelagem em um software são feitos a partir do
traçado de moldes básicos que, após essa etapa, so-
frem as alterações chamadas de interpretação do
modelo. Depois de finalizar o molde, são inseridas
as margens de costura, as marcações como piques e
bainhas, para que o molde possa ser encaminhado
ao setor de pilotagem. Após ser pilotado, é realizada
a prova da peça para a aprovação final do molde, a
fim de ajustar e corrigir medidas para que o molde Figura 11 - Traçado do molde base da blusa no software Audaces
Fonte: Guimarães ([2018], on-line)13.
seja aprovado e, então, graduado – ampliado e re-
duzido – conforme os tamanhos definidos para o
modelo.
O processo citado anteriormente e mais comu-
mente visto nas indústrias de confecção é a técnica
de modelagem plana, realizada de forma digital, ou
seja, por meio de um software. Assim como no pro-
cesso manual, a modelagem plana em CAD consiste
em uma técnica de reprodução em duas dimensões
de algo que será utilizado sobre o corpo. Segundo
Nóbrega (2014 apud COSTA, 2016), a realização
desta técnica se dá a partir da representação do cor-
po por meio de um plano, ou seja, pelo posiciona-
mento das linhas verticais e horizontais em ângu-
los que se relacionam com o plano de equilíbrio do Figura 12 - Graduação do molde base da blusa no software Audaces
corpo, simetria, alturas, comprimentos e relações de Fonte: Guimarães ([2018], on-line)13.
145
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
146
DESIGN
147
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
te, eram realizados de forma manual e atualmente, Após conhecer um pouco sobre a estrutura de uma
podem ser realizados por meio de softwares, o que sala de corte, você verá, de forma detalhada, os proces-
garante maior precisão do consumo de matéria-pri- sos de enfesto, encaixe, risco e corte.
ma; além disso, as outras etapas que fazem parte do
processo podem ser realizadas por equipamentos a ENFESTO
fim de otimizar o processo e garantir qualidade na
produtividade do setor. Como vimos, o enfesto é uma das etapas que com-
Para realizar o processo de corte, é necessário o põem o processo de corte de uma peça. Esta etapa
uso de um espaço adequado que contenha os equi- compreende na preparação do tecido para o corte, em
pamentos e também os profissionais treinados para que o tecido é estendido em camadas (pilhas), com-
executarem as etapas do processo. Considerando pletamente planas e alinhadas. O enfesto é feito so-
que existem dois perfis de salas de corte, a tradicio- bre a mesa de corte e deve ser realizado na horizontal,
nal e a automatizada, a seguir, veremos algumas ca- além de conter 10% a mais para o movimento da má-
racterísticas que fazem parte dos tipos de sala. quina de corte (LIDÓRIO, 2008).
O autor ainda afirma que, no momento de enfes-
• Sala de Corte Tradicional: deve haver um es-
paço destinado ao enfesto, uma área para o tar um tecido, devem ser levados em consideração
corte, uma para amarração dos lotes já cor- alguns fatores para que o encaixe seja feito de forma
tados e também para o descarte. Todo o pro- correta, como:
cesso de corte acontece sobre uma mesa, que • Alinhamento: o tecido é alinhado, se possí-
permite que os dois processos sejam feitos vel, nas duas bordas. Caso não seja possível,
manualmente, o enfesto e o corte, e apenas o deverá ser alinhado por um dos lados (oure-
processo de corte acontece com o auxílio de la), chamada de borda ou parede.
máquinas, conforme veremos nesta unidade. • Tensão: deve ser evitada, pois, após o corte,
• Sala de Corte Automatizada: este perfil de sala as peças ficarão menores que a modelagem.
pode ser considerado um avanço tecnológico • Enrugamento: é necessário que o tecido este-
significativo para a indústria do vestuário, visto ja ajustado no topo das camadas, caso contrá-
que a adoção de tecnologia neste setor fez com rio, provocará bolhas de ar dentro do enfesto,
que as empresas se tornassem mais competiti- ocasionando distorções no corte.
vas e inovadoras. Neste modelo, o fluxo do tra- • Corte de pontas: cortar somente o necessário
balho é maior, devido a não precisar de grande para evitar maior consumo de tecido.
quantidade de mão-de-obra, uma vez que tenha
um espaço destinado para a montagem do ma-
quinário que realiza todos os processos, o pro- Segundo Araújo (1996), o enfesto é realizado de
fissional do corte ficaria responsável apenas por acordo com as características do tecido; devido a
programar o maquinário e organizar os lotes isso, utilizam-se diferentes métodos de estender,
para enviar ao setor de costura. conforme veremos a seguir:
148
DESIGN
LEGENDA:
As folhas de tecido são dispostas direito F I - Início
com direito e avesso com avesso. Este F - fim
V - viragem a 180º
Direito com direito sistema é o mais rápido porque aproveita LEGENDA:
em sentidos opos- a ida e a volta do profissional do corte ou F I - Iníciodireito
I F - fim
tos ou zigue-zague da máquina de enfestar, o que se aplica a avesso
V - viragem a 180º
peças simétricas cortadas de tecido sem LEGENDA: LEGENDA:
sentido preferencial ou do desenho. direito
FI FI - InícioI - Início
F - fim avesso
FLEGENDA:
- fim
V - viragem
F VI - viragem a 180º
Início a 180º
Uma vez estendida uma folha, é preciso LEGENDA: F - fim
direito
CI I I - Início V - direito
viragem a 180º
voltar ao início da mesa (do enfesto) para avesso avesso
estender a folha seguinte a partir da mes- C C - cortedireito
ILEGENDA:
ma extremidade. Neste método, o tecido C avesso
C I - Início
só é estendido durante metade do tempo C
direito
Direito com aves- C avesso
reservado para a operação, ou seja, só é C - corte
so (correr em um
aproveitada a ida da máquina de enfestar, C LEGENDA: LEGENDA:
sentido) direito
que resulta em uma parte de cada peça, CC C I -LEGENDA:
C Início
I - Início
avesso
LEGENDA:
direita ou esquerda. Este tipo de enfesto I -
C C C - corte Início
C+VC CI - corte
Início
necessita de um molde para cada parte C C C - corte
e também não possibilita a rotação dos CC+VC LEGENDA:
C V - direito
C - corte
viragem a 180º
direito
moldes a 180º. CC I - Início
avesso
direito
avesso
C+V
C+V direito
avesso
C C - corte avesso
Tecidos como o veludo necessitam que se C+V V - viragem a 180º
C C LEGENDA:LEGENDA:
inicie o enfesto sempre do mesmo lado, C+V I LEGENDA:
direito
- Início
I - Início
C+V I - Início
Direito com direi- C+V avesso
mas com viragem do tecido. Neste caso, C+V I C+V
C LEGENDA:
to (correr em um CC--corte
CI - corte
corteInício
possibilita maior atrito, evitando o desliza- C+VC+V
VLEGENDA:
sentido em todos os C+VC+V
C+V V--viragem aa 180º
V - viragem
viragem a 180º
180º
mento entre as folhas. Aplica-se a peças I - Início
direito
C - corte
direito
pares) C+V direito
simétricas, onde os requisitos de desenho C+V I C+V
C+V avesso
V - viragem a 180º
avesso
avesso
C - corte direito
ou correr são iguais para todas as peças.
C+V C+V
C+V
V - viragem
LEGENDA: a 180º
avesso
LEGENDA:
C+V direito
I - Início
I - Início
C+V I I C+V avesso LEGENDA:
Método utilizado para peças assimétricas, C+V C - corte
CI - corte
LEGENDA: Início
Direito com avesso em que o correr ou o desenho de cada C+V I IV- -Início
C+VC+V viragem a 180º
V - viragem a 180º
(correr em sentidos peça tem que ser casado. Neste caso, direito
C - corte
direito
C+V C+V avesso
C - corteV - viragem
avesso a 180º
opostos) outra peça do mesmo tamanho pode ter LEGENDA:
V - viragem direito
a 180º
desenho ou correr no sentido oposto. I - Início
direito avesso
C+V
C+V avesso
C - corte
V - viragem a 180º
LEGENDA:
LEGENDA:
C+V - Início
I direito
I - Início
Direito com direi- Método utilizado para peças simétricas, as avesso
LEGENDA:
C+VC+V C - corte
to (correr em um quais há restrições de correr ou de dire- CI - corte
Início
V - viragem
V - viragema 180º
a 180º
sentido dentro de ção do desenho dentro da mesma peça, C+V
cada par) mas não entre peças. C+VC+V direitoC - corte
direito
avesso
V - viragem
avesso a 180º
C+V direito
avesso
149
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
SAIBA MAIS
o tipo de matéria-prima e também o tipo de enfes-
to (manual ou automatizado). A seguir, veremos os
O enfesto de artigos em malha é feito de métodos de enfestar segundo Araújo (1996):
forma que a malha “descanse” - para soltar
• Manual: o tecido é puxado folha por folha,
a tensão dos fios da malha - por 24 horas
sobre uma mesa, fazendo algumas dobras
pelas mãos dos funcionários do setor; neste
no sentido do alongamento do tecido. processo, o rolo fica sob a mesa e vai sendo
desenrolado. Em termos de qualidade, ele
Fonte: as autoras.
é geralmente baixa, principalmente para os
artigos de malha, por provocar estiramento
durante o processo.
• Com suporte manual: o tecido fica em um
Além das técnicas de enfestar, existem os métodos desenrolador fixo na mesa, puxado pelas
de estender o tecido que podem ser aplicados de mãos, até que forme uma pilha, única coisa
acordo com a necessidade do lote em que será en- que o difere do processo manual.
festado, ou seja, os métodos são aplicados segundo
150
DESIGN
• Carro manual com alinhador de ourelas: o • Carro automático com cortador de peças e
rolo de tecido é colocado em uma plataforma alinhador de ourelas: todo o processo ocorre
que percorre o enfesto, ou seja, ela que faz o de forma automática, sem precisar de mão-
trabalho de enfestar folha por folha. Em ter- -de-obra para que ocorra. Geralmente, é
mos de qualidade, este processo reduz pro- usado para enfestos altos e compridos, pois
blemas de esticamento. esta técnica reduz o desperdício nas pontas e
reduz o tempo gasto na execução do enfesto.
Figura 14 - Carro manual com alinhador de ourelas Figura 15 - Carro automático com cortador
Fonte: Araújo (1996, p. 166). Fonte: Audaces ([2018], on-line)15.
151
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
ENCAIXE
O processo de encaixe consiste na organização e dis- Encaixe ímpar (único): diferentemente do en-
tribuição dos moldes que compõem o modelo, sobre caixe par, neste processo, apenas metade das
um papel na metragem do tecido que será utiliza- partes que compõem o molde são distribuídas
do diretamente no tecido, o qual tem por objetivo no tecido. Com isso, se o molde apresentar a
aproveitar ao máximo o tamanho do tecido, evitan- informação cortar 2x, ele será riscado uma vez,
do desperdícios na hora do corte. Existem diferentes mas, no momento do enfesto, ele terá que ser
tipos de encaixe, que são utilizados de acordo com a par, feito apenas com moldes simétricos.
necessidade de cada processo, ou seja, tudo depende
do tecido e também do modelo que será cortado. A
escolha é feita de acordo com a necessidade da em-
presa, de forma que o método escolhido contribua
para prever o tempo e a quantidade de tecido neces-
sários para realizar o processo por completo.
Segundo informações da Audaces ([2018], on-
-line)16, existem diversos tipos de encaixe, também
definidos por Leite (2014, on-line)17, conforme ve-
Figura 17 - Encaixe ímpar
remos a seguir: Fonte: Sousa (2016, on-line)18.
Encaixe par: tipo de encaixe em que todas as
partes do molde são colocadas sobre o tecido, Encaixe misto: neste processo, acontece a junção
ou seja, a peça que será riscada deverá sair por das configurações dos encaixes citados anterior-
completo na folha. Caso alguma parte sinali- mente. Nele, são encaixados todos os moldes de
ze a informação cortar 2x (duas vezes), é ne- uma peça (encaixe par) e alguns modelos de ou-
cessário que o molde seja riscado duas vezes tra peça (encaixe ímpar); utilizado por empresas
espelhado, podendo ser ímpar ou par e feito com grande produção diária devido à economia de
com moldes simétricos e assimétricos (LEITE, tempo e processos.
2014, on-line)17.
152
DESIGN
Os métodos de execução desta técnica podem ser Com as novas tecnologias, houve uma inovação
tanto manuais quanto computadorizados no encaixe neste processo, que passou a ser realizado por meio de
manual (método mais antigo), que acontece a par- softwares de encaixe computadorizado, que pode ser
tir do deslocamento das partes de moldes que com- obtido após a digitalização dos moldes, ou também por
põem o modelo, realizadas após cada corte. O des- meio da criação deles em softwares de modelagem. O
locamento manual das partes que compõem cada processo de encaixe, neste caso, é feito de forma auto-
um dos modelos deve ser repetido após cada corte, matizada (Figura 19), basta apenas colocar as medidas
o que torna o processo demorado e, de certa forma, do tecido, indicar a grade e o tipo de encaixe que deseja
torna-se uma desvantagem por ser um sistema lento fazer que, então, o sistema pensa e realiza o encaixe das
e que ocupa muito espaço na mesa de corte, além peças (figura 20). De certa forma, este processo propor-
de apresentar uma porcentagem maior de perda de ciona vantagens, pois realiza o encaixe com maior agili-
tecido. dade e precisão, além de reduzir o desperdício de tecido.
153
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
1
*O encaixe realizado é apenas ilustrativo, com
dados de grade/tecido/quantidade fictícios,
apenas para que você entenda como é feito o
encaixe das peças de forma automatizada.
154
DESIGN
Figura 24
Encaixe da camiseta básica
Fonte: as autoras.
Figura 25
Encaixe da saia jeans
Fonte: as autoras.
Figura 26
Encaixe da calça jeans - 1
Fonte: as autoras.
155
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
RISCO
O risco é uma etapa do setor de corte que define xados sobre o papel e otimizem o tempo de corte;
como será feito o posicionamento dos moldes da porém, no risco manual, não é possível realizar có-
peça sobre o tecido para que, posteriormente, ve- pias, sendo assim, para cada ordem de corte, mesmo
nham a ser cortados de forma que garanta um bom que seja da mesma peça, deve ser pensado um novo
aproveitamento da matéria-prima – processo que risco. Contudo, se o risco for realizado de forma
pode ser feito manualmente em papel ou computa- automatizada, uma das vantagens é a realização da
dorizado por meio de softwares. cópia do risco já existente, pois o processo é feito
O processo de risco pode ser realizado em uma via software, em que são predeterminadas as medi-
folha de papel da mesma largura e do mesmo com- das do tecido (largura e comprimento) para que os
primento do tecido, em que esta folha riscada com moldes sejam posicionados de forma automática e,
todos os moldes venha a ser utilizada como guia posteriormente a esta etapa, é feita a impressão do
para o corte da peça no tecido. Este procedimento papel em uma impressora plotter para ser colocado
faz com que os moldes sejam previamente encai- sobre o enfesto e, então, realizar o corte.
156
DESIGN
157
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
158
DESIGN
CORTE MANUAL:
• Tesoura manual: usada no corte de apenas
uma folha de tecido e também em alfaiataria,
pouco utilizada na indústria.
• Tesoura elétrica vertical: método mais comum
de cortar, consiste em uma lâmina vertical que
se move para cima e para baixo por ação de um
motor elétrico.
• Tesoura elétrica circular: composta por lâmi-
nas com diâmetros entre 2,5” e 12” e várias
configurações de perímetro, sendo caracteri-
zadas pelo seu peso, pelo tipo de lâmina que Figura 28 – Corte com tesoura manual
Figura 31
Corte com serra fita Figura 29 – Corte com tesoura elétrica vertical
Fonte: Baher ([2018],
on-line)20.
CORTE AUTOMÁTICO:
Figura 32
Máquina de corte Audaces
Neocut (sistema CAM)
Fonte: Audaces ([2018], on-line)21.
Montagem de lotes
160
DESIGN
Figura 33
Separação de lotes
Fontre: Verrone
([2018], on-line)22.
161
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade, na qual apren-
demos, por meio de um olhar teórico e prático, sobre os softwares, pro-
cessos e maquinários que envolvem o setor de corte e modelagem da
indústria do vestuário.
Vimos que toda empresa precisa compreender os avanços tecnológicos que ocor-
rem ao nosso redor para conseguir manter no mercado produto com qualidade e
design competitivo. Conhecer e analisar esse cenário tecnológico é fundamental
para a indústria têxtil e a confecção. A evolução dos maquinários e a criação de
softwares para aumentar a produtividade e garantir a eficiência são fatores mar-
cantes para a indústria do vestuário. Os setores de modelagem e corte evoluíram
muito com o uso da tecnologia, ambos os setores passaram a apresentar mais
qualidade e rapidez na execução dos trabalhos.
Vimos que a indústria do vestuário tem tomado iniciativas quanto à redução
do desperdício de matéria-prima a partir do andamento de uma nova técnica
de desenvolvimento e modelagem de produtos, o design zero waste. Espero ter
despertado em você a curiosidade de como realizar este processo e, com isso,
contribuir para que você venha a pesquisar e a entender um pouco mais sobre
este novo processo de design que vem sendo utilizado na indústria de confecções.
Sabemos que há tanto a aprender e não podemos nos esquecer que o mundo
está em mudança constantemente, por isso, devemos acompanhar essas mudan-
ças por meio de um olhar crítico e inovador. Não deixe de estar atento(a) a essas
transformações, busque conhecer os diversos maquinários e materiais (tecidos)
disponíveis no mercado, pois esses mecanismos irão auxiliar durante todo o pro-
cesso de criação.
Espero que essa unidade tenha contribuído para sua formação e para sua vida
profissional. Compartilhe conhecimento, adquira experiências de outros profis-
sionais da área e lembre-se: esforço e dedicação são ferramentas essenciais para
alcançar o sucesso.
162
atividades de estudo
163
atividades de estudo
5. Vimos que toda a empresa de confecção que trabalha com produtos do vestuário, independentemen-
te do seu porte, apresenta um setor em comum, a sala de corte, que pode ser tradicional (método de
corte manual) ou até mesmo automatizada (método de corte feito por máquinas). Considerando os
conhecimentos adquiridos sobre esta sala, descreva sobre as salas de corte manual e automatizado.
164
LEITURA
COMPLEMENTAR
Para compreender melhor a etapa de planejamento de risco e corte, leia o trecho a seguir,
escrito por Roberto Piancó consultor de empresas, especialista em CAD e CAM, para o site
da Audaces.
O seu produto já passou pela fase de planejamento, criação e também pela aprovação da
peça e agora entrará no ciclo de produção que envolve o encaixe, o risco e o corte. Esses
procedimentos costumam ser executados na sala de corte e, é justamente nessa fase que
podem ocorrer perdas de matéria-prima, como por exemplo, a má utilização do tecido –
que representa, em média, 40 a 60% do custo total da peça de roupa.
Confira abaixo os fatores que podem influenciar a performance de uma sala de corte, tanto
em relação à produção, quanto ao consumo de matéria-prima.
• Característica técnica dos tecidos: Os tecidos podem ter direito e avesso, sentido, pé
e, portanto, influenciam o método de confecção do encaixe e também a maneira de
realizarmos o enfesto: enfesto com sentido ou zig-zag;
• Modelagem: poderá ser simétrica ou assimétrica e para o correto posicionamento
dos moldes na confecção do encaixe, você precisará ter alguns cuidados relacionados
com as indicações escritas sobre os moldes: na modelagem simétrica – podemos usar
números meios, inteiros ou fracionados – e na modelagem assimétrica – só podemos
utilizar números inteiros;
• Gasto médio/modelo: é o comprimento de tecido que se consome, em média, para
riscar uma peça completa. Além da informação para o cálculo para enviar para o setor
de custos, podemos usar essa informação para determinar a quantidade máxima de
moldes que cada modelo pode comportar dentro de um encaixe;
• Comprimento da mesa de enfesto: é o comprimento total da nossa mesa de enfesto;
• Comprimento máximo permissível dos enfestos: é a limitação do comprimento dos
enfestos para se conseguir um bom balanceamento nas mesas e não faltar espaço
para realização de novos enfestos;
• Quantidade máxima de folhas (camadas): número máximo de folhas que não com-
prometa a qualidade de corte das peças
165
LEITURA
COMPLEMENTAR
• Tipos de riscos (encaixes): existem três tipos de riscos: os pares – são aqueles em que
a quantidade de vezes indicada nas partes componentes de uma modelagem deve
ser obedecida pela metade–, os únicos – são aqueles em que a quantidade de vezes
indicada nas partes componentes dos moldes é obedecida, porém, multiplicada pela
quantidade de vezes em que o tamanho correspondente entrará no risco – e os ris-
cos mistos – são aqueles em que as indicações de vezes colocadas nas partes com-
ponentes dos moldes, tanto podem ser obedecidas pela metade para determinados
tamanhos, quanto multiplicadas por números inteiros ou fracionários para outros ta-
manhos; tudo de acordo com a necessidade de peças do seu planejamento de risco.
• Métodos de enfestos: existem alguns tipos de enfesto: com um sentido – em que
todas as folhas são enfestadas com o direito para cima – e o zig-zag – em que as folhas
pares formam pares de folhas e ficam direito com direito, avesso com avesso. Ainda
temos o enfesto escada e enfestos multidirecionais.
• Layout: a prateleira de tecido deve ficar próxima da mesa de enfesto e também deve
existir uma área de descarte para as peças já cortadas. Essas dicas são fundamentais
para um bom fluxo de trabalho na sala de corte.
166
material complementar
Técnicas de costura
Jennifer Prendergast
Editora: Gustavo Gili
Sinopse: nesse livro, Prendergast faz uma relação de alguns equipamentos ne-
cessários para que você possa elaborar seus projetos criativos. Em seu conteúdo,
encontramos os tipos de tecidos, a estrutura e os acessórios de uma máquina de
costura e dicas de modelagem. Constitui-se em uma grande fonte de conheci-
mento para estudantes de moda e todos que estão envolvidos na elaboração de
um produto de moda, permitindo ao leitor desenvolver suas criações com base
na prática.
O website ABIT apresenta a revista digital sobre o fórum internacional de inovação têxtil, realizado pela Asso-
ciação Brasileira da indústria Têxtil (ABIT). O evento ocorreu no Senai/CETIQT Rio de Janeiro, com o objetivo de
demonstrar o potencial de inovações da cadeia têxtil. Foram apresentados materiais como fibras e fios de aço,
além de tecidos inteligentes e discussões sobre a tecnologia e produtos sustentáveis.
Web: <http://www.abit.org.br/conteudo/revista_digital/revista_forum/>.
167
material complementar
Com o objetivo de coletar as medidas do corpo, o Senai/CETIQT realizou uma pesquisa em algumas regiões
do Brasil. Confira esse vídeo sobre Body Scanner e a pesquisa em andamento realizada na cidade de Maringá.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=P9NmGjYdzjo>.
Nos links a seguir, você pode conhecer mais sobre o processo de zero waste – Reverse Subtraction Cutting e
Luxury Fashion.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=z7Q2xa_ulFg>.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=C0TB4lWhb6Y>.
168
referências
Referências on-line
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Acesso em: 1 out. 2018.
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Em: <https://www.audaces.com/tipos-de-encaixe-como-aproveitar-melhor-o-tecido/>. Acesso em: 1 out.
2018.
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Acesso em: 1 out. 2018.
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Em: <https://www.audaces.com/fatores-que-influenciam-o-planejamento-de-risco-e-corte/>. Acesso em:
1 out. 2018.
170
DESIGN
1. Automação industrial é o processo de transformação em que uma empresa passa a aplicar técnicas,
softwares e equipamentos no processo produtivo e que trarão benefícios para empresas, colabo-
radores e para a sociedade. Araújo (1996) afirma que, nas últimas décadas, tem-se verificado um
aumento progressivo da automação na produção de vestuário, atividade tradicionalmente caracte-
rizada pela mão-de-obra extremamente intensiva. Esse processo acontece a partir dos maquinários
e processos existentes que possibilitam a configuração do trabalho de forma automática, além de
softwares e equipamentos que aceleram o processo de desenvolvimento dos produtos, resultando
na redução do tempo gasto na confecção de determinada peça.
2.
Precisão: com o sistema, é possível contar milímetros e fazer conferências de medidas que, no papel,
delongariam tempo e, muitas vezes, não seriam tão precisas. Contudo, se criadas de forma automa-
tizada, o molde tem maior precisão e faz com que o produto final tenha ainda mais qualidade.
Eficiência: com o auxílio de diversas ferramenta criadas com base nos materiais utilizados no dia a
dia de um modelista, torna-se mais fácil o reconhecimento e execução do trabalho, pois os processos
passam a ser realizados com facilidade.
Agilidade: o software elimina o problema de retrabalho, eliminando o uso da borracha e também o
retraçado de um molde que tenha dado errado, o que concede muita agilidade ao processo, e tam-
bém reduz o uso de papel na confecção de moldes.
Facilidade: o grande desafio do modelista em usar um sistema de modelagem de roupas está basi-
camente na resistência em aprender uma nova ferramenta; mas com a prática e o uso frequente do
software, o profissional passa a ter facilidade na execução dos processos.
Versatilidade: com o software, é possível criar um novo molde a partir de um molde base, ou seja, as mo-
delagens podem ser reutilizadas, adaptadas e modificadas; gerando novos moldes a partir de uma base.
3. E.
4. E.
5.
SALA DE CORTE TRADICIONAL: deve haver um espaço destinado ao enfesto, uma área para o corte,
uma para amarração dos lotes já cortados e também para o descarte. Todo o processo de corte acon-
tece sobre uma mesa, que permite que os dois processos sejam feitos manualmente, o enfesto e o
corte, ambos feitos por pessoas de forma manual, onde apenas o processo de corte acontece com o
auxílio de máquinas.
SALA DE CORTE AUTOMATIZADA: esse perfil de sala pode ser considerado um avanço tecnológico sig-
nificativo para a indústria do vestuário, visto que a adoção de tecnologia neste setor fez com que as
empresas se tornassem mais competitivas e inovadoras. Neste modelo, o fluxo do trabalho é mais alto,
devido não precisar de grande quantidade de mão de obra, uma vez em que tenha um espaço desti-
nado para a montagem do maquinário que realiza todos os processos, o profissional do corte ficaria
responsável apenas por programar o maquinário e organizar os lotes para enviar ao setor de costura.
171
O FUTURO DA INDÚSTRIA
DO VESTUÁRIO
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Assimilar os aspectos ambientais e sociais que impactam a moda
atualmente.
• Compreender os avanços tecnológicos que impulsionam a indústria
de confecção de moda.
• Conhecer a nova tecnologia utilizada para melhorar a produção de
roupas e acessórios.
• Entender os modelos de sistemas junto à observação da sociedade
atual, na qual cada um deles está inserido.
• Entender os métodos de design e modelagem pela prática zero
waste.
Objetivos de Aprendizagem
• Dificuldades Encontradas Pelo Setor
• Rumo à Indústria 4.0 – A indústria de Confecção do Futuro
• A indústria Têxtil e a Impressão 3D
• A Dualidade da Moda: Fast Fashion versus Slow Fashion
• Produção mais limpa: processo zero waste
unidade
V
INTRODUÇÃO
DIFICULDADES
ENCONTRADAS PELO SETOR
O mercado da confecção é um dos setores que qua- Atualmente, com o grande número de empresas espe-
se sempre vivem em alta quando se trata de assun- cializadas no setor de confecção, a concorrência tem
tos econômicos, isto se dá pelo vestuário ser con- crescido cada vez mais. Isso, sem dúvidas, acaba se
siderado um item básico do dia a dia do homem. tornando um dos maiores desafios encontrados pela
Por se tratar de um mercado amplo, que envolve indústria de confecção, sendo visível não apenas em
diversos setores e indústrias em sua composição, nível nacional ou regional por pequenas empresas
envolve grandes desafios para lidar e consolidar a que competem em um mesmo segmento, mas se tor-
empresa no mercado diariamente, a fim de perma- na algo desleal quando comparado a nível mundial,
necer por um bom tempo e garantir seu sucesso devido ao perfil de confecção e à prática de preços
de venda no mercado para se distanciar de uma muito baixos do mercado chinês em comparação com
possível falência. os demais fabricantes de roupas ao redor do mundo.
176
DESIGN
Essa produção exacerbada, voltada para um apelo confecção de um produto, pois, com mão-de-obra
de concorrência em sempre estar à frente do outro, aca- qualificada, o trabalho passa a ser rápido e com qua-
ba por resultar em aspectos que envolvem a qualidade lidade. Porém o setor de confecção vem apresentan-
do produto oferecido por essas empresas; por serem do grandes dificuldades em encontrar pessoas quali-
detentoras do conhecimento em alta tecnologia, aca- ficadas para atuar em diversos setores, especialmente
bam por conseguir uma produção rápida, com mão- no setor de modelagem e de costura, profissões que
-de-obra barata, o que resulta na conquista de grande vem caindo no esquecimento e que são primordiais
parte do mercado de confecções, dificultando que uma para a execução de um produto de moda.
empresa nacional tenha o potencial de se manter aber- O consumo e a produção em alta escala de forma
ta para enfrentar esses tipos de dificuldades. rápida e barata, esta configurada como fast fashion,
Além do fator competitivo, existem outros fato- têm contribuído para que as peças de roupa produ-
res que podem ser considerados como dificuldades zidas fiquem cada vez mais sem identidade, ou seja,
que o setor de confecção vem enfrentando ao longo as peças passam a ser produzidas a partir de cópias,
dos últimos anos, em virtude do consumo desenfre- em que diversas empresas apresentam o mesmo
ado e também das novas tecnologias que vêm sendo produto com características idênticas; tornando as
implantadas no setor. Isso, de certa forma, passa a empresas cada vez mais escravas desse processo de
exigir da indústria funcionários qualificados e ca- cópia, fator causado, principalmente, por uma in-
pazes de executarem as tarefas propostas durante a dústria refém das tendências.
177
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Essa dificuldade em diferenciar o produto de uma matéria-prima do produto, ao seu processo produti-
marca para outra faz com que as empresas percam vo, ao tipo de mão-de-obra utilizada, dentre outros
seu espaço no mercado, pois os consumidores bus- fatores que o configuram como produto sustentável.
cam algo novo e diferente, principalmente em pro-
[…] Se tomarmos como exemplo a ideia da va-
dutos de moda, o que faz com que as empresas, lorização do consumo responsável, podemos
aos poucos, percam o espaço no mercado por não perceber que a divulgação de políticas de re-
apresentarem produtos com design diferente dos já dução de impactos ambientais, praticadas por
existentes no mercado. Isso também é resultado da determinada empresa e vinculadas ao seu pro-
cesso produtivo, mesmo que não efetivas, po-
geração de designers rotulados ou engessados que dem funcionar como um valor simbólico que
não conseguem desenvolver peças diferentes com também interfere nas escolhas e decisões do
qualidade e preço acessível. consumidor (SABRÁ, 2016, p. 57).
Em contrapartida, um fator agravante que tem
preocupado grande parte do setor de industrial têxtil Com isso, a sustentabilidade continuará sendo pri-
e de confecção é a sustentabilidade. Considerada um mordial na cadeia produtiva têxtil, assim como pas-
grande desafio para uns, é algo extremamente essen- sará a ser cada vez mais essencial na decisão de com-
cial a outros, por ser um fator de grande prioridade. pra do consumidor final.
Atualmente, as empresas passam a levar em conside- Segundo os dados apontados pela Confederação
ração que os impactos ambientais causados por um Nacional da Indústria (2017; AGÊNCIA DE NOTÍ-
dos setores mais poluentes do mundo é real, e que essa CIAS, 2018, on-line)1, todos estes aspectos apresen-
produção desenfreada em grande escala, sem aspectos tados anteriormente podem ser vistos aqui no Brasil,
sustentáveis, pode gerar danos irreversíveis à natureza, pois se tratam de uma realidade a nível mundial, em
prejudicando diretamente o estilo de vida do homem. que o cenário apresentado impõe desafios de escala,
As preocupações acerca de sustentabilidade têm eficiência, comunicação e convergência de ações em
se pautado não somente na fabricação dos produtos, nível setorial, mas também oportunidade de melho-
mas também nos olhos do consumidor no momen- ria e expansão, incluindo o investimento em expor-
to da compra. Toda essa preocupação acaba influen- tações. Paralelo a isso, há um grande desafio envolto
ciando diretamente no perfil de consumo e de com- na dinamização dos processos produtivos relacio-
pra dos consumidores que, anteriormente, viam-se nados à capacitação e à renovação da mão-de-o-
reféns das peças baratas e oferecidas a todo momento. bra dinamização essa considerada condição básica
Com isso, as empresas que não apresentarem um viés para a produtividade e qualidade da produção, que
sustentável irão, cada vez mais, perder seu espaço no parte do princípio da formação de funcionários em
mercado, pois muitos desses consumidores passaram programas de educação e de formação técnica para
a comprar peças apenas de empresas que atendam ampliar a competitividade e a sustentabilidade das
às necessidades ambientais; sejam elas em relação à empresas do setor.
178
DESIGN
179
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
RUMO À
INDÚSTRIA 4.0
A INDÚSTRIA
DE CONFECÇÃO
DO FUTURO
180
DESIGN
1º 2º 3º 4º
Introdução e Divisão do Emprego de Internet das
instalações meca- trabalho e sistemas eletrôni- Coisas, com-
nizadas com produção em cos e de TI, que putação em
o emprego de massa com a propiciam a nuvem, uso de
energia hidráulica ajuda de ener- automação da sistemas
e a vapor. gia elétrica. produção. ciberfísicos.
181
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Robôs
Autônomos
Realidade Integração
Aumentada de Sistemas
Indústria 4.0
Impressão 3D:
Manufatura Internet
Aditiva das Coisas
Computação Cibersegurança
Figura 4 – Parâmetros da Indústria 4.0
em Nuvem
Fonte: Senai e Cetiqt (2017, p. 9).
182
DESIGN
No entanto, essa revolução poderá causar grandes Para Bruno (2017, p. 53)
impactos na indústria da confecção, pois a automa-
tização presente nas fábricas deste setor no Brasil é estamos na alvorada da Quarta Revolução In-
dustrial, em que a possibilidade de aumento de
de apenas 29%, tornando esse cenário desafiador. En-
complexidade industrial promovida pelas ten-
tretanto, com a implementação de uma Indústria 4.0, dências econômicas, sociais, ambientais e tec-
há possibilidades de ganhos enormes, pois estamos nológicas oferece oportunidades inexploradas
tratando de processos customizáveis, menos custo- pela indústria brasileira de têxteis e confeccio-
sos, mais produtivos e seguros, produzidos em escalas nados até o presente.
Grau de
complexidade
Primeira Segunda Terceira Quarta
Revolução Revolução Revolução Revolução
Industrial Industrial Industrial Industrial
Pela introdução de Pela introdução de Pela introdução de Pela introdução de
instalações de instalações de instalações de instalações de
produção mecaniza- produção mecaniza- produção mecaniza- produção mecaniza-
das com o emprego das com o emprego das com o emprego das com o emprego
de energia hidráulica de energia hidráulica de energia hidráulica de energia hidráulica
e a vapor. e a vapor. e a vapor. e a vapor.
Primeiro
controlador
lógico programável
Primeira correria (PLC), Modicon
Primeiro tear
transportadora, 084, 1969.
mecânico,
em 1784. Abatedouro de
Cincinnati, 1870.
Tempo
1800 1900 2000
Figura 5 – Evolução da complexidade industrial da Indústria 1.0 à Indústria 4.0 Hoje
Fonte: Bruno (2017, p. 53).
183
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
SAIBA MAIS
A dinâmica do consumo e da produção global Nesse ambiente, para que fosse possível alcançar os
produziu aumento da frequência de mudan-
princípios da Indústria 4.0 dentro do setor de con-
ça de rotinas, de diversificação de produtos,
processos, fornecedores e tipos de insumos, fecção, Bruno (2017) elaborou narrativas de desen-
de set-ups e de reorganização da produção, volvimento baseadas nas tendências que irão alterar
influindo no desempenho dos gerentes e tra-
as bases da economia e da tecnologia de manufatura
balhadores e na eficiência do planejamento e
da execução das operações. no setor têxtil e de confecção, a fim de guiar as ini-
ciativas de investimentos, financiamentos, capacita-
Fonte: Bruno (2017, p. 54).
ção empresarial e formação profissional.
Confecção 4.0
3
Introdução de sistemas ciberfísicos que usem Internet das Coisas, internet dos serviços e
big data. Atuando como fábricas inteligentes, os sistemas produtivos deverão ser
capazes de se comunicar e de assistir pessoas e máquinas na execução de suas tarefas.
Essas unidades deverão atuar em rede, integradas e sem solução de continuidade com a
cadeia de valor.
Manufatura ágil
1
Desenvolvimento de mentalidades e capacidades para atuar de maneira rápida, flexível,
integrada, eficiente, produtiva e criativa, o que requer o exercício do uso de tecnologias
e de redes sociais que enfatizem a orientação pela informação e pela comunicação com
consumidores na cadeia de valor das empresas.
Tempo real
O desenvolvimento da capacidade de atuação em tempo real será uma necessidade para a
máxima utilização do big data.
Amparado pelas competências de trabalho virtual, interoperacional e descentralizado, o
design deverá ser capaz de projetar novos produtos individualizados na interação
3
simultânea com consumidores e produtores, em tempo real de cocriação.
Interoperabilidade e descentralização
O desenvolvimento da participação múltipla e descentralizada é etapa essencial para a
cocriação. Novos designers deverão desenvolver a capacidade de criar com base em um
domínio aberto de novos conhecimentos técnicos, comerciais e sociais.
2
Virtualização
1
A virtualização dos processos de desenvolvimento e fabricação de produtos é, talvez, a
principal orientação a ser seguida pelo design. O exercício sistemático com as tecnologias
de criação e de simulação - estética, funcional e organoléptica - é o passo inicial para a Figura 6 – Narrativas de design
manufatura avançada. Fonte: adaptada de Bruno (2017) e
Senai e Cetiqt (2017, p. 10 -11).
184
DESIGN
185
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
A INDÚSTRIA TÊXTIL
E A IMPRESSÃO 3D
Atualmente, a indústria do têxtil e de confecção semanas de moda e também na confecção de produ-
vem sofrendo grandes influências da tecnologia tos deste setor já inseridos no mercado” (ABREU;
em termos de modelo de negócios e de confecção MENEZES, 2017, p. 2).
de produtos, e a impressão 3D – responsável pela Segundo informações da Forbes Brasil (2017,
impressão de produtos projetados a partir de um on-line)4, esses avanços tecnológicos são decor-
software digital que, posteriormente, é impresso por rentes do envolvimento entre a ciência material,
uma máquina, por meio de camadas da matéria-pri- o design digital e as capacidades de produção sob
ma depositada na plataforma de impressão até que demanda, que impulsionaram o desenvolvimen-
se obtenha a peça por completo – “passou a fazer to da impressão 3D dentro do setor da indús-
parte cada vez mais dessa inovação tecnológica da tria, impactando diretamente diversos setores que
indústria do vestuário, que vem sendo utilizada nas influenciam diretamente a economia do país.
186
FDM Fused Deposition
Modeling
subtrativo. Numa máquina PSL existe um rolo de filme A tecnologia SLS consiste em
plástico (PVC transparente, na maior parte dos casos) que é incidir um laser num pó de material
colado, prensado e depois cortado na forma desejada. próprio e fundir as moléculas desse
material umas com as outras,
criando o modelo 3D real.
EBM Eletronic
Melting
Beam
188
DESIGN
189
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
SAIBA MAIS
190
DESIGN
Saindo do setor têxtil, temos, no Brasil, a Noiga, Mas cabe ressaltar que essa realidade de produto de
empresa de acessórios que trabalha com a comer- moda se encontra um pouco distante aqui no Brasil,
cialização de produtos fabricados na impressora 3D. porém a sua maior ênfase tem sido as passarelas nos
Os belos brincos, colares, anéis, pulseiras e bolsas – desfiles de moda conceitual.
produtos ofertados pela marca – são impressos em Considerando este cenário do uso da impresso-
nylon em pó para apresentarem um aspecto leve e ra 3D na fabricação de produtos do setor têxtil e de
maleável, mas que passe segurança ao consumidor confecção no Brasil, pode-se perceber que, mesmo
por ser rígido (NOIGA, [2018], on-line)10. apresentando maior ênfase nas passarelas, as tecno-
Diante do contexto acerca da impressão 3D e logias vestíveis e o uso de biotecnologias e de ma-
também de algumas das marcas de moda apresenta- teriais inovadores acabaram criando demandas por
das que trabalham com este processo de fabricação, é têxteis inteligentes e funcionais, as quais vêm au-
possível perceber que a impressão 3D está passando mentando a diversidade e a intensidade tecnológica
por diversas modificações desde o seu surgimento de fios, tecidos, aviamentos e produtos exigidos para
no início dos anos 2000; principalmente em relação atender às novas necessidades de consumo.
ao tipo de matéria-prima a ser utilizada na constru- Esse novo perfil de consumo reflete diretamente
ção dos produtos, pois, como visto anteriormente, nas cadeias produtivas, que passam a se tornar so-
nos tipos de impressão apresentados por Milheiro cialmente justas, politicamente corretas e ambien-
(2016), com uma gama de materiais e métodos de talmente sustentáveis, contribuindo para o planeta e
impressão 3D, se torna possível acrescentar carac- as sociedades. Com isso, o setor têxtil está alinhado
terísticas aos produtos a fim de que estes também às diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sus-
possam ser um diferencial, como: o uso de textu- tentável criados pela ONU (Organização das Nações
ras, a flexibilidade dos produtos – principalmente Unidas) e adotados pelas iniciativas pública e privada,
no vestuário – a rigidez, entre outras propriedades. em busca de uma produção e de um país mais justos.
191
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
192
DESIGN
da matéria-prima utilizada, bem como o tipo de cos- industrial como um de seus conceitos, o fast fashion
tura, os produtos tornaram-se descartáveis e, com passou a assumir o compromisso de produzir aquilo
isso, passaram a ser descartados com frequência, que o consumidor deseja no presente momento, ou
criando, assim, um ciclo vicioso que vem tomando seja, fazer uma moda rápida que fortaleça o pensa-
rumos para chegar ao fim. mento contemporâneo de trazer o presente absoluto
ao indivíduo (SILVA; BUSARELLO, 2017).
[...] uma das grandes reflexões sobre a Moda
atual é a relação entre fast fashion e slow fashion,
ambas convivendo na mesma era contemporâ-
nea, mas carregando ideias defendidas por pro-
fissionais diferentes. Justamente por incorpora-
rem o fenômeno em seu estado mais recente,
foi observado que os produtos finais, junto aos
motivos de compra dos consumidores, são am-
plamente discutidos no meio de estudos cientí-
ficos [...] (SILVA; BUSARELLO, 2017, p. 2).
FAST FASHION
193
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
194
DESIGN
Figura 10
Loja H&M na Times Square
Fonte: Elisa.rolle
(2014, on-line)14.
Outra rede de lojas muito conhecida é a H&M, Mesmo diante de tantos apontamentos contra este
considerada a segunda maior loja de fast fashion modelo de sistema, Cietta (2012, p. 15) afirma que
do mundo, ficando atrás da Zara. De origem sue- “o mundo fast fashion é, ainda hoje, a das mais gran-
ca, a marca trabalha com roupas de ótima qualidade des cadeias de produtos de vestuário [...] e cada vez
e preços extremamente acessíveis, a única entre as mais é um instrumento de diferenciação, inclusive
mais famosas que não possui loja no Brasil. para as pequenas e médias empresas”.
Para que você tenha conhecimento das “gigantes” O autor ainda defende a ideia de que
desse sistema, faça uma busca na internet e veja quais
o fast-fashion pode, paradoxalmente, ser mui-
são as demais lojas que entram nessa lista das fast fashion
to eficaz ao defender o patrimônio produtivo
mais famosas do mundo, sem reduz apenas a estas três. e criativo local, desde que consiga explorar a
Após falarmos de nível mundial, não podemos dei- vantagem de saber antecipar as mudanças nas
xar de citar algumas marcas fast fashion conhecidas e fa- tendências de consumo no mercado local mais
mosas no Brasil: C&A, Riachuelo, Marisa, Renner, GAP, do que os grandes competidores globais. […] o
fast-fashion ou o ciclo curto de desenvolvimen-
TOPSHOP, além das fast fashion que trabalham com
to de produto, é muito pouco estudado, pouco
demais setores de departamento, como Pernambucanas, conhecido pelas empresas e ainda menos co-
Havan e Coppel dentre outras, todas com boa aceitação nhecido pelas instituições que apoiam o desen-
do consumidor, o que resulta na expansão para atuar no volvimento das pequenas e médias empresas
sistema. (CIETTA, 2012, p. 16).
195
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
Diante disso, e de fatores que englobam questões sus- frer mudanças com o passar dos anos, o que resul-
tentáveis, é possível afirmar que, nos últimos anos, o tou no surgimento de novos modelos de sistema,
fast fashion vem entrando em declínio devido às mu- desta vez sustentáveis devido à situação em que o
danças intrínsecas que vêm acontecendo nos sistemas mundo se encontra por causa dos danos causados
da moda. Porém, o autor ressalta que essa moda rá- pelo homem.
pida com preços acessíveis acaba ajudando os indiví- Com isso, a moda do século XXI tem se torna-
duos a desenvolverem sua identidade, devido à gama do um verdadeiro desafio devido aos questiona-
de produtos disponíveis no mercado a preços baixos. mentos que se afloram acerca de aspectos ecoló-
Deixando a moda mais democrática, permitindo que gicos, buscando novos caminhos para o consumo
o público tenha acesso a produtos desenvolvidos por e a produção de moda. Isso é reflexo do novo
grandes designers devido à colaboração de cadeias de perfil de consumidor que vem surgindo nos últi-
lojas de moda rápida com estilistas famosos. mos anos, em que surgiram novas preocupações
relacionadas à busca da vida saudável, seja pela
alimentação ou pelo consumo, priorizando o uso
REFLITA
consciente dos recursos naturais para a preserva-
ção do meio ambiente. Na moda, isso não é dife-
Qual é a mensagem por trás da blusa rente, esse novo consumidor passa a ser diferen-
que comprei ontem? ciado para o setor de design de moda, refletindo
Será que irei usá-la várias vezes? em um novo perfil de consumo e de fabricação de
Preciso renovar meu guarda-roupas a produtos do setor.
cada estação?
Diante deste cenário, a moda passa a pensar de
Será que eu preciso dessa roupa? forma desacelerada e, então, aquilo que para nós não
está mais em voga, volta a estar em uso. As empre-
sas começam a desenvolver seus produtos de forma
atemporal, com exclusividade, com responsabilida-
SLOW FASHION de social e redução de escala, destacando aspectos
que envolvem o modelo slow fashion.
Contrapondo o contexto de aceleração do fast
fashion, o slow fashion, sistema produtivo de moda, O slow fashion está baseado em um tipo de pro-
dução desacelerada do consumo, pois o proces-
atua contra o consumo exagerado de coisas desne- so respeita o tempo de confecção do produto
cessárias ou que não apresentem sintonia com o gasto e às condições de trabalho de quem está
comportamento social e sustentável que se espera envolvido. Muitas marcas que adotam o seg-
de um mundo globalizado prestes a entrar em co- mento slow fashion acabam utilizando noções
de sustentabilidade e, geralmente, por serem
lapso. Assim como as tendências de moda que são
pequenas ou de médio porte, estão mais próxi-
passageiras, ou as peças atemporais que duram por mas do seu consumidor final (ALMEIDA; DA-
uma eternidade, os sistemas de moda passam a so- MASCENO; MACEDO, 2016, p. 8).
196
DESIGN
197
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
nal, que reflete diretamente nas formas de constru- em 2014, na cidade de Porto Alegre, com a missão de
ção do novo perfil de consumo de moda. Aqueles conscientizar e educar o público sobre sustentabili-
consumidores que, anteriormente, estavam preocu- dade, além de defender a ideia de liberdade de gênero
pados com qual roupa estava na moda, hoje passam em seus produtos. A Insecta Shoes trabalha com san-
a tomar atitudes que contribuem para o movimen- dálias, slippers e botas totalmente veganas, vendidas
to slow, como utilizar técnicas de upcycling, trocar em duas lojas próprias no Brasil, uma em São Paulo e
roupas entre amigos, frequentar brechós e bazares, outra em Porto Alegre, e também vendida em outras
customizar roupas, levar peças ao conserto, refazer 10 lojas parceiras dentro e fora do Brasil.
o design da peça, dentre outras técnicas que prolon-
gam a vida útil dos produtos.
Isso se dá pelo novo padrão de consumo, em que
as pessoas passaram a olhar não apenas as gerações
futuras, mas a quantidade de recursos e materiais
que estão sendo utilizados para o desenvolvimen-
to de bens de consumo, que refletem diretamente
a qualidade do meio ambiente que, futuramente, as
novas gerações encontrarão para viver.
Neste cenário de sustentabilidade e responsabi-
lidade social, já existem algumas marcas que atuam
no mercado fashion com produtos e sistemas de fa-
bricação que abrangem um novo padrão de quali-
dade e a preocupação com o sistema ecológico que
envolve as causas ambientais de preservação e con-
servação. Com isso, as empresas passaram a adotar
um novo posicionamento de mercado com base em
causas ambientais, com o intuito de se reestruturar
no mercado e despontar em relação a vantagens
concorrenciais para atingir o novo nicho de merca-
do que vem crescendo cada vez mais.
Agora, você irá conhecer um pouco algumas das
inúmeras marcas que já trabalham com o sistema
slow fashion no segmento de roupas, acessórios e
calçados, sendo elas:
Insecta Shoes: atua no setor calçadista, confeccio-
nando seus produtos com matéria-prima oriunda de
roupas usadas, garrafas plásticas e resíduos da indús- Figura 11 – Produtos Insecta Shoes
tria calçadista convencional. A empresa foi fundada Fonte: Insecta Shoes ([2018], on-line)15.
198
DESIGN
SAIBA MAIS
Zerezes: atua no setor de acessórios, com óculos
de sol, com um perfil diferente dos encontrados no Gostou da ideia dos óculos de madeira
mercado, pois seus produtos são feitos para durar reaproveitada? Para conhecer um pouco
a vida toda! Seus óculos têm armações desenvolvi- mais sobre a Zerezes, acesse:
das totalmente de forma artesanal, confeccionadas <https://vimeo.com/43248451>.
a partir de resíduos de madeiras de demolição. A A Ahlma, com sua moda colaborativa,
marca é carioca e foi desenvolvida por um grupos também tem um vídeo bem interessante,
de amigos que tinham uma ideia em comum: pro- para saber mais, acesse:
duzir moda com baixo impacto ambiental. A Zere- <https://vimeo.com/216878844>.
zes tem duas lojas próprias no Rio de Janeiro, mas
vende em outros 11 locais dentro e fora do Brasil e
entre estes locais, estão o Museu de Arte do Rio e Além das marcas citadas, existem outras no merca-
a loja Farm. do da moda, sugiro que você faça uma busca e co-
Ahlma: atua no setor de confecção. Comandada nheça a fundo sobre esse universo de possibilidades
pelo estilista André Carvalhal, a marca é uma das que o sistema slow fashion tem a propor para nós,
queridinhas no mercado carioca. Ela surgiu de um consumidores de moda.
199
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
200
DESIGN
Apesar de ser considerado uma técnica inovadora resíduos. Apontando, assim, técnicas de design de
na indústria do vestuário, esse conceito é antigo e já modelagem associadas à produção mais limpa, a fim
foi muito utilizado na história do vestuário, em que as de apontar e melhorar os processos convencionais
roupas eram projetadas para ter o mínimo de desper- utilizados na indústria.
dício; com isso, o tecido era pouco ou nunca cortado, Contudo, diante de todo o contexto já apresentado,
de forma que a modelagem fosse realizada diretamen- você deve estar se perguntando, afinal, o que é zero was-
te no corpo, tendo espaço (corte) apenas para a passa- te? Ele é um processo que “consiste em técnicas de mo-
gem dos braços e da cabeça, como: o kimono japonês, delagem que objetivam reduzir ou eliminar o desper-
o chiton romano e o saree indiano. Isso se deu até iní- dício de tecido decorrente do encaixe e corte” (PERES;
cio da Revolução Industrial, período em que o tecido MARTINS, 2012, p. 3 apud PEREZ, 2013).
se tornou barato e fácil de ser descartado; com isso, o As técnicas envolvem o uso de toda a extensão
vestuário zero waste só voltou a ser utilizado no século do tecido, em que os moldes não precisam ser to-
XX com Ernesto Thayaht, e na década de 50 com Clai- talmente cortados ou encaixados, incorporando os
re McCardell e Bernardo Rudofsky. Posteriormente, excessos que seriam removidos do design da peça,
na década de 70, essa técnica veio a emergir com Zan- mas este processo nem sempre é utilizado devido
dra Rhodes e Yeohlee Teng, na década de 80 (RISSA- ao grau de dificuldade apontado pelos profissionais
NEN; McQUILLAN, 2013 apud PEREZ, 2013). responsáveis pela fabricação da peça final.
Além disso, o design zero waste visa a redução
SAIBA MAIS de resíduos por meio de ações preventivas, uma vez
que o desenvolvimento de novos produtos requer o
uso de uma produção mais limpa e, sobretudo, uma
O “movimento zero waste” se expandiu de for-
ma espontânea e surgiu simultaneamente em nova capacidade de design. Portando, o design zero
diversos lugares. Alguns expoentes hoje são: waste tem, como a sua principal modificação, o pro-
David Andersen, na Dinamarca; representan- cesso de design, que acontece por meio de decisões
do a Inglaterra, Julian Roberts e David Telfer;
na Nova Zelândia, Holly McQuillan, Jennifer tomadas em conjunto pelo designer e pela modelista
Whitty e Julia Lumsden; atuando nos Estados para eliminar o máximo possível de desperdício de
Unidos, os designers Timo Rissanen, Mark Liu, tecido; ou seja, o desperdício passa a ser pensado an-
Carla Fernández e Sam Formo.
tes mesmo de a roupa ser projetada, minimizando-o
Fonte: McQuillan (2013 apud PEREZ, 2013). nas fases de design e modelagem.
De acordo com Fletcher e Grose (2011), embo-
ra utilize ferramentas bastante familiares aos profis-
Pouco conhecido no Brasil, o design zero waste pode sionais de moda (modelagem, corte e costura), estes
ser encontrado em algumas indústrias de moda que contestam os parâmetros preestabelecidos de corte
apresentam viés mais sustentável em sua produção, e modelagem do design zero waste, pois o processo
em que há grande necessidade em reduzir desper- exige que eles abandonem os conceitos anteriormente
dícios para contribuir com a redução de custos da realizados a fim de avançar em um novo território, re-
empresa e, principalmente, o desenvolvimento de alizando uma técnica até então desconhecida por eles.
201
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
No entanto, Rissanen e McQuillan (2011 apud Contudo, esta técnica permite que o formato
PEREZ, 2013) reforçam que é difícil ter uma estética dos moldes, durante seu desenvolvimento, busque o
agradável no processo zero waste; com isso, as pe- melhor encaixe possível, o que, de certa forma, exi-
ças acabam sendo desenvolvidas com aspectos não ge do(a) designer novos pensamento e olhar sobre
muito agradáveis aos olhos e que, consequentemen- a criação e a modelagem de uma peça do vestuário,
te, interferem na beleza do produto final. tornando-se um(a) facilitador(a) da forma com que
No contexto contemporâneo, a estética dos pro- os moldes são desenvolvidos, pela integração a rou-
dutos zero waste tem se aprimorado por ainda estar pas do tecido que seria desperdiçado.
em desenvolvimento; com isso, é necessário algum Dentre as técnicas existentes, pode-se afirmar
tempo para que os profissionais envolvidos no pro- que cada designer acaba por utilizar técnicas dis-
cesso aprimorem novas técnicas até que atinjam tintas conforme suas habilidades ou necessidades
uma estética agradável ao produto final. e, na maioria das vezes, acabam por desenvolver os
próprios métodos. Portanto, é necessário que você,
MÉTODOS E TÉCNICAS EXISTENTES caro(a) aluno(a), entenda o design zero waste como
um processo livre, e não uma técnica ou método pa-
Dentre as técnicas de modelagem existentes, o de- drão de criação e modelagem que deve ser seguido
sign zero waste pode ser considerado uma das ver- rigorosamente. A seguir, veremos algumas das téc-
tentes da modelagem convencional de desenvolvi- nicas zero waste utilizadas atualmente, resultado de
mento de novos produtos, que consistem em design, pesquisas de Perez (2013), que comprovam que não
modelagem, encaixe, corte e prototipação/costura e existe apenas um método ou uma técnica para o de-
que acontecem por etapas, realizadas separadamen- sign e a modelagem de uma peça de roupa.
te. No processo de design zero waste, todas essas • Jigsaw Cut: criada por Mark Liu, caracteriza-
etapas acontecem simultaneamente e de forma in- -se por moldes de formato rebuscado corta-
terdisciplinar no desenvolvimento do produto. dos a laser.
Outra característica que configura a técnica de • Minimal Seam Construction: desenvolvida
design zero waste, conforme Roberts (2011 apud por David Telfer, reduz ao máximo o núme-
ro de moldes necessários para a construção de
PEREZ, 2013), é a criação de um produto realizado
uma peça, minimizando custos e consumo de
por meio da modelagem, e não por desenhos ilustra- energia na produção pela redução de costuras.
tivos, conforme é feito no método convencional, em • Subtraction Cutting: criada por Julian Roberts,
que os desenhos são interpretados por um(a) mode- utiliza um tubo de tecido e explora espaços
lista depois de serem criados pelo(a) designer. Desta negativos. Os moldes são desenhados direta-
forma, no método zero waste, o(a) designer e o(a) mente sobre o tecido e não representam a for-
ma exterior, mas os espaços negativos dentro
modelista acabam trabalhando em conjunto por se
da roupa, que apresenta orifícios de forma in-
tratar da projeção de moldes, ao invés da criação de comum por onde o corpo passa, criando uma
apenas um desenho que, posteriormente, seria pro- espiral (como pode ser observado na imagem
jetado. a seguir) e permitindo diversas formas de uso.
202
DESIGN
12
13 14
203
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
ONLINE
ONLINE
Bolso
dos softwares no desenvolvimento da técnica zero
waste é limitada, pois CF —
Meio
costas
Cós Frente
superior
CF
Parte
Design from Scandinavia is famous for being
do
não são capazes de se adaptar a conceitos com-innovative and clear. And that's also truefundo for
pletamente novos para confeccionar roupas e,David Andersen's work, the well-known Danish
Unir
Unir
portanto, podem frear o surgimento de ino-designer of cool and edgy fashion clothes and
vações relacionadas à redução de resíduos e àextravagant couture
Parte dresses. One of Top
hisfront
projects Parte
204
DESIGN
Comprimento 72cm
A D E
F Pé
Perna Perna superior
C direita direita Ponto esquerdo
B superior
F
direito
C Aplique
traseiro/
I esquerdo K
Ourela
Cós Punho Punho G H G G
J
G
Figura 17 - Legging criada por Timo Rissanen, com a técnica Jigsaw Puzzle
Fonte: Perez (2013, p. 6)
205
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade e também deste
material. Vimos que toda empresa precisa compreender os avanços tec-
nológicos que ocorrem ao nosso redor para conseguir manter no mer-
cado um produto útil e competitivo. Conhecer e analisar esse cenário
tecnológico é fundamental para a indústria têxtil e de confecção. A evolução dos
maquinários e a criação de softwares para aumentar a produtividade, garantir a
eficiência e proporcionar um aumento na produtividade são fatores marcantes
para a indústria do vestuário.
Embora a tecnologia traga muitos benefícios à indústria do vestuário, você
observou que é necessário ter um profissional da área de moda para acompanhar
todo o processo tecnológico, acrescentado a produção de produtos. Além disso,
vimos que existem outros sistemas de fabricação que podem ser uma alternativa
para que a indústria trabalhe em um viés mais sustentável, algo que já vem se tor-
nando realidade em algumas empresas, e também em outras que estão surgindo
no mercado.
Diante de todo este conhecimento que foi adquirido ao longo das unidades,
deixo um convite a você: qualifique-se constantemente para acompanhar o mer-
cado da moda, pois você, como futuro(a) designer de moda, poderá se tornar
um(a) profissional preparado(a) para o mercado de trabalho e atuar rumo à ex-
celência profissional.
Sabemos que há tanto a aprender e não podemos nos esquecer que o mundo
está em mudança constantemente, por isso, devemos acompanhar essas mudan-
ças por meio de um olhar crítico e inovador. Não deixe de estar atento(a) a essas
transformações, busque conhecer os diversos maquinários e materiais (tecidos) e
tecnologias disponíveis no mercado, pois esses mecanismos irão auxiliar durante
todo o processo de criação.
Espero que essa unidade tenha contribuído para a sua formação e para a sua
vida profissional. Compartilhe conhecimento, adquira experiências de outros
profissionais da área e lembre-se: esforço e dedicação são ferramentas essenciais
para alcançar o sucesso.
206
atividades de estudo
207
atividades de estudo
208
atividades de estudo
I. Iris Van Herpen, sem dúvidas, é uma das estilistas mais lembradas quando o
assunto é o uso da tecnologia de impressão 3D em produtos de moda.
II. Mesmo tendo aparições em momentos distintos no mundo da moda, a im-
pressão 3D se vê presente na indústria calçadista e também na de acessórios,
na qual tem tornado-se referência por meio de uma marca brasileira do ramo.
III. Atualmente, com uma gama de materiais e métodos de impressão 3D existen-
tes, torna-se possível acrescentar características aos produtos, como o uso de
texturas e flexibilidade aos produtos, principalmente no vestuário.
209
LEITURA
COMPLEMENTAR
A impressão 3D é uma importante tecnologia que tem setor alimentar, mas hoje já aplicadas ao setor têxtil. O
ganhado espaço em diversas áreas, inclusive na moda. conforto deve proporcionar ao usuário a liberdade de
Em decorrência da popularização deste meio de produ- movimentos, podendo ser conseguido com a adequação
ção, diversos materiais já foram e outros estão sendo da matéria-prima ao estilo do modelo, com a técnica de
desenvolvidos para uso como matéria-prima de impres- modelagem aplicada segundo critérios ergonômicos e
são, da mesma forma que as técnicas e as próprias im- medidas antropométrica corretas.
pressoras têm sido aprimoradas, o que permite que a Ao tratar da matéria-prima, nos referimos diretamente
impressão 3D se apresente com um grande potencial de aos materiais têxteis: aos tecidos, às malhas etc. Sobre o
inovação para a indústria da moda. Abrangendo desde a conforto apercebido acerca dos materiais, Broega (2010)
obtenção de matérias-primas, passando pela produção afirma que, em grande parte, este depende das proprie-
e chegando até as formas de distribuição e venda dos dades sensoriais de toque e termofisiológicas dos teci-
produtos, afetando toda a cadeia da moda, com muitos dos, pelo que muitas são as propriedades físicas, térmi-
aspectos a serem vistos, discutidos e modificados. cas e mecânicas que devem ser levadas em consideração
Quando nos referimos ao vestuário, uma das questões na concepção do vestuário. Desta forma, o conforto no
mais importantes que se impõe diz respeito ao conforto, vestuário é obtido por meio de uma série de fatores, co-
fator primordial a ser levado em consideração. A percep- meçando pelos aspectos objetivos na seleção de maté-
ção do conforto nas criações que envolvem a impressão rias-primas, passando pelos fatores ergonômicos e de
3D pode ser uma barreira ou um impulsionador à po- usabilidade no desenvolvimento do projeto do vestuá-
pularização desta tecnologia, cabendo fazer estudos e rio, chegando aos fatores subjetivos ligados a questões
experimentações na área. sociais, culturais e à estética.
No projeto do vestuário, quando visto sob o aspecto Na percepção do conforto nos produtos 3D Yap e Yeong
subjetivo, o conforto pode ser considerado como difícil (2014), afirmam que, comercialmente, os materiais de
de medir, geralmente é relacionado com o bem-estar do impressão 3D ainda necessitam de bastante desenvol-
homem e comparado com a comodidade, devendo ser vimento para se obter uma melhoria no conforto e na
o objetivo principal ao se projetar um produto de vestu- flexibilidade dos tecidos, a fim de produzir roupas verda-
ário. Apesar do caráter subjetivo que o conforto possui, deiramente vestíveis para o uso diário. Apesar da melho-
é possível realizar uma avaliação objetiva dos seus parâ- ra nos últimos anos, atualmente, os materiais de impres-
metros para se atingir o conforto pretendido, tratando são 3D são caros e limitados o que impede que muitos
de técnicas de análise subjetivas, que se iniciaram no designers entrem neste novo campo.
210
LEITURA
COMPLEMENTAR
Novas impressoras 3D e novos materiais estão sendo tamente a configuração no material têxtil até então co-
desenvolvidos. Empresas como a TamiCare, que atua no nhecida. A mudança do tear para a impressora traz uma
setor de inovação têxtil, estão trabalhando, nos últimos nova organização que implica a busca de novas soluções,
anos, no desenvolvimento de tecnologias de impressão diferentemente da tecelagem dos fios na trama e no ur-
3D têxtil, a fim de produzir tecidos sob medida, utilizan- dume. Outras alternativas têm sido trabalhadas pelos
do polímeros líquidos, como látex natural, o silicone, o designers, que se preocupam em mostrar a leveza e a
poliuretano e o Teflon, e também fibras têxteis, a viscose maleabilidade do produto ao possível usuário. Como a
e a poliamida, de forma que teremos estes materiais ou maioria dos produtos possuem a venda online, quer seja
similares disponíveis em breve. do próprio produto quer seja dos programas (ficheiros)
Schimid (2005) diz que um produto de Design deve valo- de criação dos modelos, é importante que a percepção
rizar não apenas o sentido da visão, mesmo este sendo visual das características desejáveis na peça fique evi-
o que melhor aprecia a estética e a harmonia, mas deve denciada já no primeiro contato visual do usuário.
contemplar cada vez mais o conforto total do seu utiliza- Considerações finais
dor. Sendo a visualização o primeiro contato do usuário A impressão 3D já é uma realidade como meio de pro-
do produto com a peça do vestuário uma vez que o apelo dução e tem sido discutida com entusiasmo por desig-
estético do produto percepcionado pela visão é o primei- ners e pesquisadores da área. Discussões estas que são
ro a despertar o interesse no produto, mas depois vem importantes para que soluções sejam pensadas no uso
a parte do toque e o manipular (experimentar) o artigo da tecnologia, agregando qualidade estética e funcional
que depois leva à compra do produto. aos produtos por ela gerados. Diferentemente das pe-
Num modelo virtual fica deficitário a percepção senso- ças rígidas, que no início se observa nas passarelas onde
rial do toque, que só pode ser compensada pelo aspec- era percebido o potencial inovador da tecnologia, porém
to (aparência) do conforto dos materiais utilizados no não se podia perceber o conforto ou a usabilidade des-
produto, que o ideal é que fossem primeiros testados e ta; hoje, passamos a observar soluções mais trabalhadas
experimentados, garantido a qualidade do produto final que apresentam características que permitem perceber
e que essa qualidade ou experiência pudesse ser, de al- um maior conforto já na análise visual destes produtos
guma forma, transmitida ao potencial cliente. tornando-os mais atrativos e desejáveis, inclusive para o
Segundo Schimid (2005), a tecnologia 3D muda comple- uso no dia a dia.
211
material complementar
212
material complementar
213
material complementar
Vimos que o slow fashion é baseado na produção desacelerada, com respeito ao tempo de confecção e às
condições de trabalho de quem está envolvido. E muitas marcas que são “slow” acabam utilizando noções de
sustentabilidade e, por geralmente serem pequenas, estão mais próximas do seu consumidor final!
Pensando que existem diversas marcas que trabalham com este sistema, listamos alguns links que contem-
plam as marcas mais conhecidas que atuam no mercado slow fashion.
Web:<https://www.lilianpacce.com.br/moda/fashionteca/6-marcas-de-slow-fashion-que-voce-precisa-conhecer/>.
Web:<http://woomagazine.com.br/guia-consciente-10-marcas-brasileiras-de-slow-fashion/>.
Falando de tecnologia presente nos desfiles de alta costura – o vídeo a seguir fala da análise da Vogue Tech
do desfile da Chanel na Paris Fashion Week no inverno 2017, que traz relações entre tecnologia e espaço e o
desfile de verão 2017 intitulado de Chanel Data Center.
Web: <https://vimeo.com/208937701>.
Além de fazer outros apontamentos do uso de tecnologia na alta costura, como no recente desfile da Gucci
inverno 2019, Alessandro Michele apresenta um viés tecnológico por trás de toda a magia que envolve um
conceito pós-humano. Vale a pena acompanhar a Vogue Tech.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=We7jxUzbhOY>.
214
material complementar
O documentário The True Cost aborda a triste realidade do consumo frenético do fast fashion por trás do
“glamour” da moda. Mostrando como é a vida das mulheres que trabalham reféns da moda, com trabalho de
forma escrava, todas vivendo em condições precárias com salários baixos. Com isso, o documentário busca
enfatizar que somos responsáveis por cada peça que consumimos até que façamos o seu descarte. O docu-
mentário está disponível para assistir on-line e completo em plataformas de filmes para assinantes, ou você
pode acessar pelos links a seguir (parte 1 e parte 2, respectivamente):
Web: <https://www.dailymotion.com/video/x3aztjb>.
Web: <https://www.dailymotion.com/video/x3aztjc>.
Assista ao processo minucioso da estilista holandesa Iris Van Herpen na criação de um vestido feito unicamen-
te de silicone líquido e cristais Swarovski, e uma segunda peça inteiramente manipulada que imita um fóssil
de caracol.
Web: <https://vimeo.com/173640718>.
215
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Pessoa, 2016. Disponível em: <http://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20moda%20-%20
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216
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out. 2018.
13
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14
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15
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16
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out. 2018.
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18
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19
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20
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21
Em: <https://fashion-incubator.com/review-of-the-yield-exhibition-zero-waste/>. 02 out. 2018.
217
gabarito
1. E.
2. E.
3. Consumo exacerbado de produtos com rápido descarte, empresas que tra-
balham com mão-de-obra escrava, produtos vendidos a baixo custo sem va-
lorização do mercado têxtil. Poluição gerada a partir da fabricação de novos
produtos, como: poluição dos rios, incineração de resíduos têxteis, planta-
ções de matéria-prima clandestinas ou com o uso de agrotóxicos que preju-
dicam o solo, dentre outros fatores.
4. O perfil de produção do slow fashion é desacelerado, pois o processo pro-
dutivo respeita o tempo de confecção do produto gasto e as condições de
trabalho de quem está envolvido. É um sistema que carrega o uso de técnicas
manuais na confecção dos produtos, independentemente da área de atua-
ção, fazendo o uso de materiais e tecidos duráveis e com apelo sustentável,
principalmente com a produção em baixa escala, a fim de melhorar a quali-
dade de trabalho de quem produz por meio da humanização dos processos,
é necessária atenção redobrada por se tratar de um trabalho manual.
5. E.
218
DESIGN
conclusão geral
Caro(a) aluno(a), esperamos que a leitura deste livro tenha sido prazerosa para você durante
seu desempenho acadêmico e profissional.
Lembre-se que o profissional de moda precisa adquirir conhecimentos em diversas áreas
da indústria do vestuário, inclusive de aspectos técnicos de costura.
Dentre os conhecimentos adquiridos, tivemos a oportunidade de aprender as caracterís-
ticas e estruturas das principais máquinas de costura (reta, overloque e galoneira), bem como
os tipos de costuras e agulhas relacionadas a cada maquinário. Entender os aspectos técnicos
de cada ponto de costura e agulhas pode parecer irrelevante para um designer de moda, po-
rém o processo de criação está diretamente relacionado à costura.
Os conceitos relacionados às técnicas de montagens (sequência operacional), como a
estrutura de uma ficha técnica, os acabamentos de uma peça e etiquetagem, irão auxiliá-lo
durante todo o processo de construção de uma peça de roupa. Além de conhecer o setor de
corte, os maquinários e técnicas utilizadas, bem como o processo de desenvolvimento de
produto conhecido como zero waste, que tem contribuído com a diferenciação de algumas
empresas no mercado, dentre outros aspectos ao longo das unidades.
O mercado de trabalho está exigente e competitivo e precisamos estar preparados para
ele. Saiba que o sucesso profissional está vinculado à busca constante do conhecimento, dessa
forma, será necessário aprofundar seus estudos, o que o(a) levará a um universo ainda não
explorado.
Desejamos que seja capaz de compreender os conteúdos aqui expostos e que, assim, pos-
sa colocá-los em prática. Parabenizamos você e seus familiares pelo apoio em concluir o
estudo deste material destinado ao curso de Design de Moda, e que sua transformação aca-
dêmica possa estabelecer uma relação de sucesso entre as suas vidas pessoal e profissional.
Parabéns e sucesso!
219