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TECNOLOGIA

DA CONFECÇÃO

PROFESSORAS
Andressa Jaqueline Gonçalves de Macedo
Natani Aparecida do Bem

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TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância;


MACEDO, Andressa Jaqueline Gonçalves de; BEM, Natani Aparecida do.
Tecnologia da Confecção. Andressa Jaqueline Gonçalves de Macedo;
Natani Aparecida do Bem.
Maringá - PR.:Unicesumar, 2019. Reimpressão, 2021.
220 p.
“Graduação em Design - EaD”.
1. Tecnologia. 2. Confecção. 3. Moda EaD. I. Título.

ISBN 978-85-459-1781-6 CDD - 22ª Ed. 338.47


CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:

DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio
Ferdinandi.

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia
Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção
de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima,
Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência
de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas,
Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo.

Coordenador(a) de Conteúdo Sandra Franchini, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração José
Jhonny Coelho, Designer Educacional Bárbara Neves, Revisão Textual Cíntia Prezoto Ferreira, Ilustração
Bruno Pardinho e Marta Kakitani, Fotos Shutterstock.

2
Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
boas-vindas

Willian V. K. de Matos Silva


Pró-Reitor da Unicesumar EaD

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à A apropriação dessa nova forma de conhecer


Comunidade do Conhecimento. transformou-se hoje em um dos principais fatores de
Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar agregação de valor, de superação das desigualdades,
tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
e pela nossa sociedade. Porém, é importante Logo, como agente social, convido você a saber cada
destacar aqui que não estamos falando mais daquele vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a
conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas tecnologia que temos e que está disponível.
de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
atemporal, global, democratizado, transformado pelas modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
tecnologias digitais e virtuais. as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
De fato, as tecnologias de informação e comunicação equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o
informações, da educação por meio da conectividade conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância
via internet, do acesso wireless em diferentes lugares (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes
e da mobilidade dos celulares. cativantes, ricos em informações e interatividade. É
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá
a informação e a produção do conhecimento, que não as portas para melhores oportunidades. Como já disse
reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”.
segundos. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
boas-vindas

Kátia Solange Coelho


Janes Fidélis Tomelin Diretoria de Graduação
Pró-Reitor de Ensino de EAD
e Pós-graduação

Débora do Nascimento Leite Leonardo Spaine


Diretoria de Design Educacional Diretoria de Permanência

Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
autores

Andressa Jaqueline Gonçalves de Macedo

Possui Pós-Graduação em Docência no Ensino Superior pelo Centro de Ensino Superior de Maringá
(2016) e Graduação em Moda pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2011). Atualmente, é
Instrutora de Informática da Audaces Automação e Informática Industrial e Modelista da Melange
Confecções. Tem experiência na área de Educação.

Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse
seu currículo disponível no seguinte endereço:

<http://lattes.cnpq.br/8533781408577835>.

Natani Aparecida do Bem

Mestranda no Programa de Pós Graduação em Gestão Ambiental, PPGTL - Tecnologias Limpas -


Sustentabilidade Ambiental pela UniCesumar, Pós-graduada com especialização em Moda, produto
e comunicação pelo Centro Universitário Metropolitano de Maringá (2018). Bacharel em Moda
pela Unicesumar (2017). Na área profissional atua como Mediador(a) do Ensino à Distância da
Unicesumar, no curso de Tecnologia em Design de Moda.

Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e publicações, acesse
seu currículo disponível no seguinte endereço:

<http://lattes.cnpq.br/2806759904471569>.
apresentação do material

Tecnologia da Confecção
Andressa Jaqueline Gonçalves de Macedo e Natani Aparecida do Bem

Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)!

Este material foi preparado com o objetivo de apresentar e aprofundar os


conhecimentos na indústria do vestuário, abrangendo conceitos e processos
da indústria com o intuito de habilitá-lo(a) na atividade de desenvolvimento/
confecção de um produto de moda.

Com a finalidade de esclarecer diversos assuntos que norteiam a tecnologia da


confecção e aumentar seus conhecimentos técnicos e científicos, nosso livro
didático possui cinco unidades que irão lhe auxiliar no conhecimento acerca do
processo produtivo na indústria do vestuário o que servirá para desenvolver o
olhar crítico sobre o desenvolvimento dos produtos da indústria de confecção.

Para cada unidade, propomos assuntos que te direcionam para isso. Vamos
encarar juntos o desafio de conhecer os aspectos mais técnicos da moda?

A Unidade I, intitulada História da Indústria do Vestuário e sua Evolução, apro-


pria-se da história da evolução das máquinas, seus inventores, os princípios
básicos da tecnologia, sua estrutura e mecanismos. Além disso, mostraremos
os elos da cadeia produtiva da indústria de confecções e, também, qual o papel
da tecnologia na indústria do vestuário.

A Unidade II, intitulada Estudo das Máquinas e Equipamentos do Setor Produtivo,


abordará os maquinários que compõem o setor produtivo do vestuário, veremos
a classificação e análises dos diversos tipos de pontos, linhas e agulhas de cos-
tura e a relação que há entre pontos/agulhas e máquinas, e qual a importância
dos aspectos técnicos para garantir a qualidade da costura.

A Unidade III, Produtividade na Indústria de Confecção, tem como objetivo de


aprendizagem conhecer a estrutura do ciclo de desenvolvimento e produção
do vestuário e sua importância para uma boa gestão do processo produtivo.
Também veremos as etapas da produção de uma peça dentro do setor produtivo
em seus processos até chegar ao produto final, assimilando a importância da
ficha técnica, da normalização e dos processos de etiquetagem de uma peça
durante seu processo produtivo.

A Unidade IV, Automação Industrial: Sistemas CAD/CAM, tem como objetivo de


aprendizagem os aspectos que agilizam a produção e proporcionam praticida-
de na criação e fabricação do produto nas indústrias; quais são os sistemas e
processos que fazem parte deste processo de praticidade voltados ao setor de
modelagem. Além disso, você irá conhecer e entender os métodos de design
que envolvem a prática zero waste. Veremos a fundo, tratando-se de modela-
gem, o setor de corte, para que você conheça os tipos de planejamento de risco,
técnicas e máquinas de corte, assimilando os tipos de enfesto e encaixes com
o tipo de matéria-prima.

A Unidade V, intitulada o Futuro da Indústria do Vestuário, busca assimilar os


aspectos ambientais e sociais que impactam a moda atualmente, compreender
os avanços tecnológicos que impulsionam a indústria de confecção de moda,
entender os sistemas produtivo e de consumo, classificados como fast fashion
e slow fashion, junto à observação da sociedade atual, na qual cada um deles
está inserido. E, por fim, apresentar a impressão 3D, nova tecnologia utilizada
para melhorar a produção de roupas e acessórios.

Este livro tem como objetivo fornecer informações para a sua atuação profissional
como um(a) Designer de Moda, apresentando-lhe informações técnicas e com
base conceitual para que contribua com o seu trabalho dentro da indústria. O
livro foi desenvolvido a partir de um conjunto de informações organizadas em
textos e dados concisos, com o propósito de tornar um conteúdo com bastante
rigor técnico em um estudo prático e dinâmico, para lhe auxiliar durante os
desafios propostos pela profissão.

Com isso, desejamos que você, aluno(a), alcance seu objetivo e tenha sucesso
em sua jornada na busca pelo conhecimento e que possa compreender a im-
portância dos saberes que norteiam a indústria do vestuário. Também deseja-
mos que possa ter sabedoria para empregar, em suas faculdades mentais, os
conhecimentos práticos e teóricos necessários para se tornar um bom cidadão
(ou uma boa cidadã) e profissional na área de moda e, assim, contribuir para
o avanço da sociedade.

Boa leitura!
sum ário

UNIDADE I 94 ETAPAS DA PRODUÇÃO DE UMA PEÇA, MONTA-


HISTÓRIA DA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO E SUA EVO- GEM E ACABAMENTO
LUÇÃO 108 FICHA TÉCNICA, NORMALIZAÇÃO
14 História e Evolução E ETIQUETAGEM
das Máquinas
17 Cadeia UNIDADE IV
Produtiva Têxtil AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL:
18 Figura 3 - Estrutura da cadeia produtiva e de SISTEMAS CAD/CAM
distribuição têxtil e de confecção 134 SISTEMAS CAD/CAM VERSUS
21 Avanços Tecnológicos INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO
na Indústria do Vestuário 142 AUTOMAÇÃO DO
31 Referências On-Line SETOR DE MODELAGEM
147 SALA DE CORTE: ENFESTO,
UNIDADE II
ENCAIXE E RISCO
ESTUDO DAS MÁQUINAS
E EQUIPAMENTOS DO UNIDADE V
SETOR PRODUTIVO O FUTURO DA INDÚSTRIA
38 Tipos e Funções DO VESTUÁRIO
dos Equipamentos 176 DIFICULDADES
42 Características das Máquinas ENCONTRADAS PELO SETOR
de Costura: Aspectos Técnicos 180 RUMO À
51 Classificação dos INDÚSTRIA 4.0
Pontos de Costura 180 A INDÚSTRIA
64 Classificação das DE CONFECÇÃO
Agulhas de Costura 180 DO FUTURO
70 Classificação 186 A Indústria Têxtil
das Linhas e Fios e a Impressão 3D
192 A DUALIDADE DA MODA: Fast Fashion versus
UNIDADE III Slow Fashion
PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA 200 PRODUÇÃO MAIS LIMPA: PROCESSO ZERO WASTE
DE CONFECÇÃO
90 O CICLO PRODUTIVO DA MODA: 219 CONCLUSÃO GERAL
ARRANJO FÍSICO OU LAYOUT
HISTÓRIA DA INDÚSTRIA DO
VESTUÁRIO E SUA EVOLUÇÃO

Prof.ª Esp. Andressa Jaqueline Gonçalves de Macedo


Prof.ª Esp. Natani Aparecida do Bem

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• História e Evolução das Máquinas
• Cadeia Produtiva Têxtil
• Avanços Tecnológicos na Indústria do Vestuário

Objetivos de Aprendizagem
• Compreender quais foram os avanços que influenciaram o
surgimento da máquina de costura.
• Conhecer os elos da cadeia produtiva da indústria de confecções.
• Entender o papel da tecnologia na indústria do vestuário.
unidade

I
INTRODUÇÃO

O
lá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à primeira unidade do
livro da disciplina de Tecnologia da Confecção, em que será
apresentado um breve relato sobre o surgimento dos maqui-
nários e a evolução da indústria do vestuário, que teve início
com a Revolução Industrial na Inglaterra.
Para compreender o surgimento das máquinas, apresentaremos um
levantamento histórico sobre as grandes transformações que ocorreram
entre os séculos XVIII e XIX. Os avanços tecnológicos contribuíram para
o desenvolvimento da humanidade devido à influência da Revolução In-
glesa, sendo que, na segunda metade do século XVIII, surgiram grandes
inventores que revolucionaram a produção na indústria, principalmen-
te nos setores de fiação e da tecelagem de algodão. Nesse processo de
transformação e modernização, a indústria de confecção também foi be-
neficiada, com invenções que possibilitaram o aumento na produção do
produto de confecção, uma delas é a máquina de costura.
Em seguida, iremos abordar as etapas da cadeia produtiva têxtil, res-
ponsável por organizar e gerir todo o processo de produção de um pro-
duto de moda, desde a elaboração da matéria-prima até o produto final,
em que se faz necessário o conhecimento dos elos da cadeia para que o
profissional de moda entenda a complexidade de fabricação e também
a valorização de cada setor, pois o trabalho final só torna-se possível se
houver colaboração de todos os setores que compõem a cadeia.
Caminhando para o fim da unidade, veremos como se deu a evolução
dentro da indústria do vestuário e seus avanços tecnológicos que, a cada
dia, nos surpreendem com o surgimento de novos programas de compu-
tador e maquinários capazes de agregar valor a todo o processo industrial.
Portanto, convido você, caro(a) aluno(a), a compreender a importân-
cia de conhecer todo o processo produtivo de uma indústria de confecção
e, assim, tornar-se um(a) designer completo, de acordo com sua área de
atuação. Boa leitura!
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

História e Evolução
das Máquinas
Durante o século XVIII, na Inglaterra, havia diversas aparelho munido de uma agulha com duas pontas
formas de trabalhos industriais, que eram realizados contendo um orifício no centro. Esse aparelho fazia
de forma artesanal. Porém foi um período marcado pontos parecidos com bordados, chamado de ponto
por grandes avanços tecnológicos nos maquinários e cadeia, porém, não houve êxito com essa invenção.
transportes, fatores que contribuíram para os avan- Trinta e cinco anos depois, em 1790, Thomas
ços dentro e fora da indústria da confecção. Com a Saint inventou uma máquina utilizada para pes-
necessidade de a população se vestir e aumentar a pontar sapatos; mas, assim como Weisenthal, não
produtividade nos processos industriais, surgiram desenvolveu seu invento de forma prática. Outros
os primeiros inventos, como a máquina de costura. inventores, como Scott John Duncan, James Hen-
Em 1755, o alemão Charles Fredrick Weisenthal derson, Josef Madersperger e John Adams, procu-
recebeu o diploma de invenção por ter criado um raram aperfeiçoar o invento e patentearam novas

14
DESIGN

nas de trabalho do século XIX causassem des-


propostas de máquinas, porém as invenções não conforto e revolta em alguns trabalhadores, as
apresentaram bom funcionamento e acabaram sen- mudanças, invenções e melhoramentos das pró-
do esquecidas. Com todos esses fracassos, tornou-se prias máquinas não paravam. Em 1834, Walter
possível perceber que criar algo que substituísse o Hunt inventou a primeira máquina de costura
americana. Seu invento apenas costurava tecidos
trabalho manual da agulha era tão importante para
em linha reta, não fazia ziguezagues, nem vol-
a evolução da técnica que as tentativas não pararam tas ou rendas. Pouco tempo depois, por causa da
diante do fracasso. repercussão dos motins de alfaiates na Europa,
Em 1830, o alfaiate francês Barthélemy Thimon- Hunt desistiu de aprimorar sua invenção e a pa-
nier acabou ganhando o título de inventor da má- tente nunca saiu. Então, a primeira patente para
uma máquina de costura americana foi a de Elias
quina de costura, foi então que ele conseguiu fazer Howe [...] (MONTELEONE, 2012, p. 5).
uma máquina que funcionasse. Contudo, como toda
invenção, a máquina de costura encontrou grandes
oposições; para muitos operários, este surgimento
soou como uma ameaça, muitos ficaram com medo
de perder seus postos de trabalho e se recusaram a
manusear os maquinários.
Alguns funcionários se rebelaram contra o in-
vento a ponto de tentarem destruí-lo. Costureiras e
alfaiates ficaram alarmados, pois acreditavam que o
novo invento iria prejudicá-los, então reuniram uma
multidão de trabalhadores manuais a fim de destruir
a máquina de Thimonnier, mas isso não foi o sufi-
ciente para que seus inventores desistissem de conti-
nuar aperfeiçoando a ideia.
Diante dessa realidade, com o surgimento da má-
quina de costura, não só houve muitas tentativas de
destruição, mas também de aperfeiçoamentos com o
objetivo de conseguir substituir a costura à mão com
um resultado positivo e satisfatório. Historicamente,
nesse período, o universo da confecção passou por
Figura 1 - Elias Howe
diversas transformações, porém nenhum teve tanto
impacto como o invento da máquina de costura. Por muitos anos, Elias Howe trabalhou em um pro-
cesso de cardagem em uma produção local onde
[...] essas novas mudanças decorrentes da intro- morava. Depois que saiu deste trabalho, passou a
dução da máquina de costura produziam uma
trabalhar em uma loja de relógios e cronômetros de
nova cultura de trabalho, uma nova maneira de
se relacionar com o trabalho e um novo tipo de precisão, o que fez com que seu conhecimento em
trabalhador urbano. Ainda que as novas máqui- mecanismos minuciosos despertasse a ideia de apri-

15
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

morar o sistema da máquina de costura, criando o ela pudesse funcionar adequadamente e costurar
sistema de pesponto duplo que, posteriormente, foi materiais mais rígidos, abrangendo outras possibi-
patenteado por ele. lidades de costuras, além de roupas.
Segundo Monteleone (2012, p. 7): Partindo para o Brasil, segundo Monteleone
(2012), há registros históricos de que a primeira má-
o pesponto acabou se tornando praticamente quina de costura teve sua aparição no Rio de Janei-
um sinônimo para costuras feitas na máquina e
ro, em 1868, vinda da empresa fabricante de Isaac
a invenção de Howe baseava-se em quatro pon-
tos principais: uma agulha com “olho” bem na Singer, que possuía máquinas mais modernas e com
ponta, um calcador por onde passava a agulha, melhores aspectos técnicos que as de Howe.
um sistema de bloqueio e direcionamento do
tecido e uma alimentação automática/manual Isaac Singer não foi apenas um adversário das
do sistema inteiro. máquinas de Elias Howe. Singer revolucionou
o mercado ao tentar as máquinas mais baratas
O sistema apresentado na invenção de Howe imita- e mais eficientes. Na verdade, Singer mudou a
va o processo feito à mão, em que a costura era en- ideia de que as máquinas de costura deveriam
trelaçada prendendo dois cortes de tecido pela cos- estar em fábricas. Ele pensou e desenvolveu
tureira. Porém esse processo, até então visto como máquinas baseado numa ideia que vai se espa-
lhar pelo século XIX – a de que as máquinas
simples, era considerado o principal problema que
de costura eram aparelhos para serem usados
levou os outros inventores ao fracasso. em casa ou, no máximo, num pequeno ateliê
Howe pensou de forma diferente para melhorar (MONTELEONE, 2012, p. 9-10).
o processo de costura entrelaçada e, em sua inven-
ção, utilizou uma agulha com um buraco na parte
de baixo, assim

a agulha era presa a uma barra de agulhas, mo-


vimentada para cima e para baixo com um mo-
tor manual. [...] Quando o ponto passava pelo
tecido, ele puxava um pequeno laço da linha
de um lado para outro, um mecanismo abai-
xo do tecido prenderia esse laço e entrelaçaria
com outro pedaço da linha, juntando os tecidos
Figura 2 - Issac Merrit Singer
(MONTELEONE, 2012, p. 8). Fonte: O blog do JF ([2018], on-line)1.

Mesmo com uma invenção tão importante para a


indústria, a máquina de Howe apresentou fracasso Isaac Merrit Singer fabricou a primeira máquina de
nas vendas devido ao seu preço, considerado mui- costura, em 1851, que, anos depois, tornou-se uma
to alto para que um trabalhador pudesse comprar. das maiores franquias de máquinas de costuras.
Com as vendas fracas, acabou vendendo sua patente Apesar do primeiro invento ser um tanto quanto
a William Thomas, na Inglaterra; este seguiu para pesado, Isaac Merrit Singer continuou a aperfei-
Londres e adaptou a máquina de costura para que çoar suas máquinas. Em 1856, foram feitos mode-

16
DESIGN

los mais leves e funcionais, destinados ao uso do- desenvolver, fabricar máquinas e exportá-las para
méstico e, com isso, esse fabricante foi o que mais os demais países. Como todo progresso industrial,
aperfeiçoou e teve êxito com a máquina de costura, a máquina de costura continua sendo indispensável
demonstrando sua funcionalidade, praticidade e para a indústria da moda e confecção, possibilitan-
utilidade. do, assim, o aumento da produção e variedade de
Com o passar dos anos, novas evoluções fo- peças do vestuário e a diminuição do tempo de exe-
ram acontecendo até chegarmos aos maquinários cução. Hoje há uma variedade de máquinas de cos-
existentes na indústria. Outros inventores vieram e tura, cada uma com sua função específica.
enxergaram a necessidade de criar novas máquinas Diante deste contexto histórico apresentado
para diferentes processos, porém, dentre tantos no- resumidamente, torna-se visível que a máquina de
mes/marcas existentes no mercado atual, a marca costura passou a ser considerada indispensável no
Singer sempre esteve à frente e é muito lembrada e dia a dia das pessoas naquele período. A máquina
utilizada nas indústrias, sendo considerada sinôni- ganhou seu espaço com o passar dos séculos, mas
mo de qualidade, funcionalidade e utilidade. com a evolução dos sistemas de fabricação de rou-
Para Godey (1856 apud BIGIO, 2017, on-line)², pas, acabou caindo em desuso. Desta forma, a tra-
a “máquina de costura é, talvez, o instrumento mais dição que era passada de geração em geração, de
abençoado da humanidade”, sendo assim, com a me- confeccionar roupas e ter uma máquina de costura
canização da costura, países europeus começaram a dentro de casa, acabou se perdendo.

Cadeia
Produtiva Têxtil
Com uma indústria em constante crescimento im- trabalhos manuais e, na maioria das vezes, feitos
pulsionado pelas mudanças da Revolução Industrial por um único indivíduo, o que dificultava a produ-
e, principalmente, com o desenvolvimento da má- ção em grande escala. Com o desenvolvimento da
quina a vapor e das máquinas de costura, a indústria indústria têxtil e o aumento da população, houve
têxtil vem se desenvolvendo constantemente desde a a necessidade de criarem novos métodos e, princi-
Revolução Industrial até os dias atuais. palmente, de expandir a cadeia do setor produtivo
Sabemos que, por milhares de anos, os métodos têxtil.
de confecção de produtos do vestuário envolviam

17
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

TÊXTIL E CONFECÇÃO
ESTRUTURA DA CADEIA PRODUTIVA E DE DISTRIBUIÇÃO

Centros de pesquisa e desenvolvimento


*Máquinas e equipamentos

Naturais Malharia Linha lar Exportação


Fibras vegetais Tecidos de Cama, mesa
e pelos malha e banho

Varejo
físico

Co

nsu do
*Fibras e
filamentos Vendas por

mi
catálogo res
Fiação Tecelagem Acabamento Confecção Vestuário
Fios fiados Tecidos Tecidos Tecidos Roupas e
com fibras planos planos e de planos e acessórios
malha de malha
Vendas
eletrônicas

Químicas Aviamentos Técnicos


Fibras/filamentos Fitas, zíperes, linhas de Sacaria, encerados,
artificiais e sintéticos costura, etiquetas etc. fraldas, correias,
automotivos etc.
*Insumos químicos
Escolas técnicas e universidades
* Segmento de fornecedores

Figura 3 - Estrutura da cadeia produtiva e de distribuição têxtil e de confecção


Fonte: Pimentel (2003 apud LINKE, 2017).

Quando falamos de cadeia produtiva têxtil, nos re- malhas (como o algodão ou fibras sintéticas), estam-
ferimos ao setor produtivo têxtil e de confecções, paria, aviamentos (linhas, botões, rendas etc.), além
que é dividido em três categorias: cadeia a mon- de alimentar a atividade do vestuário em diferentes
tante, cadeia principal e cadeia a jusante. Podemos produtos, como: roupas, artigos de malharias, rou-
chamar a cadeia principal de cadeia têxtil, pois ela pas profissionais e produtos para cama, mesa, banho
representa o processo produtivo de tecidos, fios e e decoração (BUARQUE, 2008).

18
DESIGN

• Cadeia produtiva têxtil e de confecções

Cadeia a montante Cadeia principal Cadeia a jusante

Algodão e
fibras Ateliê de
Agricultura moda, design
sintéticas
e costura
Petroquímica
e química Indústria de Serviço
fiação e especializado
Indústria de tecelagem de exportação
aviamentos
Máquinas e Aviamentos Indústria de Serviços de
equipamentos (linhas, botões, confecção e cabideiro
rendas etc.) vestuário
Artesanato de
rendas e
bordados Lavagem e
embalagem
Indústria de
embalagem
Serviços
especializados Transporte e armazenagem
de design
Serviços
técnicos Comércio varejista e
especializados Comercialização e distribuição comércio atacadista

Figura 4 - Cadeia produtiva têxtil e de confecções


Fonte: Buarque (2008, p. 12).

A comercialização e a distribuição tanto no


atacado quanto no varejo são partes comple- sante é formada por profissionais da moda e pelas múl-
mentares fundamentais para a eficiência da ca- tiplas atividades que envolvem o design, a produção do
deia produtiva, distribuindo-se em feiras, lojas vestuário, o marketing, os desfiles e as grifes.
especializadas e mecanismos informais, como Caro(a) aluno(a), após conhecer as diferentes
sacoleiras e camelôs (BUARQUE, 2008, p. 11).
classificações e os setores que contemplam a cadeia
produtiva têxtil e de confecção, talvez tenha sido
A cadeia a montante é formada pela agricultura, respon- complexo entender a sua divisão devido ao mon-
sável por fornecer o algodão para a indústria de fiação tante de setores que ela engloba. Pensando nisso,
e tecelagem; além da agricultura, a indústria petroquí- o fluxograma a seguir apresenta, de forma clara, os
mica oferece os fios sintéticos, que abrange a produção elos da cadeia têxtil, ou seja, as etapas/processos
dos insumos que fazem parte do setor têxtil e produção que um produto de moda passa até chegar às lojas,
de vestuário, que são os insumos, as matérias-primas, englobando a confecção como a última fase a ser
as máquinas e os equipamentos utilizados nas unidades realizada, na qual tem sua estrutura produtiva e de
produtivas da cadeia principal. Por fim, a cadeia a ju- distribuição representadas na Figura 5.

19
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Fibras Fibras Fibras produtiva têxtil é a confecção, ou seja, nesta etapa


naturais artificiais sintéticas
ocorre a conexão com o consumidor (GUTIERREZ,
2006).
Diante do fluxograma e do conteúdo apresenta-
Fiação
do, podemos chegar à conclusão de que a cadeia têx-
til e a de confecções estão interligadas, porém torna-
-se visível a diferença entre elas devido à dinâmica e
às etapas apresentadas na cadeia têxtil. É perceptível
Tecelagem Malharia
que esta acabe influenciada pelo mercado final, que
é seu maior consumidor, a indústria de confecções,
na qual sofre influências das tendências de mercado,
Acabamento influenciando diretamente a base da cadeia, o setor
têxtil.
Desta forma, podemos perceber que a moda de-
Confecção corre de avanços apontados na produção das maté-
rias-primas, principalmente no desenvolvimento de
Figura 5 - Elos da cadeia têxtil
fibras sintéticas, máquinas e equipamentos. Carva-
Fonte: Gutierrez (2006).
lho (2010) aponta que as etapas da cadeia produtiva
O fluxograma apresentado contém as informações possuem características próprias e particularidades,
classificadas da seguinte forma: que em cada etapa resultam na descontinuidade de-
• Fibras naturais: de origem animal e vegetal, las. Isso ocorre devido à existência de diferentes es-
como linho, algodão, seda e lã. calas de produção e níveis tecnológicos das empre-
• Fibras artificiais: obtidas da regeneração da sas que atendem ao setor. Entretanto, faz com que a
celulose natural, como rayon e acetato. eficiência de cada elo da cadeia seja extremamente
• Fibras sintéticas: derivadas de subprodutos importante para a competitividade do setor de con-
do petróleo, como poliéster, nylon e acrílico.
fecção, porque a qualidade final do produto depende
A etapa de fiação transforma as fibras do processo da qualidade obtida em cada etapa do processo.
anterior em fios que serão transformados em tecidos O elo da cadeia têxtil é a indústria da moda/con-
durante o processo de tecelagem, sendo realizado de fecção, em que se concentra a maior utilização de
acordo com as características da fibra e do fio dese- mão-de-obra no processo produtivo, devido a gran-
jado. A etapa seguinte é a tecelagem, em que ocorre de opção de produtos finais oferecidos no mercado
a fabricação do tecido, seja ele plano ou malha. consumidor, o que leva a existir diversas formas de
A próxima etapa, acabamento, consiste em um trabalho dentro da indústria.
conjunto de operações que confere as propriedades Com os avanços tecnológicos, novas tendências
específicas ao produto, como: conforto e durabilida- de padrões produtivos vêm surgindo com base em
de. O tingimento, a estamparia e a lavagem também processos tecnologicamente sofisticados que, por
são processos de acabamento. A etapa final da cadeia sua vez, influenciam no preço e na qualidade do

20
DESIGN

produto, assumindo um papel relevante na com- tam valor, por meio do processo de desverticalização
petitividade industrial, ou seja, na comercialização (CARVALHO, 2010).
e diferenciação de um produto e na divulgação da Diante disso, entende-se que a gestão de uma
marca. Isso faz com que os elos mais intensivos da cadeia produtiva é realizada de forma centralizada,
cadeia acabem voltando-se para países em desenvol- diferentemente da produção, que ocorre de forma
vimento, enquanto os países desenvolvidos conver- fragmentada em prol dos custos e mão-de-obra
gem as atividades nos segmentos que mais acrescen- baixos.

Avanços Tecnológicos
na Indústria do Vestuário
Historicamente, a evolução do vestuário iniciou- Cabe ressaltar que, apesar da busca pelo trabalho do-
-se com a evolução da humanidade. Percebe-se miciliar, as indústrias passaram a produzir em mas-
que esta evolução deu-se à medida que o homem sa com o objetivo de reproduzir roupas em grande
também evoluiu. Assim, a indústria do vestuário quantidade, tanto de modelo quanto de tamanhos.
passou por diversas transformações durante os sé- Dessa forma, após a Revolução Industrial na In-
culos, que também ocorreram no próprio vestuá- glaterra, a indústria do vestuário evoluiu. A partir
rio, em toda sociedade e, principalmente, no meio de então, a manufatura das roupas desenvolveu-se
produtivo: de forma rápida e diversificada devido ao surgi-
mento de maquinários que auxiliavam no processo
No entanto, foi no período entre 1898 a 1910 fabril. A atividade industrial passou a ser realizada
que a indústria do vestuário evoluiu, passando por máquinas que aceleravam a produção e garan-
a produzir em massa, tanto na Inglaterra como tiam a maximização da cadeia produtiva. Com isso,
na América. Da mesma forma, houve um au-
a competitividade aumentou e, consequentemente,
mento do trabalho em domicílio, pois, com as
costureiras domésticas, as pessoas poderiam os consumidores passaram a exigir maior qualidade
achar exclusividade, o que não era possível nas dos produtos, principalmente dos produtos relacio-
fábricas (OLIVEIRA, [2018], on-line)3. nados ao vestuário.

21
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Figura 6 - Tecelagem com tear mecânico em uma fábrica de algodão em Lancashire, Inglaterra (1835)

É possível perceber que a sociedade evoluiu e continua mércio, que, por sua vez, transformou toda a histó-
evoluindo. O surgimento de novas máquinas, equipa- ria. Segundo Ferraz (2007, on-line)4, “nos anos 40,
mentos. E dispositivos, como o tear mecânico, possibi- a produção de roupa barata e atraente estava cada
litou que a indústria têxtil passasse a ter uma produção vez mais ligada ao desenvolvimento de métodos de
em ritmo acelerado, tornando-se competitiva em todo fabricação moderna que envolviam rapidez, estilo,
o mercado têxtil. Para Fujita e Jorente (2015, p. 161): qualidade e preço”.

O século XX inicia com diversos avanços tec-


nológicos que influenciaram todo o mundo. Na REFLITA
primeira década do século, o Brasil passou de
importador para exportador de algodão, já que
as fábricas produziam mais que o mercado in- Você já parou para pensar que, com a indus-
terno consumia. Em 1908, apenas em São Paulo trialização dos artigos do vestuário, a máqui-
foram produzidos 60.714.279 metros de tecido. na de costura, que era comum nas casas de
família, está desaparecendo cada vez mais
Esse processo de industrialização afetou não apenas com o passar dos anos?

a indústria, mas também a economia e todo o co-

22
DESIGN

Podemos afirmar que a indústria passou por trans- O contexto atual da indústria do vestuário no Brasil
formações constantes, sendo que, historicamente, e apresenta um aspecto positivo e, apesar do cenário
por volta de 1950, as empresas estavam em busca de político e econômico que o país atualmente apresen-
técnicas de produção a fim de obter um resultado ta, a indústria têxtil e do vestuário é um dos seto-
satisfatório frente à produção de artigos de moda. res que mais geram empregos. Assim, a qualificação
profissional é fundamental para os profissionais que
SAIBA MAIS atuam nessa área, visto que as mudanças são cons-
tantes e acontecem de forma acelerada.
A partir da década de 50, gestores, construto- Para Prendergast (2015), a inovação na indús-
res de máquinas e consultores realizaram um tria da moda e do vestuário pode vir de qualquer
enorme esforço no sentido de desenvolver coisa, desde a computação, que gera o design de pe-
técnicas que permitiam a produção de uma
maior quantidade de produtos com o mesmo ças em 3D, até o upcycling do vestuário, processo em
número de trabalhadores. Essas técnicas re- que peças do vestuário são reutilizadas nas áreas da
sultaram no aparecimento de novos sistemas moda e design.
de produção, mecanização, métodos, motiva-
ção e controle. A maioria destas técnicas fo-
ram originalmente desenvolvidas nas empre-
sas que fabricam os produtos mais comuns
e padronizados. Porém, nos últimos anos,
estes conceitos estão sendo modificados para
apoiar a produção de artigos de moda.

Fonte: adaptado de Araújo (1996, p. 367).

Figura 7 - Costureira em uma indústria de confecção

23
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

SAIBA MAIS mercial e de todo processo produtivo. Sabemos que


a indústria da moda vive de novidade, do impulso
“Para compreender o presente e avaliar as de compra de um consumidor bem informatizado,
possibilidades futuras, é necessário saber disposto a pagar preço justo e atraente em peças que
ler o passado. Este enunciado vale para a in- possuem atributos que ele valoriza.
dústria do setor têxtil - vestuário, que deve
vivenciar a atual fase crítica com particular É claro que a tecnologia não irá inibir a criati-
atenção aos sinais de mudanças e de inova- vidade de estilistas de criações; pelo contrário, para
ções. É importante saber administrar toda que os designers possam desenvolver novos pro-
fase produtiva na empresa para poder fazer
da organização do trabalho uma arma capaz dutos e executar seu trabalho de forma criativa, é
de vencer competição interna e externa.” fundamental que toda cadeia produtiva esteja em
Fonte: Ognibeni e Textilia ([2018], on-line)5.
constante evolução. Neste cenário, é preciso que os
maquinários estejam atualizados para oferecer uma
solução inovadora e ágil. Portanto, para que a indús-
Nota-se que, atualmente, há uma tendência tecnoló- tria brasileira se torne competitiva, é fundamental
gica: a cada novo produto, gera-se maiores deman- investir em tecnologia. A indústria não veio para
das. Mas qual o impacto que isso pode trazer para a substituir o homem, mas sim, para otimizar o tem-
indústria de confecção? po de produção, aumentar a qualidade e diminuir o
A tecnologia utilizada pela indústria do vestu- custo. É preciso compreender que a tecnologia auxi-
ário é um componente decisivo para o desenvolvi- lia a manter a empresa sustentável, ou seja, vai além
mento das coleções de moda, do departamento co- da lucratividade.

Figura 8 - Compras online por meio de aplicativos

24
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), chegamos ao término da primeira unidade do livro da
disciplina de Tecnologia da Confecção. O objetivo foi auxiliar em sua
trajetória como futuro designer. Conhecer a história e características
das máquinas de costura irá ajudá-lo(a) durante todo o processo de
desenvolvimento de um produto de moda. Saiba que um criador começa a con-
cretizar sua carreira por meio da busca completa do conhecimento, sendo que
a confecção de uma peça do vestuário requer uma variedade de técnicas, como,
por exemplo, entender como se costura uma peça. Esse fator é essencial para um
designer de moda que deseja alcançar o sucesso pessoal e profissional.
Estudamos, nesta unidade, a criação da máquina de costura, sua evolução,
seus principais inventores e objetivos. Muitas tentativas foram realizadas antes de
se concretizar um modelo que atendesse às necessidades das indústrias. Assim,
observamos que os desafios enfrentados pelos criadores durante todo o processo
foram muitos, porém não impediram que o maquinário fosse concretizado.
Desde então, o trabalho de costura mecanizada evoluiu e vem melhorando
dia a dia, cada fabricante com suas peculiaridades, mas com o mesmo objetivo:
introduzir no mercado maquinários capazes de atingir às expectativas de seus
consumidores de maneira útil e prática.
Vimos também as características do setor produtivo têxtil, como é feita a di-
visão da cadeia produtiva, quais são os setores que a compõem e algumas parti-
cularidades, dados importantes para um designer de moda, pois ao desenvolver
um produto, é importante para o designer que ele conheça como funciona o elo
produtivo da indústria têxtil/confecção a fim de atender ao mercado final.
Dessa forma, ter como base esse conhecimento sobre a história e a evolução
da indústria têxtil e, principalmente, conhecer as características e funcionalida-
des do setor produtivo, irão contribuir na sua trajetória acadêmica e profissional,
mesmo porque, para criar moda, é necessário entender como ela se constrói.

25
atividades de estudo

1. Com o surgimento da máquina de costura, o processo produtivo passou por diver-


sas transformações, e como toda invenção, a máquina de costura encontrou gran-
des desafios. Em se tratando desses desafios, leia as afirmativas a seguir:
I. Para muitos operários, o surgimento das máquinas de costura soou como ameaça,
porém, apoiaram os inventores, já que seriam beneficiados pelo maquinário.
II. Para muitos operários, o surgimento das máquinas soou como uma ameaça, muitos
ficaram com medo de perder seus postos de trabalho.
III. Costureiras e alfaiates se alarmaram, acreditando que o invento iria prejudicá-los, en-
tão reuniram uma multidão de trabalhadores manuais a fim de destruir a máquina.
IV. Após tantos desafios e perseguições, o inventor Thimonnier desistiu de continuar
aperfeiçoando o invento.

É correto o que se afirma em:


a. I e II, apenas.
b. II e III, apenas.
c. I, apenas.
d. II, III e IV, apenas.
e. I, II, III e IV.

2. A evolução da indústria do vestuário ocorreu a partir do momento em que a huma-


nidade também evoluiu. Em se tratando apenas do vestuário, descreva quais foram
as transformações que ocorreram após a Revolução na Inglaterra.
3. Para Prendergast (2015), a inovação na indústria da moda e do vestuário pode vir
de qualquer coisa. Considerando os diversos meios e equipamentos tecnológicos,
quais são essas coisas? Leia as afirmativas a seguir:
I. Impressora 3D.
II. Body scanner.
III. Malhas.
IV. Moldes de papel.

É correto o que se afirma em:


a. I e II, apenas.
b. II e III, apenas.
c. I, apenas.
d. II, III e IV, apenas.
e. I, II, III e IV.

26
atividades de estudo

4. Estudamos em nossa unidade que, por milhares de anos, os métodos de confecção


dos produtos do vestuário envolviam o trabalho manual, mas, com o desenvolvi-
mento da indústria têxtil e com o aumento da população, houve a necessidade de
criar novos métodos, resultando na expansão da cadeia têxtil. Considerando o co-
nhecimento adquirido, leia as afirmativas a seguir:
I. Cadeia a montante.
II. Cadeia têxtil.
III. Cadeira principal.
IV. Cadeia industrial.
V. Cadeia a jusante.

É correto o que se afirma em:


a. I e V, apenas.
b. II e III, apenas.
c. IV, apenas.
d. I, III e V, apenas.
e. I, II, III, IV e V.

5. Considerando que a cadeia produtiva têxtil é dividida em três categorias – a cadeia a


montante, a cadeia principal e a cadeia a jusante – e dentro destas divisões existem
vários setores responsáveis pela confecção e montagem de um produto de moda,
descreva cada uma das três divisões da cadeia têxtil.

27
LEITURA
COMPLEMENTAR

HISTÓRIA DA MÁQUINA DE COSTURA: INOVAÇÃO E POLÊMICA

Você conhece a história da máquina de costura? Antes do seu surgimento o processo de


unir os tecidos era feito inteiramente de forma manual e podia levar muito tempo (dias
ou meses em finalizações sofisticadas) para ser executado e envolvia diversas costureiras.
Alternativas a fim de solucionar essas questões começaram a ser pensadas com o objetivo
de aumentar a produção.
O “início” da história da máquina de costura remonta ao ano de 1775, quando foi feita a pri-
meira patente que fazia referência a uma máquina de costura, porém o projeto nunca foi
encontrado e pouco se sabe se chegou de fato a existir. Nessa época, a Revolução Industrial
começou a ganhar corpo e novos equipamentos surgiram para atender à demanda, como
máquinas que fabricavam tecidos, logo, começou a corrida por um sistema que agilizasse o
processo de costura a fim de evoluir a técnica e o comércio de roupas e tecidos.
Ao longo da história da máquina de costura muitos outros projetos surgiram, mas foi ape-
nas em 1830 que o alfaiate francês Barthelemy Thimonnier patenteou uma máquina que
funcionasse. A criação desagradou costureiras e alfaiates da época, que fizeram motim e
quebraram a máquina. Barthelemy ganhou prêmios em feiras e exposições, porém morreu
como alfaiate e na pobreza. Foi apenas quatro anos mais tarde que o americano Walter
Hunt fez uma máquina de costura que funcionasse, porém não fez patente devido ao medo
da repercussão negativa junto aos profissionais da costura. Hunt desistiu de aprimorar o
invento que apenas costurava em linha reta, sem curvas, zigue-zagues, voltas ou rendas.
A Revolução Industrial trouxe diversas mudanças ao cotidiano das pessoas, especialmente
quanto ao tempo de trabalho, medido por relógio ou pelo tempo do trabalho nas máqui-
nas. Nesta época, ainda surgiram novos equipamentos, como o do americano Elias Howe,
que criou e patenteou um sistema de costura de pesponto duplo. A criação era baseada em
quatro pontos principais: agulha com “olho” na ponta, calcador pelo qual passava a agulha,
sistema de bloqueio e direcionamento do tecido e alimentação do sistema. O sistema pos-
suía algumas limitações e era muito simples.
A corrida para desenvolver a máquina de costura levou muitas pessoas a desenvolverem
esses equipamentos. Para usufruir da patente do maquinário, Howe entrou na justiça para
receber direitos pela sua invenção contra outros fabricantes, como Issac Singer. Howe
venceu alguns anos mais tarde e montou uma fábrica de máquinas de costura em Nova
York. O equipamento virou sinônimo de equipamentos bem fabricados e foram exportados
para todo o mundo, porém a empresa começou a declinar com a morte de Howe, em 1867,
mesmo ano em que sua patente caiu por terra.

28
LEITURA
COMPLEMENTAR

A máquina de Howe perdeu espaço para os equipamentos de Isaac Singer, que possuíam
melhores propagandas e assistência técnica às máquinas. Singer revolucionou o mercado
com equipamentos mais baratos e eficientes, ele ainda mudou a ideia de que esses pro-
dutos deveriam estar apenas em fábricas e começou a vender para o consumidor final.
Inovou também ao parcelar o pagamento, que deveria ser mensal.
Com o passar dos anos, diversos inventores aprimoraram o processo e cada um deles fazia
uma patente do seu aperfeiçoamento e recebiam um número. Os fabricantes conheciam
as alterações dos outros e aperfeiçoavam seus equipamentos. Essa situação gerou uma
guerra nos tribunais, onde cada empresário brigava pelo direito de produzir sua própria
invenção.
Logo as novas máquinas começaram a chegar ao Brasil. Em 1858, a Singer montou a pri-
meira loja de máquinas de costura em território brasileiro. Logo depois, muitos empre-
sários anunciaram e trouxeram máquinas de costura para o Brasil, como o sr. Murbert
Dutton, Madame Besse e Companhia, que vendia as marcas Wheeler & Wilson’s, além
de Nathaniel Wheeler e Allen B. Wilson.
Depois de anos de batalha judicial, os principais produtores de máquinas de costura dos
Estados Unidos, como Singer, Wheeler & Wilson, Grover & Baker, entre outros, se uniram
em cartel a fim de manipular a fabricação desses equipamentos. No acordo, a cada má-
quina fabricada, os participantes deveriam pagar aos integrantes do grupo o equivalente a
duas semanas de trabalho de um colaborador da fábrica, cerca de US$ 15. Apesar de acu-
sadas de monopólio pela imprensa, o cartel durou de 1856 a 1877, com a aprovação pelo
Congresso americano da lei que quebrava o monopólio do cartel.
O valor de comercialização do equipamento reduziu. Em 1880, o crescimento da Singer foi
tão significativo que a marca controlava cerca de 75% do mercado.
A história da máquina de costura mostra que o equipamento demorou para se destacar
no mercado quando foi lançado devido à dificuldade de costura e às diferentes falhas. Mas
no período em que o cartel foi dissolvido, a realidade era diferente, pois a aquisição de
uma máquina de costura era um bom negócio para famílias abastadas e pequenos ateliês
de costura. Importante destacar que, diferentemente do que aconteceu com Barthelemy
Thimonnier, a “democratização” do equipamento fez com que alfaiates e costureiras vis-
sem-na como forma de aumentar o lucro ao invés de serem substituídos.

Fonte: adaptado de Audaces Automação ([2018], on-line)6.

29
material complementar

Indicação para Ler

O grande livro da costura: o livro definitivo de materiais e técnicas


para confeccionar itens de vestuário e decoração
Alison Smith
Editora: Publifolha
Sinopse: O Grande Livro da Costura abrange assuntos relacionados aos proces-
sos produtivos de uma peça do vestuário, auxiliando da criação à confecção do
produto. O livro reúne inúmeras técnicas de costura e modelagem, além de pro-
jetos, materiais, maquinários e imagens que auxiliam no processo de montagem
de pregas, bolsos, mangas, entre outros. É voltado a estudantes de moda ou a
profissionais da costura que tenham como objetivo aprimorar seus conhecimen-
tos e técnicas.

30
referências

ARAÚJO, M. Tecnologia do Vestuário. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.


BUARQUE, S. (Coord.). Cadeia Produtiva têxtil e de confecções. Cenários econômicos e estudos
setoriais. Recife: Sebrae, 2008.
CARVALHO, P. S. A importância da Indústria da Moda para a Produção Têxtil. 2010. 48 f.
Monografia (Economia) – Departamento de Economia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2010.
FUJITA, R. M. L.; JORENTE, M. J. A indústria têxtil no brasil: uma perspectiva histórica e cultural.
Moda palavra e-Periódico, Santa Catarina, v. 8, n. 15, p. 153-174, jan./jul. 2015.
GUTIERREZ, P. L. Aprender a empreender: Têxtil e confecção. Brasília: Sebrae, 2006.
LINKE, P. P. Materiais Têxteis. Maringá: Unicesumar, 2017.
MONTELEONE, J. A história das máquinas de costura: um anúncio brasileiro vende uma máquina
de costura americana. In: CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE HISTÓRIA - ENCONTRO DE
PÓS GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ECONÔMICA. 4., 2012. São Paulo. Anais... São Paulo: USP,
2012. Disponível em: <http://cihe.fflch.usp.br/sites/cihe.fflch.usp.br/files/Joana%20Monteleone_0.
pdf>. Acesso em: 26 set. 2018.
PRENDERGAST, J. Técnicas de costura: uma introdução às habilidades de confecção no âmago do
processo criativo. Tradução de Michele Augusto. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.
SMITH, A. O grande livro da costura: material, técnicas, moldes, projetos. Tradução de Rosemarie
Ziegelmaier. São Paulo: Publifolha, 2013.

Referências On-Line
1
Em: <http://oblogdojf.blogspot.com.br/2016/08/a-invencao-da-maquina-de-costura.html>.
Acesso em: 26 set. 2018.
2
Em: <http://www.pucsp.br/maturidades/curiosidades/curiosidades_ed63.html>. Acesso em: 26
set. 2018.
3
Em: https://www.cpt.com.br/cursos-confeccaoderoupas/artigos/a-historia-do-vestuario-os-cos-
tumes-de-cada-epoca. Acesso em: 26 set. 2018.
4
Em: <http://www.fashionbubbles.com/historia-da-moda/revolucao-industrial-e-a-industrializa-
cao-do-vestuario-onde-a-funcao-encontrou-a-moda/>. Acesso em: 26 set. 2018.
5
Em: <http://www.textilia.net/materias/ler/moda/moda-vestuario--mercado/giuseppe_ognibe-
ni__mostra_a_evolucao_da_industria_do_vestuario>. Acesso em: 26 set. 2018.
6
Em: <https://www.audaces.com/historia-da-maquina-de-costura-inovacao-e-polemica/>. Acesso
em: 26 set. 2018.

31
gabarito

1. B.
2. Após a Revolução Industrial, ocorreram diversas transformações em di-
versos setores. Na indústria do vestuário, uma das maiores transforma-
ções ocorreu no processo produtivo com o surgimento dos maquinários
e houve, a partir de então, um aumento na produção de confecção de
moda.
3. A.
4. D.
5. Cadeia têxtil: representa o processo produtivo de tecidos, fios, malhas,
estamparia e aviamentos e alimenta a atividade do vestuário em diferen-
tes produtos, como: roupas, artigos de malharias, roupas profissionais e
produtos para cama, mesa, banho e decoração.
Cadeia a montante: é formada pela agricultura e pela indústria petroquí-
mica, ambas oferecem os fios têxteis e abrangem a produção dos insu-
mos que fazem parte do setor têxtil e da produção de vestuário, que são
os insumos, as matérias-primas, as máquinas e os equipamentos utiliza-
dos nas unidades produtivas da cadeia principal.
Cadeia a jusante: é formada por profissionais da moda e pelas múltiplas
atividades que envolvem o design, a produção do vestuário, o marketing,
os desfiles e as grifes.

32
UNIDADE
II
ESTUDO DAS MÁQUINAS
E EQUIPAMENTOS DO
SETOR PRODUTIVO

Profª. Esp. Andressa Jaqueline Gonçalves de Macedo


Profª. Esp. Natani Aparecida do Bem

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Tipos e Funções dos Equipamentos
• Características das Máquinas de Costura: Aspectos Técnicos
• Classificação dos Pontos de Costura
• Classificação das Agulhas de Costura
• Classificação das Linhas e Fios

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os maquinários que compõem o universo da indústria do
vestuário.
• Aprender a importância da regulagem dos aspectos técnicos para
garantir a qualidade da costura.
• Conhecer os tipos de pontos de costura e suas aplicações.
• Conhecer os tipos de agulhas e suas utilidades.
• Compreender a relação das linhas e fios com a máquina de costura
e a matéria-prima.
unidade

II
INTRODUÇÃO

O
lá, caro(a) aluno(a)! Seja bem-vindo(a) à Unidade II do ma-
terial didático. Aqui, será possível obter conhecimento de
alguns dos equipamentos mais utilizados na indústria de
confecções, os diversos tipos de pontos de costura e suas apli-
cações, os tipos de agulha de costura e as classificações de fios e linhas.
Uma empresa de confecção possui diversos tipos de equipamen-
tos em sua linha de produção, em que há uma variedade de máquinas
de costura designadas para desenvolver uma tarefa específica. Sendo
assim, as características que permeiam os diversos tipos de ponto de
costura, obtidos por meio de diferentes maquinários, refletem na ne-
cessidade de se obter conhecimento a respeito de como, quando e onde
serão aplicados cada ponto.
Vimos que uma máquina de costura é composta por diversos aces-
sórios, sendo a agulha um dos principais e parte essencial para o seu
funcionamento. Nesta unidade, serão apresentadas as características
de uma agulha para máquinas de costura industrial. Abordaremos os
tipos de pontas, canaletas, nomenclaturas e códigos segundo as nor-
mas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), pois cada
máquina, tecido e linha exige um tipo específico de agulha.
Contudo, durante o processo produtivo, encontraremos desafios
referentes à regulagem das máquinas, a adequação das linhas e agu-
lhas ao maquinário, a matéria-prima e, principalmente, a qualidade
dos pontos de costura. Para obter um resultado satisfatório, a equipe
responsável pela produção das peças deve estar atenta aos detalhes e à
manutenção dos maquinários e, se necessário, adequá-los ao tipo de
proposta de cada designer.
O mercado de trabalho busca profissionais criativos e com visão
estratégica, capaz de solucionar problemas. Sendo assim, é nosso dese-
jo que você desfrute de todo o conhecimento técnico e científico sobre
todos os processos que envolvem a indústria do vestuário. Boa leitura!
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Tipos e Funções
dos Equipamentos
O setor têxtil de confecção, como vimos na Uni- às especificidades da matéria-prima, assim como a
dade I, é dividido em vários setores que compõem definição das linhas e agulhas a serem utilizadas.
a cadeia têxtil e fazem parte do setor produtivo de Não há diferenças consideráveis nos equipamen-
um produto do vestuário. Neste tópico, veremos tos de um tipo de produção para outra, eles são pra-
alguns dos equipamentos que fazem parte deste se- ticamente os mesmos, apresentam apenas mudanças
tor, especificamente voltados para o segmento de no sistema de acabamento e nos acessórios coloca-
confecção. dos neles. Portanto, a definição do maquinário a ser
Este segmento tem muitas variações nos tipos usado depende do segmento o qual está sendo tra-
de maquinário devido aos diferentes tipos de peças balhado. No quadro a seguir, serão apresentadas as
que podem ser produzidas, como exemplo, peças máquinas e equipamentos mais utilizados na con-
em malha, couro, tecido plano e jeans, em que cada fecção de um produto do vestuário, bem como uma
tipo de artigo requer um equipamento que atenda breve descrição de suas funções.

38
DESIGN

Quadro 1 - Máquinas e equipamentos utilizados na indústria de confecção

MÁQUINA FUNÇÃO
Galoneira Utilizada para fazer acabamento em artigos de malha de qual-
quer segmento, é muito utilizada na fabricação de lingerie.

Overloque Utilizada para dar acabamento em peças feitas em tecido


plano para evitar que desfie, também utilizada na costura de
peças em malha.

Interloque Utilizada para agilizar os processos de confecção, pois, com


essa máquina, é possível obter o ponto da máquina reta e o
ponto da overloque ao mesmo tempo.

Reta Utilizada para a confecção da maioria das peças do vestuá-


industrial rio, desde a confecção de peças com artigos mais leves, até
os mais pesados, como couro, jeans e lona. Além de costu-
rar reto e ter a função de unir as partes de uma peça, essa
máquina possui variedade de acessórios, que lhe permite a
função de colocar viés, vivo, elástico e zíper nas peças.

Pespontadeira Utilizada para fazer pesponto duplo ou triplo em artigos jeans


ou duas agulhas e em outros tecidos com a mesma característica.

Zig zag Utilizada em artigos de malha, também destinada à fase de


acabamentos. Seu uso comum é no segmento de lingerie
e moda íntima masculina, inclusive é utilizada para colocar
elástico.

Botoneira Há dois tipos de máquinas que pregam botões, uma trabalha


com peças jeans, pregando ilhoses e botões de latão, cuja
máquina possui uma espécie de braço em que a peça é en-
caixada para receber o botão/ilhós. O outro modelo costura o
botão à peça, ou seja, ela pregueia botões de massa, normal-
mente de dois ou quatro furos.
Caseadeira Utilizada para fazer a abertura destinada para passagem e
encaixe do botão na peça, ou seja, a “casa do botão”.

39
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

MÁQUINA FUNÇÃO
Travete Utilizada para fazer a costura de reforço, tem o aspecto de
um ponto de bordado ou retrocesso. É usada para reforçar
pontos específicos de uma peça onde há maior desgaste,
como bolsos, passantes, laterais e zíperes.

Ferro industrial (a Aquecido pelas caldeiras (com água quente), é utilizado para
vapor) passar as peças na fase da passadoria.

Mesa de passar Utilizada para apoiar as peças de roupa enquanto são passa-
roupas das, geralmente de madeira ou ferro, tem seu tampo revesti-
do por tecidos, ou materiais que não “derretem” com o calor
excessivo.

Mesa de corte Mesa ampla onde é feito o enfesto do tecido e, posteriormen-


te, o corte da peça.

Tesoura de arre- Conhecida popularmente como “tique”, é uma tesoura uti-


mate lizada no processo de limpeza da peça, em que a tesoura é
usada para fazer o corte das linhas em excesso oriundas da
costura.

Fonte: as autoras.

40
DESIGN

São inúmeros os equipamentos utilizados na in-


dústria de confecções, os apresentados são apenas
algumas das máquinas/equipamentos comumente
vistos na maioria das empresas por serem consi-
derados essenciais. Além dessas características
introdutórias apresentadas, é importante que você
entenda qual tipo de maquinário é indicado para
determinado tipo de matéria-prima e produto que
será será confeccionado. A seguir, foram elencados
alguns dos segmentos/artigos têxteis principais ou
mais vistos em uma produção ou nas empresas de
modo geral.
• Máquinas para Tecido Plano: máquina reta;
máquina de duas agulhas; de três fios; de cin-
co fios; de pesponto base plana; de pesponto
braço; de elástico; de cós; passante; travete e
a de caseado de olho.
• Máquinas para Linha Praia: a reta; de
três fios leve; colarete cilíndrica com
catraca e a três pontinhos. Caso
trabalhe com tecido de malha e
elastano, tecidos que possuem
elasticidade, são necessárias as
máquinas overloque com três
agulhas, galoneira e máquina de
corte.
• Máquinas para Camisaria So-
cial: a reta; de duas agulhas;
pesponto de braço; caseadeira
reta; botoneira; de cinco fios e
a de três fios.
• Máquinas para Camisa de Ma-
lha: a reta; colarete; de três fios e
a caseadeira reta (CHAMOUN,
[2018], on-line)1.

41
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Características das Máquinas


de Costura: Aspectos Técnicos
Um dos principais avanços das máquinas de costu- tipo de alimentação; no entanto, todas as máquinas
ra resultou na eletricidade como força motriz. Após de costura possuem mecanismo para formar pontos,
anos de estudos, a velocidade, que antes era operada mas nem todas possuem mecanismo de alimentação.
pelos pedais que giravam os volantes, hoje é propor- Dessa forma, o conhecimento das máquinas ser-
cionada pela pressão do pé do operador, que também viu de apoio ao setor de desenvolvimento durante
garante o aumento da produtividade nas indústrias. todo o processo criativo para garantir o sucesso e
Para o bom desempenho, é importante entender o retorno esperados das peças que futuramente se-
e classificar quais são os tipos de máquinas para, as- rão confeccionadas. A seguir, você, caro(a) aluno(a),
sim, selecionar a máquina adequada para desempe- conhecerá quais são as características das principais
nhar o tipo de costura desejada. Uma máquina de máquinas de costura utilizadas em um setor produ-
costura é classificada conforme sua base, ponto ou tivo de confecção.

42
DESIGN

Figura 1 - Máquina reta


Fonte: as autoras.

MÁQUINA RETA

A máquina reta aplica-se a acabamentos internos Nomenclatura da máquina reta:


e externos, além de pespontos em tecidos planos e 1. Cabeçote: parte superior da máquina com-
malhas. Sua estrutura contém os mecanismos com- posta de várias peças que trabalham em con-
postos por: braço, corpo, cabeça e base. Algumas junto.
máquinas possuem estruturas alteradas, como as 2. Porta fio: serve para colocar os cones de linhas.
máquinas monoblocos, ou seja, não possuem braço 3. Volante: serve para movimentar a agulha se
ou cabeça como a overloque. a máquina estiver parada. Observação: o vo-
lante gira no sentido horário.
4. Mesa: parte que suporta o cabeçote.
5. Interruptor: uma alavanca ou botão que ser-
ve para ligar e desligar o motor.
6. Motor: equipamento de rotação elétrico, pos-
sui embreagem acoplada que serve para dar
início ao funcionamento da máquina.
7. Joelheira: serve para movimentar o calcador.
Pressionando com o joelho e levantando o cal-
cador, é possível inserir o material têxtil para ini-
ciar a costura, além de soltar a tensão da linha.
8. Pedal: parte da máquina ligada ao motor por
Figura 2 - Máquina de costura reta de ponto fixo
meio de uma barra. Controla a velocidade e
Fonte: as autoras. serve para colocar a máquina em movimento.

43
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

• Chapa de agulha: material metálico que


Uma máquina reta possui ponto fixo formado por
sustenta o tecido que está sendo costurado,
duas linhas, uma situada na parte superior, e outra, possui um orifício para passagem da agulha.
na parte inferior. Há um conjunto de peças que con- Além da chapa fixa, a máquina reta possui
trola uma máquina de costura, além de diversos me- uma chapa móvel metálica que serve para vi-
canismos, como: sualizar a caixa de bobina.
• Calcador: peça que segura o material durante a
costura enquanto a agulha perfura o material.

Figura 3 – Calcador simples


Figura 5 - Chapa da agulha com marcação

• Agulha: acessório de espessura cilíndrica que


possui diferentes características, feita de aço • Visor de óleo: peça de acrílico transparente,
temperado e cromado, serve para conduzir a permite ao operador verificar o sistema de
linha superior e a linha inferior de um lado lubrificação.
para o outro do material a ser costurado, for-
mando o ponto.

MÁQUINA OVERLOQUE

A overloque é uma máquina que forma ponto cor-


rente, no qual as linhas são entrelaçadas por meio de
agulha e loopers. Manusear essa máquina exige aten-
ção, já que ela trabalha com dois ou três fios, além
de possuir diversos mecanismos, requerendo aten-
ção maior por parte do operador. Esse modelo de
máquina faz acabamentos por meio da junção das
partes do material, evitando que ele desfie.
Figura 4 – Agulha para máquina industrial

44
DESIGN

Figura 6 - Máquina overloque


Fonte: as autoras.

SAIBA MAIS • Pedal maior: serve para colocar a máquina


em movimento e controlar sua velocidade,
basta apenas pressionar levemente o pedal
O looper é uma das agulhas internas que faz a
para frente.
composição do ponto a ser costurado no tecido.
• Pedal menor: sua função é levantar o calcador.
Fonte: as autoras.
• Calha de resíduos: serve para conduzir os re-
síduos até um cesto coletor.

• Cabeçote: parte superior da máquina consti-


tuída por várias peças.
• Porta fio: serve para colocar cones de linhas. REFLITA
• Volante: serve para movimentar a agulha.
• Mesa: parte onde o cabeçote está acoplado.
Um profissional da área de moda, além de
• Interruptor: serve para ligar e desligar a má- criativo, necessita ter habilidades e técnicas
quina por meio de um botão ou alavanca. que só irá adquirir dedicando-se aos estudos
• Motor: equipamento elétrico de rotação, que e ao aperfeiçoamento das técnicas de costura,
dentre outros processos industriais.
possui uma embreagem acoplada. A embrea-
gem pode ser simples ou eletromagnética.

45
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

A máquina overloque é ideal para dar acabamen- É preciso saber o acabamento a ser realizado na peça
tos, ela possui agulhas e uma lâmina que remove o que será confeccionada para saber qual o modelo de
excesso do tecido. Muitas vezes, a máquina reta e a máquina a ser utilizado. Existe overloque que pos-
máquina overloque irão trabalhar juntas para dar sui dois, três ou quatro fios, conforme Prendergast
acabamento ao trabalho de uma peça. Assim como (2015, p. 14), e é de suma importância saber qual
as demais máquinas, a overloque possui acessórios máquina será usada, já que cada uma será utilizada
fundamentais para seu funcionamento: para tecidos diferentes:
• Facas: possui dois tipos de facas; a superior, • Overloque três fios: usada em tecidos mais
que serve para eliminar o excesso de tecido firmes com tendência a desfiar.
durante a costura; a faca inferior que, junta- • Overloque quatro fios: permite que o fio esti-
mente com a chapa e a agulha, possibilita um que junto com o tecido jérsei ou malha.
chuleado mais estreito ou largo.
Prendergast (2015) explica que há grande variedade de
• Chapa de agulha: é uma chapa metálica com
uma abertura para, passagem da agulha e do máquinas industriais de costura disponíveis, sendo que
transportador. as máquinas retas podem variar conforme seus fabrican-
• Calcador: responsável por firmar o material a tes, porém todas elas desempenham a mesma função.
ser trabalhado.
• Agulha: essa máquina requer uma agulha que MÁQUINA GALONEIRA
consiga laçar a linha para que a lançadeira
consiga formar o ponto. A galoneira é uma máquina conhecida por realizar
ponto corrente. Ela possui cinco linhas para formar
o ponto de costura, três linhas superiores da agulha
SAIBA MAIS
e duas linhas inferiores do looper. Além dessas cinco
linhas, é possível realizar trabalhos como trançador
Chuleado é um tipo de ponto de costura feito por meio de uma sexta linha. Essa máquina é res-
pela máquina overloque. ponsável por realizar acabamentos como bainhas,
Lançadeira é uma das agulhas que faz parte da
máquina overloque. especialmente em tecidos como malha, além de apli-
O fio auxilia na formação do chuleado, geral- cações de viés, debrum e elástico.
mente, uma máquina overloque é composta Com a generalização da costura, hoje é possível
por três a quatro fios, além da linha de costura.
encontrar diversos tipos de máquinas, tanto para o
Fonte: as autoras. uso fabril como uso doméstico, inclusive máquinas
galoneiras com refilador.

46
DESIGN

Figura 7 - Máquina
galoneira
Fonte: as autoras.

O conteúdo proposto nesta unidade está focado pressão que é determinada pela afinação da barra do
nas máquinas com uso mais frequente dentro da calcador à qual ele se encontra fixado, e que garan-
indústria, portanto, sugiro que você faça uma pes- tirá que a costura aconteça com firmeza, sem que o
quisa acerca das características de cada maquinário tecido se mova na medida que a agulha sobe e desce.
a fim de entender e conhecer as especificações, as Esse procedimento feito pelo calcador propor-
peças, os componentes e o uso detalhado de cada ciona a formação correta da laçada da agulha, per-
uma delas. mitindo que ocorra a pressão adequada do material
sobre o arrastador para que ele se mova para frente à
CALCADORES E ACESSÓRIOS medida que o arrastador avança.
Diante de diversos tipos de acabamentos, ma-
Para realizar a costura de uma peça, é necessário teriais e processos existentes no setor da confecção,
utilizar elementos que alimentem o tecido nas má- existe uma gama de calcadores para diferentes má-
quinas de costuras; independentemente de qual má- quinas a fim de atender cada especificidade no mo-
quina for, é necessária a presença dos calcadores. mento da costura. Veremos, a seguir, alguns tipos de
O calcador é um elemento que fica sobre o tecido calcadores mais utilizados na confecção de artigos
quando ele está sendo costurado, exercendo uma do vestuário.

47
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Quadro 2 - Tipos de calcadores

Calcador É articulado entre o pé e a peça de fixação, que


tradicional de pé permite levantar a frente e deslizar suavemen-
articulado te por cima e em diferentes espessuras de
tecido e costuras. O mais utilizado é o calcador
original da máquina.

Calcador Usado para pespontos em costuras de borda


compensador de espessuras variadas, podendo ser de com-
pensação esquerda ou direita.

Calcador É feito em plástico e possui um coeficiente de


de teflon atrito muito baixo. Usado na costura de teci-
dos que tendem a “colar” debaixo do calcador,
como alguns sintéticos e tecidos revestidos
com espuma por baixo.

Calcador Alimenta a fita por meio de uma ranhura de


com guia de fita largura apropriada, situada em frente ao orifí-
cio da agulha, à direita ou à esquerda. Usado
para o transporte de fita ou elástico, dando
uma distância uniforme da borda à costura.

48
DESIGN

Calcador Produz uma bainha uniforme de acordo com a


embainhador largura para a qual o pé foi fabricado. A largura
pode variar entre 1,5 e 6 mm. Usado em bar-
ras e bainhas curvas de camisas.

Fonte: Britto e Diniz ([2018], on-line)2.

Calcador com Feito com um acessório acoplado a ele que


guia regulável permite regular a distância que deseja cos-
turar. Orienta e ajuda o operador a manter a
mesma margem (distância) no tecido durante
a costura. Também é conhecido como guia
acolchoador ou guia lateral.

Calcador Utilizado em máquinas de pregar botões, em


de fixação que também recebe a função de segurar o
botão durante a operação.

Fonte: as autoras.

Calcador Apresenta um aspecto mais fino, se compa-


de pregar zíper rado ao tradicional, e pode conter apenas um
dos lados, ou ser provido de furos nas laterais.

49
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Calcador Apresenta dois canais em sua base que possi-


de zíper invisível bilitam a fixação do zíper invisível.

Fonte: adaptado de Araújo (1996).

Além dos calcadores, outros acessórios, como o apare-


lho de viés, são acrescentados às máquinas de costura
para conferir alguns tipos de acabamentos/costuras.
O aparelho de viés ou dobrador é um aparelho
que é encaixado na máquina, que faz a dobra do
tecido durante a costura. Tem aplicação em várias Figura 10 - Aparelho para overloque para pregar viés
larguras e pode ser utilizado em diversas operações, Fonte: as autoras.

como: alças, viés, acabamentos de toalhas, gola de


camisetas e outros.

Figura 11 - Aparelho para galoneira fechado


para aplicar viés com uma dobra de 3 cm.
Figura 8 - Aparelho para elástico mexicano com tensor, Fonte: as autoras.
empregado em máquina galoneira
Fonte: Oliveira ([2018], on-line)3.

Figura 9 - Aparelho de uma dobra com elástico


embutido, usado em máquina galoneira Figura 12 - Aparelho para galoneira aberta e fechada para pregar galão
Fonte: Oliveira ([2018], on-line)3. Fonte: as autoras.

50
DESIGN

Classificação dos
Pontos de Costura
SAIBA MAIS
O ponto de costura é o resultado de repetidas passa-
gens da linha e agulha pelo tecido. É possível, com
Por volta de 1930, quando as tensões políticas
essa ação, realizar diversos tipos de pontos. Há tem- na Europa causaram preocupação ao mun-
pos atrás, cada empresa criava seus próprios nomes do inteiro, a produção de artigos para fins
para classificar os mais diversos pontos, porém sem militares constituía o ponto de convergência
das atenções e interesses de todos os tipos
obedecer a nenhum critério. Com isso, houve uma de indústrias. Foi nessa ocasião que os fabri-
série de confusões entre os fabricantes de equipa- cantes de confecções sentiram a necessidade
mentos de costura. de se curvarem a uma sistematização quanto
ao ponto de costura.
Os pontos de costuras possuem características
que devem obedecer às normas internacionais de Fonte: adaptado de Senai (2003, p. 39).

acordo com os seguintes aspectos:

51
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Ponto reto Ponto Ponto Ponto Ponto


elástico ziguezague ziguezague elástico
triplo triplo

Ponto Ponto Ponto Ponto Ponto


esticado em invisível invisível elástico elástico
ziguezague esticado M M multi

Ponto Ponto Ponto de Ponto de Ponto de


de manta escada overloque overloque dupla ação
elástico duplo

Overloque Ponto de Ponto Ponto Ponto de


inclinado à overloque pluma espinha de ligação
esquerda oblíquo peixe

Ponto reto Ponto Ponto Casa de Casa de


casa de crescente botão botão
abelha

Figura 13 – Pontos decorativos e pontos de costura

Araújo (1996, p. 234) aborda que a costura pode ser


• A diversidade de ponto existente.
definida como uma sequência de pontos destinados a
• A quantidade de tecido a ser costurado.
fazer a união de duas ou mais partes de um material,
• O formato de como os tecidos são dobrados.
sendo utilizado na montagem de peças do vestuário.
• O local onde a agulha penetra.
Ao observar o trabalho de costura, é possível analisar
que cada tipo de ponto e linha de costura correspon-
de à maneira como ela será aplicada. Dessa forma, os
perfis de costuras são aplicações de diversos pontos
para camadas de tecidos, e a norma técnica n. 17.007
NBR 9397/86 (ABNT, 1986) classifica vários tipos de
costuras utilizadas na indústria de confecção de moda.

52
DESIGN

53
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Com o aumento da produção de costura, houve a ne- çadeira, provocando defeito e enfraquecimento da
cessidade da padronização dos mais diversos pontos; costura. Portanto, durante o processo de formação
assim, os fabricantes passaram a adotar a nomencla- dos pontos, é preciso estar atento aos aspectos apre-
tura padronizada. As classes dos pontos são dívidas sentados e, se acaso apresentar alguma deficiência
e identificadas pelo segundo e terceiro algarismo. Os como ponto falso, corrigir essa situação das seguin-
pontos foram divididas em sete classes, cada classe tes maneiras:
dividida de acordo com seu algarismo: • Verificar o alinhamento da máquina.
• Classe 100 = Ponto corrente com uma só linha • Verificar se as linhas estão passadas de forma
na agulha. correta.
• Classe 200 = Ponto manual. • Verificar se as agulhas estão danificadas ou
• Classe 300 = Ponto fixo, realizado entre agulha estão posicionadas da maneira correta.
e bobina. • Verificar se o número da agulha corresponde
• Classe 400 = Ponto corrente de fios múltiplos. ao número da linha.
• Classe 500 = Ponto chuleado e ponto de segurança. • Verificar a regulagem do passa linhas.
• Classe 600 = Ponto de cobertura. • Verificar o estado da lançadeira.
• Classe 700 = Ponto fixo com uma só linha. • Verificar a relação entre agulha e lançadeiras.
As máquinas de costura são desenvolvidas para exe- Além de terem relação com diferentes tipos de cos-
cutar tarefas específicas. Devido a essa caracterís- tura, os pontos e classes são utilizados na confec-
tica, cada máquina possui um tipo de ponto a ser ção/execução de diferentes tipos de acabamentos e
realizado, de acordo com o padrão de classificação costuras que podem ser aplicados tanto em tecido
internacional. Em uma confecção, em geral, as má- plano, como em artigos de malharia. No quadro a
quinas de costura se enquadram nas seguintes clas- seguir é possível visualizar os principais pontos de
ses: 300, 400, 500 e 600. costura utilizados em uma confecção, os pontos ma-
Além das classificações de pontos existentes, nuais, bem como, os acabamentos no qual podem
temos o ponto falso que, segundo Araújo (1996), ser aplicados em uma peça do vestuário.
ocorre quando a agulha não apanha a linha da lan-

54
DESIGN

PONTOS, MÁQUINAS E PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES


Máquina Ponto / classe Representação técnica Principal utilização
Ponto fixo 301 Alinhavos, franzir,
pregar etiquetas,
aviamentos, pespontos
curtos e acabamentos
em debruns.

Reta industrial
Ponto zigue- zague 304 Pregar aviamentos,
pespontar elásticos
e fazer pespontos
decorativos.

Zig zag
Overloque 3 fios Ponto 504 Fechamento de peças
(laterais, ombros,
mangas). Geralmente,
só é vista pelo avesso
da peça, mas pode ser
aparente de acordo
com a proposta do
produto.
Overloque 4 fios Ponto 514 Fechamento com
diferencial de possuir
uma costura de
segurança, indicada
principalmente
para peças com alta
elasticidade (linha praia
e ginastica) e ajustadas
ao corpo.

55
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

PONTOS, MÁQUINAS E PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES


Máquina Ponto / classe Representação técnica Principal utilização
Galoneira 5 fios Ponto 406 (3 fios) Bainhas, pregar
debruns, pespontar
elásticos (linha praia) e
fechamento de algumas
peças por sobreposição
(cuecas).

Ponto 605 (5 fios) O ponto 605 possui


o diferencial do
recobrimento (trama,
trançados) no lado
direito do ponto
ficando parecido com
lado avesso.

*As imagens da máquina de costura foram retiradas do livro de tec da confecção


* As imagens da representação técnica também foi retirada do material das pg. 55 a 59

ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
Acabamento de mangas,
bolsos, barras e decotes
BAINHA GALONEIRA 3 AGULHAS de artigos de malha em
geral.

Galoneira 4 fios

Aparelho opcional*
Se utilizado, propicia
uniformidade na largura
da bainha.

56
DESIGN

ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
Acabamento de mangas,
bolsos, barras e decotes
BAINHA GALONEIRA 2 AGULHAS de artigos de malha em
ABERTA geral.

Galoneira com 3 fios

Aparelho* Guiador
(se utilizado, propicia
uniformidade na largura
da bainha).
Acabamento de mangas,
BAINHA GALONEIRA 2 AGULHAS bolsos, barras e decotes
FECHADAS de artigos de malha em
geral.

Galoneira com 3 fios

Aparelho*Guiador
(se utilizado, propicia
uniformidade na largura
da bainha).
BAINHA GALONEIRA COM
COBERTURA/TRAMA
Acabamento de mangas,
barras e decotes de
artigos de malha em geral
e como cobertura de
Galoneira com 4 fios recortes e detalhes.
(para bainha com 2
agulhas) e 5 fios (para
bainha com 3 agulhas)
Aparelho* Guiador
(se utilizado, propicia
uniformidade na largura
da bainha).

57
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
Acabamento de mangas,
barras e decotes de
BAINHA GALONEIRA FALSA artigos de malha em
(agulha fechada) geral.

Galoneira com 3 fios

Aparelho* Guiador
(se utilizado, propicia
uniformidade na largura
da bainha).
Acabamento de decotes e
DEBRUM DUAS DOBRAS COM 1 cavas de artigos de malha
AGULHA em geral.

Galoneira com 2 fios


(1na agulha e 1 no Aparelho: Sim
looper)
Observação: podem
ser utilizadas 2
agulhas também neste
acabamento.
DEBRUM 1 DOBRA COM 2
AGULHAS
Acabamento de decotes e
cavas de artigos de malha
Galoneira com 3 fios em geral.
(2 nas agulhas e 1 no
looper)

Aparelho: Sim

58
DESIGN

ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
DEBRUM DE ELÁSTICO
DOBRÁVEL Acabamento de decotes
e cavas de blusas e cavas
Galoneira com 2 ou e cintura de calcinhas
3 fios ou interloque (lingerie).
adaptada

Aparelho: Sim

VIÉS APLICADO OU FRISO Acabamento de decotes


e cavas de blusas e cavas
e cintura de calcinhas
(lingerie).

Galoneira com 3, 4 ou 5
fios (5 fios quando usar Aparelho: Sim.
trama)
Obs.: com ou sem
dobras, dependendo do
material utilizado (tira de
tecido ou fita na largura
desejada).

59
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
Overloque 3 ou 4 fios + VIVO Recortes de blusas,
reta se for pespontado; camisetas, calças, sungas
galoneira se colocado e em juntamente com
juntamente com debruns em decotes
debruns e cavas. Obs.: o vivo
pode ter enchimento,
mas é mais comum em
produtos de tecido plano.

Aparelho: Sim, para


agilidade e garantir a
uniformidade na largura
(aparelhos específicos
para overloque e
galoneira).
Reta para prender / PREGA SIMPLES E PREGA FÊMEA Como detalhe e/ou
alinhavar a dobra na volume em mangas,
borda (facilita o processo bolsos, recortes, cós de
de montagem da peça). blusas, saias, vestidos,
calças etc.

Obs.: o formato/visual da
prega fêmea pelo avesso
é denominado prega
macho.

Aparelho: não
necessariamente. Se
houverem muitas pregas
de mesma largura, há
aparelho específico para
adaptar na máquina reta.

60
DESIGN

ACABAMENTOS X MÁQUINAS
REPRESENTAÇÃO
MÁQUINA ACABAMENTO APLICAÇÃO
TÉCNICA
Geralmente overloque ROLETÊ Alças de biquínis, blusas,
3 fios vestidos etc. e como cordão
para amarrações/ajustes de
cintura, capuz etc.

Obs.: o acabamento da
ponta do cordão pode ser
travete, nó ou por meio de
ponteiras.

Aparelho: Sim. Os mais


utilizados tem entrada

(largura das tiras de tecido)


de 2, 2,5 e 3cm.

Dependendo da espessura
do tecido e da bitola da
máquina, a medida pronta
varia de 0,4 a 1cm.
Geralmente utiliza- COULISSÉ Efeito de franzidos em
se overloque e reta, laterais e ombros, em
mas pode ser feito na ajustes de cintura, biquíni
galoneira e overloque modelo cortininha.
ou apenas overloque.
Aparelho: geralmente
não, mas se o túnel for
feito por tira aplicada,
o aparelho facilita a
colocação.

Fonte: LODI, p. 132-136 (2013) (Adaptado)


LODI, Renata. Diretrizes para a normalização de desenhos técnicos do vestuário para o segmento de malharia circular. 2013.

61
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

PONTOS PARA COSTURA A MÃO E PRINCIPAL UTILIZAÇÃO


Nome do ponto Execução Uso/indicação

Indicado para: Costura


temporária, quando se deseja ter
Ponto Alinhavo
uma idéia de como ficará a peça
depois de finalizada.

Indicado para: Confecção de


Ponto Atrás
roupas

Indicado para: Impedir que o


Ponto Chuleado
tecido desfie

Ponto Invisível Indicação: Bainha de roupas

Imagens de: https://www.artesanatopassoapassoja.com.br/6-pontos-de-costura-a-mao-passo-a-passo/

62
DESIGN

SAIBA MAIS

Os pontos cerzidos formam-se a volta da bor-


da do material. As máquinas de ponto cerzido
necessitam de, pelo menos, três elementos
para formar o ponto:
• A agulha, para levar a linha da agulha atra-
vés do material.
• Uma lançadeira inferior para levar a sua
linha da agulhaa borda do material pela
parte inferior.
• Uma lançadeira superior para levar a sua
linha da agulha a borda do material pela
parte superior.
O ponto é formado pelo entrelaçamento da
linha da agulha com a da lançadeira.

Fonte: Araújo (1996, p. 327).

REFLITA

Um bom estilista tem que saber como montar


e dar acabamento às roupas, caso contrário,
não conseguirá explicar o que quer para o(a)
modelista e pilotista. É possível aprender isso
na faculdade, em casa ou fazendo um curso
de costura.

(Mada Van Gaans)

63
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Classificação das
Agulhas de Costura
Para Araújo (1996), a parte essencial de qualquer má- 1. Cone Superior: parte superior da agulha, usada
quina de costura é a agulha ou as agulhas. Segundo o para fazer contato com o orifício da máquina.
autor, existem mais de 2000 sistemas de agulhas e cada 2. Cabo: parte fixada na barra da agulha, estabi-
uma com dimensões específicas. Uma agulha para má- lizando a haste.
quina de costura possui as seguintes características: 3. Cone: situado entre o cabo e a haste, serve
• Feita de aço flexível. para reforçar esta.
• Resistente à temperatura e a atritos decorren- 4. Haste: parte na qual ocorre maior fricção du-
tes da costura. rante a costura, é a parte mais fina da agulha;
dessa forma, é necessária a utilização da agu-
lha correta, da máquina correta na operação
A figura a seguir ilustra as partes de uma agulha correta, evitando que a haste se curve, cau-
para máquina de costura: sando danos como pontos saltados.

64
DESIGN

5. Canaletas: localizada ao longo da haste, atu-


ando como um guia para a linha. Ao passar BARRA DA
a linha sobre a agulha, inicie pela canaleta AGULHA

maior para o lado da cava.


TENSÃO
6. Cava: localizada logo acima do furo, no lado CERTA
oposto da canaleta, facilita o apanhamento
da laçada na formação de pontos. LINHA
SUPERIOR CALÇADOR
7. Furo: parte localizada logo acima da ponta, é
o orifício onde a linha é introduzida. TECIDO
8. Ponta: parte inferior da agulha responsável
por abrir a trama do tecido. A ponta da agu- LINHA CHAPA DA
lha se desgasta com o tempo, causando danos INFERIOR AGULHA

aos tecidos, assim, é necessário realizar a tro-


ca de agulhas conforme o tempo de uso.
PONTA

Há diferentes tipos de agulhas utilizadas em máqui- LANÇA-


CAIXA DA
BOBINA
nas industriais ou domésticas, cada uma com sua DEIRA

função. É preciso saber relacionar cada agulha para


o trabalho específico, sendo que as agulhas possuem
a função de atravessar o tecido e fornecer linha para
os entrelaçamentos entre agulhas e linhas e os de-
mais elementos, como as lançadeiras.

1 Figura 15 - Entrelaçamento entre agulha, linha e lançadeira


Fonte: Senai (2003, p. 43).

2 Os detalhes estruturais das agulhas possibilitam ao


operador selecionar a agulha apropriada para deter-
minada tarefa.
3

SAIBA MAIS
5

4
Existem agulhas para todos os tipos de tecidos
6 e projetos de todos os tipos. Tenha sempre à
mão uma boa seleção delas, seja para fazer
7
um remendo de emergência, pregar botões
8 ou customizar uma peça de roupa.

Fonte: Smith (2013, p. 22).


Figura 14 – Agulha para máquina reta
Fonte: Senai (2001, p. 26).

65
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

• Ponta redonda fina: indicada para fibras fe-


TIPOS DE AGULHAS E SUA RELAÇÃO COM
chadas como lycra e tecidos finos, como seda,
OS MAQUINÁRIOS chiffon ou nylon.
• Ponta redonda média: indicada para fibras
Pensar em moda requer um olhar crítico e apura- fechadas, médias e grossas, como o brim.
do de todos os detalhes do processo produtivo, e os • Ponta redonda grossa: indicada para tecidos
detalhes estruturais das agulhas também são impor- pesados de fibras densas e traçados aperta-
tantes para que o produto final tenha o resultado dos, como a sarja de algodão.
idealizado pelo design. Segundo Rech (2002), o pro-
cesso de fabricação das características deles, exigi- Agulha ponta bola
das para a satisfação das necessidades dos clientes, é
parte fundamental do desenvolvimento de produto.
Assim, conhecer os tipos de agulhas e compre-
ender quais são suas particularidades é essencial
até mesmo durante o processo criativo. As agulhas
são produzidas em tamanhos e classes variados, se-
Figura 17 - Agulha ponta bola
gundo o tipo de máquina a que se destinam. Sendo Fonte: Araújo (1996, p. 270).
assim, veremos, a seguir, os tipos de agulhas e para
qual tipo de material ela é destinada. Legenda:
1. Ponta redonda ou cônica.
Agulha ponta redonda: classificações 2. Ponta redonda aguda (fina).
3. Ponta bola leve.
1 4. Ponta bola média.
5. Ponta bola pesada.
6. Ponta bola grossa (pregar botões).

2
A ponta bola é uma agulha caracterizada por ser cô-
Figura 16 - Ponta redonda nica desde a parte inferior do furo, porém sua extre-
Fonte: Araújo (1996, p. 270).
midade é esférica. Segundo Araújo (1996, p. 271), os
Legenda: tipos de agulhas com ponta bola são classificadas da
1. Ponta redonda ou cônica. seguinte forma:
2. Ponta redonda aguda (fina).
• Ponta redonda ou cônica: indicada para te-
cidos grossos, é a agulha mais usada comu-
Caracterizada por ser uma agulha cônica desde a mente.
parte inferior do furo até a extremidade, ao ser in- • Ponta redonda aguda (fina): geralmente é utili-
troduzida no tecido, a agulha de ponta redonda for- zada para pontos especiais, como o ponto invi-
ma um círculo. É possível encontrarmos três tipos sível, e para costuras feitas no direito da peça,
de agulhas com ponta redonda: como em colarinhos e punhos de camisa.

66
DESIGN

• Ponta bola leve: indicada para malhas finas


por causar menos danos no momento da
costura, pois a agulha escorrega dos fios para
perfurar nos espaços entre eles.
• Ponta bola média: indicada para malhas de
fibras médias, principalmente para materiais

Cana
mais elásticos, com fios de borracha ou de
outros elastômeros, pois a agulha desliza en-

leta a
tre eles em vez de perfurar o tecido.

dicion
• Ponta bola pesada: indicada para malhas
grossas, este tipo de agulha trabalha igual a

a
ponta bola média.

l
• Ponta grossa: indicada para pregar botões,
pois seu formato de ponta acaba centran-
do o botão, mesmo que ele não esteja per-
feitamente alinhado.

Tripla
A ponta da agulha é um das partes mais importan-
tes. Desse modo, encontrar a agulha apropriada para
determinado material torna todo o processo produ-
tivo, ágil e satisfatório. Além dos diversos tipos de
pontas que encontramos nas agulhas, encontra-
mos também tipos de canaletas diferenciadas:
• Canaleta Longa: tem como função proteger a
linha durante a perfuração da agulha no tecido.
• Canaleta Adicional: tem como função deixar
a linha livre para formar as laçadas. Esse tipo
de agulha é usada em máquinas de ponto 401.
Cana

Cana

• Canaleta em Espiral: tem como finalidade


fornecer a passagem da linha e evitar o des-
leta e

leta a

fiamento dela.
spira

jour d

SAIBA MAIS
l

upla

Cana

Quando a agulha esquentar durante uma cos-


tura a ponto de derreter o material sintético, é
leta a

aconselhável esfriá-la usando silicone por meio


da linha, mediante um dispositivo apropriado.
jour

Figura 18 - Tipos
de agulhas para
Fonte: Senai (2001, p. 28). máquina de
costura

67
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

CÓDIGOS DE EMBALAGEM Descrição Aplicação Cód. da ponta

DA AGULHA Ponta redonda


Costura em geral R
normal
Ponta redonda Ponto invisível e
Para falarmos sobre agulha, precisamos analisar os RS
aguçada costura sensível
códigos das embalagens, já que cada agulha apresen-
Malharia e
ta características distintas. Toda agulha possui ins- Ponta bola fina FFG/SES
tecidos sintéticos
crições com siglas, abreviações de seu fabricante e Ponta bola
Tecidos elásticos FG
espessura. Todas essas informações estão localizadas média
na parte superior da agulha, no cabo. Ponta bola
Malhas e botões RG
ligeira boleada
Tipo de Ponta Materiais
Código Espessura Cabo G
máquina bola grossa elásticos

Reta Grosso Ponta pérola Couro P


134 ou DPx5 100/16
Tabela 3 - Principais tipos de pontas, aplicações e seus códigos
1738
Reta 100/16 Fino Fonte: Senai (2001, p. 29).
ou DBx1
Assim, vimos que a agulha é uma parte importante na
Galoneira UY128/TVx3 75/11
máquina. A qualidade de uma agulha influencia dire-
Overloque/ B-27 tamente no processo de produção. Muitas vezes, um
80/12
Interloque ou DC 27
problema, como ponto pulado ou quebra de linha,
1985, TQ1 pode ser solucionado apenas com a troca da agulha.
Botoneira
ou TQ7
A partir dessa análise, você será capaz de iden-
Travete 135 ou DPx17 tificar os tipos de agulhas, suas características e có-
Elastiqueiras UY-113 digos, além de verificar sua condição física. Como
designer, é provável que, em algum momento, você
Interloque,
overloque aplicará alguns desses conhecimentos durante o
B-64
para tecido processo de criação e desenvolvimento do produto.
pesado

Tabela 2 - Tipo de máquinas e códigos de agulhas REFLITA


Fonte: Senai (2001, p. 29).

Um profundo conhecimento é o que garante


As normas e padronização têm como objetivo har- uma boa colocação no mercado de trabalho.
monizar as dimensões, combinações e tolerância das Portanto, prepare-se para as competências
agulhas. Além dos códigos das agulhas, é relevante que as empresas irão exigir de você.

avaliar os tipos de pontas, aplicações e códigos.

68
DESIGN

69
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Classificação
das Linhas e Fios
Antes de conhecermos as classificações das linhas e As linhas e os fios auxiliam no processo de monta-
fios, talvez você esteja se perguntando o que é uma gem de um produto de moda, por isso, torna-se de
linha de costura e, principalmente, o que é um fio. extrema importância conhecer a linha e o fio, uma
Segundo informações do site da Coats Industrial vez que ambos serão parte da composição do produ-
([2018], on-line)4, as linhas de costura são fios es- to. Devido ao uso em grande quantidade na monta-
peciais desenvolvidos para serem utilizados em gem de uma peça de roupa, faz-se necessário analisar
máquinas de costura. Sua função é unir os tecidos, a performance de uma linha ou de um fio, pois a me-
montando a peça de roupa ou o produto que está nor falha que seja pode afetar diretamente a função
sendo confeccionado, além de proporcionar aparên- da linha, resultando em perda de investimento em
cia e desempenho nos pontos e costuras. material, tecido, mão-de-obra e equipamento.

70
DESIGN

A qualidade de uma costura está diretamente rela- filamento, classificada em: monofilamento, monofi-
cionada à linha que une os materiais, uma vez que lamento liso e filamento texturizado.
esta deve apresentar características como: uniformi- • Linha de fibra fiada: é fabri-
dade da espessura, resistência à tração e ao atrito, cada a partir de fibras na-
uniformidade na torção, bonderização, lubrificação turais ou sintéticas. A linha
de poliéster fibra fiada é a
e elasticidade. Dentre a gama de fibras oferecidas no
mais utilizada no setor de
mercado para a fabricação de linhas e fios de costu- confecções, devido à sua
ra, as mais usuais são: poliéster, poliamida (nylon), resistência e à ampla varie-
polipropileno, algodão etc., para bordados, a viscose dade de cores e espessuras
e a seda (PEREIRA, 2011). se comparada à linha de
Portanto, para que você, aluno(a), tenha me- algodão, que é utilizada em
lhor conhecimento sobre a linha, vamos analisar, a alguns segmentos.
seguir, alguns parâmetros para que você conheça as Figura 19 - Linha de fibra fiada
características deste produto, a linha de costura. Fonte: Coats Industrial ([2018], on-line)4.

CLASSIFICAÇÃO DA LINHA • Linha Corespun: é com-


posta por uma mistura de
As linhas de costura podem ser classificadas de di- fibras fiadas e filamentos,
o que resulta em sua resis-
versas formas, as mais comuns, que serão explicadas
tência, pois sua constru-
a seguir, são feitas de acordo com: o substrato (maté- ção mais utilizada é feita
ria-prima), a construção e o acabamento. com multicabos, compos-
Ao classificar com base em seu substrato, as li- tos por um núcleo de filamentos
nhas se subdividem em natural e sintética. O substra- de poliéster cobertos com fibras de al-
to natural é aquele que contém algodão em sua com- godão ou poliéster. É utilizada para costurar
posição, que é a mais comum e utilizada no mercado. diversos tipos de roupas, principalmente as
peças que demandam resistência da costura.
Porém sua aplicação industrial é quase mínima. Já o
substrato sintético apresenta propriedades que o con- Figura 20 - Linha Corespun
Fonte: Coats Industrial ([2018], on-line)4.
figure como de alta tenacidade, resistência à abrasão
e boa resistência química, ou seja, isso faz com que a
linha feita de substrato sintético seja mais utilizada na • Linha de filamentos: é mais resistente que
fabricação de produtos, inclusive os de moda. Além as linhas feitas de fibra fiada, classificada em
três tipos de filamentos:
dessas características, vale ressaltar que as linhas fei-
• Linha de monofilamento:
tas de substrato sintético são resistentes à umidade,
feita de fibra contínua que
ao apodrecimento, mofo, insetos ou à bactéria.
resulta em uma linha forte,
As linhas também são classificadas com base em porém não apresenta flexi-
sua estrutura de construção, que são subdivididas bilidade e maciez ao toque,
em: linhas de fibra fiada, linha Corespun e linha de com isso, seu uso é limitado,

71
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

passa a ser usado para bainhas, cortinas • Enceramento e lubrificação: aplicação de ceras
e estofados. e substâncias que reduzem o atrito entre agu-
Figura 21 - Linha de monofilamento lha e tecido e garantem boa costurabilidade.
Fonte: Coats Industrial ([2018], on-line)4.
• Resinagem: aplicação de resinas que formam
• Linha de monofilamento liso: feita de uma “capa protetora” sobre a linha. Aumen-
nylon ou poliéster, a linha consiste na tam sua resistência ao atrito e à tração, per-
junção de dois ou mais filamentos con- mitindo seu uso em costuras de materiais
tínuos que são torcidos juntos. Devido à mais grossos e mais rígidos.
sua alta resistência, é utilizada na costura • Bonderização: aplicação de resinas que per-
de sapatos, roupas de couro e produtos mitem uma colagem das fibras da linha de
industriais. costura, que aumenta sua resistência à tração
Figura 22 - Linha de monofilamento liso e ao atrito, evitando desfiamentos da linha. As
Fonte: Coats Industrial ([2018], on-line)4. linhas sem bonderização são chamadas de li-
• Linha de monofilamento texturizado: é nhas moles devido à sua maior flexibilidade.
feita de poliéster, e seu uso mais comum
é como linha do looper (máquina over- TERMINOLOGIA DA LINHA
loque/galoneira e outras) para fazer os
pontos de cobertura. Essa característica
A terminologia é outro ponto importante que auxi-
da linha proporciona maior cobertura e
alongamento ao fio, porém ele torna-se lia na classificação da linha/fio, pois, com uma gama
sujeito a enroscamento. de variedades do mesmo produto, a terminologia
Figura 23 - Linha de monofilamento texturizado acaba auxiliando na diferenciação do produto, uma
Fonte: Coats Industrial ([2018], on-line)4.
vez que a terminologia classifica os tipos e aponta
Além das classificações apresentadas anteriormen- as diferenças existentes, sendo assim, as linhas são
te, as linhas e os fios também podem ser classifi- classificadas por algumas características, como:
cados com base em seu acabamento, isso se dá no • Resistência à tração: tensão na qual a linha
momento da preparação dos filamentos, que se- quebra.
rão posteriormente transformados em fios/linhas, • Tenacidade: resistência relativa obtida pela
onde é importante que haja um bom acabamento espessura da linha.
no fio/linha para lhe conferir melhor costurabilida- • Resistência à laçada: é a carga necessária
de e melhorar sua função. Estes acabamentos pro- para quebrar um comprimento de linha que
porcionam ao fio/linha melhorias na resistência à é lançado através de outro comprimento da
mesma linha.
abrasão e à lubrificação. Há também acabamentos
• Resistência mínima da laçada: é a resistência
mais específicos, para linhas destinadas a produtos
da parte mais fraca da linha.
mais exigentes quanto às especificidades de um fio,
• Alongamento à ruptura: quantidade pela qual
que são: antiumidade, antifungo, resistência a cha-
a linha é esticada até o seu ponto de quebra.
mas, repelente à água e acabamentos antiestáticos.
• Módulo: termo usado para designar um va-
Além destes, podemos listar alguns processos de lor numérico que indica a maneira a qual o
acabamento que conferem melhoria no desempe- tecido se comporta quando uma força de tra-
nho das linhas, como: ção é aplicada.

72
DESIGN

• Elasticidade: propriedade da linha em recu-


Número da Agulha Linha de Algodão
perar seu comprimento original após ser esti-
cado por um determinado período. 80 35 Tex (nº 50)
• Encolhimento: quantidade da contração da 90 35 a 60 Tex (nº 50 a 30)
linha sob a ação de lavagem ou aquecimento.
100 60 a 75 Tex (nº 30 a 24)
• Regain: quantidade de umidade absorvi-
da por uma linha (COATS INDUSTRIAL, 110 75 a 92 Tex (nº 24 a 16)
[2018], on-line)4.
120 92 a 125 Tex (nº 16 a 14)

130 120 a 125 Tex (nº 15 a 14)


ESCOLHA DA LINHA DE COSTURA
Tabela 4 - Escolha da linha de costura/agulha
Fonte: Pereira (2011).
Para obter bons resultados na confecção de um pro-
duto, torna-se necessário trabalhar com materiais de Agulha Linha sintética ou mista
qualidade e adequados para cada especificidade do
70 21 Tex (nº 150)
produto. A escolha da linha influencia diretamente
80 21 a 27 Tex (nº 150 a 120)
nessa qualidade, portanto, faz-se necessário adequar
a melhor linha para obter uma costura resistente e 90 24 a 49 Tex (nº 140 a 50)
de qualidade, visto que utilizar linhas sem qualidade 100 35 a 40 (nº 90 a 80)
podem acarretar problemas como quebra, falha nos
110 49 a 60 Tex (nº 50 a 45)
pontos, aparência irregular do ponto, franzimento,
120 49 a 105 Tex (nº 50 a 28)
pontos danificados e encolhimento da linha.
Portanto, faz-se necessário o conhecimento so- 130 80 a 150 Tex (nº 35 a 20)

bre as características que são levadas em considera- 140 90 a 150 Tex (nº 30 a 20)
ção no momento da escolha/compra de uma linha 160 120 a 150 Tex (nº 24 a 20)
ou um fio. A mais importante característica é a in-
Tabela 5 -Tipo de linha x agulha
dicação da linha pela sua espessura, representada Fonte: Pereira (2011).
por um número denominado de título, expresso
em TEX, que representa quantas gramas correspon- Outro ponto importante a ser levado em considera-
dem a 1000 metros de linha, ou seja, quanto maior ção no momento da escolha da linha é o tipo de teci-
o número do título, maior será a espessura da linha. do no qual a linha será utilizada e também o maqui-
Outro fator importante é adequar a escolha da linha nário. A tabela a seguir é apenas uma orientação, a
conforme as características da agulha. A tabela a se- adequação da linha com o tecido deve ser feita com
guir apresenta de forma clara como pode ser feita base em testes prévios, ou seja, durante a confecção
essa escolha. dos protótipos.

73
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Pespontos Overloque
Tipo de Tecido
Tecidos para agulha
Tecido Pesado 80 a 120 Tex 60 a 105 Tex 24 a 60 Tex
24 a 27 Tex
Acima de 440 g/m² (13oz)
Tecido Médio/Pesado 80 a 90 Tex 60 a 80 Tex 24 a 60 Tex
24 a 40 Tex
De 340 a 500 g/m² (de 10 a 14oz)
Tecido Médio 60 a 80 Tex 40 a 60 Tex 24 a 40 Tex
24 a 27 Tex
De 270 a 400 g/m² (de 8 a 12oz)
Tecido Médio/Leve 40 a 60 Tex 24 a 60 Tex 24 a 27 Tex
24 a 27 Tex
de 170 a 340 g/m² (de 5 a 10oz)
Tecido Leve 24 a 27 Tex 24 a 27 Tex 24 a 27 Tex
24 a 27 Tex
Até 200 g/m² (6oz)
Tabela 6 – Relação do tipo de linha x tecido
G/m² : Gramas por metro quadrado
Oz: Onça – medida em massa
Fonte: Pereira (2011).

TIPOS E CLASSIFICAÇÃO DOS FIOS

O fio de costura apresenta características que o des- • Monofilamentos: fios com espessura capilar
tinam para determinado segmento de acordo com utilizados na produção de telas finas para fil-
seu aspecto, qualidade e resistência. Vimos que a tros e quadros de estamparia, fio de costura
invisível e linha de pesca. Podendo chegar à
linha é feita a partir de um agrupamento de fibras
espessura de 3 a 4 mm.
lineares ou filamentos que formam uma linha con-
• Multifilamentos: fio com aspecto liso e bri-
tínua com características têxteis, com o fio não é di- lhante, utilizado também na fabricação de
ferente. Diante de tantos aspectos que influenciam a tecidos. Possui superfície lisa e escorregadia,
qualidade de um fio têxtil, podemos mencionar que devido seu a aspecto plástico.
sua regularidade se dá pela junção de fibras lineares • Multifilamento de nylon: geralmente é usado
que conferem a ele resistência e alta flexibilidade. em produtos que exigem extrema resistência,
A classificação dos fios é feita com base em suas tais como calçados, artigos esportivos, mó-
veis e pneus.
propriedades físicas e características funcionais,
• Mercerizados: geralmente, são retorcidos e
uma vez em que seu diâmetro e peso são apresenta-
levam o nome da linha. A mercerização é um
dos como características determinantes da titulação
processo feito nos fios penteados, que confe-
do fio. Tudo isso depende das propriedades físicas re a eles um aspecto sedoso, liso e brilhante,
das fibras ou dos filamentos que o constituem. Os deixando as cores mais vivas e aumentando
principais tipos de fios são classificados como: sua resistência. O processo é feito a partir da

74
DESIGN

tensão do fio em banho de solução de soda


cáustica, processo pouco produtivo que re-
sulta na perda de 8 a 10% no peso do fio.
• Texturizado: obtido a partir de fibras lisas, ge-
ralmente sintéticas, tem a deformação como
objetivo de aumentar o volume do fio condu-
zindo a uma permeabilidade do ar, à proprie-
dade de isolamento térmico e a um toque mais
macio. Melhora o próprio aspecto e o aspecto
dos produtos acabados. Neste processo, obte-
mos o fio chamado de fio de alto volume.
• Fios retorcidos: obtidos pela torção de dois
ou mais fios simples, com a função de me-
lhorar algumas características do fio, como a
resistência e a regularidade. Neste processo, o
sentido da retorsão é inverso ao da torção. Os
fios retorcidos são mais regulares, pois as ir-
regularidades são diluídas, já que dificilmen-
te coincidem no mesmo trecho de fio.

75
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), chegamos ao término da segunda unidade do nosso
livro, conhecendo os diversos tipos de equipamentos utilizados na in-
dústria de confecção, os tipos de pontos de costura, tipos de agulhas e a
classificação das linhas.
Devido à variedade de tipos de máquinas, linhas, agulhas e equipamentos, os
assuntos foram expostos de forma clara e precisa para que você possa compre-
ender a importância de cada um deles e também os fatores que influenciam na
qualidade e no funcionamento desses itens no momento de confecção do pro-
duto. Falamos sobre características, padronização e qualidades inerentes de cada
ponto e suas classes. Conhecemos quais são os tipos de agulhas e pontas, uma vez
que cada tecido necessita de uma agulha específica para a realização do trabalho.
Conhecemos quais são as classificações das linhas e dos fios que, embora pa-
reça complexo compreender as características e aspectos técnicos, esta compre-
ensão é necessária para que você possa estar apto(a) a aplicá-los no momento
certo durante a construção de suas peças. De modo geral, as propriedades que
norteiam o conteúdo visto nesta unidade tornam-se fundamentais para a ava-
liação da qualidade de um produto de moda, principalmente em relação a seu
acabamento/costura.
Diante disso, você, aluno(a), ao analisar o livro didático e ampliar seus co-
nhecimentos por meio de estudos complementares, irá compreender que o papel
de um designer de moda abrange também conhecer os equipamentos e/ou ma-
quinários, entender quais os pontos de costura e como aplicá-los em cada peça
desenvolvida no processo de criação, quais são os tipos de fios e linhas existentes
e como devem ser selecionados.
Ao colocar em prática os assuntos aqui explorados, você irá desempenhar seu
papel como um(a) verdadeiro(a) profissional de moda, estará apto(a) a atuar no
mercado de trabalho e, assim, atenderá às necessidades e expectativas das indús-
trias de confecção de moda.

76
atividades de estudo

1. Dentre as classes de pontos estudados, qual classe de ponto é conhecida


como ponto corrente de fios múltiplos?
a. Classe 100.
b. Classe 200.
c. Classe 300.
d. Classe 400.
e. Classe 500.

2. Em relação aos pontos de costura, avalie as assertivas a seguir.


I. O ponto classe 200 é conhecido por ser formado, de modo manual, por uma
ou mais linhas. Hoje é possível produzir esse tipo de ponto em máquinas.
II. Os pontos são divididos em sete classes, e cada classe é dividida em vários
tipos de pontos.
III. O ponto classe 100 é formado por uma única linha que, por meio das laçadas
da agulha, forma uma corrente.
IV. O ponto classe 300 é formado por uma ou mais agulhas que se entrelaçam:
uma linha da agulha que, ao ser introduzida no tecido, encontra a bobina e se
interligam, formando o ponto por meio de uma lançadeira que se encontra na
parte inferior.
V. O ponto classe 300 é formado por uma única agulha.

Assinale a alternativa correta:


a. Apenas I e II.
b. Apenas I e III.
c. Apenas I, II, III e IV.
d. Apenas II, III e IV.
e. Todas as alternativas estão corretas.

3. A norma técnica n. 17003, NBR 9397, classifica, ilustra e designa os vários tipos
de pontos de costura usados na indústria do vestuário. As imagens a seguir
representam os aspectos técnicos referentes aos pontos de costura.

Considerando os aspectos técnicos referentes aos pontos de costura, assinale


verdadeiro (V) ou falso (F):

77
atividades de estudo

( ) A figura de número 1 está relacionada à borda limitada de um material e é


representada por um traço reto.
( ) A figura de número 2 está relacionada a cada espessura do tecido, sendo
apresentada por um traço forte.
( ) A figura de número 3 está relacionada aos pontos de passagem da agulha,
onde são representados por um traço reto.
( ) A figura de número 4 está relacionada ao momento em que a agulha passa
pelo tecido, o traço aparece atravessando cada lado do material.
( ) A figura de número 5 está relacionada aos trabalhos realizado com debrum,
que é representado por um ponto cheio.
Assinale a alternativa correta:
a. V-F-F-V-V.
b. F-V-V-F-V.
c. F-V-V-V-V.
d. V-F-F-F-V.
e. V-F-V-F-V.

4. Considerando a diversidade de pontos de costura, relacione ao menos um


tipo de ponto a uma máquina de costura.
5. De acordo com o conteúdo didático e os conhecimentos adquiridos, expresse
a sua opinião sobre a importância de um designer de moda compreender o
processo produtivo e seus maquinários.

78
LEITURA
COMPLEMENTAR

MÁQUINA DE COSTURA PONTO FIXO 301

A máquina de costura ponto fixo 301 é a mais utilizada no processo de costura. Ela pos-
sibilita realizar operações simples, como costurar retas ou costuras mais complexas, tais
como fechamento de peça ou até mesmo a construção da peça em sua totalidade. Essa
classe de máquina pode ter uma agulha (conhecida popularmente como reta) ou duas agu-
lhas (pespontadeira).
Primeiro vamos conhecer em detalhes a máquina de costura ponto fixo 301 reta.
Esta máquina de costura pertence à classe de ponto 300 e forma o ponto 301. Possui duas
linhas na formação do seu ponto, uma linha superior da agulha e outra inferior da bobina.
Esta máquina produz a classe de costura LS.

Figura 24 - Ponto fixo 301


Fonte: Sewusa (2014).

A figura a seguir demonstra algumas das principais partes que compõem a máquina de
costura ponto fixo 301.

79
LEITURA
COMPLEMENTAR

1. Bobinadeira
2. Destacador de Fios
3. Alavanca de Barra de Agulha
4. Botão de Retrocesso
5. Calcador
6. Motor
7. Joelheira
8. Interruptor
9. Visor de Nível de Óleo
10. Alavanca de Retrocesso
11. Regulador de ponto
12. Polia
13. Painel de controle
14. Suporte de Cones
15. Protetor de Linha
16. Protetor de Dedo

Figura 5 - Máquinas de costura ponto fixo 301 reta


Fonte: Bhother (2007).

Agora, vejamos a máquina de costura ponto fixo 301 pespontadeira


A máquina de costura ponto fixo pespontadeira também pertence à classe de ponto 300
e forma o ponto 301. Essa máquina possui quatro linhas na formação do seu ponto, duas
linhas superiores da agulha e duas linhas inferiores da bobina. Essa máquina também pro-
duz a classe de costura LS.

MÁQUINA DUAS AGULHAS PONTO DE FIXO 301 (PESPONTADEIRA)

Figura 26 - Máquinas
1. Barra de Agulha 4. Repositor de Óleo 7. Regulador de Ponto 10. Protetor de Linha de costura ponto fixo
2. Tampa Frontal 5. Polia 8. Bobinadeira 11. Protetor da Correia
301 pespontadeira
3. Visor de Nível de Óleo 6. Alavanca de 9. Protetor de Dedo
Retrocesso
Fonte: Bhother (2007).

80
LEITURA
COMPLEMENTAR

Confira um passo a passo para fazer a passagem de linha na máquina de costura


ponto fixo 301
1. Desligue a máquina.
2. Gire o volante até que a barra da agulha fique no ponto mais alto.
3. Comece com a linha da agulha passando por todos os tensores e guias, conforme
a figura.
4. Faça a passagem da linha pela caixa bobina e posicione a bobina na parte inferior
da máquina.

Troca de agulha na máquina de costura ponto fixo 301


Utilizar chave de fenda fina.
A cava da agulha deverá ficar voltada para a direita do calcador, como na figura.

Figura 27 - Passamento de linha de costura na máquina ponto fixo 301


Fonte: Bhother (2007).

Fonte: adaptada de Reis (2014, on-line)5.

81
material complementar

Indicação para Ler

Tecnologia do Vestuário
Mário de Araújo
Editora: Fundação Calouste Gulbenkian
Sinopse: essa obra foi concebida a fim de apoiar o ensino e a formação universi-
tária na produção de vestuário, expressando de forma simples e ilustrativa uma
visão da tecnologia do vestuário.

Indicação para Acessar

Leia tudo sobre agulhas: <http://www.singer.com.br/tudo-sobre-agulhas/>.


Web: Como é feita a construção dos pontos classes 200 a 600.
<https://www.youtube.com/watch?v=XfcZkxXuJW4>.
<https://www.youtube.com/watch?v=0_Fnf0Q9kaw>.
<https://www.youtube.com/watch?v=xVsFTATvFt4>.
<https://www.youtube.com/watch?v=3YKEE5PKiUg>.
<https://www.youtube.com/watch?v=CSXJGrN5aJ8>.

82
referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9397:1986. Materiais têxteis – Ti-
pos de costura – Classificação. ABNT: Rio de Janeiro, 1986.
ARAÚJO, M. Tecnologia do Vestuário. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.
PEREIRA, M. A. Cartilha de Costurabilidade. Uso e Conservação de Tecidos para Decora-
ção. Comitê de Tecidos para Decoração da ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil
e de Confecção). 2. ed. São Paulo: Comitê TexBrasil Decor, 2011. Disponível em: <http://
abnt.org.br/paginampe/biblioteca/files/upload/anexos/pdf/8cc6045e6c1c8f8b77266c-
d5a70025c4.pdf>. Acesso em: 27 set. 2018.
PRENDERGAST, J. Técnicas de costura: uma introdução às habilidades de confecção no
âmago do processo criativo. Tradução de Michele Augusto. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.
RECH, S. R. Moda por um fio de qualidade. Florianópolis: Udesc, 2002.
SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Costura Industrial. Curitiba: Senai-
-PR. Apostila Técnica, 2002.
______. Tecnologia da Confecção. Aprendizagem Industrial. Curitiba: Senai-PR. Apostila
Técnica, 2003.
SMITH, A. O grande livro da costura: material, técnicas, moldes, projetos. Tradução de
Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Publifolha, 2013.

Referências on-line
1
Em: <http://www.sebrae.com.br/appportal/reports.do?metodo=runReportWEM&no-
meRelatorio=ideiaNegocio&nomePDF=Ind%C3%BAstria%20de%20confec%C3%A7%-
C3%A3o&COD_IDEIA=ba187a51b9105410VgnVCM1000003b74010a____>. Acesso
em: 26 set. 2018.
2
Em: <http://costuralivre1.blogspot.com/2013/12/diferentes-tipos-de-calcadores.html>.
Acesso em: 26 set. 2018.
3
Em: <https://www.audaces.com/producao-de-lingerie-e-moda-praia-como-fazer-pecas-
-de-qualidade/>. Acesso em: 26 set. 2018.
4
Em: <http://www.coatsindustrial.com/pt/information-hub/apparel-expertise/sewing-
-threads>. Acesso em: 13 mar. 2018.
5
Em: <http://www.audaces.com/maquina-de-costura-ponto-fixo-301/>. Acesso em: 27
set. 2018.

83
gabarito

1. D.
2. C.
3. C.
4. Ponto classe 600: é realizado pelas máquinas galoneiras com
duas, três e quatro agulhas, as quais executam uma costura com
um entrelaçamento de fios na parte inferior e superior do tecido,
usados para acabamentos e costuras decorativas. Essas máqui-
nas se apresentam de forma plana ou cilíndrica. Podem ser inseri-
dos/respondidos outros pontos relacionados a outras máquinas.
Essa resposta é apenas um exemplo de como seria a descrição.
5. Segundo assuntos explorados, para se tornar um bom profissio-
nal, um designer de moda precisa compreender que o processo
criativo envolve, além de muita criatividade e originalidade, co-
nhecimentos relacionados a maquinários e técnicas de costura
para, assim, alcançar o objetivo esperado referente a uma peça
do vestuário.

84
UNIDADE
III
PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA
DE CONFECÇÃO

Profª. Esp. Andressa Jaqueline Gonçalves de Macedo


Profª. Esp. Natani Aparecida do Bem

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Ciclo Produtivo da Moda: Arranjo Físico ou Layout
• Etapas da Produção de uma Peça, Montagem e Acabamento
• Ficha Técnica, Normalização e Etiquetagem

Objetivos de Aprendizagem
• Entender a estrutura do ciclo de desenvolvimento e produção do
vestuário e sua importância para uma boa gestão do processo
produtivo.
• Assimilar as etapas da produção de uma peça no setor produtivo.
• Assimilar a importância da ficha técnica, da normalização e dos
processos de etiquetagem de uma peça.
unidade

III
INTRODUÇÃO

O
lá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à terceira unidade do
nosso material didático. Daremos início à nossa conversa fa-
lando sobre o ciclo produtivo da moda e como é feito o arran-
jo físico deste ciclo, para que tudo aconteça de forma ordena-
da dentro de uma empresa, conhecendo os tipos de layout existentes e
como funcionam.
Sabemos das diversas responsabilidades de um designer de moda,
uma delas é a escolha dos acabamentos para suas criações. Veremos que
há diversos tipos de acabamentos, mas como exigir ou desejar determi-
nado tipo de acabamento, como uma barra com pesponto duplo, feito
com máquina de duas agulhas, se não os conhece? Portanto, para que
o(a) estilista e modelista consigam trabalhar em harmonia, é fundamen-
tal que ambos os profissionais possuam conhecimentos em técnicas de
costura e acabamentos.
Veremos sobre a ficha técnica, documento que deve conter as infor-
mações necessárias para a confecção da peça, dentre elas, a sequência
operacional. Você também irá aprender que a ficha técnica preenchida
corretamente e com todas as informações necessárias é essencial para
garantir a fidelidade do produto, além de auxiliar no planejamento da
compra de matéria-prima e na análise do custo da peça. Sendo assim,
você aprenderá a importância da ficha técnica e qual o papel que ela de-
sempenha dentro da indústria do vestuário.
Por vez, serão apresentados os processos de normalização e padroniza-
ção de etiquetas concernentes à indústria do vestuário; será discutida a im-
portância dessas normas e como o descumprimento delas afeta o mercado
do vestuário e também dos consumidores. Iremos analisar como a norma-
lização das etiquetas pode contribuir para aumentar a vida útil do produto.
Assim, esteja atento(a) às dicas que irão te auxiliar quando você pre-
cisar colocar em prática suas ideias durante o desenvolvimento de um
produto de moda para que possa ter sucesso em sua profissão. Boa leitura!
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

O CICLO PRODUTIVO DA MODA:


ARRANJO FÍSICO OU LAYOUT
O ciclo produtivo da moda acontece de forma orde- a moda é algo que não se faz sozinho, “é necessário
nada pensando em todas as etapas, a fim de desen- que exista um consenso, que as pessoas acreditem,
volver um layout da produção de forma adequada. concordem e consumam esta ou aquela ideia para
Sendo assim, o produto passará por todas as etapas que ela vire moda” (TREPTOW, 2013, p. 22).
de forma sequencial, o que facilita a execução do pro- Para que todo este aspecto sociológico aconteça,
cesso e também contribui para sua fabricação. existem inúmeros processos escondidos por trás de
Treptow (2013) afirma que a moda pode ser todo o glamour da moda que pode ser visto nas vi-
considerada um fenômeno que passa por cinco fa- trines, revistas e outdoors; ou seja; antes mesmo de
ses, o lançamento, o consenso, o consumo amplia- ir para as lojas, catálogos e redes sociais, as roupas
do, a massificação e o desgaste; estas, por sua vez, passam por diversas mãos responsáveis por trans-
reforçam a ideia de que é preciso existir seguidores formar a ideia do designer em produto físico que
de moda para que este processo aconteça. Visto que atraia os olhos.

90
DESIGN

Considerando este ciclo que envolve a cadeia Em uma indústria de confecção, cada protóti-
produtiva do vestuário, é necessário que você, fu- po é oriundo de uma ideia/criação, cuja concreti-
turo(a) designer de moda, entenda como funciona zação exige uma equipe multidisciplinar, ou seja,
o processo produtivo de um produto; de forma que o setor produtivo; principalmente os setores de
este conhecimento venha a auxiliar no momento criação, engenharia de produto e modelagem que,
de desenvolver um produto, pensando em todos juntos, garantem o sucesso de um produto do ves-
os processos que ele irá passar até obter o resulta- tuário. Sabe-se que o setor de criação trabalha no
do final. Além disso, é de grande importância que desenvolvimento de novos produtos e que o setor
o(a) profissional de moda tenha conhecimento do de modelagem reproduz a peça em molde, o qual
layout e/ou arranjo físico de um processo fabril, a servirá como guia para o corte do produto em lar-
fim de acompanhar a fabricação de novos produtos. ga escala.

Figura 1 - Ciclo produtivo da indústria de confecção


Fonte: Audaces ([2018], on-line)1.

91
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

A engenharia de produto estabelece os métodos, maquinários, instalações, equipamentos e colabo-


sistematiza os processos e verifica a viabilidade da radores, de forma a criar um ambiente em que seja
produção de um novo produto, ou seja, realiza o possível a produção de um produto, “determinando
estudo do layout dos processos produtivos, evitan- a aparência da operação, e [...] a maneira, segundo a
do gargalos na produção; testando tipos de pontos, qual os recursos transformadores - materiais, infor-
preparando o maquinário que será utilizado, dentre mação e clientes – fluem pela operação” (SLACK et
outros processos que irão garantir a qualidade dos al., 2009, p. 181).
produtos. A engenharia também age na modelagem Com isso, pode-se afirmar que um bom arranjo
e na pilotagem, definindo a sequência operacional físico possibilita que todas as operações de um setor
do produto e a elaboração da ficha técnica, dimi- produtivo sejam realizadas de forma coordenada e
nuindo a margem de erros na confecção de produtos segura. Além de oferecer um melhor ambiente de
(SABRÁ, 2016). trabalho, com conforto, acessibilidade e espaço.
Para que tudo isso ocorra de forma organizada Las Casas (2004, p. 173) classifica o layout de
dentro da indústria de confecção, é necessário que produção do vestuário em três tipos diferentes, line-
haja um layout adequado ao processo produtivo ar (layout por produto), funcional (layout por pro-
para que todas as etapas ocorram. Liger (2012, p. cesso) e fixo (layout posicional), conforme veremos
218) considera que um bom layout produtivo deve suas características a seguir.
estar organizado de forma que os setores correspon-
dam a esta sequência: Layout linear ou por produto – Neste modelo, o
material que está sendo fabricado move-se duran-
[...] primeiro, a modelagem; depois a sala de te o processo, enquanto as máquinas permanecem
corte, estoque, sala de produção, que deve estar
fixas. Este modelo de layout ainda pode ser caracte-
sempre separada da administração, por cau-
sa do barulho das máquinas. A administração rizado de duas formas:
pode estar junto à criação e ao setor de vendas. • quando o produto final é uma peça única,
É importante também que existam uma saída exemplos: siderúrgica e papel.
externa específica para o escoamento do pro- • quando o produto final é um conjunto de
duto fabricado e uma saída de emergência. O peças, exemplos: carro ou vestimenta (REIS,
setor de criação nem sempre está dentro da 2014, on-line)2.
fábrica. Para maior parte das grandes marcas,
esse trabalho é muito sigiloso, por isso realiza-
do em estúdios isolados. Não esqueçamos que, Layout funcional ou por processo - Neste modelo, a
muitas vezes, o sucesso da grife está na propos-
produção acontece por meio de um processo inter-
ta criativa e inédita da coleção.
mitente, em que os recursos – funcionários e equi-
Considerando o que foi exposto, pode-se afirmar pamentos – são organizados em torno do processo,
que o layout é a organização do espaço de trabalho, ou seja, há um agrupamento dos postos de traba-
ou seja, o arranjo físico, ou posicionamento físico de lho ou departamentos de acordo com cada função,
todos os recursos que compõem o setor produtivo. exemplos: hospitais, supermercados e bibliotecas
É a partir do layout que são definidos o local dos (AMARAL, [2018], on-line)³.

92
DESIGN

Layout fixo ou posicional – neste modelo, a pro-


dução ocorre com os produtos em local fixo, en-
quanto os operadores, máquinas e matéria-prima
se movimentam, exemplo: fabricação de navios,
construção civil, montagem de grandes máqui-
nas, esculturas etc. (REIS, 2014, on-line)4.

Considerando os tipos de layout existentes,


o layout linear é o que mais se adequa à pro-
dução do vestuário, além disso, o objetivo de
organizar o layout de uma produção é desen-
volver uma estratégia a fim de eliminar as
atividades que não agregam valor e enfatizar
as atividades que agreguem, com o intuito
de melhorar a produtividade da empresa,
reduzir o custo com manuseio de mate-
riais, garantir espaço para os equipamen-
tos e máquinas, e permitir a utilização e
produtividade da mão-de-obra.

93
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

ETAPAS DA PRODUÇÃO DE UMA PEÇA,


MONTAGEM E ACABAMENTO
A confecção de um produto do vestuário exige uma em que o desenho ganha vida e se transforma em um
série de processos até obter o produto final, ou seja, produto físico.
a peça passa por diferentes setores da fábrica até que O setor de costura onde acontece a montagem das
possa ser direcionada ao setor de vendas. Devido a peças é composto pelas costureiras e/ou piloteiras,
esta multiplicidade de processos, é necessário que profissionais responsáveis pela montagem das peças.
sejam observados alguns detalhes durante sua pro- É nesta etapa que se unem as partes que compõem
dução para que facilite e potencialize as operações. a peça, como o dianteiro com o traseiro, união dos
Para que isso ocorra, faz-se necessário que o de- ombros, união das golas e mangas ao corpo da peça,
signer tenha conhecimento de como tudo isso ocorre entre outros. Para que este processo ocorra, utiliza-se
dentro da indústria, ou seja, o profissional necessita de uma sequência operacional, que corresponde a uma
um conhecimento prévio de como ocorre o funciona- ordem de processos e maquinários utilizados para
mento de cada setor, em especial a montagem, etapa unir as partes de tecido que constituem a peça.

94
DESIGN

O fato de saber qual operação será feita primeiro exemplo, a sequência de montagem de uma camisa
e qual é a seguinte evita que a roupa fique repassando ou uma calça sempre serão as mesmas, mas as mu-
dentro dos processos de costura, pois com uma sequ- danças podem ocorrer de acordo com o tipo de ma-
ência eficiente, a peça fará um único sentido, fazendo téria-prima utilizada, pois, para uma calça feita em
o trabalho fluir mais rápido, sem que haja desper- jeans, os acabamentos utilizados são diferentes de
dício de tempo e mão-de-obra. Entretanto, quando uma calça social, por exemplo.
isso não acontece, a pessoa responsável por esse setor A seguir, serão apresentadas as fichas de
faz a distribuição dos processos e acompanha cons- sequência operacional de montagem da camiseta
tantemente a montagem do produto e, com isso, há básica, camisa social manga longa, da calça e da saia
uma redução na produtividade da confecção. jeans, que servirão como um conhecimento prévio
A sequência operacional de montagem da peça de como é feita a sequência operacional dos demais
pode ser considerada padrão para os produtos, por produtos do vestuário.

SEQUÊNCIA OPERACIONAL - MONTAGEM DA CAMISETA BÁSICA


CÓD. PROCESSO PONTO ACESSÓRIOS CLASSE
FRENTE
1º Unir gola 504 500
2º Unir ombro 504 500
3º Pregar mangas 504 500
4º Fechar laterais 504 500
5º Pregar gola com etiqueta no degolo traseiro 504 Etiqueta 500
ACABAMENTO
1º Fazer barra de manga e corpo 402/406 400
2º Revisar Manual
3º Limpeza Manual Tesoura
4º Passar Manual Ferro 300
5º Embalar Manual Saco plástico
6º Selar Manual Etiqueta adesiva
Obs.: Máquina overlock e galoneira, utilizando malha e ribana.

Quadro 1 – Sequência operacional da camiseta básica


Fonte: adaptado de Senai (2007, p. 89).

95
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Figura 2 - Camiseta básica

CORTAR 1X COSTAS CORTAR 1X FRENTE

1 2
CORTAR 1 X GOLA

CORTAR 2X 1. COSTAS
MANGA 2. FRENTE
3. MANGA
4. GOLA
3

Figura 3 - Moldes que compõem camiseta básica


Fonte: as autoras.

96
SEQUÊNCIA OPERACIONAL - MONTAGEM DA CAMISA SOCIAL
CÓD. PROCESSO PONTO ACESSÓRIOS CLASSE
PREPARAR VISTA DIREITA
1º Posicione o dianteiro direito sobre a mesa de passar com o avesso para cima. Manual Ferro
2º Dobre as extremidades do tecido conforme as marcações (piques). Manual Ferro
3º Dobre novamente nas marcações e passe ferro. Manual Ferro
OBS. Esta vista poderá ser ou não pespontada conforme o padrão da empresa.
PREPARAR VISTA ESQUERDA
1º Posicione o lado esquerdo sobre a mesa de passar com o lado direito do tecido para cima. Manual Ferro
2º Coloque a entretela entre os piques e dobre o tecido sobre a entretela. Passe a ferro. Manual Ferro/entretela
3º Dobre novamente o restante do tecido sobre a entretela e passe a ferro. Manual Ferro
4º Pesponte as duas extremidades conforme o padrão da empresa. 301 300
PREPARAR A PALA
1º Executar as pregas conforme piques na parte inferior das costas e reserve. 301 300
2º Unir a pala com a parte inferior das costas. 301 300
3º Pespontar pala. 301 300
PREPARAR COLARINHO E PUNHO
MONTAGEM
1º Unir ombro 516 500
2º Pespontar ombro 301 300
3º Pregar mangas 516 500
4º Pespontar cavas 301 300
5º Preparar e montar carcela conforme esquema da montagem do punho
6º Fechar laterais 516 500
7º Pregar punhos conforme esquema da montagem do punho 301 30 300
8º Pregar colarinho (colocar etiqueta no centro costas) 301 Etiqueta 300
ACABAMENTO
1º Fazer barra 301 300
2º Marcar casa Manual Fita métrica
3º Pregar botões Manual Botões 300
4º Fazer casas 304 300
5º Revisar Manual
6º Limpeza Manual Tesoura
7º Passar Manual Ferro
8º Dobrar Manual
9º Embalar Manual Saco plástico

12º Selar Manual Etiqueta adesiva

Quadro 2 - Sequência operacional da camisa social manga longa


Fonte: adaptado de Senai (2007, p. 84 - 86).
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Figura 4 - Camisa social manga longa

15
14
CORTAR 2X
MANGA 9
12
1. FRENTE DIREITA
8 6 2. FRENTE ESQUERDA
5 3. COSTAS
4. PALA (CORTAR 2X)
2 5. MANGA
CORTAR 1X FRENTE ESQUERDA 6. PUNHO (CORTAR 2X)
3 7. CARCELA (CORTAR 1X)
8. GOLA (CORTAR 2X)
9. PÉ DE GOLA (CORTAR 2X)
CORTAR 1X COSTAS 10. DETALHE GOLA (CORTAR 2X)
11. BOLSO (CORTAR 1X)
12. ENTRETELA PUNHO (CORTAR 2X)
CORTAR 1X FRENTE DIREITA
13. GABARITO BOLSO (PAPEL)
14. ENTRETELA GOLA (CORTAR 1X)
1 15. ENTRETELA PÉ DE GOLA (CORTAR 1X)

10
11 PALA
13 7
4

Figura 5 - Moldes que compõem camisa social.


Fonte: as autoras.

98
SEQUÊNCIA OPERACIONAL - MONTAGEM DA CALÇA JEANS
CÓD. PROCESSO PONTO ACESSÓRIOS CLASSE
PREPARAÇÃO
1º Overlocar vista simples 504 500
2º Overlocar vista dupla 504 500
3º Pregar vista c/ zíper na vista simples 301 300
4º Overlocar espelho 504 500
5º Barra do bolso relógio 301 300
6º Barra do bolso traseiro 301 300
7º Pregar bolso relógio 301 300
8º Pregar espelho no forro do bolso 301 300
9º Pregar revel no reforço do bolso 301 300
10º Pregar forro e revel no dianteiro 301 300
11º Pespontar bolso dianteiro 301 300
12º Fixar espelho no dianteiro Manual
13º Fechar bolso dianteiro (forro de bolso) 516 500
14º Fazer filigrana bolso traseiro 301 Bordado 300
15º Preparar passantes 406 400
16º Gabaritar bolso traseiro Manual Ferro/gabarito
TRASEIRO
1º Pregar pala 516 500
2º Unir traseiro (máquina de braço ou interlock) 516 500
3º Pespontar traseiro 301 300
4º Pregar bolsos traseiros 301 300
DIANTEIRO
1º Pregar bolso relógio 301 300
2º Pregar espelho no forro do bolso 301 300
3º Pregar revel no reforço do bolso 301 300
4º Pregar forro e revel no dianteiro 516 500
5º Pespontar bolso dianteiro 301 300
MONTAGEM
1º Fechar lateral 516 500
2º Pespontar lateral 301 300
3º Fechar entrepernas 516 500
4º Fixar passantes nas posições determinadas Manual
5º Pregar cós com etiquetas no centro das costas (avesso) 401 Etiquetas 400
6º Fazer ponteira de cós 301 300
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

ACABAMENTO
1º Fazer barra da perna 301 300
2º Travetar passantes 304 300
3º Travetar bolsos (dianteiro, traseiro e braguilha). 304 300
4º Marcar caseado Manual Fita métrica
5º Casear 304 300
6º Pregar botão Prensa Botões
7º Revisar Manual
8º Limpeza Manual Tesoura
9º Passar Manual Ferro
10º Dobrar Manual
11º Embalar Manual Saco plástico
12º Selar Manual Etiqueta adesiva
Obs.: Máquina reta, interlock, caseadeira, máquina de pregar cós, botoneira e travete.

Quadro 3 – Sequência operacional da calça jeans


Fonte: adaptado de Senai (2007, p. 101 - 103).

Figura 6 - Calça jeans masculina

100
DESIGN

1. DIANTEIRO
CÓS 3 2. TRASEIRO
9
3. CÓS (CORTAR 1X)
10 11 4. PARA TRASEIRA
(CORTAR 2X)
5. ESPELHO (CORTAR 2X)
CORTAR 2X DIANTEIRO 6. BOLSO RELÓGIO
(CORTAR 1X)
FORRO 7. FORRO BOLSO
1
5 (CORTAR 2X)
8. BOLSO TRASEIRO
(CORTAR 2X)
7 6 9. VISTA DUPLA
(CORTAR 1X)
4 CORTAR 2X TRASEIRO 10. VISTA SIMPLES
(CORTAR 1X)
BOLSO 11. PASSANTE
* 8 2 (CORTAR 1X)
* GABARITO BOLSO
(CORTAR 1X EM PAPEL)

Figura 7 - Moldes que compõem a calça jeans masculina


Fonte: as autoras.

SEQUÊNCIA OPERACIONAL - MONTAGEM DA SAIA JEANS


CÓD. PROCESSO PONTO ACESSÓRIOS CLASSE
PREPARAÇÃO
1º Overlocar vista simples 504 500
2º Overlocar vista dupla 504 500
3º Pregar vista c/ zíper na vista simples 301 300
4º Overlocar espelho 504 500
5º Barra do bolso relógio 301 300
6º Barra do bolso traseiro 301 300
7º Pregar bolso relógio 301 300
8º Pregar espelho no forro do bolso 301 300
9º Pregar revel no reforço do bolso 301 300
10º Pregar forro e revel no dianteiro 301 300
11º Pespontar bolso dianteiro 301 300
12º Fixar espelho no dianteiro Manual
13º Fechar bolso dianteiro (forro de bolso) 516 500
14º Fazer filigrana bolso traseiro 301 Bordado 300
15º Preparar passantes 406 400
16º Gabaritar bolso traseiro Manual Ferro/gabarito

101
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

TRASEIRO
1º Pregar pala 516 500
2º Unir traseiro (máquina de braço ou interlock) 516 500
3º Pespontar traseiro 301 300
4º Pregar bolsos traseiros 301 300
DIANTEIRO
1º Pregar conjunto de vista no dianteiro 301 300
2º Pespontar vista esquerda com zíper 301 300
3º Pregar vista direito 301 300
4º Unir parte inferior do dianteiro 516 500
MONTAGEM
1º Fechar lateral 516 500
2º Pespontar lateral 301 500
3º Fechar entrepernas 516 500
4º Fixar passantes nas posições determinadas Manual
5º Pregar cós com etiquetas no centro das costas (avesso) 401 Etiquetas 400
6º Fazer ponteira de cós 301 300
ACABAMENTO
1º Fazer barra da perna 301 300
2º Travetar passantes 304 300
3º Travetar bolsos (dianteiro, traseiro e braguilha). 304 300
4º Marcar caseado Manual Fita métrica
5º Casear cós 304 300
6º Pregar botão Prensa Botões
7º Revisar Manual
8º Limpeza Manual Tesoura
9º Passar Manual Ferro
10º Dobrar Manual
11º Embalar Manual Saco plástico
12º Selar Manual Etiqueta adesiva
Obs.: Máquina reta, interlock, caseadeira, máquina de pregar cós, botoneira e travete.

Quadro 4 - Sequência operacional da saia jeans


Fonte: adaptado de Senai (2007, p. 75 - 76).

102
DESIGN

Figura 8 - Saia jeans

CÓS
3

5
4

CORTAR 2X DIANTEIRO CORTAR 2X TRASEIRO

PALA
1 2

6 7 * 8
BOLSO

1. DIANTEIRO
2. TRASEIRO
3. CÓS (CORTAR 1X) 7. VISTA DUPLA (CORTAR 1X)
4. PALA TRASEIRA (CORTAR 2X) 8. BOLSO TRASEIRO (CORTAR 2X)
5. ESPELHO (CORTAR 2X) 9. PASSANTE (CORTAR 1X)
6. VISTA (CORTAR 1X) * GABARITO BOLSO (CORTAR 1X EM PAPEL)

Figura 9 - Moldes que compõem a saia jeans


Fonte: as autoras.

103
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

As sequências operacionais apresentadas podem ser De acordo com Rech (2002, p. 45),
consideradas padrões na indústria, estas que virão a
sofrer alterações em seu processo de montagem de As características que orientam a qualidade do
produto de moda começam na definição e aná-
acordo com o modelo da peça a ser confeccionada
lise das matérias-primas (fibras, fios, tecidos),
e também o tipo de acabamento escolhido; etapas passando pelas fases de criação, desenvolvi-
que passam a ser definidas pelo estilista e modelista mento, confecção, acabamento e sua relação
no desenvolvimento de novos produtos, pois ambos com o consumidor, no uso diário.
acabaram definindo o que se adequa melhor à ne-
cessidade de cada produto, para que a ficha de mon- Sendo assim, pensar no acabamento certo se torna
tagem – sequência operacional – possa ser definida. uma das prioridades do designer, pois é ele quem
Ao tratar-se de montagem e sequência opera- faz a escolha do tecido e dos aviamentos que irão
cional de uma peça do vestuário, podemos afirmar compor a peça. Em algumas empresas, o designer
que este processo objetiva maior visualização dos não pensa sozinho, ele tem a ajuda do setor de mo-
processos de execução/montagem de determinado delagem para escolher qual tipo de acabamento me-
produto por meio da enumeração das operações que lhor se adequa na produção da peça. Este processo é
serão realizadas. De certa forma, a sequência ope- realizado sempre com a preocupação de como isso
racional apresentada na ficha técnica é de extrema irá refletir em uma escala maior na produção.
importância para que a produção funcione bem, em
ritmo satisfatório. Contudo, sugiro que você, caro(a) Uma peça de vestuário agrega vários elemen-
tos em sua confecção. Além da matéria-prima
aluno(a), pesquise mais sobre a sequência operacio-
principal, o tecido, há todo um universo de ma-
nal dos produtos a fim de criar um repertório para teriais utilizados para se obter a forma, a estru-
que você tenha conhecimento dos processos de cos- tura e os efeitos desejados. O conhecimento e a
tura, montagem e execução de processos, e venha a aplicação desses recursos permite que o produ-
se tornar um designer completo. to reúna em si os valores extrínsecos e intrín-
secos que despertarão o desejo do consumidor
pelo produto (LIMA et al., 2008, p. 105).
ACABAMENTOS
Lima et al. (2008) ainda afirmam que é importante
Pensar no acabamento é essencial para quem quer que o designer tenha conhecimento dos tipos de aca-
produzir produtos de vestuário, pois isso garante a bamento existentes, visando a melhoria da qualidade
qualidade e a aparência do produto, fazendo com do seu trabalho, pois os acabamentos são de extrema
que ele seja valorizado e passe a ser desejado pelo importância na construção dos valores extrínseco e
consumidor. O acabamento é considerado a finali- intrínseco do produto de moda, uma vez que este
zação de uma peça, que pode ser boa, contribuindo carrega os atributos e qualidades como estratégias
de forma positiva; ou se for ruim, pode deixar a peça competitivas que estão relacionadas ao custo e à di-
com aparência desleixada e mal feita. ferenciação, como os detalhes e o acabamento.

104
DESIGN

SAIBA MAIS gumas situações, principalmente na criação de


novos produtos, isso, de certa forma, irá ajudá-
-lo no momento de transmitir as especificações
Os aviamentos podem ser considerados um técnicas de sua criação para a modelista, fabri-
tipo de acabamento, sendo eles os elementos cante (JONES, 2011, p. 192).
de união (fios e linhas), elementos de fecha-
mento (botões, colchetes e zíperes), elemen-
tos rígidos de união e ajustes (fivelas, rebites, Compreende-se que as técnicas de costura são as-
ilhoses, mosquetões, argolas, fechos etc.),
sociadas a diferentes níveis dentro da indústria do
elementos estruturais embutidos (entretelas),
elementos de adorno externo (passamana- vestuário, em razão dos diferentes tecidos utiliza-
rias, galões e rendas). dos, principalmente a diferença entre os produtos
Fonte: Lima et al. (2008, p. 106). que são confeccionados pela alta costura e os acaba-
mentos dos produtos feitos por máquinas em larga
escala.
Diante disso, pode-se afirmar que a qualidade de
Ao falar de acabamento, não podemos deixar de fa- uma peça está relacionada aos detalhes dos acaba-
lar das técnicas de costuras que, por meio da ação mentos, mas isso está atrelado a outros aspectos que
do tecido costurado, tornam possível visualizar a envolvem a parte física do produto, como a escolha
qualidade do acabamento da peça, identificando os do tecido em relação ao modelo da peça, a modela-
problemas técnicos visíveis a fim de corrigi-los antes gem, o corte, a costura e a finalização que, reunidos
de iniciar a produção em larga escala. em uma peça e arrematados com um bom acaba-
mento, resultam em um produto de qualidade.
Por mais que estejamos falando de um processo Dentre os tipos de acabamentos existentes, fo-
produtivo em larga escala, sabe-se que a costu-
ra requer paciência, destreza e habilidades. [...]
ram listados, no Quadro 5, uma das categorias em
um designer deve ao menos ter noções de cos- que são expostos alguns deles, para que você tenha
tura, que lhe darão credibilidade diante de al- conhecimento e crie seu repertório de técnicas.

105
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

ACABAMENTOS COM TECIDOS DE SUSTENTAÇÃO

Pedaços de tecidos que acompanham as linhas do corte e dão acabamento a decotes,


VISTAS colarinhos, punhos, bainhas, abotoamento etc., virando as costuras para dentro. Podem
ser feitos com tecidos decorativos.

Tecidos tecnológicos que são costurados ou colados com uso do calor no tecido da roupa
ENTRETELAS
para aumentar a estabilidade em pontos críticos, como colarinhos e punhos.

É usado como reforço de tecidos muito delicados ou para reduzir as transparências. É


cortado nas mesmas peças do molde da roupa e fixado ao tecido principal antes que
FORRO
seja iniciada a construção. Desse modo, forro e tecido principal são trabalhados como se
fossem uma peça única.

Usados para dar acabamento na parte interna de um traje de alfaiataria, evitar o desgaste
das costuras e fazer com que a roupa amasse menos. São cortados, geralmente, em teci-
REVESTIMENTOS
dos acetinados para a roupa deslizar no corpo e vestir mais facilmente. São costurados em
apenas alguns pontos da roupa: cós, decote e, às vezes, na barra.

Tecido extra que pode ser aplicado no tecido principal ou no revestimento para deixar a
FORRO
roupa mais quente sem criar volume. Casacos de inverno costumam ter uma malha interna
EXTRA
acolchoada ou removível.

Quadro 5 - Tipos de acabamento com tecidos de sustentação


Fonte: adaptado de Jones (2011, p. 194).

Depois de conhecermos sobre os acabamentos exis- Outro ponto a ser levado em consideração são as bai-
tentes, vamos falar sobre alguns aspectos considera- nhas, sejam elas de manga de blusa, barra de calça, saia
dos essenciais ao fazer o acabamento de uma peça. ou vestido. Elas não podem ser feitas de qualquer forma,
De início, temos o tecido, este que deve ser sinôni- necessitam de uma atenção especial em relação ao tipo
mo de qualidade por ser um aspecto crucial na con- de ponto, técnica e espessura escolhida, tudo deve estar
fecção de um produto, ele deve apresentar caracte- em harmonia com o modelo, artigo e segmento da peça.
rísticas como não entortar ou torcer ao vestir, não
desmanchar ou puxar as costuras com facilidade, SAIBA MAIS
não enrugar, não criar “bolinhas” nos locais que têm
maior atrito, como braços e entrepernas.
Uma calça ou saia com corte alfaiataria pede
Assim como o tecido, a linha é outro ponto uma barra invisível feita à mão. Se fizer uma
a ser levado em consideração pela sua qualidade barra à máquina em uma peça com tecido e
e, principalmente, a cor. Isso mesmo! Em alguns corte de alfaiataria, tira toda a elegância da
peça. Entretanto, este acabamento manual aca-
casos, o não uso da linha na mesma cor que a do ba aumentando o tempo da produção de uma
tecido em que a peça foi cortada influencia direta- peça; desta forma, o processo manual pode
mente na estética do produto final. A agulha tam- ser substituído por outro tipo de acabamento
que também se adequa ao modelo proposto.
bém precisa estar de acordo com o tipo do tecido
utilizado, para que não danifique o tecido no mo- Fonte: adaptado de Mukai ([2018], on-line)5.

mento da costura.

106
DESIGN

A entretela, como vimos, também faz parte dos de um corte feito de forma incorreta, veremos mais
acabamentos, mas, para cada tipo de acabamento e sobre o corte na Unidade IV do nosso livro didático.
tecido, existe uma entretela específica, comumente Os acabamentos que diferenciam uma peça de
usada para dar acabamentos em decotes, golas, cós, vestuário podem estar relacionados à costura, ao
entre outros, a fim de conferir estrutura à peça. corte, a uma aplicação, uma lavagem, aspectos que
Por fim, um dos processos que influenciam dire- estão diretamente ligados ao processo de desenvol-
tamente no acabamento final do produto em relação vimento do produto, ou seja, ao designer. Sendo
ao seu caimento e à sua vestibilidade é o corte. Sim! assim, precisamos ter em mente a escolha correta
Por incrível que pareça, se a peça não for cortada dos acabamentos, entre outros processos, pois são
corretamente na posição do fio, o resultado pode detalhes que, ao final da coleção, criam um visual
não ser tão agradável. Você já se deparou com uma diferenciado e harmônico.
calça cujas costuras laterais ficavam torcidas no cor-
po conforme você se movimentava? Isso é resultado
REFLITA

SAIBA MAIS
Os acabamentos são tão importantes quanto
os aviamentos. Uma coleção pode ser prepa-
O acabamento pode agregar luxo à roupa. É rada valorizando-os. Depois de se definir a
muito importante agregar elementos corre- matéria-prima, é fundamental testar os aca-
tos para seu trabalho, pois é por meio desses bamentos em pequenas amostras, observar
detalhes que as pessoas irão percebê-lo e se o efeito de costura e detalhe no tecido ou
sentirem atraídas. malha escolhida.

Fonte: Prendergast (2015, p. 98). (Carlota Rigueiral e Flávio Rigueiral).

107
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

FICHA TÉCNICA, NORMALIZAÇÃO


E ETIQUETAGEM
Após criar um produto, um dos primeiros passos Por outro lado, Treptow (2013, p. 161) define fi-
a serem realizados no setor de desenvolvimento de cha técnica como um documento descritivo de uma
uma indústria do vestuário é a elaboração da ficha peça onde consta informações sobre os materiais
técnica. Este elemento tem como objetivo definir o utilizados, procedimentos de manufatura e acaba-
produto para os departamentos de modelagem, en- mentos, não apenas como algo necessário para a
genharia de produção e PPCP (Planejamento, Pro- formação do custo, mas para todo o processo pro-
gramação e Controle da Produção). Essa ficha deve dutivo do produto. Entretanto, os setores de custo,
conter todas as informações referentes ao processo planejamento e controle da produção estipularão o
produtivo da peça para que todos os departamentos preço de venda com base nos insumos utilizados no
executem suas tarefas com exatidão. produto, que estarão documentados na ficha.
Para Rigueiral e Rigueiral (2002, p. 184), a ficha Diante disso, podemos definir a ficha técnica
técnica de produto é um documento que deve conter como um elemento que se vê presente em todas as
todas as informações necessárias para a formação do etapas de construção da peça, repleta de informa-
custo do produto. Além dessas informações, uma fi- ções, discriminando o processo produtivo de um
cha técnica contém descrições de tecidos, coleção, produto para que, ao término de sua confecção, ele
aviamento e tabela de medidas. esteja fiel à criação do estilista.

108
DESIGN

Figura 10 - Exemplo de ficha técnica de protótipo


Fonte: Audaces (2013, on-line)6.

109
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Ao analisarmos as diversas fichas existentes na in- ria descritiva do produto e isso é importante para
dústria do vestuário, vimos que, além da ficha de que as empresas mantenham os registros de sua pro-
protótipo, conforme ilustrada na imagem, encon- dução e possam consultá-los com agilidade no caso
tramos as outras fichas técnicas, como a operacio- de um novo pedido”.
nal, sendo ela destinada ao PPCP (Planejamento, Os designers de moda assumem uma das tarefas
Programação e Controle da Produção), ao setor de mais importantes dentro da indústria do vestuário,
produção, o qual irá analisar as operações que serão pois seu trabalho envolve a criação de novos produ-
realizadas, e também ao setor da prototipagem, res- tos. Dessa forma, além da pesquisa de tendências e a
ponsável pela montagem do protótipo. Essas fichas elaboração dos desenhos, o preenchimento correto
devem conter as seguintes informações: da ficha técnica por esse profissional irá contribuir
• Qual máquina irá realizar tal operação. para que os demais setores desenvolvam seu traba-
• Qual a classe e o ponto da costura a ser reali- lho com eficiência.
zado e seu perfil.
• Acessórios que serão utilizados em determi-
nada costura.
• Em quanto tempo será realizada a costura. SAIBA MAIS
• Qualidade dos pontos de costura.
• Tipo de tecido, entre outros.
A ficha técnica na confecção de roupas é o
• Um dado importante a ser observado é que, documento descritivo e essencial no planeja-
caso haja alguma alteração na ficha, o único mento de uma coleção. Sua correta utilização
responsável que possui autorização para refa- impacta na qualidade, no tempo e custo de
zê-la é o gerente do desenvolvimento de pro- cada peça produzida. Cada ficha descreve
duto e, assim, se houver qualquer alteração, individualmente peça por peça, com todos
os insumos necessários para sua produção:
como a troca de matéria-prima, o gerente do
tipo de tecido, aviamentos, tipo de costura e
desenvolvimento de produto irá discutir com qualquer outra informação necessária.
o designer e os demais setores e, assim, reali- Quanto maior o detalhamento, mais idêntica
zar as alterações necessárias. à ideia do estilista a peça será. Por isso, a ficha
técnica na confecção é tão importante.

Para Leite e Velloso (2004 apud TRONCOSO, 2013, Fonte: Verrone (2016, on-line)8.

on-line)7, “a ficha técnica deve conter toda a memó-

110
DESIGN

ELABORAÇÃO E PREENCHIMENTO
DA FICHA TÉCNICA

As informações contidas na ficha não seguem uma Em algumas empresas, esse processo de preen-
norma em sua elaboração, elas devem ser acrescen- chimento da ficha técnica é feito de forma manual,
tadas conforme a necessidade da empresa, porém ou seja, o layout da ficha é desenvolvido no com-
algumas dessas informações são consideradas es- putador, depois é impresso e, posteriormente, é pre-
senciais para evitar diversos problemas, como troca enchido conforme passa pelos setores. Há também
de referência, quantidade alterada de matéria-pri- aqueles que optam por utilizar a ficha digital em sof-
ma, entre outros. Esses problemas ocorrem por má twares que proporcionam o preenchimento de for-
comunicação entre os setores internos ou externos, ma virtual, além de ser possível consultar este docu-
já que, atualmente, é comum o processo de tercei- mento a qualquer momento, sem que seja necessário
rização das peças. Esse processo ocorre quando os fazer a impressão dele.
serviços são realizados fora das indústrias, ou seja, Durante a elaboração da ficha técnica, deve-se
por terceiros, havendo uma necessidade maior de levar em consideração algumas informações essen-
uma ficha técnica preenchida corretamente para que ciais sobre o modelo, consideradas essenciais, sendo
o trabalho seja realizado com precisão e qualidade. elas:

111
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

[...] nome da marca, nome da estação ou cole- ções como: descrição da peça, referência do
ção a que se destina, referência da peça, referên- produto, estilista, coleção, data etc.
cia do molde, nome do designer responsável, • Grade: destinado a tamanhos da peça, como
nome do tecido principal e fornecedor, cores
P, M e G, ou 36, 38, 40, com as respectivas
pretendidas, tamanho do protótipo, tamanhos
variações, além das quantidades que serão
a serem graduados posteriormente, custo de
produção estimado e detalhada descrição do
produzidas em cada tamanho.
modelo. Além do desenho técnico do modelo • Desenho técnico: destinado à representação
(frente e costas), podendo, ainda, apresentar gráfica do modelo criado pelo estilista com
desenhos em croquis ou desenhos ampliados algumas indicações, como tipos de aviamen-
de detalhes, como técnicas de fechamento ou tos e de costura, informações que dão supor-
pespontos, para auxiliar o modelista e a pilo- te para os demais profissionais envolvidos no
tista a produzirem o caimento e acabamentos desenvolvimento da peça de roupa.
desejados. A data da criação da ficha é incluída,
• Tecidos: destinado aos principais materiais
bem como as datas de modificações que esta
têxteis utilizados na confecção da peça e os
recebe durante o processo. Os nomes do mode-
lista e da pilotista responsáveis pelo protótipo dados, como: códigos de referência (internos
e outras anotações são acrescentadas à medi- ou externos), o fornecedor, a composição
da que o modelo percorre o fluxo operacional da matéria-prima, os preços dos tecidos por
(TREPTOW, 2013, p. 163). unidade (kg ou m), a quantidade que será uti-
lizada e o valor gasto de fato em cada peça.
• Variantes: destinado às variações de tecidos
A autora ainda afirma que outro dado a ser acres-
ou de cores, que podem ser confeccionadas
centado à ficha é a planilha de custos, em que ficam
no mesmo produto e em alguns casos, até
registrados todos os tipos de materiais e as quanti- mesmo a variação de estampas.
dades consumidas. Além da sequência operacional • Aviamentos: destinado aos aviamentos que
com o tempo consumido em cada operação, ambos farão parte da peça, em que serão colocados:
os resultados irão fornecer uma estimativa do custo código, descrição, fornecedor, custo unitá-
de produção do produto para que seja possível cal- rio, unidade de medida, quantidade, custo de
cular o preço de venda do produto final. produção; neste campo, incluem-se as linhas
de costura.
Tendo conhecimento na elaboração da ficha téc-
• Observação: destinado às informações ou
nica, torna-se mais fácil seu preenchimento. Para
detalhes específico do tecido, de outra maté-
que você, futuro(a) designer, tenha conhecimento de
ria-prima ou até mesmo, um processo.
como ocorre esse preenchimento detalhado e com-
• Costura/Acabamento: destinado aos tipos de
pleto da ficha técnica, listamos alguns itens essen- costuras ou acabamentos que serão utilizados
ciais que devem ser preenchidos, segundo Audaces na peça, como costura reta, sobreposta, de
([2018], on-line)9, sendo eles: borda, overloque etc.
• Cabeçalho: destinado a um grupo de infor- • Processos: destinado aos serviços ou ativida-
mações básicas que servem para situar a peça des que serão necessários para materializar a
na cadeia produtiva e facilitar a pesquisa so- criação, como a mão-de-obra de costura, cor-
bre o modelo em questão. Contém informa- te, embalagem etc.

112
DESIGN

Figura 11 - Exemplo 2 de ficha técnica de protótipo/produto


Fonte: Audaces ([2018], on-line)9.

113
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Além dos campos citados anteriormente, o layout da


ficha técnica pode conter outros campos, tudo de-
penderá da necessidade da empresa. Cabe ressaltar
que, para que tudo ocorra de forma ágil dentro do
processo produtivo, é necessário que haja o com-
prometimento dos diferentes setores da empresa no
preenchimento da ficha com informações corretas. Figura 12 - Logo da ABNT
Fonte: ABNT ([2018], on-line)10.
Afinal, este é o meio de comunicação existente entre
os setores da etapa de produção; se esse recurso não
é usado da forma correta, não adianta tê-lo circulan- De acordo com dados do catálogo Senai (2003), até
do na fábrica. há pouco tempo, as normas elaboradas aprovadas e
Com a automação da ficha técnica – preenchi- registradas na ABNT recebiam o seguinte registro:
mento via sistema – torna-se possível realizar ajustes • CB - Normas de Classificação.
de forma rápida, ainda que na etapa de desenvolvi- • EB - Normas de Especificação.
mento do produto. Garantindo que haja fluxo con- • MB - Normas de Método de Ensino.
tínuo entre as equipes, evitando gargalos que dimi- • NB - Normas de Procedimento.
nuem o tempo de produção e, consequentemente, a • PB - Normas de Padronização.
competitividade da empresa no mercado da moda. • SB - Normas de Simbologia.

NORMALIZAÇÃO E ETIQUETAGEM Após a realização do registro da ABNT, passavam


pelo Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia,
Na indústria têxtil, a normalização dos produtos Qualidade e Tecnologia – e recebiam a sigla NBR.
acontecem por meio dos processos de etiquetagem, Além disso, os produtos relacionados à segurança e
em que a etiqueta passa a ser uma espécie de docu- prevenção recebem a marca e a certificação do Inme-
mento que contém informações técnicas para o uso tro, por meio do procedimento de avaliação e teste,
de fabricantes e consumidores. Essas normas são que objetiva atestar o grau de confiança com base nas
elaboradas a partir de experiências e conhecimentos normas e regulamentos técnicos de um determinado
tecnológicos realizados nas indústrias. produto; garantindo a segurança do consumidor.
As normas foram desenvolvidas para garantir ao
consumidor a qualidade dos produtos nacionalmen-
te. No Brasil, a elaboração de normas voltadas aos
produtos têxteis são feitas pela ABNT (Associação
Brasileira de Normas Técnicas), fundada em 1940,
sendo que, em 1962, foi reconhecida como entida-
de de utilidade pública pela lei federal de n. 4.150
Figura 13 - Logo do Inmetro
(BRASIL, 1962). Fonte: Inmetro ([2018], on-line)11.

114
DESIGN

O atual modelo de normas está vinculado à Asso-


ciação Internacional de Normalização, ou ISO – In-
ternational Organization for Standardization. Com
isso, as normas brasileiras são registradas com NBR
ISO 8402 e atualizadas pela NBR ISO 9000/2015.

Figura 14 - Logo da ISO


Fonte: ISO ([2018], on-line)12.

Assim, com o objetivo da padronização de peças de


equipamentos, máquinas e produtos industriais, fo-
ram surgindo normas relacionadas a temas chama- Figura 15 - Etiqueta decorativa ou de identificação da marca
dos teóricos. Tratam-se de questões relacionadas à
terminologia, a glossários de termos técnicos, regu- Uma etiqueta completa deve seguir os padrões da
lamentos de segurança, símbolos, entre outros. ABNT. Segundo a ABNT (2012, p. 23):
São muitas as vantagens da normalização: aumen-
to da produtividade eliminando desperdícios e melho- Muitos produtores alegam que os consumi-
dores não conhecem os símbolos, porém esse
rando a qualidade do produto, por exemplo. Assim,
reconhecimento dos símbolos só ocorrerá com
ao pesquisar sobre as normas que são relacionadas à o tempo, pois se tornará um hábito. A norma
indústria do vestuário, é possível encontrar normas internacional data de 1981 na ISO e de 1988
voltadas à padronização de tecidos e etiquetagem no Brasil. Em 1991, na ISO, houve revisão, e a
Para Araújo (1996), a etiqueta colocada em um ABNT, em 1994, a revisou também, pois eram
símbolos que circulavam apenas em algumas
artigo de vestuário identifica-o e define-o perante o
roupas, em especial nas roupas de empresas ex-
consumidor. Existe uma variedade de etiquetas que portadoras.
são importantes ou apenas informativas, como as
decorativas/de identificação e a etiqueta de compo- A maioria das indústrias tem grandes interesses em
sição, que segue regras específicas e estipuladas por se regularizar, mas o importante é levar ao consu-
lei em relação ao tipo de informações que ela deve midor informações que possam ser compreendidas.
apresentar. Sendo assim, é necessário fornecer folhetos ou tags

115
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

com informações adicionais, para que, assim, ele en- As informações e símbolos chegam aos clientes por
tenda o significado de cada símbolo. Há alguns itens meio das etiquetas e tudo o que está implícito no
que também merecem destaque e que devem inte- material têxtil influi na simbologia, desde fibras,
grar uma etiqueta de composição: aplicação de corantes, entre outros processos. As-
• Nome, razão social ou marca registrada do sim, a ABNT alerta para o fato de, ao etiquetar um
fabricante ou importador. produto que contenha mais de uma fibra, é neces-
• Identificação Fiscal - CNPJ ou CPF. sário levar em consideração a fibra que possui uma
• País de origem, por extenso. composição mais delicada, mesmo que em pequena
• Indicação do nome das fibras ou filamentos quantidade, pois será essa fibra que determinará os
têxteis e sua composição em porcentagem cuidados que esse produto deverá receber.
sempre em ordem decrescente.
A partir de 2001, a Resolução de Etiqueta Têxtil
• O Tamanho da peça que está sendo adquirida.
padronizou a maneira de os consumidores recebe-
• Cuidados para a Conservação do produto.
rem informações sobre o produto. Essa padroniza-
ção fez com que as informações fossem transmiti-
das por meio de símbolos ou texto, porém o uso de
textos pode fazer com que as etiquetas fiquem de
um tamanho desproporcional ao tamanho padrão
das etiquetas. Sendo assim, os símbolos são vantajo-
sos, já que são reconhecidos de forma internacional
e poderão ser identificados independentemente da
origem do produto.
Segundo o Guia de Normalização para Confec-
ção (2012, p. 39) “desde 1988, a norma de simbo-
logia de cuidados têxteis foi inserida no acervo de
normas da ABNT sob o número NBR 8719 (1994),
pois ainda não tínhamos a possibilidade de normas
equivalentes”.
A partir dessa normalização, todo o Mercosul
aderiu ao uso dessa norma, mas, com o passar dos
anos, devido às atualizações, ela foi substituída por
outra NBR, que também sofreu mudanças em 2006
e vem sendo alterada conforme as necessidades da
indústria. Sua versão mais recente foi lançada em
2013, NBR 3758/2013, para assegurar melhor utili-
zação dos símbolos e cuidados, visando a garantir às
empresas segurança e competitividade, além da du-
Figura 16 - Etiqueta de composição rabilidade do produto e a proteção ao consumidor.

116
DESIGN

Com base nesse conhecimento acerca das nor-


mas existentes na indústria têxtil e do vestuário, per-
cebemos que a elaboração de um produto de moda
não é uma tarefa fácil, requer um olhar apurado
sobre todos os detalhes que compõem uma peça de
roupa. Espero que com o conteúdo proposto nesta
unidade, você esteja preparado(a) para elaborar seus
trabalhos com ética e sabedoria.

SAIBA MAIS

Para a correta etiquetagem de produtos têx-


teis, devem ser aplicadas as seguintes normas:
• ABNT NBR 13372:1995 - Mistura de fibra -
Análise quantitativa - Eliminação prévia de
matérias não-fibrosas.
• ABNT NBR 11914:1977 - Análise quantita-
tiva de materiais têxteis.
• ABNT NBR 10589:2006 - Materiais têxteis
- Determinação da largura de não-tecidos
e tecidos planos.
• ABNT NBR 10591:2008 - Materiais têxteis -
Determinação da gramatura de superfícies
têxteis.
• ABNT NBR 13377:1995 - Medidas do corpo
humano para vestuário - Padrões referen-
ciais.
• ABNT NBR 15800:2009 - Vestuário – Re-
ferenciais de medidas do corpo humano
– Vestibilidade de roupas para bebê e in-
fanto-juvenil.
• ABNT NBR 12849:1993 - Tecidos felpudos e
aveludados confeccionados - Determinação
das dimensões.
• ABNT NBR 13455:1995 - Toalha de mesa
em tecido plano, felpudo ou aveludado -
Determinação das dimensões.
• ABNT NBR 13453:1995 - Lençol e fronha
em tecido plano - Determinação das di-
mensões.

Fonte: Beloso ([2018], on-line)13


e ABNT ([2018], on-line)14.

117
considerações finais

C
hegamos ao final de mais uma unidade e percebemos que o ciclo da moda
envolve muito mais setores e ações que possamos imaginar, vimos que para
todos esses processos acontecerem de forma ordenada e correta, é necessária
a ajuda de um layout ou arranjo físico em um ritmo satisfatório.
Vimos que a ficha técnica é um documento fundamental para o êxito do processo
de construção de uma peça do vestuário. Durante todo o processo de produção, a
ficha técnica servirá como objeto de fidelização do produto, sendo que nela é possível
encontrar as informações necessárias para a confecção de uma peça, tais como: qual
matéria-prima será utilizada, passando pelo processo produtivo até o acabamento
final. Acredito que, após a análise que fizemos, você, caro(a) aluno(a), será capaz de
perceber a importância do preenchimento correto de uma ficha técnica.
Vimos os processos de normalização estabelecidos pela ABNT – responsável pela
padronização das normas técnicas – e como funciona esse processo de padronização
dentro das indústrias de confecção.
Verificamos o quanto é importante para as empresas seguirem as normas esta-
belecidas referentes à etiquetagem das peças, se assim desejarem se manter em um
mercado tão competitivo. É preciso atentar-se aos diversos símbolos que devem ser
apresentados nas etiquetas, símbolos que contribuem para descrever os cuidados
que o consumidor deverá observar ao lavar ou passar a peça de roupa. Esse cuidado
irá garantir ao cliente uma peça de qualidade e a durabilidade do produto.
Espero que tenha gostado de aprender um pouco mais sobre os parâmetros da
confecção do vestuário e que você, como futuro(a) profissional da moda, possa con-
tribuir para a qualidade dos produtos, estando atento(a) não apenas à composição
estética, mas também a todos os detalhes e processos que envolvem a indústria e
confecção de moda.

118
atividades de estudo

1. Para Rigueiral e Rigueiral (2002, p. 184), a ficha técnica de produto é um do-


cumento que deve conter todas as informações necessárias para a formação
do custo do produto. Considerando o contexto apresentado, avalie as afirma-
ções:
I. Uma ficha técnica contém apenas informações relativas ao setor de modela-
gem.
II. A ficha técnica na confecção de roupas é o documento descritivo e essencial
no planejamento de uma coleção.
III. A normalização das fichas técnicas ajuda a evitar diversos problemas, como
troca de referência, quantidade alterada de matéria-prima, entre outros.
IV. A padronização das fichas técnicas fez com que as empresas seguissem ape-
nas um modelo de ficha, sendo esta aplicada para todas as empresas do país.

É correto o que se afirma em:


a. I, apenas.
b. II e III, apenas.
c. I e IV, apenas.
d. I, II e III, apenas.
e. I, II, III e IV.

2. Ao desenvolver uma ficha técnica, é importante preenchê-la com todas as in-


formações necessárias para todos os setores que compõem uma indústria.
Assim, não é correto realizar qualquer tipo de alteração sem a permissão do
responsável. De acordo com estudos, qual profissional permite as alterações
realizadas na ficha técnica?
a. Estilista.
b. Modelista.
c. Pilotista.
d. Gerente de produção.
e. Gerente do desenvolvimento de produto.

3. Durante o processo de estudo, vimos que são vários os tipos de acabamento


que podem beneficiar um produto de moda. Um acabamento pode alterar a
composição, qualidade e estética de uma peça de roupa. Sendo assim, descre-
va ao menos dois processos de acabamento de uma peça do vestuário.

119
atividades de estudo

4. Com o objetivo de padronização em equipamentos, maquinários e produ-


tos industriais, as normas foram desenvolvidas para garantir ao consumidor a
qualidade dos produtos. Nacionalmente, para a elaboração de normas volta-
das aos produtos têxteis, temos a ABNT, que auxilia no padrão dos produtos
do vestuário. Considerando nossos estudos sobre as normatizações de eti-
quetagem, avalie as afirmações a seguir:
I. As informações e símbolos chegam aos clientes por meio das etiquetas de
composição que, por meio da simbologia, representam a forma de conserva-
ção/lavagem do produto.
II. A etiqueta é considerada uma espécie de documento que contém informa-
ções técnicas para o uso de fabricantes e consumidores.
III. As normas de etiquetagem dos produtos são feitas a partir das normas esta-
belecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas e também pelo Insti-
tuto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia.

É correto o que se afirma em:


a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. I e II, apenas.
d. I e III, apenas.
e. I, II e III.

5. Sobre o processo de etiquetagem de produtos do vestuário, analise as afirma-


ções e assinale qual contempla a resposta correta.
a. As informações e os símbolos chegam aos clientes por meio das etiquetas, e
tudo o que está implícito no material têxtil influi na simbologia, desde as fibras,
até a aplicação de corantes, entre outros.
b. A maioria das indústrias não tem interesse em regularizar-se, mas o importan-
te é levar ao consumidor informações que possam ser compreendidas.
c. A falta de normalização não influencia na qualidade do produto.
d. O Inmetro - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - é o ór-
gão responsável pela normalização das etiquetas.
e. Os símbolos encontrados nas etiquetas de composição de uma peça seguem
as normas estabelecidas pela ISO, órgão responsável.

120
LEITURA
COMPLEMENTAR

COMO FAZER UMA FICHA TÉCNICA COMPLETA: PASSO A PASSO


Apesar de as fichas técnicas de vestuário não possuírem uma estrutura rígida e se ade-
quarem aos interesses e às necessidades das empresas, algumas informações são mais
comuns e indicadas. Mesmo assim, você sabe como fazer uma ficha técnica completa?
Para exemplificar como fazer uma ficha técnica completa, publicamos, na sequência, um
roteiro com os itens mais importantes e recomendados. Esses itens mostram alguns dados
que podem ser seguidos para a construção de uma ficha técnica.

Cabeçalho: nome da empresa, coleção, código de referência, nome da peça, grade de ta-
manho (ex: P/M/G, 38/40/42 etc.), tamanho da peça-piloto e lacre. Quando a peça piloto é
provada, recebe um lacre e esse número vai para a ficha.

Desenho técnico: apresenta a frente e as costas, mas dependendo do modelo, é possível


fazer a vista lateral e ampliar alguns detalhes, como bolsos, por exemplo. No desenho téc-
nico, é possível apresentar algumas medidas, no entanto, algumas fichas possuem uma
tabela de medidas.

Descrição da peça: é a exposição do modelo com detalhes para formas de decote, cava,
comprimento e acabamentos, fazendo uso dos termos mais técnicos. Essa descrição deve
ser sucinta e precisa.

Materiais principais: são aqueles que usamos em maior quantidade, a matéria-prima


principal da peça. Ao cadastrar a matéria-prima, deve-se colocar o nome do material, o có-
digo do fabricante, a composição, a largura, o peso, as especificações de lavagens etc. Esses
dados são importantes para facilitar os pedidos de compra e a confecção das etiquetas de
composição posteriormente.

Materiais secundários: são os materiais utilizados para dar sustentação, acabamento e


finalização nos modelos. Como forros, entretelas, viés, galão, linhas, botão, zíper, velcro,
barbatana, rebites, ilhoses etc. Assim como nos materiais principais, o cadastro detalhado
dessas matérias-primas é muito importante.

121
LEITURA
COMPLEMENTAR

Etiquetas: são as necessárias para o modelo, além das regulamentadas, como a de compo-
sição e lavagem. Como etiquetas de marca, etiquetas externas, tag etc. Também é impor-
tante cadastrar os dados do fornecedor.

Embalagem: é a descrição dos materiais necessários para embalar e transportar o modelo.


Por exemplo: na camisaria tradicional, usa-se prendedores plásticos de manga, suporte
de papelão para colarinho, papelão de dobra (determina o tamanho da dobra da peça),
acetato interno de gola, papel de seda, saco plástico e caixa. Neste campo, é importante
cadastrar os dados dos fornecedores.

Serviços terceirizados: referem-se aos beneficiamentos do modelo que não são feitos
internamente. Por exemplo: estamparia, bordado, tinturaria, passadoria etc.

Sequência operacional e de montagem: esta descrição da ficha técnica se refere a como


serão montadas e em que máquinas serão costuradas as partes da modelagem. Há um
padrão lógico de sequência operacional para cada modelo, mas pode sofrer pequenas al-
terações dependendo da facção, pois envolve maquinários e processos. Portanto, lista-se
as etapas de operações e montagem com a piloteira, mas a sequência deve ser confirmada
pelo setor de PCP (Planejamento de Controle de Produção).

Minutagem ou cronometragem: é o tempo que cada operação leva até que o modelo
seja confeccionado. Este dado é importante para se calcular o custo final da peça. O setor
de PCP também deve confirmar a cronometragem das operações. Alguns modelos sofrem
alterações depois da cronometragem, pois, no retorno do PCP, a peça pode apresentar
inviabilidade de produção.

Partes da modelagem: é uma representação gráfica de todos os componentes que fazem


parte da modelagem e que são necessários para a confecção do modelo. Nas empresas
com o software Audaces Vestuário Encaixe, as partes são impressas em escala reduzida
como representação do encaixe de uma peça. Esta folha é anexada à ficha técnica.

Variantes de cor: são as possíveis variações e combinações de cores para o modelo. Além
da variação de cor da matéria-prima principal, coloca-se aqui também as variações para
estampas, bordados etc. Deve-se seguir um código de cor de acordo com o fornecedor ou
serviço terceirizado, para têxteis e estampas, é comum usar os códigos da escala Pantone.

122
LEITURA
COMPLEMENTAR

123
LEITURA
COMPLEMENTAR

124
LEITURA
COMPLEMENTAR

Figura - Modelo de ficha técnica feita no Audaces Idea / Reprodução


Fonte: Troncoso (2013, on-line)15.

125
material complementar

Indicação para Ler

Fashion Design - Manual do Estilista


Sue Jenkyn Jones
Editora: Cosac Naify
Sinopse: esta edição ampliada chega ao Brasil num volume de 204 páginas, com
304 imagens entre fotos, ilustrações, croquis e diagramas explicativos. O livro
também foi ampliado para se tornar um guia de consulta permanente: os termos
e jargões de marketing da moda, de corte e costura, de fibras e tecidos são tra-
zidos para os dias atuais em glossários que preenchem uma lacuna no mercado
editorial do segmento; além de trazer calendários de eventos internacionais, fon-
tes complementares de leitura (livros e sites) ao final de cada capítulo.

Indicação para Ler

Roupas Passo a Passo - Mais de 200 Técnicas Essenciais para Iniciantes


Alison Smith
Editora: PubliFolha
Sinopse: ideal para quem quer criar suas próprias roupas, esse livro ensina como
costurar saias, vestidos, calças, blusas e blazers. Com orientações passo a passo
e fotos explicativas, apresenta os materiais e ferramentas necessários, como agu-
lhas e linhas; os instrumentos de medição e corte; e instruções para usar máqui-
nas de costura e de overloque.

Indicação para Ler

Design & Moda: como agregar valor e diferenciar sua confecção


Carlota Rigueiral e Flávio Rigueiral
Editora: Instituto de Pesquisas Tecnológicas: Ministério do Desenvolvimento, Indús-
tria e Comércio Exterior
Sinopse: a obra relata os processos dos diversos setores da indústria da confecção de
moda. Com essa edição, espera-se colaborar com cadeia têxtil e confecção na busca
por uma identidade de novos produtos. Constitui-se em uma importante fonte de
estudo para os futuros designers, pesquisadores, professores e estudantes de moda.

126
material complementar

Indicação para Acessar

Neste canal do Youtube (Marlene Mukai), você pode conhecer mais dicas sobre acabamentos de roupas, parte
fundamental nas confecções, além de outras dicas sobre modelagem, processo produtivo, sequência opera-
cional e maquinários.
Web: <https://www.youtube.com/channel/UC9MePuw96CbeyLbj5OXS2ww>.

Indicação para Acessar

Com o intuito de contribuir para o seu repertório sobre acabamentos, selecionamentos alguns links com dicas
bem interessantes sobre tipos de acabamentos x tecidos. Além disso, uma ótima dica é procurar uma costu-
reira experiente na área, que tenha conhecimento em diversos segmentos de moda, e fazer uma entrevista,
anotando em um caderninho os processos e nomenclaturas dos acabamentos existentes.
Web: <https://www.audaces.com/acabamento-de-roupa-08-tipos-de-barras-para-voce-fazer/>.
Web: <https://www.audaces.com/tipos-de-bainha-utilizadas-na-industria-do-vestuario-2/>.
Web: <https://www.audaces.com/acabamentos-de-roupas-x-tecido/>.
Web: <https://www.audaces.com/dicas-para-modelistas-sobre-costuras-e-acabamentos/>.

127
referências

______. SEBRAE. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Normalização: Cami-
nho da qualidade na confecção. Rio de Janeiro: ABNT; SEBRAE, 2012.
______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 3758:2013 - Têxteis — Códigos de cuidado
usando símbolos (ISO 3758:2012, IDT). ABNT: Rio de Janeiro, 2013.
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8719:1994 - Símbolos de cuidado para con-
servação de artigos têxteis – Simbologia. ABNT: Rio de Janeiro, 2002.
ARAÚJO, M. Tecnologia do Vestuário. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.
BRASIL. Lei n. 4.150, de 21 de novembro de 1962. Institui o regime obrigatório de preparo e obser-
vância das normas técnicas nos contratos de obras e compras do serviço público de execução direta,
concedida, autárquica ou de economia mista, através da Associação Brasileira de Normas Técnicas
e dá outras providências. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/
L4150.htm>. Acesso em: 27 set. 2018.
JONES, S. J. Fashion design: manual do estilista. 3. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
LAS CASAS, A. L. Marketing de varejo. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
LIGER, I. Moda em 360 graus: design, matéria-prima e produção para o mercado global. São Paulo:
Senac, 2012.
LIMA, V.; RYBALOWSKI, T.; SCHIMID, E.; FEGHALI, M. K. (Orgs.). O ciclo da moda. Rio de
Janeiro: Senac, 2008.
PRENDERGAST, J. Técnicas de Costura: uma introdução às habilidades de confecção no âmago do
processo criativo. Tradução de Michele Augusto. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.
RECH, S. R. Moda por um fio de qualidade. Florianópolis: Udesc, 2002.
RIGUEIRAL, C.; RIGUEIRAL, F. Design & moda: como agregar valor e diferenciar sua confecção.
São Paulo: Instituto de Pesquisa Tecnológica; Brasília: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, 2002.
SABRÁ, F. G. C. Os agentes sociais envolvidos no processos criativo no desenvolvimento de pro-
dutos da cadeia têxtil. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2016.
SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Curso de Operador de Máquina de Costura
Industrial - Manual do Docente. Curitiba: Senai-PR. Apostila Técnica, 2007.
______. Tecnologia da Confecção. Aprendizagem industrial. Curitiba: Senai-PR. Apostila Técnica,
2003.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R.; OLIVEIRA, M. T. C. Administração da produção. 3.
ed. São Paulo: Atlas, 2009.
SMITH, A. O grande livro da costura: material, técnicas, moldes, projetos. Tradução de Rosemarie
Ziegelmaier. São Paulo: Publifolha, 2013.
TREPTOW, D. Inventando moda: planejamento de coleção. 5. ed. São Paulo: Autora, 2013.

128
referências

Referências on-Line
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cao-de-roupas/>. Acesso em: 27 set. 2018.
² Em: <https://www.audaces.com/tipos-de-layout-de-producao-do-vestuario/>. Acesso em: 27 set. 2018.
³ Em: <http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/385_layout_processo_trabalho.pdf>. Acesso em:
27 set. 2018.
4
Em: <https://www.audaces.com/layout-fixo-de-producao-do-vestuario/>. Acesso em: 27 set. 2018.
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Em: <https://blog.maximustecidos.com.br/7-dicas-simples-que-podem-mudar-sua-visao-sobre-os-aca-
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Em: <http://www.audaces.com/ficha-tecnica-na-confeccao-entenda-qual-a-sua-importancia/>. Acesso em:
27 set. 2018.
8
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rio/>. Acesso em: 27 set. 2018.
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Em: <http://www.abnt.org.br/>. Acesso em: 27 set. 2018.
11
Em: <http://www.inmetro.gov.br/>. Acesso em: 27 set. 2018.
12
Em: <http://www.iso.org/iso/home.html>. Acesso em: 27 set. 2018.
13
Em: <http://www.audaces.com/acabamento-de-roupa-08-tipos-de-barras-para-voce-fazer/>. Acesso em:
27 set. 2018.
14
Em: <http://www.abnt.org.br/noticias/4091-toda-atencao-as-etiquetas-texteis>. Acesso em: 27 set. 2018.
15
Em: <https://www.audaces.com/como-fazer-uma-ficha-tecnica-completa/>. Acesso em: 27 set. 2018.

gabarito

1. B.
2. E.
3. Uma peça do vestuário pode receber diversos tipos de acabamento conforme
definido pelo estilista. Esse acabamento pode ser realizado com aviamentos, lava-
gem ou costuras diversificadas. Temos, como exemplo, os diversos tipos de aca-
bamentos, sendo eles barra de lenço ou barra com pesponto duplo, entre outros.
4. D.
5. A.

129
AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL:
SISTEMAS CAD/CAM

Prof.ª Esp. Andressa Jaqueline Gonçalves de Macedo


Prof.ª Esp. Natani Aparecida do Bem

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Sistemas CAD/CAM versus indústria de confecção
• Automação do setor de modelagem
• Sala de corte: enfesto, encaixe e risco

Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os aspectos que agilizam a produção e proporcionam
praticidade na criação e fabricação do produto nas indústrias.
• Conhecer os sistemas e processos que fazem parte da modelagem
automatizada.
• Conhecer os tipos de planejamento de risco, técnicas e máquinas
de corte, assimilando os tipos de enfesto e encaixes com o tipo de
matéria-prima.
unidade

IV
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à quarta unidade do nosso ma-


terial didático. Nesta unidade, veremos que existem diferentes sistemas e
processos que fazem parte do setor produtivo, em especial nos setores de
modelagem e corte, os quais apresentaram uma evolução significativa ao
longo do tempo, que serão o foco principal desta unidade.
Aprendemos que a modelagem é primordial na qualidade de um pro-
duto do vestuário, pois ela garantirá melhores caimento e vestibilidade
ao produto. Com os avanços na indústria e no setor, cada vez mais têm
surgido processos e métodos que fazem com que a modelagem se torne
eficaz, um deles é a modelagem automatizada, a qual tem contribuído
com a rapidez na execução de moldes e também no processo produtivo.
Outro setor que você conhecerá nesta unidade é o setor de corte, res-
ponsável por cortar o tecido em partes, transformando-os nas partes das
peças que, posteriormente, serão costuradas. Isso acontece por meio de
técnicas de planejamento de risco, que envolve máquinas e processo de
corte, aliados aos tipos de enfesto de tecido – este que deve ser feito de
acordo com o tipo de matéria-prima que será utilizado – a fim de que o
encaixe e o corte sejam perfeitos para que não haja problemas no lote que
será costurado.
Assim, os conteúdos abordados irão lhe auxiliar no desenvolvimento
de produtos, pois, para um bom designer, é primordial conhecer todos os
processos de confecção do produto a fim de evitar problemas futuros ao
desenvolver algum produto que seja de difícil execução/reprodução em
larga escala. Boa leitura!
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

SISTEMAS CAD/CAM VERSUS


INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO
Decorrente dos avanços existentes na indústria têxtil e que trarão benefícios para empresas, colaboradores
de confecção, a redução dos custos tem se tornado es- e para a sociedade. Araújo (1996) afirma que, nas
sencial com o passar dos anos, seja acelerando processos últimas décadas, tem-se verificado um aumento
ou evitando desperdícios. Essa redução torna-se possí- progressivo da automação na produção de vestuá-
vel com o auxílio da tecnologia, por meio de softwares e rio, atividade tradicionalmente caracterizada pela
máquinas que têm revolucionado as formas de produ- mão-de-obra extremamente intensiva.
ção de diversas empresas do ramo, principalmente nas Atualmente, existem diversos tipos de máquinas
equipes de desenvolvimento de produtos. A automação de costura as quais basta o operador configurá-las
industrial não se justifica apenas pela redução de custos, para realizarem o trabalho automaticamente, sendo
mas pelo aumento da produção, pois se torna possível possível a própria máquina posicionar a peça, costurar
produzir mais por um custo menor de energia. e realizar o corte da linha. Além desses equipamentos,
Mas você deve estar se perguntando: de fato, o podemos citar os softwares desenvolvidos para o setor
que é automação industrial? de modelagem, usados para acelerar o processo de de-
Automação industrial é o processo de transfor- senvolvimento, graduação, encaixe e corte de produ-
mação em que uma empresa passa a aplicar técnicas, tos; etapas que demandam tempo e, com o auxílio de
softwares e equipamentos no processo produtivo, softwares, o trabalho torna-se mais rápido e ágil.

134
DESIGN

Figura 1 - Evolução das máquinas de costura

SAIBA MAIS

Para Schmid e Feghali (2008, p. 102):


Com os processos de automação, os segmen-
tos da economia que mais devem adotar as os avanços tecnológicos procuram amenizar esse
novas tecnologias são as indústrias e as ven- quadro por meio de sistemas CAD – Computer
das. Segundo informações do site Business Aided Design (Design Assistido por Computa-
of Fashion, a moda vai caminhar de forma dor) e CAM Computer Aided Manufacturing
inevitável em direção à automação. E não (Manufatura Assistida por Computador) -, fer-
apenas da produção, no “chão de fábrica”, ramentas fundamentais na evolução da indústria
mas também em trabalhos criativos, como de confecção nos dias de hoje.
o design das peças.
Uma das tendências de moda é justamen-
te o investimento em modelos verticais de Contudo, introduzir o uso dessas tecnologias no ci-
produção, com um número maior de marcas clo de produção não foi uma tarefa fácil no início,
investindo em seus próprios equipamentos
pois havia uma reivindicação por parte de algumas
de automação. De acordo com o Business
of Fashion, a automação fará as marcas pessoas do setor; principalmente pelo aparecimen-
produzirem, em resposta às demandas dos to de dispositivos tecnológicos que resultaram em
clientes, com muito mais rapidez do que em grandes transformações econômicas e políticas.
qualquer outra época, eliminando desperdí-
Uma delas está relacionada à diminuição de mão-
cios e a improdutividade.
-de-obra ocorrida com essas transformações, pois
Fonte: Audaces ([2018], on-line)1. muitas empresas substituíram a mão-de-obra por
equipamentos autônomos. Porém, em outro extre-

135
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

mo, temos a busca por profissionais qualificados na Segundo Audaces (2017, on-line)3:
área operacional e de manutenção, especializados
em atender a esse cenário tecnológico. associado ao sistema CAD, o sistema CAM (sigla
em inglês para Fabricação Assistida por Computa-
Com isso, percebe-se que são vários os fato-
dor) é usado para melhorar o enfesto e o corte dos
res que levam uma empresa a se automatizar, uma tecidos. Como essa é uma etapa muito importante
delas é o aumento da produção, porém o que re- do processo produtivo, o software ajuda a definir a
almente contribui para esse acontecimento são as linha e o fio correto para o corte do tecido.
exigências baseadas nos padrões de qualidade do
mercado. A empresa que não acompanha os pro- Vale ressaltar que o sistema CAD é utilizado em
cessos de modernização gradativamente irá perder outras áreas específicas, como: engenharia, arqui-
espaço no mercado, principalmente por estarmos tetura, mecânica, geologia e em outros segmentos
tratando de uma era digital, em que tudo envolve industriais. Pensando em você, futuro(a) designer,
tecnologia. a seguir, iremos abordar este assunto com o viés da
Para a designer de moda, professora e consultora indústria do vestuário, para que você tenha conheci-
empresarial Ana Luiza Olivete (2013, on-line)2, o in- mento dos avanços existentes neste setor.
vestimento em melhores processos, equipamentos e A indústria do vestuário possui diversos softwa-
“cérebros” são essenciais para garantir um espaço no res que auxiliam no processo produtivo, em todas
mercado. Cabe ressaltar que o uso desses sistemas as etapas/setores que uma peça irá passar ao longo
auxilia em todo o processo produtivo de confecção da sua produção. Durante o processo de criação, o
das roupas, desde a etapa de criação até a produção software tem como função facilitar a comunicação
do protótipo; pois, além de praticidade, a tecnologia entre estilistas e modelistas, com o objetivo de de-
permite a visualização do produto antes mesmo que senvolver desenhos estilizados, desenhos técnicos e
ele esteja pronto, transformando isso em informa- fichas técnicas. Além disso, este software permite aos
ções claras que irão viabilizar e auxiliar o trabalho estilistas e designers criarem com precisão e agilida-
do modelista. de de forma inovadora, garantindo a produtividade.

REFLITA

A busca pela qualificação deve ser constante,


ela não termina após a formação acadêmica.
Precisamos estar constantemente em busca
de conhecimento, uma vez que isso que nos
levará à excelência profissional.

136
DESIGN

Figura 2 - Departamento de criação: software direcionado ao desenho de moda


Fonte: Audaces (2013, on-line)4.

Hoje, a maioria das indústrias de confecção apresen- Para que você, caro(a) aluno(a), tenha conheci-
tam grande evolução quando o assunto é tecnologia. mento acerca destas empresas que atuam no Brasil
Mesmo diante deste quadro de inovação, boa parte com os sistemas CAD/CAM, elas serão apresenta-
dessas empresas continuam passando por este pro- das de forma breve, para que você entenda como
cesso, em virtude de acrescentar algum tipo de sof- cada uma delas funciona no mercado de tecnologia
tware ou maquinário que auxilie no processo produ- da confecção.
tivo, garantindo qualidade aos produtos, reduzindo A Audaces é considerada uma empresa líder em
custos e o tempo gasto em cada processo. modelagem de vestuário computadorizada no Bra-
sil, por trabalhar com uma variedade de softwares
Atualmente, algumas destas tecnologias estão dis-
poníveis para empresas de qualquer porte, pois
que auxiliam no processo de execução de um produ-
existem soluções compatíveis com o tamanho de to. Dentre os softwares existentes, o Audaces Vestu-
cada uma. Duarte e Saggese (2010) citam as prin- ário atua na construção, graduação e documentação
cipais empresas de CAD/CAM atuantes no Brasil, de moldes, com uma interface simples que facilita
são elas: Audaces, Gerber e Lectra [...]. Existem
a comunicação entre o usuário e o software (REIS,
mais de dezoito softwares especializados no de-
senvolvimento do produto de moda, mas esses 2015, on-line)5.
são os mais representativos (COSTA, 2016, p. 53).

137
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

do eles: Audaces Moldes (CAD para desenvolvimento


de moldes), Audaces Encaixe (CAD para o encaixe de
moldes), dispondo de ferramentas para criação, al-
teração e graduação dos moldes, que proporcionam
agilidade e precisão para adicionar costuras, compa-
Figura 3 – Logo Audaces rar perímetros, criar e transferir pences, deduzir grade
Fonte: Audaces ([2018], on-line)6.
de tamanhos e inserir curvas predefinidas; realizar o
encaixe da modelagem automaticamente; planejar o
Considerada a empresa número um em softwares para corte a partir da quantidade de moldes, estampas e
o setor do vestuário, o pacote de softwares da Audaces largura do tecido; programa uma lista de encaixe da
Vestuário é composto por diversos softwares atuantes modelagem a ser calculada automaticamente em in-
em diferentes setores da indústria de confecções, sen- tervalos que o computador estiver ocioso.

Figura 4 - Tela inicial Audaces Moldes


Fonte: as autoras.

138
DESIGN

Figura 5 - Tela do Audaces Encaixe


Fonte: Troncoso (2013, on-line)7.

Além destes softwares de modelagem, a empresa


oferece o Audaces 3D, utilizado na simulação 3D de
modelagem de roupas, ou seja, por meio dele é pos-
sível realizar a modelagem em manequins virtuais,
como se o processo realizado fosse a modelagem tri-
dimensional no método antigo. Isso, de certa forma,
acaba facilitando o trabalho do modelista e, princi-
palmente, influencia na redução de custos e desper-
dício de matéria-prima, uma vez que, ao “provar” a
peça antes de cortar, é possível verificar a quantida-
de correta de tecido que será utilizada no produto.

Figura 6 - Tela do Audaces 3D


Fonte: Boriello (2014 apud
COSTA, 2016).

139
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Além destes, o software mais recente do grupo, lança- Outro sistema muito utilizado é o da Ger-
do em 2017, é o Audaces 360, que apresenta uma pro- ber, fundada em 1968 nos EUA, primeira a
posta ousada e que irá contribuir grandemente com o produzir uma máquina de corte automáti-
desenvolvimento das indústrias. ca para a indústria do vestuário, que veio
Segundo o site oficial da Audaces ([2018], on-line)8: ao Brasil por volta de 1984, contratada pela
Alpargatas, primeira empresa a adquirir
O software tem como princípio facilitar todos os um sistema CAD no país, que envolviam
processos de uma confecção – desde a criação todas as estações de trabalho, mesa digita-
das peças, passando pela modelagem, gradua-
lizadora e plotters. Atualmente, a Gerber é
ção, encaixe, plotagem e finalizando no corte. A
proposta é que, de forma automatizada, simples e considerada uma das líderes mundiais de
digital, o cliente possa integrar todos os seus pro- CAD/CAM, que atua em mais de 130 pa-
cedimentos, otimizando cada etapa, reduzindo íses, inclusive no Brasil (BORIELLO, 2014
os custos da produção e maximizando os lucros. apud COSTA, 2016).

140
DESIGN

Figura 8 - Tela de encaixe no software Gerber


Fonte: Pattern skid ([2018], on-line)9.

Por fim, a terceira empresa que iremos conhecer


é a Lectra, empresa de softwares CAD/CAM,
projetados para as indústrias que utilizam ma-
teriais têxteis em seus processos produtivos. Di-
recionada às indústrias automobilísticas, têxteis
(de confecção) e moveleira, as soluções Lectra
acabam tornando-se específicas para cada um
destes segmentos, permitindo aos clientes a au-
tomação dos processos, a otimização de tempo
e o desenvolvimento de manufatura. O pacote
de softwares da Lectra para moda e confec-
ção são os sistemas Modaris e Modaris 3D fit.
(LECTRA, 2015 apud COSTA, 2016).

Figura 9 - Tela do software Lectra


fonte: Lectra (2016, on-line)10.

141
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

AUTOMAÇÃO DO
SETOR DE MODELAGEM
A automação dos processos de modelagem se deu a que fosse necessário grande investimento na ca-
partir da década de 60, com a invenção da primeira pacitação dos operadores. Visto que o operador de
máquina de corte de tecido automatizado do mun- CAD, que atua na gradação e encaixe das peças, não
do, alimentada por um sistema CAD, fato que re- necessita de conhecimentos em modelagem, torna-
volucionou a indústria mundial do vestuário e que -se possível que um profissional sem formação de
veio a contribuir com o desenvolvimento do setor. modelista consiga atuar nesta função, já que os co-
Segundo Corso, Casagrande e Santos (2016, p. 4), nhecimentos para operar o sistema podem ser ad-
“as primeiras empresas que se destacaram em sof- quiridos ao longo do tempo, com auxílio de treina-
tware CAD para modelagem foram a Gerber/Cams- mentos. Como destaca Corso, Casagrande e Santos
co, Lectra System and Microdynamics System, As- (2016, p. 11),
syst e Investronica. No Brasil, destacou-se a Audaces
e Moda-01 no início dos anos 1990”. Mas, mais do que uma ferramenta de auxílio
ao modelista, o CAD também facilita o corte e
O uso desse sistema causou uma grande revo-
economiza dinheiro, pois o encaixe gerado no
lução e impacto, principalmente no setor da mode- sistema é o de menor desperdício e, enquanto
lagem e do corte, em que a tecnologia rapidamente diferentes planos de corte são encaixados no
apresentou uma quantidade expressiva no tempo computador, a mesa de corte está livre para que
despendido nas tarefas de ambos os setores, sem o tecido seja enfestado e cortado.

142
DESIGN

Fonte: Audaces ([2018], on-line)11.

Diferentemente do que muitos pensam, o processo com a tecnologia, seria possível adquirir mais pre-
de construção de um molde ou modelagem no siste- cisão, agilidade e eficiência nos processos, de for-
ma CAD assemelha-se à representação da modela- ma que as modelagens fossem confeccionadas em
gem plana desenvolvida manualmente que, de certa menos tempo.
forma, facilita o entendimento para aqueles que já Com isso, elencamos algumas das funcionalida-
possuem conhecimento sobre modelagem, mas não des e vantagens de utilizar um sistema de modela-
dominam o sistema CAD. Talvez um dos maiores gem de roupas (AUDACES, 2018, on-line)12.
empecilhos seja isso e o fato de alguns dos profissio- • Precisão: com o sistema, é possível contar
nais do setor não possuírem noções básicas de in- milímetros e fazer conferências de medidas
formática, dificultando a familiarização com os pro- que, no papel, delongariam tempo e, muitas
cessos e a tecnologia que o software tem a oferecer. vezes, não seriam tão precisas. Mas, se cria-
Porém, nem sempre foi desta forma, quando das de forma automatizada, o molde tem
foram lançados os primeiros softwares de modela- maior precisão e faz com que o produto final
tenha ainda mais qualidade.
gem, grande parte dos modelistas não acreditavam
• Eficiência: com o auxílio de diversas ferra-
no sistema e presumiam ser mais seguro desen-
menta criadas com base nos materiais utili-
volver a modelagem no método convencional, no zados no dia a dia de um modelista, torna-se
papel, à mão e, posteriormente, transferi-la para o mais fácil o reconhecimento e a execução do
computador. Com o tempo, este receio foi se per- trabalho, pois os processos passam a ser rea-
dendo e os profissionais passaram a aceitar que, lizados com facilidade.

143
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

• Agilidade: o software elimina o problema de


retrabalho, eliminando o uso da borracha e
também o retraçado de um molde que tenha
dado errado, o que concede muita agilidade
ao processo e também reduz o uso de papel
na confecção de moldes.
• Facilidade: desenvolve a modelagem de pro-
dutos com maior agilidade e precisão, pro-
cesso que antes era um grande desafio para
alguns modelistas, mas que com a prática e o
uso frequente do software, o profissional pas-
sa a ter facilidade na execução dos processos.
• Versatilidade: com o software, é possível
criar um novo molde a partir de um molde Figura 10 - Departamento de modelagem automatizada (sistema CAD)
base, ou seja, as modelagens podem ser reu- Fonte: Audaces (2013, on-line)4.
tilizadas, adaptadas e modificadas, gerando
novos moldes a partir de uma base. putadorizada prima pela precisão e facilita a combi-
Diante desses aspectos apresentados, podemos afirmar nação de diferentes partes de um molde, com isso,
que a tecnologia é fundamental para a organização e o trabalho do modelista passa a ser acelerado, uma
agilidade das informações e dos processos de uma em- vez que os moldes já aprovados são como base para
presa, principalmente na modelagem de roupas. construir novos modelos, ou seja, o recurso facili-
tador deste processo é o comando Ctrl + C, Ctrl +
V, possibilitando a cópia e modificação de moldes já
existentes.
O autor citado ainda aponta as vantagens dos
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA MODE- sistemas CAD em virtude do processo de graduação
LAGEM AUTOMATIZADA – procedimento do qual se obtém uma série conse-
cutiva de tamanhos de moldes a partir de um tama-
Cada vez mais se torna frequente a substituição do nho base aprovado, geralmente tamanho mediano
processo tradicional de modelagem pela modela- – e também o processo de encaixe para risco e cor-
gem automatizada, mantendo os processos anterior- te. Para o autor, o uso desses sistemas colabora com
mente já utilizados pelo setor, fazendo a substitui- a precisão das medidas utilizadas e também com a
ção apenas da ferramenta de trabalho. Com todos os redução do desperdício de matéria-prima, além da
equipamentos e softwares existentes considerados possibilidade de armazenamento de diversos mol-
específicos para modelagem de roupas, o processo des sem ocupar espaço físico.
de desenvolvimento de produtos do vestuário tem Para Nóbrega (2014 apud COSTA, 2016), os
tornado-se cada vez mais acelerado, em virtude das softwares de modelagem produzem o molde com
formas de armazenamento e execução de processos. base em vetores, registram e manipulam os dados na
Sabrá (2014) defende que o uso da modelagem com- forma de coordenadas matemáticas, que controlam

144
DESIGN

a forma dos moldes por meio de coordenadas carte- proporções entre partes, obedecendo aos princípios
sianas X, Y e Z, que podem obedecer às medidas e de geometria espacial – considerando as alturas, lar-
grandezas variadas, como centímetros, milímetros, guras e profundidades. Processos executados com
polegadas, dentre outras. base em métodos de modelagens disponíveis em
Sabe-se que, mesmo sendo realizada por meio diferentes bibliografias, ou repertório pessoal, cada
de um software, a modelagem é feita pelo profissio- um considerando suas particularidades.
nal responsável em transformar o modelo escolhido Mesmo com a modelagem plana, algumas em-
em um objeto concreto, por meio de uma sequência
de operações específicas para sua realização. Estas
se diferem apenas do tipo de ferramenta usada, ao
invés de papel e réguas, é utilizado o computador.
Conforme a Figura 11, os processos iniciais da
modelagem em um software são feitos a partir do
traçado de moldes básicos que, após essa etapa, so-
frem as alterações chamadas de interpretação do
modelo. Depois de finalizar o molde, são inseridas
as margens de costura, as marcações como piques e
bainhas, para que o molde possa ser encaminhado
ao setor de pilotagem. Após ser pilotado, é realizada
a prova da peça para a aprovação final do molde, a
fim de ajustar e corrigir medidas para que o molde Figura 11 - Traçado do molde base da blusa no software Audaces
Fonte: Guimarães ([2018], on-line)13.
seja aprovado e, então, graduado – ampliado e re-
duzido – conforme os tamanhos definidos para o
modelo.
O processo citado anteriormente e mais comu-
mente visto nas indústrias de confecção é a técnica
de modelagem plana, realizada de forma digital, ou
seja, por meio de um software. Assim como no pro-
cesso manual, a modelagem plana em CAD consiste
em uma técnica de reprodução em duas dimensões
de algo que será utilizado sobre o corpo. Segundo
Nóbrega (2014 apud COSTA, 2016), a realização
desta técnica se dá a partir da representação do cor-
po por meio de um plano, ou seja, pelo posiciona-
mento das linhas verticais e horizontais em ângu-
los que se relacionam com o plano de equilíbrio do Figura 12 - Graduação do molde base da blusa no software Audaces
corpo, simetria, alturas, comprimentos e relações de Fonte: Guimarães ([2018], on-line)13.

145
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

presas complementam o uso do software de mode- disparam em menos de 60 segundos, capturando


lagem com a aplicabilidade da peça no manequim as imagens e transmitindo a um computador. Esse
em 3D por meio de sistemas CAD, que possibilitam mecanismo é capaz de captar mais de 100 medi-
a construção de um molde pela técnica de modela- das corporais. Segundo Amorim (2012, on-line)14,
gem tridimensional – draping ou moulage – sem que o processo de escanear o corpo humano permite a
seja necessária a confecção de uma peça-piloto ou criação de um grande banco de dados com amostra-
até mesmo do processo feito em manequim, de for- gens estatísticas das segmentações corporais.
ma manual. Com este software, é possível simular o Você deve estar se perguntando, “mas como é
caimento do tecido, a vestibilidade da peça, a visu- possível inserir todo esse contexto em um projeto”?
alização de uma estampa, dentre outros processos, É preciso pensar na interação que há entre estilistas
mas isso só é possível após a digitalização do molde, e modelistas no setor desenvolvimento de produto:
desenvolvido em software bidimensional, para que ambos os profissionais têm como objetivo inserir na
sejam transportados e vestidos no corpo digital. sociedade um produto funcional e útil e, para isso, a
Além dos softwares citados anteriormente, exis- realização de um estudo antropométrico pode garan-
tem equipamentos de varredura corporal (Body tir o sucesso de uma coleção e impulsionar as vendas.
Scanner), utilizados para tirar medidas exatas do cor-
po humano. Esse software permite que a roupa seja
produzida individualmente ao cliente, por se tratar SAIBA MAIS
de um sistema que faz a mensuração do indivíduo de
forma rápida e precisa. Atualmente, esse aparelho é
Os equipamentos de Body Scanner 3D são
utilizado pelo Senai/CETIQT para realizar pesquisas utilizados no sportswear para fazer roupas
sobre a mensuração do corpo humano em toda a re- personalizadas para o usuário. No entanto,
gião do Brasil para fins de pesquisas de padronização estão se tornando cada vez mais populares
na moda comercial.
de normas e medidas do corpo humano.
O Body Scanner tem a aparência de um prova- Fonte: Prendergast (2015, p. 145).

dor de roupa, possui 16 censores e 36 câmeras que

146
DESIGN

SALA DE CORTE: ENFESTO,


ENCAIXE E RISCO
Toda empresa que trabalha na confecção de produtos matéria-prima para o corte e, posteriormente, envia
do vestuário, independentemente do seu porte, apre- os lotes de tecidos (corte das peças) para o setor de
senta um setor em comum: a sala de corte, que pode costura dar início à montagem do produto.
ser tradicional (método de corte manual) ou até mes- O setor de corte envolve um conjunto de pro-
mo automatizada (método de corte feito por máqui- cessos, métodos, máquinas e equipamentos que per-
nas). Antes de conhecer a fundo sobre estes processos mitem a confecção de produtos do vestuário. Dife-
e os maquinários utilizados, é necessário que você en- rentemente do que parece, o processo de corte de
tenda que a localização e, principalmente, a disposi- uma peça é composto por várias etapas que, se bem
ção de uma sala de corte, independentemente do seu executadas, permitem o corte perfeito da peça.
modelo, devem ter um planejamento cuidadoso para Cardoso et al. (2009) descreve que os processos
que o setor tenha a melhor eficiência possível. Para de corte compreendem em: encaixe, risco, enfesto,
isso, a sala deve estar localizada próxima ao estoque fixação do enfesto, corte, formação de lote, mon-
e também à sala de costura, pois o estoque fornece a tagem e acabamento. Processos que, anteriormen-

147
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

te, eram realizados de forma manual e atualmente, Após conhecer um pouco sobre a estrutura de uma
podem ser realizados por meio de softwares, o que sala de corte, você verá, de forma detalhada, os proces-
garante maior precisão do consumo de matéria-pri- sos de enfesto, encaixe, risco e corte.
ma; além disso, as outras etapas que fazem parte do
processo podem ser realizadas por equipamentos a ENFESTO
fim de otimizar o processo e garantir qualidade na
produtividade do setor. Como vimos, o enfesto é uma das etapas que com-
Para realizar o processo de corte, é necessário o põem o processo de corte de uma peça. Esta etapa
uso de um espaço adequado que contenha os equi- compreende na preparação do tecido para o corte, em
pamentos e também os profissionais treinados para que o tecido é estendido em camadas (pilhas), com-
executarem as etapas do processo. Considerando pletamente planas e alinhadas. O enfesto é feito so-
que existem dois perfis de salas de corte, a tradicio- bre a mesa de corte e deve ser realizado na horizontal,
nal e a automatizada, a seguir, veremos algumas ca- além de conter 10% a mais para o movimento da má-
racterísticas que fazem parte dos tipos de sala. quina de corte (LIDÓRIO, 2008).
O autor ainda afirma que, no momento de enfes-
• Sala de Corte Tradicional: deve haver um es-
paço destinado ao enfesto, uma área para o tar um tecido, devem ser levados em consideração
corte, uma para amarração dos lotes já cor- alguns fatores para que o encaixe seja feito de forma
tados e também para o descarte. Todo o pro- correta, como:
cesso de corte acontece sobre uma mesa, que • Alinhamento: o tecido é alinhado, se possí-
permite que os dois processos sejam feitos vel, nas duas bordas. Caso não seja possível,
manualmente, o enfesto e o corte, e apenas o deverá ser alinhado por um dos lados (oure-
processo de corte acontece com o auxílio de la), chamada de borda ou parede.
máquinas, conforme veremos nesta unidade. • Tensão: deve ser evitada, pois, após o corte,
• Sala de Corte Automatizada: este perfil de sala as peças ficarão menores que a modelagem.
pode ser considerado um avanço tecnológico • Enrugamento: é necessário que o tecido este-
significativo para a indústria do vestuário, visto ja ajustado no topo das camadas, caso contrá-
que a adoção de tecnologia neste setor fez com rio, provocará bolhas de ar dentro do enfesto,
que as empresas se tornassem mais competiti- ocasionando distorções no corte.
vas e inovadoras. Neste modelo, o fluxo do tra- • Corte de pontas: cortar somente o necessário
balho é maior, devido a não precisar de grande para evitar maior consumo de tecido.
quantidade de mão-de-obra, uma vez que tenha
um espaço destinado para a montagem do ma-
quinário que realiza todos os processos, o pro- Segundo Araújo (1996), o enfesto é realizado de
fissional do corte ficaria responsável apenas por acordo com as características do tecido; devido a
programar o maquinário e organizar os lotes isso, utilizam-se diferentes métodos de estender,
para enviar ao setor de costura. conforme veremos a seguir:

148
DESIGN

TIPO DO ENFESTO DESCRIÇÃO MÉTODO

LEGENDA:
As folhas de tecido são dispostas direito F I - Início
com direito e avesso com avesso. Este F - fim
V - viragem a 180º
Direito com direito sistema é o mais rápido porque aproveita LEGENDA:
em sentidos opos- a ida e a volta do profissional do corte ou F I - Iníciodireito
I F - fim
tos ou zigue-zague da máquina de enfestar, o que se aplica a avesso
V - viragem a 180º
peças simétricas cortadas de tecido sem LEGENDA: LEGENDA:
sentido preferencial ou do desenho. direito
FI FI - InícioI - Início
F - fim avesso
FLEGENDA:
- fim
V - viragem
F VI - viragem a 180º
Início a 180º
Uma vez estendida uma folha, é preciso LEGENDA: F - fim
direito
CI I I - Início V - direito
viragem a 180º
voltar ao início da mesa (do enfesto) para avesso avesso
estender a folha seguinte a partir da mes- C C - cortedireito
ILEGENDA:
ma extremidade. Neste método, o tecido C avesso
C I - Início
só é estendido durante metade do tempo C
direito
Direito com aves- C avesso
reservado para a operação, ou seja, só é C - corte
so (correr em um
aproveitada a ida da máquina de enfestar, C LEGENDA: LEGENDA:
sentido) direito
que resulta em uma parte de cada peça, CC C I -LEGENDA:
C Início
I - Início
avesso
LEGENDA:
direita ou esquerda. Este tipo de enfesto I -
C C C - corte Início
C+VC CI - corte
Início
necessita de um molde para cada parte C C C - corte
e também não possibilita a rotação dos CC+VC LEGENDA:
C V - direito
C - corte
viragem a 180º
direito
moldes a 180º. CC I - Início
avesso
direito
avesso
C+V
C+V direito
avesso
C C - corte avesso
Tecidos como o veludo necessitam que se C+V V - viragem a 180º
C C LEGENDA:LEGENDA:
inicie o enfesto sempre do mesmo lado, C+V I LEGENDA:
direito
- Início
I - Início
C+V I - Início
Direito com direi- C+V avesso
mas com viragem do tecido. Neste caso, C+V I C+V
C LEGENDA:
to (correr em um CC--corte
CI - corte
corteInício
possibilita maior atrito, evitando o desliza- C+VC+V
VLEGENDA:
sentido em todos os C+VC+V
C+V V--viragem aa 180º
V - viragem
viragem a 180º
180º
mento entre as folhas. Aplica-se a peças I - Início
direito
C - corte
direito
pares) C+V direito
simétricas, onde os requisitos de desenho C+V I C+V
C+V avesso
V - viragem a 180º
avesso
avesso
C - corte direito
ou correr são iguais para todas as peças.
C+V C+V
C+V
V - viragem
LEGENDA: a 180º
avesso
LEGENDA:
C+V direito
I - Início
I - Início
C+V I I C+V avesso LEGENDA:
Método utilizado para peças assimétricas, C+V C - corte
CI - corte
LEGENDA: Início
Direito com avesso em que o correr ou o desenho de cada C+V I IV- -Início
C+VC+V viragem a 180º
V - viragem a 180º
(correr em sentidos peça tem que ser casado. Neste caso, direito
C - corte
direito
C+V C+V avesso
C - corteV - viragem
avesso a 180º
opostos) outra peça do mesmo tamanho pode ter LEGENDA:
V - viragem direito
a 180º
desenho ou correr no sentido oposto. I - Início
direito avesso
C+V
C+V avesso
C - corte
V - viragem a 180º
LEGENDA:
LEGENDA:
C+V - Início
I direito
I - Início
Direito com direi- Método utilizado para peças simétricas, as avesso
LEGENDA:
C+VC+V C - corte
to (correr em um quais há restrições de correr ou de dire- CI - corte
Início
V - viragem
V - viragema 180º
a 180º
sentido dentro de ção do desenho dentro da mesma peça, C+V
cada par) mas não entre peças. C+VC+V direitoC - corte
direito
avesso
V - viragem
avesso a 180º
C+V direito
avesso

Quadro 1 – Tipos de enfesto. Fonte: Araújo (1996, p. 157-160).

149
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

SAIBA MAIS
o tipo de matéria-prima e também o tipo de enfes-
to (manual ou automatizado). A seguir, veremos os
O enfesto de artigos em malha é feito de métodos de enfestar segundo Araújo (1996):
forma que a malha “descanse” - para soltar
• Manual: o tecido é puxado folha por folha,
a tensão dos fios da malha - por 24 horas
sobre uma mesa, fazendo algumas dobras
pelas mãos dos funcionários do setor; neste
no sentido do alongamento do tecido. processo, o rolo fica sob a mesa e vai sendo
desenrolado. Em termos de qualidade, ele
Fonte: as autoras.
é geralmente baixa, principalmente para os
artigos de malha, por provocar estiramento
durante o processo.
• Com suporte manual: o tecido fica em um
Além das técnicas de enfestar, existem os métodos desenrolador fixo na mesa, puxado pelas
de estender o tecido que podem ser aplicados de mãos, até que forme uma pilha, única coisa
acordo com a necessidade do lote em que será en- que o difere do processo manual.
festado, ou seja, os métodos são aplicados segundo

150
DESIGN

Figura 13 - Suporte para estender


manualmente
Fonte: Araújo (1996, p. 164).

• Carro manual com alinhador de ourelas: o • Carro automático com cortador de peças e
rolo de tecido é colocado em uma plataforma alinhador de ourelas: todo o processo ocorre
que percorre o enfesto, ou seja, ela que faz o de forma automática, sem precisar de mão-
trabalho de enfestar folha por folha. Em ter- -de-obra para que ocorra. Geralmente, é
mos de qualidade, este processo reduz pro- usado para enfestos altos e compridos, pois
blemas de esticamento. esta técnica reduz o desperdício nas pontas e
reduz o tempo gasto na execução do enfesto.

Figura 14 - Carro manual com alinhador de ourelas Figura 15 - Carro automático com cortador
Fonte: Araújo (1996, p. 166). Fonte: Audaces ([2018], on-line)15.

151
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

ENCAIXE

O processo de encaixe consiste na organização e dis- Encaixe ímpar (único): diferentemente do en-
tribuição dos moldes que compõem o modelo, sobre caixe par, neste processo, apenas metade das
um papel na metragem do tecido que será utiliza- partes que compõem o molde são distribuídas
do diretamente no tecido, o qual tem por objetivo no tecido. Com isso, se o molde apresentar a
aproveitar ao máximo o tamanho do tecido, evitan- informação cortar 2x, ele será riscado uma vez,
do desperdícios na hora do corte. Existem diferentes mas, no momento do enfesto, ele terá que ser
tipos de encaixe, que são utilizados de acordo com a par, feito apenas com moldes simétricos.
necessidade de cada processo, ou seja, tudo depende
do tecido e também do modelo que será cortado. A
escolha é feita de acordo com a necessidade da em-
presa, de forma que o método escolhido contribua
para prever o tempo e a quantidade de tecido neces-
sários para realizar o processo por completo.
Segundo informações da Audaces ([2018], on-
-line)16, existem diversos tipos de encaixe, também
definidos por Leite (2014, on-line)17, conforme ve-
Figura 17 - Encaixe ímpar
remos a seguir: Fonte: Sousa (2016, on-line)18.
Encaixe par: tipo de encaixe em que todas as
partes do molde são colocadas sobre o tecido, Encaixe misto: neste processo, acontece a junção
ou seja, a peça que será riscada deverá sair por das configurações dos encaixes citados anterior-
completo na folha. Caso alguma parte sinali- mente. Nele, são encaixados todos os moldes de
ze a informação cortar 2x (duas vezes), é ne- uma peça (encaixe par) e alguns modelos de ou-
cessário que o molde seja riscado duas vezes tra peça (encaixe ímpar); utilizado por empresas
espelhado, podendo ser ímpar ou par e feito com grande produção diária devido à economia de
com moldes simétricos e assimétricos (LEITE, tempo e processos.
2014, on-line)17.

Figura 16 - Encaixe par


Figura 18 - Encaixe misto (par e ímpar)
Fonte: Sousa (2016, on-line)18.
Fonte: Sousa (2016, on-line)18.

152
DESIGN

Os métodos de execução desta técnica podem ser Com as novas tecnologias, houve uma inovação
tanto manuais quanto computadorizados no encaixe neste processo, que passou a ser realizado por meio de
manual (método mais antigo), que acontece a par- softwares de encaixe computadorizado, que pode ser
tir do deslocamento das partes de moldes que com- obtido após a digitalização dos moldes, ou também por
põem o modelo, realizadas após cada corte. O des- meio da criação deles em softwares de modelagem. O
locamento manual das partes que compõem cada processo de encaixe, neste caso, é feito de forma auto-
um dos modelos deve ser repetido após cada corte, matizada (Figura 19), basta apenas colocar as medidas
o que torna o processo demorado e, de certa forma, do tecido, indicar a grade e o tipo de encaixe que deseja
torna-se uma desvantagem por ser um sistema lento fazer que, então, o sistema pensa e realiza o encaixe das
e que ocupa muito espaço na mesa de corte, além peças (figura 20). De certa forma, este processo propor-
de apresentar uma porcentagem maior de perda de ciona vantagens, pois realiza o encaixe com maior agili-
tecido. dade e precisão, além de reduzir o desperdício de tecido.

Figura 19 - Tela do Audaces Encaixe antes de iniciar o processo


Fonte: as autoras.

153
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Figura 20 - Sistema Audaces Encaixe planejando o encaixe de uma camisa social


Fonte: as autoras.

A seguir, realizamos um recorte da Unidade III,


em que vimos o processo de montagem de algu- 2 3

mas peças do vestuário e também visualizamos os


moldes que a compõem. Nas figuras a seguir, você
verá como é o encaixe final das peças: camisa social
manga longa, camiseta, saia e calça jeans, de forma
automatizada em software Audaces.

1
*O encaixe realizado é apenas ilustrativo, com
dados de grade/tecido/quantidade fictícios,
apenas para que você entenda como é feito o
encaixe das peças de forma automatizada.

Figura 21 - Encaixe da camisa social manga longa - 1


Fonte: as autoras.
Figura 22 - Encaixe da camisa social manga longa - 2
Fonte: as autoras.
Figura 23 - Encaixe da camisa social manga longa - 3
Fonte: as autoras.

154
DESIGN

Figura 24
Encaixe da camiseta básica
Fonte: as autoras.

Figura 25
Encaixe da saia jeans
Fonte: as autoras.

Figura 26
Encaixe da calça jeans - 1
Fonte: as autoras.

155
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

RISCO

O risco é uma etapa do setor de corte que define xados sobre o papel e otimizem o tempo de corte;
como será feito o posicionamento dos moldes da porém, no risco manual, não é possível realizar có-
peça sobre o tecido para que, posteriormente, ve- pias, sendo assim, para cada ordem de corte, mesmo
nham a ser cortados de forma que garanta um bom que seja da mesma peça, deve ser pensado um novo
aproveitamento da matéria-prima – processo que risco. Contudo, se o risco for realizado de forma
pode ser feito manualmente em papel ou computa- automatizada, uma das vantagens é a realização da
dorizado por meio de softwares. cópia do risco já existente, pois o processo é feito
O processo de risco pode ser realizado em uma via software, em que são predeterminadas as medi-
folha de papel da mesma largura e do mesmo com- das do tecido (largura e comprimento) para que os
primento do tecido, em que esta folha riscada com moldes sejam posicionados de forma automática e,
todos os moldes venha a ser utilizada como guia posteriormente a esta etapa, é feita a impressão do
para o corte da peça no tecido. Este procedimento papel em uma impressora plotter para ser colocado
faz com que os moldes sejam previamente encai- sobre o enfesto e, então, realizar o corte.

156
DESIGN

Figura 27 - Impressora plotter para confecção (sistema CAM)


Fonte: Audaces ([2018], on-line)19.

a. Cada molde é colocado com o fio paralelo à


O processo de risco envolve algumas restrições, e a
ourela, de modo que coincida com a direção
principal delas é o correr do tecido. do urdume do tecido.
b. Cada molde principal (do corpo) é colocado
Se o tecido tiver pelo, como o veludo, os moldes com o fio do molde paralelo à ourela, mas al-
são colocados todos virados no mesmo sentido
guns moldes secundários são encaixados per-
revelativo ao correr do tecido. Se o tecido tiver
pendicularmente, isto é, na direção da trama.
riscas ou xadrez, os moldes devem ser coloca-
dos de modo que as linhas horizontais casem c. Na sua maior parte, os moldes são colocados
nas costuras. Estas duas restrições resultam ge- com o fio no urdume do tecido, ocasional-
ralmente numa redução do rendimento do ris- mente, porém, qualquer molde pode ser dis-
co (ARAÚJO, 1996, p. 143). posto na direção da trama.

Contudo, isso não torna-se uma regra, pois, às vezes,


O autor ainda classifica três possibilidades de posicio- é necessário alterar os moldes e as suas posições para
namento dos moldes para risco feito em tecidos lisos, produzir melhores encaixes, mas isso deve ser rea-
ou seja, aqueles que não possuem pelos, riscas ou de- lizado com muita atenção e cuidado, para que não
senhos, cada um desses métodos implica na econo- haja alterações no tamanho, no posicionamento de
mia e qualidade do corte, como veremos a seguir: fio e no efeito final (caimento) desejado na peça.

157
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Desta forma, o setor de corte deve trabalhar de for-


ma atenciosa em todos os processos, principalmente
em relação ao uso de equipamentos, pois qualquer
deslize que ocorra no processo acarretará na inuti-
lização do corte de um lote, causando danos consi-
deráveis à indústria. Além disso, o objetivo do setor
permeia-se em alimentar o setor de costura com os
lotes de peças necessárias para a produção dos mo-
delos no tempo correto.
Considerando todas as etapas do processo de
corte já mencionadas até aqui, podemos afirmar
que o local utilizado para realizar o processo de
corte deve ser bem ventilado e iluminado. Além
disso, deve conter: mesas para efetuar o enfesto e
o corte e, principalmente, espaço para transitar en-
tre elas, um espaço pequeno para estoque de lotes
cortados e para um pequeno estoque de tecido que
será cortado.
O ciclo produtivo dentro do setor de corte se
inicia com o recebimento das ordens de corte do
CORTE setor de PPCP e, em seguida, são iniciados o corte
conforme as características estipuladas. Para Araújo
A próxima etapa após a realização do enfesto e o po- (1996), a operação de corte pode ser realizada por
sicionamento do risco, é a etapa de corte do tecido vários métodos:
por um operador de corte que, com o uso de uma
máquina, vai realizando o corte do tecido guiando- Tesoura mecânica
-se pelos traços contidos no risco – etapa que deve Lâmina vertical
ser feita com cuidado, pois, além de ser de extrema Manual Tesoura elétrica
Lâmina circular
importância para a qualidade do produto, um erro
Serra de fita
nesta etapa pode acarretar no desperdício de tecido.
Servo cortador
Para Araújo (1996, p. 193), Corte Lâmina
Laser
o custo do tecido pode representar 40 a 50% Comando numérico Jato de
do custo do produto confeccionado, portanto, Automático água
é essencial que as perdas de tecido sejam mi- Leitura óptica
nimizadas, qualquer que seja sua proveniência.
Plasma
Por meios que permitam comparar as perdas Figura 27 – Métodos de corte
reais com as perdas previstas. Fonte: Araújo (1996, p. 169).

158
DESIGN

CORTE MANUAL:
• Tesoura manual: usada no corte de apenas
uma folha de tecido e também em alfaiataria,
pouco utilizada na indústria.
• Tesoura elétrica vertical: método mais comum
de cortar, consiste em uma lâmina vertical que
se move para cima e para baixo por ação de um
motor elétrico.
• Tesoura elétrica circular: composta por lâmi-
nas com diâmetros entre 2,5” e 12” e várias
configurações de perímetro, sendo caracteri-
zadas pelo seu peso, pelo tipo de lâmina que Figura 28 – Corte com tesoura manual

as equipa, pela altura de corte que permitem e


pela precisão pretendida.
• Serra fita: consiste em uma mesa de trabalho
em que a serra fita encontra-se normalmente
montada a 90º na mesa de trabalho, disposta
sobre os volantes e acionada por um motor.
• Servo cortador: dispositivo idêntico à tesoura
elétrica vertical, mas trabalha suspenso sobre
uma mesa de corte a partir de uma barra.

Figura 31
Corte com serra fita Figura 29 – Corte com tesoura elétrica vertical
Fonte: Baher ([2018],
on-line)20.

Figura 30 – Corte com tesoura elétrica circular


159
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

CORTE AUTOMÁTICO:

Consiste em um sistema automático, incluindo


uma mesa com vácuo e uma tesoura controla-
da, um software que controla a forma como
será realizado o corte no tecido. É
uma máquina completa,
que se encontra fixa ao
chão, com largura se-
melhante à largura da sala
de corte.

Figura 32
Máquina de corte Audaces
Neocut (sistema CAM)
Fonte: Audaces ([2018], on-line)21.

Montagem de lotes

A formação de lotes é um processo realizado manu- (CARDOSO; BIÉGAS, JACOMINI, 2009).


almente, que consiste em agrupar as partes compo- Após serem cortadas, as peças são identificadas
nentes do mesmo modelo, por meio da cor, tama- por meio de etiquetas, amarradas e separadas em
nho e parte a qual se refere. Este processo apresenta partes para facilitar o manuseio durante as operações
particularidades, que pode ser uma facção ou como de costura, formando pequenos lotes das partes que
identificação do lote para um serviço terceirizado, compõem o molde. Ao realizar este processo, é im-
por exemplo para a aplicação de um beneficiamento portante evitar a mistura das partes já cortadas. Para
como o bordado, que deve ser realizado previamente que isso não ocorra, o colaborador responsável por
à costura e, em alguns casos, à estamparia, por ne- este trabalho deve carimbar ou colocar as etiquetas
cessitarem ter a peça aberta (sem costura) para re- correspondentes ao código, tamanho, à quantidade
alizar estes procedimentos. Além disso, outro fator de peças do modelo e anexar a ficha com a sequência
que acaba influenciando no tamanho do lote é a ca- de montagem da peça para que a identificação che-
racterística do layout produtivo do setor de costura. gue de forma correta até o setor de costura.

160
DESIGN

Figura 33
Separação de lotes
Fontre: Verrone
([2018], on-line)22.

O empacotamento dos lotes deve ser feito na saída


da mesa do corte e enviado para a linha de produ-
ção, ou aguardar até que haja a liberação para os
setores. É importante que antes de sair do setor de
corte, cada pacote esteja acompanhado de sua ficha
técnica, que contém as informações sobre os pro-
cessos de costura, ou seja, a montagem da peça; de
forma que haja um controle dentro dos setores, caso
seja identificado algum problema.

Figura 34 - Moldes cortados por lote na Audaces Neocut


(máquina de corte automatizada)
Fonte: Piancó ([2018], on-line)23.

161
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade, na qual apren-
demos, por meio de um olhar teórico e prático, sobre os softwares, pro-
cessos e maquinários que envolvem o setor de corte e modelagem da
indústria do vestuário.
Vimos que toda empresa precisa compreender os avanços tecnológicos que ocor-
rem ao nosso redor para conseguir manter no mercado produto com qualidade e
design competitivo. Conhecer e analisar esse cenário tecnológico é fundamental
para a indústria têxtil e a confecção. A evolução dos maquinários e a criação de
softwares para aumentar a produtividade e garantir a eficiência são fatores mar-
cantes para a indústria do vestuário. Os setores de modelagem e corte evoluíram
muito com o uso da tecnologia, ambos os setores passaram a apresentar mais
qualidade e rapidez na execução dos trabalhos.
Vimos que a indústria do vestuário tem tomado iniciativas quanto à redução
do desperdício de matéria-prima a partir do andamento de uma nova técnica
de desenvolvimento e modelagem de produtos, o design zero waste. Espero ter
despertado em você a curiosidade de como realizar este processo e, com isso,
contribuir para que você venha a pesquisar e a entender um pouco mais sobre
este novo processo de design que vem sendo utilizado na indústria de confecções.
Sabemos que há tanto a aprender e não podemos nos esquecer que o mundo
está em mudança constantemente, por isso, devemos acompanhar essas mudan-
ças por meio de um olhar crítico e inovador. Não deixe de estar atento(a) a essas
transformações, busque conhecer os diversos maquinários e materiais (tecidos)
disponíveis no mercado, pois esses mecanismos irão auxiliar durante todo o pro-
cesso de criação.
Espero que essa unidade tenha contribuído para sua formação e para sua vida
profissional. Compartilhe conhecimento, adquira experiências de outros profis-
sionais da área e lembre-se: esforço e dedicação são ferramentas essenciais para
alcançar o sucesso.

162
atividades de estudo

1. Com o auxílio da tecnologia e com o uso de softwares na indústria têxtil e


de confecção, com o passar dos anos, houve uma redução nos custos das
empresas e também na aceleração dos processos, evitando o desperdício de
tempo, matéria-prima e processos, pois a tecnologia tem contribuído com a
revolução das formas de produção de diversas empresas do ramo; com isso,
a automação industrial não se justifica apenas pela redução de custos, mas
pelo aumento da produção, pois se torna possível produzir mais por um custo
menor de energia.
Diante do contexto apresentado, descreva o que é automação industrial e
como esse processo acontece dentro da indústria do vestuário.
2. Em nossos estudos, vimos que a tecnologia proporciona diversos aspectos
que contribuem com a organização e agilidade das informações e processos
de uma empresa, principalmente no setor de modelagem. Porém nem sem-
pre foi desta forma, quando foram lançados os primeiros softwares de mode-
lagem, grande parte dos modelistas não acreditavam no sistema e presumiam
ser mais seguro desenvolver a modelagem no método convencional, no papel,
à mão e, posteriormente, transferi-la para o computador. Com o tempo, este
receio foi se perdendo, e os profissionais passaram a aceitar que, com a tecno-
logia, seria possível adquirir mais precisão, agilidade e eficiência nos proces-
sos, de forma que as modelagens fossem confeccionadas em menos tempo.
Considerando o uso da tecnologia e softwares dentro do setor de modelagem
e os benefícios que estes resultaram para o setor, cite e descreva quais são as
principais funcionalidades e vantagens que eles podem proporcionar.
3. Para Araújo (1996), os softwares de modelagem podem ser considerados os
que mais impactaram a indústria do vestuário, em especial os softwares utili-
zados no setor de modelagem e encaixe.
Considerando o uso de softwares no setor de modelagem e os benefícios dos
sistemas de modelagem computadorizada, avalie as afirmações a seguir.
I. Medidas precisas.
II. Moldes desenvolvidos de forma ágil.
III. Processo de ampliação/graduação é realizado em minutos.
IV. Redução de prazo de entrega.
V. É possível realizar encaixes automáticos ou manuais.

163
atividades de estudo

É correto o que se afirma em:


a. I, apenas.
b. II e III, apenas.
c. I e II, apenas.
d. II, III e IV, apenas.
e. I, II, III, IV e V.

4. O setor de corte envolve um conjunto de processos, métodos, máquinas e equipamentos de corte


que permitem a confecção de produtos do vestuário. Diferentemente do que parece, o processo de
corte de uma peça é composto por várias etapas que, se bem executadas, permitem o corte perfeito
da peça.
Considerando o conhecimento acerca do setor de corte, avalie as afirmações a seguir:
I. O processo de corte deve ser realizado em um espaço adequado, que contenha os equipamentos e
também os profissionais treinados para executarem as etapas do processo, independentemente das
técnicas e equipamentos que serão utilizados.
II. Uma empresa com grande quantidade de produção pode trabalhar com uma sala de corte automati-
zada, onde é necessário apenas um operador, já que a máquina realiza todos os processos de corte.
III. Considerada parte do processo de corte, o enfesto é um processo que deve ser feito com todo o cui-
dado, pois se o alinhamento e o descanso do tecido forem feitos de forma incorreta nesta etapa, irá
acarretar em uma série de erros durante o processo de montagem do produto.

É correto o que se afirma em:


a. I, apenas.
b. III, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I e III, apenas.
e. I, II e III.

5. Vimos que toda a empresa de confecção que trabalha com produtos do vestuário, independentemen-
te do seu porte, apresenta um setor em comum, a sala de corte, que pode ser tradicional (método de
corte manual) ou até mesmo automatizada (método de corte feito por máquinas). Considerando os
conhecimentos adquiridos sobre esta sala, descreva sobre as salas de corte manual e automatizado.

164
LEITURA
COMPLEMENTAR

Para compreender melhor a etapa de planejamento de risco e corte, leia o trecho a seguir,
escrito por Roberto Piancó consultor de empresas, especialista em CAD e CAM, para o site
da Audaces.

Fatores que influenciam o planejamento de risco e corte

O seu produto já passou pela fase de planejamento, criação e também pela aprovação da
peça e agora entrará no ciclo de produção que envolve o encaixe, o risco e o corte. Esses
procedimentos costumam ser executados na sala de corte e, é justamente nessa fase que
podem ocorrer perdas de matéria-prima, como por exemplo, a má utilização do tecido –
que representa, em média, 40 a 60% do custo total da peça de roupa.
Confira abaixo os fatores que podem influenciar a performance de uma sala de corte, tanto
em relação à produção, quanto ao consumo de matéria-prima.
• Característica técnica dos tecidos: Os tecidos podem ter direito e avesso, sentido, pé
e, portanto, influenciam o método de confecção do encaixe e também a maneira de
realizarmos o enfesto: enfesto com sentido ou zig-zag;
• Modelagem: poderá ser simétrica ou assimétrica e para o correto posicionamento
dos moldes na confecção do encaixe, você precisará ter alguns cuidados relacionados
com as indicações escritas sobre os moldes: na modelagem simétrica – podemos usar
números meios, inteiros ou fracionados – e na modelagem assimétrica – só podemos
utilizar números inteiros;
• Gasto médio/modelo: é o comprimento de tecido que se consome, em média, para
riscar uma peça completa. Além da informação para o cálculo para enviar para o setor
de custos, podemos usar essa informação para determinar a quantidade máxima de
moldes que cada modelo pode comportar dentro de um encaixe;
• Comprimento da mesa de enfesto: é o comprimento total da nossa mesa de enfesto;
• Comprimento máximo permissível dos enfestos: é a limitação do comprimento dos
enfestos para se conseguir um bom balanceamento nas mesas e não faltar espaço
para realização de novos enfestos;
• Quantidade máxima de folhas (camadas): número máximo de folhas que não com-
prometa a qualidade de corte das peças

165
LEITURA
COMPLEMENTAR

• Tipos de riscos (encaixes): existem três tipos de riscos: os pares – são aqueles em que
a quantidade de vezes indicada nas partes componentes de uma modelagem deve
ser obedecida pela metade–, os únicos – são aqueles em que a quantidade de vezes
indicada nas partes componentes dos moldes é obedecida, porém, multiplicada pela
quantidade de vezes em que o tamanho correspondente entrará no risco – e os ris-
cos mistos – são aqueles em que as indicações de vezes colocadas nas partes com-
ponentes dos moldes, tanto podem ser obedecidas pela metade para determinados
tamanhos, quanto multiplicadas por números inteiros ou fracionários para outros ta-
manhos; tudo de acordo com a necessidade de peças do seu planejamento de risco.
• Métodos de enfestos: existem alguns tipos de enfesto: com um sentido – em que
todas as folhas são enfestadas com o direito para cima – e o zig-zag – em que as folhas
pares formam pares de folhas e ficam direito com direito, avesso com avesso. Ainda
temos o enfesto escada e enfestos multidirecionais.
• Layout: a prateleira de tecido deve ficar próxima da mesa de enfesto e também deve
existir uma área de descarte para as peças já cortadas. Essas dicas são fundamentais
para um bom fluxo de trabalho na sala de corte.

Fonte: Piancó ([2018], on-line)24.

166
material complementar

Indicação para Ler

Técnicas de costura
Jennifer Prendergast
Editora: Gustavo Gili
Sinopse: nesse livro, Prendergast faz uma relação de alguns equipamentos ne-
cessários para que você possa elaborar seus projetos criativos. Em seu conteúdo,
encontramos os tipos de tecidos, a estrutura e os acessórios de uma máquina de
costura e dicas de modelagem. Constitui-se em uma grande fonte de conheci-
mento para estudantes de moda e todos que estão envolvidos na elaboração de
um produto de moda, permitindo ao leitor desenvolver suas criações com base
na prática.

Indicação para Ler

Modelagem Básica Masculina e Feminina. Sistema CAD Audaces


Fabiano Fernandes Reis
Editora: Senai- SP
Sinopse: com os processos de trabalho em permanente mudança, as indústrias
precisam de contínua atualização dos profissionais que atuam em suas plantas.
Sintonizada com o ritmo de transformação de diversos setores e atendendo a de-
mandas concentradas e específicas, a Senai-SP Editora elabora material didático
para apoiar cursos estruturados sob medida, de acordo com as características de
cada empresa.

Indicação para Acessar

O website ABIT apresenta a revista digital sobre o fórum internacional de inovação têxtil, realizado pela Asso-
ciação Brasileira da indústria Têxtil (ABIT). O evento ocorreu no Senai/CETIQT Rio de Janeiro, com o objetivo de
demonstrar o potencial de inovações da cadeia têxtil. Foram apresentados materiais como fibras e fios de aço,
além de tecidos inteligentes e discussões sobre a tecnologia e produtos sustentáveis.
Web: <http://www.abit.org.br/conteudo/revista_digital/revista_forum/>.

167
material complementar

Indicação para Acessar

Com o objetivo de coletar as medidas do corpo, o Senai/CETIQT realizou uma pesquisa em algumas regiões
do Brasil. Confira esse vídeo sobre Body Scanner e a pesquisa em andamento realizada na cidade de Maringá.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=P9NmGjYdzjo>.

Indicação para Acessar

Nos links a seguir, você pode conhecer mais sobre o processo de zero waste – Reverse Subtraction Cutting e
Luxury Fashion.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=z7Q2xa_ulFg>.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=C0TB4lWhb6Y>.

168
referências

ARAÚJO, M. Tecnologia do Vestuário. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.


CARDOSO, P. M. M.; BIÉGAS, S.; JACOMINI, J. M. Tecnologia do Corte na Indústria de Confecção: Abor-
dagem de Ensino e Prática. In: SIMEPRO, 3, 2009, Maringá. Artigos… Maringá: UEM, 2009. p. 1-4.
CORSO, P. Z.; CASAGRANDE, H. G.; SANTOS, H. H. O. O uso da tecnologia CAD 3D na indústria de con-
fecção. Achiote - Revista Eletrônica de Moda, Belo Horizonte, v. 4, n. 2, p. 1-29, set./dez. 2016.
COSTA, T. N. Automatização do traçado dos moldes básicos femininos por meio de software de mode-
lagem paramétrica. 2016. 175 f. Dissertação (Mestrado em Design) - Escola de Engenharia, Faculdade de
Arquitetura, Pós-Graduação em Design, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2016.
FLETCHER, K.; GROSE, L. Moda & sustentabilidade – Design para mudança. São Paulo: Senac, 2011.
LIDÓRIO, C. F. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Curso Técnico de
Moda e Estilo - Módulo I. Araranguá: IFSC, 2008. 57 p. Disponível em: <https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/
images/0/03/Apostila_de_Tecnologia_da_Confec%C3%A7%C3%A3o.pdf>. Acesso em: 28 set. 2018.
PEREZ, I. U. Nova abordagem para a prática do design de moda: processo zero waste. In: COLÓQUIO DE
MODA, 9. 2013, Fortaleza. Anais … Fortaleza: Colóquio, 2013. p. 1-11.
PRENDERGAST, J. Técnicas de costura: uma introdução às habilidades de confecção no âmago do processo
criativo. Tradução de Michele Augusto. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.
RECH, S. R. Moda por um fio de qualidade. Florianópolis: Udesc, 2002.
RIGUEIRAL, C.; RIGUEIRAL, F. Design & Moda: Como agregar valor e diferenciar sua confecção. São Pau-
lo: Instituto de Pesquisas tecnológicas; Brasília: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exte-
rior, 2002.
SABRÁ, F. Modelagem: tecnologia em produção de vestuário. 2. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro: Senai, 2014.
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Acesso em: 1 out. 2018.
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Em: <https://www.audaces.com/tipos-de-encaixe-como-aproveitar-melhor-o-tecido/>. Acesso em: 1 out.
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Em: <http://textileindustry.ning.com/forum/topics/tipos-de-encaixe-como-aproveitar-melhor-o-tecido>.
Acesso em: 1 out. 2018.
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20
Em: <http://www.baher.com.br/maquinas/produto/14/serra-fita-sf5000--nr12#.W7IR1XtKipp>. Acesso
em: 1 out. 2018.
21
Em: <https://www.audaces.com/produtos/neocut-bravo/>. Acesso em: 1 out. 2018.
22
Em: <https://www.audaces.com/primeiros-passos-para-montar-uma-confeccao-de-roupas/>. Acesso em:
1 out. 2018.
23
Em: <https://www.audaces.com/a-importancia-do-layout-da-sala-de-corte/>. Acesso em: 1 out. 2018.
24
Em: <https://www.audaces.com/fatores-que-influenciam-o-planejamento-de-risco-e-corte/>. Acesso em:
1 out. 2018.

170
DESIGN

1. Automação industrial é o processo de transformação em que uma empresa passa a aplicar técnicas,
softwares e equipamentos no processo produtivo e que trarão benefícios para empresas, colabo-
radores e para a sociedade. Araújo (1996) afirma que, nas últimas décadas, tem-se verificado um
aumento progressivo da automação na produção de vestuário, atividade tradicionalmente caracte-
rizada pela mão-de-obra extremamente intensiva. Esse processo acontece a partir dos maquinários
e processos existentes que possibilitam a configuração do trabalho de forma automática, além de
softwares e equipamentos que aceleram o processo de desenvolvimento dos produtos, resultando
na redução do tempo gasto na confecção de determinada peça.
2.
Precisão: com o sistema, é possível contar milímetros e fazer conferências de medidas que, no papel,
delongariam tempo e, muitas vezes, não seriam tão precisas. Contudo, se criadas de forma automa-
tizada, o molde tem maior precisão e faz com que o produto final tenha ainda mais qualidade.
Eficiência: com o auxílio de diversas ferramenta criadas com base nos materiais utilizados no dia a
dia de um modelista, torna-se mais fácil o reconhecimento e execução do trabalho, pois os processos
passam a ser realizados com facilidade.
Agilidade: o software elimina o problema de retrabalho, eliminando o uso da borracha e também o
retraçado de um molde que tenha dado errado, o que concede muita agilidade ao processo, e tam-
bém reduz o uso de papel na confecção de moldes.
Facilidade: o grande desafio do modelista em usar um sistema de modelagem de roupas está basi-
camente na resistência em aprender uma nova ferramenta; mas com a prática e o uso frequente do
software, o profissional passa a ter facilidade na execução dos processos.
Versatilidade: com o software, é possível criar um novo molde a partir de um molde base, ou seja, as mo-
delagens podem ser reutilizadas, adaptadas e modificadas; gerando novos moldes a partir de uma base.
3. E.
4. E.
5.
SALA DE CORTE TRADICIONAL: deve haver um espaço destinado ao enfesto, uma área para o corte,
uma para amarração dos lotes já cortados e também para o descarte. Todo o processo de corte acon-
tece sobre uma mesa, que permite que os dois processos sejam feitos manualmente, o enfesto e o
corte, ambos feitos por pessoas de forma manual, onde apenas o processo de corte acontece com o
auxílio de máquinas.
SALA DE CORTE AUTOMATIZADA: esse perfil de sala pode ser considerado um avanço tecnológico sig-
nificativo para a indústria do vestuário, visto que a adoção de tecnologia neste setor fez com que as
empresas se tornassem mais competitivas e inovadoras. Neste modelo, o fluxo do trabalho é mais alto,
devido não precisar de grande quantidade de mão de obra, uma vez em que tenha um espaço desti-
nado para a montagem do maquinário que realiza todos os processos, o profissional do corte ficaria
responsável apenas por programar o maquinário e organizar os lotes para enviar ao setor de costura.

171
O FUTURO DA INDÚSTRIA
DO VESTUÁRIO

Profª. Esp. Natani Aparecida do Bem

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Assimilar os aspectos ambientais e sociais que impactam a moda
atualmente.
• Compreender os avanços tecnológicos que impulsionam a indústria
de confecção de moda.
• Conhecer a nova tecnologia utilizada para melhorar a produção de
roupas e acessórios.
• Entender os modelos de sistemas junto à observação da sociedade
atual, na qual cada um deles está inserido.
• Entender os métodos de design e modelagem pela prática zero
waste.

Objetivos de Aprendizagem
• Dificuldades Encontradas Pelo Setor
• Rumo à Indústria 4.0 – A indústria de Confecção do Futuro
• A indústria Têxtil e a Impressão 3D
• A Dualidade da Moda: Fast Fashion versus Slow Fashion
• Produção mais limpa: processo zero waste
unidade

V
INTRODUÇÃO

Olá, caro(a) aluno(a)! Chegamos ao término do nosso material didático


e após discutirmos sobre a evolução da máquina de costura e conhecer
os principais maquinários direcionados à indústria do vestuário, tipos
de pontos e agulhas de costuras, dentre outros aspectos que compõem
o setor. Podemos afirmar que tudo isso foi estudado com o intuito de
adquirir conhecimento em parte do processo de produção da confecção
de produtos do vestuário, pois estes são elementos que contribuem para
uma boa formação de um(a) designer de moda. Para dar mais compre-
ensão aos assuntos relacionados à tecnologia da confecção, analisamos
as técnicas de montagem, começando pela ficha técnica e, em seguida,
acabamentos, etiquetagem e o processo de normalização dentro da in-
dústria, processo têxtil e vestuário.
Falando sobre modelagem, veremos sobre o novo método de design
que vem sendo utilizado por algumas empresas de confecção, que é a
prática zero waste, consistindo em um melhor aproveitamento da maté-
ria-prima, porém requer um tempo maior de execução, pois o design e
a modelagem do produto acontecem juntos na fase de desenvolvimento,
exigindo um trabalho em equipe, do(a) designer e do(a) modelista.
Nesta unidade, veremos que, com o aparecimento de novas tecno-
logias e a aceleração das informações, a indústria de confecção tem pas-
sado por algumas dificuldades, que englobam aspectos produtivos e a
forma de venda dos produtos, impactos causados também pelo sistema
produtivo do fast fashion. Veremos que, contra ele, vem tomando força o
slow fashion – sistema produtivo que prioriza os aspectos socioambien-
tais e a produção em pequena escala – valoriza a produção artesanal e
tem aspectos produtivos parecidos quanto aos utilizados logo no início
da confecção de produtos do vestuário.
Porém, ambos os sistemas podem perder seu espaço no mercado em
um futuro próximo devido ao surgimento de tecnologias como impressão
3D, e também pela robotização dos sistemas de fabricação que são refle-
xos da indústria 4.0. Por vezes, veremos que é constante a busca por pro-
fissionais qualificados e preparados a se desenvolverem em um ambiente
tecnológico. Sendo assim, é importante estar atento(a) às dicas que vão lhe
auxiliar e preparar para o mercado de trabalho, independentemente da
área ou do segmento que você irá atuar dentro da indústria do vestuário.
Boa leitura!
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

DIFICULDADES
ENCONTRADAS PELO SETOR
O mercado da confecção é um dos setores que qua- Atualmente, com o grande número de empresas espe-
se sempre vivem em alta quando se trata de assun- cializadas no setor de confecção, a concorrência tem
tos econômicos, isto se dá pelo vestuário ser con- crescido cada vez mais. Isso, sem dúvidas, acaba se
siderado um item básico do dia a dia do homem. tornando um dos maiores desafios encontrados pela
Por se tratar de um mercado amplo, que envolve indústria de confecção, sendo visível não apenas em
diversos setores e indústrias em sua composição, nível nacional ou regional por pequenas empresas
envolve grandes desafios para lidar e consolidar a que competem em um mesmo segmento, mas se tor-
empresa no mercado diariamente, a fim de perma- na algo desleal quando comparado a nível mundial,
necer por um bom tempo e garantir seu sucesso devido ao perfil de confecção e à prática de preços
de venda no mercado para se distanciar de uma muito baixos do mercado chinês em comparação com
possível falência. os demais fabricantes de roupas ao redor do mundo.

176
DESIGN

Essa produção exacerbada, voltada para um apelo confecção de um produto, pois, com mão-de-obra
de concorrência em sempre estar à frente do outro, aca- qualificada, o trabalho passa a ser rápido e com qua-
ba por resultar em aspectos que envolvem a qualidade lidade. Porém o setor de confecção vem apresentan-
do produto oferecido por essas empresas; por serem do grandes dificuldades em encontrar pessoas quali-
detentoras do conhecimento em alta tecnologia, aca- ficadas para atuar em diversos setores, especialmente
bam por conseguir uma produção rápida, com mão- no setor de modelagem e de costura, profissões que
-de-obra barata, o que resulta na conquista de grande vem caindo no esquecimento e que são primordiais
parte do mercado de confecções, dificultando que uma para a execução de um produto de moda.
empresa nacional tenha o potencial de se manter aber- O consumo e a produção em alta escala de forma
ta para enfrentar esses tipos de dificuldades. rápida e barata, esta configurada como fast fashion,
Além do fator competitivo, existem outros fato- têm contribuído para que as peças de roupa produ-
res que podem ser considerados como dificuldades zidas fiquem cada vez mais sem identidade, ou seja,
que o setor de confecção vem enfrentando ao longo as peças passam a ser produzidas a partir de cópias,
dos últimos anos, em virtude do consumo desenfre- em que diversas empresas apresentam o mesmo
ado e também das novas tecnologias que vêm sendo produto com características idênticas; tornando as
implantadas no setor. Isso, de certa forma, passa a empresas cada vez mais escravas desse processo de
exigir da indústria funcionários qualificados e ca- cópia, fator causado, principalmente, por uma in-
pazes de executarem as tarefas propostas durante a dústria refém das tendências.

Figura 1 - Loja que


oferta produtos dentro
do sistema fast fashion

177
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Essa dificuldade em diferenciar o produto de uma matéria-prima do produto, ao seu processo produti-
marca para outra faz com que as empresas percam vo, ao tipo de mão-de-obra utilizada, dentre outros
seu espaço no mercado, pois os consumidores bus- fatores que o configuram como produto sustentável.
cam algo novo e diferente, principalmente em pro-
[…] Se tomarmos como exemplo a ideia da va-
dutos de moda, o que faz com que as empresas, lorização do consumo responsável, podemos
aos poucos, percam o espaço no mercado por não perceber que a divulgação de políticas de re-
apresentarem produtos com design diferente dos já dução de impactos ambientais, praticadas por
existentes no mercado. Isso também é resultado da determinada empresa e vinculadas ao seu pro-
cesso produtivo, mesmo que não efetivas, po-
geração de designers rotulados ou engessados que dem funcionar como um valor simbólico que
não conseguem desenvolver peças diferentes com também interfere nas escolhas e decisões do
qualidade e preço acessível. consumidor (SABRÁ, 2016, p. 57).
Em contrapartida, um fator agravante que tem
preocupado grande parte do setor de industrial têxtil Com isso, a sustentabilidade continuará sendo pri-
e de confecção é a sustentabilidade. Considerada um mordial na cadeia produtiva têxtil, assim como pas-
grande desafio para uns, é algo extremamente essen- sará a ser cada vez mais essencial na decisão de com-
cial a outros, por ser um fator de grande prioridade. pra do consumidor final.
Atualmente, as empresas passam a levar em conside- Segundo os dados apontados pela Confederação
ração que os impactos ambientais causados por um Nacional da Indústria (2017; AGÊNCIA DE NOTÍ-
dos setores mais poluentes do mundo é real, e que essa CIAS, 2018, on-line)1, todos estes aspectos apresen-
produção desenfreada em grande escala, sem aspectos tados anteriormente podem ser vistos aqui no Brasil,
sustentáveis, pode gerar danos irreversíveis à natureza, pois se tratam de uma realidade a nível mundial, em
prejudicando diretamente o estilo de vida do homem. que o cenário apresentado impõe desafios de escala,
As preocupações acerca de sustentabilidade têm eficiência, comunicação e convergência de ações em
se pautado não somente na fabricação dos produtos, nível setorial, mas também oportunidade de melho-
mas também nos olhos do consumidor no momen- ria e expansão, incluindo o investimento em expor-
to da compra. Toda essa preocupação acaba influen- tações. Paralelo a isso, há um grande desafio envolto
ciando diretamente no perfil de consumo e de com- na dinamização dos processos produtivos relacio-
pra dos consumidores que, anteriormente, viam-se nados à capacitação e à renovação da mão-de-o-
reféns das peças baratas e oferecidas a todo momento. bra dinamização essa considerada condição básica
Com isso, as empresas que não apresentarem um viés para a produtividade e qualidade da produção, que
sustentável irão, cada vez mais, perder seu espaço no parte do princípio da formação de funcionários em
mercado, pois muitos desses consumidores passaram programas de educação e de formação técnica para
a comprar peças apenas de empresas que atendam ampliar a competitividade e a sustentabilidade das
às necessidades ambientais; sejam elas em relação à empresas do setor.

178
DESIGN

Figura 2 - Produtos sustentáveis

179
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

RUMO À
INDÚSTRIA 4.0
A INDÚSTRIA
DE CONFECÇÃO
DO FUTURO

180
DESIGN

Na Alemanha, o termo Indústria 4.0 tem sido comum


Nos últimos anos, muito tem se ouvido falar sobre em praticamente todas as feiras industriais, conferên-
a Indústria 4.0 em palestras, seminários e outras cias ou chamadas públicas para fundos para proje-
discussões do meio industrial. O tema aborda mu- tos. Primeiramente utilizado na Feira de Hannover,
danças extremas que viriam a acontecer nos atuais em 2011, o termo suscitou inúmeras discussões [...].
O termo Indústria 4.0 se refere à Quarta Revolução
modelos de negócios da cadeia têxtil e de confec- Industrial e é frequentemente entendido como apli-
ção, causando impacto relativo na linha produtiva cação do conceito genérico de Sistemas Ciberfísicos
e nos tipos de indústrias existentes. Mas você deve nos sistemas de produção (BRUNO, 2017, p. 36).
estar se perguntando, afinal, o que é Indústria 4.0?
Resumidamente, o conceito de Indústria 4.0 Considerando as premissas do autor, entende-se que
pauta-se no uso de inteligência artificial nas má- essa nova proposta, imposta pela Quarta Revolução
quinas para utilizar dados que se autorregulam e Industrial, passa a ter força quando a tecnologia de
tomam decisões que irão aumentar a produtividade automação e de troca de dados passou a ser realida-
das fábricas, sem a necessidade do componente hu- de, como exemplo, a Internet das Coisas, os siste-
mano, fazendo com que os processos de produção mas ciber-físicos, dentre outros. Estes sistemas irão
passem a se tornar autônomos, customizáveis e efi- alterar fundamentalmente a maneira como vivemos,
cientes (AUDACES, [2018], on-line)2. trabalhamos e nos relacionamos.
Em outras palavras, o conceito Indústria 4.0 se Nos últimos 300 anos, o mundo passou por três
baseia em sistemas físicos e virtuais (máquinas e sof- revoluções industriais, todas marcadas por profun-
twares) que se comunicam, articulam-se e se relacio- das mudanças na cadeia produtiva, além de impac-
nam de forma eficiente, orgânica e autônoma. tos econômicos, sociais e políticos de sua implemen-
tação, conforme apresentado na imagem a seguir:

1º 2º 3º 4º
Introdução e Divisão do Emprego de Internet das
instalações meca- trabalho e sistemas eletrôni- Coisas, com-
nizadas com produção em cos e de TI, que putação em
o emprego de massa com a propiciam a nuvem, uso de
energia hidráulica ajuda de ener- automação da sistemas
e a vapor. gia elétrica. produção. ciberfísicos.

MECANIZAÇÃO ELETRICIDADE COMPUTAÇÃO COLABORAÇÃO

Figura 3 - Parâmetros da Quarta Revolução Industrial e das demais existentes


Fonte: Senai e Cetiqt (2017, p. 6 - 7).

181
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

de conceitos de produtos e serviços de alto valor


Por fim, a Quarta Revolução está pautada no am- agregado, e a expansão de novos mercados [...]
biente digital, movida por tecnologia e diversos fa- possibilitando a incorporação de, por exemplo,
tores que fazem parte desse setor, como: a internet incluir acabamentos antimicrobianos, antifún-
móvel, a automação, a inteligência artificial, a na- gicos, antirraios solares e repelentes à chama e a
manchas […] No que se refere ao mercado têx-
notecnologia, o machine learning e a Internet das til e de moda, tais inovações permitirão que as
Coisas passaram a contribuir para as modificações empresas criem rapidamente produtos comple-
da cadeia de suprimentos e de produção, principal- xos e encurtem seu ciclo de desenvolvimento.
mente a cadeia têxtil, de forma tão radical quanto as Possibilitarão, ainda, a manufatura de produtos
de forma mais ágil, aproximando a produção
anteriores.
do consumidor, personalizando a produção em
Em se tratando da indústria de confecção, massa e gerando menos estoque. A inteligência
artificial irá automatizar funções que hoje são
a previsão é de que a Quarta Revolução Indus- desempenhadas por pessoas, ajudando as em-
trial irá trazer muitas transformações para o presas a tomar decisões complexas mais rapi-
mercado de bens de consumo. A chamada in- damente, podendo, inclusive, prever o que os
dústria 4.0 ou manufatura avançada abrirá uma clientes precisam e querem dos novos produtos
ampla gama de novas possibilidades de criação (SENAI; CETIQT, 2017, p. 9).

Robôs
Autônomos

Big Data Simulações

Realidade Integração
Aumentada de Sistemas
Indústria 4.0

Impressão 3D:
Manufatura Internet
Aditiva das Coisas

Computação Cibersegurança
Figura 4 – Parâmetros da Indústria 4.0
em Nuvem
Fonte: Senai e Cetiqt (2017, p. 9).

182
DESIGN

No entanto, essa revolução poderá causar grandes Para Bruno (2017, p. 53)
impactos na indústria da confecção, pois a automa-
tização presente nas fábricas deste setor no Brasil é estamos na alvorada da Quarta Revolução In-
dustrial, em que a possibilidade de aumento de
de apenas 29%, tornando esse cenário desafiador. En-
complexidade industrial promovida pelas ten-
tretanto, com a implementação de uma Indústria 4.0, dências econômicas, sociais, ambientais e tec-
há possibilidades de ganhos enormes, pois estamos nológicas oferece oportunidades inexploradas
tratando de processos customizáveis, menos custo- pela indústria brasileira de têxteis e confeccio-
sos, mais produtivos e seguros, produzidos em escalas nados até o presente.

inimagináveis (AUDACES, 2017, on-line)2.


A figura apresentada por Bruno (2017, p. 53) mostra
REFLITA a evolução da complexidade industrial ao longo do
tempo, e a substituição gradual da força de trabalho
humana pelas novas tecnologias, fatores que deixa-
No futuro, as novas fábricas adotarão ne-
gócios que estabelecerão redes globais que ram o setor industrial mais produtivos. Na indústria
incorporaram suas máquinas, sistemas de têxtil e de vestuário, o crescimento da produtividade
armazenamento e instalações de produção tem se mostrado um entrave ao desenvolvimento da
sob a forma de Sistemas Ciberfísicos.
competitividade.
(Flávio da Siqueira Bruno)

Grau de
complexidade
Primeira Segunda Terceira Quarta
Revolução Revolução Revolução Revolução
Industrial Industrial Industrial Industrial
Pela introdução de Pela introdução de Pela introdução de Pela introdução de
instalações de instalações de instalações de instalações de
produção mecaniza- produção mecaniza- produção mecaniza- produção mecaniza-
das com o emprego das com o emprego das com o emprego das com o emprego
de energia hidráulica de energia hidráulica de energia hidráulica de energia hidráulica
e a vapor. e a vapor. e a vapor. e a vapor.

Primeiro
controlador
lógico programável
Primeira correria (PLC), Modicon
Primeiro tear
transportadora, 084, 1969.
mecânico,
em 1784. Abatedouro de
Cincinnati, 1870.

Tempo
1800 1900 2000
Figura 5 – Evolução da complexidade industrial da Indústria 1.0 à Indústria 4.0 Hoje
Fonte: Bruno (2017, p. 53).

183
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

SAIBA MAIS

A dinâmica do consumo e da produção global Nesse ambiente, para que fosse possível alcançar os
produziu aumento da frequência de mudan-
princípios da Indústria 4.0 dentro do setor de con-
ça de rotinas, de diversificação de produtos,
processos, fornecedores e tipos de insumos, fecção, Bruno (2017) elaborou narrativas de desen-
de set-ups e de reorganização da produção, volvimento baseadas nas tendências que irão alterar
influindo no desempenho dos gerentes e tra-
as bases da economia e da tecnologia de manufatura
balhadores e na eficiência do planejamento e
da execução das operações. no setor têxtil e de confecção, a fim de guiar as ini-
ciativas de investimentos, financiamentos, capacita-
Fonte: Bruno (2017, p. 54).
ção empresarial e formação profissional.

Confecção 4.0

3
Introdução de sistemas ciberfísicos que usem Internet das Coisas, internet dos serviços e
big data. Atuando como fábricas inteligentes, os sistemas produtivos deverão ser
capazes de se comunicar e de assistir pessoas e máquinas na execução de suas tarefas.
Essas unidades deverão atuar em rede, integradas e sem solução de continuidade com a
cadeia de valor.

Manufatura ativada pelo consumidor

2 Desenvolvimento da automação e da modularização de unidades fabris sustentáveis,


ágeis e flexíveis, integradas ao consumidor final e ao ponto de varejo, com intenso uso
de tecnologias e virtualização.

Manufatura ágil

1
Desenvolvimento de mentalidades e capacidades para atuar de maneira rápida, flexível,
integrada, eficiente, produtiva e criativa, o que requer o exercício do uso de tecnologias
e de redes sociais que enfatizem a orientação pela informação e pela comunicação com
consumidores na cadeia de valor das empresas.

Tempo real
O desenvolvimento da capacidade de atuação em tempo real será uma necessidade para a
máxima utilização do big data.
Amparado pelas competências de trabalho virtual, interoperacional e descentralizado, o
design deverá ser capaz de projetar novos produtos individualizados na interação
3
simultânea com consumidores e produtores, em tempo real de cocriação.

Interoperabilidade e descentralização
O desenvolvimento da participação múltipla e descentralizada é etapa essencial para a
cocriação. Novos designers deverão desenvolver a capacidade de criar com base em um
domínio aberto de novos conhecimentos técnicos, comerciais e sociais.
2
Virtualização

1
A virtualização dos processos de desenvolvimento e fabricação de produtos é, talvez, a
principal orientação a ser seguida pelo design. O exercício sistemático com as tecnologias
de criação e de simulação - estética, funcional e organoléptica - é o passo inicial para a Figura 6 – Narrativas de design
manufatura avançada. Fonte: adaptada de Bruno (2017) e
Senai e Cetiqt (2017, p. 10 -11).

184
DESIGN

• Operação em tempo real: coleta e tratamento


Além de seguir as narrativas da produtividade das
de dados de forma instantânea, possibilitan-
empresas, o autor ainda afirma que esse modelo de do a tomada de decisões em tempo real.
indústria pode ser motivado pela adoção dos princí-
pios da Indústria 4.0 – vistos a seguir – classificados Modularização: produção de acordo com a deman-
em seis princípios essenciais para a evolução e im- da. Acoplamento e desacoplamento de módulos na
plantação da Indústria 4.0 nos sistemas de produção produção, o que oferece flexibilidade para alterar as
inteligentes. tarefas das máquinas facilmente (SENAI; CETIQT,
• Interoperabilidade: conexão entre homem e 2017, p. 12-13; BRUNO, 2017).
máquina por meio da internet das coisas e Diante de todos os apontamentos acerca da Indús-
internet dos serviços, em que se tornará pos- tria 4.0, Bruno (2017) define que, quanto mais inteli-
sível a comunicação entre todos os sistemas
gentes forem as fábricas, no sentido de informatizadas,
ciber-físicos das plantas fabris da indústria.
mais profundas serão as mudanças no trabalho reali-
• Virtualização: propõe a cópia virtual das fá-
bricas inteligentes, processo que irá permitir zado pelos trabalhadores. Com isso, os profissionais
o monitoramento remoto de todos os proces- deverão assumir mais responsabilidades e investir no
sos por meio de sensores instalados ao longo próprio desenvolvimento a partir de novas formas de
da planta. trabalho, pois as estruturas organizacionais passaram a
• Descentralização: tomada de decisões em ser mais flexíveis, esta flexibilidade pode criar trabalho
tempo real por meio de sistemas ciber-físicos, em novas faixas etárias, mudando o perfil de traba-
em que as máquinas, além de receberem co-
lhadores. Levando isso em consideração, as empresas
mandos, poderão fornecer informações sobre
seu ciclo de trabalho. Com isso, os módulos passaram a ter novos modelos de emprego, atraindo
da fábrica desse modelo de fábrica inteligente profissionais qualificados disponíveis, reduzindo a ten-
trabalharão de forma descentralizada. dência de escassez de trabalhadores qualificados.

185
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Imagem ilustrativa. Fonte: Christopher Macsurak (2012, on-line)3.

A INDÚSTRIA TÊXTIL
E A IMPRESSÃO 3D
Atualmente, a indústria do têxtil e de confecção semanas de moda e também na confecção de produ-
vem sofrendo grandes influências da tecnologia tos deste setor já inseridos no mercado” (ABREU;
em termos de modelo de negócios e de confecção MENEZES, 2017, p. 2).
de produtos, e a impressão 3D – responsável pela Segundo informações da Forbes Brasil (2017,
impressão de produtos projetados a partir de um on-line)4, esses avanços tecnológicos são decor-
software digital que, posteriormente, é impresso por rentes do envolvimento entre a ciência material,
uma máquina, por meio de camadas da matéria-pri- o design digital e as capacidades de produção sob
ma depositada na plataforma de impressão até que demanda, que impulsionaram o desenvolvimen-
se obtenha a peça por completo – “passou a fazer to da impressão 3D dentro do setor da indús-
parte cada vez mais dessa inovação tecnológica da tria, impactando diretamente diversos setores que
indústria do vestuário, que vem sendo utilizada nas influenciam diretamente a economia do país.

186
FDM Fused Deposition
Modeling

A tecnologia FDM fabrica as peças


camada por camada, de baixo para
cima, ao aquecer e ejetar um filamento
termoplástico (ABS ou PLA) por uma
fina cabeça de extrusão. É a tecnologia
mais utilizada devido ao baixo custo e à
versatilidade dos materiais utilizados.

Por se tratar de uma tecnologia, o processo de


impressão 3D não se restringe a apenas uma técnica
ou material, ela pode ser dividida de acordo com
as áreas em que irá trabalhar a fim de proporcionar
melhor desempenho na fabricação de produtos, SLA Stereolithography
conforme Milheiro (2016, p. 1), que aponta os tipos
A tecnologia SLA é semelhante
de impressão 3D disponíveis no mercado conforme à SLS, que também usa um laser
apresentado no infográfico a seguir: no processo de solidificação do
material base. A única diferença
é que o material utilizado é uma
resina que se solidifica quando
3DP Inkjet 3D Printing exposta à luz ultravioleta do laser.

A tecnologia 3DP é a que mais se assemelha à impressão jato de


tinta, em que o material é depositado camada a camada, com
intervalos de cola para manter tudo unido. Permite modelos
completamente funcionais, a cores e com secções suspensas e

PSL Plastic Sheet Lamination sem suporte.

A tecnologia PSL é uma técnica bastante inovadora e


interessante, pois utiliza um misto de processo aditivo e
SLS Sinterização - Selective
Laser Synthering

subtrativo. Numa máquina PSL existe um rolo de filme A tecnologia SLS consiste em
plástico (PVC transparente, na maior parte dos casos) que é incidir um laser num pó de material
colado, prensado e depois cortado na forma desejada. próprio e fundir as moléculas desse
material umas com as outras,
criando o modelo 3D real.

EBM Eletronic
Melting
Beam

A tecnologia EBM trabalha com uma câmara de modelação que funciona a


vácuo e aquece até aos 1000 ºC para derreter o metal e fundi-lo na forma
3D. Os pós são sempre metais com diferentes tipos de ligas. Este não é o
único processo que permite impressão 3D em metal, mas é um dos mais
avançados.
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

çou a ser utilizada na área, quando o enge-


A impressora 3D surgiu nos anos 80, quando o Dr. Hideo nheiro Jiri Evenhuis desenvolveu um tecido
Kodama tentou registrar como tecnologia de prototipa- e, em colaboração com o designer industrial
gem rápida para analisar e testar protótipos de produtos Janne Kyttanen, confeccionaram a primei-
antes de irem para a produção em série. Mas, devido a al- ra peça de vestuário funcional denominada
Black Drape Dress [...] o pioneiro na área da
guns problemas, não foi possível registrar e, desde então,
moda, a ser produzido por uma impressora
diversas técnicas foram desenvolvidas. Por fim, somente 3D. Desta forma, o mesmo faz parte do acer-
em 1986, Charles Hull efetuou a patente, com a máquina vo do Museu de Arte Moderna – MoMA, de
SLA no ano de 1983, e co-fundou a empresa 3D Systems Nova Iorque, e cópias já foram reimpressas e
adquiridas por consumidores em sites no va-
Corporation que, atualmente, é uma das maiores de im-
lor de dois mil dólares (KUHN; MINUZZI,
pressão 3D (KUHN; MINUZZI, 2015 apud ABREU; ME- 2015 apud ABREU; MENEZES, 2017, p. 4).
NEZES, 2017, p. 2).
Desde o seu surgimento na década de 80, a im- Posterior a isso, um caso mais recente do uso da
pressão 3D vem sendo utilizada em etapas da fabri- impressão 3D na moda foi em 2010, com os vesti-
cação de objetos em diferentes ramos da indústria, dos 3D desenvolvidos pela estilista holandesa Iris
auxiliando na indústria automobilística, na área da Van Herpen para a sua coleção de inverno, deno-
saúde, no setor alimentício e também na indústria minada Crystallization, apresentada no Amsterdam
do vestuário; neste setor, a impressão 3D pode ser Fashion Week. Sua coleção foi considerada uma das
citada como um reflexo indicativo da nova revolu- 50 melhores invenções no ramo da moda pela revis-
ção industrial ou da Indústria 4.0, vista anterior- ta americana Time. A estilista inovou seu processo/
mente. Essa evolução significativa na confecção de produção abandonando os papéis de modelagem e
produtos, sejam eles roupas ou acessórios, tem pos- máquinas de costura para desenvolver suas roupas,
sibilitado uma fusão entre três pilares que sustentam sapatos e acessórios em um software para, então, se-
essa nova tecnologia, sendo eles o mundo físico, o rem impressos em uma impressora 3D.
mundo digital e o mundo biológico que, juntos, im-
pactam diretamente todas as indústrias do ramo, in-
cluindo a moda de luxo.
SAIBA MAIS

[...] só no início do século XXI que esta tec-


nologia começa a ficar acessível no mercado Há um vídeo de comemoração do aniversário
devido à baixa dos preços [...]. Desta forma, de 10 anos da marca da estilista Iris Van Her-
ficou marcada sua introdução no mercado pen. Para saber mais, acesse: <https://vimeo.
por menos de mil dólares e, a partir de 2012, com/225069433>.
quando começou ser utilizada para fabrica-
Fonte: a autora.
ção de produtos vestuário [...] Portanto, a
partir do ano 2000, a impressora 3D come-

188
DESIGN

Figura 7 - Vestido de água de Iris Van Herpen


Fonte: Jos Groningen (2012, on-line)5.

Em 2011, a estilista voltou a utilizar a tecnologia de SAIBA MAIS


impressão 3D em quatro looks na coleção de verão
intitulada Escapism, na Paris Haute Couture Week. Há um vídeo da coleção Crystallization.
Nas duas coleções, Herpen utilizou matérias-primas Para saber mais, acesse: <https://vimeo.
diferentes de acordo com o resultado final que ela com/16422223>.

queria atingir na confecção dos produtos, buscando Fonte: a autora.


proporcionar flexibilidade em suas peças, que refle-
tem diretamente no conforto do usuário.

189
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Em resumo, a tecnologia de impressão 3D tem


sido vista com mais frequência nas passarelas e nas
marcas/grifes de moda do mercado mundial, mar-
cas como: a grife de Alta Costura Chanel, em sua
coleção de inverno 2015, com 10 looks da coleção
criados usando sinterização por laser, um deles foi
o clássico da marca, o tweed, que carregava borda-
dos feitos em 3D. O Ateliê Versace também apos-
tou neste tipo de tecnologia no baile MET gala de
2016, com tema Manus x Machina: Fashion in an
Age of Technology, com um vestido belíssimo longo
e branco, inspirado em um vestido de noiva, monta-
do a partir de uma série de pequenas peças feitas em
impressora 3D (MINGO, 2016, on-line)7.
Saindo das passarelas, temos a então conhecida
estilista israelense Danit Peleg, que trabalha com pe-
ças impressas em 3D para vendas comerciais em seu
e-commerce, possibilitando que os clientes persona-
lizarem suas peças antes de realizarem a compra. O
cliente acessa o site, personaliza a peça e a recebe em
casa, inclusive no Brasil (BEZERRA, 2018, on-line)8.

SAIBA MAIS

A primeira peça fabricada com venda em uma


escala comercial feita por uma impressora 3D
é uma jaqueta bomber da estilista israelense
Danit Peleg. Lançada em 2017, a jaqueta Ima-
gine é feita com um filamento chamado de
Filaflex e vem com forro tradicional de tecido
para aumentar o conforto do usuário.

Fonte: Farah (2017, on-line)9.

Figura 8 - Look da coleção Escapism, por Iris Van Herpen


Fonte: Escapism ([2018], on-line)6.

190
DESIGN

Saindo do setor têxtil, temos, no Brasil, a Noiga, Mas cabe ressaltar que essa realidade de produto de
empresa de acessórios que trabalha com a comer- moda se encontra um pouco distante aqui no Brasil,
cialização de produtos fabricados na impressora 3D. porém a sua maior ênfase tem sido as passarelas nos
Os belos brincos, colares, anéis, pulseiras e bolsas – desfiles de moda conceitual.
produtos ofertados pela marca – são impressos em Considerando este cenário do uso da impresso-
nylon em pó para apresentarem um aspecto leve e ra 3D na fabricação de produtos do setor têxtil e de
maleável, mas que passe segurança ao consumidor confecção no Brasil, pode-se perceber que, mesmo
por ser rígido (NOIGA, [2018], on-line)10. apresentando maior ênfase nas passarelas, as tecno-
Diante do contexto acerca da impressão 3D e logias vestíveis e o uso de biotecnologias e de ma-
também de algumas das marcas de moda apresenta- teriais inovadores acabaram criando demandas por
das que trabalham com este processo de fabricação, é têxteis inteligentes e funcionais, as quais vêm au-
possível perceber que a impressão 3D está passando mentando a diversidade e a intensidade tecnológica
por diversas modificações desde o seu surgimento de fios, tecidos, aviamentos e produtos exigidos para
no início dos anos 2000; principalmente em relação atender às novas necessidades de consumo.
ao tipo de matéria-prima a ser utilizada na constru- Esse novo perfil de consumo reflete diretamente
ção dos produtos, pois, como visto anteriormente, nas cadeias produtivas, que passam a se tornar so-
nos tipos de impressão apresentados por Milheiro cialmente justas, politicamente corretas e ambien-
(2016), com uma gama de materiais e métodos de talmente sustentáveis, contribuindo para o planeta e
impressão 3D, se torna possível acrescentar carac- as sociedades. Com isso, o setor têxtil está alinhado
terísticas aos produtos a fim de que estes também às diretrizes dos Objetivos de Desenvolvimento Sus-
possam ser um diferencial, como: o uso de textu- tentável criados pela ONU (Organização das Nações
ras, a flexibilidade dos produtos – principalmente Unidas) e adotados pelas iniciativas pública e privada,
no vestuário – a rigidez, entre outras propriedades. em busca de uma produção e de um país mais justos.

191
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

A DUALIDADE DA MODA: FAST FASHION


VERSUS SLOW FASHION
Vivemos em uma sociedade que esteve por anos re- como se fossem algo descartável, transformando a
fém do consumo acelerado, mas aquela vontade de ter indústria em um padrão de fabricação exacerbado,
a peça que estava na moda, ou que era tendência da em que o consumo e o descarte acontecem rapida-
estação vem diminuindo cada vez mais. Isso é reflexo mente. Ao longo dos anos, as roupas confecciona-
do estilo de vida que as pessoas têm ultimamente. As das têm pautado-se nas tendências de passarela do
preocupações com o meio ambiente têm se tornado momento, fazendo com que, a cada estação/coleção,
cada vez maior e, com isso, o consumo sustentável as empresas confeccionem os produtos em tempo
tem tomado seu espaço cada vez mais. menor, pois a tendência pode surgir a qualquer mo-
O consumo sempre esteve pautado no conceito mento e atrair o interesse do consumidor para de-
de fast fashion ou moda rápida (em sua tradução li- terminado produto que, de certa forma, deverá ser o
teral), em que as peças passaram a ser consumidas ofertado pela empresa. Contudo, devido à qualidade

192
DESIGN

da matéria-prima utilizada, bem como o tipo de cos- industrial como um de seus conceitos, o fast fashion
tura, os produtos tornaram-se descartáveis e, com passou a assumir o compromisso de produzir aquilo
isso, passaram a ser descartados com frequência, que o consumidor deseja no presente momento, ou
criando, assim, um ciclo vicioso que vem tomando seja, fazer uma moda rápida que fortaleça o pensa-
rumos para chegar ao fim. mento contemporâneo de trazer o presente absoluto
ao indivíduo (SILVA; BUSARELLO, 2017).
[...] uma das grandes reflexões sobre a Moda
atual é a relação entre fast fashion e slow fashion,
ambas convivendo na mesma era contemporâ-
nea, mas carregando ideias defendidas por pro-
fissionais diferentes. Justamente por incorpora-
rem o fenômeno em seu estado mais recente,
foi observado que os produtos finais, junto aos
motivos de compra dos consumidores, são am-
plamente discutidos no meio de estudos cientí-
ficos [...] (SILVA; BUSARELLO, 2017, p. 2).

Para isso, neste tópico, vamos entender os conceitos


dos dois modelos de sistemas – fast fashion e slow
fashion – diante da sociedade atual, na qual ambos
estão inseridos.

FAST FASHION

O fast fashion é, sem dúvida alguma, no setor


da moda, o modelo produtivo/distributivo de
maior sucesso nos últimos anos. Mesmo não
sendo, em suas características essenciais, uma No ano 2000, todo o processo de fabricação já
novidade absoluta para o setor, os sucessos em- não podia se dar ao luxo de levar quatro meses
presariais mais significativos e as taxas de ren- desde a concepção para a venda no varejo e toda
tabilidade mais altas são todas reconduzíveis a cadeia de produção teve que ser encurtada.
às empresas que adotam modelos de produção Modelos agora são apresentados semanalmen-
e distribuição rápidos, ou seja, acelerados em te, peças de vestuário que são feitas todos os
relação aos 24 meses necessários à cadeia para meses com produção que podem levar apenas
que tenham as coleções realizadas expostas nas três semanas, não precisando mais aderir aos
vitrines das lojas (CIETTA, 2010, p. 29). ciclos sazonais da moda tradicional, adotando
assim o modelo fast fashion […] (ALMEIDA;
DAMASCENO; MACEDO, 2016, p. 6).
O fast fashion começou a se expandir a partir dos
anos 80, com o objetivo de potencializar a compe-
titividade e rotatividade dentro da cadeia produtiva Mas o sistema do fast fashion teve início ainda no
do vestuário. Por ser um processo que tem a rapidez século XIX, conforme afirma Cietta (2012, p. 9),

193
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Moda e velocidade representam, desde o final


do século XIX, um binômio praticamente in- Inditex 4 (Indústria de Diseño Têxtil S.A), no qual a
dissolúvel. Quando Paul Poiret começou a uti- marca Zara faz parte, com diversas lojas espalhadas
lizar os jornais para divulgar suas criações, ele pelo mundo, inclusive no Brasil (ALMEIDA; DA-
deu, talvez, o primeiro passo estratégico que re- MASCENO; MACEDO, 2016).
presentou a modernização do processo inicia-
do no século XVIII por Luís XIV ao colocar as
A Zara, segundo Bruna Nastas ([2018], on-li-
costureiras em um patamar de reconhecimento ne) , disponibiliza produtos de qualidade, mas em
12

profissional na estrutura da sociedade e da eco- quantidade limitada – o que proporciona sensação


nomia francesa, europeia e mundial. de exclusividade dos produtos, e a sua linha de pro-
dutos atende a homens e mulheres. Além da Zara,
Com o passar dos anos, o perfil dos consumidores não podemos esquecer da Forever 21, muito conhe-
foi se moldando conforme o perfil da indústria, atu- cida nos Estados Unidos e em mais de 20 países,
almente, o consumidor apresenta características de inclusive no Brasil; a loja apresenta um conceito de
independência em relação à moda, pois a liberdade moda jovem e com preços atrativos, mesmo sendo
de expressão e a vontade de ser quem é por meio da diferentes dos preços encontrados no exterior.
roupa têm se tornado cada vez mais frequentes na
sociedade atual.
É possível ver isso refletido na demanda de pro-
dutos que passou a ser imediata, provocando ajustes
na cadeia produtiva/criativa que, de certa forma, tam-
bém afetaram o calendário da moda. Anteriormente,
o setor do vestuário trabalhava com duas coleções
anuais, pautadas nas principais estações do ano – in-
verno e verão – mas, hoje, há empresas que chegam
a entregar cinco coleções por ano em seu calendário.
Com isso, os produtos passam a perder qualidade,
principalmente pela quantidade de produtos que ne-
cessitam ser desenvolvidos e produzidos em curto es-
paço de tempo que, anteriormente, era maior.
Diante disso, o sistema fast fashion acaba co-
brando mais do designer, devido à sua responsabili-
dade em exercer sua função criativa, desenvolvendo
inúmeros produtos para atender ao desejo do con-
sumidor, além de se manter atualizado constante-
mente sobre as tendências e mudanças do setor do
vestuário. Não podemos deixar de citar algumas das
lojas mais conhecidas deste modelo de sistema, a Figura 9 – Loja Zara
principal e mais bem-sucedida neste ramo é o grupo Fonte: ChIfcapsho (2012, on-line)13.

194
DESIGN

Figura 10
Loja H&M na Times Square
Fonte: Elisa.rolle
(2014, on-line)14.

Outra rede de lojas muito conhecida é a H&M, Mesmo diante de tantos apontamentos contra este
considerada a segunda maior loja de fast fashion modelo de sistema, Cietta (2012, p. 15) afirma que
do mundo, ficando atrás da Zara. De origem sue- “o mundo fast fashion é, ainda hoje, a das mais gran-
ca, a marca trabalha com roupas de ótima qualidade des cadeias de produtos de vestuário [...] e cada vez
e preços extremamente acessíveis, a única entre as mais é um instrumento de diferenciação, inclusive
mais famosas que não possui loja no Brasil. para as pequenas e médias empresas”.
Para que você tenha conhecimento das “gigantes” O autor ainda defende a ideia de que
desse sistema, faça uma busca na internet e veja quais
o fast-fashion pode, paradoxalmente, ser mui-
são as demais lojas que entram nessa lista das fast fashion
to eficaz ao defender o patrimônio produtivo
mais famosas do mundo, sem reduz apenas a estas três. e criativo local, desde que consiga explorar a
Após falarmos de nível mundial, não podemos dei- vantagem de saber antecipar as mudanças nas
xar de citar algumas marcas fast fashion conhecidas e fa- tendências de consumo no mercado local mais
mosas no Brasil: C&A, Riachuelo, Marisa, Renner, GAP, do que os grandes competidores globais. […] o
fast-fashion ou o ciclo curto de desenvolvimen-
TOPSHOP, além das fast fashion que trabalham com
to de produto, é muito pouco estudado, pouco
demais setores de departamento, como Pernambucanas, conhecido pelas empresas e ainda menos co-
Havan e Coppel dentre outras, todas com boa aceitação nhecido pelas instituições que apoiam o desen-
do consumidor, o que resulta na expansão para atuar no volvimento das pequenas e médias empresas
sistema. (CIETTA, 2012, p. 16).

195
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

Diante disso, e de fatores que englobam questões sus- frer mudanças com o passar dos anos, o que resul-
tentáveis, é possível afirmar que, nos últimos anos, o tou no surgimento de novos modelos de sistema,
fast fashion vem entrando em declínio devido às mu- desta vez sustentáveis devido à situação em que o
danças intrínsecas que vêm acontecendo nos sistemas mundo se encontra por causa dos danos causados
da moda. Porém, o autor ressalta que essa moda rá- pelo homem.
pida com preços acessíveis acaba ajudando os indiví- Com isso, a moda do século XXI tem se torna-
duos a desenvolverem sua identidade, devido à gama do um verdadeiro desafio devido aos questiona-
de produtos disponíveis no mercado a preços baixos. mentos que se afloram acerca de aspectos ecoló-
Deixando a moda mais democrática, permitindo que gicos, buscando novos caminhos para o consumo
o público tenha acesso a produtos desenvolvidos por e a produção de moda. Isso é reflexo do novo
grandes designers devido à colaboração de cadeias de perfil de consumidor que vem surgindo nos últi-
lojas de moda rápida com estilistas famosos. mos anos, em que surgiram novas preocupações
relacionadas à busca da vida saudável, seja pela
alimentação ou pelo consumo, priorizando o uso
REFLITA
consciente dos recursos naturais para a preserva-
ção do meio ambiente. Na moda, isso não é dife-
Qual é a mensagem por trás da blusa rente, esse novo consumidor passa a ser diferen-
que comprei ontem? ciado para o setor de design de moda, refletindo
Será que irei usá-la várias vezes? em um novo perfil de consumo e de fabricação de
Preciso renovar meu guarda-roupas a produtos do setor.
cada estação?
Diante deste cenário, a moda passa a pensar de
Será que eu preciso dessa roupa? forma desacelerada e, então, aquilo que para nós não
está mais em voga, volta a estar em uso. As empre-
sas começam a desenvolver seus produtos de forma
atemporal, com exclusividade, com responsabilida-
SLOW FASHION de social e redução de escala, destacando aspectos
que envolvem o modelo slow fashion.
Contrapondo o contexto de aceleração do fast
fashion, o slow fashion, sistema produtivo de moda, O slow fashion está baseado em um tipo de pro-
dução desacelerada do consumo, pois o proces-
atua contra o consumo exagerado de coisas desne- so respeita o tempo de confecção do produto
cessárias ou que não apresentem sintonia com o gasto e às condições de trabalho de quem está
comportamento social e sustentável que se espera envolvido. Muitas marcas que adotam o seg-
de um mundo globalizado prestes a entrar em co- mento slow fashion acabam utilizando noções
de sustentabilidade e, geralmente, por serem
lapso. Assim como as tendências de moda que são
pequenas ou de médio porte, estão mais próxi-
passageiras, ou as peças atemporais que duram por mas do seu consumidor final (ALMEIDA; DA-
uma eternidade, os sistemas de moda passam a so- MASCENO; MACEDO, 2016, p. 8).

196
DESIGN

O slow fashion é uma corrente que fortalece a


O slow fashion é um sistema de produção que car- conexão do consumidor com a roupa e os seus
rega o uso de técnicas manuais na confecção dos designers, incluindo também os valores de co-
produtos, independentemente da área de atuação, munidade e diversidade. Sendo assim, trata-se
de um movimento que valoriza o esmero, a
fazendo o uso de materiais e tecidos duráveis e com
qualidade e o pensamento em longo prazo [...].
apelo sustentável, principalmente com a produção O processo de slow fashion coexiste com o fast
em baixa escala. A fim de agregar valor ao produto, fashion, porém, trazendo características opostas
realizando a produção em baixa escala, com a fabri- um ao outro. O slow fashion é definido, em algu-
mas publicações, como uma produção que não
cação em ateliês, a fim de melhorar a qualidade de
está sob os ideais do modelo fast fashion e que
trabalho de quem produz por meio da humaniza- não responde à rapidez das mudanças das ten-
ção dos processos, a fim de melhorar a qualidade de dências da moda (WATSON; YAN, 2013 apud
trabalho de quem produz e a qualidade do produto. SILVA; BUSARELLO, 2017).
Além disso, é necessária atenção redobrada por se As propostas de design utilizadas no modelo slow
tratar de um trabalho manual. fashion apresentam um modelo de consumo racio-

197
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

nal, que reflete diretamente nas formas de constru- em 2014, na cidade de Porto Alegre, com a missão de
ção do novo perfil de consumo de moda. Aqueles conscientizar e educar o público sobre sustentabili-
consumidores que, anteriormente, estavam preocu- dade, além de defender a ideia de liberdade de gênero
pados com qual roupa estava na moda, hoje passam em seus produtos. A Insecta Shoes trabalha com san-
a tomar atitudes que contribuem para o movimen- dálias, slippers e botas totalmente veganas, vendidas
to slow, como utilizar técnicas de upcycling, trocar em duas lojas próprias no Brasil, uma em São Paulo e
roupas entre amigos, frequentar brechós e bazares, outra em Porto Alegre, e também vendida em outras
customizar roupas, levar peças ao conserto, refazer 10 lojas parceiras dentro e fora do Brasil.
o design da peça, dentre outras técnicas que prolon-
gam a vida útil dos produtos.
Isso se dá pelo novo padrão de consumo, em que
as pessoas passaram a olhar não apenas as gerações
futuras, mas a quantidade de recursos e materiais
que estão sendo utilizados para o desenvolvimen-
to de bens de consumo, que refletem diretamente
a qualidade do meio ambiente que, futuramente, as
novas gerações encontrarão para viver.
Neste cenário de sustentabilidade e responsabi-
lidade social, já existem algumas marcas que atuam
no mercado fashion com produtos e sistemas de fa-
bricação que abrangem um novo padrão de quali-
dade e a preocupação com o sistema ecológico que
envolve as causas ambientais de preservação e con-
servação. Com isso, as empresas passaram a adotar
um novo posicionamento de mercado com base em
causas ambientais, com o intuito de se reestruturar
no mercado e despontar em relação a vantagens
concorrenciais para atingir o novo nicho de merca-
do que vem crescendo cada vez mais.
Agora, você irá conhecer um pouco algumas das
inúmeras marcas que já trabalham com o sistema
slow fashion no segmento de roupas, acessórios e
calçados, sendo elas:
Insecta Shoes: atua no setor calçadista, confeccio-
nando seus produtos com matéria-prima oriunda de
roupas usadas, garrafas plásticas e resíduos da indús- Figura 11 – Produtos Insecta Shoes
tria calçadista convencional. A empresa foi fundada Fonte: Insecta Shoes ([2018], on-line)15.

198
DESIGN

SAIBA MAIS projeto de moda colaborativa chamado Malha. Hoje,


a grife carioca é mais do que uma loja, ela se tornou
Há um vídeo sobre a a Insecta Shoes. um conceito! Todas as peças da Ahlma carregam a
Para saber mais, acesse: <https://vimeo. descrição da origem de seus materiais e o quanto do
com/115435460>. A marca também está valor da roupa ou do acessório é imposto, qual o seu
nas redes sociais, para saber mais, acesse:
<https://www.facebook.com/insectashoes/>. custo operacional, qual o seu investimento e o seu lu-
cro (WOO MAGAZINE, [2018], on-line)16.

SAIBA MAIS
Zerezes: atua no setor de acessórios, com óculos
de sol, com um perfil diferente dos encontrados no Gostou da ideia dos óculos de madeira
mercado, pois seus produtos são feitos para durar reaproveitada? Para conhecer um pouco
a vida toda! Seus óculos têm armações desenvolvi- mais sobre a Zerezes, acesse:
das totalmente de forma artesanal, confeccionadas <https://vimeo.com/43248451>.
a partir de resíduos de madeiras de demolição. A A Ahlma, com sua moda colaborativa,
marca é carioca e foi desenvolvida por um grupos também tem um vídeo bem interessante,
de amigos que tinham uma ideia em comum: pro- para saber mais, acesse:
duzir moda com baixo impacto ambiental. A Zere- <https://vimeo.com/216878844>.
zes tem duas lojas próprias no Rio de Janeiro, mas
vende em outros 11 locais dentro e fora do Brasil e
entre estes locais, estão o Museu de Arte do Rio e Além das marcas citadas, existem outras no merca-
a loja Farm. do da moda, sugiro que você faça uma busca e co-
Ahlma: atua no setor de confecção. Comandada nheça a fundo sobre esse universo de possibilidades
pelo estilista André Carvalhal, a marca é uma das que o sistema slow fashion tem a propor para nós,
queridinhas no mercado carioca. Ela surgiu de um consumidores de moda.

199
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

PRODUÇÃO MAIS LIMPA: PROCESSO


ZERO WASTE
A técnica de produção mais limpa nomeada de zero são rejeitadas anualmente” (MORAIS; CARVALHO;
waste, ou resíduo zero, surgiu a partir da necessi- BROEGA, 2011, p. 1 apud PEREZ, 2013, p. 1).
dade da diminuição do descarte de resíduos têxteis Com os avanços tecnológicos, cada vez mais tem
produzidos pela indústria de confecção. Sabemos se tornado possível encontrar soluções para o des-
que essa indústria do vestuário gera diversos proble- perdício, e também de processos produtivos menos
mas e danos ao meio ambiente devido aos processos agressivos ao ambiente, um desses processos é o de-
de fabricação utilizados pelas grandes e pequenas sign zero waste, aplicado nas fases do design e, prin-
indústrias. Contudo, esses problemas só acontecem cipalmente, na modelagem, proporcionando nova
devido à má gestão do desperdício, em que seria im- metodologia de desenvolvimento de produtos do
portante desenvolver estratégias e ferramentas que vestuário, contribuindo diretamente com o processo
auxiliassem na redução e geração de resíduos, “afi- convencional de design, proporcionando novo olhar
nal, milhões de toneladas de materiais têxteis […] sobre essa prática.

200
DESIGN

Apesar de ser considerado uma técnica inovadora resíduos. Apontando, assim, técnicas de design de
na indústria do vestuário, esse conceito é antigo e já modelagem associadas à produção mais limpa, a fim
foi muito utilizado na história do vestuário, em que as de apontar e melhorar os processos convencionais
roupas eram projetadas para ter o mínimo de desper- utilizados na indústria.
dício; com isso, o tecido era pouco ou nunca cortado, Contudo, diante de todo o contexto já apresentado,
de forma que a modelagem fosse realizada diretamen- você deve estar se perguntando, afinal, o que é zero was-
te no corpo, tendo espaço (corte) apenas para a passa- te? Ele é um processo que “consiste em técnicas de mo-
gem dos braços e da cabeça, como: o kimono japonês, delagem que objetivam reduzir ou eliminar o desper-
o chiton romano e o saree indiano. Isso se deu até iní- dício de tecido decorrente do encaixe e corte” (PERES;
cio da Revolução Industrial, período em que o tecido MARTINS, 2012, p. 3 apud PEREZ, 2013).
se tornou barato e fácil de ser descartado; com isso, o As técnicas envolvem o uso de toda a extensão
vestuário zero waste só voltou a ser utilizado no século do tecido, em que os moldes não precisam ser to-
XX com Ernesto Thayaht, e na década de 50 com Clai- talmente cortados ou encaixados, incorporando os
re McCardell e Bernardo Rudofsky. Posteriormente, excessos que seriam removidos do design da peça,
na década de 70, essa técnica veio a emergir com Zan- mas este processo nem sempre é utilizado devido
dra Rhodes e Yeohlee Teng, na década de 80 (RISSA- ao grau de dificuldade apontado pelos profissionais
NEN; McQUILLAN, 2013 apud PEREZ, 2013). responsáveis pela fabricação da peça final.
Além disso, o design zero waste visa a redução
SAIBA MAIS de resíduos por meio de ações preventivas, uma vez
que o desenvolvimento de novos produtos requer o
uso de uma produção mais limpa e, sobretudo, uma
O “movimento zero waste” se expandiu de for-
ma espontânea e surgiu simultaneamente em nova capacidade de design. Portando, o design zero
diversos lugares. Alguns expoentes hoje são: waste tem, como a sua principal modificação, o pro-
David Andersen, na Dinamarca; representan- cesso de design, que acontece por meio de decisões
do a Inglaterra, Julian Roberts e David Telfer;
na Nova Zelândia, Holly McQuillan, Jennifer tomadas em conjunto pelo designer e pela modelista
Whitty e Julia Lumsden; atuando nos Estados para eliminar o máximo possível de desperdício de
Unidos, os designers Timo Rissanen, Mark Liu, tecido; ou seja, o desperdício passa a ser pensado an-
Carla Fernández e Sam Formo.
tes mesmo de a roupa ser projetada, minimizando-o
Fonte: McQuillan (2013 apud PEREZ, 2013). nas fases de design e modelagem.
De acordo com Fletcher e Grose (2011), embo-
ra utilize ferramentas bastante familiares aos profis-
Pouco conhecido no Brasil, o design zero waste pode sionais de moda (modelagem, corte e costura), estes
ser encontrado em algumas indústrias de moda que contestam os parâmetros preestabelecidos de corte
apresentam viés mais sustentável em sua produção, e modelagem do design zero waste, pois o processo
em que há grande necessidade em reduzir desper- exige que eles abandonem os conceitos anteriormente
dícios para contribuir com a redução de custos da realizados a fim de avançar em um novo território, re-
empresa e, principalmente, o desenvolvimento de alizando uma técnica até então desconhecida por eles.

201
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO

No entanto, Rissanen e McQuillan (2011 apud Contudo, esta técnica permite que o formato
PEREZ, 2013) reforçam que é difícil ter uma estética dos moldes, durante seu desenvolvimento, busque o
agradável no processo zero waste; com isso, as pe- melhor encaixe possível, o que, de certa forma, exi-
ças acabam sendo desenvolvidas com aspectos não ge do(a) designer novos pensamento e olhar sobre
muito agradáveis aos olhos e que, consequentemen- a criação e a modelagem de uma peça do vestuário,
te, interferem na beleza do produto final. tornando-se um(a) facilitador(a) da forma com que
No contexto contemporâneo, a estética dos pro- os moldes são desenvolvidos, pela integração a rou-
dutos zero waste tem se aprimorado por ainda estar pas do tecido que seria desperdiçado.
em desenvolvimento; com isso, é necessário algum Dentre as técnicas existentes, pode-se afirmar
tempo para que os profissionais envolvidos no pro- que cada designer acaba por utilizar técnicas dis-
cesso aprimorem novas técnicas até que atinjam tintas conforme suas habilidades ou necessidades
uma estética agradável ao produto final. e, na maioria das vezes, acabam por desenvolver os
próprios métodos. Portanto, é necessário que você,
MÉTODOS E TÉCNICAS EXISTENTES caro(a) aluno(a), entenda o design zero waste como
um processo livre, e não uma técnica ou método pa-
Dentre as técnicas de modelagem existentes, o de- drão de criação e modelagem que deve ser seguido
sign zero waste pode ser considerado uma das ver- rigorosamente. A seguir, veremos algumas das téc-
tentes da modelagem convencional de desenvolvi- nicas zero waste utilizadas atualmente, resultado de
mento de novos produtos, que consistem em design, pesquisas de Perez (2013), que comprovam que não
modelagem, encaixe, corte e prototipação/costura e existe apenas um método ou uma técnica para o de-
que acontecem por etapas, realizadas separadamen- sign e a modelagem de uma peça de roupa.
te. No processo de design zero waste, todas essas • Jigsaw Cut: criada por Mark Liu, caracteriza-
etapas acontecem simultaneamente e de forma in- -se por moldes de formato rebuscado corta-
terdisciplinar no desenvolvimento do produto. dos a laser.
Outra característica que configura a técnica de • Minimal Seam Construction: desenvolvida
design zero waste, conforme Roberts (2011 apud por David Telfer, reduz ao máximo o núme-
ro de moldes necessários para a construção de
PEREZ, 2013), é a criação de um produto realizado
uma peça, minimizando custos e consumo de
por meio da modelagem, e não por desenhos ilustra- energia na produção pela redução de costuras.
tivos, conforme é feito no método convencional, em • Subtraction Cutting: criada por Julian Roberts,
que os desenhos são interpretados por um(a) mode- utiliza um tubo de tecido e explora espaços
lista depois de serem criados pelo(a) designer. Desta negativos. Os moldes são desenhados direta-
forma, no método zero waste, o(a) designer e o(a) mente sobre o tecido e não representam a for-
ma exterior, mas os espaços negativos dentro
modelista acabam trabalhando em conjunto por se
da roupa, que apresenta orifícios de forma in-
tratar da projeção de moldes, ao invés da criação de comum por onde o corpo passa, criando uma
apenas um desenho que, posteriormente, seria pro- espiral (como pode ser observado na imagem
jetado. a seguir) e permitindo diversas formas de uso.

202
DESIGN

12

13 14

Figura 12 - Processo Jigsaw Cut SAIBA MAIS


Fonte: Luciana Duarte (2011, on-line)17.
Figura 13 - Processo Minimal Seam Construction
Fonte: Telfer (2010, on-line)18.
Embora seja considerado um método de design
Figura 14 - Subtraction Cutting zero waste, é importante ressaltar que, no Sub-
Fonte: Amberdebbage (2013, on-line)19.
traction Cutting, apesar de o desperdício ser mí-
nimo, o consumo de tecido pode ser excessivo.

Fonte: Perez (2013).

203
TECNOLOGIA DA CONFECÇÃO
ONLINE

ONLINE

• Square-cut Pattern: essa técnica é realizada


apenas com formas geométricas, como elip-
ses, quadrados, retângulos, triângulos, entre
outras formas. Processo de criação adotado
por Carla Fernández e David Andersen.
• Free Flow Method: esse processo faz o uso
do tecido que, geralmente, é descartado nos
processos convencionais, para atribuir nova
combinação na modelagem e design do
produto, desenvolvendo peças que podem
ser adaptadas para crescer com o usuário;
método desenvolvido por Jennifer Whitty.
• Jigsaw Puzzle: processo que se assemelha à
zERO wAStE
modelagem plana convencional, em que os —
moldes são encaixados como um quebra-cabe- Design from Scandinavia is famous for being
innovative and clear. And that's also true for
ça, e que a sobra ou o excesso de tecido é apli- David Andersen's work, the well-known Danish
designer of cool and edgy fashion clothes and
cada à peça para atribuir estilo ao seu design extravagant couture dresses. One of his projects
is called ›Zero-Waste‹.

ou acabamento. Técnica adotada por Holly


McQuillan, Timo Rissanen e Sam Formo.
ZERO wAStE PAttERN fOR SwEAtER

Além dessas técnicas apresentadas, podemos desta- Figura 15 - Square-cut Pattern


Fonte: Superior Magazine (2012, on-line, p. 20)20.
car o uso de softwares CAD mesmo sendo comu-
mente usados na indústria de confecção; a eficácia zERO wAStE
-20-
Bolso

Bolso
dos softwares no desenvolvimento da técnica zero
waste é limitada, pois CF —
Meio
costas
Cós Frente
superior
CF

Parte
Design from Scandinavia is famous for being
do
não são capazes de se adaptar a conceitos com-innovative and clear. And that's also truefundo for
pletamente novos para confeccionar roupas e,David Andersen's work, the well-known Danish
Unir

Unir
portanto, podem frear o surgimento de ino-designer of cool and edgy fashion clothes and
vações relacionadas à redução de resíduos e àextravagant couture
Parte dresses. One of Top
hisfront
projects Parte

nova estética que estas podem revelar (FLET- is called ›Zero-Waste‹.


superior
traseira
superior
traseira

CHER; GROSE, 2011, p. 48). A


Frente
inferior
A
Acabamento dos botões

Desta forma, o design zero waste possui vantagem Voltado


Meio da
frente
Meio da
frente ZERO wAStE PAttERN fOR SwEAtER
para
em relação aos softwares de CAD, devido à lógica o centro Frente
Bolso frente inferior Bolso
acrescentada ao design de produtos do vestuário e B A
Unir
ao setor de moda como um todo, questionando a Punho A A Bolso bearers

forma de como esse design é concebido, proporcio- Punho


Colarinho
direito
Colarinho
esquerdo
Voltado para o
centro frente
Unir
nando um novo pensamento para a indústria e para-20-
Figura 16 - Método de modelagem Free Flow Method
o design. aplicado à construção de um vestido com bolsos
Fonte: Fashion Incubator (2011, on-line)21.

204
DESIGN

Largura do tecido 172cm

Comprimento 72cm
A D E
F Pé
Perna Perna superior
C direita direita Ponto esquerdo
B superior
F
direito
C Aplique
traseiro/
I esquerdo K

Ourela
Cós Punho Punho G H G G
J
G

A: Aplique de pé superior esquerdo


B: Aplique do pé inferior direito
C: Bolso centro frente
D: Aplique traseiro/direito
E: Aplique inferior de pé esquerdo
F: Forro de bolso
G: Bolso lateral
H: Aplique do pé inferior direito
I: Aplique de punho direito
J: Aplique da parte esquerda
K: Aplique do pé inferior esquerdo

Figura 17 - Legging criada por Timo Rissanen, com a técnica Jigsaw Puzzle
Fonte: Perez (2013, p. 6)

205
considerações finais

C
aro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade e também deste
material. Vimos que toda empresa precisa compreender os avanços tec-
nológicos que ocorrem ao nosso redor para conseguir manter no mer-
cado um produto útil e competitivo. Conhecer e analisar esse cenário
tecnológico é fundamental para a indústria têxtil e de confecção. A evolução dos
maquinários e a criação de softwares para aumentar a produtividade, garantir a
eficiência e proporcionar um aumento na produtividade são fatores marcantes
para a indústria do vestuário.
Embora a tecnologia traga muitos benefícios à indústria do vestuário, você
observou que é necessário ter um profissional da área de moda para acompanhar
todo o processo tecnológico, acrescentado a produção de produtos. Além disso,
vimos que existem outros sistemas de fabricação que podem ser uma alternativa
para que a indústria trabalhe em um viés mais sustentável, algo que já vem se tor-
nando realidade em algumas empresas, e também em outras que estão surgindo
no mercado.
Diante de todo este conhecimento que foi adquirido ao longo das unidades,
deixo um convite a você: qualifique-se constantemente para acompanhar o mer-
cado da moda, pois você, como futuro(a) designer de moda, poderá se tornar
um(a) profissional preparado(a) para o mercado de trabalho e atuar rumo à ex-
celência profissional.
Sabemos que há tanto a aprender e não podemos nos esquecer que o mundo
está em mudança constantemente, por isso, devemos acompanhar essas mudan-
ças por meio de um olhar crítico e inovador. Não deixe de estar atento(a) a essas
transformações, busque conhecer os diversos maquinários e materiais (tecidos) e
tecnologias disponíveis no mercado, pois esses mecanismos irão auxiliar durante
todo o processo de criação.
Espero que essa unidade tenha contribuído para a sua formação e para a sua
vida profissional. Compartilhe conhecimento, adquira experiências de outros
profissionais da área e lembre-se: esforço e dedicação são ferramentas essenciais
para alcançar o sucesso.

206
atividades de estudo

1. A produção exacerbada dos produtos do vestuário tem acarretado uma sé-


rie de problemas e dificuldades no setor têxtil e de confecções, envolvendo
diversos fatores que influenciam diretamente na qualidade dos produtos
oferecidos por empresas que produzem freneticamente para acompanhar as
tendências do mercado.
Considerando os aspectos que envolvem as dificuldades enfrentadas pelo se-
tor têxtil diante do consumo exacerbado, analise as afirmações a seguir.
I. Os avanços tecnológicos disponíveis no setor têxtil têm contribuído com a pro-
dução rápida, possibilitando às empresas a fabricação de produtos de modo
cada vez mais rápido.
II. Um dos reflexos da confecção de produtos em larga escala é a mão-de-obra
barata que contribui diretamente com o trabalho escravo, principalmente nas
grandes metrópoles.
III. Reflexo da produção rápida e barata, a falta de identidade nos produtos
oriundos da indústria da cópia tem contribuído para que os produtos oferta-
dos no mercado fiquem cada vez mais parecidos.

É correto o que se afirma em:


a. I, apenas.
b. III, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I e III, apenas.
e. I, II e III.

2. Com os avanços decorrentes da Indústria 4.0, a indústria de confecção passa-


rá a utilizar inteligência artificial nas máquinas para que elas possam tomar
decisões que reflitam no aumento da produtividade das fábricas, sem que
haja operação humana. Uma vez que, com as novas tecnologias, os processos
de produção irão se tornar autônomos, customizáveis e eficientes.
Considerando que a Indústria 4.0 se baseia em sistemas físicos e virtuais que
se comunicam, se articulam e se relacionam de forma eficiente, leia as afirma-
ções a seguir:
I. A Quarta Revolução Industrial trará transformações positivas para o mercado
de bens de consumo, devido à gama de novas possibilidades de criação de
produtos e serviços.
II. Com os avanços tecnológicos da indústria do vestuário, houve a expansão de
novos mercados, possibilitando que novos produtos fossem incluídos, como
tecidos antimicrobianos, antifúngicos, antirraios solares, repelentes à chama
e a manchas.

207
atividades de estudo

III. Atualmente, as indústrias do vestuário já presenciam o uso de inteligência


artificial em seu processo produtivo, um exemplo é o uso de softwares que
fazem a modelagem em 3D e já testam o produto em um manequim virtual,
possibilitando a diminuição de erros no momento de executar a peça-piloto.

É correto o que se afirma em:


a. I, apenas.
b. III, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I e III, apenas.
e. I, II e III.

3. Em nossos estudos, vimos que o fast fashion começou a se expandir a partir


de 1980, com o objetivo de potencializar a competitividade e a rotatividade
dentro da cadeia produtiva do vestuário e de proporcionar ao consumidor a
sensação de produzir a sua própria moda.
Atualmente, o fast fashion tem sido o centro de muitas discussões acerca da
sustentabilidade; desta forma, descreva quais são os fatores que configuram
o fast fashion como um dos principais fatores a serem combatidos com o novo
perfil de consumo em prol da sustentabilidade.
4. O slow fashion é considerado um sistema produtivo da moda que se vê cada
vez mais presente no perfil de consumo do século XXI. Assim como as tendên-
cias de moda, que podem ser passageiras ou atemporais, o slow fashion é re-
sultado de um modelo de sistema sustentável cujo objetivo é reduzir os danos
causados pelo homem, a fim de tentar transformar a nova forma de consumir,
seja na moda ou em outras cadeias produtivas.
Acerca dos conceitos do perfil de consumo slow fashion, descreva como é con-
figurado o tipo de produção do sistema slow fashion.
5. Atualmente, algumas marcas da alta costura têm apostado nas tecnologias
disponíveis no mercado quando o assunto é impressão 3D, modelo de fabri-
cação em que os produtos são projetados a partir de um software digital e,
posteriormente, impressos por uma máquina.
Acerca da elaboração de produtos de moda feitos em impressora 3D, analise
as afirmações a seguir.

208
atividades de estudo

I. Iris Van Herpen, sem dúvidas, é uma das estilistas mais lembradas quando o
assunto é o uso da tecnologia de impressão 3D em produtos de moda.
II. Mesmo tendo aparições em momentos distintos no mundo da moda, a im-
pressão 3D se vê presente na indústria calçadista e também na de acessórios,
na qual tem tornado-se referência por meio de uma marca brasileira do ramo.
III. Atualmente, com uma gama de materiais e métodos de impressão 3D existen-
tes, torna-se possível acrescentar características aos produtos, como o uso de
texturas e flexibilidade aos produtos, principalmente no vestuário.

É correto o que se afirma em:


a. I, apenas.
b. III, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I e III, apenas.
e. I, II e III.

209
LEITURA
COMPLEMENTAR

UMA ABORDAGEM AO CONFORTO NOS


PRODUTOS VESTÍVEIS IMPRESSOS EM 3D

A impressão 3D é uma importante tecnologia que tem setor alimentar, mas hoje já aplicadas ao setor têxtil. O
ganhado espaço em diversas áreas, inclusive na moda. conforto deve proporcionar ao usuário a liberdade de
Em decorrência da popularização deste meio de produ- movimentos, podendo ser conseguido com a adequação
ção, diversos materiais já foram e outros estão sendo da matéria-prima ao estilo do modelo, com a técnica de
desenvolvidos para uso como matéria-prima de impres- modelagem aplicada segundo critérios ergonômicos e
são, da mesma forma que as técnicas e as próprias im- medidas antropométrica corretas.
pressoras têm sido aprimoradas, o que permite que a Ao tratar da matéria-prima, nos referimos diretamente
impressão 3D se apresente com um grande potencial de aos materiais têxteis: aos tecidos, às malhas etc. Sobre o
inovação para a indústria da moda. Abrangendo desde a conforto apercebido acerca dos materiais, Broega (2010)
obtenção de matérias-primas, passando pela produção afirma que, em grande parte, este depende das proprie-
e chegando até as formas de distribuição e venda dos dades sensoriais de toque e termofisiológicas dos teci-
produtos, afetando toda a cadeia da moda, com muitos dos, pelo que muitas são as propriedades físicas, térmi-
aspectos a serem vistos, discutidos e modificados. cas e mecânicas que devem ser levadas em consideração
Quando nos referimos ao vestuário, uma das questões na concepção do vestuário. Desta forma, o conforto no
mais importantes que se impõe diz respeito ao conforto, vestuário é obtido por meio de uma série de fatores, co-
fator primordial a ser levado em consideração. A percep- meçando pelos aspectos objetivos na seleção de maté-
ção do conforto nas criações que envolvem a impressão rias-primas, passando pelos fatores ergonômicos e de
3D pode ser uma barreira ou um impulsionador à po- usabilidade no desenvolvimento do projeto do vestuá-
pularização desta tecnologia, cabendo fazer estudos e rio, chegando aos fatores subjetivos ligados a questões
experimentações na área. sociais, culturais e à estética.
No projeto do vestuário, quando visto sob o aspecto Na percepção do conforto nos produtos 3D Yap e Yeong
subjetivo, o conforto pode ser considerado como difícil (2014), afirmam que, comercialmente, os materiais de
de medir, geralmente é relacionado com o bem-estar do impressão 3D ainda necessitam de bastante desenvol-
homem e comparado com a comodidade, devendo ser vimento para se obter uma melhoria no conforto e na
o objetivo principal ao se projetar um produto de vestu- flexibilidade dos tecidos, a fim de produzir roupas verda-
ário. Apesar do caráter subjetivo que o conforto possui, deiramente vestíveis para o uso diário. Apesar da melho-
é possível realizar uma avaliação objetiva dos seus parâ- ra nos últimos anos, atualmente, os materiais de impres-
metros para se atingir o conforto pretendido, tratando são 3D são caros e limitados o que impede que muitos
de técnicas de análise subjetivas, que se iniciaram no designers entrem neste novo campo.

210
LEITURA
COMPLEMENTAR

Novas impressoras 3D e novos materiais estão sendo tamente a configuração no material têxtil até então co-
desenvolvidos. Empresas como a TamiCare, que atua no nhecida. A mudança do tear para a impressora traz uma
setor de inovação têxtil, estão trabalhando, nos últimos nova organização que implica a busca de novas soluções,
anos, no desenvolvimento de tecnologias de impressão diferentemente da tecelagem dos fios na trama e no ur-
3D têxtil, a fim de produzir tecidos sob medida, utilizan- dume. Outras alternativas têm sido trabalhadas pelos
do polímeros líquidos, como látex natural, o silicone, o designers, que se preocupam em mostrar a leveza e a
poliuretano e o Teflon, e também fibras têxteis, a viscose maleabilidade do produto ao possível usuário. Como a
e a poliamida, de forma que teremos estes materiais ou maioria dos produtos possuem a venda online, quer seja
similares disponíveis em breve. do próprio produto quer seja dos programas (ficheiros)
Schimid (2005) diz que um produto de Design deve valo- de criação dos modelos, é importante que a percepção
rizar não apenas o sentido da visão, mesmo este sendo visual das características desejáveis na peça fique evi-
o que melhor aprecia a estética e a harmonia, mas deve denciada já no primeiro contato visual do usuário.
contemplar cada vez mais o conforto total do seu utiliza- Considerações finais
dor. Sendo a visualização o primeiro contato do usuário A impressão 3D já é uma realidade como meio de pro-
do produto com a peça do vestuário uma vez que o apelo dução e tem sido discutida com entusiasmo por desig-
estético do produto percepcionado pela visão é o primei- ners e pesquisadores da área. Discussões estas que são
ro a despertar o interesse no produto, mas depois vem importantes para que soluções sejam pensadas no uso
a parte do toque e o manipular (experimentar) o artigo da tecnologia, agregando qualidade estética e funcional
que depois leva à compra do produto. aos produtos por ela gerados. Diferentemente das pe-
Num modelo virtual fica deficitário a percepção senso- ças rígidas, que no início se observa nas passarelas onde
rial do toque, que só pode ser compensada pelo aspec- era percebido o potencial inovador da tecnologia, porém
to (aparência) do conforto dos materiais utilizados no não se podia perceber o conforto ou a usabilidade des-
produto, que o ideal é que fossem primeiros testados e ta; hoje, passamos a observar soluções mais trabalhadas
experimentados, garantido a qualidade do produto final que apresentam características que permitem perceber
e que essa qualidade ou experiência pudesse ser, de al- um maior conforto já na análise visual destes produtos
guma forma, transmitida ao potencial cliente. tornando-os mais atrativos e desejáveis, inclusive para o
Segundo Schimid (2005), a tecnologia 3D muda comple- uso no dia a dia.

Fonte: adaptada de Silva, Broega e Menezes (2017).

211
material complementar

Indicação para Ler

A Revolução do Fast-Fashion - Estratégias e modelos organizativos


para competir nas indústrias híbridas
Enrico Cietta
Editora: Estação das Letras e Cores
Sinopse: o tema, inédito em publicações no Brasil, analisa a transformação do
modo de consumo do produto moda na Europa nos últimos dez anos. De acordo
com Cietta, o modelo fast-fashion não é como normalmente se acredita, como um
modo para vender produtos de baixo valor agregado e com pouca criatividade.
Trata-se, na verdade, de um exemplo que revoluciona a tradicional maneira de
apresentar as coleções sazonais, com um ciclo contínuo e criativo.

Indicação para Ler

Moda ética para um futuro sustentável


Elena Salcedo
Editora: GGmoda
Sinopse: o valendo-se de uma profunda análise dos impactos da moda convencional
como ponto de partida, esse livro explora os desafios de uma moda mais sustentá-
vel e convida o leitor a viajar ao redor do mundo para conhecer iniciativas inspirado-
ras que podem ajudar a explicar essa mudança de paradigma tão necessária. Elena
Salcedo usa o ciclo de vida do produto como fio condutor ao longo de todo o livro
para apresentar uma introdução rigorosa e acessível à questão da sustentabilidade
na indústria da moda. Além disso, a autora oferece uma revisão ampla e prática das
distintas opções disponíveis no que se refere a materiais, processos de manufatura,
sistemas de logística, distribuição e gestão do fim de vida útil do produto para aque-
les que querem apostar na sustentabilidade dentro do sistema da moda.

212
material complementar

Indicação para Ler

Cradle To Cradle - Criar e Reciclar Ilimitadamente


Michael Braungart e William McDonough
Editora: GGmoda
Sinopse: “Cradle to Cradle”. Criar e reciclar ilimitadamente oferece essa aborda-
gem com uma nova e empolgante visão, tão simples quanto inovadora. Com ar-
gumentos claros, acessíveis e, até mesmo, bem-humorados. O célebre químico
Michael Braungart e o inspirador arquiteto William McDonough desafiam a noção
de que a indústria humana deve prejudicar o mundo. Ao contrário, eles olham
para a natureza e encontram um sistema de produção do qual poderíamos tirar
vantagens comerciais e ambientais. As teorias deste livro modelam nosso futuro,
e esta edição atualizada é de leitura fundamental: um manifesto corajoso, prático
e extremamente positivo para o próspero futuro de nosso planeta.

Indicação para Ler

A Quarta Revolução Industrial do Setor Têxtil e de Confecção: A Vi-


são de Futuro para 2030
Flávio da Silveira Bruno
Editora: Estação das Letras e Cores
Sinopse: nesse livro, você verá sobre o emprego de novos materiais, processos,
canais comerciais, técnicas de gestão e a hibridização de produtos e serviços que,
possivelmente, transformarão a estrutura industrial do setor. Inéditas tecnologias
de produção e interfaces entre consumidores e sistemas de produção deverão
estimular o desenvolvimento de novos modelos de negócio. A multiplicidade de
produtos com tecnologias vestíveis e o emprego de biotecnologias e de moder-
nos materiais poderá ampliar a demanda por têxteis inteligentes e funcionais,
aumentando exponencialmente a diversidade e a intensidade tecnológica de fios,
tecidos, aviamentos e produtos auxiliares exigidos para atender às novas neces-
sidades de consumo. Os efeitos a montante da disseminação de fábricas com
princípios da Indústria 4.0 serão capazes de impulsionar a demanda qualitativa
pelo desenvolvimento científico e tecnológico no setor.

213
material complementar

Indicação para Acessar

Vimos que o slow fashion é baseado na produção desacelerada, com respeito ao tempo de confecção e às
condições de trabalho de quem está envolvido. E muitas marcas que são “slow” acabam utilizando noções de
sustentabilidade e, por geralmente serem pequenas, estão mais próximas do seu consumidor final!
Pensando que existem diversas marcas que trabalham com este sistema, listamos alguns links que contem-
plam as marcas mais conhecidas que atuam no mercado slow fashion.

Web:<https://www.lilianpacce.com.br/moda/fashionteca/6-marcas-de-slow-fashion-que-voce-precisa-conhecer/>.
Web:<http://woomagazine.com.br/guia-consciente-10-marcas-brasileiras-de-slow-fashion/>.

Indicação para Acessar

Falando de tecnologia presente nos desfiles de alta costura – o vídeo a seguir fala da análise da Vogue Tech
do desfile da Chanel na Paris Fashion Week no inverno 2017, que traz relações entre tecnologia e espaço e o
desfile de verão 2017 intitulado de Chanel Data Center.
Web: <https://vimeo.com/208937701>.

Além de fazer outros apontamentos do uso de tecnologia na alta costura, como no recente desfile da Gucci
inverno 2019, Alessandro Michele apresenta um viés tecnológico por trás de toda a magia que envolve um
conceito pós-humano. Vale a pena acompanhar a Vogue Tech.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=We7jxUzbhOY>.

214
material complementar

Indicação para Acessar

O documentário The True Cost aborda a triste realidade do consumo frenético do fast fashion por trás do
“glamour” da moda. Mostrando como é a vida das mulheres que trabalham reféns da moda, com trabalho de
forma escrava, todas vivendo em condições precárias com salários baixos. Com isso, o documentário busca
enfatizar que somos responsáveis por cada peça que consumimos até que façamos o seu descarte. O docu-
mentário está disponível para assistir on-line e completo em plataformas de filmes para assinantes, ou você
pode acessar pelos links a seguir (parte 1 e parte 2, respectivamente):

Web: <https://www.dailymotion.com/video/x3aztjb>.
Web: <https://www.dailymotion.com/video/x3aztjc>.

Indicação para Acessar

Assista ao processo minucioso da estilista holandesa Iris Van Herpen na criação de um vestido feito unicamen-
te de silicone líquido e cristais Swarovski, e uma segunda peça inteiramente manipulada que imita um fóssil
de caracol.
Web: <https://vimeo.com/173640718>.

215
referências

ABREU, A. C.; MENEZES, M. S. Impressão 3D: considerações sobre o futuro impacto na área da moda.
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SAO_3D_%20CONSIDERACOES.pdf>. Acesso em: 01 out. 2018.
ALMEIDA, R. C. S.; DAMASCENO, A. C. B. D.; MACEDO, A. A. Slow fashion x fast fashion como estra-
tégias de venda - estudo de caso: rvinte. In: COLÓQUIO DE MODA, 12. 2016, João Pessoa. Anais... João
Pessoa, 2016. Disponível em: <http://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20moda%20-%20
2016/COMUNICACAO-ORAL/CO-05-Marketing/CO-05-SLOW-FASHION-X-FAST-FASHION-COMO-
ESTRATEGIAS-DE-VENDA-Estudo-de-caso-Rvinte.pdf>. Acesso em: 01 out. 2018.
BRUNO, F. S. A quarta revolução industrial do setor têxtil e de confecção: a visão de futuro para 2030. 2. ed.
São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2017.
CIETTA, E. A Revolução do Fast-Fashion: estratégias e modelos organizacionais para competir nas indús-
trias híbridas. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2010.
______. A Revolução do Fast-Fashion: estratégias e modelos organizacionais para competir nas indústrias
híbridas. 2. ed. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2012.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. O setor têxtil e de confecção e os desafios da sustentabi-
lidade. Brasília: CNI, 2017. Disponível em: <https://bucket-gw-cni-static-cms-si.s3.amazonaws.com/media/
filer_public/bb/6f/bb6fdd8d-8201-41ca-981d-deef4f58461f/abit.pdf>. Acesso em: 02 out. 2018.
FLETCHER, K.; GROSE, L. Moda & sustentabilidade – Design para mudança. São Paulo: Senac, 2011.
MILHEIRO, J. CENFIM. Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica. Im-
pressão 3D – o futuro. Fundão: Fab Lab Aldeias do Xisto, 2016. Boletim [em negrito]. 2 p. Disponível em:
<http://www.cenfim.pt/boletins/2016/57/impressao-3d-o-futuro.pdf>. Acesso em: 01 out. 2018.
PEREZ, I. U. Nova abordagem para a prática do design de moda: processo zero waste. In: COLÓQUIO DE
MODA, 9. 2013, Fortaleza. Anais… Fortaleza, 2013.
SABRÁ, F. G. C. Os agentes sociais envolvidos no processo criativo no desenvolvimento de produtos da
cadeia têxtil. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2016.
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e Têxtil. Inova moda: tecnologia: utopias: inverno 2018. Rio de Janeiro: SENAI CETIQT, 2017.
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<http://www.coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202017/COM_ORAL/co_6/
co_6_UMA_ABORDAGEM_AO_CONFORTO.pdf>. Acesso em: 02 out. 2018.
SILVA, S.; BUSARELLO, R. Fast fashion e slow fashion, o processo criativo na contemporaneidade. In: CO-
LÓQUIO DE MODA,  13. 2017. Bauru.  Anais... Bauru: Unesp, 2017. Disponível em: <http://www.usp.br/
estetica/index.php/estetica/article/viewFile/48/38>. Acesso em: 01 out. 2018.

216
referências

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mer_2012_(65).jpg>. Acesso em: 01 out. 2018.
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Em: <http://forbes.uol.com.br/negocios/2017/12/impressao-3d-invade-a-moda-de-luxo/>. Acesso em: 01
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Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Iris_Van_Herpen.jpg>. Acesso em: 01 out. 2018.
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Em: <http://www.irisvanherpen.com/DOCS/IVH-Escapism.pdf>. Acesso em: 01 out. 2018.
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Em: <https://elle.abril.com.br/moda/chanel-e-versace-ja-estao-utilizando-impressoras-3d-em-suas-criaco-
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Em: <https://revistaglamour.globo.com/Moda/Fashion-news/noticia/2018/02/4-vezes-que-looks-feitos-
-com-impressora-3d-nos-deixaram-babando.html>. Acesso em: 01 out. 2018.
9
Em: <https://vogue.globo.com/moda/moda-news/noticia/2017/08/primeira-roupa-impressa-em-3d-esta-
-venda-em-escala-mundial.html>. Acesso em: 01 out. 2018.
10
Em: <http://www.noiga.com.br/quem-somos>. Acesso em: 01 out. 2018.
11
Em: <http://www.ludmilamaltez.com/2016/07/fast-fashion-x-slow-fashion_4.html >. Acesso em: 13 ago.
2018.
12
Em: <http://vivaomundo.com.br/as-10-fast-fashions-mais-famosas-ao-redor-do-mundo/>. Acesso em: 01
out. 2018.
13
Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:HK_Central_IFC_Mall_ZARA_department_store_visitors_
May-2012.JPG>. Acesso em: 01 out. 2018.
14
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em: 01 out. 2018.
15
Em: <https://www.insectashoes.com/?gclid=Cj0KCQjwi8fdBRCVARIsAEkDvnJyvocfQ4EX-D2B8H1ry-_
rVnWKj1aUm6bINezzz5Tj5LsQtRjA8wEaAntxEALw_wcB>. Acesso em: 01 out. 2018.
16
Em: <http://woomagazine.com.br/guia-consciente-10-marcas-brasileiras-de-slow-fashion/>. Acesso em: 01
out. 2018.
17
Em: <https://lucianaduarte.files.wordpress.com/2011/09/mark_liu.jpg>. Acesso em: 01 out. 2018.
18
Em: <http://www.textiletoolbox.com/research-writing/design-minimise-waste/>. 02 out. 2018.
19
Em: <https://amberdebbage.wordpress.com/2013/11/05/subtraction-cutting/>. 02 out. 2018.
20
Em: <https://issuu.com/superiormagazine/docs/superior-online-july-2012>. 02 out. 2018.
21
Em: <https://fashion-incubator.com/review-of-the-yield-exhibition-zero-waste/>. 02 out. 2018.

217
gabarito

1. E.
2. E.
3. Consumo exacerbado de produtos com rápido descarte, empresas que tra-
balham com mão-de-obra escrava, produtos vendidos a baixo custo sem va-
lorização do mercado têxtil. Poluição gerada a partir da fabricação de novos
produtos, como: poluição dos rios, incineração de resíduos têxteis, planta-
ções de matéria-prima clandestinas ou com o uso de agrotóxicos que preju-
dicam o solo, dentre outros fatores.
4. O perfil de produção do slow fashion é desacelerado, pois o processo pro-
dutivo respeita o tempo de confecção do produto gasto e as condições de
trabalho de quem está envolvido. É um sistema que carrega o uso de técnicas
manuais na confecção dos produtos, independentemente da área de atua-
ção, fazendo o uso de materiais e tecidos duráveis e com apelo sustentável,
principalmente com a produção em baixa escala, a fim de melhorar a quali-
dade de trabalho de quem produz por meio da humanização dos processos,
é necessária atenção redobrada por se tratar de um trabalho manual.
5. E.

218
DESIGN

conclusão geral

Caro(a) aluno(a), esperamos que a leitura deste livro tenha sido prazerosa para você durante
seu desempenho acadêmico e profissional.
Lembre-se que o profissional de moda precisa adquirir conhecimentos em diversas áreas
da indústria do vestuário, inclusive de aspectos técnicos de costura.
Dentre os conhecimentos adquiridos, tivemos a oportunidade de aprender as caracterís-
ticas e estruturas das principais máquinas de costura (reta, overloque e galoneira), bem como
os tipos de costuras e agulhas relacionadas a cada maquinário. Entender os aspectos técnicos
de cada ponto de costura e agulhas pode parecer irrelevante para um designer de moda, po-
rém o processo de criação está diretamente relacionado à costura.
Os conceitos relacionados às técnicas de montagens (sequência operacional), como a
estrutura de uma ficha técnica, os acabamentos de uma peça e etiquetagem, irão auxiliá-lo
durante todo o processo de construção de uma peça de roupa. Além de conhecer o setor de
corte, os maquinários e técnicas utilizadas, bem como o processo de desenvolvimento de
produto conhecido como zero waste, que tem contribuído com a diferenciação de algumas
empresas no mercado, dentre outros aspectos ao longo das unidades.
O mercado de trabalho está exigente e competitivo e precisamos estar preparados para
ele. Saiba que o sucesso profissional está vinculado à busca constante do conhecimento, dessa
forma, será necessário aprofundar seus estudos, o que o(a) levará a um universo ainda não
explorado.
Desejamos que seja capaz de compreender os conteúdos aqui expostos e que, assim, pos-
sa colocá-los em prática. Parabenizamos você e seus familiares pelo apoio em concluir o
estudo deste material destinado ao curso de Design de Moda, e que sua transformação aca-
dêmica possa estabelecer uma relação de sucesso entre as suas vidas pessoal e profissional.
Parabéns e sucesso!

219

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