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BUJARU
2022
EDNEY FERREIRA DE AVIZ
RAYANE OLIVEIRA BARROS
RHANA RODRIGUES NASCIMENTO
MÁRCIA DE SOUSA GONÇALVES
BUJARU
2022
TEORIA DA REPRODUÇÃO CULTURAL1
1
Parte da obra A Reprodução escrita pelos autores Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron.
2
Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade da Amazônia – UNAMA, Graduando do curso de
Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Pará - UFPA.
3
Graduanda do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Pará – UFPA.
4
Graduanda do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Pará – UFPA.
5
Graduanda do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Pará – UFPA.
Para Bourdieu (1997):
Considera como violência simbólica toda coerção que só se institui por intermédio
da adesão que o dominado acorda ao dominante (portanto à dominação) quando,
para pensar e se pensar ou para pensar sua relação com ele, dispõe apenas de
instrumentos de conhecimento que têm em comum com o dominante e que faz com
que essa relação pareça natural. (BOURDIEU 1997, p. 204)
Diante disso, a bagagem cultural que esse indivíduo traz de seu ambiente familiar para
a escola, terá fator decisivo como importante instrumento que consolidará essa desigualdade
em virtude do não acompanhamento adequado das informações repassadas na instituição
escolar, isto é, pelo fato de o discurso da escola tornar-se alheio à realidade desses educandos.
Para Bourdieu, cabe a família, conforme sua condição social, realizar os investimentos
na educação que transmitem para a criança um determinado quantum de capital cultural
durante seu processo de socialização, que inclui saberes, valores, práticas, expectativas quanto
ao futuro profissional. O autor relata também que o grau de investimento na carreira escolar
está vinculado ao retorno provável que se pode obter com o título escolar, ou seja, quem
assimilar e dominar melhor o aprendizado tem mais chances no mercado de trabalho, e
também nos diferentes mercados simbólicos, como o matrimonial.
Destacam ainda, que as sociedades estão divididas em hierarquias de classes e isso
constitui a violência simbólica pela imposição da manutenção perpétua dessa hierarquia, e
justamente aí que o papel da escola toma fator decisivo nesse processo, pois segundo os
autores o sistema de ensino se mantem neutro o que torna essa violência simbólica legítima a
serviço dos dominantes. (SAVIANI, 1990).
Pierre Bourdieu, defini a reprodução cultural como processo social pelo qual as
culturas são reproduzidas através do tempo, sobretudo pela influência social de grandes
instituições. Com isso aplicou o conceito, em especial, a maneira como instituições sociais,
como escolas, são usadas para transmitir ideias culturais que servem de base e dão respaldo à
posição privilegiada das classes dominantes ou governantes. E reforça ainda que a reprodução
cultural está introduzida em um processo maior de reprodução social através do qual
sociedades inteiras e suas características culturais, estruturais e ecológicas são reproduzidas
por um processo que invariavelmente envolve certo volume de mudança.
O fracasso escolar por parte da camada social menos favorecida, ficou explícito em
uma análise do sistema de ensino a partir da década de 60, e em contrapartida esta mesma
análise aponta que os que alcançavam êxito escolar eram de origem de famílias de maior
poder aquisitivos, ou seja, a análise confirma o que já se suspeitava anteriormente que o fator
cultural e social implica diretamente no desenvolvimento escolar e consequentemente na vida
profissional de cada indivíduo.
Para Bourdieu e Passeron (1992), as sociedades ocidentais mantem a cultura de
compensação das desigualdades sociais através do sistema de ensino, em que a educação
institucionalizada como conservadora e realmente injusta não é percebida e acabam por ser
legitimadas. As mudanças que são feitas no sistema de ensino não apresentam eficácia na
compensação dessa desigualdade, pois, os conteúdos culturais, os métodos pedagógicos, os
critérios de seleção e controle, os processos de orientação etc. continuam colaborando com os
grupos sociais mais favorecidos e a prejudicar os mais desfavorecidos. A falsa neutralidade da
escola com os alunos coloca os mesmos como iguais em direitos e deveres, apesar das
desigualdades explícitas.
A reprodução cultural, nada mais é que a reprodução social, que respeita à renovação
da cultura ou das relações sociais, que permanecem intactas. A reprodução cultural é,
frequentemente, tratada no âmbito das funções de reprodução do sistema escolar. Bourdieu
destaca que através das funções do sistema escolar na reprodução cultural são também efeitos
de diferenciação cultural provocados igualmente pela escola. A escola, segundo a análise de
Bourdieu, participa não só na transmissão e renovação da cultura, como na renovação da
desigualdade social, por meio da imposição da cultura dominante como cultura legítima.
Com efeito, a escola legitima o fracasso das crianças provenientes das classes populares,
assim como, em contra partida, as grandes escolas, cujos alunos são, na sua maioria,
provenientes das classes superiores, asseguram a reprodução daqueles que dominam.
As análises de Bourdieu sobre a reprodução social e cultural utilizam determinados
conceitos, como: violência simbólica (e legitimação das diferentes dominações), habitus (ou a
herança cultural coletiva e comum, em função das aprendizagens dos modelos de conduta e
dos modos de percepção e de pensamento), capital social e cultural (no sentido dos recursos
disponíveis), campo social (há uma pluralidade de espaços sociais, marcados pelas relações de
concorrência entre agentes ou pelas relações de dominação específicas de cada campo),
dominação cultural (relações assimétricas entre os agentes e os grupos; certos agentes
acumulam capitais culturais ou mesmo capitais económicos, culturais e políticos, enquanto
outros são excluídos).
Por fim, podemos dizer que a reprodução cultural são os modos como a escola, e
outras instituições, colaboram para a permanência das desigualdades sociais e culturais,
reiterando os valores, as atitudes e os hábitos de cultura dominantes. Ela por sua vez poderia
ser o grande veículo de transformação dessa reprodução, se ela cumprisse seu papel social de
fato, porém trazemos em nossa bagagem histórica todo um poder de convencimento que a
educação transforma pessoas e sociedades, mas que na realidade a educação sempre esteve a
serviço da classe dominante, quem tem melhor poder aquisitivo, tem melhor educação. A
escola precisa quebrar esses paradigmas e parar de praticar a violência simbólica que tanto
assola o chão da escola, mas para isso é preciso também que os sistemas não estejam a serviço
da elite, só assim quem sabe teremos a tão sonhada equidade tão pontuada nos projetos e
programas educacionais, e consequentemente uma sociedade mais justa para todos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HEY, A.P.; CATANI, A.M. Reprodução social. In: OLIVEIRA, D.A.; DUARTE, A.M.C.;
VIEIRA, L.M.F. DICIONÁRIO: trabalho, profissão e condição docente. Belo Horizonte:
UFMG/Faculdade de Educação, 2010. Disponível em: https://gestrado.net.br/wp-
content/uploads/2020/08/176-1.pdf acesso em: 27/07/ 2022 as 21h00min