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da somos imperfeitos como

civilização nas relações po-


líticas e sociais.
Há esperança! Há moti-
vos para sonhar com uma ci-
vilização diferente, enquanto EX PEDIEN TE
ainda resta dentro de nossas Conselho editorial:
Maico Zorzan crianças a curiosidade e es- Adriane Casteleira
Revista AstroNova pírito desbravador para des- nany@astronova.com.br
cobrir um mundo novo e fan-
Maico A. Zorzan
EDITORIAL tástico dentro da ciência. Um
maico@astronova.com.br
mundo de descobertas, um
Em época tão conturbada mundo de desafios e experi-
da história, onde ideologias e Rafael Cândido Jr.
mentos, onde cabe a nós in-
crenças deixam de ser discu- rafael@astronova.com.br
centivar a jornada de imen-
tidas no campo das ideias e sos esforços para alcançar
passam a ser enfrentadas enxergar cada vez mais lon- Redatores desta edição:
aos braços de exércitos, nos ge no universo. Rafael Cândido Jr.
damos conta do quanto a ci-
É com orgulho que entre- Maico Zorzan
ência é importante que a nos- Adriane Casteleira
gamos essa edição de outo-
sa espécie se afaste da bar- Ricardo Francisco Pereira
no, onde para muitos o fru-
bárie. A ciência é a única de-
to do conhecimento pode
monstração do quanto so-
estar acessível através des-
mos iguais, enquanto espé- Arte e Diagramação:
sas singelas páginas, feitas Adriane Casteleira
cie. Mesmo que muitas fon-
com esmero e carinho, pro-
tes desenvolvidas pelo ego,
porcionando bons momen-
ganância e poder diga o con-
tos de leitura e aprendizado. Equipe da Revista AstroNova
trário, a ciência prova-nos o
Trazemos nessa edi- Maico Zorzan
quanto somos iguais, indife-
ção, além das tão espera- Rafael Cândido Jr.
rentes de quais linhas imagi-
Adriane Casteleira
nárias que nós mesmos pos- das agendas de lançamen-
João Pimenta
samos criar para dividir a nós tos do trimestre e de ativida-
Luiz Otávio Nacamura
mesmos. des na ISS, um calendário Mateus Leal Castanheira
de observação astronômica Ricardo Francisco Pereira
Somos capazes de codi-
com alguma das efemérides
ficar línguas universais co-
mais destacadas do período,
mo a linguagem matemática
além de discutirmos sobre as Capa: Planeta Saturno
e seus símbolos, capazes
novidades sobre impressão imagem do arquivo do
de enxergar tão longe pelos
3D, temperatura do Universo Telescópio Espacial Hubble,
olhos da astronomia, tão pe- processada por Adriane
e suas curiosidades, além do
queno pelos olhos da física Casteleira.
sistema Trappist-1.
quântica e de partículas, mas
tão deficientes o quanto ain- Venha conosco!

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S UMÁ R IO

A diversidade das
temperaturas no Universo ..................................09

A matemática
sempre foi assim? ..............................................21

O fabuloso
sistema trappist-1 ..............................................29

O mundo da impressão 3D:


O processo de impressão ....................................33

Quão escuro é o céu ...........................................43

Calendário de observação
astronômica .......................................................44

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6
7
Vela SNR - Remanescente de Supernova
astrofotógrafo: Bruno Bonicontro
fevereiro de 2022
Maringá-PR
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FÍSICA

A DIVERSIDADE DAS
TEMPERATURAS NO UNIVERSO

Rafael Cândido Jr. noite o que fará a tempera- Além disso, para nós é tão
rafael@astronova.com.br tura cair para 10°C corriqueiro usar a escala Cel-
sius que nos parece um tan-
Em nosso cotidiano lidamos Em escala industrial, en- to estranho o uso da escala
com uma escala de tempe- contramos temperaturas Fahrenheit (ainda utilizada
raturas de pouco mais que como -180°C (oxigênio lí- nos EUA e na Libéria, em con-
duas centenas de graus Cel- quido usado na propulsão junto com medidas como
sius, exemplos: de foguetes) ou 1300°C (fu- polegadas, pés e libras). Mas
são do ferro fundido). qual a origem destas esca-
- manter congelado abaixo las? E quando falamos em
de -16°C Certamente, você que está zero absoluto, de qual escala
lendo já vivenciou algumas estamos falando?
- pré-aquecer o forno a 150°C destas situações. Mas fica
a questão, e temperaturas E no Universo? Que valores
- a febre cedeu e a tempera- muito mais altas que a fusão de temperaturas encontra-
tura está em 36°C do ferro fundido? Ou muito mos? Como devem ser as
mais baixas que a ebulição temperaturas em planetas,
- a frente fria chega hoje a do oxigênio líquido? estrelas e em diferentes ob-

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jetos celestes como nebulo- tais. O zero da escala seria ebulição da água ocorreria
sas e supernovas? a temperatura de congela- em 212 graus. Estes valores
mento de uma solução satu- foram escolhidos de modo
As diferentes escalas de rada de água, gelo e cloreto que a temperatura de um
temperatura de amônia e a temperatura ser humano com febre fosse
Medir uma temperatura é de 90 graus seria a de um 100 graus.
uma ação relativamente re- corpo humano em repou-
cente na história da huma- so. Porém estas duas balizas O astrônomo sueco Anders
nidade. Uma das primeiras da escala não eram tão exa- Celsius (1701 – 1744) apre-
tentativas de avaliação de tas pois poderiam haver di- sentou em 1742 a ideia de
temperatura foi o termoscó- ferenças na proporção dos uma escala que fosse centí-
pio criado por Galileo Gali- constituintes da solução de grada, ou seja, o intervalo
lei, que permitia que fosse cloreto de amônia e a tem- entre as duas balizas, fusão
verificado de forma quali- peratura de um corpo hu- do gelo e ebulição da água
tativa (pois o aparelho não mano apresenta pequenas
tinha escala) o aumento ou diferenças entre as pessoas,
a diminuição de temperatu- além de variar ao longo do
ra através do deslocamento dia e das estações.
de uma substância termo-
métrica no interior de um Então foram propostas duas
tubo capilar. novas balizas, a diferença
entre as temperaturas de fu-
Como forma de quantifi- são do gelo e da ebulição da
car a temperatura, em 1724 água pura, ambas na pres-
o médico Daniel Gabriel são do nível do mar, foi de-
Fahrenheit (1686 – 1736) finida como 180 divisões,
criou um novo tipo de apa- denominadas graus (de for-
relho, o termômetro, que ma equivalente ao ângulo
utilizava mercúrio como raso). Fahrenheit usou este
substância termométrica valor porque 180 apresen-
ao invés do álcool colorido ta como divisores funda-
no termoscópio; e também mentais 2, 3 e 5. Assim, de-
Reconstrução do termoscópio
propôs uma escala baseada finiu-se que a fusão do gelo de Galileo. Museus de Artes e
em dois pontos fundamen- ocorreria em 32 graus e a Ofícios, Paris, França.

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pura, tem 100 divisões. As- temperatura é uma medi-
sim, a fusão do gelo ocorre a da da energia interna de
0 graus centígrados e a ebu- um material. Então, o zero
lição da água pura ocorre a de uma escala absoluta se-
100 graus centígrados. ria a situação hipotética em
que a energia interna fosse
Após o falecimento de am- nula (algo que jamais ocor-
bos, suas escalas receberam rerá porque a energia inter-
seus nomes e passaram a ser na é uma soma de energia
denominadas graus Fahre- de translação, rotação e vi-
Não existe um retrato nheit (°F) e graus Celsius (°C). bração dos átomos). Foi con-
oficial de Fahrenheit. siderado também que as di-
Utilizando antigos retratos
a óleo de seus parentes A escala absoluta visões desta escala absoluta
próximos, pesquisadores Cerca de 100 anos após o de- fossem iguais às divisões da
da Universidade de
Gdansk, Polônia, senvolvimento das escalas escala Celsius.
publicaram este retrato Fahrenheit e Celsius, o físi-
gerado por computador co inglês William Thomp- Com isso, a temperatura
em 27/11/2012.
son (1824 – 1907), laureado do zero absoluto na escala
posteriormente com um tí- Celsius era de aproximada-
tulo de nobreza (Lord), tor- mente -273°C. Esta escala
nando-se o 1º Barão de Kel- de temperatura termodinâ-
vin, propôs uma escala de mica era inicialmente deno-
temperatura termodinâmi- minada de escala Celsius ab-
ca, ou seja, que não fosse ba- soluta. Após a morte de Lord
lizada a partir dos pontos Kelvin em 1907, a escala foi
de fusão de gelo ou ebulição denominada escala Kelvin
da água; mas sim definida a e as temperaturas não são
partir das Leis da Termodi- denominadas por graus. As-
nâmica (que não serão ex- sim, as temperaturas de fu-
Anders Celsius. plicadas aqui dada sua difi- são do gelo e da ebulição de
Pintura de Olof Arenius
(provavelmente, 1736). culdade, isto é assunto para água pura ao nível do mar
outro artigo). são, respectivamente, 273
kelvins e 373 kelvins (273 K e
Kelvin considerou que a 373 K), sem a denominação

11
ferreiro conhecia esta pro- cósmica, que vamos expli-
priedade física com muita car adiante).
experiência, de modo que
se estimava o quanto o ferro É importante ressaltar que
estava quente apenas pelo a radiação não é monocro-
seu brilho. Esta propriedade mática, ou seja, não há
também é encontrada nas emissão em apenas uma
lavas de vulcão, na qual um determinada frequência
brilho mais intenso indica de onda eletromagnética.
maior temperatura, e tam- A emissão ocorre majorita-
William Thompson bém em estrelas, onde a cor riamente em uma determi-
(Lord Kelvin).
está relacionada à tempera- nada faixa de frequência.
tura da superfície estelar. Por exemplo, uma lâmina
grau. Desse modo, a conver- de ferro aquecida em brasa
são entre as temperaturas Toda substância tem tem- irá emitir luz, mas também
em celsius e kelvin é uma peratura maior que 0 K e, infravermelho, em menor
simples soma: consequentemente, emite intensidade o ultravioleta
radiação térmica, que é ge- e as ondas de rádio e em in-
Tkelvin = Tcelsius + 273,15 rada pela movimentação tensidade ainda menor os
de partículas da matéria, raios-x e raios gama. A dis-
Em muitos casos, esta con- a qual provoca aceleração tribuição das diferentes in-
versão é simplificada substi- das cargas elétricas, produ- tensidades de cada faixa do
tuindo a constante somada zindo ondas eletromagnéti- espectro eletromagnético
por 273. Mas esta diferença cas, como a luz (emitida por revela a temperatura do ob-
entre as duas escalas é insig- um metal aquecido), raios-x jeto que estamos estudan-
nificante quando as tempe- (emitida por estrelas), infra- do. Esta é uma das mais im-
raturas são muito altas. vermelho (emitida por ani- portantes ferramentas da
mais) e as ondas de rádio Astronomia na avaliação
Irradiação térmica (como a radiação de fundo dos corpos celestes.
Assim que conseguiu fundir
metais; a humanidade sa-
Para mais detalhes sobre temperaturas
bia que ao aquecer um mate- estelares e suas cores, leia as edições 06 e 09
rial este apresenta uma cer- da Revista AstroNova
ta luminosidade. Um antigo

12
Espectro eletromagnético com escalas de comprimento de onda, frequência e a
temperatura de corpos que emitem picos nestas frequências.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Espectro_EM_pt.svg

Temperaturas no ratura na superfície chega quente de todo o Sistema


Sistema Solar a -180°C. Solar.
Se considerarmos a proxi-
midade do Sol, Mercúrio Vênus possui uma atmosfe-
deve ser o mais quente. Po- ra muito densa e constituí-
rém, a atmosfera de Mercú- da majoritariamente de di-
rio é muito tênue, de modo óxido de carbono (CO2), o
que o calor recebido pela su- que causa um intenso efei-
perfície do planeta durante to estufa no planeta. A con-
a parte iluminada de seu dia sequência disso é que a tem-
não é distribuído por todo peratura do planeta é muito
planeta. Isto faz com que uniforme e alcança 460°C, Noite de Vênus observada
a parte iluminada alcan- havendo pouca diferença ao em infravermelho. Foto
realizada pela sonda
ce a temperatura de 420°C longo da superfície do pla-
Akatsuki (JAXA).
e na parte escura, a tempe- neta. Este é o planeta mais

13
A Terra também tem um permanecendo nesta tem- Estação Vostok, na Antárti-
efeito estufa, que torna a peratura por 2 minutos em ca. Esta estação foi constru-
temperatura média do pla- um fenômeno denominado ída pela antiga União Sovi-
neta em 15°C. Caso esse pico de calor (em inglês, heat ética no polo magnético do
efeito estufa não existisse, a burst). Em maio de 2021, sa- sul da Terra para estudos
temperatura média da Ter- télites meteorológicos de- da variação do campo mag-
ra seria aproximadamente tectaram temperaturas de nético global. Medições de
-20°C. 80°C no deserto de Lut, Irã, satélite sobre a Antártica
e no deserto de Sonora, Mé- registraram em pontos iso-
A maior temperatura já re- xico. Atualmente, os dados lados temperaturas ainda
gistrada foi de 56,7°C no destes dois registros estão menores, sendo a mais bai-
Vale da Morte, EUA, em sendo estudados conforme xa de -94°C.
10/07/1913. Embora exis- artigos publicados no Bole-
tam outras reivindicações, tim da Sociedade Meteoroló-A Terra é o
algumas tem destaque ou gica Americana. único planeta do
pela ocorrência de algum Sistema Solar que
fenômeno atmosférico, ou A temperatura mais fria apresenta as três
pelo alto valor da tempera- registrada na Terra foi de fases da água
tura provavelmente alcan- -89,2°C no dia 21/07/1983 na
çado. Em 13/09/1922 a cida-
de de El Azizia, Líbia, teria
alcançado a temperatura de
57,8°C. Este durante muito
tempo foi considerado o re-
corde de temperatura mais
alta da Terra, porém hoje se
sabe que faltam dados que
comprovem este fato. Em
Figueira da Foz, distrito de
Coimbra, Portugal, no dia
06/07/1949, a estação me-
teorológica local registrou
um aumento súbito da tem- A Terra é o único planeta do Sistema Solar que apresenta as
peratura de 38°C para 70°C, três fases da água: sólida (geleiras), líquida (oceanos, rios e
lagos) e vapor (nuvens). (Paisagem na Islândia)
14
Internamente, a temperatu- ções, assim como a Terra. A
ra da Terra no núcleo inter- temperatura na superfície
no alcança 5400°C. A tem- de Marte varia entre -125°C
peratura de lava e das cinzas e 20°C. Há inclusive a for-
liberadas em uma erupção mação de gelo constituído
vulcânica varia entre 800°C de água e dióxido de carbo-
a 1200°C. no na superfície.

Gelo no solo de Marte.


Na Lua ocorre o que foi cita- A partir de Marte, tem-se os Foto da sonda Phoenix
do sobre Mercúrio. Sem at- planetas gasosos, ou seja, (Nasa, 2008).
mosfera, a temperatura na não possuem superfície.
Lua apresenta uma grande Então as temperaturas são
variação. Durante o dia lu- diferentes conforme a pro-
nar a temperatura da super- fundidade na atmosfera.
fície lunar chega a 220°C Na camada mais exterior de
e durante a noite, cai para suas atmosferas, tem-se as
-185°C. A região do polo sul seguintes temperaturas mé-
lunar apresenta uma imen- dias: -110°C (Júpiter), -140°C
sa cratera de impacto na (Saturno), -220°C (Urano) e
qual a luz solar não alcança. -240°C (Netuno). Porém, a
A sonda Chang’e 4 pousou temperatura de seus núcle- Detalhes da superfície
de Io. Foto da sonda
nesta região, denominada os, é estimada em até deze- Galileo (Nasa)
Bacia Aitken e a temperatu- nas de milhares de graus
ra ali fica em torno de -95°C. Celsius.
O satélite Io, orbitando em
A atmosfera de Marte, assim Os satélites dos gigantes ga- torno de Jupiter, é o lugar no
como a de Vênus, é constitu- sosos sofrem efeito de maré, sistema Solar com a maior
ída majoritariamente de di- ou seja, a gravidade dos pla- atividade vulcânica, supe-
óxido de carbono. Porém é netas que orbitam provoca rando a Terra. A tempera-
uma atmosfera muito mais um “puxão” em seus núcle- tura média na superfície
tênue, portanto, o efeito es- os, de modo que estes são de Io é -130°C e a lava expe-
tufa em Marte é pouco efeti- aquecidos pelo efeito da lida de seus vulcões chega
vo. Outro fator importante gravidade, tornando-se lí- a 1650°C. Assim, além de
é que Marte apresenta esta- quidos. uma atmosfera muito fina

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torial é sempre abaixo de fície de Encélado é refletida
-160°C. Nos polos, a tempe- de volta ao espaço. Isso tor-
ratura nunca é maior que na a superfície deste satélite
-220°C. Nestas condições, uma das mais frias do Siste-
a capa de gelo de Europa é ma Solar, com temperatura
dura como uma rocha de abaixo de -200°C.
granito.
A superfície de Encélado Plutão, assim como outros
tem a maior refletância Titã, satélite de Saturno, é objetos transnetunianos,
do Sistema Solar. Foto
da sonda Cassini (Nasa) o único satélite do Sistema apresenta temperaturas
Solar com atmosfera, ha- muito baixas em suas su-
vendo inclusive um ciclo de perfícies. Conforme a sonda
hidrocarbonetos leves (me- New Horizons, a temperatu-
tano e etano) equivalente ra da superfície de Plutão
ao ciclo da água da Terra. varia entre -210°C e -230°C.
A pressão em sua superfí-
cie é de 1,5 atm e a tempe- Os cometas, quando distan-
ratura é, em média, -180°C, tes do Sol, apresentam tem-
o que torna metano e etano peratura média de -250°C.
Núcleo do cometa líquidos e a água, ejetada Quando no periélio, a tem-
Tempel registrado pela de criovulcões, nas mesmas peratura na superfície do
sonda Deep Impact em
condições encontradas em núcleo pode alcançar entre
2005. (Nasa)
Europa, com a dureza equi- -50°C e -30°C.
valente de uma rocha.
devido aos gases expelidos Por fim, o Sol tem uma
pela atividade vulcânica, Io Encélado, também uma temperatura de superfície
apresenta em sua paisagem das luas de Saturno, tem a de 6000°C e a temperatu-
campos de “neve” de dióxi- superfície totalmente en- ra do núcleo estimada em
do de enxofre. coberta de gelo de água e 15.000.000°C. Para estas tem-
amônia. Assim, o albedo, peraturas tão altas, a unida-
Europa é o menor dos qua- também denominado refle- de mais utilizada é o kelvin
tro maiores satélites de Jú- tância, do satélite é de 0,99; (K). Assim, a temperatura da
piter. A temperatura em sua ou seja, 99% da energia lu- superfície do Sol é de aproxi-
superfície na região equa- minosa que alcança a super- madamente 5730 K e a tem-

16
peratura do núcleo é de 15
milhões de kelvins (ou seja,
uma diferença de 273 em 15
milhões é irrisória).

Temperaturas além do Estrela WR 102


observada no
Sistema Solar infravermelho. Ventos
Como visto em outros arti- solares intensos
e a forte radiação
gos anteriormente publi- ultravioleta formam
cados, as cores das estrelas os complexos arcos
estão relacionadas à sua de gás ionizado.
(WISE/NASA).
temperatura de superfície.
As estrelas vermelhas tem
temperatura de superfície pernova. Quando isto ocor- gue, na constelação do Cen-
entre 3000 a 4000 K e as es- re, a temperatura alcança- tauro, a 5000 anos-luz da
trelas azuis alcançam a tem- da no núcleo estelar alcança Terra tem a temperatura de
peratura de 20000 K. impressionantes 10 trilhões apenas 1 K (ou seja, -272°C).
de kelvins em um tempo de É o único objeto astronômi-
A estrela WR 102 na conste- alguns picossegundos. co conhecido até o momen-
lação de Sagitário é a estrela to que tem uma tempera-
com maior temperatura de Para se entender o tempo de tura inferior à da radiação
superfície atualmente co- 1 picossegundo, imagine o cósmica de fundo.
nhecida, 210.000 K. É uma tempo de 100 anos. Agora
estrela muito rara, havendo imagine o que seria o tem- A radiação cósmica de fun-
apenas 4 estrelas do seu tipo po de aproximadamente 3 do é uma radiação eletro-
na Via Láctea. Foi calculado milissegundos em 100 anos magnética com intensidade
que a WR 102 pode se tornar (1 picossegundo está para máxima na faixa de micro-
uma supernova nos próxi- 1 segundo como 3 milisse- -ondas. Foi descoberta pelos
mos 1500 anos, pois esta já gundos está para 100 anos). físicos Arno Penzias e Ro-
se encontra no fim do está- bert Wilson em 1965 ao ve-
gio de fusão do hélio. Mas, o Universo não tem rificar que a antena que es-
apenas estruturas cósmicas tavam testando para a Bell
As estrelas mais massivas com temperaturas tão altas. Labs apresentava um ruído
passam pelo evento de su- A Nebulosa do Bumeran- que não conseguiam elimi-

17
nar, mesmo depois de remo-
ver todas as possíveis fontes
de ruído.

Ao verificarem que a fonte


deste ruído era de origem
cósmica, verificaram que
ela não provinha de uma
única fonte, mas sim que
permeava praticamente Nebulosa do Bumerangue
(Telescópio Espacial Hubble, 2003)
todo o céu, noturno e diur-
no. Então isto comprovou
uma hipótese levantada pe- núcleo atômico seriam “va- te de Planck, na qual o com-
los físicos George Gamov, porizadas”, fazendo com primento de onda emitido
Ralph Alpher e Robert Her- que os quarks fossem isola- pela matéria seria o compri-
man, de que se o Big Bang dos, mas como estes não po- mento de Planck (1,616-10-
tivesse acontecido, have- dem existir isoladamente, 35 m). Esta temperatura tem
ria uma radiação residu- haveria criação de outros valor de 1,42-1032 K. Com as
al. Como esta radiação tem quarks a partir da energia, teorias atuais que temos so-
pico em 160,4 GHz, tem-se ou seja, energia se transfor- bre as partículas e as forças
que a temperatura do Uni- maria em matéria tal qual fundamentais, este é o va-
verso é de 2,725 K. predito na equação de Eins- lor máximo de temperatura
tein (a famosa E = mc2). En- que se consegue estimar no
Mas, seria possível estimar a tão, a maior temperatura do Universo, a qual foi alcan-
maior temperatura do Uni- Universo foi a temperatura çada uma única vez, no Big
verso? Para isso, temos que em que ocorreu o Big Bang, Bang.
entrar em conceitos um tan- quando toda a matéria do Link para saber mais:
https://youtu.be/6EBCulC8Klo
to complexos, que envolvem Universo estava concentra-
a Teoria da Relatividade e a da num ponto e quando to-
Física de partículas como os das as quatro forças funda- Rafael Cândido Jr. é
graduado e mestre em
quarks. A partir de um de- mentais eram apenas uma. Engenharia Química (USP) e
terminado valor de tempe- doutorando em Engenharia
Aeroespacial. Integra o grupo
ratura, até mesmo as par- Com isso, define-se uma tem- de astronomia Arcturus, da
tículas constituintes do peratura denominada limi- UFABC.

18
Aberto para todos os públicos o projeto Céu Aberto é uma
iniciativa do Professor Cássio Barbosa (Astrônomo do FEI)
e do Canal Giro Astronômico (divulgação científica para
YouTube e redes sociais).
Ooobjetivo é levar os registros feitos pelo Observatório
S-PLUS, telescópio no Chile, para serem processados pela
comunidade em imagens que serão exibidas para
votação. A intenção é reunir belíssimas imagens de
objetos de céu profundo, processadas e eleitas pelo
público, para a composição de um livro, com descrições
detalhadas por profissionais da astronomia.

SAIBA MAIS SOBRE O PROJETO E PARTICIPE EM:

www. c eu ab er to . spac e

O S-PLUS é uma colaboralçao internacional, fundada


pela Universidade de São Paulo, Observatório
Nacional, Universidade Federal de Sergipe,
Universidade de La Serena e Universidade Federal de
Santa Catarina

19
astrofotógrafo: Breno Silva
@breno_silvaxx
20
A MATEMÁTICA
SEMPRE FOI ASSIM?
Uma breve história da simbologia matemática,
da pré-história até o cálculo.

Maico Zorzan articulados diretamente dade própria, mas somente


zorzan@astronova.com.br com seus significados como a escrita capaz de expressar
ocorre na linguagem ideo- a necessidade da demanda
A matemática é uma lingua- gráfica, como ocorre com do problema, com o rigor
gem universal, usada por as línguas que povoam nos- que a ciência exige.
toda a humanidade, direta so planeta. A compreensão
ou indiretamente. Todos te- da matemática leva a com- Os símbolos matemáticos
mos contato com a matemá- preender que a mesma tem nem sempre existiram e fo-
tica em nossas vidas. Porém, linguagem própria, como se ram utilizados como são
nem sempre a matemática falássemos, lêssemos e co- hoje, estes símbolos sofre-
foi como conhecemos hoje, municássemo-nos em uma ram muitas transformações
como todos os símbolos e língua própria. No entan- com o passar dos séculos, e
formalidades que estamos to, não há um conjunto que um dos maiores contribuin-
acostumados. forma a linguagem mate- tes para o rigor hoje utiliza-
mática como os fonemas da do foi Leonhard Euler. Nas-
Os símbolos que regem a lin- língua materna do leitor, as- cido na Basiléia, o suíço
guagem matemática estão sim como não há uma orali- Euler, tornou-se membro da

21
Academia de São Petersbur- aos 14 anos já estudava na
go no ano de 1727, graças a Universidade de Oxford e,
sua proximidade aos irmãos aos 21, ensinava matemáti-
Bernoulli, e logo após acei- ca enquanto estudava me-
tou o convite do Rei Frede- dicina e que aos 48 anos de
rico II da Prússia, o Grande, idade morria em uma pri-
para chefiar o departamen- são britânica, após ser mé-
to de matemática da Univer- dico da família real inglesa
sidade de Berlim. Cego em e supervisor da Casa da Mo-
boa parte de sua vida, Euler eda.
morreu aos setenta e seis
anos de idade sem nunca ter Este gênio de final trágico
ocupado o cargo de profes- escreveu vários livros so-
sor. Euler contribuiu com as bre astronomia, geometria
notações de funções como e aritmética, todos em in-
conhecemos hoje (f(x)), base glês, ao contrário do era
dos logaritmos naturais (e), costume na época, que era
Gravura de Robert Recorde
somatória (Σ), e unidade escrever em latim e permi- em seu memorial, no
imaginária (i), entre outros tir que apenas a nobreza e o cemitério de Saint Mary, em
Tenby, Reino Unido.
símbolos. clero, os únicos que tinham
condições de serem alfabe-
Mesmo os símbolos mais tizados na época. Recorde Também é atribuída a Re-
simples e corriqueiros, escrevia para o público co- corde a implantação dos
como o de adição (+), sub- mum, em sua língua nativa, símbolos (+) e (-) que hoje
tração (-) e igualdade (=), tão buscando aproximar as pes- são usados de forma univer-
comuns em calculadoras e soas da ciência. Seu último sal na matemática. Porém,
que usamos todos os dias, livro, A Pedra de Afiar, publi- ele não foi o primeiro a uti-
possuem histórias interes- cado em 1557, um ano antes lizar tal simbologia, apenas
santes nas suas origens. de sua prematura morte, foi o responsável por ajudar
apresentou ao povo o sím- a divulgá-la. Contudo, com
O símbolo que utilizamos bolo de igualdade. A inspi- uma história bem interes-
para revelar um resultado ração é um par de retas para- sante, esses símbolos têm
foi criado há 460 anos pelo lelas. Existe algo mais igual uma origem bem mais an-
galês Robert Recorde, que que isso? tiga.

22
Pairo de Ahmes
O papiro de Ahmes (ou Rhind) é a fonte
da maioria de nossas informações sobre
os matemáticos egípcios que viveram na
antiguidade, é um documento egípcio
de cerca de 1650 a.C., onde um escriba
de nome Ahmes detalha a solução de 85
Adição e subtração problemas de aritmética, frações, cálculo
Talvez seja bom começar
de áreas, volumes, progressões, repartições
a contá-la com o Papiro de
proporcionais, regra de três simples, equações
Ahmes, do ano 1550 a.C., no
lineares, trigonometria básica e geometria.
Egito antigo, que contém
É um dos mais famosos antigos documentos
vários exercícios matemáti-
matemáticos que chegaram aos dias de hoje,
cos. Neles, um par de pernas
juntamente com o Papiro de Moscou, esse
caminhando para a frente
determinado papiro, estima se ter cinco
indica uma soma e um par
metros de comprimento, não foi escrito com
caminhando para trás, uma
os hieróglifos convencionais, mas em escrita
subtração. Os gregos, por
Hierática, uma espécie de escrita taquigráfica
sua vez, esporadicamente
própria para seu uso contábil e matemático.
usavam o símbolo “/” para

23
somar, mas normalmente nada. A noção de zero era micos era essencialmente
expressavam a adição por tão confusa, que para mui- um sistema posicional, ain-
meio da escrita mesmo, in- tos povos, números como 30 da que o conceito de zero não
formando a operação que ou 303 tinham o mesmo sig- estivesse totalmente desen-
estavam realizando. nificado, de tão relativa que volvido. Muitos desses ma-
era a relação com o zero. nuscritos indicam apenas
Na Europa do século XV, um espaço entre grupos de
matemáticos como o fran- O sistema sexagesimal babi- símbolos quando uma po-
cês Nicolas Chuquet e o ita- lônico usado nos manuscri- tência de 60 não era neces-
liano Luca Pacioli usavam tos matemáticos e astronô- sária, de maneira que as po-
“p” (plus) para somas e “m”
(minus) para subtrações. Já,
em um documento do sécu-
lo XIV, o filósofo e astrôno-
mo francês Nicole d’Ores-
me já havia usado “+” como
abreviação da partícula adi-
tiva et (e, em latim). Porém a
origem do (-) não é tão clara,
sabe-se que aparece em um
manuscrito alemão do final
do século XV, encontrado
na Biblioteca de Dresden,
na Alemanha. E em um ma-
nuscrito em latim do mes-
mo período há tanto o (+)
como o (-).

O nada
Mesmo conceitos hoje en-
raizados como o zero, nem
sempre foram tão simples.
Povos antigos não tinham
Exemplo do sistema hexagesimal posicional babilônico
uma notação clara para o

24
tências exatas de 60 devem Talvez o mais antigo símbo- tudantes possuem, é como
ser determinadas, em par- lo para zero num sistema relação aos símbolos usa-
te, pelo contexto. Nos ma- de valor relativo se encon- dos para denominar os con-
nuscritos do final da civili- tre na matemática do povo juntos dos números. N para
zação, usava-se um símbolo Maia, da América Central e os Naturais é entendimento
para indicar uma potência América do Sul. O símbolo orgânico, I para os irracio-
ausente, mas isto só ocor- maia do zero era usado para nais também, R para os re-
ria no interior de um grupo indicar a ausência de quais- ais. Mas e o Z para o conjun-
numérico e nunca no final. quer unidades das várias or- to dos Inteiros? Seria Z de
Quando os gregos se apro- dens do sistema de base vin- zinteiros?
priaram dos conhecimen- te modificado. Esse sistema
tos babilônicos com as ex- era muito usado, provavel- Foi adotado o símbolo Z,
pansões de Alexandre pela mente, para registrar o tem- que remete a palavra Zahl,
Ásia, no desenvolvimento po em calendários. ou Zahlen, que em alemão
de tabelas astronômicas, es- significa número, e foi es-
colheram explicitamente o O mais antigo símbolo hin- colhida para não dar con-
sistema sexagesimal babilô- du para zero talvez tenha fusão com demais letras já
nico para expressar suas fra- sido o ponto negrito, que usadas.
ções, e não o sistema egípcio aparece no manuscrito
de frações. A subdivisão re- Bakhshali, cujo conteúdo Viram só como matemática
petida de uma parte em 60 talvez remonte do século III é próxima de nós?
partes menores precisava ou IV d.C. Qualquer associa-
que às vezes “sem nenhuma ção do pequeno círculo dos
parte” de uma unidade fos- hindus, mais comuns, com
se envolvida, de modo que o símbolo usado pelos gre-
as tabelas de Ptolomeu, no gos seria apenas uma con-
Referência:
Almagesto, incluem o sím- jectura. A Fascinante História da
bolo ou 0 para indicar isto. Matemática – Mickael Launay
Bem mais tarde, aproxima- Mas o zero será mais explo-
damente no século V, os rado em uma outra matéria
Maico Zoran
gregos começaram a usar mais para frente, com todos é matemático, astrônomo
o ômicron (Ο), que é a pri- os detalhes que merece. amador e membro fundador
do Clube de
meira letra palavra grega Astronomia Edmond Halley
oudem (“nada”). Outra dúvida que muitos es-

25
Plêiades, nebulosa da Califórnia e as
nuvens moleculares de Touro e Perseus.
astrofotógrafo: Caio Vinicius
18 de agosto de 2021 - Maturéia-PB
@caio_astrophotos
26
27
Eta Carinae e Galáxia Redemoinho (M51)
Por: Ted Albuquerque @ted1albuquerque
telescópio remoto 0.4m da rede global Las
Cumbres Observatory (LCO)

28
EXOPLANETAS

O FABULOSO
SISTEMA TRAPPIST-1
Adriane Casteleira Em fevereiro de 2017, foi A estrela
nany@astronova.com.br anunciada a descoberta A estrela Trappist-1 foi ob-
do sistema planetário Tra- servada em 1990 por meio
Quando ouvi falar do siste- ppist-1. A descoberta do sis- do projeto 2MASS, sendo
ma Trappist-1 pela primei- tema foi possível por meio catalogada, portanto, em
ra vez, não pude deixar de de dados do telescópio ópti- 2003, com o nome 2MASS
lembrar do universo fantás- co remoto belga, TRAPPIST J23062928-0502285.
tico de Guerra nas Estrelas (Transiting Planets and Pla-
(Luccas Film/ Disney), reple- netesImals Small Telesco- É uma estrela pequena, com
to de mundos exoticos que pe), localizado no Obser- raio pouco maior que Júpi-
compunham os mais diver- vatório La Silla, no Chile. ter e magnitude aparente
sos sistemas estelares, como O sistema está apenas a 39 18,7, classificada como uma
o planeta Tatooine, que or- anos-luz de distância da Ter- estrela anã-vermelha su-
bitava duas estrelas, o hostil ra, na constelação de Aquá- per fria, da classe espectral
planeta vulcânico Mustafar rio, e sua estrela principal é M8V. Anãs-vermelhas costu-
e o congelado planeta Hoth 12 vezes menos massiva que mam viver muito mais que
que era o sexto em seu siste- o Sol, em torno da qual orbi- as demais estrelas e, apesar
ma cuja temperatura podia tam pelo menos sete plane- de sua idade ainda não ser
alcançar -60C. tas conhecidos. determinada, estima-se que

29
Trappist-1 possua mais de
500 milhões de anos. Esta ilustração representa, em escala comparativa, o
sistema planetário de Trappist-1 (em azul) com nosso
Os exoplanetas Sistema Solar (em amarelo) e o sistema de Júpiter e
Atualmente, são conheci- suas Luas (em magenta).
Todos os sete exoplanetas descobertos em órbita
dos sete planetas, descober-
da estrela anã-vermelha Trappist-1 cabem com
tos pelo método do trânsi- folga dentro da órbita de Mercúrio, o planeta mais
to*, orbitando Trappist-1.Os interno do nosso Sistema Solar. Trappist-1 também
primeiros três detectados é apenas uma fração do tamanho do nosso Sol, não
com o telescópio Trappist sendo muito maior do que Júpiter. Desta forma, as
e, depois com o auxílio do proporções do sistema Trappist-1 assemelham-se
mais se com Júpiter e seus satélites do que o nosso
Sol com seus oito planetas.

30
telescópio espacial Spitzer, netas do sistema Trappist-1 método do trânsito, combi-
foram identificados outros na lista dos exoplanetas po- nadas às medições terres-
quatro. A mesma técnica tencialmente habitáveis. tres, aumentarão o número
também possibilitou que de dados do tempo de trân-
os cientistas aferissem pe- O sistema sito para cada um dos plane-
ríodo orbital, dimensão e Como Trappist-1 é bem me- tas, dando-nos informações
massa dos planetas e, con- nor, não sendo muito maior mais precisas da massa e ex-
sequentemente, a densida- que Júpiter, e muito mais centricidades orbitais. Pre-
de e propriedades. fria que o Sol, com tempera- cisa-se, também, confirmar
tura efetiva de 2.550 K (o Sol se os planetas são principal-
Os planetas são rochosos, de possui 5.778 K em sua super- mente rochosos ou se con-
dimensões e massas compa- fície), os planetas em zona têm uma certa quantidade
ráveis com as da Terra e Vê- habitável estão bem mais de voláteis, como água.
nus e, dentre eles, pelo me- próximos da estrela - todos
nos três estão localizados os planetas descobertos po- As primeiras tentativas
na zona habitável*, o que deriam caber facilmente para detectar as atmosfe-
quer dizer que possuem dentro da órbita de Mercú- ras dos planetas do sistema
condições de abrigar água rio. São, também, bem mais Trappist-1 poderão ser feitas
em estado líquido na super- próximos uns dos outros, usando o Hubble. Contudo,
fície. Tais características e lembrando mais Júpiter e investigações mais profun-
condições colocam os pla- seus satélites do que nosso das das atmosfera, como in-
próprio Sistema Solar. formações de temperaturas
e composições químicas se-
Os planetas Telescópio Espacial rão possíveis graças ao Ja-
são rochosos, James Webb mes Webb.
de dimensões Ainda há muito o que desco-
e massas brir do sistema Trappist-1, Fontes:
comparáveis www.nasa.gov
como, por exemplo, a excen- www.trappist.one
com as da Terra e tricidade orbital do planeta www.spitzer.caltech.edu
Vênus e, ao menos, Trappist-1h, bem como se
três deles estão ainda há mais planetas no Adriane Casteleira
localizados na é integrante do grupo
sistema. de astronomia Gedal,
zona habitável do administradora das redes
sistema As curvas de luz obtidas pelo sociais da AstroNova.

31
astrofotógrafo: Luiz Leão
@luizleao

32
O MUNDO DA IMPRESSÃO 3D
O PROCESSO DE IMPRESSÃO
Ricardo Francisco Pereira ro de modelos disponíveis. Al- Para mostrar todo o processo de
ricardo@astronova.com.br guns desses portais também impressão, eu escolhi para im-
tem modelos que você pode primir um modelo do Asteroi-
Continuamos nossa saga dos comprar e existem muitos ou- de Bennu disponível no portal
textos sobre impressões 3D com tros portais que só tem conte- Thingiverse (https://www.thin-
o terceiro texto da série, serão údo a venda, então há modelos giverse.com/thing:3263492)
quatro no total. Nesse texto, o de todos os tipos e gostos. Exis-
objetivo é mostrar um pouco do te um site chamado Thangs (ht- Fatiamento
processo que vai da escolha da tps://thangs.com) que pode ser Essa é a parte mais importante
peça ao término da impressão. muito útil porque ele é um bus- do processo de imprimir uma
cador de modelos, sua função é peça, é nesse momento que
Escolha da peça ajudar os usuários a encontrar os iniciantes na impressão 3D
Existem vários portais que dis- os modelos desejados pesqui- mais sofrem e se frustram, a
ponibilizam modelos 3D gra- sando diretamente em muitos ponto de muitos desistirem da
tuitos, portais como o Thingi- portais diferentes, o que pode impressão 3D.
verse, MyMiniFactory, Cults3D facilitar bastante para o usuá-
e Prusa Printers são os mais po- rio não ter que ficar buscando Hoje em dia, há vários canais
pulares e com o maior núme- seus modelos em cada portal. muito bons no Youtube com ví-

33
fatiadores diferentes, mas os
3 mais usados são: Simplify3D
(pago), Ultimaker Cura e Prusa
Slicer (ambos gratuitos). Exis-
tem vários outros, mas a maio-
ria são fatiadores mais simplifi-
cados, com menos parâmetros
para configurar. Esse pode até
ser um caminho mais fácil para
aprender o básico da impressão
3D e conforme vai melhoran-
do sua habilidade, passe a usar
fatiadores que lhe permitam
Imagem 1: Print da página no portal Thingiverse trabalhar as configurações de
do modelo que escolhi para imprimir.
mais parâmetros. O Ultimaker
Cura (ou popularmente Cura) é
o mais completo na atualidade.

Basicamente o fatiador vai pe-


gar o modelo virtual 3D e de
acordo com as suas configura-
ções de impressão, vai fatiar a
Imagem 2: Um resumo do processo da escolha de um peça em camadas horizontais
modelo até a peça finalizada. Fonte: mousta.com.br e vai dizer para a impressora
como imprimir camada por ca-
deos ensinando o básico da Im- habilidades na configuração mada.
pressão 3D. Também há vários das impressões.
cursos gratuitos e pagos para Existem muitos parâmetros
ter acesso as videoaulas, tudo Em um software chamado de a serem configurados para re-
isso ajuda muito, entretanto, Fatiador você importa o mode- alizar uma impressão e a difi-
não existe ganho de experiên- lo 3D escolhido e irá configurar culdade para alguém que seja
cia melhor do que imprimindo as características de impressão iniciante na impressão 3D é
o máximo de coisas possíveis, que você quer e posteriormen- configurar esses parâmetros.
descobrindo os limites de sua te mandar o código gerado para Aos poucos, com a experiência,
impressora e melhorando suas a impressora. Existem vários o usuário vai aprendendo me-

34
de espessura, quanto menor a
altura de camada, maior a reso-
lução de impressão, ou seja, me-
lhor a qualidade da impressão
porque as peças terão menos as
marcas características do pro-
cesso da impressão 3D que são
as linhas das camadas.

Imagem 3: Print da tela do Prusa Slicer mostrando as


configurações de impressão relacionadas somente aos
parâmetros da camada de impressão e perímetros.

lhor sobre as características da mes diferentes nos diferentes Imagem 4: Detalhes


sua impressora e das peças que fatiadores, então apresento os da superfície de
quer imprimir, desenvolvendo principais (destaco que mesmo algumas impressões 3D
mostrando a diferença
uma configuração básica (até dentre esses principais, tem na superfície de acordo
mais de uma) onde você muda sub configurações que podem com a altura de camada.
Na esquerda, a peça
poucos parâmetros a cada im- melhorar as configurações foi impressa com uma
pressão que vai fazer. principais): altura de camada mais
baixa e a peça da
direita, com uma altura
São muitos parâmetros confi- z Altura de camada: nor- de camada mais alta.
guráveis e eles podem ter no- malmente varia de 0,1 a 0,3 mm Fonte: mousta.com.br

35
z Preenchimento: o mate- ticais, você pode escolher quan- -configurações de velocidade
rial que vai dentro da peça, na tas quer, mas cada parede terá a para situações muito específi-
maioria das vezes é necessário espessura do tamanho da aber- cas, como a velocidade de im-
para suportar a impressão no tura do bico de impressão, que pressão das paredes verticais,
topo da peça. É dado em por- normalmente é de 0,4 mm, as paredes interna e a externa,
centagem e quanto maior a com isso, você define a largura velocidade do preenchimento,
porcentagem, mais material total que a parede vertical (la- velocidade do suporte, a veloci-
vai dentro da peça, tornando-a terais da peça) deve ter (de pre- dade de movimentação da ca-
mais forte, entretanto, aumen- ferência um valor múltiplo do beça de impressão etc.
tando o tempo de impressão e diâmetro do bico). Só para dei-
a quantidade de material (fila- xar claro que existem bicos de z Temperatura de Impres-
mento) usado. impressão de abertura de ta- são: É um dos parâmetros
manhos diferentes, tanto para mais básicos, mas também um
menos de 0,4 mm quanto para dos mais importantes. Como o
mais do que isso, mas toda im- processo de impressão 3D de
pressora 3D normalmente vem impressoras que usam filamen-
com um bico de 0,4 mm de to plástico é derreter esse ma-
abertura, por isso é de longe o terial e extrusar ele pelo bico
tamanho mais comum. de impressão, cada tipo de fila-
mento tem as suas característi-
z Velocidade: A velocidade é cas físicas, até mesmo tem dife-
o parâmetro que mais influên- renças entre marcas do mesmo
Imagem 5: Conjunto de
peças impressas mostrando a cia na configuração dos demais tipo de filamento), por isso cada
diferença entre os percentuais parâmetros, especialmente na tipo de filamento tem tempera-
de preenchimento das peças. temperatura, retração e altu- turas de impressão diferentes.
Fonte: oaloo.com.br
ra de camada. Na minha opi- Esse parâmetro está muito li-
z Espessura de camadas nião é o parâmetro mais difí- gado à velocidade e altura de
(fundo, topo e paredes ver- cil de aprender a configurar, camada. Por exemplo, se você
ticais): Sobre as camadas do mas com o tempo é possível estiver imprimindo com uma
fundo e no topo das peças, encontrar uma velocidade que altura de camada menor, uma
apesar de você poder escolher seja compatível com a sua im- temperatura alta pode piorar a
quantas camadas você quer, a pressora (do que ela é capaz) qualidade de impressão e se a
espessura de cada camada é a imprimindo peças com quali- altura de camada for mais alta,
mesma indicada na Altura de dade. Assim como outros pa- você precisa de mais tempe-
Camada. Sobre as paredes ver- râmetros, existem muitas sub- ratura para não ter problema

36
com o fluxo de filamento ex- tipo de substância para aumen- a imprimir em cima de onde
trusado. Com relação à veloci- tar a aderência da peça à mesa já imprimiu naquela camada,
dade é a mesma coisa, se a ve- de impressão. Particularmente mas como a temperatura do
locidade de impressão é lenta, eu uso spray para cabelo, mas bico continua alta, o filamento
o fluxo de filamento extrusado pode ser usado cola em bastão e que está no bico derrete e escor-
não é muito e você pode baixar até mesmo já existem produtos re no que já foi impresso e isso
alguns graus a temperatura de específicos desenvolvidos para piora muito a qualidade da im-
extrusão, mas se a velocidade a impressão 3D que aumentam pressão, então na maioria das
de impressão for alta, deman- a aderência das peças na mesa. vezes, quando a cabeça de im-
dando um alto fluxo de mate- pressão só vai se mover para
rial a ser extrusado, é necessá- z Retração: Enquanto a im- outro lugar sem imprimir, é
rio uma temperatura maior do pressora está imprimindo, o fi- preciso recolher um pouco o
bico de extrusão. lamento está sendo empurra- filamento e depois empurrá-lo
do pela extrusora em direção de volta. O tanto que ele reco-
z Temperatura da mesa de ao bico de impressão. Como a lhe é a retração e esse parâme-
Impressão: A função de uma temperatura nele é muito alta tro depende muito do tipo de
mesa aquecida é gerar uma (entre 200º e 250ºC dependen- impressora e dos parâmetros
aderência entre a mesa de im- do do material), ele derrete o velocidade e temperatura de
pressão e a peça sendo impres- filamento que assim consegue impressão.
sa. Para cada tipo de material, passar pelo bico bem mais es-
há uma temperatura adequa- treito que o diâmetro do fila- Suporte
da para que essa aderência se mento (1,75 mm). Durante o Esse não é um parâmetro bási-
mantenha enquanto a peça funcionamento da impresso- co de impressão, mas sim com
está sendo impressa, por isso ra, quando a cabeça de impres- relação à peça que você quer
é um dos parâmetros mais im- são precisa se mover para outro imprimir, então depende do
portantes, apesar de ser sim- lugar, ela não pode continuar usuário olhar a peça no fatia-
ples. Destacamos que uma peça
pode ser impressa em uma
mesa de impressão que não
seja aquecida, mas nesse caso,
é necessário usar certos produ-
tos para que a peça permaneça
colada na mesa de impressão.
Mesmo para uma mesa aqueci- Imagem 6: Peças cuja parte externa estão inclinadas para fora,
da, é conveniente usar algum mostrando o ângulo do overhang e a necessidade de suportes.
Fonte: mahadecor.com.br

37
dor e detectar a necessidade ou ainda é um dano. Observe atentamente na ima-
não de usar suportes. Existem gem 7 os braços do cristo re-
2 situações na qual os suportes A segunda situação é quando dentor. Se não houvesse os su-
são necessários, para entendê- em uma determinada camada portes, eles começariam a ser
-las, voltamos ao princípio bá- a impressora começaria a im- impressos no ar e assim a im-
sico da Impressão 3D que é a primir no vazio onde não tem pressão da peça ficaria compro-
manufatura aditiva, o fatiador nada impresso abaixo. Nessa si- metida.
divide a peça em camadas e ca- tuação, o material extrusado
mada por camada a impressora não teria um apoio e acabaria Conforme você vai adquirin-
vai imprimindo a peça. pendurado em uma forma to- do experiência na impressão
talmente fora do que deveria 3D, o usuário vai aprendendo
A primeira situação é quando a ficar quando impresso. Para a configurar melhor os supor-
parte externa da peça tem uma evitar isso, é necessário que os tes e detectar melhor quando
inclinação para fora muito alta suportes sejam impresso logo é necessário e como configurá-
em relação à vertical, chama- abaixo dessa região para dar su- -los. Essas configurações tam-
mos esse ângulo de Overhang. porte aquela parte da peça que bém dependem da capacidade
Nessa situação, cada camada é começará a ser impressa. da impressora 3D, entender os
impressa um pouquinho des-
locada para fora da camada
anterior, então quanto mais
alto é o overhang, mais deslo-
cada é impressa a camada de
cima. Se essa inclinação é mui-
to alta, prejudica a qualidade
da impressão porque essa par-
te externa da peça ficará defor-
mada, para evitar isso, é neces-
sário o uso de suportes.

Destacamos que o próprio su-


porte em uma determinada re-
gião da peça ainda causa um
dano na superfície dela, um
Imagem 7: Um modelo do Cristo Redentor no
dano muito menor que tentar software fatiador mostrando onde serão impressos
imprimir sem suporte, mas os suportes. Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com

38
limites do que a sua impresso- rência da peça na mesa duran- delo em 2 partes, que tem que
ra consegue imprimir bem ou te a impressão, especialmente ser coladas após o término da
não é algo fundamental para se a impressão chegasse na par- impressão.
aprender para dominar a im- te do meio da peça. Outro pro-
pressão 3D. blema é que na metade inferior Nessa configuração a impres-
da peça, o ângulo em relação à são é bem mais rápida e a qua-
Vamos ao que interessa vertical (overhang) é alto, por- lidade da superfície será bem
Como já indicamos anterior- tanto, é necessário o uso de su- melhor. Dividido em 2 partes
mente, a peça a ser impressa é portes, que gastaria mais ma- e sem suportes, o tempo total
um modelo do Asteroide Ben- terial, levaria bem mais tempo de impressão indicado pelo
nu. Vamos importar o modelo de impressão e a superfície da software é de aproximadamen-
no fatiador Prusa Slicer. peça que seria impressa em te 8 horas e 8 minutos e usará
cima dos suportes ficaria ruim, 41,86 metros de filamento. Se
Observem na Imagem 8 o mo- diminuindo muito a qualidade fosse imprimir com o modelo
delo do Bennu. A área de conta- final da peça impressa. em uma única parte e usando
to do modelo com a mesa de im- suportes, o tempo de impres-
pressão é bem pequena, o que Uma solução é cortar a peça são seria de aproximadamente
levaria a ter problemas de ade- pela metade e imprimir o mo- 11 horas e 16 minutos usando

Imagem 8: Modelo do Asteroide Bennu no software Prusa Slicer.

39
Imagem 9: Modelo do Asteroide Bennu dividido em 2 partes no software Prusa Slicer.

50,42 metros de filamento. trabalhar nela para deixá-la fi- lar as 2 partes e nem sempre é
nalizada. Para nosso caso do as- tarefa fácil, como é o caso desse
Agora é fazer com que o Prusa teroide Bennu, nós o cortamos modelo. Como a superfície da
Slicer exporte o arquivo no for- em 2 partes para facilitar a im- peça é irregular, acertar a co-
mato que a impressora consiga pressão, então é necessário co- lagem para que as duas partes
ler e reproduzir os passos indi-
cados para imprimir o modelo.

As próximas imagens mostra-


rão alguns momentos enquan-
to a impressora trabalha impri-
mindo o modelo do asteroide
Bennu.

Depois que a impressão é fina-


lizada é hora da pós-impressão,
ou seja, se a peça não está to- Imagens 10 e 11: A primeira imagem mostra um momento
intermediário durante a impressão do modelo do Asteroide
talmente pronta, é necessário Bennu e a segunda imagem mostra o término da impressão.

40
não fiquem desalinhadas é um cor marrom, mas é brilhante, texto muito longo, meu obje-
pouco difícil, mas com paciên- o que na minha opinião não fi- tivo foi mostrar um pouco do
cia e analisando a situação, é cou legal na peça, mas pelo me- processo que é imprimir uma
possível conseguir fazer bem- nos é melhor que o preto, que peça, da escolha do modelo à
-feito. Para esse tipo de situa- era a cor original do filamento. peça finalizada. Obviamente
ção, de colar peças cuja superfí- seria mais fácil fazer um vídeo
cie é irregular, recomendamos Percebam que no meio da peça sobre isso em vez de escrever
usar uma supercola daquelas fica a linha da junção das 2 par- um texto, entretanto, eu espe-
que não cola imediatamente tes, isso é algo que é virtual- ro que você tenha conseguido
(de preferência as que demo- mente impossível de eliminar compreender um pouco desse
rem um tempo em torno de 60 em uma peça. O que eu quero processo e quem sabe se inte-
segundos para secar), assim, é mostrar aqui é que o usuário, ressar mais por esse fantástico
possível ir ajeitando a posição aquele que está configurando a mundo da impressão 3D.
das partes para fazer um bom impressão, ele precisa ver o mo-
alinhamento delas. delo e prever as coisas que po- Nos vemos na próxima edição
dem acontecer na peça que será da Revista Astronova onde será
Para o asteroide Bennu, seria impressa. Quando eu comentei publicado o quarto e último
melhor usar um filamento na sobre os suportes, eu falei que texto da série, onde vamos dis-
cor marrom escuro e de prefe- eles causariam um dano em cutir um pouco sobre o poten-
rência fosco, porque assim era uma grande área da superfície cial das peças impressas 3D na
só colar as 2 partes e o asteroide na parte inferior da peça e que, Educação.
estaria pronto, mas como não para economizar filamento, di-
tenho um filamento nessa cor, minuir o tempo de impressão e Para saber mais
então foi necessário pintá-lo. manter a qualidade da superfí- - O mundo da impressão
Eu tenho uma tinta spray na cie intacta, eu decidi imprimir 3D: Aplicações. Revista
Astronova, nº31.
o modelo dividido em 2 partes,
ou seja, eu escolhi ter uma peça - O mundo da Impressão 3D:
Impressoras 3D e filamentos.
com essa divisão no meio dela Revista Astronova, nº 32.
em vez de ter uma impressão
que teria uma grande área da-
Ricardo Francisco Pereira
nificada, o que também deixa-
é professor do Departamento
ria a pintura mais feia. de Física da UEM. Graduado
em Física, é mestre e doutor
em Educação para a Ciência
Se você leitor chegou até aqui, e Matemática. Mantém a
Imagem 12: Modelo impresso
do Asteroide Bennu. meus parabéns e desculpa pelo página Recursos de Física.

41
Cometa C/2021 A1 (Leonard)
Astrofotógrafo: Ricardo Francisco Pereira
Pós-processamento: Adriane Casteleira
25 de dezembro de 2021, Maringá - PR

42
QUÃO ESCURO É O SEU CÉU?
Escala de Bortle
Criada pelo astrônomo ama-
dor John E. Bortle, e publicada em
2001 na revista Sky and Telesco-
pe, a escala classifica o céu notur-
no, qualificando em 9 níveis a ob-
servabilidade não instrumentada
em relação à interferência causa-
da pela poluição luminosa, sen-
do 1 para os céus mais limpos, li-
vres de poluição luminosa, e 9 pa-
ra céus de grandes cidades.
Os sites abaixo possuem ma-
pa interativo, baseados na Esca-
la de Bortle, que avaliam em tem-
po real as condições do céu do
Orion e Cão Maior
mundo todo em relação à polui-
ção luminosa:
• www.lightpollutionmap.info
• www.cleardarksky.com
Saiba mais:
- skyandtelescope.org/observing/how-
-dark-is-your-night-sky/
- Revisa AstroNova ed.08. - pg. 11

Em passeio turístico, Maria-


na Tasso Candido de Lima regis-
trou o céu de Cabo Polonio, no
Uruguai, onde, segundo a Esca-
la de Bortle, é de classe 2, mu-
nida apenas de seu aparelho ce-
lular e sem conhecimento básico
sobre astrofotografia, pôde cap-
Cruzeiro do Sul e Carina turar o Cruzeiro do Sul e a nebulo-
sa escura Saco de Carvão, região
Registro por: Mariana Tasso Candido de Lima de Eta Carinae e estrelas de al-
Foto: Celular iPhone 12 / Tempo de exposição: 3s ta magnitude, como as que com-
Local: Cabo Polonio - Uruguai põem a constelação de Monoce-
janeiro/2022 ros (Unicórnio), próxima de Órion.

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Você também pode gostar