Você está na página 1de 11

52

Figura 5.6 – Traço do ângulo simétrico CASO II

Fonte: Arquivo Pessoal

b
Como a soma dos âgulos internos do ∆ABE é igual a 180◦ concluímos que C BE=
60° e ao traçarmos CE temos que ∆BEC é equilátero, logo B CE b ≡ B EC=b 60°. Em
consequência CE ≡ BC ≡ AB = 3 cm. Analisando ∆CDE, ocorre que DEC= b 60° - 7° =
b
53° e DCE= 30°+ 60°= 90°. Desta forma, ∆DCE é um triângulo retângulo notável com
ângulos aproximados de 37° e 53°, diante disso, CE= 3 cm e CD= 4 cm.

5.4 QUADRILÁTEROS CÔNCAVOS ESPECIAIS

Existe alguns quadriláteros côncavos que apresentam características e propriedades


que os diferenciam dos demais côncavos. Essas relações podem envolver três dos seus
lados e seus ângulos internos respectivamente. O frequente uso desses quadriláteros como
ferramenta na resolução de problemas de geometria plana, os fazem receber o nome de
quadriláteros côncavos especiais. A seguir, alguns desses quadriláteros e suas propriedades.

PRIMEIRO CASO DE QUADRILÁTEROS CÔNCAVOS ESPECIAIS

Teorema 13. Em todo quadrilátero côncavo especial M N OP no qual M N ≡ M P ≡ P O


b = φ e NM
com P ON c P = 2φ resulta que M N
cO = 120◦ − φ.

Conforme Figura 5.7.


53

Figura 5.7 – Primeiro caso de quadriláteros côncavos especiais

Fonte: Arquivo Pessoal

Demonstração: De fato, usando traços auxiliares podemos traçar o segmento N P , ob-


tendo como consequência ∆M N P isósceles de base N P . Além disso, teremos M N cP =

M Pb N = 90◦ − φ. Traçando no ∆M N P a bissetriz do N M


c P = 2φ , temos simultaneamente

a altura e mediana desse triângulo, com Q sendo o ponto médio de N P , obtendo assim,
∆M N Q ≡ ∆M P Q, com isso N Q ≡ QP . No ∆N OP traçando a altura P R relativa ao
lado N O surgem os triângulos ∆P RO ≡ ∆M N Q ≡ ∆M QP pelo caso (ALA), conforme a
Figura 5.8 abaixo:

Figura 5.8 – Primeiro caso de quadriláteros côncavos especiais

Fonte: Arquivo Pessoal

Em consequência de ∆P RO ≡ ∆M N Q ≡ ∆M QP , temos que N Q ≡ QP ≡ P R = k. Note


cR = 30◦ . Desta forma,
que ∆N P R é um triângulo retângulo notável 30° e 60°, com P N
cO = M N
temos que M N cP + O NcP = (90◦ − φ) + 30◦ = 120◦ − φ. 

SEGUNDO CASO DE QUADRILÁTEROS CÔNCAVOS ESPECIAIS

Teorema 14. Em todo quadrilátero côncavo especial M N OP , no qual M P ≡ M N ≡ N O


b = φ e NM
com P ON c P = 2φ resulta que M NcO = 120◦ − 2φ.

Conforme Figura 5.9


54

Figura 5.9 – Segundo caso de quadriláteros côncavos especiais

Fonte: Arquivo Pessoal

Demonstração: Traçando o segmento N P , observa-se ∆M N P isósceles de base N P


e MN cP ≡ M Pb N = 90◦ − φ. Tomando um ponto Q ∈ N P tal que M Q seja bissetriz de

NM c P , temos o triângulo retângulo ∆N M Q ≡ ∆P M Q pelo caso (LAL), logo N Q ≡ P Q.

Prolongando OP no sentido de P até um ponto R tal que N R⊥OR e traçando N R que


é a altura do ∆OP N , com isso, ∆N OR ≡ ∆M P Q pelo caso (ALA), em consequência
temos P Q ≡ N R = k. Conforme a Figura 5.10

Figura 5.10 – Segundo caso de quadriláteros côncavos especiais

Fonte: Arquivo Pessoal

Ao analisar o ∆N P R, nota-se um triângulo retângulo notável 30° e 60°, sendo possível


deduzir que o ângulo N Pb R = 30◦ . Agora, note que o ângulo N Pb R = 30◦ é externo
ao ∆N P O, pelo teorema do ângulo externo ocorre que P N cO = 30◦ − φ. Diante disso,
cO = M N
concluímos que M N cP + O N cP = (90◦ − φ) + (30◦ − φ) = 120◦ − 2φ. 

5.5 APLICAÇÕES

No capítulo 4 e posteriormente nas seções 5.3 e 5.4 do capítulo 5, discutimos os


principais critérios norteadores na construção de traços auxiliares em figuras geométricas
planas. Nesta seção, damos prosseguimento no estudo de traços auxiliares com aplicações
55

em problemas que visam obter medida de ângulo, comprimentos de segmento ou áreas de


uma região. Diante disso, vejamos algumas aplicações.

cL em graus.
Problema 1: No triângulo ∆KLM abaixo, KL ≡ M N , calcule o valor de K N

Figura 5.11 – Problema 1

Fonte: Arquivo Pessoal

cK= 3β pois é externo ao ∆KM N . Além


Solução: Analisando o ∆KN M , ocorre que LN
disso, N Mc K = 2N KM
c e tomando um ponto O ∈ KM podemos traçar uma ceviana N O
interna ao ∆KM N tal que N OMb = 2β. Daí, concluímos que ∆KON e ∆M N O são
isósceles, com M N ≡ N O ≡ KO.

Figura 5.12 – Solução do Problema 1

Fonte: Arquivo Pessoal

Refletindo o ∆KON no interior do ∆KLN com o objetivo de encontrar um quadri-


látero côncavo especial LKP N . Observe que a figura KP N L é um quadrilátero côn-
cavo especial do primeiro caso, pois LK ≡ KP ≡ P N e P KL c = 2P NcL = 4β daí con-

cluímos que K LNb = 120°- 2β. Logo, somando os ângulos internos do ∆KLM obtemos:
cL = 3β = 3 · 10◦ = 30◦ .
(120◦ − 2β) + 2β + 6β = 180◦ ⇒ 6β = 60◦ ⇒ β = 10◦ . Desta forma K N

Problema 2: Encontre o perímetro do ∆V W X na Figura 5.13 abaixo, sabendo-se que


V W ≡ W Y e V Y ≡ W X= 10 cm.
56

Figura 5.13 – Problema 2

Fonte: Arquivo Pessoal

Solução: Observe que o ∆V W Y é isósceles de base V Y e W Vb Y ≡ V Yb W = 3 φ, pois


V Yb W é ângulo externo de ∆XY W . Como W X ≡ V Y , pode-se buscar no interior do
∆V W Y um quadriláteros côncavo especial. Construindo o ∆V T Y ≡ ∆XY W , conforme a
Figura 5.14 abaixo:

Figura 5.14 – Solução do Problema 2

Fonte: Arquivo Pessoal

Percebemos que V T Y W é um quadrilátero côncavo especial do segundo caso, pois V W ≡


W Y ≡ Y T e W Yb T = 2W Vb T = 2φ em consequência Y W c V = 120°- 2φ. Diante disso,

somando os ângulos internos de ∆V W X, obtemos; (120◦ − 2φ) + φ + 2φ + 3φ = 180◦ ⇒


4φ = 60◦ ⇒ φ = 15◦ . Desta forma, W Vb Y = 45° e W XV
c = 30°. Ao traçar a altura W P

do ∆W V Y temos que ∆W P X é triângulo retângulo notável 30° e 60°, como W X = 10



cm, obtemos W P = 5 cm e P X = 5 3 cm. Por outro lado, ∆V P W é triângulo retângulo

notável 45° e 45° e como W P = 5 cm, concluímos que V W = 5 2 cm e V P = 5 cm. Com
√ √
isso, o perímetro do ∆V W X será: V W + W X+ XP + P V = 5 2 + 10 + 5 3 + 5 =
√ √
[15 + 5( 2 + 3)] cm.
57

Problemas 3: No quadrilátero abaixo, temos que M N ≡ N O e M P ≡ N P . Encontre o


b .
valor de M ON
Figura 5.15 – Problema 3

Fonte: Arquivo Pessoal

Solução: Analisando o ∆N P O temos que N OPb = 30°. Logo, tomando o ponto Q externo

ao quadrilátero M N P O conforme Figura 5.16, de modo que QN ≡ N O ≡ OQ obtemos o


∆N OQ equilátero.

Figura 5.16 – Solução do Problema 3

Fonte: Arquivo Pessoal

No ∆M N P isósceles de base M N tem que N McP ≡ P N


cM = 7x. Ao traçar P Q obtemos

P Q ≡ N P tendo como consequência ∆N P Q ≡ ∆M N P pelo caso (LLL) e com isso,


PNcQ ≡ P QN
b ≡ NM c P = 7x. No ∆N OQ equilátero temos QN cO = (3x + 7x) = 10x
cO = 4x = 4 · 6◦ = 24°. No ∆M N O isósceles
= 60°, ou seja, x = 6°. Diante disso, M N
58

b +N M
de base M O a soma dos seus ângulos internos será 24° + N OM c O = 180°. Como
b
N OM ≡ NM c O tem que 24° + 2(N OM
b ) = 180°, ou seja, 2(N OM
b ) = 156◦ ⇒ N OM
b = 78◦ .

Observação 15. Apesar dos pontos M, P e Q parecerem ser colineares devido à construção,
eles não são, pois caso fossem implicaria que o ângulo N Pb M seria externo ao ∆N QP o que
nos daria N Pb M = 14x e soma dos ângulos internos do ∆N M P seria 7x + 3x + 4x + 14x =

180◦ ⇒ x = 457 ≈ 6◦ 42′ .

Problema 4: Calcule a área do quadrilátero ABCD abaixo, sabendo-se que AB ≡ CD e



BC = 6 2 cm.
Figura 5.17 – Problema 4

Fonte: Arquivo Pessoal

Solução: Obsevando no ∆ABD que B ADb = 2 · ADB


c e traçando BE com E ∈ AD tal
b = 30°.
que BE ≡ AB ⇒ BE ≡ ED o que nos diz que ∆ABE isósceles de base AE ⇒ AEB
b
No ∆BDE temos que AEB= b + E DB
E BD c ⇒ 30◦ = E BD
b + 15° ⇒ E BD b = 15° então

Figura 5.18 – Solução do Problema 4

Fonte: Arquivo Pessoal

BE ≡ ED ⇒ ADC c = 60◦ e ED ≡ CD e agora traçando EC temos que ∆CDE é equilátero.


b = 90° o que implica que o ∆BCE é retângulo isósceles de ângulos agudos
Note que B EC

de 45° com a hipotenusa BC = 6 2 cm ⇒ AB ≡ BE ≡ EC ≡ CD ≡ DE = 6 cm. Traçando
no ∆ABE a altura BH obtemos o ∆ABH retângulo notável 30° e 60°, onde BH = 3 cm
59


e AH = 3 3 cm. Perceba que o ∆ABE é isósceles de base AE e BH é a altura e mediana,
√ √ √ √
daí temos que AH ≡ HE = 3 3 cm. Além disso, AE = AH + HE = 3 3 + 3 3 = 6 3

cm. Traçando a altura CP do ∆CDE temos que CP = 3 3 cm. Como a área A de
b·h
um triângulo pode ser calculada pela fórmula A = onde b e h são respectivamente
2
sua base e sua altura. Decompondo a área do quadrilátero ABCD como sendo a soma
das áreas dos triângulos ABE, CDE e BCE e denotando as suas respectivas áreas como
sendo√[ABCD],
!
[ABE],
√ ! [CDE] e [BCE] então [ABCD] = [ABE] + [CDE] + [BCE] =
  √ √ √
3·6 3 6·3 3 6·6
+ + = 9 3 + 9 3 + 18 = 18(1 + 3) cm2 .
2 2 2

Problema 5: Considere ∆ABC tal que os pontos D, E ∈ AC e a mediana BE do ∆ABD


√ b = 2C BDb b = 3C BD.b
mede 3 2 cm, AD ≡ BC, B CA e B AC Calcule a área do ∆ABD.

Solução: Esboçando o ∆ABC conforme o enunciado e analisando-o temos que AD ≡ BC.


c = 3θ pois é externo ao ∆BCD. Tomando o ponto G interno ao ∆ABD
Além disso, ADB
tal que AG ≡ BD e GD ≡ DC, o que implica que ∆ADG ≡ ∆BCD pelo caso (LLL), logo
GADb = θ e GDA
c = 2θ.

Figura 5.19 – Solução do Problema 5

Fonte: Arquivo Pessoal

Observando o quadrilátero ABDG resta-se configurado o segundo caso de quadrilátero


b
côncavo especial. Logo, ABD = 120° - 2θ, assim, a soma dos ângulos internos do ∆ABC
é dada por 3θ + 2θ + 120◦ − 2θ + θ = 180◦ ⇒ 4θ = 60◦ ⇒ θ = 15◦ . Nota-se no ∆ABD que
b ≡ D EB b = 90◦ ⇒ AE ≡ DE ≡ BE = 3 2

os ∆ABE ≡ ∆BDE pelo caso (LLL) e AEB

cm, com isso, AD = 6 2 cm. Então a área desejada será dada por:
√ √
AD · BE 6 2 · 3 2 36
[ABD] = = = = 18 cm2
2 2 2

Problema 6: Encontre o valor da área do quadrilátero ABCD abaixo, sabendo que AD


= 2BC = 12 cm.
60

Figura 5.20 – Problema 6

Fonte: Arquivo Pessoal

Solução: Analisando ∆ABD e traçando BF tal que F seja o ponto médio de AD. Como
BF é a mediana relativa à hipotenusa do ∆ABD retângulo ocorre que AF ≡ DF ≡ BF = 6
b ≡ F DB
cm, além disso, ∆BF D é isósceles de base BD e F BD c = θ.

Figura 5.21 – Solução do Problema 6

Fonte: Arquivo Pessoal

Diante disso, tomando o ponto K interior ao ∆BCD tal que KB ≡ KD ≡ BF ⇒ ∆BKD ≡


∆BF D pelo caso (LLL) e K BD b ≡ K DBc = θ. Como consequência dessa construção nota-

mos a configuração do primeiro caso de quadrilátero côncavo especial, logo


b = 120° - θ. Desta forma, no ∆BCD temos que, 3θ + 2θ + 120◦ − θ = 180◦ ⇒
B CD
4θ = 60◦ ⇒ θ = 15◦ . Com isso, nota-se que o ∆ABD é um retângulo notável com ângulos
AD 12
de 15° e 75° e por propriedade, sabemos que a altura BH = = = 3 cm. Além disso
4 4
no ∆BCD traçando CP obtemos que o ∆BCP retângulo notável com ângulos agudos
61


de 45° o que implica que BP ≡ CP = 3 2 cm. Por outro lado, o ∆CP D é retângulo

notável com ângulos de 30° e 60°, com P D = 3 6 cm. A área do quadrilátero ABCD será
decomposta como sendo a soma das áreas dos triângulos ABD,√ BCP √ e CP D.
√ Assim,

12 · 3 (3 2) · (3 2) (3 2) · (3 6)
[ABCD] = [ABD]+[BCP ]+[CP D] ⇒ [ABCD] = + + =
√ √ 2 2 2
18 + 9 + 9 3 = (27 + 9 3) cm2 .

c
Problema 7: Calcule o ângulo LKM do triângulo KLM abaixo, sabendo-se que LN ≡
KM .
Figura 5.22 – Problema 7

Fonte: Arquivo Pessoal

Solução: Observando o ∆KLN temos que LKN c = 2K LN b e tomando P ∈ KL tal que


P N ≡ KN segue que o ∆KN P é isósceles e N P K ≡ P KN = 4θ. Como K Pb N = 4θ
b c

é externo ao ∆LP N ocorre que P NcL = 2θ o que nos diz que o ∆LP N é isósceles e

N P ≡ P L. Traçando M N temos que ∆N KM ≡ ∆LP N pelo caso (LAL) e daí concluímos


que LNcP ≡ K Mc N = 2θ.
62

Figura 5.23 – Solução do Problema 7

Fonte: Arquivo Pessoal

Analisando a figura acima, temos que N LM b cM = 10θ e refletindo o ∆N P L


= 6θ e LN
em relação ao segmento LN no interior do ∆N LM surge o ∆N QL ≡ ∆N P L ⇒ N LQ b ≡
cQ = 2θ. Diante disso, como consequência, o quadrilátero LQN M é côncavo especial
LN
do primeiro caso, sendo assim, LM c N = 120° - 4θ. No ∆KLM a soma dos ângulos inter-

nos será: 2θ + 4θ + 2θ + 6θ + 2θ + 120◦ − 4θ = 180◦ ⇒ 12θ = 60◦ ⇒ θ = 5◦ . Desta forma, o


c
LKM = 6θ = 6 · (5◦ ) = 30◦ .

Problema 8: Na figura abaixo, sabendo que KL = 20 cm, N P bissetriz do M Pb Q = 28°


e N o ponto médio de M L. Calcule o perímetro do ∆N P Q.

Figura 5.24 – Problema 8

Fonte: Arquivo Pessoal

Solução: Observando que N P é bissetriz de M Pb Q, temos que N Pb Q ≡ N Pb M = 14°. Além

Você também pode gostar