Você está na página 1de 42

Public Disclosure Authorized

Relatório N.º: AUS15538


.

República de Moçambique
Análise da Urbanização em Moçambique
Aceleração da Urbanização em Apoio à Transformação
Public Disclosure Authorized

Estrutural em Moçambique

.
Junho 2017

.
GSU13
Public Disclosure Authorized

AFRICA
.
Public Disclosure Authorized
Exoneração de Responsabilidade:
.
Este volume é um produto do corpo técnico do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento/Banco
Mundial. As constatações, interpretações e conclusões expressas neste documento não reflectem
necessariamente os pontos de vista dos Directores Executivos do Banco Mundial nem dos governos que
representam. O Banco Mundial não garante a precisão dos dados incluídos neste trabalho. Os limites, cores,
denominações e outras informações apresentadas em qualquer mapa deste documento não implicam nenhum
juízo do Banco Mundial relativamente ao estatuto jurídico de nenhum território nem o endosso ou aceitação dessas
fronteiras.
.
Declaração de Direitos de Autor:
.
O material nesta publicação está protegido por direitos de autor. A cópia e/ou transmissão do todo ou partes deste
trabalho sem autorização pode constituir uma violação da legislação aplicável. O Banco Internacional para a
Reconstrução e Desenvolvimento/Banco Mundial encorajam a divulgação deste trabalho e, geralmente, dão
prontamente autorização à reprodução de partes do mesmo.

Para obter permissão para fotocopiar ou reimprimir este trabalho, por favor envie um pedido com toda a informação
para o Copyright Clearance Centre, Inc., 222 Rosewood Drive, Danvers, MA 01923, EUA, telefone 978-750-8400,
telefax 978-750-4470, http://www.copyright.com/.

Todas as outras consultas sobre direitos e licenças, incluindo direitos subsidiários, devem ser dirigidos a Office of
the Publisher, The World Bank, 1818 H Street NW, Washington, DC 20433, EUA, fax 202-522-2422, correio
electrónico pubrights@worldbank.org.

ii
ANÁLISE DA URBANIZAÇÃO EM MOÇAMBIQUE

Aceleração da Urbanização em Apoio à Transformação


Estrutural em Moçambique

Junho de 2017

Moçambique – Country Management Unit


Africa Urban and Resilience Unit
Global Social, Urban, Rural and Resilience

Copyrights

iii
Índice

Índice de Tabelas, Figuras e Caixas ................................................................................................... vi


Lista de Acrónimos ............................................................................................................................. vii
Sumário Executivo ............................................................................................................................... 1
I. A urbanização mais rápida é a chave do crescimento económico de base alargada em
Moçambique.......................................................................................................................................... 2
A urbanização, desde que bem gerida, pode acelerar o crescimento económico, a redução
da pobreza e a mudança estrutural. ......................................................................................... 2
O financiamento da urbanização mais rápida não deve acontecer à custa de investimentos
no desenvolvimento rural ou na agricultura – as cidades e vilas precisam reforçar a
mobilização da receita interna. ............................................................................................... 10
II. Principais constrangimentos que limitam a urbanização mais rápida: Empregos,
Conectividade e Habitação ................................................................................................................ 12
Criação de empregos insuficiente nas áreas urbanas ............................................................. 12
Conectividade inter-regional limitada em Moçambique ........................................................ 15
Mercados de terra disfuncionais ............................................................................................. 25
III. Uma Agenda Nacional Emergente de Reforma Urbana .................................................... 29
Reforço das ligações rural-urbano, incluindo reforma das finanças urbanas, reforço do
comércio e fluxos de deslocação............................................................................................. 29
Tornar os Sistemas Fundiários Urbanos Mais Equitativos e Eficientes ................................... 29
Aprofundamento da descentralização para proporcionar mais receitas aos municípios para
planificação urbana e mobilização interna de recursos. ......................................................... 32
Referências .......................................................................................................................................... 35
Notas ................................................................................................................................................. 41

iv
Agradecimentos

Este estudo foi elaborado por uma equipa liderada por André Herzog (Especialista Urbano Sénior
– Chefe do Grupo de Trabalho) e incluiu Somik Lall (Economista Urbano Principal – co-Chefe do
Grupo de Trabalho). A equipa incluiu ainda Harris Selod (Economista Sénior), Hannah Kim
(Jovem Professional), Tito Yepes (Economista/Consultor Urbano), Juliana Aguilar
(Economista/Consultora Urbana), Louis Helling (Perito/Consultor em Desenvolvimento
Institucional), Henry Cherkezian (Perito/Consultor em Terra e Habitação), Paul Dorosh, Emily
Schmidt, James Thurlow e Adeline Yeh (International Food Policy Research Institute).

A nota conceptual e a versão preliminar do relatório foram substancialmente enriquecidas com a


revisão por pares prestada por Julio Revilla (Chefe de Programa); Peter Ellis (Economista Urbano
Principal), Nancy Lozano Gracia (Economista Sénior), Hyoung Gun Wang (Economista Sénior),
e Shireen Mahdi (Economista Sénior).

O relatório foi elaborado sob a orientação geral de Sameh Wahba (Director de Desenvolvimento
Urbano e Territorial) e Bernice Von Bronkhorst (Gerente Sectorial Urbana e DRM para África).
A equipa recebeu ainda a valiosa orientação de Mark Lundell (Director Nacional para
Moçambique, Comores, Madagáscar, Maurícias e Seychelles) e de Mark Austin (Chefe de
Programa).

A Análise de Urbanização de Moçambique beneficiou grandemente com a colaboração de


representantes do Governo de Moçambique, incluindo do Ministério de Economia e Finanças,
Ministério da Administração Estatal e Função Pública, e da Unidade de Planificação do
Desenvolvimento Espacial do Ministério dos Transportes e Comunicações. A equipa está ainda
grata aos parceiros de desenvolvimento do Grupo de Coordenação dos Parceiros de
Desenvolvimento pelos contributos prestados durante a elaboração do estudo.

O relatório final foi dividido em dois volumes: Volume I – Relatório Principal e Volume II –
Artigos de Fundo. O Relatório Principal (Volume I) foi redigido por André Herzog, Somik Lall e
Hannah Kim. O Volume II compreende cinco artigos de fundo e será publicado separadamente.
Juliana Aguilar, André Herzog e Tito Yepes elaboraram o artigo ‘Determinantes da Urbanização’.
Paul Dorosh, Emily Schmidt, James Thurlow, Adeline Yeh e Somik Lall elaboraram o artigo
‘Urbanização, Ligações Rural-Urbano e Desenvolvimento Económico’. Tito Yepes e Somik Lall
elaboraram o artigo ‘Sistema de Cidades de Moçambique’. Louis Helling, André Herzog e Hannah
Kim elaboraram o artigo ‘Políticas de Descentralização e Quadro Institucional’. Harris Selod,
André Herzog, Hannah Kim e Henry Cherkezian elaboraram o artigo ‘Os Desafios do Acesso à
Terra nas Cidades de Moçambique’. A equipa está grata a Bruce Ross-Larson e Mike Crumplar,
da Communication Development, que editaram o relatório.

v
Índice de Tabelas, Figuras e Caixas

Tabela 1.1 Características das cidades, vilas e economia rural, 2012


Tabela 2.1 As áreas urbanas não têm um prémio de produtividade
Tabela 2.2 A rede rodoviária secundária e terciária precisa ser mais bem mantida (km)
Tabela 2.3 Percentagem de agregados familiares com acesso a serviços básicos e com pisos
acabados

Figura 1.1. Pessoas e actividades económicas estão concentradas nas áreas urbanas
Figura 1.2. A urbanização está associada a uma redução significativa da pobreza
Figura 1.3. Taxas naturais de crescimento em Moçambique, mais elevadas que em África e
outras regiões
Figura 1.4. Resultados de crescimento e bem-estar num cenário de Urbanização mais Rápida
Figura 1.5. Mudança estrutural no cenário de Urbanização mais Rápida, 2012-2032
Figura 1.6. Moçambique pode reforçar as ligações comerciais com mercados internacionais para
promover as economias de aglomeração
Figura 2.1 O emprego está concentrado em sectores não comerciáveis
Figura 2.2 Os preços nas áreas urbanas são mas elevados que nas áreas rurais, especialmente em
Maputo
Figura 2.3 Estradas secundárias e terciárias nas áreas interiores estão em más condições
Figura 2.4 Uma rede rodoviária secundária e terciária má mantém elevados os preços de
transporte
Figura 2.5 Valor da produção agrícola (US$ milhões)
Figura 2.6 Potencial agrícola (US$ milhões)

Caixa 1 Economias de Aglomeração

vi
Lista de Acrónimos

EGC Equilíbrio Geral Computável


IAF Inquérito aos Agregados Familiares
INE Instituto Nacional de Estatísticas
IOF Inquérito sobre Orçamento Familiar
IFPRI Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (International Food
Policy Research Institute)
IPRA Imposto Predial Autárquico
MAEFP Ministério da Administração Estatal e Função Publica
MEF Ministério de Economia e Finanças
PEUM Plano de Estrutura Urbana Municipal
PGU Plano Geral de Urbanização
PP Plano de Pormenor
PPU Plano Parcial de Urbanização
MSC Matriz Social de Contabilização
SPAM Modelo de Afectação Espacial da Produção (Spatial Production Allocation
Model)
IASISA Imposto Autárquico de SISA

vii
Sumário Executivo

A Análise da Urbanização em Moçambique pretendeu contribuir para a agenda de reforma de


políticas e reforma institucional sobre como capturar todo o potencial da urbanização para
promover o crescimento económico e a redução da pobreza. O estudo realizou análises profundas
do processo de urbanização e foi influenciado por factores nacionais, regionais e internacionais.
Identificou e analisou os constrangimentos institucionais e de políticas-chave para o aumento dos
benefícios económicos da urbanização, incluindo as políticas de natureza económica, de
transportes, terra e descentralização. O estudo concluiu que uma urbanização mais acelerada
poderia aumentar o ritmo de crescimento económico e de redução da pobreza, mas que tal não
deveria ser atingido em detrimento de investimentos em desenvolvimento rural e agricultura.
Contudo, os constrangimentos à criação de empregos urbanos produtivos, a reduzida conectividade
entre todo o sistema de cidades, e a disfunção dos mercados de terra urbanos, prejudicaram os seus
resultados económicos. Com base nas principais constatações, o estudo propôs uma agenda de
reforma urbana nacional para reforçar os benefícios da urbanização em Moçambique, centrada em:
(i) reforço das ligações meio rural-urbano, incluindo reformas nas finanças dos governos locais,
reforço do comércio, transporte, e mobilidade; (ii) tornar os sistemas de terra urbana mais
equitativos e eficientes; e (iii) aprofundar a descentralização para oferecer mais responsabilidades
às autarquias em ordenamento urbano e mobilização de recursos internos.

1
I. A urbanização mais rápida é a chave do crescimento económico
de base alargada em Moçambique

A urbanização, desde que bem gerida, pode acelerar o crescimento económico, a redução
da pobreza e a mudança estrutural.

O crescimento urbano continua a verificar-se em Moçambique, com uma concentração


crescente de pessoas e actividade económica nas áreas urbanas. A Figura 1.1 mostra os “picos”
de actividade económica em torno das maiores cidades, juntamente com menores concentrações
de actividade em torno das vilas e áreas urbanas menores. A indústria e os serviços formais estão
concentrados nas cidades. Este facto reflecte-se nos padrões de consumo dos agregados familiares
urbanos, que incluem mais produtos industriais e serviços. Estes padrões de concentração
económica são coerentes com a experiência global. De facto, em apenas 1,5 por cento da terra a
nível global ocorre metade da produção. Tóquio e Paris concentram mais de 40 e 30 por cento da
actividade económica das nações a que pertencem, em menos de 4 e 2 por cento da terra dos
respectivos países1. O mecanismo subjacente que alimenta os benefícios da densidade económica
são as “económicas de aglomeração”, que reforçam a produtividade através de três mecanismos-
chave: poupança dos custos de transporte, desenvolvimento de mercados de serviços
especializados, e correspondência da mão-de-obra (ver Caixa 1).

Figura 1.1. Pessoas e actividades económicas estão concentradas nas áreas urbanas

Moçambique
Milhões de US$ por km2
Alto: 59

Baixo: 0

1Kochendorfer-Lucius, Gudrun, e Boris Pleskovic, eds. 2009. Spatial Disparities and Development Policy. Berlin Workshop Series
2009. Washington, DC: Banco Mundial

2
Fonte: Cálculos do Banco Mundial baseados em dados de Ghosh et al, 20102

CAIXA 1. ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO


Ao permitirem as “economias de aglomeração”, as cidades podem ser preponderantes no aumento da produtividade e no fomento da
inovação e da diversificação económica. Motivo subjacente – Densidade. A economia de aglomeração mais básica é a redução dos custos
de transporte de bens. Quando um fornecedor se encontra próximo dos seus clientes, os custos de expedição declinam. No início da década
de 1900, Nova Iorque e Londres eram centros de poder da indústria transformadora, locais onde as fábricas foram localizadas para estarem
próximas dos clientes e da infra-estrutura de transporte. E no final do seculo XIX, quatro quintos dos empregos em Chicago estavam
localizados compactamente num raio de quatro milhas das ruas State e Madison, próximo de onde as pessoas viviam e da infra-estrutura
(Grover e Lall, 2015). Muitos destes benefícios aumentam com a escala. As cidades e vilas mais pequenas não conseguem benefícios tao
grandes como as cidades grandes. A evidência internacional sugere que a elasticidade do rendimento per capita no que toca à população
das cidades é entre 3 e 8 por cento (Rosenthal e Strange, 2003). Cada duplicação da dimensão de uma cidade aumenta a sua produtividade
em 5 por cento.

A densidade e dimensão das cidades pode também criar um mercado de serviços especializados, como apoio jurídico, publicidade,
logística e consultoria de gestão. Estes serviços são cruciais para jovens empresas, que podem assim concentrar-se na sua grande ideia e
competência nuclear, sem terem de se preocupar com funções de apoio. Quanto maior o aglomerado, mais especializados podem ser os
provedores de serviços. Pensemos em Nova Iorque, onde um jovem estilista não precisa de ter um jurista na sua empresa para gerir a
propriedade intelectual e a constituição – pode ligar-se empresas de logística para se conectar a comerciantes em Hong Kong ou unidades
de produção fora de Colombo.

Além disso, as cidades são também fundamentais em fazer corresponder as competências com as oportunidades de emprego, e a densidade
proporciona um mercado laboral “espesso”. De facto, a correspondência de competências virá a ganhar muita importância nos próximos
20 anos, dado que a geração actual de crianças moçambicanas tem um ensino melhor que os seus pais e procuram mais intensamente
empregos que recompensem as suas competências. Tal como muitas crianças indianas cresceram, tornaram-se engenheiros informáticos
nos anos 90 e se mudaram para Bangalore, onde estavam concentradas muitas empresas de software, fazer com que cidades como a Beira
e Maputo floresçam pode ajudar as crianças moçambicanas a encontrarem empregos numa empresa que realmente as queira – e que lhes
pague pelo seu conjunto de competências. De facto, a pesquisa nos Estados Unidos mostra que as cidades onde o número de licenciados
aumenta mais rapidamente oferecem ganhos salariais mais rápidos do que os que conseguem os trabalhadores que vivem em cidades onde
o número de licenciados estagnou (Moretti, 2004). Esta relação é particularmente forte para os trabalhadores com empregos em alta
tecnologia. Cidades bem operantes, que alimentam e atraem competências e permitem as interacções baseadas na densidade, podem ajudar
a geração actual de crianças moçambicanas a alavancarem a sua vantagem urbana.

O desenvolvimento urbano tem sido uma parte importante da transformação estrutural.


Moçambique teve um historial de crescimento económico impressionante que, apesar de algumas
oscilações durantes os anos 2000, resultou numa substancial redução da pobreza. Os trabalhadores
deslocaram-se de uma ocupação na agricultura de baixa produtividade para empregos não
agrícolas de maior produtividade, como o comércio e serviços. Embora muitos dos novos
empregos não agrícolas tenham sido criados em áreas rurais e parte da mudança estrutural positiva
de Moçambique tenha ocorrido no âmbito da economia rural, as áreas urbanas desempenharam
um papel desproporcionadamente importante na promoção do desenvolvimento económico
nacional.
Cidades de Moçambique no cerne económico da economia nacional. Uma matriz social de
contabilização (MSC) nacional foi espacialmente desagregada para comparar a contribuição das
economias rural e urbana. Sendo um quadro coerente de contabilização que capta todo o
rendimento e fluxos de despesa em Moçambique num dado ano, uma MSC é uma base de dados
sobre a economia que inclui todos os sectores e agregados familiares, bem como o governo e as
interacções da economia com o resto do mundo. Foi usada uma MSC de 2012 para Moçambique,
que foi construída usando contas nacionais e inquéritos agrícolas e económicos da entidade

2Ghosh, T., Powell, R. L., Elvidge, C. D., Baugh, K. E., Sutton, P. C., & Anderson, S. (2010). Shedding Light on the Global
Distribution of Economic Activity. The Open Geography Journal, 3, 148-161.

3
nacional de estatísticas, dados de receita e despesa do ministério das finanças, e dados da balança
de pagamentos do banco central de Moçambiquei. Os sectores nacionais e os agregados familiares
são desagregados nas cidades, vilas e áreas rurais, usando dados sobre os rendimentos familiares
do IOF 09 (Tabela 1.1). A principal constatação é que as 23 cidades de Moçambique são motores
de desenvolvimento económico. Ainda que tenham apenas 22,2 por cento da população total, estas
cidades geram 51,4 por cento do PIB nacional. O consumo médio per capita é mais elevado nas
cidades e é mais do triplo da média rural ($1.160 contra $336). A indústria e os serviços formais
estão concentrados nas cidades. Este facto reflecte-se nos padrões de consumo dos agregados
familiares urbanos, que inclui produtos e serviços mais industriais.

Tabela 1.1: Características das cidades, vilas e economia rural, 2012


Rural Vilas Cidades Todos
População (milhões) 15,0 1,8 4,8 21,5
Proporção (%) 69,6 8,2 22,2 100
População pobre (milhões) 6,9 0,7 1,0 8,6
Proporção (%) 80,3 7,7 11,9 100
Consumo per capita ($) 336 662 1.160 546
Taxa de efectivos de pobreza (%) 46,2 37,7 21,5 40,0
Trabalhadores (milhares) 8.004 993 2.520 11.517
Ensino secundário concluído 194 69 362 624
Ensino primário concluído 705 123 475 1.302
Ensino primário não concluído 7.106 802 1.683 9.591
PIB regional per capita ($) 352 814 1.484 641
PIB regional por trabalhador ($) 659 1.447 2.817 1.199
Percentagens do PIB por sector 100 100 100 100
Agricultura 62,7 21,6 3,5 28,0
Indústria 8,2 42,2 22,9 19,3
Serviços 29,1 36,2 73,6 52,7
Percentagens regionais do PIB 38,2 10,4 51,4 100
Agricultura 85,5 8,0 6,5 100
Indústria 16,3 22,8 61,0 100
Serviços 21,1 7,1 71,7 100
Percentagens do consumo total 100 100 100 100
Agricultura 55,1 36,6 18,7 36,1
Alimentos processados 13,4 22,7 22,4 18,5
Bens industriais 14,7 15,3 18,6 16,6
Serviços 16,8 25,3 40,3 28,8
Percentagens de consumo de
produtos 42,9 9,9 47,2 100
Agricultura 65,5 10,1 24,4 100
Alimentos processados 30,9 12,2 56,9 100
Bens industriais 38,0 9,2 52,9 100
Serviços 25,0 8,8 66,2 100

Fonte: Cálculos dos autores baseados na matriz de contabilização social (MCS) de Moçambique de 2012 e num
modelo de equilíbrio geral computável (EGC).
Nota: A linha de pobreza está definida como o limiar superior do segundo quintil do consumo per capita.

4
Além disso, as cidades contêm 8,2 por cento da população do país mas contribuem com 10,4
por cento para o PIB nacional. O consumo médio per capita nas cidades é o dobro da média
rural ($662 contra $336). Embora uma proporção considerável da produção agrícola nacional
ocorra dentro dos seus limites, são os sectores da indústria e dos serviços que são mais importantes
para as vilas propriamente ditas. Cerca de 8,6 por cento da força de trabalho nacional trabalha nas
vilas, e cerca de um quinto destes trabalhadores concluíram o ensino primário ou secundário, o
que constitui uma proporção muito maior que o décimo de trabalhadores rurais nesta categoria. Os
residentes das vilas consomem, tipicamente, mais alimentos processados, e os membros dos
agregados familiares rurais tendem a consumir mais produtos agrícolas não processados.
Por fim, as áreas rurais têm 69,6 por cento da população de Moçambique mas são
responsáveis por apenas 38,2 por cento do PIB. O consumo familiar per capita está bem abaixo
da média nacional ($336 contra $546), o que explica a razão da maior parte da população viver em
áreas ruraisii. O PIB da agricultura está fortemente concentrado nas áreas rurais (86 por cento),
com uma sub-representação de indústria e serviços comparativamente à economia global. Há uma
maior concentração de trabalhadores não qualificados nas áreas rurais. Os agregados familiares
rurais também gastam mais de dois terços do seu rendimento em alimentos processados e produtos
agrícolas (incluindo refeições compradas fora de casa).
Desde a introdução das reformas políticas e económicas dos anos 90, o desenvolvimento
urbano e a redução da pobreza de forma significativa. O crescimento das cidades está associado
a um declínio de 16 pontos percentuais dos efectivos nacionais de pobreza entre 1997 e 2003
(Figura 1.2). Além disso, a taxa de efectivos de pobreza é significativamente mais baixa nas áreas
urbanas que no resto do país. Em 2012, por exemplo, as taxas de pobreza nas cidades era de 21,5
por cento, comparativamente a 37,7 por cento nas vilas e 46,2 por cento nas áreas rurais.

5
Figura 1.2. A urbanização está associada a uma redução significativa da pobreza
100
Índice de efectivos de pobreza (<$1.90, PPP)

90 1997
80
2003

70 2008
60
50
40
30
20
10
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Urbanização (percentagem)

All countries
Todos os países Moçambique
Mozambique

Fonte: Indicadores de Desenvolvimento Mundial (Banco Mundial, 2016a).

Apesar do rápido crescimento do emprego urbano, o processo de urbanização em


Moçambique continua a ser bastante gradual comparativamente ao ritmo de urbanização
de outros países africanos. É provável que a maior parte da urbanização futura ocorra nas
principais cidades, embora as pequenas vilas estejam a crescer mais rapidamente. As implicações
a longo prazo da urbanização são difíceis de avaliar. Os dados dos inquéritos e dos censos revelam
ligações complexas e fortes de produção e consumo entre as áreas rurais, vilas e cidades. Estas
ligações económicas e diferenças estruturais determinarão os benefícios nacionais e as
contrapartidas da urbanização. Irão também influenciar a decisão de Moçambique quanto à
adopção de estratégias de desenvolvimento com orientação rural ou urbana.
O crescimento populacional natural é responsável por grande parte do aumento da
população urbana. As cidades de Moçambique têm taxas de fertilidade bastante elevadas. A
migração das áreas rurais para as urbanas explicam apenas 12 por cento do crescimento da
população urbana no país. A migração rural-urbana interprovincial em Moçambique é,
presentemente, baixa, mesmo quando comparada com outros países em desenvolvimento,
atingindo apenas 0,4 por cento. O crescimento urbano determinado pela migração tem sido
semelhante para países desenvolvidos e em desenvolvimento durante a transição para uma fase
intermédia de urbanização, em torno de 1,5 a 2 por cento ao anoiii. Os números para Moçambique
não são inteiramente comparáveis porque só a migração interprovincial é contabilizada, mas este
tipo de migração constitui menos de um terço da observada noutros países da África (ver Figura
1.3).

6
Figura 1.3. Taxas naturais de crescimento em Moçambique, mais elevadas que em África e outras
regiões

Crescimento anual da população urbana (%)

5
Crescimento urbano anual (%)

0
Europa Ásia África Moçambique
Europe Asia Africa Mozambique
(1997-2000)
(1800 - 1910) (1960 - 2010) (1960 - 2010)
(1800–1910) (1960–2010) (1960–2010) (1997–2007)

Migration
Migração Natural growhtderate
Taxas naturais crescimento

Fonte: Dados de Moçambique estimados a partir dos dados do censo; outros dados retirados de Jedwab,
Christiaensen e Gindelsky (em publicação).

A urbanização mais rápida pode constituir um catalisador do desenvolvimento económico


de base alargada. Com base num modelo de equilíbrio geral computável (EGC) que capta as
características estruturais e as ligações entre as áreas urbanas e rurais, este estudo mostra que a
urbanização mais rápida reduz os diferenciais salariais rural-urbano e gera ligações inversas com
a agricultura, principalmente porque os rendimentos urbanos crescentes criam procura de produtos
agrícolas, que são quase todos produzidos em áreas rurais. As simulações de políticas que
aumentam a proporção de população urbana em 6,2 pontos percentuais aumentam a taxa de
crescimento total do PIB em 0,4 por cento ao ano. Cumulativamente, a economia acaba sendo 8,3
por cento maior em 2032 do que seria sem a urbanização mais rápida. A Figura 1.4 mostra esta
expansão nos desvios de final do ano em relação às medições de base para o PIB e resultados de
bem-estar. Este efeito de crescimento positivo deriva inteiramente de mais pessoas a abandonarem
as áreas rurais para os centros urbanos – uma relocalização mais rápida de trabalhadores de áreas
rurais para urbanas.

7
Figura 1.4 Resultados de crescimento e bem-estar num cenário de Urbanização mais Rápida

Desvio em relaçao à base em 2032 (%)


-15 -10 -5 0 5 10 15 20

National
Nacional 8.6
Cidades
Cities 13.6
Cidades Pequenas
Towns 17.3
GDP
GDP

Rural
Rural -9.2
Agricultura
Agriculture -2.0
Indústria
Industry 17.4
Serviços
Services 8.3

National
Nacional 4.1
Bem-estar
Welfare

Cidades
Cities -6.9
CidadesTowns
Pequenas -10.0

Rural
Rural 6.8

Fonte: Resultados do modelo EGC para Moçambique.


Nota: O bem-estar é aferido usando variação equivalente, uma medida baseada no consumo que controla as alterações
de preços

É provável que ocorra crescimento adicional resultante de urbanização mais rápida nas
cidades e vilas onde se espera que a economia venha a ser 13,6 e 14,1 por cento maiores em
2032 do que seria sem a urbanização acelerada. A economia rural contrai-se (relativamente à
base, Figura 1.4) em resposta a um abrandamento do crescimento agrícola e não agrícola. O
crescimento agrícola mais lento coloca pressão sobre os preços reais dos alimentos, que são
compensados pelas menores exportações agrícolas e aumento de importações de alimentos.
Moçambique gera muito poucas das suas divisas a partir da agricultura, pelo que a pressão é menor
sobre a retenção de trabalhadores na agricultura de exportação, para pagar mais importações de
alimentos. De facto, o aumento do preço dos alimentos encoraja os agricultores a reafectarem terra
a produtos alimentares básicos, bem como a culturas menos comercializadas internacionalmente,
como as hortícolas. A urbanização tem, assim, implicações mistas na transformação agrícola, pois
encoraja uma maior produção de milho, de baixo valor, e hortícolas, de maior valor.
A urbanização mais rápida pode acelerar o ritmo da mudança estrutural em Moçambique.
Isto é apresentado na Figura 1.5. O crescimento económico nacional mais rápido é parcialmente
devido à migração de trabalhadores agrícolas para os centros urbanos, para trabalharem nos
sectores não agrícolas (principalmente comércio e serviços). Em contraste com o cenário de base,
todavia, são criados mais empregos na indústria transformadora e na construção, em parte porque
os novos residentes urbanos fazem aumentar a procura de bens manufacturados, e o crescimento
do PIB urbano gera maior procura de bens de investimento e serviços, como a construção.

8
Figura 1.5. Mudança estrutural no cenário de Urbanização mais rápida, 2012-2032
Produtividade relativa dos trabalhadores

1.2 FBS
UTL
0.8
TRN
MIN
0.4 MAN CSV
TRD
0.0
CON

-0.4 AGR

-0.8
-3.0 -2.0 -1.0 0.0 1.0 2.0

Mudança da proporção do emrpego (pontos %)

Fonte: Resultados do modelo EGC de Moçambique.


Nota: A mudança estrutural é em relação ao cenário de base. A dimensão dos círculos representa a
proporção inicial do emprego. AGR = agricultura; CON = construção; EGY = energia e água; GOV =
administração pública; MAN = manufactura; MIN = mineração; OSV = educação, saúde e serviços
comunitários; TFB = comércio e serviços financeiros e empresariais, imobiliário; TRC = transportes e
comunicações

A urbanização mais acelerada também promove economias de aglomeração, que podem


reforçar as ligações comerciais com mercados regionais vizinhos na África do Sul. Isso irá
acelerar o progresso de Moçambique no sentido de atingir o estatuto de rendimento médio.
A Figura 1.6 mostra que os picos de actividade económica visíveis em Moçambique são, na
verdade, pequenas elevações no contexto da paisagem económica mais geral. Para que
Moçambique atravesse o limiar para o rendimento médio, e mais além, a concentração económica
precisa aumentar. Ao mesmo tempo, são necessárias políticas complementares para garantir que
os benefícios da concentração económica são partilhados por todos os residentes – nas áreas
urbanas e também nas rurais.

9
Figura 1.6. Moçambique pode reforçar as ligações comerciais com mercados internacionais para
promover as economias de aglomeração

África do Sul
Milhões de US$ por km2
Alto:102
Baixo:0
Moçambique
Milhões de US$ por km2
Alto:59
Baixo:0

Fonte: Cálculos do Banco Mundial baseados em dados de Ghosh et al., 2010

O financiamento da urbanização mais rápida não deve acontecer à custa de investimentos


no desenvolvimento rural ou na agricultura – as cidades e vilas precisam reforçar a
mobilização da receita interna.
As directivas políticas para acelerar o ritmo de urbanização não devem ser à custa da
redução dos investimentos nas áreas rurais. A redução do investimento em áreas rurais é
susceptível de fazer baixar a taxa de crescimento de TFP da agricultura. Além disso, o menor
crescimento agrícola resulta em preços reais mais elevados para os alimentos. A compra de
alimentos constitui uma parte importante dos cabazes de consumo dos agregados familiares
urbanos pobres, pelo que preços dos alimentos mais elevados fazem baixar os seus rendimentos
reais, apesar do aumento dos salários urbanos e da criação de empregos que acompanham o
crescimento urbano mais rápido. A expansão do investimento urbano através da redução do
investimento rural é, assim, contraproducente.
As vilas e cidades precisam reforçar a mobilização interna de receitas, e os impostos baseados
na terra poderão ser o caminho a seguir. Para fazer face à procura crescente de serviços básicos,
as autarquias precisam incrementar as fontes de receitas próprias e tornarem-se fiscalmente mais
auto-suficientes. Isto é particularmente verdade para as áreas metropolitanas em rápida
urbanização como é o caso de Maputo, que concentra a maior parte da população e economia
urbana e, por isso, esperando-se que seja mais fiscalmente auto-suficiente que as vilas remotas e
os pequenos municípios. A experiência internacional demonstra que o financiamento baseado na

10
terra se tornou um elemento importante do financiamento de infra-estruturas urbanas,
especialmente em locais onde as cidades crescem rapidamente. Para além do imposto predial, os
instrumentos de financiamento baseados na terra geram recursos à cabeça e reduzem a necessidade
de contracção de dívida.

11
II. Principais constrangimentos que limitam a urbanização mais
rápida: Empregos, Conectividade e Habitação

O processo de urbanização em Moçambique está asfixiado por constrangimentos em três áreas


principais: empregos, conectividade e mercado de terras e habitacional.

Criação de empregos insuficiente nas áreas urbanas

As cidades não estão a oferecer maiores oportunidades de emprego que as economias rurais.
A urbanização em Moçambique não está a ocorrer porque os migrantes estejam a deslocar-se para
as cidades em busca de melhores oportunidades de emprego, mas sim principalmente devido ao
crescimento populacional natural. As cidades moçambicanas têm elevadas taxas de fertilidade. De
facto, a migração das áreas rurais para as urbanas explica apenas 12 por cento do crescimento da
população urbana. Estimativas usando os dados entre censos mostram que o crescimento urbano
anual interprovincial de 3,3 por cento entre 1997 e 2007 pode ser decomposto em 0,4 por cento
devido à migração e 2,9 por cento devido à taxa de crescimento natural. A urbanização concentra-
se, assim, em poucas províncias, que atraem a maior parte dos migrantes internos: a Província e a
Cidade de Maputo que, conjuntamente, recebem mais de 60 por cento dos recém-chegados às áreas
urbanas, e Sofala e Manica, no corredor central do país. Fora destas áreas, a migração geral rural-
urbana é baixa e pode ser um sinal das menores vantagens comparativas em áreas urbanas.
Este isolamento regional pode ser um sinal de oportunidades perdidas de aumento do
crescimento económico e redução de disparidades. A migração rural-urbana limita as
oportunidades de extravasamento do crescimento económico e de redução da pobreza por todo o
país. Moçambique tem uma alta disparidade do PIB per capita entre regiões. Por exemplo, o PIB
per capita na Província de Maputo e Cidade de Maputo é o triplo de o de qualquer outra província,
uma discrepância gritante em comparação com outros países. O rácio de PIB per capita máximo
para o mínimo entre as províncias do país é 4,8, o que é elevado comparativamente a 1,5 na África
do Sul, 3,6 na Tanzânia, e a média de 2,5 nos 20 países mais ricos (Gennaioli et al., 2014). Daqui
a uma década, Maputo e Matola terão mais de um milhão de residentes cada, e haverá 22 cidades
com mais de 100.000 habitantes, o que é igual a 15 novas cidades intermédias em 30 anos.
O emprego nas áreas urbanas está a crescer em sectores com pouco valor acrescentado. O
influxo de investimentos internacionais em projectos de gás natural desde os anos 90 contribuiu
para uma excessiva apreciação da moeda nacional. Contudo, a moeda muito valorizada torna as
exportações pouco competitivas, baixando os incentivos e a capacidade de investir em sectores
com potencial comercial, como a indústria transformadora, que tende a impulsionar a
produtividade através das economias de escala, dos benefícios de aglomeração e da especialização.
Na Grande Maputo, mais de dois terços dos empregos são em sectores não comerciáveis (Figura
2.1). Em outras áreas urbanas, os empregos não comerciáveis totalizam 46 por cento do total, mas
têm vindo a aumentar nos últimos anos. Os empregos comerciáveis fora do sector agrícola
constituem 21 por cento do total na Grande Maputo e 13 por cento nas outras áreas urbanas do
país. O crescimento dos sectores não comerciáveis e a falta de economias de escala moderam,
assim, a produtividade e reduzem os benefícios da urbanização. Em Moçambique, a urbanização
não está a conseguir gerar os mesmos efeitos de produtividade observados noutras regiões em

12
desenvolvimento o que, em última análise, pode vir a afectar a relação global entre urbanização e
desenvolvimento económico
Figura 2.1. O emprego está concentrado em sectores não comerciáveis

Percentagem de desemprego por sector Percentagem de desemprego, áreas urbanas

100% Health, education,


Saúde, educação,
public
administração
100% 90% administration,
pública e ONG and
80% 80% NGO
70% High-value-added
Serviços de alto valor
60% services
agregado
60%
40% 50%
20% 40% Low-value-added
Serviços de baixo
services
valor agregado
0% 30%
1997 2009 2015 1997 2009 2015 1997 2009 2015 20%
10% Manufatura
Manufacturing
All urban
Todos urbanos Greater
Todos urbanos Otherurbano
Outro urban
Maputo 0%
1997 2009 2015
Primary sector Other tradables Nontradables

Fonte: Baseado em dados do IAF97, IOF09 e IOF15.

Em resultado, as cidades de Moçambique tornaram-se menos atractivas para os novos


trabalhadores. Quando as diferenças de capital, ocupação e indústria são tomadas em
consideração, os ganhos dos trabalhadores não são significativamente mais altos nas áreas urbanas
que nas rurais. Comparativamente às áreas rurais, os salários nominais são 26 por cento mais
elevados nas áreas urbanas e 24 por cento mais elevados na Grande Maputo, mas quando são
deflacionados em ajustamento às diferenças espaciais no custo de vida, o maior valor dos salários
urbanos desaparece (Tabela 2.1). As cidades moçambicanas, e particularmente a Grande Maputo,
parecem ser altamente improdutivas: os ganhos reais são 28 por cento mais baixos na área
metropolitana que nas outras áreas urbanas, e 35 por cento mais baixos que os ganhos reais nas
áreas rurais, o que significa que os trabalhadores têm um poder de compra menor. A falta de um
valor real superior dos salários indica que as cidades não estão a aproveitar as economias de
aglomeração para aumentar a produção e criar empregos para uma população urbana jovem e
crescente. As cidades não só não são os motores de crescimento por não observarem diferenciais
significativos de produtividade, como também não conseguem atrair a migração das áreas rurais.
As áreas rurais precisam desesperadamente de uma população mais baixa para aliviar a pressão
sobre a subdivisão da terra, baixa produtividade e excesso de mão-de-obra – e para beneficiarem
de fontes de rendimento complementares não relacionadas com a agricultura.

13
Tabela 2.1. As áreas urbanas não têm um prémio de produtividade
Prémio nominal Prémio real
Grande Outras áreas Grande Outras áreas
Urbano Urbano
Maputo urbanas Maputo urbanas
Outras
23%*** — — −28%*** —
urbanas
Rural 24%*** 2% 26%** −35%*** −7% −42%***

Fonte: Baseado em regressões apresentadas no anexo, usando dados do Inquérito Sobre Orçamento
Familiar, 2008/2009 (IOF09). *p < 0,10, **p < 0,05, ***p < 0,01.
Os custos urbanos elevados tornam as cidades moçambicanas menos competitivas no
mercado global. Um dos motivos porque o prémio salarial não existe em Moçambique é que os
preços nas cidades e vilas do país são cerca de 21 por cento mais altos que a média, dadas as
características do país (Figura 2.2). A alimentação é 18 por cento mais cara no Moçambique urbano
que em outras áreas urbanas do mundo, e os agregados familiares gastam 56 por cento do seu
rendimento em alimentação – um valor desproporcionalmente elevado que também tem efeitos
negativos na produtividade. Em consequência, as empresas precisam pagar salários que
compensem os trabalhadores do maior custo de vida, mas tais salários são acompanhados por
preços elevados, tornando os produtos menos competitivos internacionalmente. Em resultado, as
empresas podem acabar prestando apenas bens e serviços produzidos localmente. Os altos custos
urbanos promovem, assim, o desenvolvimento de cidades de consumo em vez de cidades de
produção, em que o crescimento é determinado pela industrialização.
Figura 2.2. Os preços nas áreas urbanas são mas elevados que nas áreas rurais, especialmente
em Maputo

35 140
de
areas

cidadeCity
areas rurais
áreas

30 120
Maputo
urban

25 100
exceed those in rural areas
em áreas
in em

preçosinna
rural

80
20
preços
those in rural
osprices

os prices

60
área

15
exceed aqueles

40
which

which

10
da
byque

20
embyque
os

5
urbanas excedem
em

0
Maputo excedem
Percentage

Maputo
Percentage

Zambezia
Tete

Gaza

Sofala
Niassa
Inhambane

Cabo Delgado
Manica

Nampula
deProvince

0
Porcentagem

Porcentagem
Maputo
Zambezia
Gaza
Tete

Sofala
Niassa
Inhambane

Cabo Delgado
Manica
Nampula

deProvince

Maputo
Província
Maputo
Província

Rural Urban

Fonte: Estimado pelo corpo técnico do Banco Mundial com base nos dados do IOF09.

14
Contudo, o actual declínio dos preços dos recursos naturais pode gerar uma oportunidade
de acertar o modelo de urbanização. Agora que os preços em declínio das matérias-primas
revelam a fragilidade de não ter uma economia diversificada, a pressão no sentido de um novo
modelo económico está a aumentar. Embora a forte desvalorização do Metical nos últimos dois
anos tenha tido um impacto forte nos preços dos alimentos importados, ela cria condições mais
competitivas para a produção interna, não só na agricultura mas também na indústria
transformadora. Outra implicação importante da retracção económica é que deflacionou o mercado
imobiliário: os lucros da mineração foram investidos em bens imobiliários quando a procura era
elevada e a oferta reduzida. Desde o final da expansão das matérias-primas, os preços da terra,
habitação e espaço de escritórios bem localizados desceram, em alguns casos 50 por cento,
tornando mais acessível o investimento das empresas nas cidades. A combinação de custos mais
baixos de acesso à terra e ao imobiliário com menos competição por parte das importações pode
ajudar a atrair investimentos privados para as cidades de Moçambique e aumentar o prémio dos
empregos urbanos. Tudo isto deve acelerar o crescimento urbano e encorajar os sectores mais
produtivos a desenvolverem-se nas cidades.

Conectividade inter-regional limitada em Moçambique

As ligações dentro do país são reduzidas ao nível regional, quer em termos de movimentação
de pessoas, quer de mercadorias, o que constitui um constrangimento crucial à urbanização.
Embora o Governo de Moçambique tenha, recentemente, investido bastante na rede viária e o
sector privado tenha também contribuído com a extensão da infra-estrutura ferroviária e portuária,
a ligação entre cidades grandes, médias e pequenas, bem como com o espaço rural, continua a estar
abaixo do ideal. O sistema de transportes urbano em Moçambique é distribuído principalmente ao
longo de sete corredores de transporte, dos quais apenas um é no sentido norte-sul. Todos os
principais corredores de desenvolvimento têm uma orientação este-oeste, dado que o regime
colonial ligava Moçambique com o resto do continente para suportar os fluxos do comércio
mineiro. Em resultado, o corredor Maputo-Matola, no sul, tem uma orientação este-oeste e é o eixo
mais importante do país, com 29 por cento da população urbana nacional. O segundo eixo mais
importante, o corredor Nampula-Nacala, no norte, também tem uma orientação este-oeste e tem
14 por cento da população urbana do país, seguido pelo corredor Beira-Chimoio, que contribui
com 9 por cento. Embora estes corredores sejam vitais para os grandes sectores económicos,
ligando a produção mineira aos portos, o sistema de transporte fora destes corredores não está bem
desenvolvido. Em resultado, o impacto económico destes corredores de desenvolvimento tem sido
reduzido, dada a sua ligação limitada com pequenas e médias empresas e pequenos agricultores
por todo o país.
Os mercados de produtos e laboral estão espacialmente fragmentados, não permitindo que
o país beneficie de economias de especialização e de escala. Embora as estradas primárias
tenham sido bem mantidas pelo governo central, as estradas secundárias e terciárias sob
responsabilidade dos governos infranacionais precisam ser reabilitadas para reduzir os custos de
transporte e permitir melhor acesso aos mercados. Só cerca de um terço das estradas secundárias
e terciárias estão em boas condições, estando o resto em más condições e a necessitar de

15
reabilitação (Tabela 2.2 e Figura 2.3)3. Isto tem implicações importantes para a economia no seu
todo, já que os elevados custos de transporte podem tornar as exportações agrícolas não
competitivas nos mercados internacionais. Por exemplo, o custo de transporte de uma tonelada de
mercadorias das áreas interiores das províncias de Manica, Niassa e Tete para uma cidade com
população superior a 50.000 pessoas excede US$30 (Figura 2.4). Isto constitui um
constrangimento para os exportadores agrícolas e outros comerciantes internacionais. De acordo
com o inquérito Business Environment and Enterprise Performance de 2017, 17 por cento das
empresas inquiridas importavam materiais e equipamentos do estrangeiro e só 5 por cento
exportavam os seus produtos.
Tabela 2.2. A rede rodoviária secundária e terciária precisa ser mais bem mantida (km)
Pavimentada Não pavimentada

Boa Mediana Má Muito má Boa Mediana Má Desconhecido Total


Primária 2.376 2.293 4 3 74 322 667 206 5.946
Secundária 431 432 0 0 358 2.111 1.346 133 4.811
Terciária 252 250 40 0 824 6.383 3.089 1.445 12.283
Locais 9 38 10 0 43 2.814 2.426 983 6.323
Total 3.068 3.013 54 3 1.299 11.630 7.529 2.767 29.363
% 10,4 10,3 0,2 0,0 4,4 39,6 25,6 9,4 100,0

Fonte: Administração Nacional de Estradas (ANE)

3 Há pequenas discrepâncias entre as diferentes fontes de dados.

16
Figura 2.3. Estradas secundárias e Figura 2.4. Uma rede rodoviária
terciárias nas áreas interiores estão em más secundária e terciária má mantém levados
condições os preços de transporte

Fonte: Administração Nacional de Estradas Fonte: Estimativa técnica do Banco Mundial


(ANE)

As ligações deficientes entre o rural e o urbano limitam a capacidade dos agricultores se


conectarem aos mercados. A maior parte dos pobres vive com base na agricultura de subsistência
ou de pequena escala, com poucas alternativas de emprego. As estradas em más condições colocam
um obstáculo à produtividade agrícola e, assim, à produtividade dos pobres rurais que vivem da
agricultura. Como mostra a Figura 2.3, 85 por cento dos habitantes rurais naos estão conectados a
uma rede rodoviária para todas as condições climatéricas. Além disso, a rede existente é propensa
a grandes interrupções causadas por cheias e ciclones, pelo que os agricultores obtêm preços mais
baixos pelas suas colheitas e pagam preços mais altos pelos insumos. Geograficamente, as actuais
áreas de produção agrícola estão concentradas em Nampula e na Zambézia, as províncias mais
pobres e populosas onde os agregados familiares estão mais isolados, e as faixas costeiras das
províncias do sul. Do ponto de vista agro-ecológico, Moçambique tem um grande potencial
agrícola não aproveitado, que o IFPRI estima em US$567 mil milhões em condições de preços
elevados das matérias-primas (Figuras 2.5 e 2.6). Embora estas estimativas não assumam nenhuma
limitação física ou institucional, como a terra protegida, indicam que o nível actual de produção
está muito abaixo do potencial. Isto explica parcialmente porque é que Moçambique, apesar do
seu potencial interno, importa actualmente cerca de US$600 milhões em alimentos e produtos

17
agrícolas anualmente. No futuro, a maior produtividade agrícola pode contribuir substancialmente
para o crescimento económico inclusivo do país e para a redução da pobreza.

18
Figura 2.5. Valor da produção agrícola Figura 2.6. Potencial agrícola (US$
(US$ milhões) milhões)

Fonte: IFPRI SPAM Actualização 2010 Fonte: IFPRI SPAM Actualização 2010
Nota: Para analisar a distribuição geográfica da produção agrícola actual e potencial foi usado o Spatial Production
Allocation Model (SPAM), desenvolvido pelo International Food Policy Research Institute (IFPRI). O SPAM é um
modelo espacial para afectar a produção agrícola derivada de grandes unidades de reporte estatístico, como a
província e o distrito, numa grelha raster com uma resolução espacial de aproximadamente 10km x10km. Usando
um método de entropia cruzada (Shannon, 1948), o modelo infere os locais prováveis de produção de 42 culturas em
4 sistemas de produção diferentes em 2010.

Mercados de terra disfuncionais

A política de terras em Moçambique não é propícia a um mercado de solos urbanos


dinâmico. O desenvolvimento urbano ao nível da cidade é prejudicado por uma panóplia de
constrangimentos associados ao mercado de terras, que reduzem o potencial de agrupamentos
económicos e de economias de aglomeração. Num sistema urbano dinâmico, a urbanização
transforma as nações de economias rurais em economias urbanas, organizando as populações de
forma a permitir-lhes o desempenho de funções económicas mutuamente benéficas. Tipicamente,
as áreas com baixa densidade populacional envolvem-se em actividades como a mineração e a
agricultura. As aldeias e pequenas vilas tendem a servir como pólos para insumos e consolidação
de produtos, e as cidades funcionam, geralmente, como centros de processamento, onde a produção
integrada aumenta o valor acrescentado, posteriormente redistribuído internamente e mais além.

25
Um tal sistema exige que o mercado laboral e de terras funcionem devidamente. Embora tenham
sido implementadas reformas fundiárias após a independência para assegurar o direito de uso da
terra para todos para fins sociais (habitação) e económicos (subsistência e produção), as políticas
e o quadro institucional da actualidade são uma justaposição de direitos legalmente reconhecidos
de uso e ocupação da terra pública, que não respondem às forças de mercado.
A regularização da posse da terra e os seus mecanismos são complexos, opacos e ineficientes.
Ainda coexistem muitos sistemas de uso e aproveitamento da terra em Moçambique, incluindo
práticas costumarias (prevalentes nas periferias urbanas), propriedade estatal e alocação pelo
governo do direito de uso e aproveitamento da terra (a forma prevalecente) e as transacções de
mercado (não reconhecidas legalmente mas que são a forma real de comercialização da terra). A
justaposição destes sistemas torna as transacções formais em torno da terra muito complicadas,
morosas e caras, pois é necessário cumprir muitos passos administrativos formais e usar canais
informais para adquirir o título final de uso e aproveitamento da terra (DUAT). A aquisição de um
DUAT é, com frequência, um processo moroso e caro. Pode chegar a implicar 103 passos, ao longo
de vários anos. A ausência de um sistema simples e linear de registo da terra impede que os
mercados de terra urbana funcionem devidamente e cria obstáculos à obtenção de capital para
desenvolvimento e investimento. Estas circunstâncias produzem muitas vezes situações que têm
pouca relação com o direito formal de uso da terra previsto pela legislação original. Tal como em
outros locais da África Subsariana, esta complexidade pode tornar a gestão da terra ineficiente,
promover especulação, barrar o investimento e limitar a capacidade do governo para obter receitas
da tributação da terra. Mesmo nos casos em que os direitos formais de uso da terra tenham sido
emitidos, a informação básica em termos de mapeamento, geografia ou propriedade é muitas vezes
imprecisa, os registos de terra estão mal mantidos, causando disputas.
As autarquias têm uma capacidade institucional muito pequena para gerirem a terra
urbana. Com a independência, a terra foi nacionalizada para assegurar que toda a gente tivesse
acesso a este recurso vital para fins habitacionais e económicos. Com a descentralização, os
municípios tornaram-se responsáveis pela gestão do stock de terra pública dentro das suas
fronteiras administrativas, incluindo a função central de registo e emissão de DUAT. Mas a maior
parte dos municípios não tinha – e ainda não tem – os instrumentos exigidos legalmente para
desempenhar este papel. Para emitir um DUAT ao abrigo do quadro jurídico existente, as
autarquias precisam ter em funcionamento todos os instrumentos de planificação territorial
prescritos. Estes incluem um plano de estrutura urbana municipal (PEUM) com a regulamentação
geral sobre a terra, plano geral ou parcial urbano (PGU/PPU) com zoneamento e instrumentos de
controle do uso da terra, e planos pormenores (PP) para orientar toda a caracterização espacial
específica do desenvolvimento urbano ao nível distrital, alem de um sistema de registo e cadastro
de terras. Nenhum dos municípios de Moçambique cumpre cabalmente com todos estes requisitos
legais.
As carências de regularização da terra urbana limitam a oferta formal de terra. Embora os
DUAT tenham sido concebidos para garantir aos cidadãos acesso livre e seguro à terra estatal, não
têm sido atribuídos na medida do esperado, com excepção do município de Maputo. Maputo
desenvolveu recentemente o seu PEUM (embora sem uma regulamentação apropriada de uso da
terra), vários PPUs e PPs e um sistema informatizado de cadastro e regularização de terras
(financiado ao abrigo do ProMaputo I e II). Apesar dos esforços de Maputo de realizar um processo
de regularização de terras em massa, que, em Fevereiro de 2017, tinha já abrangido a entrega de
30.000 DUAT a habitantes de assentamentos informais, o município tem apenas cerca de 30-40

26
por cento do efectivo real de talhões de terra nos seus sistemas de gestão de informação (SIGEM).
Na maior parte dos outros municípios, a situação é ainda bem pior e o registo de transacções de
terra e emissão de DUAT praticamente não ocorre dentro da lei (sem um PEUM, PGU/PPU, e
PPs). Quando ocorre, é principalmente numa base ad hoc, criando espaço para alocação indevida
do uso de terra, criando espaços para conflitos, apropriações pela elite, e corrupção.
A actual política de terras prejudicou a capacidade dos municípios de obterem valor pela
terra para o financiamento de infra-estruturas. A posse privada da terra não é premitida desde
a nacionalização da terra, com excepção da terra sujeita a práticas costumeiras ou terra ocupada
por alguns portugueses e outras comunidades expatriadas que aceitaram permanecer em
Moçambique e realizar a sua actividade após a independência. Este fundamento ainda persiste.
Reformas subsequentes da legislação de terras continuaram a proibir a sua venda, ignorando assim
o mercado real de terras, que é particularmente dinâmico nos centros urbanos em crescimento. Em
resultado, uma característica importante do sistema de terras nas áreas urbanas de Moçambique é
esta dualidade de critérios em torno da atribuição de terras. Embora os mercados de terras não
sejam legalmente reconhecidos, existe um segmento de mercado bem identificado para a aquisição
de terra vaga (principalmente ao abrigo do direito consuetudinário) e terra construída, com ou sem
direitos de uso. Sem um reconhecimento de que a terra tem um valor de mercado, os municípios
não poderão captar o valor real do mercado da terra urbana nos seus instrumentos de tributação da
terra, incluindo o imposto predial (IPRA) e o imposto de transacção (IASISA). Isto, por seu lado,
reduz a sua capacidade de obtenção de receitas próprias e, assim, de financiar a infra-estrutura
urbana e expandir a cobertura de serviços à maior parte dos habitantes urbanos, ou de financiar a
construção de infra-estruturas modernas para atrair o investimento privado para a economia local.
A terra urbana está sobrevalorizada devido às falhas políticas e institucionais que,
significativamente, afectam a oferta de terra formal. A combinação deste complexo sistema de
terras urbanas e a falta aguda de capacidade da sua gestão ao nível autárquico restringe a oferta de
terra urbana a pessoas e empresas. Em resultado, os preços dispararam, particularmente onde a
procura cresce rapidamente devido ao crescimento populacional, influxo de expatriados ou fluxos
crescentes (legais ou ilegais) de dinheiro no imobiliário por parte dos principais actores da
indústria dos recursos naturais. A habitação, mesmo em zonas informais, é particularmente pouco
acessível em Maputo e, de acordo com algumas estimativas, pode atingir uma média de 80 vezes
o salário mínimo nacional de 2.500 Mts. Mesmo fazendo ao ajustamento para a desigualdade do
rendimento, os preços da habitação em Maputo são 30 vezes mais caros que nas grandes cidades
de mercados emergentes incluindo Bogotá, Cidade do Cabo e São Paulo. Em resultado, o preço da
terra formal (talhões com DUAT) está excessivamente inflacionado e é incomportável para a maior
parte da classe média e para os pobres urbanos, empurrando a maior parte da população urbana
para viver em áreas informais e carenciadas.

Um mercado de terras disfuncional impede as cidades de fazerem investimentos atempados


e coordenados em habitação e infra-estruturas urbanas básicas. Em resultado, a maioria da
população urbana vive em áreas informais carenciadas e em assentamentos semiurbanos distantes.
O espaço intracitadino está longe de estar urbanizado. Embora a infra-estrutura e serviços urbanos
tenham melhorado nos últimos anos, o acesso infra-estruturas e serviços urbanos plenos na Grande
Maputo é principalmente limitado aos 30 por cento de agregados familiares que vivem na cidade
de cimento. Nas áreas urbanas fora de Maputo, as condições de habitação são más e a prestação de
serviços básicos permanece baixa. Segundo o Inquérito Demográfico e de Saúde de 2011, menos
de metade dos agregados familiares urbanos das cidades, sem incluir Maputo, tinham acesso a
27
electricidade, enquanto quase 90 por cento das casas de Maputo tinham energia eléctrica (Tabela
2.3). De igual modo, menos de metade das casas de outras áreas urbanas tinham pisos acabados,
mas 97 por cento dos agregados familiares de Maputo possuem esse tipo de pisos. O acesso a água
canalizada era de 66 por cento em outras áreas urbanas mas quase 95 por cento em Maputo. As
instalações de saneamento são muito pouco desenvolvidas nos municípios, com a maioria dos
agregados familiares usando latrinas. As casas-de-banho existem para 48 por cento das casas de
Maputo mas apenas para 12 por cento dos agregados familiares de outras áreas urbanas. A maior
parte dos municípios possuem um pequeno núcleo urbano e vastas áreas rurais de baixa densidade,
o que torna o investimento per capita de expansão de infra-estrutura muito dispendioso. Além
disso, as pessoas que vivem nestas áreas afastadas semiurbanas tendem a ter rendimentos muito
inferiores, provenientes principalmente da agricultura de subsistência.

Tabela 2.3. Percentagem de agregados familiares com acesso a serviços básicos e com pisos
acabados
Água Casas-de-
Electricidade Pisos acabados
canalizada banho
2003 2011 2003 2011 2003 2011 2003 2011
Maputo
95.1 93.9 21.1 48 52.1 87.9 94.8 96.5
(Cidade)
Outras urbes 51.3 66.3 4.6 12.1 19.1 48.5 48.2 47.6
Total urbano 59.1 70.5 7.5 17.6 25 54.5 56.5 55.1
Rural 5 15.2 0.2 0.6 1.1 5.4 6.7 10.3
Total 20.9 31.8 2.3 5.7 8.1 20.2 21.3 23.8

Fonte: Baseado no Inquérito Demográfico e de Saúde de 2003 e 2011.

28
III. Uma Agenda Nacional Emergente de Reforma Urbana

Reforço das ligações rural-urbano, incluindo reforma das finanças urbanas, reforço do
comércio e fluxos de deslocação

A promoção das ligações rural-urbano é condição integrante de uma política urbana


nacional. Dado que os centros urbanos de Moçambique são responsáveis por uma parte muito
maior da económica nacional, a melhor ligação das áreas rurais a estes mercados domésticos pode
acelerar o crescimento económico nestas áreas. A urbanização aumenta não só a procura de
serviços urbanos mas também a procura de produtos agrícolas, que, por sua vez, podem contribuir
para a redução da pobreza nas áreas rurais. Além disso, a migração rural-urbana continuará por
muitas décadas, dado que o país se encontra numa fase inicial de urbanização. Esta mudança
espacial e demográfica pode mesmo vir a acelerar-se, já que se espera que o agronegócio venha a
crescer nos próximos anos, transformando a agricultura de intensiva em termos de mão-de-obra
para intensiva em termos de capital, exigindo a consolidação das pequenas propriedades rurais em
grandes propriedades mecanizadas. Sem aumentar o investimento público em infra-estruturas
urbanas, as cidades de Moçambique não terão capacidade para expandir os serviços urbanos e
gerar os empregos suficientes de suporte aos novos migrantes, lesando as melhorias de bem-estar
para os pobres urbanos. As vilas menores enfrentam os maiores influxos de deslocação rural-
urbana, mas têm a menor capacidade de angariar receitas próprias. Por conseguinte, é fundamental
apoiar a urbanização em cidades pequenas e médias para melhorar a produção agrícola, dado que
as cidades mais pequenas ligam os agricultores a mercados de insumos e de produtos, e as cidades
de média dimensão servem de centros de logística e transporte e têm mercados de consumidores
maiores.
O melhor acesso a transporte apoiará mais actividades económicas e sociais, particularmente
nas áreas rurais onde a taxa de pobreza é elevada. A maioria dos pobres depende da agricultura,
com poucas outras opções de ocupação. Como a maior parte dos agricultores nas zonas rurais está
isolada e mal ligada aos mercados, existe uma correlação negativa clara entre a produtividade
agrícola e o acesso aos mercados, medida pelos custos do transporte até à cidade mais próxima
com uma população de 50.000 habitantes. Por exemplo, a produtividade média de milho está
estimada em 1,2 toneladas por hectare nos distritos com acesso fácil aos mercados ou com custos
de transporte inferiores a USD 2 toneladas por hectare. Mas onde o custo de transporte excede
USD 20 tonelada por hectare, a produtividade do milho é quase 20 por cento mais baixa. Uma
redução de 10 por cento no custo do transporte pode aumentar o valor da produção agrícola em
2,7 por cento. Assim, o reforço da mobilidade em certas áreas rurais através de uma abordagem
integrada a estradas afluentes, contribuirá para apoiar uma agricultura inclusiva e outros modos de
vida das comunidades locais.

Tornar os Sistemas Fundiários Urbanos Mais Equitativos e Eficientes

É fundamental reformar a actual política e quadro institucional de terras para libertar as


forças económicas do mercado de terras urbanas. Muito embora a lei proíba a venda de terra,

29
dado que toda a terra é pública e as pessoas apenas têm o direito de usá-la, existe um mercado
informal paralelo à alocação formal da terra pública com a emissão de DUAT. Na prática, à medida
que o preço dos edifícios vendidos tem embutido o valor da terra, há espaço para reconhecer
directamente o valor e o mercado de terras – e não só o o valor e o mercado de estruturas
construídas (benfeitorias). Isto está alinhado com os princípios do período pós-independência de
Moçambique: tornar o direito de uso da terra comerciável não exigiria necessariamente a
privatização desta, que poderia continuar propriedade do Estado embora arrendada a utilizadores
privados. Nem funcionaria necessariamente em detrimento dos pobres – que, seja como for, já são
excluídos pelo sistema actual – dado que facilitar a transferência de terras pode aumentar a oferta
formal de terra e estimular desenvolvimentos, fazendo baixar o preço da terra formal e tornado
mais acessível para um segmento maior da população urbana.

É essencial apoiar as autarquias na implementação de instrumentos de captura do valor da


terra. Reconhecer que a terra tem um valor e que esse valor deve ser considerado na sua gestão
permitira aos municípios alavancarem plenamente o potencial de receita tributária dos seus
mercados de terra e promoverem uma fonte sustentável de financiamento para responderem às
graves lacunas de infra-estruturas e serviços urbanos. Simulações recentes do valor da terra na
Área da Grande Maputo mostram que um aumento do imposto predial de 0,4 para 1,0 por cento e
aplicando o valor pleno de mercado dos imóveis renderia um valor actual líquido de 44 Mt. mil
milhões ao longo de 10 anos. E o âmbito de tal tributação baseada no mercado de propriedades de
posse formal irá seguramente expandir-se com a intensificação da emissão de DUAT. Maputo, por
exemplo, deu recentemente um importante primeiro passo com a promoção da regularização em
massa da terra, aumentando o número de DUAT para mais de 30.000 entre 2012 e 2016. Mas a
alavancagem de receitas a partir da tributação da terra irá exigir a resolução do problema das
omissões dos sistemas de informação e da falta de integração entre os registos predial e tributário.
Os direitos sobre a terra devem ser sistematicamente registados e a informação sobre o uso da terra
deve ser alimentada num cadastro nacional e, subsequentemente, ligada aos registos tributários
municipais para fins de cobrança dos impostos prediais. Presentemente, a grande maioria dos
municípios não tem um registo de terras nem informação para criar tal registo, o que impede as
autoridades autárquicas de gerirem eficientemente a terra e de alavancarem as receitas próprias.

Moçambique pode realizar uma nova fase de reforma da terra que preserve o princípio geral
da terra como propriedade do Estado mas, ao mesmo tempo, que resolva os actuais
estrangulamentos que impedem o país de atingir os seus objectivos últimos de igualdade e
eficiência. As reformas de políticas e de desenvolvimento institucional devem almejar o aumento
do acesso dos pobres urbanos a terra urbanizada, garantindo um sistema transparente de gestão da
terra e promovendo um mercado competitivo e justo dos direitos de uso da terra para atrair
investimento privado e melhorar a eficiência da afectação de terra. O âmbito das reformas e
implementações subsequentes deve incluir:
 Desenvolvimento de um sistema multifuncional de gestão de terras para os municípios.
Para resolver os estrangulamentos do processo de registo de terras, os municípios precisam
de mais apoio para desenvolverem sistemas de registo de terras transparentes e modernos,
e sistemas eficientes de registo de propriedades, baseados num cadastro de terras
multifuncional, no levantamento e mapeamento, e no registo actualizado das transferências

30
de terra. Os municípios podem aproveitar os sistemas de planificação espacial existentes
(por exemplo, a Plataforma PDE) e os sistemas informáticos de regularização e gestão de
terras desenvolvidos pelo governo nacional (por exemplo, o SiGIT) e por alguns
municípios (por exemplo, o SIGEM de Maputo).

 Promoção de campanhas em massa de regularização da terra urbana. Dado que ocupam


terra de boa-fé e sem os títulos de uso e aproveitamento (DUAT), a maioria dos habitantes
urbanos fica vulnerável às decisões arbitrárias de funcionários do governo, a conflitos e
vendas forçadas. Seguindo a experiência de Maputo, os municípios poderiam implementar
campanhas em massa de regularização de modo a colocar toda a terra urbana dentro de um
aproveitamento único. Um tal esforço precisa ser sincronizado com o desenvolvimento de
instrumentos de planificação urbana legalmente exigidos (PEUM, PGU, PPU e PP), de
modo a garantir que os direitos sobre a terra não colidam com os planos de
desenvolvimento urbano e que os planos de desenvolvimento urbano tomem em
consideração os direitos existentes.

 Auditoria de todos os DUAT atribuídos no passado para identificar violações à lei


nacional de terras. Muitas pessoas não conseguem pagar por um talhão de terra bem
localizado por estar vazio mas atribuído a pessoas que não o utilizam. Como tal, os
municípios devem rever e mapear a terra que já está atribuída. Nos casos em que tenham
sido atribuídos DUAT (provisórios ou definitivos) mas o período de ocupação da terra
tenha expirado, ou nos casos em que os DUAT tenham sido atribuídos em áreas que não
satisfazem os planos de uso da terra, tais DUAT devem ser revogados. A terra ‘confiscada’
deve voltar para a posse do conselho municipal.

 Alteração da Lei Nacional de Terras de modo a permitir a comercialização dos DUAT


(não apenas transferências), embora mantendo a propriedade pública da terra. A lei
actual ficou desactualizada após o país ter transitado para uma economia de mercado. É
muito importante reconhecer que já existe um mercado vibrante de terra que deve ser
regulado, de modo a preservar os objectivos últimos da política nacional de terras em
termos de equidade. Tal deve incluir disposições para os municípios leiloarem DUAT de
terra urbana ociosa (em vez de a atribuírem gratuitamente) e disposições para assegurar
que os DUAT sejam atribuídos de forma transparente.

 Alteração do código tributário autárquico introduzindo um factor progressivo no imposto


predial sobre a terra improdutiva. Como a economia política de uma reforma profunda da
terra urbana que possa abordar a apropriação passada de terra e o grande poder dos
especuladores de terra pode complicar a questão, a tributação predial poderia ser uma
abordagem mais pragmática para ajudar a atingir os objectivos de equidade e eficiência da
política de terras. Para evitar a especulação e o uso ineficiente do espaço urbano, é
importante que os municípios possam aplicar um imposto predial progressivo. A revisão
do código do imposto predial (IPRA) deve também incorporar a avaliação do mercado
imobiliário na fórmula do IPRA. A revisão do código do IPRA deve ser acompanhada de
apoio para melhorar a base tributária e a cobrança, eliminando taxas especiais e isenções
para os novos desenvolvimentos.

31
Aprofundamento da descentralização para proporcionar mais receitas aos municípios para
planificação urbana e mobilização interna de recursos.

O processo de ‘municipalização’ em Moçambique já demonstrou realizações significativas.


Desde a primeira onda de reformas de descentralização em finais da década de 90, os municípios
têm vindo a crescer em número e em população. Estão também a adquirir maiores
responsabilidades, quer através da devolução formal, quer devido ao simples facto de estarem mais
próximos dos cidadãos. De facto, os municípios têm vindo a alargar a cobertura de serviços
urbanos e a aumentar o investimento em infra-estruturas, particularmente nos municípios de média
e grande dimensão, que têm maior capacidade de gerar receitas próprias.
No entanto, a implementação das reformas de descentralização está longe de estar completa.
A maior parte das autarquias demonstraram estarem bem posicionadas para reforçar o dinamismo
e eficácia do desenvolvimento urbano em Moçambique, mas não atingiram ainda o potencial pleno
dos seus papéis estatutários. O processo de descentralização que começou em 1997 foi assente em
estruturas organizativas locais muito fracas. A implementação das políticas de descentralização
tem sido incremental e só agora se podem ver os primeiros resultados em termos de aumento dos
recursos municipais, melhor planificação urbana e gestão de terras, e maior responsabilização
perante os cidadãos.
Uma agenda nacional de aprofundamento da descentralização implica apoio para dar
continuidade à implementação do actual quadro de políticas, bem como a introdução de
novas reformas. Os constrangimentos e dificuldades actuais analisados neste capítulo sugerem as
seguintes reformas de política e de reforço institucional para ajudar os municípios a cumprirem as
suas obrigações estatutárias de oferta de infra-estruturas urbanas e serviços públicos robustos:
Apoio à Implementação da Política de Descentralização
 Intensificar a escala dos donativos de desempenho municipal e de assistência técnica aos
municípios para aumentarem as suas receitas próprias. Apesar do aumento continuado de
receitas próprias, existe ainda um grande potencial intocado de imposto predial (IPRA). O
nível baixo de receitas próprias é limitado não só pela baixa capacidade institucional na
organização e cobrança de impostos locais, mas também pela economia política, que inibe
os representantes eleitos de aumentar o fardo fiscal do seu eleitorado directo. A experiência
dos Donativos de Desempenho Municipal e da Assistência Técnica Financeira Municipal
a 20 municípios ao abrigo do Programa de Cidades e Alterações Climáticas demonstrou
que a combinação de incentivos com assistência técnica para reforçar a capacidade
institucional pode produzir resultados tangíveis em termos de aumento das receitas próprias
das autarquias. Estes incentivos podem ser expandidos à maior parte dos 53 municípios e
incluir apoio para reforçar funções fiduciárias.
 Dar incentivos e assistência técnica para melhorar a cobertura e a sustentabilidade
financeira dos serviços e infra-estruturas urbanas. A maior parte das infra-estruturas e
serviços urbanos básicos são de má qualidade e têm cobertura reduzida devido à falta de
financiamento. Por um lado, a falta de clareza nos quadros de políticas sectoriais nacionais
respeitantes à atribuição de autoridade e responsabilidades municipais em domínios em
que as funções são partilhadas como o governo central – como o abastecimento de água,
drenagem e saneamento, bem como cuidados primários de saúde e educação – limita o
investimento e o financiamento operacional. Para o caso dos municípios maiores

32
(categorias A e B), estas funções devem ser claramente transferidas para as autoridades
locais (como parte da estrutura do conselho municipal, como empresas municipais, ou
terceirizadas ao sector privado), com a respectiva transferência de recursos e pessoal. Para
os municípios mais pequenos, a sustentabilidade financeira de infra-estruturas e serviços
urbanos essenciais continuará a depender das transferências fiscais intergovernamentais e
da provisão directa de empresas públicas ou municipais, mas a congregação da prestação
destes serviços em torno de um aglomerado de municípios poderia criar maiores economias
de escala. Por outro lado, é importante operacionalizar as tarifas de serviços urbanos
nucleares de uma maneira mais transparente e eficiente – por exemplo, consolidando as
tarifas dos diferentes serviços urbanos (como água, drenagem, esgotos, GSA) numa conta
única e actualizando todas as tarifas de modo a assegurar que os custos operacionais e de
manutenção sejam inteiramente cobertos.
 Intensificar o apoio técnico aos municípios na formulação de instrumentos-chave de
planificação urbana e para a criação de sistemas eficazes de gestão de terras. Embora a
legislação nacional obrigue todos os municípios a terem planos estruturais urbanos
detalhados (os PEUM) e planos detalhados de uso da terra (os PPU e os PP), não existe um
só município que possua todos estes instrumentos. A nacionalização da terra e a
subsequente descentralização transferiram para os municípios a responsabilidade pela
gestão de toda a terra dentro dos seus limites mas, apesar disso, nenhum actualizou os
cadastros de terra ou implementou procedimentos transparentes e eficientes de
regularização de terras. Isto resultou numa expansão urbana desordenada, maior ocupação
de áreas perigosas e conflitos recorrentes, vendas forças e apropriação de terra (ver mais
no Capítulo 5).

Melhorar as Políticas e Regulamentação de Descentralização


 Rever a Fórmula do Imposto Predial para Melhor Captar o Valor de Mercado. A fórmula
actual do imposto predial (IPRA) é rígida e não reflecte os valores de mercado. A legislação
presente prejudica a tributação de prédios (rústicos e urbanos) pois a fórmula actual estima
o valor tributável com base principalmente num custo arbitrário de construção. Além disso,
também limita variações devidas a localização e depreciação dos edifícios, reduzindo assim
significativamente as receitas potenciais e criando uma forma de tributação predial
regressiva. Uma revisão do regulamento do IPRA deve permitir aos municípios avaliarem
os imóveis com base em valores reais de mercado. Os custos de construção também devem
ser actualizados de modo a reflectir os valores de mercado, desagregados em construção
de custo baixo, médio e alto, e fornecidos regularmente pelo governo central. De igual
modo, a fórmula do IPRA deve ser ajustada para reflectir melhor a depreciação real dos
edifícios e ajustada a um leque mais alargado de valores da terra em diferentes áreas do
mesmo município.
 Permitir que os municípios fiscalmente sólidos e com capacidade creditícia busquem
crédito de longo prazo no mercado. A infra-estrutura urbana essencial exige financiamento
de longo prazo, mas a legislação actual limita o endividamento municipal ao curto prazo.
A ausência de mecanismos de longo prazo de financiamento de capital limita seriamente a
capacidade das autarquias de realizarem os investimentos necessários em infra-estruturas
e expandirem mais amplamente os serviços básicos que só podem ser financiados com

33
termos de reembolso de longo prazo. Poderiam ser criados parâmetros de responsabilidade
fiscal e capacidade creditícia para permitir aos municípios fiscalmente sólidos
endividarem-se no mercado ou junto de um fundo municipal circulante de cariz nacional.
 Rever a legislação de ordenamento urbano de modo a aumentar a sua aplicabilidade e
eficácia. Os actuais instrumentos de planificação urbana, como os PEUM, os PPU e o PP,
enora obrigatórios por lei não são aplicados. A legislação actual é muito fraca em termos
de penalizações impostas a entidades privadas que não cumprem os planos de uso da terra
e muito permissiva em termos da responsabilidade dos presidentes dos conselhos
municipais por não emitirem nem aplicarem estes instrumentos. Por conseguinte, é
necessária uma revisão da legislação actual de modo a incorporar mecanismos de aplicação
mais fortes, como multas altas quando os promotores não cumpram a legislação, bem como
consequências mais pesadas para os presidentes dos conselhos municipais não emitam
estes instrumentos de ordenamento urbano. Além disso, a lei nacional que governa os
PEUM deve ser mais clara quanto ao âmbito e funções da planificação do solo urbano
(actualmente os PEUM têm planos de uso do solo muito vagos), estipular os diferentes
regulamentos de desenvolvimento urbano que devem fazer parte dos PEUM, e incorporar
o mapeamento de risco para melhor regular a ocupação em áreas expostas a cheias, erosão,
subida do nível do mar e outros riscos ambientais.

34
Referências

Alfani, F., C. Azzarri, M. d’Errico, and V. Molini. 2012. Poverty in Mozambique: New Evidence
from Recent Household Surveys. World Bank. Policy Research Working Paper 6217.
Washington, DC: World Bank.
Ames, B., E. Connerley, D. do Rosario, E. Nguenha, and L. Francisco. 2010. Comparative
Assessment of Decentralization in Africa: Mozambique in-Country Assessment Report.
Prepared by ARD for review by the U.S. Agency for International Development.
Araújo, M.G.M. 1988. O sistema das aldeias comunais em Moçambique: transformações na
organização do espaço residencial e produtivo. 2 Vol. Universidade de Lisboa.
Araújo, M.G.M. de 1988. O sistema das aldeias comunais em Moçambique: transformações na
organização do espaço residencial e produtivo. 2 Vol. Universidade de Lisboa.
Arndt, C., M.A. Hussain, E.S. Jones, V. Nhate, F. Tarp, and J. Thurlow. 2012. “Explaining Poverty
Evolution: The Case of Mozambique.” American Journal of Agricultural Economics 94 (4),
2012: 854-872.
Arndt, C., R. Benfica, N. Maximiano, A. Nucifora, and J. Thurlow. 2008. “Higher Fuel and Food
Prices: Impacts and Responses for Mozambique.” Agricultural Economics 39: 497-511.
Benin, S., X. Diao, C. McCool, and F. Simtowe. 2012. “Malawi.” In Strategies and Priorities for
African Agriculture: Economywide Perspectives from Country Studies, edited by Diao X., J.
Thurlow, S. Benin, and S. Fan, 245-79. Washington, DC: International Food Policy Research
Institute.
Bernard, L., O. D’Aoust, and T. Jones. 2016. The Urban Wage Premium in Africa: Is it Real? In
progress.
Burr, K. 2004. The Evolution of the International Law of Alienability: The 1997 Land Law of
Mozambique as a Case Study, Columbia Journal of Transnational Law 43(3).
Burr, K. 2004. The Evolution of the International Law of Alienability: The 1997 Land Law of
Mozambique as a Case Study, Columbia Journal of Transnational Law 43(3).
Carrilho, J., S. Bruschi, C. Menezes and L. Lage. 2004. Traditional Informal Settlements in
Mozambique: From Lichinga to Maputo. FAPF: Maputo.
Centro de Integridade Publica. 2010. Governação Local em Moçambique: Desempenho dos
Distritos e Autarquias Locais, Maputo.
CESO Development Consultants. Janeiro 2017. Análise Estratégica para Apoio à Formulação de
um Programa de Apoio ao Desenvolvimento Local Sustentável. Estudo comissionado pela
Direcção Nacional de Planificação e Orçamento do Ministério da Economia e Finanças.
Cistac, G. 2012. Institucionalização, Organização e Problemas do Poder Local, Maputo:
Universidade Eduardo Mondlane, manuscrito não publicado.
Collier, P., and P. Jones. 2016. Transforming Dar es Salaam Into a City That Works. Policy Brief.
(Versão Preliminar).

35
Conselho Municipal da Cidade de Maputo / COWI. 2014. Estudo de Base para o Programa de
Regularização Massiva da Posse de Terra – Relatório final.
Conselho Municipal de Maputo. 2015. Modelo de Sustentabilidade para Regularização Massiva
de DUATs.
De Quadros, M.C. 2003. Current Land Policy Issues in Mozambique, Land Reform, edição
especial 2003: 175-200.
Decreto n.º 33/2006, Boletim da República, 11 de Julho de 2006.
Decreto n.º 33/2006, Boletim da República, 30 de Agosto de 2006.
Decreto n.º 45/2011, Boletim da República, 21 de Setembro de 2011.
Decreto n.º 60/2006, Boletim da República, de 26 de Dezembro. Regulamento do Solo Urbano.
Decreto n.º 65/2003, Boletim da República, 31 de Dezembro de 2003.
Denesse, J. 2013. Aldeais Comunais. Universidade do Lúrio, Nampula.
Dervis K., J. De Melo, and S. Robinson. 1982. General Equilibrium Models for Development
Policy. New York: Cambridge University Press.
Diao, X., and J. Thurlow. 2012. “A Recursive Dynamic Computable General Equilibrium Model.”
In Strategies and Priorities for African Agriculture: Economywide Perspectives from Country
Studies, edited by X. Diao, J. Thurlow, S. Benin, and S. Fan, 17-50. Washington DC:
International Food Policy Research Institute.
Diao, X., P. Hazell, and J. Thurlow. 2010. “The Role of Agriculture in African Development.”
World Development 38 (10): 1375-1383.
Direcção Nacional de Desenvolvimento Autárquico, Ministério da Administração Estatal e Função
Publica. 2013. Diagnóstico Básico Municipal do Planeamento Urbano e Gestão do Solo
Urbano. Relatório do Levantamento de Campo.
Direcção Nacional de Desenvolvimento Autárquico. Ministério da Administração Estatal e Função
Publica. 22 Novembro de 2016. Breve Avaliação Situação dos Municípios em
Moçambique.
Direcção Nacional de Desenvolvimento Autárquico. Ministério da Administração Estatal e Função
Publica. 21 de Janeiro de 2017. Estratégia de Promoção Autárquico e Urbano em
Moçambique.
Dorosh, P., and J. Thurlow. 2014. “Can Cities or Towns Drive African Development?
Economywide Analysis for Ethiopia and Uganda.” World Development 63 (10): 113-123.
Dorosh, P., and J. Thurlow. Em preparação. “Beyond Agriculture Versus Non-Agriculture:
Decomposing Growth-Poverty Linkages in Five African Countries.” World Development.
Durand-Lasserve, A., M. Durand-Lasserve, and H. Selod. 2009. The Formalization of Urban Land
Tenure in Developing Countries. In Urban Land Markets: Improving Land Management for
Successful Urbanization, edited by S. Lall, M. Freire, B. Yuen, and J.-J. Helluin, 101-132.
Springer.
Durand-Lasserve, A., M. Durand-Lasserve, and H. Selod. 2015. Land Delivery Systems in West
African Cities. The Example of Bamako, Mali. Washington, DC: World Bank and Agence
Française de Développement.

36
FAO (Food & Agriculture Organization of the United Nations). 2016. FAOSTAT Online Database.
Roma: FAO.
Gennaioli, N., R. La Porta, F. Florencio Lopez De Silanes; and A. Shleifer. 2014. “Growth in
regions.” Journal of Economic Growth 19:259-309.
Gollin, D., R. Jedwab, and D. Vollrath. 2014. “Urbanization With and Without Industrialization.”
Journal of Economic Growth, 21(1): 35-70.
Henderson, J.V., and H.G. Wang. 2005. “Aspects of the rural–urban transformation of countries.”
Journal of Economic Geography 5: 23-42.
ICF International, 2015. The DHS Program STATcompiler. Funded by USAID.
http://www.statcompiler.com. Using Instituto Nacional de Estatistica and Ministério da Saúde,
Maputo, Moçambique, and ORC Macro. 2005. Demographic and Health Survey 2003 (FR161).
Calverton, Maryland.
INE (Instituto Nacional de Estatística, República de Moçambique). 1996. Inquérito Aos Agregados
Familiares, 1996 (IAF96). Maputo: INE.
——. 1998. Recenseamento Geral da População e Habitação, 1997. Maputo: INE.
——. 2004. Inquérito Aos Agregados Familiares, 2002/03 (IAF02/03). Maputo: INE.
——. 2006. Inquérito Integrado à Força de Trabalho, 2004–2005 (IFTRAB04). Maputo: INE.
——. 2008. Recenseamento Geral da População e Habitação, 2007. Maputo: INE.
——. 2010. Inquérito Sobre Orçamento Familiar, 2008/09 (IOF08). Maputo: INE.
——. 2010. Inquérito Sobre Orçamento Familiar, 2008/09 (IOF08). Maputo: INE.
——. 2015. Inquérito Sobre Orçamento Familiar, 2014/15 (IOF14). Maputo: INE.
——. 2015. Inquérito Sobre Orçamento Familiar, 2014/15 (IOF14). Maputo: INE.
——. 2016. Série Temporal Anual das Contas Nacionais. Maputo: INE.
Instituto Nacional de Estatística e Ministério da Saúde, Maputo, Moçambique, e MEASURE DHS,
ICF International. 2013. Demographic and Health Survey 2011 (FR266). Calverton, Maryland.
Instituto Nacional de Estatística. 2010. Projecções anuais da população total urbana e rural, dos
distritos da cidade de Maputo 2007-2040.
Instituto Nacional de Estatística. 2014. Moçambique – Anuário Estatístico 2013.
Jedwab, R., L. Christiaensen, and M. Gindelsky. 2015. “Demography, urbanization, and
development: Rural push, urban pull and ... urban push?” Journal of Urban Economics.
Jedwab, R., L. Christiaensen, and M. Gindelsky. 2015. Demography, urbanization and
development: Rural push, urban pull and … urban pull?. Policy Research Working Paper Series
7333. Washington, DC: The World Bank.
Jenkins, P. 2000. Urban management, urban poverty and urban governance: planning and land
management in Maputo, Environment and Urbanization 12(1): 137-152.
Jenkins, P. 2001. Strengthening access to land for housing for the poor in Maputo, Mozambique,
International Journal of Urban & Regional Research 25(3): 629-648.

37
Kessides, C. 2005. The Urban Transition in Sub-Saharan Africa: Implications for Economic
Growth and Poverty Reduction. The Cities Alliance. Africa Region Working Paper Series No.
97. Washington, DC: The World Bank.
Kulipossa, F. P. (n.d.). The Political Economy of Turnaround in Mozambique. Washington, DC:
World Bank.
Lall, S., H. Selod, and Z. Shalizi. 2006. Rural–Urban Migration in Developing Countries: A
Survey of Theoretical Predictions and Empirical Findings. Policy Research Working Paper;
No. 3915. Washington, DC: The World Bank.
Lei n.º 18/2008, Boletim da República, 29 de Janeiro de 2008.
Lei n.º 19/1997, Boletim da República, 1 de Outubro de 1997. Lei de Terras.
Lei n.º 2/1997, Boletim da República, 2º Suplemento, 18 de Fevereiro de 1997.
Lei n.º 9/1996, Boletim da República, Serie n.º 47, Suplemento, 22 de Novembro de 1996.
Constituição da República de Moçambique.
Lindel, I. 2008. The Multiple Sites of Urban Governance: Insights from an African City, Urban
Studies 45: 1879-1901.
Lundin, I.B. 2004. The Peace Process and the Construction of Reconciliation Post-Conflict: The
Experience of Mozambique. Paper presented at the “Experiences of Penal Alternatives in Peace
Processes” Seminário Internacional, Barcelona, Fevereiro 27-28, 2004.
Malauene, D., A. Chilundo, B. Cau, and M. Mubai. 2005. Land Registration in Maputo and Matola
Cities, Mozambique. IIED Research Report 7.
Mano, Rui C., and C. Marola. (2015). The Level of Productivity in Traded and Non-Traded
Sectors for a Large Panel of Countries. Working Paper No. 15/48. Washington, DC:
International Monetary Fund.

MAP Consultancy. 2017. Mozambique’s Inter-governmental Fiscal Transfer System: A Fiscal and
Institutional Analysis. Study Commissioned by the Swiss Cooperation Office in Maputo,
Mozambique.
MAP Consulting. March 2016. Political Economy of Decentralization in Mozambique. Study
Commissioned by the Swiss Cooperation Office in Maputo, Mozambique.
McMillan, M., D. Rodrik, and I. Verduzco-Gallo. 2014. “Globalization, Structural Change, and
Productivity Growth, with an Update on Africa.” World Development 63 (11): 11-32.
Meneses, M. 2006. Traditional Authorities in Mozambique: Between Legitimization and
Legitimacy. In The Shade of New Leaves. Governance in Traditional Authority: A Southern
African Perspective, edited by Manfred O. Hinz, 93-120. Berlin: Lit Verlag.
Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Direcção Nacional de Terras. Dezembro
2016. Strategy Proposal for the Reform of the Land Sector.
MITADER. Maio 2016. Relatório Final Preliminar da Avaliação da Governança de Terras em
Moçambique.
Nakamura, S., R. Harati, S.V. Lall, Y.M. Dikhanov, N. Hamadeh, W. V. Oliver, M. O. Rissanen,
and M. Yamanaka. 2016. Is Living in African Cities Expensive? World Bank Policy Research
Working Paper 7641. Washington, DC: World Bank.
38
Associação Nacional de Municípios de Moçambique (ANAMM). 2016. Guião de Governação
Municipal.
Negrão, J., A. de Carvalho, J. Donato, and T. Manhicane. 2004. Urban Land Market in
Mozambique, Cruzeiro do Sul Report. Research Institute for Development.
Newitt, M. 1995. A History of Mozambique. London: Hurst and Co..
Nielsen, M. 2009. In the Vicinity of the State. Housing Construction, Personhood, and the State in
Maputo, Mozambique. University of Copenhagen, Department of Anthropology, PhD thesis
(PhD Series no. 51).
Obarrio, J. 2014. The Spirit of the Laws in Mozambique. Chicago: University of Chicago Press.
PCMC (Projecto Cidades e Mudanças Climáticas). 2013. Diagnóstica Básico Municipal do
Planeamento Urbano e Gestão do Solo Urbano. Relatório do Levantamento de Campo.
República de Moçambique, Ministério da Administração Estatal, Direcção Nacional de
Desenvolvimento Autárquico.
Pestana Barros, C., A. Chivangue, and A. Samagaio. 2014. Urban Dynamics in Maputo,
Mozambique, Cities 36(3): 74-82.
PrimeYield. 2014. Mozambique Property Market 2014 – Residential, Offices, Tourism and Retail.
Raimundo, J.A., and I.M. Raimundo. 2009. Operations of the Market Study: Land Access in Urban
Areas—The Case of Maputo. Report prepared for Urban LandMark.
República de Moçambique, Ministério da Economia e Finanças. 2014. Estratégia Nacional de
Desenvolvimento (2015-2035). Maputo.
Resolução 12/2015, Boletim da República, 2º Suplemento, 14 de Abril de 2015. Plano Quinquenal do
Governo de Moçambique: 2015-2019.
Resolução 40/2012, Boletim da República, 20 de Dezembro de 2012. Política e Estratégia
Nacional de Descentralização
Rose, I., and J. Carrilho. 2012. Building Mozambique’s Cadastre: A Delicate Balancing Act. Paper
prepared for presentation at the Annual World Bank Conference on Land and Poverty, The
World Bank, Washington DC, April 23-26.
Royston, L., R. Gordon, and Progressus Research and Development. 2013. Incrementally securing
tenure in urban and peri-urban Mozambique: An exploration of the evidence base and strategy
proposal. Tenure advisory support services undertaken for Urban LandMark and Cities
Alliance.
Tanner, C. 2002. Law-Making in an African Context: The 1997 Mozambican Land Law. FAO
Legal Papers Online #26, March.
Thurlow, J. 2012. “Mozambique.” In Strategies and Priorities for African Agriculture:
Economywide Perspectives from Country Studies, edited by X. Diao, J. Thurlow, S. Benin, and
S. Fan, 349-70. Washington, DC: International Food Policy Research Institute.
Thurlow, J., and D.E. Van Seventer. 2016. A 2012 Social Accounting Matrix for Mozambique: A
Nexus Project MSC. Washington, DC, USA: International Food Policy Research Institute.
United Nations, Department of Economic and Social Affairs. 2014. World Urbanization
Prospects: The 2014 Revision. New York: United Nations.
39
United Nations. 2009. The Millennium Development Goals Report 2009. New York: United
Nations.
Van den Brink, R. 2008. Land Reform in Mozambique. ARD Notes series on Land Policy and
Administration, The World Bank.
Venable, A. 2016. Breaking Into Tradables: Urban form and urban function in a developing city.
London: Centre for Economic Policy Research
Weimer, B. 2012. Moçambique: Descentralizar o Centralismo; Maputo: Instituto de Estudos
Sociais e Económicos.
Weimer, B. et al. 2012. Municipal Tax Base in Mozambique: High Potential – Low Degree of
Utilization. Discussion paper presented at the Deutsches Institut für Entwicklungspolitik,
Bonn. January 2012.
World Bank. 2009. Municipal Development in Mozambique: Lessons from the First Decade.
Report No. 47876-MZ. 2 Vols. Washington, DC: World Bank.
World Bank. 2016. World Development Indicators Online Database. Washington, DC, USA:
World Bank.
World Bank. 2016a. World Development Indicators 2016. Washington, DC.
https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/23969 License: CC BY 3.0 IGO.
World Bank. 2016b. Mozambique Country Partnership Framework. Washington, DC: World
Bank.
World Bank. 2016c. Republic of Mozambique: Systematic Country Diagnostic. Washington DC:
World Bank.
World Bank. 2017. Opening Doors to the World: Africa’s Urbanization. Washington DC: World
Bank.
World Bank. December 22, 2015. Implementation Completion and Results Report of the National
Decentralized Planning and Finance Project.
World Bank. May 2009. Municipal Development in Mozambique: Lessons from the First Decade.
Xiong, Y. 2014. “The Role of Megaprojects and Their Relationship to Jobs and Growth.” In
Mozambique Rising: Building a New Tomorrow, edited by Doris C. Ross, 26-36. Washington,
DC: International Monetary Fund.

40
Notas

i
Thurlow e Van Seventer, 2016. Como o inquérito de 2014/15 estava indisponível no momento da redacção, a
informação sobre mão-de-obra e agregados familiares foi retirada do inquérito familiar de 2008/09 (INE 2010).
ii
Definimos a linha de pobreza para o nível de despesa de consumo per capita (incluindo consumo familiar) no valor
mais elevado do segundo quintil populacional. Este limiar resultou em que 40 por cento da população fosse
classificada como pobre no ano de base do nosso modelo.
iii
Jedwab, Christiaensen e Gindelsky, em preparação.

41

Você também pode gostar