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São Leopoldo
2016
BRUNO KÜMMEL CARRER
São Leopoldo
2016
Dedico aos meus pais e aos meus irmãos,
razão da minha alegria e motivação.
“O dinheiro não nos traz necessariamente a felicidade. Uma pessoa que tem
dez milhões de dólares não é mais feliz do que a que tem só nove. ”
Lewis H. Brown
RESUMO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA OU PROBLEMA ............................................................ 11
1.2 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO ....................................................................... 11
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 11
1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 11
1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 12
1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 12
2.1 LOTEAMENTO.................................................................................................... 14
2.1.1 Aspectos Legais ............................................................................................. 15
2.1.2 Aspectos Ambientais ..................................................................................... 16
2.1.3 Aspectos Urbanísticos................................................................................... 17
2.1.4 Aspectos Técnicos ......................................................................................... 17
2.1.5 Aspectos Econômico-Financeiros ................................................................ 18
2.1.6 Aspectos de Comercialização ....................................................................... 18
2.2 PLANEJAMENTO DE LOTEAMENTO ................................................................ 19
2.3 ANÁLISE DE INVESTIMENTO NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................. 20
2.3.1 Modalidades de investidores ........................................................................ 21
2.3.2 Tipos de Investimento.................................................................................... 22
2.3.3 Tipos de Projetos ........................................................................................... 23
2.4 VIABILIDADE ECONÔMICA ............................................................................... 23
2.4.1 Avaliação de Bens e Indicadores de Viabilidade ......................................... 24
2.4.1.1 Payback......................................................................................................... 25
2.4.1.2 Fluxo de Caixa .............................................................................................. 26
2.4.1.3 Valor Presente Líquido (VPL) ........................................................................ 27
2.4.1.4 Taxa Mínima de Atratividade (TMA) .............................................................. 27
2.4.1.5 Taxa Interna de Retorno (TIR) ...................................................................... 28
2.4.1.6 Teoria da Decisão ......................................................................................... 29
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 30
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 36
4.1 PESQUISA DE MERCADO ................................................................................. 36
4.4 CUSTOS ............................................................................................................. 40
4.5 PLANEJAMENTO FINANCEIRO ........................................................................ 41
7
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO
futuro não pode ser negligenciado, pois esse fator comprometeria severamente o
retorno financeiro do empreendimento. Então a associação de indicadores
econômicos com a capacidade de reconhecimento de riscos do mercado de atuação
garante uma avaliação objetiva que determina a viabilidade de um projeto.
O presente trabalho de conclusão de curso verifica a viabilidade de um
loteamento localizado no Rio Grande do Sul a partir de um estudo de caso no qual se
faz a identificação de elementos que agregam custo na execução do loteamento e se
analisa indicadores econômicos em alguns cenários, a fim da maximização de lucros
e identificação de riscos.
1.3 OBJETIVOS
1.4 JUSTIFICATIVA
negócio com ciclo financeiro e operacional bem longo e, como a lei está sujeita a sofrer
alterações constantes, esse investimento causa incerteza.
Com o objetivo de diminuir os custos não previstos, tentar reduzir esse risco ao
mais próximo, possível de nulo, se deve trabalhar em um estudo detalhado com
análise de viabilidade econômico-financeira dos terrenos onde se tem a intenção de
se lotear, com o devido tempo antecedendo esta atividade.
14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 LOTEAMENTO
Leão, Lima e Dério (2014) afirmam que existem vários benefícios gerados a
partir da atividade de loteamento como os empregos gerados com as construções
subsequentes ao loteamento, melhoria na qualidade de vida da população devido à
disposição de água potável, rede de energia elétrica, rede de esgoto e asfalto.
A revista Negócios PE publicou em agosto de 2015 que o mercado de
loteamentos é um dos setores da construção civil que não sofreu grande influência do
momento conturbado pelo que passa a economia nacional e que isso se deve ao custo
mais baixo para o investimento das incorporadoras (LAGO, 2015). Ainda na mesma
publicação, Lago (2015) avalia que os riscos de execução e orçamentos
ultrapassados são menores do que para outros projetos, como residenciais e
comerciais, apesar de não contar com linhas de financiamentos de bancos, pois a
atuação dessas instituições se restringe a antecipação de recebíveis do
empreendimento pretendido ou ainda de outro que a incorporadora já tenha carteira.
De acordo com a mesma fonte, alguns dos itens que interferem no valor de
mercado de imóveis são:
Evolução ou declínio da população;
Alterações na densidade da população;
Educação e atividades sociais;
Recursos naturais, qualidade e localização;
Tendências de emprego e nível de salário;
Disponibilidade de dinheiro ou crédito;
Clima e topografia;
Fatores públicos, tais como transporte, escolas, igrejas, parques;
2.4.1.1 Payback
Payback é definido por Amadei e Amadei (2014) como o tempo para que o valor
aplicado no empreendimento retorne ao investidor sem considerar as taxas de juros.
Com o payback é obtido um número de períodos de fluxo de caixa nos quais o
somatório das despesas é igual ao somatório do valor retorno financeiro, ou seja, é o
tempo necessário para que os benefícios cubram as despesas investidas
(HIRSCHFELD, 2000).
Para a técnica de recuperação do capital existem duas abordagens
denominadas payback simples e payback descontado. Sousa (2003) define a técnica
de payback simples como a técnica na qual as entradas de caixa ocorram sem taxas
de desconto enquanto que na técnica do payback descontado as futuras entradas de
caixa são apresentadas sob valores presentes para fins de amortização inicial. Ambas
técnicas permitem determinar o tempo necessário para a recuperação do valor
investido e servem para sinalizar riscos, porém no caso específico do payback simples
o valor do dinheiro no tempo não é considerado. O payback estabelece a condição de
um período máximo de payback aceitável - PMPbA - como critério de aceitação, no
qual quando o payback é maior do que o PMPbA se rejeita a viabilidade do
investimento (SOUZA, 2003).
26
A NBR 14653-4 (2002) define fluxo de caixa como “série de receitas, custos e
despesas de um empreendimento ao longo de um determinado período”.
Segundo Hirschfield (2000) o fluxo de caixa pode ser gráfico, ou analítico, das
apreciações envolvidas com essa caixa simbólica, ou seja, é um somatório dos
valores obtidos ao longo do tempo, com a dedução dos valores investidos. Quando se
trata de empreendimento, esse caixa deve ser composto de informações que
possuem grande probabilidade de acerto, das entradas e saídas de dinheiro que vão
compreender esse caixa.
O fluxo de caixa é importante para que haja a tomada de decisões em relação
ao investimento no empreendimento e essa decisão tenha base nos valores
relacionados a entrada e saída de recursos financeiros (SOUZA, 2003).
O fluxo de caixa pode ser utilizado para visualização da movimentação
financeira e para verificar o valor rentável de investimentos (GONÇALVES, 1999) e
para tanto é necessário calcular a equivalência dos valores de entrada e saída em
determinado período para o valor na data atual (HUHNEM e BAUER, 1996). Para
efetuar tal equivalência é necessário aplicar uma taxa ao período nos quais os valores
estão submetidos (CASAROTTO FILHO e KOPITTKE, 2008) e essa taxa deve
representar um valor de retorno mínimo esperado para o investidor. As taxas
geralmente utilizadas são as taxas de poupança, juros e inflação
A equivalência é feita de acordo com a equação 1 quando se deseja trazer o
valor para a data zero, ou com a equação 2 para levar o valor para a data necessária;
= ( )
(1)
= × (1 + ) (2)
Onde:
V0 = Valor na data zero
Vi = Valor na data na qual está se fazendo a equivalência com a data zero
27
= (1 + ) (3)
de investir em outro, tendo esta taxa de juros equivalente a das aplicações correntes,
com pouco risco, enquanto que para Amadei e Amadei (2014) a TMA é a taxa mínima
que um empreendimento (nova proposta de investimento) deve render para ser
atrativa.
Segundo (SECURATO, 1993) a TMA é o custo da utilização do capital pela
empresa e é composta por três componentes que formam o cenário econômico-
financeiro:
Custo de oportunidade: se trata de valores que poderiam ser obtidos em
outras oportunidades.
Risco de negócio: o ganho com o investimento deve remunerar o seu
risco;
Liquidez do negócio: pode ser definida como a velocidade com a qual
um ativo pode ser convertido em caixa;
Para Sousa (2003) pode-se conceituar a taxa interno de retorno como a taxa
que iguala o valor presente de entradas de caixa - VPE - com o valor presente das
saídas de caixa – VPS.
A taxa interna de retorno de um fluxo de caixa é a taxa para a qual o valor
presente do fluxo é nulo (CASAROTTO FILHO e KOPITTKE, 2008), ou seja, a TIR é
a taxa de desconto que zera o VPL (AMADEI e AMADEI, 2014).
A TIR pode ser obtida resolvendo-se a Equação 4 para o valor de k que torne
o VPL igual a zero (GITMAN, 2002).
VPL = 0 = ( )
− I (4)
3 METODOLOGIA
Fonte: https://www.google.com.br/maps/place/Encantado
permanente (APP), que faz limite com o Rio Taquari, pois é necessário 100m de
distância entre o rio e a obra.
Além dos fatores citados anteriormente, para a execução do loteamento a
prefeitura de Encantado exige que 30% da área total seja dividida entre área verde e
infraestrutura para mobilidade urbana, totalizando em 8.220,52 m². Dessa forma 70%
da área total, correspondente a 19.062,00 m², poderá ser utilizada como área útil para
divisão entre os 49 lotes previstos em projeto, como mostra a figura 2.
O estudo iniciou com uma pesquisa de mercado que foi dividida em três etapas:
I. A primeira etapa consistiu em um levantamento de dados populacionais a
partir de pesquisas de censo. Buscou-se verificar dados como evolução populacional,
pirâmide etária, rendimento domiciliar per capita, evolução do número de domicílios e
IDH. Esses dados permitiram avaliar as condições socioeconômicas da cidade e
consequentemente a disponibilidade da população para investimentos.
II. Na segunda etapa apurou-se informações sobre valores de lotes já
existentes na região a partir de imobiliárias da cidade. Com esta etapa foi possível
estipular uma faixa de valores de venda para os lotes do empreendimento.
III. A terceira etapa compreendeu uma pesquisa de campo de modo informal
na região, com o objetivo de averiguar possíveis investidores e avaliar a capacidade
econômica da população local. A pesquisa foi realizada entrevistando-se 20 pessoas
com base em um questionário de 16 questões que pode ser verificado na figura 3 e
que possibilitou classificar a modalidade de investidores, assim como refinar a faixa
de valores de venda dos lotes.
33
Fonte: do Autor
Fonte: do Autor
36
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
20.000
19.000
18.000
17.000
16.000
1991 1996 2000 2007 2010 2013 2016 2020
Fonte: do Autor
Quanto aos tipos de investimentos atuais da população pode-se dizer que são
do tipo recorrente, porém percebe-se que 60% dos entrevistados estariam aptos a
fazer investimentos do tipo estratégicos, o que inclui o ramo imobiliário.
Analisando os valores sugeridos verifica-se que o público teria intenção em
investir valores maiores para lotes com fim comercial e que pagariam em torno de R$
91.000,00 por um terreno residencial naquela localidade.
Quanto à forma de pagamento, a grande maioria dos entrevistados conseguiria
dar um valor de entrada para compra do lote visto que possuem aplicações em outros
investimentos e não tem necessidade de guardar quantias para imprevistos como por
exemplo saúde e automóvel.
A partir de tais dados estipulou-se um valor final de venda para os lotes de
R$65.000, aproximadamente R$167,00/m², considerando os seguintes fatores:
Não há mais terrenos disponíveis para venda no loteamento vizinho;
O valor de venda dos lotes na mesma região foi em média de
R$152,78/m²;
A população sugeriu no questionário um valor médio de
aproximadamente R$90.000,00 para o bairro em questão;
4.4 CUSTOS
Aquisição do Terreno
Projeto sistema de água
Levantamento Planialtimétrico/Cadastral
Projeto Urbanístico/Quadra e Lote/Perfis Long.
Projeto Terraplenagem/Drenagem/Pavimentação
Projeto rede coletora de esgotos
Projeto elétrico
Projeto paisagístico
Documentação - Aprovação Prefeitura
Aprovação projeto Prefeitura
Registro Terreno
Registro Loteamento
Concessionária água e esgoto
Instalações provisórias e administração da obra
Taxa de fiscalização da prefeitura
Terraplenagem
Marketing e Vendas
Galerias de águas pluviais
Rede de distribuição de água potável
Rede coletora de esgotos sanitários
Rede de energia elétrica e iluminação pública
Pavimentação asfáltica/PAVs
Registro de hipoteca (Lotes)
Demarcação de lotes/logradouros públicos/ruas
10/01/2016 16/09/2016 24/05/2017 29/01/2018
R$ 600,00
R$ 500,00
R$ 400,00
R$ 300,00
R$ 200,00
R$ 100,00
R$ 0,00
jul-16
jul-17
mar/17
fev-16
jun-16
set-16
abr/17
mai/17
jun/17
set-17
fev-18
jun-18
mar-16
mai-16
nov-17
mar-18
jan-16
ago-16
out-16
nov-16
dez-16
fev/17
ago-17
out-17
dez-17
mai-18
jan-18
abr-16
jan/17
abr-18
4.6 SIMULAÇÕES
Fonte: Do autor.
Após fixados os valores dos lotes em cada mês foram realizadas cinco
simulações de tempos de venda das 49 unidades. Os parâmetros de cada simulação
são os apresentados na tabela 9.
Nas quatro primeiras simulações foi considerado que todos os lotes foram
vendidos em um período máximo de 30 meses a partir do início do projeto e para a
última simulação foi verificada em qual situação de tempo de venda seria possível
zerar o VPL.
A simulação 3 corresponde a estimativa original da empresa construtora,
enquanto a 1, 2 e 4 possuem cenários variáveis quanto ao início de venda dos lotes,
fator que leva em consideração possíveis atrasos de liberação dos terrenos pelos
órgãos responsáveis. A quinta simulação trata do pior cenário, no qual as vendas
iniciariam no período mais tardio e levariam mais tempo para finalizar.
As curvas de vendas são apresentadas na figura 9.
5
Unidade de Lotes Vendidos
4
1
3 2
3
2 4
5
1
0
out/16
out/17
out/18
out/19
out/20
jan/16
jan/17
jan/18
jan/19
jan/20
jan/21
jul/16
jul/17
jul/18
jul/19
jul/20
abr/16
abr/17
abr/18
abr/19
abr/20
Fonte: do Autor.
Para cada simulação foi estruturada uma tabela na qual é possível verificar em
cada coluna os seguintes itens:
1ª Coluna: Mês de referência;
2ª Coluna: n (mês de referência – 1);
3ª Coluna: Número de unidades vendidas no mês de referência;
4º Coluna: Valor por unidade vendida conforme tabela de preço
segmentado;
5ª Coluna: Receitas
6ª Coluna: Dispêndio
48
Para a quinta situação buscou-se simular vendas de forma que a taxa interna
de retorno se igualasse a taxa mínima atrativa, definida como 2% incialmente. Dessa
forma distribui-se a venda das 49 unidades no dobro do período de tempo previamente
planejado, ou seja, 60 meses.
Na tabela 14 são apresentados os dados da simulação 05 na qual as vendas
iniciaram em maio de 2017 e finalizaram em janeiro de 2021. Para atingir uma TIR de
2% assumiu-se que as vendas deveriam ocorrer de maneira intermitente inicialmente
e nos últimos 18 meses ocorreriam de maneira constante e progressiva. Neste caso
considerou-se que os custo com marketing e venda foram similares ao caso da
simulação 02, acrescidos de uma parcela de igual valor para cada um dos meses 30
meses adicionados no planejamento.
O preço de venda de cada lote foi calculado utilizando uma extrapolação com
a mesma taxa de 0,30% ao mês utilizada na tabela de preços de venda segmentada.
O fluxo de caixa para este caso indicou um payback de aproximadamente 49,3
meses (4,11 anos) e um valor presente líquido foi de R$ 1.977.769,93.
57
8 R$ 2.500
Milhares
7
R$ 2.000
6
5
R$ 1.500
Payback/Tir
R$ 1.000
3
2
R$ 500
1
0 R$ 0
1 2 3 4 5
Simulações
TIR (%) Payback (anos) VPL (R$)
Fonte: do Autor.
60
5 CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
BEAMAN, M. Reino Unido. Development, Viability & Planning: A basic guide for
planners and regenerators, 2016. Disponivel em:
<http://www.regenerate.co.uk/Viability%20&%20Planning.pdf>. Acesso em: 10
Setembro 2016.
rs.com.br/i_uploads/leismunicipaisarquivo/1.566-91-PLANODIRETOR-
LEIORIGINAL.rtf>. Acesso em: 14 Novembro 2016.