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Esse livro traz uma hipótese para explicar o atraso relativo do Nordeste em relação ao Centro-
Sul Brasileiro. Ele traça as origens históricas dessas desigualdades e mostra como foram
criadas estruturas sociais distintas na ocupação das diversas regiões brasileiras, resultando em
uma menor concentração de capital humano no Nordeste. Ele mostra como essas diferenças
se perpetuam no tempo e não diminuem apenas com a atuação das forças de mercado ou
políticas de suporte a empresas, como se pensava no passado. O livro apresenta essa hipótese
de forma simples, sem recorrer ao tecnicismo exagerado que às vezes ocupa os escritos dos
economistas modernos. Ao mesmo tempo, não perde o rigor de análise, recorrendo a
apêndices mais técnicos quando necessários, de forma que a argumentação possa ser
convincente também para aqueles treinados nas técnicas da economia moderna.
Prefácio
A Questão Regional no Brasil, com foco principal no atraso relativo do Nordeste, foi objeto de
grande preocupação no passado, tendo ocupado grandes nomes entre os estudiosos da
economia brasileira, tais como Celso Furtado, Werner Baer, Albert Hirschman, e Hans Singer,
entre outros. Esses textos e preocupações iniciais geraram uma série de políticas econômicas
que tinham como objetivo reduzir as disparidades regionais existentes no país. Desde a década
de sessenta do século passado elas estiveram em vigor com níveis variados de intensidade e
foco espacial.
Ele enfatiza que as desigualdades regionais existem por causa das diferenças em
capital humano médio entre as regiões, mas não para aí. Apresenta uma hipótese de como
essas diferenças surgiram e como elas se perpetuaram, mostrando que não há forças de
mercado que levem a sua eliminação natural. Com essa visão, evita ter que recorrer à
existência de retornos crescentes de escala para explicar as desigualdades regionais. Tal
abordagem põe o livro claramente tomando uma posição favorável às interpretações da
questão regional que extraem da Nova Teoria do Crescimento Econômico seus principais
fundamentos. Nesse contexto, ele relega as contribuições da Nova Geografia Econômica, que
enfatizam o papel dos retornos crescentes de escala, a um segundo plano.
O livro traz também uma avaliação, à luz da hipótese apresentada, dos diversos
instrumentos de política econômica que foram utilizados até então, demonstrando sua baixa
capacidade de gerar resultados ou mesmo total ineficácia. Diante disso, ele apresenta uma
nova proposta de política regional, que tem no investimento maciço em educação seu eixo de
intervenção. Apesar dessa visão já ser compartilhada pela maioria dos economistas das novas
gerações, ela ainda precisa tomar corpo entre aqueles que são responsáveis pela
determinação das políticas regionais nos governos atuais. Esse livro, com uma apresentação
mais concisa e detalhada, pode ser uma contribuição para o convencimento desses.
Quarta Capa
“Diversos economistas brasileiros e estrangeiros, assim como outros cientistas sociais,
contribuíram de diferentes maneiras para a compreensão dos problemas regionais no Brasil. A
análise feita por Alexandre Rands Barros com a presente obra, contudo, supera todas as
contribuições feitas até o presente momento. Com o olhar objetivo e aguçado que o
caracteriza, o autor integra com maestria as perspectivas histórica, institucional, estatística e
teórica, numa análise profunda da questão regional brasileira. Esta abordagem integrada e
imparcial, feita com o objetivo de compreender a questão regional, e não de defender ou
atacar abordagens existentes, constitui-se numa grande contribuição para a literatura de
Economia Regional e de Desenvolvimento Econômico. É uma leitura obrigatória a todos os
interessados em compreender e em buscar soluções para as desigualdades regionais no Brasil
hoje.”
Werner Baer
Professor de economia da Universidade de Illinois, em Urbana-Champaign, Estados Unidos.