Você está na página 1de 3

Desigualdades Regionais no Brasil: Natureza, Causas, Origens e Soluções.

Esse livro traz uma hipótese para explicar o atraso relativo do Nordeste em relação ao Centro-
Sul Brasileiro. Ele traça as origens históricas dessas desigualdades e mostra como foram
criadas estruturas sociais distintas na ocupação das diversas regiões brasileiras, resultando em
uma menor concentração de capital humano no Nordeste. Ele mostra como essas diferenças
se perpetuam no tempo e não diminuem apenas com a atuação das forças de mercado ou
políticas de suporte a empresas, como se pensava no passado. O livro apresenta essa hipótese
de forma simples, sem recorrer ao tecnicismo exagerado que às vezes ocupa os escritos dos
economistas modernos. Ao mesmo tempo, não perde o rigor de análise, recorrendo a
apêndices mais técnicos quando necessários, de forma que a argumentação possa ser
convincente também para aqueles treinados nas técnicas da economia moderna.

Prefácio
A Questão Regional no Brasil, com foco principal no atraso relativo do Nordeste, foi objeto de
grande preocupação no passado, tendo ocupado grandes nomes entre os estudiosos da
economia brasileira, tais como Celso Furtado, Werner Baer, Albert Hirschman, e Hans Singer,
entre outros. Esses textos e preocupações iniciais geraram uma série de políticas econômicas
que tinham como objetivo reduzir as disparidades regionais existentes no país. Desde a década
de sessenta do século passado elas estiveram em vigor com níveis variados de intensidade e
foco espacial.

As poucas avaliações existentes dessas políticas não conseguem demonstrar de forma


convincente a real eficácia delas em combater as desigualdades regionais no país. O Nordeste
começou o período com um PIB per capita de cerca de 47% da média nacional em 1960. Esse
foi o mesmo nível atingido em 2008. Ou seja, apesar de ter flutuado no período, não houve
alteração efetiva dessa proporção, o que por si já levanta forte suspeita sobre a eficácia das
políticas.

Mais recentemente, após o Plano Real e o controle da inflação no Brasil, novamente os


economistas voltaram a ter maiores preocupações com o desenvolvimento de longo prazo no
país, focando novamente em questões mais estruturais, como pobreza, distribuição de renda,
qualificação da mão de obra, competitividades setoriais e desigualdades regionais. Nesse
período, houve inclusive a fundação de uma Associação Brasileira de Estudos Regionais (ABER),
que conta com mais de 100 associados e teve o autor desse livro como um de seus presidentes
entre 2006 e 2009.

No período em que a estabilidade macroeconômica ofuscou boa parte dos estudos


econômicos sobre desenvolvimento no Brasil, nas décadas de 1980 e 1990, a Teoria Econômica
passou por várias transformações. A hipótese de racionalidade dos agentes ganhou força,
assim como a necessidade de fundamentação microeconômica das relações agregadas, sejam
elas setoriais ou para toda a economia. A Teoria do Crescimento Econômico teve uma nova
onda de contribuições importantes, tendo se elevado bastante o nível de compreensão da
dinâmica das economias no longo prazo. A existência de informação imperfeita e possíveis
retornos crescentes de escala tornaram-se hipóteses importantes a subsidiar as interpretações
da realidade.

Essas contribuições atingiram fortemente a forma dos economistas brasileiros verem


nossa própria realidade. As teorias estruturalistas e marxistas, que povoaram as primeiras
interpretações da questão regional no país, perderam sua influência a ponto de se tornarem
quase marginais. A Nova Teoria do Crescimento e da Nova Geografia Econômica, que
enfatizam a existência de retornos crescentes de escala, tornaram-se os principais
instrumentos de análise das novas gerações de economistas quando se dedicam a interpretar
a questão regional no Brasil. A maior parte dos estudos regionais recentes têm utilizado esses
instrumentais para interpretar a questão regional.

Nesse período de foco principal na inflação houve também grandes desenvolvimentos


na capacidade de realizar estudos empíricos tanto no Brasil como em outras partes do mundo.
A Econometria recebeu várias contribuições importantes que elevaram a precisão e a
relevância das conclusões empíricas. Os modelos de Equilíbrio Geral Computável também
receberam grandes contribuições e tiveram suas sofisticações analíticas amplificadas. Além
disso, houve um grande impulso na disponibilidade de dados sobre várias variáveis
econômicas importantes. Assim, melhoraram os instrumentais analíticos e a disponibilidade de
informações a serem processadas.

Todas essas mudanças na forma de ver a Economia Brasileira e a questão regional no


país, diante das novas teorias e evidências empíricas, clamam por novas interpretações das
desigualdades regionais no Brasil. Esse livro se insere nesse contexto. Ele traz uma nova
interpretação das causas das desigualdades regionais e aponta para possíveis soluções. Tem
como contribuição principal sintetizar e esquematizar com rigor uma visão que é comum a
toda uma nova geração de economistas brasileiros que estudam o assunto, mas sem tornar a
leitura árida por excesso de tecnicismo.

Ele enfatiza que as desigualdades regionais existem por causa das diferenças em
capital humano médio entre as regiões, mas não para aí. Apresenta uma hipótese de como
essas diferenças surgiram e como elas se perpetuaram, mostrando que não há forças de
mercado que levem a sua eliminação natural. Com essa visão, evita ter que recorrer à
existência de retornos crescentes de escala para explicar as desigualdades regionais. Tal
abordagem põe o livro claramente tomando uma posição favorável às interpretações da
questão regional que extraem da Nova Teoria do Crescimento Econômico seus principais
fundamentos. Nesse contexto, ele relega as contribuições da Nova Geografia Econômica, que
enfatizam o papel dos retornos crescentes de escala, a um segundo plano.

O livro traz também uma avaliação, à luz da hipótese apresentada, dos diversos
instrumentos de política econômica que foram utilizados até então, demonstrando sua baixa
capacidade de gerar resultados ou mesmo total ineficácia. Diante disso, ele apresenta uma
nova proposta de política regional, que tem no investimento maciço em educação seu eixo de
intervenção. Apesar dessa visão já ser compartilhada pela maioria dos economistas das novas
gerações, ela ainda precisa tomar corpo entre aqueles que são responsáveis pela
determinação das políticas regionais nos governos atuais. Esse livro, com uma apresentação
mais concisa e detalhada, pode ser uma contribuição para o convencimento desses.

Quarta Capa
“Diversos economistas brasileiros e estrangeiros, assim como outros cientistas sociais,
contribuíram de diferentes maneiras para a compreensão dos problemas regionais no Brasil. A
análise feita por Alexandre Rands Barros com a presente obra, contudo, supera todas as
contribuições feitas até o presente momento. Com o olhar objetivo e aguçado que o
caracteriza, o autor integra com maestria as perspectivas histórica, institucional, estatística e
teórica, numa análise profunda da questão regional brasileira. Esta abordagem integrada e
imparcial, feita com o objetivo de compreender a questão regional, e não de defender ou
atacar abordagens existentes, constitui-se numa grande contribuição para a literatura de
Economia Regional e de Desenvolvimento Econômico. É uma leitura obrigatória a todos os
interessados em compreender e em buscar soluções para as desigualdades regionais no Brasil
hoje.”

Werner Baer
Professor de economia da Universidade de Illinois, em Urbana-Champaign, Estados Unidos.

Saiba mais sobre o livro através do site:


http://www.elsevier.com.br/site/produtos/Detalhe-
Produto.aspx?tid=83878&seg=7&cat=200&tit=DESIGUALDADES%20REGIONAIS%20NO%20BRA
SIL

Você também pode gostar