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Em meio a crise política, base do

governo Temer sofre baixas e


ganha rachaduras
Gustavo Maia
Do UOL, em Brasília 19/05/2017 04h00

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Ueslei Marcelino/Reuters

O presidente Michel Temer (PMDB) faz pronunciamento no Palácio do Planalto

Passadas mais de 30 horas após a divulgação das primeiras informações sobre a

delação premiada dos donos da JBS, que levaram o STF (Supremo Tribunal
Federal) a autorizar a abertura de inquérito contra o presidente Michel Temer
(PMDB), a base do governo federal sofreu -oficialmente-- duas baixas. PPS e

Podemos (ex-PTN) anunciaram o rompimento com o Planalto. Além disso, um


ministro, do PPS, se demitiu por conta da repercussão das revelações.

No Congresso Nacional, onde Temer contou com maioria para aprovar projetos
como a reforma trabalhista, na Câmara, e a PEC do teto de gastos, nas duas
Casas, foram protocolados oito pedidos de impeachment desde a noite desta quarta
(17). Um deles foi assinado por parlamentares do PSDB
(http://painel.bloqfolha.uol.com.br/2017/05/18/qrupo-de-deputados-do-psdb-
protocola-pedido-de-impeachment-do-presidente-michel-temer/), que anunciou a

permanência no governo até segunda ordem, depois de reuniões de avaliação de


cenário.

O partido foi atingido em cheio pela delação e perdeu o presidente nacional, o

senador Aécio Neves (MG), que se licenciou "para provar sua inocência"
(https:llnoticias.uol.com.br/politicalultimas-noticias/2017/05/18/para-provar-
inocencia-aecio-deixa-presidencia-do-psdb-jereissati-e-o-substituto.htm). Os
quatro ministros tucanos foram pressionados por correligionários a entregar seus
cargos, mas no fim do dia, foram orientados pelo presidente interino da sigla,
senador Tasso Jereissati (CE), a se manterem em seus postos.

Com um ministro no governo Temer, o PSB já havia se manifestado contra as

reformas da Previdência e trabalhista, duas das principais propostas do Planalto.


Nesta quinta, no entanto, o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira,
pediu, em nota, que Fernando Coelho Filho, entreque o Ministério de Minas e

Energia (https://noticias.uol.com.br/politicalultimas-noticias/2017/05/18/psb-pede-
que-ministro-entreque-cargo-e-diz-que-qoverno-perdeu-legitimidade.htm) e volte a

exercer o mandato de deputado federal pelo partido, o que não ocorreu até o fim do

dia.

PPS -

Rompimento

O PPS, que comandava dois ministérios, tem nove deputados federais e um

senador, Cristovam Buarque (DF), anunciou a decisão de deixar o governo federal,


"tendo em vista a divulgação do conteúdo da delação premiada de sócios da JBS
envolvendo o presidente Michel Temer e a gravidade da denúncia". O agora ex-
ministro da Cultura, Roberto Freire, entregou o cargo na tarde desta quinta. Já o

ministro da Defesa, Raul Jungmann, "irá permanecer na funçäo pela relevância de


sua área de atuação de segurança do Estado brasileiro neste momento de crise e

indefinições", segundo nota assinada pelo presidente da legenda, Davi Zaia. A

bancada do partido na Casa passou a defender a renúncia de Temer.

Podemos (ex-PTN) -

Desembarque

Com uma bancada de 13 deputados, o Podemos (novo nome do PTN) anunciou


oficialmente o rompimento com o governo Temer e prometeu assumir posição de

"independência" a partir de agora. Presidente da sigla, a deputada federal Renata


Abreu (SP) disse que o partido deverá entregar todos os cargos que possui
atualmente no governo federal, entre eles o da presidência da Funasa (Fundação
Nacional de Saúde). A legenda ganhou o comando do órgão durante a votação da

reforma trabalhista na Câmara, em abril, quando seus deputados ameaçaram votar


contra a proposta.

PSB -

"Perdeu legitimidade"

Em nota, além de pedir a saída do ministro Fernando Bezerra Coelho Filho, o

presidente do PSB disse que a sigla não pode "admitir" que um de seus membros
faça parte de um governo "antipopular que perdeu, por inteiro, sua legitimidade para
governar o Brasil". Ao todo, a bancada do partido no Congresso conta com 35

deputados e sete senadores.

PSDB -

Ameaçou, mas ficou

Segundo partido com maior número de ministros no governo Temer -


Cidades
(Bruno Araújo); Secretaria de Governo (Antônio Imbassahy); Relaçöes Exteriores
(Aloysio Nunes); Direitos Humanos (Luislinda Valois) -, o PSDB até ameaçou
desembarcar do Planalto, mas decidiu permanecer na base por conta de "sua

responsabilidade com o país, que enfrenta uma crise econâmica sem precedentes".
A posiçäo, no entanto, foi anunciada "enquanto o partido, assim como o Brasil,
aguarda a divulgação do conteúdo das gravações dos executivos da JBS".

PP -

Apoio às políticas do governo

Com dois ministérios --Saúde (Ricardo Barros) e Agricultura (Blairo Maggi)--, o

Partido Progressista se manifestou por meio de nota do presidente da sigla, o

senador Ciro Nogueira (PI), que defendeu "um rápido esclarecimento dos fatos por
parte da Justiça, para que o país volte o mais breve possível à normalidade e

recupere sua estabilidade política e econômica". "O PP reafirma o seu compromisso


com o Brasil e acredita que as políticas adotadas pelo atual governo do presidente
Michel Temer são necessárias para a retomada e consolidação do crescimento do
nosso país", diz o comunicado.

PR -
Confiança em Temer renovada
Partido do ministro dos Transportes, Maurício Quintella, o PR divulgou nota
assinada pela direção nacional da sigla. "Reiteramos a condição de partido da base
governista no Congresso Nacional, na oportunidade em que renovamos a confiança
no trabalho do presidente Michel Temer".

PTB -

"Reiteramos o apoio"

Com um representante na Esplanada dos Ministérios --Ronaldo Nogueira (Trabalho


e Previdência Social) --, o PTB se posicionou por meio de comunicado do líder do
partido na Câmara, Jovair Arantes (GO): "em nome da bancada do PTB na Câmara
dos Deputados, reiteramos o apoio dos parlamentares do Partido Trabalhista
Brasileiro ao governo do presidente Michel Temer",

DEM -

Dividido

Sigla do ministro da Educação, Mendonça Filho, o DEM se dividiu na reação às

denúncias contra Temer. Para o líder do partido no Senado, Ronaldo Caiado (GO),
o presidente fez a pior das opções para ele e para o país "ao insistir em permanecer
no cargo mesmo admitindo o quadro já instalado de ingovernabilidade". O senador
pediu a renúncia de Temer, admitiu apoiar um processo de impeachment caso ele
não renuncie e disse que o peemedebista "desafiou a crise".

Na Câmara, por outro lado, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi um
dos primeiros a se encontrar com Temer após a divulgação das denúncias e deve
rejeitar todos os pedidos de abertura de processo de impeachment contra o

presidente, segundo declarou o vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi


(PMDB-RS).

PMDB -

Confiança

A bancada do PMDB da Câmara, em nota assinada pelo líder, o deputado Baleia


Rossi (SP), declarou confiar na palavra de Temer. "No seu pronunciamento, o

presidente defendeu a celeridade das investigações comandadas pelo Supremo


Tribunal Federal e deixou claro que irá responder a todos os questionamentos.
Neste momento, a Constituição Federal tem de ser nosso guia, a fim de garantir o

funcionamento das instituições democráticas em favor do povo", declarou.

O partido do presidente é o que tem mais ministérios, oito: Casa Civil (Eliseu
Padilha); Secretaria Geral da Presidência da República (Moreira Franco); Turismo
(Marx Beltrão); Planejamento (Oyogo Oliveira); Secretaria de Portos (Luiz Otávio
Campos); Justiça e Cidadania (Osmar Serraglio); Integração Nacional (Helder
Barbalho); Esporte (Leonardo Picciani); Desenvolvimento Social e Agrário (Osmar
Terra).

A reportagem não conseguiu contato com lideranças do PRB --que tem o Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Marcos Pereira)--, do PV --Meio
Ambiente (Sarney Filho)-- e do PSD --Fazenda (Henrique Meirelles), Ciência,
Tecnologia e Comunicações (Gilberto Kassab).

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