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CAPÍTULO
O BRASIL DE HOJE E O
DEBATE COM A ÉTICA
Competências
c C5 e C6
Habilidades
SS
RE
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TO
PHO
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XP
/FO
GA
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CR
O GOVERNO TEMER E A ELEIÇÃO DE BOLSONARO
Com o impeachment de Dilma Rousseff, o vice Michel Temer assumiu a presidência da República.
Mesmo fazendo parte da chapa vencedora na eleição de 2014, foi apoiador político do processo que
retirou o cargo da presidente eleita por maioria de votos. Assumiu o governo com apoio da maioria
do Congresso Nacional e prometeu realizar reformas que permitissem a retomada do crescimento
econômico; para isso, lançou o programa Uma Ponte para o Futuro. O documento, publicado no
dia 29 de outubro de 2015, afirmava a busca por “preservar a economia brasileira e tornar viável o seu
desenvolvimento, devolvendo ao Estado a capacidade de executar políticas sociais que combatam
efetivamente a pobreza e criem oportunidades para todos” (p. 2). Nesse sentido, partia da concepção
de que o Estado deveria “ser funcional” e distribuir “os incentivos corretos para a iniciativa privada e
administrar de modo racional e equilibrado os conflitos distributivos que proliferam no interior de
qualquer sociedade” (p. 4).
A primeira medida tomada foi reduzir o número de ministérios, de 32 para 25. Alguns foram
extintos, outros fundidos. Outros tiveram sua capacidade diminuída, caso do Ministério da Cultura.
Transformado em uma secretaria do Ministério da Educação, voltou a ser ministério somente após a
pressão de artistas e da opinião pública. O primeiro ano do governo Temer também ficou marcado
pelo afastamento de seis ministros denunciados por corrupção ou envolvimento em irregularidades.
No campo da economia, encontrou um clima mais favorável, com a diminuição do risco-país
junto aos investidores. Isso facilitou a obtenção de amplo apoio do setor privado e do Legislativo
para realizar as reformas. Apostando em uma política econômica centrada no equilíbrio das contas
públicas, na redução das taxas de juros e na queda da inflação, não conseguiu impulsionar o cresci-
mento econômico, mesmo diante da liberação do saque das contas inativas do Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço (FGTS). Embora tenha conseguido controlar a inflação, o alto endividamento
público e o número crescente de desempregados resultaram em uma lenta recuperação da economia.
Com o apoio de diversos setores empresariais, do agronegócio e de parte da mídia, foi apro-
vada a Emenda Constitucional (PEC 241/2016) que congela por 20 anos as despesas do governo,
visando diminuir os gastos públicos para tentar reduzir o tamanho da dívida do governo, que vinha
aumentando e representando uma parcela cada vez maior do PIB. Isso implicou manter o mesmo
orçamento do ano anterior para gastos públicos, apenas levando em conta a correção pela inflação.
Na prática, levou a uma diminuição de investimentos em áreas fundamentais, como saúde e educação.
Temer também deu continuidade ao projeto da Reforma trabalhista (Lei n. 13 467), que
flexibiliza as relações de trabalho, por exemplo, permitindo trabalho remoto (home office), trabalho
intermitente, fracionamento das férias em até três períodos, não obrigatoriedade do salário mínimo na
remuneração por produção. Além disso, a reforma acabou com as chamadas horas in itinere – quando
COMPREENDENDO CONCEITOS
Discurso de ódio
O discurso de ódio está situado num equilíbrio complexo entre direitos e princípios fundamentais, incluindo a liberdade de expressão
e a defesa da dignidade humana. De maneira geral, o discurso de ódio costuma ser definido como manifestações que atacam e incitam
ódio contra determinados grupos sociais baseadas em raça, etnia, gênero, orientação sexual, religiosa ou origem nacional. [...] Esse tipo
de discurso tem alvos bem claros: LGBTs, mulheres e pessoas negras, além de outras minorias. Navegando pela web não é difícil cruzar
com mensagens, posts ou tweets com conteúdo racista, misógino, ou mesmo que incite a violência contra determinado público. [...]
A liberdade de expressão é um direito humano fundamental garantido pela Constituição brasileira. Mas isso não significa que qualquer
pessoa possa falar qualquer coisa por aí. A liberdade de expressão termina se ela coloca em risco a liberdade de outra pessoa. É esse o caso
do discurso de ódio.
É preciso reforçar, no entanto, que nem tudo é discurso de ódio. Banalizar o termo pode fazer com que discussões relevantes e de
interesse público possam ser retiradas do ar, sem que necessariamente sejam violações de direitos.
O QUE é discurso de ódio. SaferLab. Disponível em:
http://saferlab.org.br/o-que-e-discurso-de-odio/index.html. Acesso em: 29 jun. 2020.
PARA AMPLIAR
O debate entre Direita e Esquerda
É muito comum ouvirmos falar de posicionamentos políticos alinhados à esquerda ou à direita. Mas
o que isso significa? Conheça, a seguir, algumas informações sobre o tema trazidas pelo historiador
inglês Perry Anderson e pelo antropólogo brasileiro Cesar Alberto Ranquetat Junior.
O primeiro debate dos presidenciáveis em rede de televisão aberta ocorreu no dia 9 de agosto
de 2018 e contou com a presença de Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Geraldo
Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Jair Bolsonaro (PSL), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique
Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT) – Fernando Haddad não participou, visto que sua candida-
tura viria a ser registrada oficialmente somente mais adiante. Esse primeiro debate se notabilizou
por ter sido o único que Jair Bolsonaro participou. Em 6 de setembro de 2018, na cidade de Juiz
de Fora, em Minas Gerais, o presidenciável sofreu um atentado no qual foi esfaqueado por Adélio
Bispo dos Santos, o qual, após investigação, foi considerado inimputável pela justiça, ou seja, não
poderia ser condenado por sofrer de transtornos psiquiátricos, e sua prisão foi convertida em
internação por tempo indeterminado.
PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS
NELSON ANTOINE/FOLHAPRESS
Manifestação contra Bolsonaro em setembro de 2018 na cidade Manifestação a favor de Bolsonaro na cidade de Salvador/BA
de São José dos Campos/SP. em setembro de 2018.
ENQUANTO ISSO...
...nos Estados Unidos
Uma antiga funcionária da Cambridge Analytica revelou pormenores da estratégia que a empresa britânica teria usado para aju-
dar Donald Trump a vencer as presidenciais norte-americanas de 2016, usando plataformas digitais como o Google, Snapchat, Twitter,
Facebook e YouTube. O documento interno foi apresentado aos colaboradores da empresa após a vitória do republicano, para divulgar
as técnicas utilizadas para influenciar os eleitores. [...]
Tratamento intensivo de dados recolhidos em inquéritos e algoritmos desenvolvidos pela empresa foram algumas técnicas utilizadas
para enviar 10 mil mensagens para públicos diferentes, meses antes das eleições. Segundo a apresentação da Cambridge Analytica, os
anúncios foram visualizados milhares de milhões de vezes. [...]
Nenhuma das técnicas descritas pela empresa britânica apresentação é ilegal, escreve o jornal. Mas, a ser verdade que a Cambridge
Analytica acedeu a dados de mais de 50 milhões de utilizadores do Facebook, o debate passa para o plano da segurança nas redes sociais
e de que forma os seus utilizadores estão ou não protegidos na era digital.
O DOCUMENTO que explica como a Cambridge Analytica ajudou a eleger Trump. Di‡rio de Not’cias, 23 mar. 2018. Disponível em: https://www.dn.pt
/mundo/como-a-cambridge-analytica-ajudou-na-eleicao-de-trump-9209379.html. Acesso em: 22 jun. 2020.
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nov-dez-jan fev-mar-abr mai-jun-jul ago-set-out nov-dez-jan fev-mar-abr mai-jun-jul ago-set-out nov-dez-jan
2017 2017 2017 2017 2018 2018 2018 2018 2019
Brasil
Com base nos estudos desenvolvidos no decorrer do capítulo e nas informações oferecidas pelo IBGE, analise a variação do
desemprego no Brasil entre 2017 e 2019. Discorra sobre os fatores que podem estar relacionados com as variações apresentadas
no gráfico e apresente ao menos uma forma de lidar com o desemprego no momento atual do país.
Resposta: o estudante deve apontar as crises econômicas, políticas e sociais durante o segundo mandato de Dilma, além das investigações
envolvendo o impeachment e as posteriores decisões econômicas do Presidente Temer, dentre elas, os cortes de gastos e as reformas.
Como opção para o contexto atual, temos o fortalecimento de empresas nacionais, emissão de títulos, investimento em novas tecnologias,
facilitação do acesso ao crédito e efetivação de tratados internacionais, com vistas a maior confiabilidade e atração de investimento.
As eleições de 2014 e 2018 marcaram o acirramento do embate político do Brasil. A convivência entre ideias e valores faz
parte do processo democrático, mas nem sempre essa convivência ocorre de maneira harmoniosa ou responsável, como
alguns episódios das eleições puderam demonstrar. Considerando isso, relacione o texto acima ao contexto político brasileiro
dos últimos anos.
Resposta: a resposta é pessoal; no entanto, espera-se que o aluno perceba a ocorrência de alguns episódios como a adoção de falas
antidemocráticas e ofensivas durante manifestações, a ausência em debates eleitorais e o atentado ao então candidato Jair Bolsonaro,
em 2018, como exemplos de uma convivência pouco saudável entre diferentes ideais. Professor, utilize as respostas a esta atividade para
debater com a sala a importância da responsabilidade na expressão de opiniões e posicionamentos políticos para a sobrevivência do
regime democrático.
H36
Brasil e EUA têm 32% de todas as mortes por
80'S CHILD/SHUTTERSTOCK
armas no mundo
O Brasil lidera um ranking ingrato: somos o
país com o maior número de mortes por armas de
fogo no mundo. Somando o número de homicídios
e suicídios do tipo com os dados dos Estados
Unidos, os dois países representam 32% do total
mundial. O número é do Global Burden of Disease,
um projeto que reuniu 3 600 pesquisadores de 145
países para compilar e analisar dados de 2016. No
Brasil, houve mais de 43 mil mortes por arma de
fogo naquele ano; 94% delas, homicídios. Os EUA
contabilizaram 37 mil óbitos, mas lá a maior causa é o suicídio, que representa 64% das mortes.
BATTAGLIA, Rafael. Brasil e EUA têm 32% de todas as mortes por armas no mundo. Superinteressante, 9 jun. 2019. Disponível em:
https://super.abril.com.br/sociedade/brasil-e-eua-tem-32-de-todas-as-mortes-por-armas-no-mundo/. Acesso em: 21 jul. 2020.
Brasil e EUA são países com números muito expressivos quando se trata de armas de fogo e violência. Contudo, em nenhum
desses países existe um consenso sobre a facilidade de aquisição, posse e uso de armas e a relação com a violência cotidiana.
Tendo como base esse debate, pesquise casos de países com políticas restritivas e países com políticas permissivas de posse de
armas. Compare-as com os dados de violência para estruturar um argumento a respeito da liberalização da posse de armas pela
população em geral. Debata com a turma as suas conclusões.
Orientações no Manual do Professor.
2 Leia o resumo de um texto escrito por Silvio Genesini na Revista USP.
H40
Não há nenhuma novidade na tentativa de falsificação política através da distorção de fatos e informações.
O novo é que estamos em uma nova era turbinada pela internet e pelas redes sociais, em que o crescimento é viral e
o efeito, exponencialmente explosivo. O novo é o Facebook, o Google e o Twitter, não a tentativa de contar mentiras
ou falsificar informações, o que sempre existiu na história do mundo.
GENESINI, Silvio. A pós-verdade é uma notícia falsa. Revista USP, n. 116, jan./fev./mar. 2018. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/
article/view/146577/140223. Acesso em: 23 jul. 2020.
PRAPAT AOWSAKORN/SHUTTERSTOCK
Leia o artigo na íntegra e faça uma análise do papel da imprensa e das tecnologias para a distribuição da informação no mundo
ao longo da história. Compartilhe suas ideias com seus professores e colegas, reelaborando-as após uma discussão em grupo.
Orientações no Manual do Professor.
Um dado importante sobre esse assunto é que, no Brasil, a população mais pobre proporcio-
nalmente é a que mais paga imposto, visto que os impostos incidem muito mais sobre os produtos
do que sobre a renda. Ao consumir, ricos e pobres pagam o mesmo valor; no entanto, proporcio-
nalmente à renda, o valor do imposto acaba sendo muito maior para o pobre do que para o rico.
PARA AMPLIAR
REPRODU‚ÌO/GNT
Assista ao documentário:
Salto livre: o futuro das escolhas. Canal GNT, 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=e3oDX-QVQm4. Acesso em: 22 jun. 2020.
Tomar decisões não é fácil – você já parou para pensar quantas escolhas faz por dia? E como seria viver
em uma sociedade sem liberdade de escolha? Será que razão e emoção andam separadas nesse pro-
cesso? Salto Livre é um estudo desenvolvido pelo GNT, em parceria com a Inesplorato, que fala sobre
o processo de escolhas de cada um de nós e de como somos influenciados pela tecnologia, pelo nosso
passado, por outras pessoas e pelos nossos hábitos.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
BRASIL. Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 22 jun. 2020.
HERBERT VILLAR/SHUTTERSTOCK
PARA AMPLIAR
REPRODUÇÃO/LE PACTE
forma de dióxido de carbono, um dos principais potencializadores do aquecimento global.
Até meados dos anos de 1990, a Amazônia Brasileira tinha sido muito pouco impactada pelas
atividades econômicas. Contudo, com o avanço do agronegócio a melhoria da infraestrutura nacio-
nal a partir daquela década, passou a ser cada vez mais desmatada, principalmente por empresas
dos setores de mineração e madeireiras, além do considerável aumento do número de grilagem de
terras, implementação de pastagens e monoculturas agrícolas.
Paralelamente, foi a partir da década de 1990 que os movimentos ambientalistas ganham
maior notoriedade e importância. A ECO-92 – Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento –, realizada em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, foi um marco na
discussão. O evento reuniu as principais lideranças políticas do mundo e organizações da sociedade
civil organizada. Juntas, foram responsáveis pela elaboração de diversos documentos importantes,
tais como a Convenção do Clima, no qual se expressa a preocupação global com as mudanças
climáticas, e a Convenção da Biodiversidade, que expressa a preocupação com os impactos nas
O documentário conta a trajetória diversas formas de vida no planeta.
do fotógrafo Sebastião Salgado, Na medida em que as discussões políticas sobre questões climáticas e de biodiversidade fo-
criador de fotografias impressio- ram avançando no mundo, os impactos na Amazônia foram se ampliando e, consequentemente,
nantes sobre temas de cunho resultaram em uma preocupação internacional e maior cobrança sobre o caminho tomado pelo
social e ambiental. Entre suas fo-
Brasil em suas políticas ambientais. Nas discussões internacionais, o país sempre colocou que
tografias mais emblemáticas está
a série sobre a exploração mineral deveria adotar ações práticas para conservar a floresta, mas também frisava que, sendo um país
em Serra Pelada, no Pará. em desenvolvimento, poderia gerar impactos (desmatamento, por exemplo) para garantir seu
crescimento econômico.
SANDRO PEREIRA/CÓDIGO19/FOLHAPRESS
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AMYLV/SHUTTERSTOCK
Sabemos que a tecnologia é a base dos processos de desenvolvimento
sociais, econômicos e culturais na atualidade. Dentre as diversas formas de
desenvolvimento tecnológico, um dos principais ramos é aquele que se
utiliza da vida como matéria-prima. Contudo, algumas pessoas poderiam
se perguntar: “Mas, quando caçávamos e coletávamos, a vida já não era a
matéria-prima?” A resposta, logicamente, é sim. Entretanto, não é exatamente
esse o olhar na atualidade.
Hoje em dia, a busca principal é do código genético das diversas formas de vida.
A engenharia genética vem estudando o código genético para maximizar o uso Alguns óleos essenciais extraídos de árvores são matéria-prima
em novos produtos, remédios, materiais, cosméticos, dentre outros. Ou seja, o de medicamentos e de produtos como cremes e maquiagem.
que as empresas e laboratórios vêm buscando nas plantas e nos animais é o O óleo extraído do pau-rosa, por exemplo, é usado por
DNA, e não mais a madeira, ou sua carne ou pele. Contudo, essa nova perspectiva perfumistas do mundo todo e é uma das substâncias usadas
coloca novos dilemas em pauta: no perfume Chanel no 5.
[...] a título de exemplo: para a cura da diarreia usa-se a folha de uma árvore conhecida, no Amapá, como preciosa. Esta informa-
ção, na mão de uma corporação transnacional da área biomédica, costuma ser levada para laboratórios localizados na Europa, Estados
Unidos e Japão, para que se isole o princípio ativo e depois seja patenteado, ignorando todo o conhecimento-fonte que foi legado do
camponês ou do indígena. A lei de patentes industriais ignora o know-how do saber tradicional indígena/camponês, que também é saber,
que não foi produzido em laboratório e não é propriedade privada, posto que é da comunidade como um todo. Isso exige inovação em
termos de direitos. São direitos coletivos, não são direitos apoiados no direito individualizado, privado. Aliás, qualquer cientista sério
sabe que nenhum conhecimento é produzido exclusivamente por um indivíduo. Todavia, a tradição liberal traduz o conhecimento, que
é coletivo, em propriedade privada, o que constitui uma violação do conhecimento na tradição indígena e camponesa. As informações
que essas populações detêm, insisto, são fundamentais. Jamais seria possível pagar o trabalho de fazer um levantamento de todas as
espécies existentes na Amazônia para saber da sua utilidade, se fosse necessário. Por isso, o roubo, não de espécies, que seria pirataria,
mas sim do conhecimento sobre as espécies, o que configura etnobiopirataria, vem sendo amplamente praticado. Repito: não é de
pirataria que se trata, mas sim de etnobiopirataria, o que implica que a defesa contra esse roubo deve ser a defesa simultaneamente
desses povos, e não simplesmente a defesa da floresta. Assim, os povos que habitam a região têm uma cultura vasta, uma enorme
riqueza acumulada que em muito pode, e deve, contribuir para um outro mundo possível.
PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. Amazônia enquanto acumulação desigual de tempos: uma contribuição para a ecologia política da região.
Revista Cr’tica de Ci•ncias Sociais, n. 107, 2015. Disponível em: http://journals.openedition.org/rccs/6018. Acesso em: 16 jul. 2020.
2. De que forma a biodiversidade de um país poderia servir para alavancar seu desenvolvimento tecnológico?
Resposta: os países que possuem biodiversidade poderiam condicionar a utilização de seu patrimônio genético a pesquisas realizadas em
seu próprio território nacional ou a partir de parcerias entre empresas, laboratórios e universidades públicas, estimulando a formação de
tecnopolos no próprio país.
3. Pesquise os países que mais possuem biodiversidade no mundo e os países que possuem as principais pesquisas sobre essa biodiversidade.
Resposta: os países mais biodiversos do mundo são Brasil, México, Índia, China, República Democrática do Congo, Colômbia, Indonésia
e outros poucos. As pesquisas são realizadas principalmente na Europa Ocidental, EUA e Japão.
4. Pesquise alguns casos de etnobiopirataria envolvendo o Brasil.
Resposta: alguns casos históricos são os do pau-brasil, do cacau e da seringueira. Atualmente, pode-se falar sobre: cupuaçu, a rã amazônica
Epipedobates tricolor, andiroba, copaíba, jaborandi, dentre outros.
Fonte: http://www.corte.tv.br/bruno/charge/#prettyPhoto[gallery1]/0/
Acesse o texto mencionado acima e leia-o na íntegra. Identifique suas principais propostas e, em seguida, localize projetos que
seguem essa linha ideológica e de ação. Com as informações necessárias, organize um fôlder ou um banner sobre um desses
projetos e apresente para o restante da turma.
Orientações no Manual do Professor.
OLGA ZAKHAROVA/SHUTTERSTOCK
Elabore um roteiro de entrevista com cinco perguntas fechadas e duas perguntas abertas sobre
o tema. Lembre-se de usar as seguintes variáveis na confecção da entrevista:
▶ Grau de confiança do entrevistado na instituição escolhida.
▶ Grau de atuação do entrevistado para melhoria da democracia e cidadania.
É recomendável usar, nas perguntas fechadas, as seguintes variações de resposta: Muito Satisfeito,
Satisfeito, Pouco Satisfeito, Insatisfeito, para tratar sobre as instituições políticas, e Muito Atuante,
Pouco Atuante e Nada Atuante, para tratar do grau de atuação política. As perguntas abertas devem
complementar as fechadas. Elabore-as de forma clara para o entrevistado, por exemplo: "De que
forma acha que os cidadãos podem ajudar os governos?".
Essas entrevistas podem ser feitas com a sua família, com pessoas conhecidas ou com mem-
bros da sociedade civil organizada.
Após a aplicação do questionário, para estabelecer um perfil estatístico coerente com a rea-
lidade nacional, faça a tabulação das respostas. Junte-se com colegas em um grupo e analisem os
dados conjuntamente para desenvolver um posicionamento coletivo sobre as pesquisas.
Com esses dados em mãos, o grupo deve elaborar um plano para melhoria ou desenvolvimento
de mecanismos de ampliação dos processos democráticos e/ou de ampliação da participação da
população na política nacional, para além das eleições a cada dois anos.
Neste projeto, é importante orientar seus alunos e alunas para que eles mesmos elaborem perguntas
pertinentes sobre cidadania. A Constituição de 1988 pode ser usada como base para as perguntas.