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RESUMO
Palavras chave:
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Graduando do curso de História do Centro Universitário de Belo Horizonte – Uni-BH
E-mail: guilherme32129@hotmail.com
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Professor orientador: Doutor em História e professor da disciplina de TCC E-mail:
rodrigo.lopes@unibh.br
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ABSTRACT
This study aims to analyze the positioning of some of the Belo Horizonte unions against
the bill 4.330 / 2004, authored by Congressman Sandro Mabel (PMDB-GO), provides
for the outsourcing contracts and their labor relations arising. Presented to the House
of Representatives in 1998 and appreciated the plenary in 2004, its progress was
marked by discussions which gave rise to favorable and contrary judgments by unions,
trade unions and political movements. This research will examine the following Belo
Horizonte unions: Sindieletro-MG, MG-Sindimetro and Bank Workers Union of BH and
region. The theme is, in view of historians of Brazilian unionism, one of the most
discussed in recent years, having become the main agenda of struggles and national
mobilizations in 2015.
Key words:
Bill 4330, mobilization of workers, unions, outsourcing
INTRODUÇÃO
Diante disso, é válida a discussão sobre PL 4.330, visto ser uma das principais
discussões no ano de 2015 entre trabalhadores, sindicalistas e movimentos sociais,
visto que após sua aprovação no Congresso Nacional atualmente, ela se encontra no
Senado sob o título de PLC30 e faz parte do chamado “Pauta Bomba”.
serviços sendo contratada por outra empresa para realizar serviços determinados e
específicos. A prestadora de serviços emprega e remunera o trabalho realizado por
seus funcionários, ou subcontrata outra empresa para realização desses serviços.
Não há vínculo empregatício entre a empresa contratante e os trabalhadores ou sócios
das prestadoras de serviços. Na prática, isso significa transferir uma tarefa especifica
que seria dos trabalhadores de uma empresa principal para trabalhadores de uma
empresa contratada. De acordo com Alisson Droppa:
Para tanto é importante primeiro entender do que se trata o PL 4.330, seu autor
e as ações práticas propostas pelo projeto em questão. O Projeto de Lei 4330, de
autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), regulamenta a contratação de
serviços terceirizados no País e permite que toda e qualquer atividade possa ser
terceirizada. Um substitutivo foi apresentado pelo deputado Arthur Maia (SD-BA) em
2013, sem alterar os principais pontos. Sendo Mabel um empresário, dono da empresa
alimentícia Biscoitos Mabel, possui portando interesse em modificar as relações
trabalhistas de seus funcionários, seu projeto tem como premissas flexibilizar as
relações trabalhistas a exemplo do que ocorre em outros países do mundo, como
justifica em seu projeto, Mabel (2003, p.5):
Como detalhado no trecho a seguir, o que de fato pode ser analisado em alguns
dos artigos do PL 4.330, e que são fonte de grandes críticas do mundo sindical, diz
respeito a questões que sutilmente omitem a empresa contratante de se
responsabilizar pelo pagamento dos trabalhadores, Mabel (2003, p.3):
dos trabalhadores a vários sindicatos, muitas vezes que não possuem “trabalho
sindical” na categoria em questão. Esta seria uma estratégia para desmobilizar a luta
dos trabalhadores. Como alerta uma das lideranças do SindiEletroMG, Jobert
Fernando de Paula:
[...] o Sindeletro apoia a criação da ASSEPEMGS, a associação que
representa os trabalhadores da MGS (Minas Gerais Administração e Serviços
S.A) que está em processo de criação de estruturação e tudo mais, a MGS,
por exemplo, tem 21 mil trabalhadores no Estado. É uma empresa pública,
100% pública, mas que presta serviços em caráter de empresa terceirizada
então é uma empresa muito grande, muito fragmentada, tem várias
categorias, tem hoje 13 federações que fecham acordo para essa
empresa né. Então assim, o nível de fragmentação é muito grande ela
está no estado inteiro e tem mais de 20 sindicatos que atuam na
empresa[...] (PAULA, 2016, grifo nosso)
A escolha por este sindicato se deve por ser representante de uma categoria
pública que presta serviços à população da cidade de Belo Horizonte e região
metropolitana. Diante da importância que o metrô representa, o sindicato sempre
buscou discutir com sua categoria os prejuízos da terceirização. Para isso, o boletim
INFORMANDO, periódico específico do sindicato cumpre bem-este papel.
serviços gerais e alguns seguranças das estações. O sindicato avalia que a aprovação
do projeto signifique a total terceirização dos demais funcionários, que em número
significativo são concursados da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos).
Entre os diretores do sindicato, Jardel Augusto3, operador de estação avalia que:
Seria danoso para a categoria, pois em 2014 ganhamos na justiça que todos
os postos da empresa de bilheteria e manutenção tem que ser funcionário
efetivo, pois foram considerados atividade fim. Caso esse projeto seja
aprovado poderão colocar funcionário terceirizado exercendo as atividades
fins, com isso os salários irão diminuir, haverá diminuição de benefícios,
aumentará o número de acidentes, as lutas para aumento de salários e
melhoria de condições ficarão enfraquecidas devido ao empregado
terceirizado sempre viver na ameaça de ser demitido (AUGUSTO, 2016)
[...]a aprovação desse projeto será a volta da escravidão, porém de uma forma
formal, pois sabemos que somente com todos envolvidos, não apenas os
funcionários da empresa será possível barrar a aprovação desse projeto,
temos que conscientizar o máximo de pessoas que somente através de uma
greve geral e mostrar para os autores e defensores desse projeto que são os
empresários, fazendeiros, banqueiros e políticos que são bancados por estes
grupos privilegiados que não temos outra alternativa, pois senão perderemos
os poucos direitos que ainda temos. (AUGUSTO, 2016)
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Jardel Augusto Figueiredo, diretor de base do SindiMetroMG
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Ano passado 2015 quando teve a votação do 4330 no mês de abril, o sindicato
mandou uma pequena delegação para Brasília, para acompanhar a votação,
né, a delegação de diretores. Fizemos o debate na base né, e participamos
de alguns coletivos que se discutiam contra né, fizemos manifestações
organizadas pela CUT inclusive com a participação de outras centrais né,
muitos atos de rua, participamos né, E aí a gente também eee, fizemos alguns
debates internos com a nossa diretoria sobre isso. (PAULA, 2016)
[...] a CEMIG hoje é uma empresa que tem em seu quadro de funcionários
aproximadamente 8.000 trabalhadores. Em 1995 quando começou o
processo de terceirização de maneira mais contundente a empresa tinha
17.000 funcionários hoje tem 8.000 e naquela época a CEMIG tinha um pouco
mais de 3 milhões de consumidores no Estado para poder atender. Hoje a
empresa tem mais de 8 milhões de consumidores, tem o setor elétrico muito,
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Para além desses problemas, o setor elétrico é considerado como de alto risco,
logo o sindicato também dispões de estatísticas que apontam o número de acidentes
e mortes ocorridos na empresa:
Essa é uma briga antiga, pois, há mais de 10 anos, nós dos Sindieletro
tentamos ser os representantes legais dos eletricistas, mas a Justiça ainda
não permitiu. Mesmo assim, fomos solidários à causa, pois a empresa
desconta nos pagamentos dos trabalhadores uma contribuição sindical que
não existe, pois eles não possuem nem sindicato do ponto de vista legal.
(TULIO, 2016)
Outra análise sobre a terceirização no setor elétrico pode ser feita através do
documentário Dublê de Eletricista, produzido pelo sindicato em parceria com várias
entidades como, por exemplo, Ministério Público do Trabalho, Universidade Estadual
Paulista entre outros. A produção do documentário surgiu da necessidade de
denunciar com mais veemência a precarização das relações trabalhistas no setor
elétrico. Como bem destacou o eletricista Marco Aurélio: "_eles não têm o treinamento
que nós temos, não tem cuidados que nós temos. Tem muitos casos de pessoas que
vêm, por exemplo, da construção civil e já está subindo na rede elétrica e correndo
risco", (Dublê de eletricista, Brasil, 2015).
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É a data limite em que empresas e funcionários podem fechar acordos relacionados a direitos trabalhistas e
reajuste do salário
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Por fim, a entrevista com Jobert apontou algumas alternativas de luta frente o
PL 4.330. Com a fragmentação da representatividade sindical praticada por vários
sindicatos, é difícil construir uma pauta de luta que unifique todos aqueles que são
ligados ao setor produtivo da CEMIG. Sua análise se aproxima muito do metroviário
Jardel:
Então a mobilização hoje ela tem que se dar em amplos setores, primeiro,
uma articulação muito forte entre os sindicatos de todas as categorias que
vão ser afetadas, de serviço público, privado e de amplos setores do mundo
do trabalho. Todos os setores vão ser afetados pelo projeto de lei 4330. Então
há de se construir uma unidade muito forte, muito ampla para poder barrar o
projeto e com trabalho né. (PAULA, 2016)
Por fim, o último sindicato a ser analisado neste trabalho é o Sindicato dos
Bancários de BH e Região, fundado em 1937 por um grupo influenciado pelo Partido
Comunista do Brasil, sua história é marcada por grandes lutas e mobilizações, visto
que em muitos momentos esteve presente em fatos marcantes como a luta contra o
regime civil militar e contra as medidas neoliberais dos anos de 1990.
A escolha por este sindicato se deve por ser um prestador de serviço de grande
parte das pessoas hoje em dia. Logo, analisar como a terceirização afeta os
trabalhadores bancários é importante, na perspectiva que consequentemente a
qualidade dos serviços é afetada e, na sob a ótica empresarial é menos custoso para
os bancos possuírem entre seus funcionários trabalhadores terceirizados.
O estudo apontado pelo DIEESE de 1990 a 2000 apontou como uma drástica
redução no quadro de bancários no país:
Em 1990, havia 732 mil bancários no país. Esse total caiu 46,3% até 1999,
quando chegou a 393 mil vagas – uma redução de 339 mil postos de trabalho.
Após uma oscilação positiva em 2000, o número voltou, em 2001, ao mesmo
patamar de 393 mil vagas. "Durante a década de 1990, esse estoque [de
empregos nos bancos] teve queda, especialmente devido ao processo de
reestruturação produtiva que atingiu diversos setores da economia brasileira
no período. (DIEESE, 2003)
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Holding: situação em que uma empresa detém ações ou controla a maior parte das decisões de uma ou mais
empresas, por exemplo, grupo Coca Cola.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, cabe aos sindicatos, diante do regime do capital, não perderem de vista
as bandeiras históricas da classe trabalhadora. Essas, infelizmente, vem sendo
negligenciadas, por exemplo, a reforma agrária, redução da jornada de trabalho,
melhores condições de trabalho como um todo. Para tanto, o maior desafio dos
sindicatos neste começo de século XXI será se renovar para dar vasão as mudanças
no mundo do trabalho dos últimos anos.
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REFERENCIAS
BELO. Patrícia. A cada 45 dias trabalhados morre um eletricista de MG, diz sindicato.
Disponível em: <http://g1.globo.com/mg/vales-mg/noticia/2013/07/cada-45dias-
trabalhado-morre-um-eletricistas-diz-sindicato.html>. Acessado em 3 de jun de 2016
PIMENTA. Ricardo Medeiros. Uma luta difícil: instituições sindicais brasileiras e o uso
das novas tecnologias para construção de sua memória in: DELGADO. Lucília de
Almeida Neves, FERREIRA. Marieta de Moraes; História do tempo Presente, Rio de
Janeiro; Editora FGV 2014
PINTO, Almir Pazzianotto. 100 anos de sindicalismo. Rio de Janeiro. Lex Magister
2007