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A Morte e o Estado Intermediário

Qual o propósito da morte na vida


cristã? O que acontece com o nosso
corpo e com a nossa alma quando
morremos?

POR QUE OS CRISTÃOS MORREM?


Neste estudo, vamos considerar a
morte e a questão de como o cristão
deve encarar sua própria morte e,
também, a de outros. É necessário
também que perguntemos o que
acontece conosco entre o momento
de nossa morte e a volta de Cristo,
quando ele nos dará o corpo
ressurreto.
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1. A morte não é um castigo para os
cristãos (Rm.8.1). Toda pena dos
nossos pecados já foi paga. Portanto,
embora saibamos que os cristãos
morrem, não devemos ver a morte do
cristão como um castigo de Deus ou
como resultado da punição devida dos
nossos pecados.
É verdade que a morte é a punição do
pecado, todavia essa punição não se
aplica mais a nós - não em termos de
morte física, nem em termos de morte
espiritual ou separação de Deus. Tudo
já foi pago por Cristo. Portanto, se
queremos entender por que os
cristãos morrem, devemos procurar

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alguma outra razão que não seja o
castigo dos nossos pecados.
2. Em um mundo caído, a morte é o
desfecho da vida. Em sua grande
sabedoria, Deus decidiu que não
estenderia a nós os benefícios da obra
redentora de Cristo de uma só vez. Em
vez disso, escolheu estender
gradualmente a nós os benefícios da
salvação.
De igual modo, Deus não quis eliminar
de imediato todo o mal do mundo,
mas sim esperar até o juízo final e o
estabelecimento dos novos céus e da
nova terra. Em resumo, ainda vivemos
em um mundo caído, e nossa

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experiência da salvação ainda é
incompleta.
O último aspecto do mundo caído a
ser eliminado é a morte (1Co.15.24-
26; 54-55). Mas enquanto esse tempo
não chega, a morte permanece uma
realidade até mesmo na vida dos
cristãos.
Embora a morte não nos atinja como
punição pelos nossos pecados
pessoais (pois eles foram pagos por
Cristo), ela nos alcança como
resultado de viver em um mundo
caído, onde as consequências do
pecado não foram eliminadas
completamente.

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Relacionados com a experiência da
morte estão outros resultados da
queda que ferem o nosso corpo físico
e marcam a presença da morte no
mundo – tanto cristãos como não
cristãos experimentam
envelhecimento, doenças, dores,
desastres naturais (enchentes,
tempestades violentas e terremotos).
Embora Deus com frequência
responda às orações que livram os
cristãos (e não cristãos também) de
algumas consequências da queda por
um certo tempo (indicando assim a
natureza de seu reino vindouro), os
cristãos muitas vezes passam por
todas essas experiências até
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determinado ponto, e enquanto Cristo
não voltar todos nós ficaremos mais
velhos e morreremos.
O "último inimigo” ainda não foi
destruído. E Deus decidiu permitir que
experimentemos a morte antes que
recebamos todos os benefícios da
salvação conquistada em nosso favor.
3. Deus usa a experiência da morte
para completar a nossa salvação. Em
toda a nossa vida como cristãos,
sabemos que nunca temos de pagar
pelo pecado, pois tudo foi pago por
Cristo (Rm.8.1).
Portanto, quando experimentamos
dor e sofrimento na vida, nunca
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devemos pensar que Deus está nos
castigando (para nos causar algum
mal). Às vezes, o sofrimento é apenas
resultado de uma vida pecaminosa, de
um mundo caído e, muitas vezes,
passamos por sofrimento porque Deus
está nos disciplinando (para o nosso
bem), mas em todos os casos temos
certeza, conforme Romanos 8.28, de
que "Deus age em todas as coisas para
o bem daqueles que o amam, que
foram chamados de acordo com o seu
propósito".
O propósito bondoso da disciplina de
Deus está claro em Hebreus 12.6,10-
11. Nem toda disciplina tem o
propósito de corrigir-nos dos pecados
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que cometemos; às vezes Deus
permite sua disciplina para fortalecer-
nos a fim de que cresçamos na nossa
confiança em Deus e na resistência ao
pecado no caminho desafiador da
obediência.
Vemos isso claramente na vida de
Jesus (Hb.2.10; 5.8). Portanto,
devemos encarar todos os momentos
difíceis e os sofrimentos pelos quais
passamos por algo trazido por Deus
para o nosso bem, fortalecendo a
nossa confiança nele e a nossa
obediência e aumentando, por fim, a
nossa capacidade de glorificá-lo.
Consequentemente, devemos
entender o envelhecimento, a
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fraqueza e às vezes a enfermidade
mortal como outro tipo de disciplina
permitida por Deus para que, através
desse processo, nossa santificação
seja aprofundada e, por fim,
completada, quando formos
comparecer diante da presença do
Senhor.
O desafio que Jesus dá à igreja de
Esmirna poderia muito bem ser dado a
cada cristão (Ap.2.10). Paulo afirma
que o seu objetivo de vida é tornar-se
como Cristo (Fp.3.10). Paulo pensou
sobre a maneira pela qual Jesus
morreu, e tornou-a o seu alvo para
exemplificar as mesmas características
em sua vida, quando chegou a hora da
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sua morte - para que em quaisquer
circunstâncias ele fosse encontrado, o
próprio Paulo, como Cristo, em
constante obediência a Deus,
confiando em Deus e cuidando das
necessidades dos que estavam à sua
volta, trazendo em toda e qualquer
situação glória a Deus, até mesmo em
sua morte. Portanto, quando preso,
sem saber se iria morrer ou sair vivo
da prisão, ele ainda podia dizer:
(Fp.1.20).
A compreensão de que a morte não é
de forma alguma um castigo do
pecado, mas apenas algo que Deus
nos causa para tornar-nos mais
semelhantes a Cristo, deve ser grande
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incentivo para nós e livrar-nos do
temor da morte que apavora a mente
dos descrentes.
Todavia, embora Deus nos beneficie
através do processo da Norte,
precisamos ainda lembrar que a morte
não é natural; é algo estranho, e, em
um mundo criado por Deus, é algo que
não deveria existir. Trata-se de um
inimigo, o qual Cristo finalmente
destruirá (1Co.15.26).
4. Nossa experiência da morte
completa nossa união com Cristo.
Outra razão por que Deus nos permite
passar pela morte, em vez de levar-
nos diretamente para o céu quando
nos tornamos cristãos, é que através
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da morte imitamos a Cristo no que ele
fez, experimentando, assim, uma
união mais íntima com ele.
Paulo pôde afirmar que somos
herdeiros com Cristo, inclusive, nos
sofrimentos (Rm.8.17). E Pedro diz aos
seus leitores que não se surpreendam
com a prova de fogo que estão
enfrentando (1Pe.4.13). Como
observamos, essa união com Cristo no
sofrimento inclui também união com
ele na morte (Fp.3.10). Jesus é o
“autor e consumador da nossa fé”
(Hb.12.2), e nós somos os seus
seguidores enquanto corremos a
corrida da vida (1Pe.2.21).

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5. Nossa obediência a Deus é mais
importante do que a preservação de
nossa vida. Se Deus usa a experiência
da morte para aprofundar nossa
confiança nele e aumentar nossa
obediência a ele. É importante que
nos lembremos de que o alvo do
mundo de preservar a vida a todo
custo não é o principal alvo do cristão:
obediência e fidelidade a Deus em
qualquer circunstância é muito mais
importante. Foi por essa razão que
Paulo podia dizer: Estou pronto não só
para ser preso, mas até para morrer
em Jerusalém pelo nome do Senhor
Jesus" (At.21.13; cf. 20.24).

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Foi essa convicção – de que a
obediência a Deus é muito mais
importante do que a preservação da
vida – que deu a Paulo coragem de
voltar à cidade de Listra logo depois
de ter sido apedrejado e deixado
como morto e de então voltar para lá
outra vez pouco tempo depois
(At.14.20-22). Ele suportou muito
sofrimento e muitos perigos,
arriscando com frequência a vida, com
o propósito de obedecer plenamente
a Cristo (2Co.11.23-27).
Assim, ele podia dizer no fim da vida
com grande triunfo: “Combati o bom
combate, completei a carreira, guardei
a fé” (2Tm.4.6-7). Essa mesma
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convicção capacitou os santos do
Antigo Testamento a aceitar o martírio
para não cometerem pecado
(Hb.11.35). Essa convicção também
deu a Pedro e aos outros apóstolos,
mesmo quando enfrentaram a
ameaça de morte, a coragem de dizer:
"Importa antes obedecer a Deus do
que aos homens” (At.5.29). Sem
dúvida essa foi a essência do
mandamento de Jesus para a igreja de
Esmirna (Ap.2.10). Lemos também que
haverá alegria no céu quando os
santos fiéis vencerem o diabo
(Ap.12.11).
A certeza de que podemos honrar a
Deus mesmo diante da morte e de
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que ser fiel a ele é muito mais
importante do que preservar a vida
tem dado coragem e motivação aos
mártires através da história da igreja.
Quando diante da escolha entre
preservar a própria vida ou pecar, ou
entre entregar a vida ou ser fiel, eles
escolheram entregar a vida “mesmo
em face da morte, não amaram a
própria vida” (Ap.12.11).
Mesmo em tempos quando não há
perseguição e há pouca possibilidade
de martírio, seria bom que
guardássemos essa verdade na mente
de uma vez por todas, pois se estamos
dispostos a entregar até a vida para
sermos fiéis a Deus, acharemos muito
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mais fácil entregar tudo o mais por
amor a Cristo.

COMO DEVEMOS ENTENDER NOSSA


PRÓPRIA MORTE E A MORTE DOS
OUTROS?
1. Nossa própria morte.
O Novo Testamento incentiva-nos a
ver nossa própria morte não com
temor, mas com alegria na esperança
de estar com Cristo (2Co.5.8; Fp.1.21-
23; Ap.14.13; Rm.8.38-39; cf. Sl.23.4;
Hb.2.15). Nossa postura nítida de
tranquilidade diante do medo da
morte expressará um tremendo
testemunho para os cristãos numa
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época em que se procura evitar falar
da morte e em que não há respostas
para ela.
2. A morte dos amigos e parentes
cristãos.
Embora possamos ver nossa própria
morte com a feliz expectativa de estar
na presença de Cristo, nossa atitude
será um pouco diferente quando
enfrentarmos a morte de amigos e
parentes cristãos. Nesses casos,
haveremos de experimentar
verdadeira tristeza - mas
acompanhada também de alegria pelo
fato de eles terem partido para estar
com o Senhor.

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Não é errado expressar verdadeira
tristeza pela perda de nossos amados
que morreram, bem como pelo
sofrimento e dor que enfrentaram
antes de falecer. As vezes os cristãos
pensam que é falta de fé lamentar
profundamente a morte de um irmão
na fé. Mas as Escrituras não
concordam com essa ideia (At.8.2).
Se há um caso em que se tem certeza
de que o falecido foi estar com o
Senhor, foi o de Estêvão (At.7.56,59-
60). E isso aconteceu em Jerusalém,
com todos os apóstolos ainda
presentes, os quais tinham visto Jesus
em pessoa depois que ele ressuscitara
dos mortos.
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Não houve falta de fé da parte de
ninguém pelo fato de Estêvão estar no
céu experimentando grande alegria na
presença do Senhor. Apesar disso,
“alguns homens piedosos sepultaram
Estêvão e fizeram grande pranto sobre
ele” (At.8.2). a tristeza deles mostrou
o pesar genuíno que sentiram pela
perda de alguém que amavam, e não
foi errado expressar tal tristeza. Eles
estavam certos!
O próprio Jesus, no túmulo de Lázaro,
"chorou", experimentando tristeza
pelo fato de Lázaro ter morrido e de
suas irmãs e outros estarem de luto,
além de, sem dúvida, estar triste
também pelo fato de que a morte está
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presente no mundo, apesar de não ser
algo natural e de não dever estar em
um mundo criado por Deus (Jo.11.33-
36).
Os líderes de Éfeso, aos quais Paulo
havia ensinado por três anos, mais
tarde choraram por ele (At.20.37-38).
O próprio Paulo, na mesma carta na
qual expressou esse desejo de partir
desta vida e estar com Cristo, disse
que se Epafrodito tivesse morrido, ele
mesmo teria tido “tristeza sobre
tristeza" (Fp.2.27).
Além do mais, o rei Davi, o homem
segundo o coração de Deus, que
tantas vezes fala nos salmos sobre a
vida eterna com Deus, teve, porém,
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grande tristeza quando soube que
Saul e Jônatas haviam morrido
(2Sm.1.11-12).
Todavia, a tristeza que sentimos está
claramente mesclada com esperança e
alegria. Paulo diz aos tessalonicenses
que de modo nenhum deveriam
entristecer-se por seus amados que
haviam morrido (1Ts.4.13) – eles não
deveriam ficar tristes da mesma
maneira, com o mesmo desespero
amargo que os descrentes têm.
Mas, com certeza deveriam
entristecer-se. Ele lhes garante que
Cristo "morreu por nós para que, quer
vigiemos, quer durmamos, vivamos
em união com ele", encorajando-os
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com o fato de que aqueles que
morreram estão com o Senhor
(1Ts.5.10). É por isso que as Escrituras
podem dizer: "Bem-aventurados os
mortos que, desde agora, morrem no
Senhor [...] pois as suas obras os
acompanham” (Ap.14.13). De fato, as
Escrituras até chegam a dizer-nos que
a morte de um filho de Deus é
preciosa" (Sl.116.15).
Consequentemente, embora
tenhamos genuína tristeza quando
amigos e parentes cristãos morrem,
também podemos dizer com as
Escrituras: "Onde está, ó morte, a tua
vitória? Onde está, ó morte, o teu
aguilhão?” [...] Graças a Deus, que nos
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dá a vitória por intermédio de nosso
Senhor Jesus Cristo" (1Co.15.55-57).
Embora possamos lamentar, nosso
lamento deve ser mesclado com
adoração a Deus e ação de graças pela
vida do ente querido que faleceu.
Adoração é especialmente importante
nessa situação, como vemos nos
exemplos de Davi e de Jó. Quando o
filho de Davi morreu, ele parou de
orar pela saúde da criança e adorou a
Deus (2Sm.12.19-20). De maneira
semelhante, quando Jó soube da
morte de seus dez filhos, adorou
(Jó.1.20-22).
3. A morte dos descrentes.

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Quando os descrentes morrem, a
tristeza que sentimos não é
acompanhada da alegria da certeza de
que eles foram estar com o Senhor
para sempre. Essa tristeza,
especialmente com respeito àqueles
que estão mais próximos de nós, é
muito profunda e real. O próprio
Paulo, quando pensava sobre os seus
irmãos judeus que haviam rejeitado a
Cristo, disse: (Rm.9.1-3).
Apesar disso, também pode ser dito
que muitas vezes nós não temos
certeza absoluta de que determinada
pessoa tenha persistido rejeitando a
Cristo até à hora da morte. A
convicção da morte iminente, muitas
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vezes, faz com que a pessoa, à beira
da morte, busque a Deus de coração,
e, às vezes, textos bíblicos ou
testemunhos de cristãos ouvidos há
muito tempo vêm à mente e aquela
pessoa pode chegar ao
arrependimento e à fé verdadeira.
Não há dúvida de que não podemos
estar seguros de que isso aconteceu
sem uma prova conclusiva de tal
decisão, mas também é bom
reconhecer que, em muitos casos,
temos um conhecimento provável, e
não absoluto, de que aqueles que
conhecemos apenas como descrentes
permaneceram na incredulidade até à
hora da morte. Em alguns casos, nós
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simplesmente não sabemos o que
acontece.
No entanto, depois que um descrente
morre, será um erro sugerir a outros a
ideia de que o falecido tenha ido para
o céu. Isso serviria apenas de
informação enganosa e de falsa
contribuindo para diminuir a urgência
da necessidade de crer em Cristo por
parte daqueles que ainda estão vivos.
É muito melhor, quando há
oportunidade, concentrar-se no fato
de que a tristeza que sentimos pela
perda de alguém a quem amamos
leva-nos também a refletir sobre
nossa própria vida e sobre nosso
próprio destino.
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De fato, os momentos quando temos
condições de falar, como amigo, aos
queridos de um descrente que faleceu
são muitas vezes ocasiões quando o
Senhor abre-nos oportunidades de
compartilhar o evangelho com aqueles
que ainda estão vivos.
Além disso, com frequência, é muito
útil em tais circunstâncias falar de
nossa gratidão genuína pelas boas e
inspiradoras qualidades da pessoa que
faleceu. Um bom exemplo disso é
visto na reação de Davi quando o rei
Saul morreu. Embora Saul tivesse se
tornado um rei mau e tivesse
perseguido Davi e tentado matá-lo
muitas vezes, quando Saul morreu,
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Davi falou aberta e livremente sobre
as boas coisas feitas por Saul
(2Sm.1.19-25).

O QUE ACONTECE DEPOIS DA


MORTE?
1. A alma dos cristãos vai
imediatamente para a presença de
Deus.
A morte é a interrupção temporária da
vida no corpo e a separação da alma
do corpo. Quando o cristão morre,
embora o corpo permaneça na terra e
seja sepultado, no momento da
morte, a alma (ou o espírito) vai
imediatamente para a presença de
Deus, cheia de alegria.
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Quando Paulo pensa em morte, ele
afirma: (2Co.5.8). Deixar o corpo é
estar com o Senhor, no lar. Ele
também diz que seu desejo é:
(Fp.1.23). Jesus também disse ao
ladrão morrendo ao lado dele na cruz:
"Hoje estarás comigo no paraíso"
(Lc.23.43).
A Carta aos Hebreus diz que, quando
os cristãos se reúnem para o culto eles
não estão apenas na presença de Deus
no céu, mas também na presença dos
"espíritos dos justos aperfeiçoados”
(Hb.12.22-23). Todavia, Deus não
deixará o nosso corpo sem vida na
terra para sempre, pois quando Cristo
voltar, alma do cristão será reunida ao
corpo. O corpo dos cristãos será
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levantado dentre mortos, e eles
viverão eternamente com Cristo
(1Ts.4.13-18; 1Co.15.44-58).
• A Bíblia não ensina a doutrina do
purgatório. O fato de que a alma
do cristão vai imediatamente para
a presença de Deus significa que
não existe algo como o purgatório.
Na doutrina católica romana, o
purgatório é o lugar onde a alma
do cristão é purificada do pecado
até que esteja pronta para ser
aceita no céu. De acordo com essa
posição, os sofrimentos do
purgatório são dados a Deus como
substitutos do castigo pelos
pecados que os cristãos mereciam
ter recebido, e não receberam.
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No entanto, essa doutrina não é
ensinada na Bíblia e, na verdade, é
contrária aos versículos há pouco
citados. O catolicismo romano
achou apoio para essa doutrina
não nas páginas do cânon das
Escrituras, aceitas pelos
protestantes desde a Reforma,
mas sim nos escritos apócrifos,
principalmente em 2Macabeus
12.42-45.
Mas, é preciso ser dito que essa
literatura não tem autoridade
como as Escrituras, e não deve ser
vista como fonte autorizada de
doutrina. Além disso, contradiz
declarações claras sobre o partir e
estar com Cristo citados há pouco
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e opõe-se ao ensino claro do Novo
Testamento de que somente
Cristo fez expiação em nosso
favor.
Finalmente, essa passagem em
2Macabeus dificilmente concorda
com a doutrina católica romana,
pois o texto ensina que os
soldados que morreram no
pecado mortal da idolatria (que
não pode ser perdoado, conforme
a doutrina católica) merecem
orações e sacrifícios para que
possam ser libertados de seu
sofrimento.
A teologia católica acha apoio para
a doutrina do purgatório
principalmente no texto de
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2Macabeus citado acima e no
ensino da tradição da igreja.
Outros textos utilizados para
apoiar a doutrina do purgatório
são 2Tm.1.18; Mt.5.26; 1Co.3.15;
Mt.12.32.
O argumento daqueles que
encontram apoio para a doutrina
do purgatório é que "Onesíforo
[...] aparentemente não estava
mais vivo quando foi escrito
2Timóteo"." Isso parece estar
baseado no fato de que Paulo
refere-se não ao próprio
Onesíforo, mas sim "à casa de
Onesíforo" (2Tm.1.16); todavia, a
frase não prova que Onesíforo já
havia morrido, mas apenas diz que
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Paulo estava desejando bênçãos
não somente sobre ele, mas
também sobre toda a sua casa.
Construir um argumento em favor
do purgatório com base na ideia
de que Onesíforo já havia morrido
é fazê-lo sobre uma pressuposição
que não pode ser sustentada com
provas. (Não é raro Paulo
expressar o desejo de que alguns
cristãos sejam abençoados no Dia
do Juízo - veja 1Ts.5.23).
Em Mateus 12.32 Jesus afirma: "Se
alguém falar contra o Espírito
Santo, não lhe será isso perdoado,
nem neste mundo nem no porvir".
Os defensores do purgatório
afirmam que essa frase “deixa
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aberta a possibilidade de os
pecados serem perdoados não
apenas neste mundo, mas
também no mundo que há de vir".
Todavia, isso é simplesmente um
erro de raciocínio: dizer que algo
não acontecerá na era vindoura
não implica necessariamente que
possa acontecer na era vindoura!
O que é necessário para provar a
doutrina do purgatório não é uma
declaração negativa como essa,
mas sim uma afirmação que diga
que haverá sofrimento depois da
morte com o propósito de
continuar a purificação de quem
morre. Todavia, a Bíblia não diz
isso em lugar nenhum.
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Em 1 Coríntios 3.15, Paulo diz que,
no dia do juízo, a obra que alguém
tiver feito será provada pelo fogo
e, prosseguindo, ele afirma: "Se a
obra de alguém se queimar,
sofrerá ele dano; mas esse mesmo
será salvo, todavia, como que
através do fogo”.
Mas esse texto não se refere a
uma pessoa queimando ou
sofrendo castigo, mas apenas à
obra dessa pessoa sendo provada
pelo fogo - que se for boa será
como ouro, prata e pedras
preciosas que permanecerão para
sempre (v.12).
Por fim, em Mateus 5.26, depois
de advertir as pessoas que
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fizessem um acordo com os seus
adversários (acusadores)
enquanto elas estão a caminho do
tribunal, para que o adversário
não os entregue, Jesus diz: "Não
sairás dali, enquanto não pagares
o último centavo". Alguns
entendem o texto como uma
parábola que ensina uma
“condição de castigo por tempo
limitado no outro mundo”. Mas,
não há indicação no contexto de
que seja uma parábola - Jesus está
dando um ensino prático sobre a
reconciliação dos conflitos
humanos e sobre a importância de
evitar situações que levem
naturalmente à ira e ao prejuízo
pessoal (Mt.5.21-26).
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Um problema ainda mais sério
com essa doutrina é o fato de que
ela ensina que é necessário
acrescentar algo à obra redentora
de Cristo e que a sua obra
redentora em nosso favor não foi
suficiente para pagar a pena por
todos os nossos pecados. Isso,
porém, é absolutamente contrário
ao ensino das Escrituras." Além do
mais, em um sentido pastoral, a
doutrina do purgatório tira dos
cristãos o grande consolo que
teriam sabendo que aqueles que
morreram salvos foram
imediatamente para a presença
do Senhor e que eles também,
quando morrerem, irão “partir e
estar com Cristo, o que é
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incomparavelmente melhor"
(Fp.1.23).
• A Bíblia não ensina a doutrina do
"sono da alma". O fato de que a
alma dos cristãos vai
imediatamente para a presença
de Deus também significa que a
doutrina do sono da alma está
errada.
Essa doutrina ensina que quando
os cristãos morrem, eles entram
em um estado de existência
inconsciente e que voltarão à
consciência somente quando
Cristo voltar e ressuscitá-los para a
vida eterna.
Encontra-se, geralmente, apoio
para a doutrina do sono da alma
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no fato de que a Bíblia fala
diversas vezes do estado de morte
como "dormir" ou "adormecer"
(Mt.9.24; 27.52; Jo.11.11; At.7.60;
13.36; 1Co.15.6, 18, 20, 51;
1Ts.4.13; 5.10). Além disso, alguns
textos bíblicos parecem ensinar
que os mortos não estão
conscientes (Sl.6.5; 115.17 [veja,
porém, o v. 18]; Ec.9.10; Is.38.19).
Mas, quando as Escrituras falam
da morte como "dormir" trata-se
apenas de uma metáfora usada
para indicar que a morte é apenas
temporária para os cristãos, como
temporário o sono. Isso é visto
claramente, por exemplo, quando

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Jesus fala a seus discípulos sobre a
morte de Lázaro (Jo.11.11).
Devemos notar que Jesus não diz
aqui que alma de Lázaro
adormeceu, nem qualquer texto
bíblico de fato afirma que a alma
de alguém está dormindo ou
inconsciente (declaração
necessária para provar a doutrina
do sono da alma). Em vez disso,
Jesus diz apenas que Lázaro
adormeceu. João prossegue,
explicando: “Jesus, porém, falara
com respeito à morte de Lázaro;
mas eles supunham que tivesse
falado do repouso do sono. Então,
Jesus lhes disse claramente:
Lázaro morreu” (Jo.11.13-14). Os
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outros versículos que falam sobre
dormir após a morte são
igualmente metáforas que
ensinam que a morte é
temporária.
Já os textos que indicam que os
mortos não louvam a Deus, ou
que a atividade consciente cessa
depois da morte, devem ser
entendidos da perspectiva da vida
nesse mundo. De nossa
perspectiva, uma vez que a pessoa
esteja morta, ela não se envolve
mais com atividades como essas.
Mas, o salmo 115 apresenta a
perspectiva bíblica plena sobre
essa posição. O texto diz: "Os
mortos não louvam o Senhor, nem
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os que descem à região do
silêncio”. Prossegue, porém, no
próximo versículo com um
contraste indicando que aqueles
que creem em Deus bendirão o
Senhor para sempre: "Nós, porém,
bendiremos o Senhor, desde agora
e para sempre. Aleluia!"
(Sl.115.17-18).
Finalmente, os versículos citados
acima que mostram que a alma
dos cristãos vai imediatamente à
presença de Deus e desfruta da
comunhão com ele ali (2Co.5.8;
Fp.1.23; Lc.23.43; Hb.12.23)
indicam todos que o cristão tem
consciência e comunhão com
Deus imediatamente após a
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morte. Jesus não disse: "Hoje já
não terás mais consciência de
nada que está acontecendo", mas
sim: "Hoje estarás comigo no
Paraíso" (Lc.23.43).
Certamente, o conceito de paraíso
naquela época não era de
existência inconsciente, mas sim,
de existência de grande bênção e
de regozijo na presença de Deus.
Paulo não disse: "Tenho desejo de
partir e ficar inconsciente por
muito tempo", mas sim, "tenho o
desejo de partir e estar com
Cristo" (Fp.1.23) – e, sem dúvida,
ele sabia que Cristo não era um
Salvador inconsciente,

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adormecido, mas sim, alguém que
está vivo, ativo e reinando no céu.
Estar com Cristo era desfrutar a
bênção da comunhão da sua
presença, e é essa a razão por que
estar com ele era
“incomparavelmente melhor"
(Fp.1.23). Foi por isso que ele
disse: "Preferindo deixar o corpo e
habitar com o Senhor" (2Co.5.8).
No fim de Hebreus 12, o autor nos
diz que quando adoramos a Deus,
entramos na sua presença, no céu,
e não chegamos aos "espíritos dos
justos adormecidos em estado
inconsciente”, mas “a incontáveis
hostes de anjos, e à universal
assembleia e igreja dos
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primogênitos arrolados nos céus,
e a Deus, o Juiz de todos, e aos
espíritos dos justos aperfeiçoados,
e a Jesus, o Mediador da nova
aliança" (Hb.12.22-24).
Apocalipse 6.9-11 e 7.9-10
também mostram claramente as
almas (ou espíritos) dos mortos
que foram para o céu orando e
adorando a Deus: "Clamaram em
grande voz, dizendo: Até quando,
ó Soberano Senhor, santo e
verdadeiro, não julgas, nem vingas
o nosso sangue e dos que habitam
sobre a terra?" (Ap.6.10). E eles
foram vistos "em pé, diante do
trono e diante do Cordeiro,
vestidos de vestiduras brancas,
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com palmas nas mãos; e
clamavam em grande voz,
dizendo: Ao nosso Deus, que se
assenta no trono, e ao Cordeiro,
pertence a salvação” (Ap.7.9-10).
Todos esses versículos negam a
doutrina do sono da alma, pois
deixam claro que a alma do cristão
experimenta comunhão
consciente com Deus no céu
imediatamente após a morte.
• Será que os salvos do Antigo
Testamento foram
imediatamente para a presença
de Deus? Alguns têm dito que,
embora as almas dos salvos desde
a ressurreição de Cristo vão
imediatamente para a presença
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de Deus no céu, as almas dos
salvos que morreram antes da
ressurreição de Cristo não
desfrutaram das bênçãos do céu,
mas foram para determinado
lugar, aguardando que a obra
redentora de Cristo fosse
completada. Às vezes isso é
chamado o limbus patrum, ou
simplesmente limbo.
Essa posição é especialmente
comum na teologia católica
romana, mas também tem sido
defendida por alguns luteranos.
Não há muitos textos bíblicos que
falam sobre o estado pós-morte
dos salvos do Antigo Testamento,
mas os versículos que nos dão
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alguma indicação do estado deles
apontam todos na direção do
regozijo consciente imediato na
presença de Deus, sem um tempo
de espera, afastados da presença
de Deus (Gn.5.24; 2Rs.2.11; cf.
Mt.17.3, onde Moisés e Elias
aparecem falando com Jesus).
Além disso, quando Jesus
responde aos saduceus, lembra-
lhes do que Deus disse (Mt.22.32),
o que implica que Abraão, Isaque
e Jacó estavam vivos naquele
exato momento e que Deus era o
Deus deles. Além do mais, na
passagem do rico e Lázaro, Jesus
não diz que Lázaro está
inconsciente, mas apresenta as
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palavras de Abraão sobre Lázaro:
“agora, porém, aqui, ele está
consolado". O próprio Abraão é
descrito habitando
conscientemente um lugar muito
aprazível – ao qual o rico ansiava ir
– com certeza não é um lugar nos
limites do inferno.
É importante notar que uma vez
que isso ocorreu antes da
ressurreição de Cristo, Lázaro
estava na mesma situação dos
santos do Antigo Testamento.
Portanto, parece provável que os
salvos do Antigo Testamento
também foram imediatamente
para o céu e desfrutaram de

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comunhão com Deus depois da
morte.
Todavia, parece bem verdade que
eles experimentaram outras ricas
bênçãos e maior regozijo
desfrutaram quando Cristo voltou
ao céu, na sua ascensão. Isso,
porém, não significa que foram
levados para o céu pela primeira
vez, nem que essa foi a primeira
vez que desfrutaram da bênção da
presença de Deus.
• Devemos orar pelos mortos?
Finalmente, o fato de que a alma
dos salvos vai imediatamente para
a presença de Deus mostra que
não devemos orar pelos mortos.
Embora essa ideia seja ensinada
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em 2Macabeus 12.42-45, ela não
é ensinada em nenhum texto
bíblico.
Além disso, não há indicação de
que tenha sido prática de nenhum
cristão da época do Novo
Testamento, nem deveria tê-lo
sido. Quando os salvos morrem,
vão para a presença de Deus e
entram em um estado de perfeita
felicidade com ele. Que bem
haveria em ainda orar por eles?
A recompensa celestial final será
baseada no que tiver sido feito
nesta vida, conforme o
testemunho repetido na Bíblia
(1Co.3.12-15; 2Co.5.10; entre
outros). Além disso, a alma dos
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descrentes vai, depois da morte,
para um lugar de castigo e de
separação eterna da presença de
Deus.
Orar por eles também não
resultaria em bem nenhum, visto
que o destino final deles foi
determinado por seus pecados e
por sua rebelião contra Deus nesta
vida. Orar pelos mortos, portanto,
é simplesmente orar por algo que
Deus nos disse que já está
decidido.
Além do mais, ensinar que
devemos orar pelos mortos ou
estimular outros a essa prática
seria um incentivo à falsa
esperança de que o destino das
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pessoas depois da morte pode ser
mudado, algo que nenhum texto
bíblico nos leva a considerar.
Isso pode levar pessoas a ficarem
desnecessariamente ansiosas e a
desperdiçar muito tempo em
oração sem que haja
absolutamente nenhum resultado,
desviando, assim, a atenção de
orações que poderiam ser feitas
para situações desta vida e que
poderiam resultar em grande
resultado para a expansão da obra
do reino. Devemos investir tempo
orando segundo a vontade de
Deus.
2. A alma dos descrentes vai
imediatamente para o castigo eterno.
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A Bíblia nunca nos incentiva a pensar
que haverá segunda chance de aceitar
Cristo depois da morte. Na verdade, o
quadro é exatamente o oposto.
A passagem em que Jesus fala do rico
e de Lázaro não dá esperanças de que
seja possível passar do inferno para o
céu depois da morte, apesar de ter o
rico clamado no inferno: "Pai Abraão,
tem misericórdia de mim! E manda a
Lázaro que molhe em água a ponta do
dedo e me refresque a língua, porque
estou atormentado nesta chama”. E
Abraão respondeu: “E, além de tudo,
está posto um grande abismo entre
nós e vós, de sorte que os que querem
passar daqui para vós outros não

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podem, nem os de lá passar para nós"
(Lc.16.24-26).
O livro de Hebreus relaciona a morte
com a consequência do juízo na
seguinte ordem: "E, assim como aos
homens está ordenado morrerem
uma só vez, vindo, depois disto, o
juízo..." (Hb.9.27). Além do mais, a
Bíblia nunca apresenta o juízo final
como dependente de algo feito depois
da morte, mas somente do que
aconteceu nesta vida (Mt.25.31-46;
Rm.2.5-10).
Alguns têm argumentado em favor de
uma segunda chance de crer no
evangelho com base na pregação que
Cristo fez aos espíritos em prisão em
1Pedro 3.18-20, e na pregação do
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evangelho "também a mortos" em
1Pedro 4.6, mas tais interpretações
desses textos são inadequadas, e uma
avaliação mais apurada não defenderá
essa posição.
Todos somos pecadores por natureza
e por escolha, e ninguém merece
realmente graça alguma de Deus nem
qualquer oportunidade de ouvir o
evangelho de Cristo – isso só é
possível por causa do favor imerecido
dado por Deus. A condenação não
vem somente por causa de uma
rejeição deliberada de Cristo, mas
também por causa dos pecados que
cometemos e da rebelião contra Deus,
representada em tais pecados
(Jo.3.18).
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A ideia de que se pode ter uma
segunda chance de aceitar Cristo
depois da morte destruiria quase toda
motivação da evangelização e da
atividade missionária atual, além de
não ser coerente com o fervoroso zelo
missionário sentido pela igreja do
Novo Testamento como um todo,
especialmente exemplificado nas
viagens missionárias do apóstolo
Paulo.
Um castigo consciente para os
descrentes, após a morte, que
prevalece para sempre é sem dúvida
uma doutrina difícil de ser
considerada. Mas os textos bíblicos
que ensinam isso são claros. Jesus
disse que no dia do juízo final ele dirá
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aos que estiverem à sua esquerda:
"Apartai-vos de mim, malditos, para o
fogo eterno, preparado para o Diabo e
seus anjos", e afirma ainda: "E irão
estes para o castigo eterno, mas os
justos, para a vida eterna"
(Mt.25.41,46).
Esses textos mostram que não
podemos aceitar como fiel às
Escrituras a doutrina da aniquilação.
Essa doutrina afirma que os
descrentes, logo após a morte, ou
ainda depois de sofrer por certo
tempo, simplesmente deixarão de
existir - Deus os "aniquilará" e eles já
não existirão. Embora em princípio a
ideia soe atraente para nós e evite a
dificuldade emocional relacionada
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com a afirmação do castigo eterno e
consciente dos ímpios, ela não é
explicitamente afirmada em nenhum
texto bíblico e parece claramente
contrária aos textos que relacionam a
bênção eterna do justo com o castigo
eterno do ímpio (Mt.25.46) e que fala
do castigo estendido ao ímpio, dia e
noite, para sempre (Ap.14.11; 20.10).
Ainda que os descrentes passem para
um estado de castigo eterno
imediatamente depois da morte, o
corpo deles não ressuscitará antes do
dia do juízo final. Naquele dia, o corpo
deles será ressuscitado e reunido à
alma, e eles estarão de pé diante do
trono de Deus para o juízo final, que
será pronunciado sobre eles,
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ressurretos em um corpo (Mt.25.31-
46; Jo.5.28-29; At.24.15; Ap.20.12,15).

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