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SUMÁRIO
Capítulo Página

Uma Breve Apresentação .................................................................. 7


1 O Surgimento de uma Dádiva
sem par para a Época ........................................................................ 9
2 Salvo e Chama do ............................................................................. 13
3 Edificado e Aperfeiçoado ................................................................ 19
4 Instruí do e Ilumin ado ..................................................................... 2 7
5 Incum bido e Comissionado ............................................................ 33
6 Obede cendo à Bíblia e
Aband onando as Tradições ............................................................. 39
7 Apren dendo a Levar as Pessoas ao Senhor ................................... 49
8 Vivend o na Presença de Deus ........................................................ 59
9 Viver pela Fé ................................................................................... 65
1O Vivend o uma Vida Crucificada,
Ressurre ta e Venced ora ................................................................... 83
11 Prestan do mais Atenção à Vida
do que à Obra .................................................................................. 95
12 Experimentando Deus
como o Grande Médico .................................................................. 99
13 Casado e Ocupa ndo-se com Negócios ......................................... 107
14 Recebendo Ajuda ................ •••...... ••.. •............................................. 111
15 Vivenc iando a Disciplina
do Espírito Santo ............... •.. •••........ •........ •••••••.. ••••........................ 125
16 Experi mentan do o Quebra r
do Homem Exterior e o Liberar do Espírito .............................. 127
17 Amadurecido ............... ••.... •••••••••.... ········.. ·.. ·.... ·····.. ·••••.. ••........ :.... 131
18 Derram ado como Libação ... •....... ••••••••••.. ••.... •••••••........................ 133
19 Testemunhos .................................................................................. 135
20 Revelações Recebidas por W atchman N ee .................................. 161
21 Os Sofrin1ento s de ,,Vatchman Nee ........ ................................. ..... 177
22 . · teno
O M 1111s , · d e W a tcl1111a1.
. 1 Nee ••········.. ··············· ······················· 201
23 Os Expedientes Genéricos
d o 1\ K·
111111s
• ter1
, .·o de Watcl11na11 Nee •· ............... ······························ ·· 207
24 Os E>..rpedientes Específicos
do Ministério de W atchman N ee (1) ............. •.... ·.... ··.. ···.. ·········.. · 215
25 Os Expedient es Específicos
do Ministério de Watchman Nee (2) ............................................ 231
26 Os Expedient es Específicos
do Ministério de Watchman Nee (3) ....................................... .. ... 245
27 Os Expedient es Específicos
do Ministério de Watchman Nee (4) ............................................ 257
28 O Objetivo do Ministério de W atchman N ee ............................ 269
29 O Cumprime nto do Ministério
de Watchman Nee ......................................................................... 277
30 Um Homem que Viu
a Revelação Divina na Era Atual ............................ ..................... 283
31 O Relaciona mento de Witness Lee
com Watchman Nee de 1925 a 1935 ........................................ ... 289
32 O Relaciona mento de Witness Lee
Com W atchman N ee de 1934 a 1936 .......................................... 303
33 O Relaciona mento de Witness Lee
Com Watchman Nee de 1937 a 1950 .......................................... 317
34 Fac-Símiles de Cartas, Fotografia s e Mapa da China ................. 337
UMA BREVE APRESENTAÇÃO
A Bíbl'1ª contem
, muitas
· b10graf1as.
· · O Antigo Testamento mostra-nos
as descrições de Abraão, Moisés, Davi e muitos outros, e o Novo
Testamento apresenta-nos a vida de Pedro, João, Paulo e outros. Essas
biogTafias transmitem muito da revelação divina a respeito de Deus e de
Suas dispensações. Como tive contato espiritual e íntimo com o irmão
W atchman N ee por vinte e cinco anos, e como estive envolvido na mesma
e única obra juntamente com ele pela restauração do Senhor por muito
tempo, senti-me obrigado a escrever sua biografia para que a vida e obra
de tal testemunha do Senhor não se perdesse de vista dos que viessem após
ele, mas, pelo contrário, fosse preservada, como deveria ser, para ministrar
Cristo, segundo o desejo de Deus, às gerações por vir.
Entretanto, escrever a biografia de uma pessoa não é tarefa fácil e
simples. Será que o que está escrito sobre essa pessoa é um retrato
genuíno dela? A motivação para escrever é adequada? A história é
exata? Que influência terá? Qual será o resultado? Após muita
consideração, minha resposta a todos esses pontos é esta: Uma vez que
estive sob o ensinamento, edificação e aperfeiçoamen to do irmão N ee,
e uma vez que ele foi um irmão que respeitei, observei e considerei
durante um quarto de século, a precisão dos meus escritos sobre ele deve
estar garantida. Quanto ao motivo, o Deus que sonda os corações é o
Juiz! Quanto à influência e resultado, o Senhor misericordioso é a
bênção. Muita diligência foi exercitada para evitar adulações, exageros
e exaltação de homens, e o Espírito Santo foi o Guia e Superintenden te
desta obra. Assim, desejo ver este trabalho consumado para o bom
prazer do Deus Triúno, para Sua rica bênção.
Este livro, com exceção do capítulo trinta, foi terminado para publicação
em 1977. Mas, naquela época, embora muitos esperassem ver um livro
sobre a vida do irmão Nee, em meu espírito não senti conforto em liberá-
lo. Guardei-o, então, por catorze anos. Isso está de acordo com a
experiência do apóstolo Paulo em 2 Coríntios 12:2. Após esse longo
período de segredo, tenho agora o sentimento - assim como muitos O têm
- de que já não devo mais escondê-lo, mas publicá-lo de acordo corn a
orientação do Senhor. Que tal escravo e testemunha de Cristo, corno 0
irn1ão Nee, ainda possa falar e resplandecer, sob a unção do Espírito Santo
por n1eio das linhas desta obra imperfeita, para o aperfeiçoamento dos'
santos e a edificação do Corpo de Cristo e para a glória Daquele a quem
ele an1ou e para quem viveu por toda a sua vida.

O autor
22 de julho de 1991
Anaheim, Califórnia - EUA
Capítulo Um

O SURGIMENTO DE UMA DÁDIVA


SEM PAR PARA A ÉPOCA

O MOVER DO SENHOR PARA A CHINA


Na criação, Deus ordenou que o homem enchesse a terra e dominasse
sobre todas as coisas criadas (Gn 1:28). Na redenção, o Senhor comissionou
Seus discípulos para ir a todo o mundo, pregar o evangelho e fazer
discípulos das nações para o Seu reino na terra (Me 16:15; Mt 28:19).
Depois do Pentecostes, o território em tomo do mar Mediterrâneo foi
evangelizado em menos de meio século e o evangelho expandiu-se para
a Europa nos dois primeiros séculos. Contudo, ele foi confinado ali por
mais de dez séculos. Depois da descoberta da América, o evangelho foi
trazido para o hemisfério ocidental pela imigração européia, mas, até que
a Espanha fosse derrotada, nunca se expandiu adequadamente para o
extremo oriente.
Os nestorianos trouxeram sua religião da Pérsia para a China no
século sete. O nestorianismo foi um desvio da revelação divina. Não era
o puro evangelho da vida. Três imperadores da dinastia Tang na China
receberam essa religião. Todavia, dois séculos depois, o nestorianismo foi
banido e dissipado por causa da sua inexatidão e falta de vida. Depois disso,
não houve qualquer vestígio de nenhuma forma de cristianismo na China
até a chegada dos franciscanos no século treze e dos jesuítas no século
dezesseis. Eles, com seu aprendizado ocidental, eram também sem vida
e cheios de ordenanças tradicionais. Eles não conseguiram vencer os
chineses conservadores que estavam saturados dos ensinamentos éticos
de Confúcio e enganados pelas superstições do budismo. Foi apenas a
partir do início do século dezenove que o evangelho puro e a Bíblia foram
levados para a China.
10 Biografia de Watchm an Nee

Após a derrota da Espanh a, que era a potênc ia do mundo , domina da


pelo catolici sn1o 110 século dezesseis, surgira m muitas missõe s protest antes,
tanto na Europa con1o na Améric a, para enviar centen as de mission ários
aos países pagãos . Foram enviad os mais mission ários à China do que a
qualqu er outro país. Robert Morris on desemb arcou em Cantão , capital da
provín cia mais n1eridional da China, nos primór dios do século dezeno ve.
Os congTegacionalistas, metodi stas e anglica nos vieram para a provínc ia
de Fukien . Os presbit erianos americ anos e os batistas do sul chegar am à
provín cia de Xantum , ao norte. A Alianç a Cristã e Missio nária alcanço u
o porto interna cional de Xangai . A Missão para o Interio r da China foi
pioneir a em várias provínc ias do interio r e outras missõe s estabel eceram -
se em muitos outros territó rios . Muitos daquel es missio nários,
especia lmente os pioneir os, foram homen s de Deus. Eles sacrific aram-se
muito por causa da comiss ão do Senhor e sofrera m muito pelo evange lho.
Por meio de sua obra pioneir a, muitas portas foram abertas na China e
milhar es de pessoas que estavam em trevas e no pecado foram conduz idas
ao Senhor e recebe ram Sua salvaçã o. Esses mission ários trouxer am
consigo três tesouro s: o nome do Senhor , que é o próprio Senhor , o
evange lho e a Bíblia. Agrade cemos ao Senhor por isso! Todavi a, o
evange lho não foi adequa damen te apresen tado à classe culta dos chineses,
e a verdad e sobre a vida da igreja não foi efetiva mente liberad a até a
primei ra década do século vinte.
Em 1900, Satanás instigo u a Rebeli ão dos Boxers . Nessa insurre ição,
muitos missio nários e grande númer o de crentes chines es foram
martiri zados. A intençã o de Satanás era acabar com o mover do Senhor
na China. Mas debaix o da sobera nia de Deus, essa persegu ição produz iu
um forte encarg o entre os santos no mundo ociden tal para que orassem
fervoro sament e pelo mover do Senhor na China. Cremo s que, devido à
respost a do Senhor àquelas oraçõe s fervoro sas, foram levanta dos alguns
evange listas prevale centes entre os crentes chinese s, depois da Rebeliã o
dos Boxers . Esses pregad ores "nativo s" tornara m-se vitorio sos na pregaçã o
do evange lho, e sua pregaç ão alcanço u os estudan tes da nova geração da
China. Por volta de 1920, o evange lho penetro u en1 muitas escolas e um
bom númer o de alunos do segund o gTau e das faculda des foi ganho pelo
Senhor em todo o país, de norte a sul. Muitas pessoa s brilhan tes foram
chama das pelo Senhor e equipa das para fazer Sua obra.
O Surgimento de uma D ádi va sem p ar p ara a Ép oca 11

O Surgimento de Watchman Nee

U1n desses alunos brilhantes chamava-se Nee Shu-tsu. Seu nome


inglês era Henry N ee. Seu avô paterno, N ee Yu-cheng, estudou no
Colégio Congregacio nal A1nericano em Fuchow. Seu pai, Nee Wen-hsiu,
u1n cristão de segunda geração, estudou no Colégio Metodista Americano
em Fuchow. Nee Wen-hsiu tinha boa formação em chinês clássico e se·
tornou funcionário público na alfândega chinesa. A mãe de N ee Shu-tsu,
Lin Ho-pim, também cristã de segunda geração, estudou na Escola
O cidental Chinesa de Meninas, em Xangai. Essa escola mantinha um
padrão inglês elevado. Nee Shu-tsu, um cristão de terceira geração,
estudou na Faculdade Anglicana Trinity, em Fuchow. Essa escola era uma
faculdade de dois anos que mantinha um alto padrão tanto no inglês como ·
no chinês. Após ter sido levantado pelo Senhor para levar a cabo Seu
comissionam ento, ele adotou o novo nome inglês W atchman N ee e o novo
nome chinês To-sheng, que significa o som de alerta de uma sentinela.
Como um cristão recém-regene rado, chamado pelo Senhor, ele considerou-
se como uma sentinela, levantada para dar o toque de alerta às pessoas na
noite escura. Por fim, ele tornou-se, pela misericórdia e graça abundantes
do Senhor, uma dádiva sem igual para esta era. Watchman Nee foi dado
pelo Senhor ao Seu Corpo para o Seu mover de restauração sobre a terra,
não somente na China como também por todo o mundo.
Capítulo Dois

SALVO E CHAMADO

POR INTERMÉDIO DA PREGAÇÃO DE DORA YU


Entre os evangelistas que o Senhor levantou na China, havia uma
jovem irmã cujo nome em inglês era Dora Yu e, em chinês, Yu Tzu-tu. Ela
foi salva ainda bem jovem e, mais tarde, enviada por sua farm1ia à
Inglaterra para estudar medicina. A caminho da Inglaterra, seu navio
aportou em Marselha, no sul da França. Naquele momento, ela ganhou
um pesado encargo e disse ao capitão que não poderia continuar a viagem
e que teria de voltar para pregar o evangelho de Cristo. O capitão ficou
perplexo, mas nada pôde fazer a não ser enviá-la de volta para casa. Seus
pais ficaram extremamente desapontados com sua volta e, embora tenham
tentado demovê-la da sua decisão de pregar o evangelho, seus esforços
foram em vão. Por fim, eles desistiram. Pouco tempo depois, ela saiu de
casa, peregrinando pelas ruas e pregando o Senhor Jesus. Ninguém a
assalariou. Ela simplesmente confiava no Senhor. Por meios supridos pelo
Senhor, ela alugou uma loja num subúrbio de Xangai para a pregação do
evangelho. A partir de então, foi convidada pelas denominações para
realizar muitas reuniões de pregação do evangelho. Ela viajou
extensivamente por muitas províncias fazendo a obra do evangelho, e
tomou-se uma testemunha prevalecente para o Senhor. Ela continuou a
pregar pelo resto de sua vida, levando centenas de pessoas ao Senhor.
Em fevereiro de 1920, Dora Yu foi convidada para ir a Fuchow, capital
da província de Fukien, onde pregou o evangelho num auditório metodista.
Sua pregação foi tão convincente e cheia de poder que, depois de cada reunião,
podiam-se encontrar fileiras de lágrimas no piso, devido ao choro da
audiência. Muitos foram salvos. Entre os convertidos estava uma senhora
chinesa muito culta, a mãe de Watchman Nee. Ela e o marido eram
1.J BiogTafia de Watchman Nee

1netodistas, mas não tinhain a expe1iência da salvação. Após ser salva, voltou
para casa e fez mna confissão plena ao 1narido e filhos. O mais velho dos filhos
hon1ens, Shu-tsu, ficou 111uito surpreso e inspirado pela sua confissão. Ele
sentiu que develia ir à reunião de Dora Yu e ver o que produzira tal mudança
e111 sua 111ãe. No dia seguinte, ele foi e o Senhor o ganhou. Mais tarde, naquela
111esn1a noite, ele teve u111a visão do SenhorJesus pendurado na cruz. Por meio
dessa expe1iência, o Senhor chamou-o para ser Seu servo .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

TESTEMUNHO PESSOAL DE WATCHMAN NEE


DADO EM KULANGSU, PROVÍNCIA DE FUKIEN,
EM 18 DE OUTUBRO DE 1936 1
. . . . . ... . . . . . . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Nasci numa família cristã. Fui o terceiro filho, precedido por


duas irmãs. Pelo fato de eu ter uma tia que gerara seis filhas, uma
após outra, minha tia paterna se desagradou quando minha mãe
gerou duas filhas. De acordo com o costume chinês, são preferíveis
homens à mulheres. Quando minha mãe deu à luz duas meninas,
as pessoas diziam que ela provavelmente seria como minha tia,
gerando meia dúzia de meninas antes de gerar um menino.
Embora, naquela época, minha mãe ainda não fosse claramente
salva, ela sabia como orar. Então, disse ao Senhor:

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

"Se eu tiver um menino eu o oferecerei a Ti". O Senhor ouviu


sua oração e eu nasci. Meu pai me disse: "Antes que você
nascesse, sua mãe prometeu oferecê-lo ao Senhor".

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 I I I

Fui salvo em 1920, aos dezessete anos. Antes de ser salvo


experimentei uma espécie de conflito mental quanto a aceitar ou
'

1
0s_ seguintes trechos foram traduzidos diretamente do manuscrito original de K. H.
W e1gh e estão ligeiramente diferentes da versão publicada no livro O Testemunho de
Watchman Nee, publicado por esta Editora. (N. T.)
Salvo e C h am ad o 15

não o Senho1Jesus con10 111eu Salvador e a tornar-me ou não um


servo do Senhor. Para a 1naio.ria das p essoas, o problema no
1110111ento da salvação é co1110 ser liberta.do do pecado. Mas, para
mi111, ser salvo do pecado e o restante da minha vida estavam
intiman1ente ligados. Se aceitasse o Senhor Jesus como meu
Salvador, si111ultaneai11ente O aceitaria como meu Senhor. Ele
me libertaria não apenas do pecado, mas também do mundo.
Naquela época tinha medo de ser salvo, porque sabia que uma vez
salvo eu deveria servir ao Senhor. Necessariamente, portanto,
minha salvação seria uma salvação dupla. Era-me impossível pôr
de lado o chamamento do Senhor e desejar apenas a salvação. Eu
tinha de escolher: ou crer no Senhor e ter uma dupla salvação ou
perder ambos. Aceitar o Senhor significaria para mim que os dois
eventos aconteceriam simultaneamente.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 f t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Na noite de 29 de abril de 1920, estava só em meu quarto. Eu


estava intranqüilo. Quer sentado quer deitado, não conseguia
descansar pois interiormente havia essa questão de crer ou não no
Senhor. Minha tendência inicial era de não crer no Senhorjesus
e não me tornar um cristão. Todavia, interiormente, aquilo
causou-me desconforto. Havia uma verdadeira luta dentro de
mim. Então, ajoelhei-me para orar. A princípio, não tinha palavras
para orar. Mas, por fim, muitos pecados vieram diante de mim e
percebi que era um pecador. Jamais tivera tal experiência em
minha vida. Vi-me como um pecador e também vi o Salvador. Vi
a imundícia do pecado e também vi a eficácia do sangue precioso
do Senhor purificando-me e tornando-me branco como a neve. Vi
as mãos do Senhor pregadas na cruz, e, ao mesmo tempo, vi-O
estendendo os braços para me receber, dizendo: "Estou aqui
esperando para recebê-lo". Subjugado por tal an1or, não pude
evitar e decidi aceitá-Lo con10 n1eu Salvador. A nteriormente, ria
daqueles que criam no Senhor, mas naquela noite não pude rir.
Pelo contrário, chorei e con fess ei n1eus pecados, buscando 0
perdão do Senhor. Após fazer n1inha confissão, o fardo dos
Biografia de Watchman Nee
16

pecados foi descarregado, e senti-me leve e cheio de alegria e de


paz interior. Essa foi a primeira vez em minha vida que soube que
era un1 pecador. Orei pela priineira vez e tive minha primeira
experiência de aleg11a e paz. Pode ter havido alguma alegria e paz
antes, mas a experiência após minha salvação foi muito real.
Sozinho en1 meu quarto, naquela noite, vi a luz e perdi toda a
percepção das coisas que me rodeavam. Eu disse ao Senhor:
. "
"Senho1~ Tu verdadeiramente tens sido gracioso para comigo •

1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Neste auditório há pelo menos três colegas de escola meus.


Entre eles está o irmão Weigh Kwang-hsi, que pode testificar que
aluno malcomportado eu era, bem como que excelente aluno em
resultados escolares. Do aspecto negativo, freqüentemente violava
os regulamentos da escola. Do lado positivo, eu era sempre o
primeiro em todas as provas, porque Deus me capacitara com
inteligência. Meus ensaios eram freqüentemente expostos no
quadro de avisos. Naquela época, eu era um jovem com muitos
sonhos e planos para o futuro. Considerava corretas as minhas
opiniões. Posso dizer humildemente que, se tivesse trabalhado
com afinco no mundo, muito provavelmente eu teria grande
sucesso. Meus colegas de classe também podem testificar isso.
Mas, após a minha salvação, muitas coisas novas aconteceram-
me. Todos os meus planos anteriores tornaram-se vazios e sem
sentido. Minha carreira
-- - foi-totalmente
-futura - - - -- abandonada. Para
alguns, esse passo poderia ter sido fácil, mas para mim, com
muitos ideais, sonhos e planos, foi extremamente difícil. Desde a
noite em que fui salvo, comecei a viver uma nova vida, pois a vida
do Deus eterno entrara em mim.

1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1

Minha salvação e chamamento para servir ao Senhor


ocorreram simultanean1ente. Desde aquela noite, jamais tive
qualquer dúvida quanto a ter sido chamado. Naquela hora decidi
minha carreira futura de uma vez por todas. Percebi que, por um
Capítulo Três

EDIFICADO E APERFEIÇOADO
POR DORA YU
Depois de salvo, W atchman N ee teve um forte desejo de servir ao
Senhor. Embora ainda estivesse no segundo grau, ele almejava ser
treinado por Dora Yu em Xangai. Sua mãe concordou, e Dora Yu aceitou-
º em sua escola bíblica. Entretanto, por ter certos hábitos que ela não
aprovava, tal como dormir até tarde, Dora Yu decidiu não permanecer
com ele. Numa ocasião, ela o enviou para entregar correspondência na
agência central do correio em Xangai. Devido à longa distância e às
precárias condições de pavimentação das ruas, ele demorou mais do que
ela esperava. Ela presumiu que ele se tivesse desviado para alguma
diversão, o que, na verdade, não ocorreu. Mas ela demitiu-o, e ele voltou
para casa e terminou seus dois anos de colégio .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

SEU TESTEMUNHO PESSOAL DADO EM KULANGSU,


FUKIEN, EM 18 DE OUTUBRO DE 1936
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . ..

Depois de salvo, continuei na escola, embora tivesse pouco


interesse pelos livros. Os outros liam romances na aula, mas eu
estudava diligentemente a Bíblia. Mais tarde, desejando buscar
mais as coisas espirituais, deixei a escola e entrei no Instituto
Bfblico de Dora Yu, em Xangai. Entretanto, não muito tempo
depois, ela, educadamente, me expulsou da escola e voltei para
casa. A razão que ela deu para sua atitude foi que era inconveniente
eu permanecer por mais tempo ali. Percebi que minha carne não
~ ~ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _B_,_·o__
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fora tratada. Ainda gostava. d e b oa com ida' roupas . finas e de
do11111r. ate, . as 01to
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::- D 01·a Yu sentia que eu era um
b 0111111ate11al . para o interesse
. d o Sen J101. e ti'nha boas perspectivas
. ,
· · J
111as quando descobnu 111111 1a pi egwça . · ela me enviou para casa·

t I 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 t 1 1 t
1 1 1 1 1 t 1 1 t 1 1 t I t 1 1 1 t 1 1

Fiquei, então, totalmente decepcionado e senti que meu


. . t,,.
futuro estava airuinado. Naquele moment o, question eiª e mesmo
minha salvação. Mas certamente era salvo! Eu até mesmo
considerava-me muito bom, que fora transformado em muitas
coisas, não me dando conta de que ainda havia muito para ser
aprendido e muito em que ser tratado. Seguro de que o Senhor me
salvara e chamara, não poderia ficar decepcionado. Concord ava
que ainda não era suficientemente bom, mas sentia que, com o
passar do tempo, melhoraria.

1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Uma vez que ainda não havia chegado o tempo para continuai-
minhas buscas .espirituais, decidi voltar à escola. Quando meus
colegas me viram, eles reconheceram que eu havia mudado , mas
não mudara totalmente, pois ocasionalmente ainda perdia a
paciência e fazia algumas coisas erradas. Havia moment os em
que me parecia muito com uma pessoa salva, mas em outros
parecia muito com uma pessoa não salva.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

POR MARGARET BARBER


Em seu período escolar, a busca de W atchman N ee pelo Senhor
levou-o a contatar freqüentemente Margare t E. Barber. A senhorita
Barber, uma missionária anglicana, fora enviada para Fukien, China, no
final do século passado. Seus comissionários tiveram inveja dela e
inventar am uma grave acusação que fez com que ela fosse chamada de
volta do campo missionário. A senhorita Barber conheci a Senhor de
O
maneira viva. Ela havia experimentado profund amente a cruz e praticava
Edificado e A pedeiçoado 21

continua1nente as lições de cruz. Por essa razão, ela decidiu não se vindicar
das acusações feitas contra si. Ela pennaneceu em casa, na Inglaterra, por
alguns anos. Nun1 detenninado momento, o presidente do conselho
n1issionário ficou sabendo que o caso apresentado contra ela era falso e
pediu-lhe que lhe contasse a verdade. Disse que percebera que ela estava
buscando aprender a lição de cruz, que ela não diria nada em sua própria
defesa, mas, como alguém com autoridade sobre ela, ele ordenou que lhe
dissesse a verdade. A senhorita Barber, então, contou-lhe toda a história.
Ela foi plenamente justificada diante do conselho missionário e decidiram
enviá-la de volta à China. Ela, entretanto, demitiu-se da missão, sentindo
que era hora de fazê-lo, embora ainda tivesse encargo de voltar para a
China por causa do interesse do Senhor. Antes disso, a senhorita Barber
entrara em contato com D. M. Panton. O senhor Panton era um grande
estudioso da Palavra e também alguém que tinha conhecimento dos males
do denominacionalismo. Por seu relacionamento com ele, a senhorita
Barber também teve clareza a respeito das denominações.
Após gastar muito tempo em oração, sentiu que o próprio Senhor a
estava enviando de volta à China. Ela voltou, mas, dessa vez, sem ligação
com qualquer missão. De acordo com o padrão humano, ela voltou por
seus próprios recursos no princípio dest~ século. Estabeleceu-se num
subúrbio de Fuchow, cidade natal de Watchman N ee. Viveu ali, viajando
pouco e quase sem nenhuma publicidade. Simplesmente permanecia em
casa, orando muito pelo mover do Senhor na China e ajudando aqueles
que, em sua busca pelo Senhor, procuravam seu conselho. Sem dúvida,
ela foi uma semente semeada pelo Senhor na China para a Sua restauração.
Compôs vários poemas, muitos dos quais foram adaptados para ser
incluídos no nosso hinário 1• Todos eles demonstram uma profunda
experiência em Cristo.
Margaret Barber viveu pela fé. Ela não tinha qualquer meio externo
de apoio financeiro. De acordo com o costume chinês, todas as contas
devem ser plenamente quitadas no final do ano. No final de um ano, ela
descobriu que necessitava de cento e vinte dólares chineses. Restando
apenas dois dias para o ano novo chinês, ela orou fervorosamente ao
·senhor por essa necessidade. No último dia do ano, chegou um telegrama

1
Hinos, hinário publicado por esta Editora. (N. T.)
22 Biografia de Wat chm an Nee

d e D . M. Pan ton , de Lon dre s, por 1nt


· erm , d' do ban co ing lês erri Fuc how
e 10 . •
A qua ntia . env iad
. a era t
exata1nente cen o e vi·nte dól are s chi nes es.
Por seu relacionan1ento con1 a senhorita Barber
, W atc hm an N ee foi
grande111ente edificado e aperfeiçoado. Sem pre
que tinh a um pro ble ma ou
pre cisa va de instrução ou fortalecimento espiritu
al, ia ter com ela. Ela O tratava
com o um jov em aprendiz e freqüentemente adminis
trava-lhe sev era disciplina.
Naq uel a épo ca, mai s de ses sen ta jov ens irm
ãos e irm ãs rec ebi am
aju da de Ma rga ret Bar ber . Ten do pro fun did
ade no Sen hor e sen do
ext rem am ent e rigo ros a, ela freq üen tem ent
e adv erti a os jov ens com
res pei to a vár ios assuntos. Pou co tempo dep
ois , a ma iori a des ses jov ens
~ rou de ir ter com ela. O úni co que con tinu
ou a vê- la foi Wa tch ma n Nee .
Qu and o a visitava, ela o rep ree ndi a e rep rov
ava . Ela, com freq üên cia,
mo stra va que , com o um jov em , ele não pod
eria serv ir ao Sen hor de
qua lqu er ma nei ra. Tod avi a, qua nto mai s ela o
rep ree ndi a, ma is ele vol tav a
par a ser rep ree ndi do. Por colocar-se del ibe rad
am ent e dia nte del a par a ser
rep ree ndi do, ele rec ebe u aju da indizível.
No dia 7 de fevereiro de 1950, em com unh ão
com a igre ja em Ho ng
Ko ng, ele disse: "Ha via sessenta e seis jov ens
sob o trei nam ent o da irm ã
Bar ber . Na prim eira car ta que rec ebi do irm ão
D. M. Pan ton , ele disse que
ser ia con sid era do bom se, apó s dez an<?s,
seis· daq uel es jov ens ainda
per ma nec ess em . Agora, apó s um lon go tem po,
per ma nec em ape nas quatro".
Ma rga ret Bar ber era alg uém que viv ia mu ito
na pre sen ça do Sen hor .
Um dia , Wa tch ma n Nee foi vê-la. Enq uan to
não era rec ebi do por ela,
esp ero u-a por alg um tem po na sala de estar. Ele
disse que , me sm o que ela
não esti ves se ali, tinh a a pro fun da sen saç ão
da pre sen ça do Sen hor .
Dia apó s dia a irm ã Bar ber agu ard ava a vol ta
do Sen hor . No último
dia de det erm ina do ano , qua ndo os doi s
cam inh ava m jun tos , eles se
apr oxi ma ram de um a esq uin a. Ela disse: "Ta
lve z, ao vira rmo s a esq uin a,
nós nos enc ont rare mo s com Ele". Ela alm eja
va ans ios am ent e a vol ta do
Sen hor . Ela viv eu e trab alh ou sob a esp era nça
da vol ta do Sen hor .
Em 1933, Wa tch ma n Nee visitou a Eur opa .
Em me io a tod as as suas
via gen s, ele disse que difi cilm ent e enc ont rou
alg um a pes soa no mu ndo
oci den tal que se pud ess e com par ar com Ma
rga ret Bar ber . Foi por meio
des sa irm ã que ele obt eve o fun dam ent o da
vid a esp iritu al. Ele sem pre
diz ia aos out ros que foi por me io de um a irm
ã que foi salv o e tam bém foi
por inte rmé dio de um a irm ã que foi edi fica do.
Edificado e Aperfeiçoado 23

Margaret Barber foi para o Senhor em 1930. Em seu testemunho, ela


deixou todos os seus pertences para Watchman Nee. Esses incluíam um
pouco 1nais do que sua velha Bíblia com todas as anotações preciosas.
En1bora ele pretendesse escrever a biografia dela, o tempo não o permitiu.
E1n seu editorial, publicado na edição de março de 1930 de O
Testemunho Atual, Watchman Nee fez as seguintes observações sobre a
partida da irmã Barber: "Sentimo-nos muito tristes com a notícia do
falecimento da senhorita Barber no Pagode Lo-hsing, Fukien. Ela foi uma
pessoa muito profunda no Senhor e, na minha opinião, o tipo de comunhão
que tinha com o Senhor e o tipo de fidelidade ao Senhor que ela expressava
são raramente encontrados nesta terra".
A irmã Barber sempre colocou W atchman N ee sob Leland W ang
(Wang Tsai), um de seus cooperadores. Leland era cinco anos mais velho
e estava sempre em desacordo com os conceitos de Watchman N ee. Isso
causava muito sofrimento para Watchman N ee. Quando apelava a Margaret
Barber para a solução de seus problemas, ela sempre o rebaixava, dizendo
que Leland era mais velho que ele. Em determinada ocasião foi marcado
um batismo. Quem deles iria batizar passou a ser um problema para
ambos. W atchman N ee levou a questão à senhorita Barber. Sua resposta
foi que Leland é quem deveria batizar. Quando ele perguntou por que, ela
respondeu: "Porque ele é mais velho que você". Dan-wu, outro irmão que
estava com eles, era mais velho que Leland W ang. W atchman pensou que
pudesse derrotar Leland Wang trazendo Dan-wu, e sugeriu à senhorita
Barber: ':Já que o irmão Wu é mais velho que o irmão Leland, deveria ser
ele quem vai batizar". Todavia, ela ainda respondeu que Leland é quem
iria batizar. Ela não lhe cedia nenhum terreno, a fim de que ele aprendesse
a lição de cruz e a não discutir, mas submeter-se.

SEU TESTEMUNHO PESSOAL DADO EM KULANGSU,


FUKIEN, EM 18 DE OUTUBRO DE 1936
. .. .. .. .. . . . . . . . . . . .. .. . . . . . .

Em 1923, sete de nós trabalhan1os juntos como cooperadores.


Dois de nós tomamos a liderança: un1 cooperador que era cinco
anos mais velho e eu. Tínhan1os uma reunião de cooperadores
2.J,
Biografia de Watchman Nee

toda.s a.s sextas-feiras, nas quais os outros cinco eram sempre


forçados a ouvir a discussão entre os dois líderes.

, , , , 1 1 , 1 1 , , 1 1 1 , t 1 t t 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 • 1 r t 1

Érainos então todos 1·ovens e cada um tinha seu modo de


' ' '
pensai·. Eu sempre acusava o cooperador mais velho de estar errado
e vice-versa. Como o meu temperamento não fora tratado, eu
sempre perdia a paciência. Hoje, em 1936, às vezes dou risadas, mas
naquela época rai-ainente ria. Admito que, em nossas controvérsias,
eu muitas vezes estava errado, mas às vezes ele também estava
errado. Era-me fácil perdoai- meus erros, mas não era fácil perdoai-
os dos outros. Após ter uma discussão na sexta-feira, ia à irmã Bai-ber
no sábado e acusava o outro cooperador. Dizia:

1 1 1 1 1 1 1 1 1 f 1 1 1 1 1 1 1 1 1 f 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

"Eu disse àquele cooperador que ele deveria agir de certa


maneira, mas ele não me quis ouvir. Será que você pode falar com
ele?". A irmã Barber respondia: "Ele é cinco anos mais velho que
você; você deveria ouvi-lo e obedecer-lhe". Eu respondia: "Devo
ouvi-lo quer tenha razão, quer não?". Ela dizia: "Sim! A Bíblia diz
que o mais jovem deve obedece r ao mais velho". Replicava:
"Não posso fazer isso. Um cristão deve agir de acordo com a
razão". Ela respondia: "Se há ou não razão, você não deve
importar-se. A Bíblia diz que o mais jovem deve obedece r ao mais
velho". Eu ficava irado pela Bíblia dizer tal coisa e queria dar
vazão à minha indignação, mas não podia.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I I 1 1

Todas as vezes, depois da discussão da sexta-feira, eu ia até ela


fazer minhas queixas, mas ela, uma vez mais, citaria as Escrituras,
exigindo que eu obedecesse ao mais velho. Às vezes, sexta à noite
eu chorava depois da discussão de sexta à tarde. Então, ia até a
irmã Barber externar meus ressentimentos, esperando que ela
me fizesse justiça. Mas eu haveria de chorar de novo, após voltar
Edificado e Aperfeiçoado 25

pai·a casa no sábado à noite. Gostaria de ter nascido alguns anos


inais cedo. Nmna discussão, eu tinl1a argumentos muito bons.
Sentia que quando os expusesse ela veria quão errado estava o
n1eu cooperador e me apoiaria. Mas ela disse: "Se esse cooperador
está certo ou errado é outra coisa. Quando está acusando seu
innão diante de miln, será que você é como uma pessoa que está
tomando a cruz? Será que você é como um cordeiro?". Quando
ela me argüia de tal maneira, sentia-me muito envergonhado e
jamais poderei esquecê-lo. Minhas palavras e minha atitude
naquele dia revelavam que, sem dúvida, eu não era como alguém
carregando a cruz nem como um cordeiro.

I I I I I I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Sob tais circunstâncias aprendi a obedecer a um cooperador


mais velho. Naquele um ano e meio aprendi a lição mais
preciosa de minha vida. Minha cabeça estava cheia de idéias,
mas Deus queria ver-me entrar na realidade espiritual. Naquele
ano e meio vim a perceber o que é tomar a cruz. Hoje, em 1936,
temos uns cinqüenta cooperadores. Se não fosse a lição de
obediência que aprendi naquele ano e meio, temo que não
poderia trabalhar com mais ninguém. Deus colocou-me naquelas
circunstâncias para que aprendesse a estar sob a restrição do
Espírito Santo. Naqueles dezoito meses não tive nenhuma
oportunidade de realizar minhas sugestões. Pude apenas chorar
e sofrer dolorosamente. Mas, se não fosse por isso, jamais teria
percebido quão difícil era que eu fosse tratado. Deus queria
lapidar-me e remover todas as .minhas arestas agudas. Isso foi
algo difícil de ser realizado. Como louvo e agradeço a Deus,
cuja graça capacitou-me a passar por tudo isso!

I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 t 1 1

Agora, devo falar uma palavra para os jovens cooperadores.


Se vocês não puderem suportar as provações da cruz, não
poderão tornar-se instrumentos úteis. Deus se deleita apenas no
espírito de um cordeiro: a mansidão, a humildade e _a.paz. ~ua
26 Biografia de Watchma n Nee

ambiçã_gLp rop ósito elevado e habilidade, são todos inúteis aos


olhos de Deus. Estou n esse can1i11ho e muitas vezes devo confessar
111inhas falhas. Tudo o que 1ne pertenc e está nas mãos de Deus. A
questão não é estar certo ou e1Tado, mas se a pessoa é ou não
alg11é111 que to1na a cruz. Não há lugar na igreja para certo e
errado; tudo o que importa é tomar a cruz e aceitar seu
quebrantan1ento. Isso produz o transbordar da vida de Deus e
cumpre Sua vontade.
Capítulo Quatro

INSTRUÍDO E ILUMINADO

W atchman N ee não freqüentou nenhuma escola teológica ou instituto


bíblico. Quase tudo o que ele aprendeu a respeito de Cristo, sobre as coisas
do Espírito e sobre a história da igreja foi adquirido por intermédio do
estudo da Bíblia e da leitura de livros escritos por homens espirituais.

ESTUDO DA BÍBLIA

Desde o começo de sua vida cristã, W atchman N ee estudou


diligentemente a Bíblia. Os métodos que ele usou para estudar a Bíblia
foram os seguintes:

1) Um estudo geral de todos os livros da Bíblia, em seqüência,


para adquirir uma visão global;
2) Estudo de um livro particular, tal como Gênesis, Daniel,
Mateus, Romanos ou Apocalipse, para sondar as profundezas
contidas naquela parte da Palavra;
3) Estudo de assuntos particulares, tais como: a superior
aliança, as dispensações, a segunda vinda de Cristo, o
reino e o arrebatamento, para apreender a esfera completa
de certas verdades;
4) Estudo individual de palavras tais co1no: redenção, perdão,
justificação, reconciliação, salvação, justiça e santidade, para
aprender o significado básico de certas palavras cruciais;
5) Estudo de tipos, como o tabernáculo, o altar, a arca, o templo
e as ofertas, para ganhar um retrato claro de Cristo, da igreja
e das coisas espirituais;
28 Biografia de Watcbman Nee

6) Estudo de alegorias, con10 Sara e Agar (Gl 4:24), o poço de


Jacó (Jo 4-: 12-14-) e os rios de água viva {Jo 7:38), para perceber
o sig11ificado de tais assuntos espirituais;
7) Estudo de parábolas, cmno as sete parábolas em Mateus 13,
a parábola das dez virgens e a parábola dos talentos, para
entender as profundezas desses mistérios;
8) Estudo de números, como o número três, cinco, sete, oito e
doze, para entender seu significado na Bíblia;
9) Estudo de profecias, tais como: as profecias a respeito de
Israel, a respeito da igreja e a respeito dos gentios, para
entender a verdade na Bíblia referente às eras;
10) Estudo da vida de certos personagens bíblicos, como Abraão,
Davi, Daniel, Pedro e Paulo, para aprender a partir do
exemplo da vida deles registrado nas Escrituras;
11) Estudo da história, tal como a história de Israel e a da igreja,
para ver como Deus administra em Seu governo;
12) Estudo de salmos tais como os do livro de Salmos, e de
cânticos em outros livros, para aprender a louvar e orar;
13) Estudo comparativo de uma porção da Bíblia com outra
similar ou não similar;
14) Estudo referindo-se ao texto original hebraico ou grego para
obter o significado preciso de determinada palavra ou frase;
15) Estudo usando os escritos de outras pessoas, para receber sua
ajuda, inspiração e ponto de vista equilibrado;
16) Estudo para adquirir conhecimento e receber luz da Bíblia.
Ele usava um exemplar especial da Bíblia para fazer anotações
e observações com essa finalidade. Ele instruía os outros a
estudar a Bíblia toda uma vez por ano, lendo diariamente três
capítulos do Antigo Testamento e um capítulo do Novo;
17) Estudo para vida, visando receber o pão diário para a vida
espiritual. Com tal finalidade, ele usava outra Bíblia, sem
nenhuma anotação ou observação, para que pudesse receber
nova luz para suprimento espiritual. Ele instruía os outros a
fazer o mesmo todas as manhãs, lendo alguns versículos e
Instruído e Iluminado 29

digerindo-os c0111pletamente, enquanto contatam o Senhor


con1 espírito de oração;
18) Estudo feito por leitura dinâmica, para estar familiarizado com
a Bíblia. Em torno dos vinte anos, ele lia o Novo Testamento
inteiro cada semana, por aproximadamente um ano;
19) Estudo mediante u111a leitura lenta para meditar em certas
porções da Palavra;
20) Estudo pela memorização de certos versículos ou passagens
cruciais a fim de armazenar a Palavra no coração para as
necessidades constantes e momentâneas.
Estudando a Bíblia de maneira tão variada, W atchman N ee tornou-se
muito familiarizado com a Palavra e iluminado quanto ao propósito de
Deus, Cristo, a igreja e as coisas relacionadas à salvação e à vida.

A LEITURA DE LIVROS ESPIRITUAIS


W atchman N ee não foi apenas um excelente estudioso da Bíblia, mas
também um leitor estudioso de livros espirituais. Ele foi maravilhosamente
agraciado com a capacidade de selecionar, compreender, discernir e
memorizar material adequado. Ele podia facilmente captar os assuntos de
um livro numa olhadela. Lendo publicações cristãs, ele não apenas foi
ajudado a receber luz e vida espirituais como também se tornou conhecedor
da história da igreja e do cristianismo no mundo ocidental. Por intermédio
de Margaret Barber, ele se familiarizou com os livros de D. M. Panton,
Robert Govett, G. H. Pember, Jessie Penn-Lewis, T. Austin-Sparks e
outros. Ele também colecionou os escritos dos mestres entre os Irmãos
Unidos, tais como John Nelson Darby, William Kelly e C. H. Mackintosh.
Além desses, ele também reuniu os escritos de muitos outros. No início de
seu ministério, ele gastava um terço da sua renda com necessidades
pessoais, um terço para ajudar os outros e o terço restante para comprar
livros. Ele fez um acordo com algumas lojas de livros usados em Londres
de que sempre que adquirissem um livro para o qual ele houvesse feito um
pedido, fosse-lhe enviado automatican1ente. Dessa n1aneira, ele reuniu
quase todos os escritos cristãos clássicos a partir do primeiro século em
diante. Ele adquiriu uma coleção de mais de três mil dos melhores livros
cristãos, que incluíam livros sobre a história da igTeja, biografias e
30 Biografia de Watchman Nee

autobiografias de cristãos proetninentes e as mensagens centrais e


con1entários de escritores espirituais. Aos vinte e três anos, seu quarto
estava quase totaln1ente cheio de livros. Havia livros no chão e uma
fileira de livros de cada lado de sua cama, deixando apenas um espaço
estreito no 1neio para deitar-se. Falava-se muito que ele estava enterrado
e1n livros. Tendo lido esses livros, juntamente com um estudo diligente
da Bíblia, ele não apenas adquiriu muito conhecimento com respeito ao
conteúdo da Bíblia, como também se tornou equilibrado em seus pontos
de vista. Por tal estudo, ele também foi ajudado a perceber mais verdades
do que todos os seus antecessores. Isso fortaleceu e enriqueceu
grandemente seu ministério para a restauração do Senhor. Ele tomou
todos os bons assuntos bíblicos dos escritos dos "pais da igreja",
passando pelos trabalhos de todos os escritores proeminentes de todos
os séculos até o presente e os reuniu em sua prática da vida cristã e da
vida da igreja.
W atchman N ee estudou os hinários de diversos grupos cristãos
juntamente com as canções e poesias de muitos autores. Ele se familiarizou
com dez mil hinos, cânticos e poemas. A partir desses escritos ele também
recebeu luz e ajuda espiritual.
A ajuda que ele recebeu da leitura de livros pode ser classificada da
seguinte maneira:

1) Recebeu ajuda sobre a certeza da salvação das obras de


George Cutting, um escritor dos Irmãos Unidos;
2) O Peregrino, de John Bunyan, e a biografia de Madame
Guyon, juntamente com a biografia de Hudson Taylor e as
obras de outros escritores místicos, ajudaram-no na questão
da vida;
3) Ele foi muito ajudado no que diz respeito a Cristo pelos
escritos de J. G. Bellet, Charles G. Trumbull, A. B. Simpson,
T. Austin-Sparks e outros;
4) O livro de Andrew Murray, O Espírito de Cristo (The Spirit of
Christ), foi-lhe uma grande ajuda no que se refere ao Espírito;
5) Os escritos de Jessie Penn-Lewis e da senhora Charles
McDonough ajudaram-no a entender as três partes do homem;
Instruído e Iluminado 31

6) Ele achou a autobiografia de George Müller iluminadora


quanto à questão da fé;
7) Quanto à questão de habitar em Cristo, ele recebeu luz dos
livros de Andrew Murray e da biografia de Hudson Taylor;
8) Recebeu ajuda quanto ao aspecto subjetivo da morte de Cristo
e quanto à luta espiritual dos livros de Jessie Penn-Lewis;
9) Os escritos de T. Austin-Spark s e outros foram especialment e
úteis sobre as verdades da ressurreição de Cristo e sobre
Seu Corpo;
10) Quanto ao plano da redenção de Deus, o livro de Mary
McDonough, de mesmo título, foi uma grande ajuda;
11) Dos escritos dejohn Nelson Darby e de outros mestres dentre
os Irmãos Unidos, recebeu luz a respeito da igreja;
12) Os escritos de Robert Govett, D. M. Panton, G. H. Pember e
outros escritores entre os Irmãos Unidos foram úteis para
entender as profecias;
13) A compreensão de John Foxe, E. H. Broadbent e outros
foram especialmente úteis quanto à história da igreja;
14) W atchman N ee foi especialmente ajudado na interpretação
da Bíblia e em muitas outras verdades, em geral, pelos escritos
de Darby e dos Irmãos Unidos.
Capítulo Cinco

INCUMBIDO E COMISSIONADO

O estudo da Bíblia e a leitura de muitos livros espirituais por


Watchman N ee iluminaram-no grandemente quanto à economia de Deus.
Foi de acordo com as revelações que recebeu do Senhor que lhe veio o
encargo de trabalhar para Ele. Esse encargo era, na verdade, o
comissionam ento do Senhor para ele a favor de Sua restauração nesta era.
Sua incumbência recaiu em várias categorias.

PARA PREGAR O EVANGELHO

O encargo inicial de Watchman Nee era pregar o evangelho. Pouco


depois de ser salvo, ele começou a amar. o Senhor e ganhou um forte
encargo de pregar o evangelho para os colegas de classe e compatriõtas.
Ele o fez a tempo e fora de tempo. Durante algum tempo, ele jejuava todos
os sábados para que pudesse ter poder para pregar o evangelho na reunião
de pregação do domingo de manhã. Por intermédio de sua pregação,
quase todos os seus colegas foram levados ao Senhor e ocorreu um
reavivamento em sua escola. Esse reavivamento , com a ajuda da pregação
de seus cooperadores , expandiu-se amplamente às pessoas da sua cidade
natal em 1923. Centenas foram salvas e tiveram sua vida mudada. Nesse
mesmo período, ele também escreveu várias mensagens de evangelização
para ser publicadas. Por esse empenho, ele não apenas levou muitos
pecadores ao Senhor e ajudou a igreja e1n Fuchow a crescer, como
também lançou um sólido fundamento e um bom exemplo de pregação do
evangelho para nós. Com o passar dos anos, aonde quer que a restauração
do Senhor fasse, a pregação do evangelho era enfatizada e praticada. É por
isso que centenas de incrédulos entre os chineses foram levados ao Senhor
para a expansão do Seu reino.
:u Biografia de Watch man Nee

PARA EDIFICAR OSJO VEN S CRENTES


Acon 1panh ando a prega ção do evang elho, Watc hman N ee tinha o
encar go de ajuda r os joven s crent es nas cinco áreas seguintes: 1) em seu
andar cristão, 2) no cresc ünent o de vida, 3) em conh ecer a Bíblia, 4) em
conhe cer os erros do denom inacio nalism o, e .5) em conh ecer a igreja. Ele
os instruía e1n como fazer uma confissão cabal de seus pecad os a Deus ,
co1no se reconciliar com os outros, como fazer uma limpe za comp leta do
passa do, como vence r o pecad o, como aband onar o mund o, como
consagrar-se ao Senho r, como estud ar a Bíblia, como orar, como condu zir
os outros para o Senho r, como reunir-se e ter comu nhão com os santos,
como busca r a vonta de do Senho r, como seguir a unção interi or, como
viver pela fé, como renun ciar às seitas e como mant er a unida de do Corp o .
Para realizar esse propósito, ele dedic ou seu temp o duran te dois anos para
publi car uma revista mensal cham ada O Cristão que teve grand e circul ação.
Eram impressas milhares de cópias de cada núme ro, e cente nas de joven s
seguidores do Senho r foram grand emen te edificados por essas mens agens .

PARA ENSINAR AS VER DAD ES


W atchman N ee també m recebeu o encargo de ajudar os crentes a ter um
entendimento correto das coisas espirituais, no que se refere ao interesse do
Senhor, e a ensinar-lhes as verdades da Bíblia. No come ço de seu ministério,
ele manteve um estudo bíblico sobre o livro de Apocalipse. A seguir, realizou
um estudo completo com a igreja em Xangai sobre o Evangelho de Mateus,
tratando do arrebatamento e a tribulação, como se reunir e vários outros
assuntos. Por conhecer minuciosamente a Bíblia, ele desejava expô-la livro
após livro, mas o Senhor anulou seu intento. Ele percebeu, então , que o Senh or
o estava incumbindo e comissionando com respeito a duas coisas: dar um
testemunho específico do Senhor e estabelecer igrejas locais 1•

1
0 termo "igreja local" não desig11a um gTupo cristão ou denom inação , mas
sua nature za
como a expressão, em uma cidade, da igTeja que reúne todos os cristãos de todos
os tempo s
e lugares. De acordo com o claro ensina mento da Bíblia, a expres são
igreja local é
design ada apenas pelo nome da cidade em que ela está. Assim_, temos a igreja
emj erusalé m
(At 8:1), a igreja em Corint o (1 Co 1:2) e as sete igrejas da Asia, identificadas,
cada uma
delas, pelo nom e de uma cidade (Ap 1: 11, 12). Portan to, neste livro o termo
igreja (s) local
(is) refere-se aos cristãos que se reúnem simple smente como a igreja naquel
a cidade,
dando , deste modo, testem unho da unidad e do povo de Deus. Watch man
Nee estudo u
esse assunto detalh adame nte no livro Palestras Adicionais sobre a Vida
da Igreja,
public ado por esta Editora, cuja leitura recom endamos. (N.T.)
·
In cumbido e C omissionado 35

PARA LEVAR UM TESTEMUNHO


ESPECÍFICO DO SENHOR
Prin1eiran1ente, ele aprendeu a conhecer o Senhor de maneira profunda,
experimentando Sua morte e ressurreição todo-inclusivas. Por causa de
sua própria experiência nessa linha, ele foi especialmente incumbido e
comissionado pelo Senhor para dar testemunho dessa verdade. Para o
desempenho desse encargo, liberou mensagens faladas e também editou
uma revista chamada O Testemunho Atual, na qual publicou mensagens
sobre o aspecto subjetivo da crucificação e ressurreição do Senhor, sobre
os princípios da vida, sobre a supremacia de Cristo e sobre o propósito
eterno de Deus. Ele também realizou conferências e reuniões especiais
para liberar mensagens sobre esses temas mais profundos. Em seus
editoriais (capítulo 25 deste livro) ele tornou isso muito claro.

PARA ESTABELECER IGREJAS LOCAIS


Em segundo lugar, o encargo máximo de W atchman N ee era
estabelecer e edificar igrejas na base correta da unidade para a satisfação
do desejo de Deus. Este foi seu comissionamento final e máximo da parte
do Senhor, baseado no que Dele vira e experimentara. Sua visão era de que
a pregação do evangelho, a edificação dos crentes, o ensino da verdade
bíblica e a conduta de um testemunho específico do Senhor deveriam ser
de acordo com a economia de Deus para o estabelecimento e edificação
de igrejas na base correta da unidade. Essas coisas não são o alvo de Deus,
são apenas procedimentos para levar a cabo o objetivo de Deus, que é o
estabelecimento e edificação de igrejas na base correta da unidade. Deus
deseja ter igrejas de acordo com Sua economia do Novo Testamento. Esse
é Seu propósito eterno. Isso está revelado clara e enfaticamente no Novo
Testamento, e é o ponto central da sua revelação. Watchman Nee, assim
como o apóstolo Paulo, foi plenamente incumbido e comissionado çom
essa revelação. Ele era muito bem-vindo por todos os cristãos no que se
refere à pregação do evangelho, à edificação dos crentes, ao ensino das
verdades bíblicas e ao dar o testemunho específico do Senhor. Entretanto,
ele era rejeitado pela maioria dos cristãos quanto ao estabelecimento e
edificação de igrejas locais. Alguns líderes e mestres cristãos não apenas
se opunham a ele como até mes1no o condenavam nesse aspecto. Mesmo
36 Biografia de Watchman Nee

hoje, alguns dos que ad111iravan1 Watchman N ee dizem em seus escritos


que ele estava errado en1 sua visão da igreja. Hoje, por todo o mundo,
quase todas as livrarias cristãs têm seus livros, mas pouquíssimas têm seus
livros a respeito da igTeja. Isso ocorre devido à ignorância prevalecente no
mundo cristão quanto à importância da igreja na economia de Deus.
W atch1nan N ee sofreu bastante por causa de sua fidelidade à comissão do
Senhor no tocante à igreja. Ele teve definitivamente uma visão e recebeu
un1 comissionamento a esse respeito. Porque a visão era muito clara e o
comissionamento muito real, ele não se importou de ser rejeitado,
condenado e de sofrer oposição. Ele previa essa reação e estava decidido
a pagar o preço por causa do comissionamento que recebera do Senhor.
Sua fidelidade a esse comissionamento custou-lhe a vida .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

SEU TESTEMUNHO PESSOAL, DADO EM KULANGSU,


FUKIEN EM 20 DE OUTUBRO DE 1936
• • • • • • ■ • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

No período entre 1921 e 1923, realizaram-se reuniões de


reavivamento para levar as pessoas ao Senhor. Naquele tempo
acreditava-se que a pregação do evangelho era a única obra para
Deus. Mas Deus abriu-me os olhos para ver que Seu propósito
exige que aqueles que foram salvos pela graça posicionem-se na
base da unidade, em igrejas locais, para representar e guardar o
testemunho de Deus na terra. Alguns de meus cooperadores
tinham pontos de vista diferentes quanto à verdade sobre a igreja.
Mas quando estudei cuidadosamente o livro de Atos, percebi que
o desejo de Deus é estabelecer igrejas, uma em cada cidade.
Naquele momento, a luz brilhou tão claramente sobre n1im que
reconheci ser esse o Seu propósito.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Ao mesmo tempo em que recebi essa luz, surgiu un1 problema


com alguns cooperadores que mantinhan1 pontos de vista diferentes
a respeito de itens importantes da nossa obra. Isso resultou em
Incumbido e Comissiona do 37

atiito entre nós. Se11tía1110s que devíamos ser zelosos na obra de


reaviva111ento e pregação do evangelho, e que o fruto de tal obra
poderia ser facilinente visto. Minha visão, entretanto , era
estabelecer igTejas locais, con1 1nenos ênfase nos aspectos de
rea vivan1ento e pregação. Quando um cooperador mais velho
saía para realizar reuniões de evangelização, como era feito
freqüentemente, eu era, às vezes, tentado a realizar secretame nte
reuniões de evangelização reavivadas por conta própria. Todavia,
em vez de fazer isso, quando ele estava longe, eu imediatam ente
agj.a de acordo com a visão que eu recebera. Ao retornar, ele
desfazia tudo o que eu havia feito e agj.a de acordo com seu
conceito. Mas, quando ele se ausentava novament e, eu voltava à
minha maneira anterior. Conseqüe ntemente, oscilávamos para
frente e para trás, o tempo todo, a esse respeito. Uma vez que a
luz que cada um de nós recebera a respeito da obra era diferente,
nossa maneira de trabalhar era também diferente. Uma era a
maneira do reavivam ento e evangelismo, outra era a de estabelecer
igrejas locais. O que o Senhor me revelara estava extremam ente
claro: em pouco tempo Ele levantaria a igreja em várias cidades
da China. Sempre que fechava os olhos, surgj.a a visão do
nascimen to de igrejas locais...

1 1 I I I I I 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t I t

Quando o Senhor me chamou para servi-Lo, o objetivo


principal não foi realizar reuniões de reavivam ento, ajudar as
pessoas a ouvir mais doutrinas bíblicas ou tornar-me um grande
evangelista. O Senhor me revelou que Ele desejava edificar a
igreja em vários lugares para 1nanifestar-se e para ter o
testemun ho da unidade na base das igrejas locais. Dessa maneira,
cada santo é capaz de funcionar na Í!!,Teja e de viver a vida da
igreja. O SJlle D eLJ~ quer nfio s[i,Q indivíçluos tentando ser
yjtorioso s ou esp irituais; Ele q uer uma igrejL g-Joriosa,_
corp orativa, para apresenta r a Si mes1no.
Capítulo Seis

OBEDECENDO À BÍBLIA
E ABANDONANDO AS TRADIÇÕES

Um ano depois de salvo, W atchman N ee começou a obedecer à Bíblia


e a abandonar as tradições nas questões de batismo e partir do pão; ele
também deixou sua denominação. O texto a seguir é trecho de um relato
dado por ele em Xangai, no dia 4 de dezembro de 1932 e publicado no
número 33 de Notas Sobre Mensagens Bíblicas, em 1933.

QUESTIONAMENTO

Fui salvo na primavera de 1920. No primeiro ano, após minha


conversão, não tinha clareza sobre as verdades a respeito da igreja,
exceto que a irmã que me conduziu ao Senhor me havia dito que,
infelizmente, havia muitos cristãos nominais na igreja hoje. Também
sentia que o caráter dos pastores que conhecia era muito inferior, pois
normalmente ninguém os via a não ser quando vinham para pedir
ofertas. Antes de minhafamíliaserreavivada, freqüentemente tínhamos
muitosjogos de mah-jong1 em casa. Quando o pastor vinha para pedir
ofertas, nós, por conveniência, dávamos a ele dinheiro originário do
jogo de mah-jong. Embora soubesse muito bem de onde viera o
dinheiro, ainda o aceitava. A partir dessa observação, senti que o
caráter dos pastores era muito medíocre, pois i11na vez que
conseguissem dinheiro, tudo estava bem. Além disso, parecia que
muitos membros na igreja eram merarr1ente nominais.

1ogo chinês jogado, normalmente, por quatro pessoas, com 136 ou 144 peças que
lembram o dominó. (N. T.)
40 Biografia de Watchman Nee

BATISMO

Em 111arço de 1921, o Senhor mostrou-m e a verdade a


respeito do batisn10. Vi que o batismo por aspersão, conforme
praticado nas denominaç ões, não era bíblico. Enquanto estudava
a Bíblia naquelas semanas, descobri que quando o SenhorJesus
foi batizado no rio Jordão, Ele saiu da água. Nas denominaç ões,
entretanto , quando uma pessoa era batizada, era usada uma
pequena tigela para colocar a água. Como, então, poderia uma
pessoa sair da água? Quando jovem, fui batizado por um bispo da
Igreja Metodista. Ele aspergiu água fria em minha cabeça e
pressiono u-me para baixo com suas grandes mãos. Fiquei
impaciente e chorei, desejando que ele terminasse com aquilo
rapidamen te. Após ser aspergido, recebi um certificado de batismo
que trazia o meu nome e a assinatura do bispo. Considera va esse
certificado totalmente sem sentido. Se não tivesse crido no Senhor,
mesmo tendo aquele certificado, eu ainda ousaria fazer qualquer
coisa. Felizmente , mais tarde fui salvo e minha vida foi mudada.
Minha mãe providenci ara para que eu fosse aspergido antes que
cresse no Senhor. Aproximad amente um ano depois de salvo,
percebi que o batismo que recebera estava errado e que, de
acordo com a Bíblia, o batismo deveria ser por imersão.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Na manhã do dia 28 de março de 1921, minha mãe perguntou-


me: "Se eu fosse batizada por imersão, como você se sentiria?".
Respondi: "É exatamente o que estava esperando". Ela perguntou:
"Onde podemos ir para sennos batizados por imersão?". Respondi:
"Pesquisei sobre isso já faz algum tempo. Podemos ir a Mawei {que
fica a duas horas de Fuchow, indo de barco a vapor) e procw·ar a irmã
Barber. Quando Dora Yu veio a Fukien, ela foi batizada por imersão
onde se encontra a senhorita Barber". Sentin1os que em vez de
escolher uma data seria melhor fazê-lo naquele dia mesmo. Assim,
minha mãe e eu decidimos partir no mesmo dia. Chegando à casa da
senhorita Barber, falamos-lhe da nossa intenção e ela concordou
Obedecendo à. Bíblia. e Abru1donando as Tradições 41

ple11a111e11te. Assi111, 110 1nes1110 dia, fomos apressadamente à zona


niral de Y angchi e, ali, fo.1nos batizados por imersão.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ' ' 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 , ' ' 1 1 1 1

Qua11do fui batizado por i1nersão, experimentei uma grande


virada en1 n1inha vida. A primeira coisa que fiz foi contar ao meu
ainigo Leland Wang. Conheci-o no primeiro ano após minha
salvação num estudo bíblico em minha casa. Como a maioria dos
pai"ticipantes era pessoas idosas e eu, um jovem rapaz, não podia
encontrar alguém da minha idade para conversar. Duas ou três
semanas mais tarde, veio o irmão Wang. Como ele era de idade
próxima à minha, comecei a comunicar-me com ele. Assim, no dia
seguinte, após ser batizado por imersão, fui até ele e lhe disse: "Fui
a Yangchi ontem e ali fui batizado por imersão". Ele disse: "Muito
bom, muito bom. Inicialmente também fui batizado por aspersão
em Nanquim, mas mais tarde encontrei um irmão em Amoy que
me disse a verdade a respeito do batismo. Por causa dessa luz
adicional, fui batizado por imersão em Kulangsu ". Ficamos muito
contentes, porque ambos havíamos visto a mesma luz.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

A segunda coisa que fiz foi contar ao velho pastor que dava
nosso estudo bíblico. Em Fuchow, ele era a pessoa mais adiantada
em conhecimento bíblico. Desejava contar especialmente a ele,
porque ele nos ensinara que deveríamos fazer todas as coisas de
acordo com a Bíblia. Todavia, embora estivesse muito entusiasmado
quando lhe contei, sua atitude foi muito fria. Então, perguntei-lhe:

I I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 t I I I

"O batismo por imersão é bíblico ou não?". Ele respondeu:


"Sim, é bíblico, mas não seja tão legéúista ". Achei isso estranho.
Tendo nos ensinado a Bíblia por um ano, ele sempre dizia que, uma
vez que seja o ensinamento da Bíblia, esse deve ser seguido. Se 0
batismo por imersão é bíblico, por que ele disse: "Não seja tão
legalista"? Eu obedecera à verdade, todavia ele disse: "Não seja tão
../2 Biografia de Watchman Nee

legalista". Percebi, então, que e1n seu ensino havia comprometi.menta.


Se a esse respeito ele dizia para não ser tão legalista, seria pouco
provável que ousasse dizer que qualquer outra verdade a respeito da
isreja deveria. ser obedecida. A partir daí comecei a ter dúvidas
quanto às verdades da igreja que ele ensinava. Percebi, também, que
deveria pôr de lado a autoridade humana, e tomei a decisão de que,
a partir de então, estudaria cuidadosamente a Bíblia.

PARTIR O PÃO

Naquele mesmo ano {1921) busquei na Bíblia resposta para


várias questões. Disse a mim mesmo: "Há tantos cristãos
nominais na igreja atualmente, mas a Bíblia diz que apenas os
salvos estão na igreja. Há tantas denominações hoje, porém, na
Bíblia, não existe nenhuma Igreja Metodista, Presbiteriana ou
qualquer outra denominação. Então, por que é que sou um
membro da Igreja Metodista? Uma vez que a Palavra de Deus
não diz tal coisa, por que o faço?". O bispo metodista era
bastante amigo de nossa família. Ser um amigo pessoal do bispo
era uma coisa, mas o fato de as denominações não serem
bíblicas era outra. Vi que o sistema de pastores não era bíblico
e que as reuniões deveriam ser praticadas de acordo com os
princípios bíblicos. No princípio, a luz que tive a respeito desses
assuntos era pouca. Era como o cego em Marcos 8 que, embora
pudesse ver os homens, via-os como árvores, andando. Tinha
visto um pouco, mas ainda não vira claramente.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Numa tarde, no primeiro semestre de 1.922, fui muito


incomodado com a questão do partir do pão. Vira na Bíblia que os
crentes devem reunir-se freqüentemente para partir o pão en1
memória do Senhor. Por isso disse para n1im: "Por que na igreja,
hoje, o partir do pão oc01Te apenas quatro vezes ao ano?". Além
Obedecendo à Bíblia e A bandonando a.s Tradições 43

disso, entTe os que vê1n partir o pão, alguns são pessoas que vão
se111pre ao cine111a, alguns s;_io jogadores habituais de mahjong,
alguns até n1es1110 questjo11ava111 se o Senhorjesus poderia ou não
ser considerado u111 ho111e1n bom, e alguns, evidentemente, não
era.i11 ne1n 111esn10 filhos de Deus. Quando vi tais pessoas indo
receber a Santa Ceia, passei a considerar se eu deveria ou não fazê-
lo. Não! não poderia fazê-lo. Após minha salvação, até 1922, nunca
fui receber a chamada Santa Comunhão. Por muitos dias, pesquisei
na Bíblia a respeito do partir do pão. Será que um pastor deveria
presidi-lo? Seria verdade que apenas os que foram ordenados
poderiam parti-lo, enquanto os que não receberam ordenação não
poderiam fazê-lo? Gastei muito tempo estudando, mas nada achei
parecido com isso na Bíblia. O fato de um pastor dirigir o partir do
pão não estava na Bíblia. Nesse momento, fiquei muito incomodado.
Embora a Bíblia dissesse que devemos freqüentemente partir o
pão, e embora eu o desejasse, não tinha lugar para fazê-lo.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1

Numa quinta-feira à tarde, depois do estudo bíblico,


procurei meu amigo Leland Wang para uma conversa
informal. Compartilhei meu sentimento de que, de acordo
com a Bíblia, deveríamos partir o pão freqüentemente em
memória do Senhor, mas não o fizera nenhuma vez desde que
fora sálvo. Mencionei também que havia alguns nas
denominações que claramente não eram filhos de Deus e com
os quais não poderia partir o pão, e havia ainda o problema
de, segundo eles, ninguém poder partir o pão a não ser o
pastor. Disse-lhe: "Nem você nem eu somos pastores.
Portanto, mesn10 que reuníssemos todos os verdadeiros
crentes, seríamos considerados desqualificados para partir o
pão. Isso não é enigmático?". O irmão Wang pegou minhas
mãos e disse: "Deus me tem guiado ex atamente da mesma
maneira. Ontem à noite não pude dormir, mas permaneci
orando e pesquisando exatamente a este respeito, se os
incrédulos podem ou não partir o pão, e se é ou não necessário
./4 Biografia de Watchman Nee

que u111 pasto r dirija esse ato. Da 1ni11l1a oraçã o e pesqu isa
perce bi qu e e1n 11e11hu111 lugar diz que apena s pasto res
orden ados poden 1 partir o pão". Quan do ouvi isso, agrad eci
a.o Senho r, porqu e Ele nos estava .guian do no mesm o camin ho.
Un1a vez que vimos clara mente na Bíblia os princ ípios sobre
reunir -nos, disse: "Não há melho r dia para come çar do que
hoje ; va1nos começ ar a partir o pão no próxi mo domin go".

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I I I I S I I 1

Uma vez que estabelecêramos o mome nto para começar,


passamos a discutir o lugar. Nossa casa era maior, mas não havia dito
à minha mãe nosso sentimento a esse respeito, temen do que ela
pensasse que nós, jovens, estivéssemos rebelando-nos. Lelan d W ang
vivia numa casa emprestada por uma escola de menin as e breve mente
se mudaria; por isso senti.a que ali não seria muito conveniente. Eu
disse: "Não importa; vamos reunir-nos em sua casa". Após toman nos
aquela decisão, fiquei extrem ament e feliz na sexta-feira e no sábado,
na expectativa do dia feliz que se aproximava.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Quand o chegou a noite do domingo, inform ei minha mãe que


estava indo para a casa de Lelan d Wang. Ela pergu ntou: "Para
quê?". Respondi: "Para fazer algo muito importante". Naquela
noite, nós três {Leland W ang, sua esposa e eu) reunim o-nos em sua
casinha parajuntos partirmos o pão e tomar mos do cálice. Enqua nto
viver, e mesm o até pela eternidade, lembr ar-me -ei daquela
experiência. Nunca estive tão próxim o dos céus co1no naquela
noite! Naquela noite os céus se aproximaram da terra! Nós três não
pudem os evitar o choro! Quand o jovem , após ser aspergjdo,
participei da Santa Ceia. Minha reação naquela vez foi: "O pão está
um pouco rançoso e o suco de uvas um pouco doce". Não entendia
nada a respeito do significado do partir do pão. Apena s notava que
o pão estava rançoso e que o suco estava doce. Mas quando nós três
partimos o pão naquela noite, na casa de Lelan d Wang; eu soube
que aquele era o assunto mais precioso para Deus. Nessa primei[a
Obedecendo à Bíblia e Abandonando as Tradições 45

ocasião aprende111os o que sig11ificava adorar e lembrar do Senhor.


Nada podíainos fazer a não ser adorá-Lo e agradecer-Lhe.

• 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 , 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 r I r • r

Após a primeira reunião, perguntamo-nos: E a próxima?


Algumas denominações praticavam o partir do pão cada três
meses; e quanto a nós? A Bíblia nos diz para lembrarmo-nos
sempre do Senhor. Lendo Atos 2, sentimos que naquele tempo o
partir do pão era, provavelmente, diário. Atos 20: 7 diz: "No
primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir
o pão". Isso é muito claro. Com base na Palavra, portanto,
decidimos partir o pão todos os domingos. A partir de então, exceto
quando estive doente, de viagem na estrada ou impedido por algum
acontecimento inesperado, sempre parti o pão todos os domingos.
Pouco depois, minha mãe descobriu o que estávamos fazendo . Ela
não desaprovou; apenas comentou que éramos muito ousados.
Vários meses depois, ela também se uniu a nós para partir o pão.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Gradualmente, o caminho no qual o Senhor nos estava


guiando começou a apresentar seus efeitos externos. Falava-se
que vários membros da família Nee foram batizados por imersão.
O superintendente distrital da Igreja Metodista veio questionar-
nos a esse respeito. Eu disse: "A única questão é se o batismo por
imersão é bíblico ou não. Se não for bíblico, quero colocar-me
diante da congregação e confessar meu erro. Se é bíblico, então,
devo obedecer". Ele apenas disse: "Sim, é bíblico, n1as você não
deveria ser tão legalista". Se não havia necessidade de ser legalista
em um assunto, então não haveria necessidade de ser legalista em
nenhum outro. Fiquei surpreso ao descobrir que os 111etodistas,
que originalmente eram nossos bons amigos, agora, por causa do
batismo por imersão, tornaram-se muito frios conosco. A partir
daquele dia percebi o que significa obedecer ao Senhor e que há
um preço para isso. Percebi também que normalmente as pessoas
não consideram o batismo como algo importante; entretanto,
46 Biografia de Watchman Nee

depois que a pessoa é batizada de maneira diferente da deles, eles


passam a considerá-lo importante.

DEIXANDO A DENOMINAÇÃO

No segundo semestre de 1922 desvendei outra questão na


Bfblia: a questão das denominações. Será que a Bfblia diz que devo
ser membro da Igreja Metodista? Em 1 Coríntios 1, Paulo exortou
os crentes coríntios a não ser causadores de divisão dizendo: "Eu
sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. "Con1ecei
a considerar: Será que Wesley foi n1aior que Paulo? Se Paulo
repreendeu os crentes co1intios por dizerem: "Eu sou de Cristo",
então você dizer que é da Igreja Presbiteriana., enquanto eu sou da
Igreja Metodista e ele é da Igreja Batista certamente não é bíblico.

1 t 1 1 1 1 1 1 1 t t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 f 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Nessa época, eu estava numa escola da missão. A escola


enviou-me como representante para um retiro de primavera e
havia a exigência no formulário de inscrição de que eu declarasse
a qual denominação pertencia. Escrevi: "Sou cristão e pertenço
diretamente a Cristo ". Eles disseram: "Entretanto, você ainda é
membro de uma denominação". Respondi: "Não, sou simplesmente
cristão. A Bíblia não diz que eu devo ser membro de qualquer
denon1inação". Naquele momento estava decidido a não confessar
con1 a boca que pertencia à Igreja Metodista. Sempre que me
perguntavam a esse respeito, respondia: "Sou cristão".

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 f I f 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Un1 dia, enquanto lia a Bíblia, ponderava a respeito desse


problema: Será que eu poderia simplesmente deixar a denominação?
Pouco depois, ouvi alguém dizer que determinada loja fora à
falência. O assunto da conversa foi mais ou menos assim: Sempre
que várias pessoas entram na sociedade de um determinado
negócio, quer elas estejam ou não pessoalmente envolvidas, uma
Obedecendo à Bíblia e Abandonando as Tradições 47

vez que o negocio vá à falência, ninguém pode escapar das


conseqüências; todas con1parlilhain a responsabilidade da falência.
A partir dessa conversa, percebi que, como membro da Igreja
Metodista, estava 11u111a espécie de sociedade. Embora, na verdade,
não fizesse parte do siste1na da Igreja Metodista, nominalmente não
poderia escapar das conseqüências. Se quisesse seguir o Senhor,
deveria não apenas evitar de ser um membro da Igreja Metodista
nas realizações, como também deveria ter meu nome removido da
Igreja Metodista. Tendo clareza a esse respeito, achei necessário
discutir o assunto com minha mãe, uma vez que fora ela quem,
originalmente, colocara meu nome ali. Minha mãe não aprovou de
imediato minha intenção, pois temia que os missionários ocidentais,
que eram considerados nossos bons amigos, ficassem ofendidos.
Meu sentimento era que não deveríamos temer ofender as pessoas;
em vez disso, deveríamos temer que Aquele que é maior que os
homens fosse ofendido por nós.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 l 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Um dia, fui de barco para Mawei para ver Margaret Barber.


Perguntei-lhe o que achava de meu nome estar escrito no livro da
vida da Igreja Metodista {era assim que eles chamavam o registro da
igreja). Ela respondeu: "Temo que, entre os nomes que estão naquele
livro da vida, muitos estejam mortos e não poucos estejam perecendo".
Eu disse: "Será que deveria ter meu nome num livro da vida na
terra?". Ela respondeu: "Se o seu nome está registrado no livro da
vida no céu, que benefício lhe traria um livro da vida terreno? E se
seu nome não está registrado no livro da vida celestial, que lhe
aproveitará esse livro da vida terreno?". Falei com n1inha mãe,
persistentemente, por dois meses a esse respeito, n1as ela ainda não
concordava. Um dia, quando toda a minha fan1ília estava no jardim,
aproveitei a oportunidade para !à.lar a meus pais. Disse: "Será bíblico
· - ;>". E1es respon deram:
deixar nosso nome na denominaçao. · "N.-ao ".
Novamente, eu disse: "É nossa obiigação obedecer à Bíblia?".
"Sim", eles responderam. Então, prossegui dizendo: "Por que,
então adiamos e não obedecemos à Bíblia?". Eles responderam:
' bem. Faça-o, faça-o".
"Muito Imediatamente, rascunhei uma carta e
48 Biografia de Watchman Nee

111eu pai a escreveu _pessoal1nente. A segui1; cada um de nós assinou-


ª e re111eti-a pelo co1Teio co1110 carta registrada. Essencialmente, a
caTta dizia o seguinte: "Vin1os que as divisões não são bíblicas e que
o de1101ninacionalis1no é pecaminoso. Portanto, a partir de hoje,
re111ovan1 por favor nossos n01nes do seu livro da vida. Não
'
faze111os isso por causa'
de qualquer animosidade pessoal, mas
sin1plesmente porque desejamos obedecer ao ensinamento da Biblia.
Nossa decisão é final e não será necessário voltar ao assunto. Ainda
nos consideramos seus amigos. Não há nenhuma outra razão para
a nossa atitude além do nosso desejo de obedecer à Bíblia".

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I I

Quatro dias depois de nossa carta ter sido remetida, vários


missionários ocidentais vieram à nossa casa. Eles disseram:
"Apenas ouvimos falar de uma igreja excomun gar seus membro s
e nunca de um membro excomungar-se de uma igreja. Qual é a
razão de sua atitude?". Respond emos: 'Já explicam os nosso
motivo e não é necessário discuti-lo mais". No dia seguinte, eles
pediram ao diretor de determinada escola que viesse falar conosco.
Dissemo s: "Não temos nada para falar. Ainda somos seus amigos,
mas queremo s que nossos nomes sejam tirados do registro".
Mais tarde, nosso pastor, o superint endente distrital e o bispo
vieram juntos pergunta r se tomáram os essa atitude por causa do
batismo por imersão. Disseram que não haveria problem a se os
membro s da Igreja Metodis ta desejassem ser batizado s por
imersão. Respond emos: "O Senhor nos levou a fazer o que
fizemos. Vocês sentem que não é necessário ser legalista, mas nós
sentimos que devemos obedece r ao Senhor a qualque r custo".

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

A questão não é discutir com os outros a respeito de batisn10


por imersão ou a respeito de deixar as denon1inações; a única
questão é se os homens estão ou não dispostos a obedece r à Bíblia.
Ser batizado por imersão e deixar as denomin ações não são
grandes coisas; são apenas dois itens entre os n1ilhares que exigem
nossa obediência. A coisa principal na Bíblia é a obediência.
Capítulo Sete

APRENDENDO A LEVARAS PESSOAS AO SENHOR


TESTEMUN HO PESSOAL DE WATCHMAN NEE
DADO EM KULANGSU, FUKIEN,
EM 18 DE OUTUBRO DE 1936
....................... . ...... . .

Depois de salvo, passei a amar espontaneamente a alma dos


pecadores e a desejar que fossem salvos. Para isso, comecei a
pregar o evangelho e dar testemunho entre os colegas de escola.
Entretanto, depois de aproximadamente um ano de trabalho,
nenhum deles fora salvo. Pensava que quanto mais palavras
pudesse falar e quanto mais motivos pudesse apresentar, mais
eflcaz seria em salvar as pessoas. Mas, embora tivesse muito para
falar a respeito do Senhor, minhas palavras eram carentes de poder
E.ara convencer os ouvintes.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Oração para a Salvação dos Outros


..............................

Nesse período, encontrei uma missionária ocidental, senhorita


Graves {cooperadora de Margaret Barbe1j, que n1e pergl1ntou
quantas pessoas eu havia levado ao Senhor no prin1eiro ano após
minha salvação. Curvei a cabeça para evitar 1nais questionamento
e, envergonhado, ad1niti e1n voz baixa que, embora tivesse
pregado o evangelho aos n1eus colegas de escola, eles não
queriam ouvir, e quando ouvian1 não queriam crer. Minha atitude
era: já que não faziam caso do evangelho, eles teriam de sofrer as
Biografia de Watchman Nee
50

conseqüências. Ela falou francamente comigo: "Você é incapaz


de levar as pessoas ao Senhor porque existe algo entre Deus e
você. Podem ser alguns pecados ocultos, ainda não completamente
tratados ou alguma dívida que tem com alguém". Admiti que tais
coisas existiam e ela perguntou-me se estava disposto a resolvê-
las imediatamente. Respondi que sim.

1 f 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Ela também me perguntou como eu dava testemunho.


Respondi-lhe que tomava as pessoas aleatoriamente e começava
a falar, não me importando se elas estivessem ouvindo ou não. Ela
disse: "Isso não está correto ..Você primeiramente deve falar com
Deus antes de falar com as pessoas. Deve orar a Deus, fazer uma
lista com os nomes dos colegas de escola e perguntar a Deus por
quais deles deve orar. Ore por eles diariamente, mencionando -os
nominalmen te. Então, quando Deus proporciona r-lhe a
oportunidade, você deve dar-lhes testemunho".

1 1 1 1 1 1 1 1 , 1 t 1 1 , 1 • r • t t 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 r 1 1 1 1 1 1 1 1

Após tal conversa, comecei imediatamente a tratar os meus


pecados fazendo restituição: pagando dívidas, reconciliando-me
com colegas e confessando minhas ofensas aos outros. Registrei
também no meu caderno os nomes de uns setenta colegas e
comecei a orar por eles diariamente, mencionando os nomes
individualmente diante de Deus. Às vezes orava por eles de hora
em hora, orando silenciosamente, até mesmo na aula. Quando
surgia a oportunidade dava-lhes testemunho e tentava persuadi-los
a crer no Senhor jesus. Meus colegas sempre diziam, em tom de
brincadeira: "O senhor pregador está chegando. V amos ouvir sua
pregação". O fato é que eles não tinham a menor intenção de ouvir.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t I t 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Chamei a senhorita Graves novamente e lhe disse: "Executei


cabalmente suas instruções. Por que não houve eficácia?". Ela
Aprenden do a Levar as Pessoas ao Senhor 51

respond eu: "Não se sinta Frustrado. Continu e orando até que alguns
seja111 salvos". Pela sraça do Senl101~ continuei a orar diariamente.
Quando su1:gia a oportunidade, dava testemun ho e pregava o
evangell10. Graças ao Senhor, vários meses depois, com exceção
de uma, todas as setenta pessoas, cujos nomes estavam no meu
caderno , foram salvas.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . . . .

Ser Enchido do Espírito Santo


................. . .... . ....... . .... .

Embora alguns tivessem sido salvos, eu ainda não estava


satisfeito, porque muitos na escola e na cidade ainda não tinham
sido salvos. Sentia a necessidade de ser enchido do Espírito Santo
e de receber poder do alto para que pudesse ser capaz de levar mais
pessoas ao Senhor. Então chamei a senhorita Margaret Barber.
Sendo imaturo em assuntos espirituais, pergunt ei-lhe se era
necessário ser enchido do Espírito Santo a fi.m de obter poder para
levar muitos à salvação. Ela respondeu: "Sim". Perguntei-lhe como
ser enchido do Espírito Santo. Ela disse: "Você deve apresentar-se
a Deus a fi.m de que Ele possa enchê-lo Consigo mesmo" . Respond i
que já me havia apresentado. Mas quando refleti, dei-me conta de
que ainda estava no meu velho ego. Sabia que Deus me salvara,
escolhera e chamara. Embora ainda não tivesse obtido vitória
completa, fora libertado de pecados e maus hábitos, e muitos
assuntos que até então me enredavam foram abandonados. Todavia,
ainda sentia falta de poder espiritual que estivesse à altura da obra
espiritual. Então, ela me contou a seguinte história:

I I I I I t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1

O irmão Prigin era mn a1nericano que estivera na China. Ele


tinha um diploma de n1estrado e estava estudando para obter um
doutorado {Ph.D.). Achand o insatisfatória a condição de sua vida
espiritual, ele buscou o Senhor e orou. Ele disse a Deus: "Tenho
uma incredulidade muito forte; não consigo vencer alguns pecados
52 Biografia de Watchman Nee

e não tenho poder para trabal11ar". Por duas semanas ele pediu a
Deus especifica111ente para enchê-lo do Espírito Santo para que
pudesse viver uma vida vitoriosa com poder. Deus disse: "Você
rea.ln1en te quer isso? Se o quiser, não faça seu exame de doutorado
daqui a dois 111eses, pois não tenho necessidade de nenhum
Ph.D. ". Ele sentiu que estava num dilema. O diploma de Ph.D.
parecia garantido; seria uma pena não fazer o exame. Ele ajoelhou-
se para orar e perguntar por que Deus não lhe permitia obter o
diploma e ta1nbém ser um ministro. Mas eis aqui algo singular:
Uma vez que Deus faz uma exigência, Ele se agarra firmemente
a ela e nunca faz acordos com ninguém.

1 1 , 1 1 1 1 1 1 , , 1 1 , 1 1 1 1 r
1 1 1 1 1 1 1 1 1 • • r r r 1 • •

Os dois meses seguintes foram muito dolorosos. No último


sábado daquele período, ele experimentou um verdadeiro conflito
interior. Ele queria o diploma ou queria ser enchido do Espírito
Santo? Que era melhor: um diploma de doutor ou uma vida
vitoriosa? Outros podiam ser doutores e também ser usados por
Deus, e por que não ele? Ele estava pelejando e discutindo com
Deus e esgotando sua capacidade mental. O grau de doutor era-
lhe precioso como também o encher do Espírito Santo. Mas Deus
não cedia. Escolher o diploma de doutor tornaria impossível
viver a vida espiritual. Viver a vida espiritual exigiria ser privado
do diploma de doutor. Finalmente, com lágrimas nos olhos, ele
disse: "Eu me submeto. Apesar de meus dois anos de estudos para
conseguir um diploma de doutorado, uma esperança que alimentei
por trinta anos, desde minha infância, não tenho alternativa a não
ser desistir do exame por causa da submissão a Deus". Após essa
decisão, ele escreveu às autoridades universitárias para informar
que não faria o exame na segunda-feira, renunciando a esperança
de um diplon1a de doutor de un1a vez por todas. Ele ficou tão
esgotado naquela noite que não conseguia encontrar uma
mensagem para liberar no dia seg11inte. Assim, simplesmente
contou a história de sua rendição ao Senhor. Naquele dia, a
congregação foi reavivada. Três quartos da congregação chegou
Aprendendo a Levar as Pessoas ao Senhor 53

às lágrimas. Ele próprio foi fortalecido. Disse: "Se soubesse antes


que o resultado seria esse, eu teria 1ne submetido mais cedo". Sua
obra subseqüente foi grandemente abençoada pelo Senhor, e ele
foi alguém que teve o conhecimento mais profundo de Deus.

I I t I I I I I I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I I

Quando visitei a Inglaterra, segui até os Estados Unidos para


encontrar-me com ele, mas o Senhor o levou antes que eu tivesse
a oportunidade. Mas quando ouvi esse testemunho, disse ao
Senhor: "Quero remover tudo o que esteja entre mim e Ti para
que seja enchido do Espírito Santo". Entre 1920 e 1921 dirigi-me
a pelo menos duzentas a trezentas pessoas para confessar minhas
transgressões. Depois de outro exame rígido de acontecimentos
passados, senti que ainda havia algo entre mim e Deus; caso
contrário, eu teria vigor espiritual. Mas apesar de variados
procedimentos posteriores, ainda não pude ser fortalecido .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Tratado por Deus


• • • • • • • • • • • • • • • • • ■ • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Um dia, enquanto buscava um tema na Bíblia antes de liberar


uma mensagem, abri-a ao acaso e o Salmo 73:25 surgiu diante de
meus olhos: "A quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não
há quem eu deseje além de ti" {VRC). Após ler essas palavras,
disse a mim mesmo: "O escritor desse salmo pode dizer isso, mas
eu não". Descobri, então, que havia algo entre mim e Deus.

1 1 1 1 I I I I I I I I f I t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I

Como minha esposa não se encontra aqui hoje, contarei a


história para vocês. Aproximadamente dez anos antes do nosso
casamento, estava apaixonado por ela. Ela ainda não era salva e
quando lhe falei do SenhorJesus e tentei persuadi-la a crer, ela riu de
mim. Devo admitir que a amava, mas ao mesmo tempo sofri por ela
ter zombado do Senhor em quem eu cria. Naquela época questionei
54 Biografia de Watchman Nee

também se ela ou o Senhor telia o primeiro lugar no meu coração.


Devo dizer que quando os jovens se apaixonam, eles acham muito
difícil renunciar a quem amam. Disse a Deus sobre minha disposição
de renunciar a ela, mas profundamente em meu coração não queria.
Após ler novamente o Salmo 73, disse a Deus: "Não posso dizer que
não há na terra quem eu deseje além de Ti, porque há alguém na terra
a quem amo". Naquele instante, o Espírito Santo indicou claramente
que havia algo entre mim e Deus.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 f 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Naquele dia liberei uma mensagem, mas não sabia o que


estava falando. Eu, na verdade, estava falando com Deus,
pedindo-Lhe que fosse paciente e me concedesse força até que
pudesse desistir dela. Pedi a Deus para adiar o tratamento
desse assunto. Mas Deus nunca discute com as pessoas. Pensei
em ir para a fronteira desolada do Tibete para evangelizar e
sugeri a Deus muitas outras empreitadas, esperando que Ele
fosse movido a não levantar novamente a questão de eu
renunciar àquela a quem amava. Mas uma vez que o dedo de
Deus apontou algo, Ele não o recolherá. Não importando quão
fervorosamente orasse, eu não lograva êxito. Não tinha
entusiasmo pelos estudos e, ao mesmo tempo, não conseguia
obter o poder do Espírito Santo que tão sinceramente buscava.
Encontrava-me em grande aflição. Orava constantemente,
esperando que minha súplica fervorosa fizesse com que Deus
mudasse de idéia. Graças ao Senhor que o tempo todo Ele
queria que eu aprendesse a negar o ego, a deixar de lado o
amor humano e a amá-Lo com um coração singelo. De outra
maneira, seria um cristão inútil em Suas mãos. Ele cortou
minha vida natural com uma faca afiada para que eu pudesse
aprender uma lição que jamais houvera aprendido.

1 f 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 I I

Certa ocasião, liberei uma mensagem e voltei para o meu


quarto com peso no coração. Disse a Deus que voltaria para a
Aprendendo a. Leva.r as Pessoas ao Senhor 55

escola na próxi111a segunda-feira e buscaria o encher do Espírito


Santo e o a.inor de Cristo. Nas duas semanas seguintes, senti que
ainda não podia procla111ar co1n convicção as palavras do Salmo
73:25. Afas, ,graças a.o Senhor, pouco depois fui enchido com Seu
a.111or e 111e dispus a renunciar à minha. a.ma.da. e a declarar em alta
voz: "Abandoná-la -ei! Ela nunca será minha!", Após essa
declaração, finalmente fui capaz de proferir as palavras do Salmo
73:25. Naquele dia estava no segundo céu, senão, no terceiro. O
mundo me pareceu menor; era como se estivesse cavalgando
sobre as nuvens e flutuando na névoa. Na noite da minha
salvação, o fardo dos meus pecados se foi, mas naquele dia, 13 de
fevereiro de 1922, quando renunciei à minha amada, meu coração
esvaziou-se de tudo o que anteriormente me ocupava.

1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Àquela época o irmão Nee escreveu o seguinte hino:

..............................

Quão grande, vasto amor


Meu Cristo tem por mim!
Oh! como pode alguém tão vil
Ser tão bendito assim?

Meu Cristo se exauriu


A fim de me remir;
Alegre tomo a cruz e vou
Até o fim seguir.

Meu tudo deixo aqui,


A fim de O ganhar;
Viver, morrer, não vogam mais,
Que me irá barrar?

Bens, fama, ambição,


Que vão me oferecer?
56 Biografia de Watchman Nee

Por 1nim, foi pobre 1neu Senho r;


Por Ele assün vou ser.

Só Cristo amo aqui,


E quero agrada r;
Sem Ele, o ganho perda é,
E não há bem-estar.

O meu consolo és,


No céu só tenho a Ti;
Com quem na terra quero estar
Senão só junto a Ti?

Em provas, solidão,
Supero toda a dor;
Senhor, é minha petição:
Me envolve em Teu amor.

Amad o, rogo a Ti:


Meus passos vem guiar;
Sustém-me para prosseguir
Por esta era má.

O mundo , a carne, o mal


Minh' alma vêm tentar;
E posso, sem o Teu poder,
Teu nome desonrar.

O tempo urge; vem


Da terra me livrar;
Ao vires, mui feliz irei
Pra sempr e Te louvar. 1

Hinos, hino 202, publicado por esta Editora. (N. T.)


1
Aprendendo a Levar as Pessoas ao Senhor 57

Na semana seguinte, as pessoas começaram a ser salvas. O


irmão Weigh, que era meu colega de classe, pode testificar o fato
de que, até aquela época eu tinha sido muito peculiar quanto às
minhas vestes. Costumava usar uma lona-a b
veste de seda com
pintas vermelhas. Mas naquele dia, tirei minhas vestes e sapatos
refinados. Fui para a cozinha, fiz uma cola e, com uma porção de
cartazes de evangelização nos braços, saí à rua para pregá-los nos
muros e para distribuir folhetos de evangelização. Essa foi uma
ação pioneira naqueles dias em Fuchow, Fukien.

I I I I I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t I t t t t I t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

A partir de meu segundo período escolar, em 1922, comecei


a obra de evangelização, e 1nuitos dos meus colegas foram
salvos. Eu orava diaria1nente por aqueles cujos nomes estavam
e111 1neu caderno. A partir de 1923, começamos a tomar
emprestado ou alugar locais para reuniões, a fim de expandir a
obra de evangelização. Centenas de pessoas eram salvas ao
mesmo tempo. Com exceção de um, todos aqueles cujos nomes
estavam em meu caderno foram salvos. Isso é prova evidente de
que D eus ouve tais orações. É Seu método que, primeiramente,
oremos pelos pecadores antes que estes possam ser salvos.
Naqueles poucos anos houve muitos acontecimentos para
confirmar tal fato.
Capítulo Oit o

VIV EN DO NA PR ES EN ÇA DE DE US

Apó s sua salv açã o, Wa tch man N ee com eço u a lev


ar pes soa s par a o
Sen hor e a apr end er a viv er em Sua pre sen ça.
Ele des cob riu que
qua lqu er cois a que estivesse entr e ele e Deu s era um
imp edi me nto par a
rece ber resp osta s à ora ção . Era tam bém um obs tácu
lo par a con fiar em
Deus no toc ant e ao sup rim ento de suas nec essi
dad es e o ma ntin ha
afastado da pre sen ça de Deus. Ao mes mo tem po,
ele viu que dev eria
fazer um a confissão cab al de pec ado s a Deu s e cor
rigi r qua isqu er erro s
par a com as pessoas. Ele foi mui to rígido nessas
dua s que stõe s par a
pod er ma nte r um a boa con sciê ncia sem pec ado
(1 Tm 1:5; At 24: 16).
Sem pre que tinh a um pro ced ime nto par a com
Deu s a resp eito de
det erm ina do assunto, Deu s o trat ava no sen tido de
elim ina r cert as coisas
a fim de ma nte r sua com unh ão com Ele. Ele pro sseg
uiu com Deu s des sa
man eira por tod a a vida.

TR AT AN DO
COM OS PECADOS
Par a esta r na pre sen ça de Deu s, ele rep etid ame
nte esc rev ia aos
santos, con fess and o seus erros, pec ado s e faltas,
ped ind o-lh es per dão .
Ele trat ou com pec ado s dian te das pessoas e de
Deus. Mu itas vezes,
diante da mes a do Sen hor , podia-se ouvi-lo con
fessar em ora ção que
pec ou e ped ir ao Sen hor par a per doá -lo. Isso ind icav
a um a con sciê nci a
sensível a qua lqu er coisa pec ami nos a dian te de Deu
s. Sua con sciê nci a
era tão agu çad a por que sem pre a gua rda va pur
a, trat and o com os
pecados dian te dos hom ens e de Deus, não dei
xan do nad a sem ser
tratado. Ma nte ndo sua consciência livre de pec ado
s, ele foi cap az de
man ter um a com unh ão ínti ma com Deus.
60 Biografia de Watchman Nee

TRATANDO COM OS INTERESSES


PELOS ASSUNTOS MUNDANOS

Para viver na presença de Deus, Watchman Nee eliminava todas as


coisas mundanas de sua vida. Ele era totalmente separado das coisas
mundanas. Não havia nenhum vestígio de mundanismo em sua casa, em
sua maneira de vestir ou em qualquer coisa relacionada com seu viver.
Embora não o fizesse de maneira legalista, ele viveu de modo não-
mundano por toda a vida. Ele não guardava nenhuma festa nem
comemorava aniversário, pois, para seu entendimento iluminado, essas
coisas eram mundanas.
Ele guardou-se das coisas mundanas não apenas no seu viver, mas
também na sua ·obra. A maneira como todas as suas publicações eram
elaboradas não transmitiam nenhuma impressão do mundo, assim
como nenhuma das práticas que ele introduziu na i~j a tinha qualquer
sabor do mundo.
Por ter tratado com os assuntos mundanos de maneira tão rígida, ele
se manteve continuamente na presença de Deus. Sua maneira de vida
exerceu uma forte influência sobre todos nós, que éramos próximos a ele,
e sobre todas as igrejas na restauração do Senhor que foram beneficiadas
pelo seu ministério.

TRATANDO COM A CARNE

A carne é a pior parte do homem caído e sempre milita contra o Espírito


de Deus (Gn 6:3; Gl 5:17). Watchman Nee percebeu isso plenamente e
sempre esteve contra sua carne e seu temperamento natural para poder
manter uma comunhão contínua com o Senhor e permanecer na Sua
presença. Sua carne era continuamente suprimida simplesmente por viver no
espírito e por agir de acordo com a unção interior. Vivendo e agindo dessa
maneira, ele se exercitava continuamente em oração ao Senhor por libertação.
Ele temia sua carne e nada falia de acordo com ela, mas andava continuamente
de acordo com seu espírito para não perder a presença de Deus.

TRATANDO COM O EGO


Foi revelado a Watchman N ee que o homem caído está saturado de
Satanás e pode facilmente se tornar a própria corporificação e expressão de
\lil't-'ndo n a Presença de Deus 61

Satanás. Tal foi a experiência de Pedro em Mateus 16:21-23. Ao seguir o


Senhor, Watchn 1an Nee continuan1ente negou o ego (Mt 16:24) para
se1npre desfrutar a presença do Senhor. Ele temia o ego e o condenava mais
do que a qualquer outra coisa negativa. Em sua vida diária, em sua obra e
em seu contato con1 os outros, não se podia encontrar nenhum vestígio do
ego. Ao contrário, seu comportamento e obra sempre deixaram a impressão
de que ele era un1a pessoa que tomava a cruz e negava a si mesmo. Foi por
1neio de tal viver que ele manteve o desfrute da presença de Deus.

TRATANDO COM AS PREFERÊNCIAS PRÓPRIAS

W atchman N ee tinha plena consciência da preferência que existe na


natureza caída do homem. Sua consciência não lhe permitia ter qualquer
preferência nas coisas espirituais ou na obra do Senhor. Ele sabia que o rei
Saul perdeu seu reinado e trono por causa de sua preferência (1 Sm 15: 1-
28). Percebendo que a preferência era mais sutil do que o pecado ou as
coisas mundanas, ele sempre tocava a consciência das pessoas quanto a
essa questão, quando falava com elas. Ele não tolerava a existência de
nenhuma preferência interpondo-se entre ele e o Senhor, para que pudesse
manter-se na Sua presença.

TRATANDO COM A DESOBEDIÊNCIA

A desobediência foi outra coisa com a qual Watchman N ee tratou para


manter comunhão na presença do Senhor. Sua experiência era que nada
pode substituir a obediência, nem mesmo coisas boas e espirituais. Para
ele, obedecer ao Senhor significava ser fiel à vontade original do Senhor;
ele não queria tomar a vontade permissiva do Senhor, como Balaão fizera
(Nm 22:2-35). Tudo aquilo que se desvia da vontade original do Senhor é
uma forma de desobediência. Para ele, a desobediência era un1 véu que o
separaria da presença de Deus. Ele enfatizava que para receber luz e
revelação do Senhor, ele necessitava de um rosto desvendado. Margaret
Barber lhe disse, e ele transn1itiu aos seus c01npanheiros mais próximos,
que uma pequena folha numa árvore pode tapar a lua cheia da vista de uma
pessoa. Uma vez que ele percebeu que a desobediência causa1ia a perda
da pres·e nça de Deus, decidiu obedecer à vontade e à revelação do Senhor
a qualquer custo.
62 Biografia de Watchman Nee

APLICANDO O SANGUE DE CRISTO

Para manter desembaç ada sua comunhão com Cristo, W atchman


N ee aprendeu a aplicar o sangue de Cristo à sua situação. Ele me contou
que, certa vez, sua consciênci a estava condenand o-o fortemente diante de
Deus a respeito de determina das coisas. Ele não conseguia vencer e,
portanto, foi compelido a buscar ajuda com a senhorita Barber. Após
relatar-lhe sua história, ela lhe disse: "O sangue de Jesus, seu Filho, nos
purifica" (1 J o 1: 7). Quando ele lhe disse que ainda estava debaixo de
condenaçã o, ela lhe repetiu várias vezes: "O sangue de Jesus, seu Filho,
nos purifica". Finalmente , ele recebeu luz de que apenas o sangue do
Senhor pode guardar a consciênci a de uma pessoa livre de qualquer tipo
de condenaçã o diante de Deus. Por meio daquela comunhão com a
senhorita Barber, ele aprendeu que, por meio da purificação do sangue do
Senhor, é possível manter-se sempre na presença de Deus.
Em 1940, enquanto estava em seu treinamen to em Xangai, ouvi-o
confessar pecados e aplicar o sangue em sua oração diante da mesa do
Senhor. Fiquei muito impression ado com sua oração. Isso indicava que
ele confiava na purificação do sangue do Senhor para manter uma prática
contínua da presença de Deus.

PERMANECENDO NO SENHOR

W atchman N ee aprendeu também, cabalment e, a lição de permanec er


no Senhor, de acordo com a unção interior (lJo 2:27-28). Para ele, tal fato
era vital para a prática de estar na presença de Deus. Ele percebeu que a
unção interior era o mover e trabalhar do Senhor dentro dele. Desobede cer
à unção era desobedec er ao próprio Senhor. Apenas obedecend o à unção
interior é que ele poderia caminhar mais íntimo e próximo ao Senhor. Ele
percebeu que até mesmo uma pequena negligênci a com respeito à unção
interior o afastaria da presença de Deus.
Por meio de todas as práticas acima descritas, ele se guardava
continuam ente na presença de Deus. Nem sombra de qualquer coisa era
permitido interpor-se entre ele e Deus, e sua comunhão com Ele era
continuam ente mantida. Foi nesse tipo de comunhão ininterrup ta com o
Senhor que ele constantem ente recebeu luz celestial e revelação espiritual.
Ele valorizava muito a presença de Deus. Para ele a presença de Deus era
Vivendo na Presença de Deus 63

@ da, luz, pod er e vitória.\ Em Sua presença, ele desfrutav


a todas as
riquezas da provisão de Deus. É óbvio que ele recebeu muit
a ajuda do
livro A Prática da Pres ença de Deus (The Prad ice of the Presence
of God)
escrito pelo irmã o Lawrence. Nesse assunto, ele tamb ém
foi muito
ajudado pela biografia de Hud son Taylor.
Capítulo Nove

VIVER PELA FÉ

Desde o princípio, Watchman Nee percebeu plenamente que deveria


viver pela fé, não apenas no que se referia à sua vida diária, mas também
com relação à obra do Senhor. Assim, ele aprendeu a confiar no Senhor
para todas as suas necessidades. Isto o forçou a orar muito, a consagrar-
se absolutamen te ao Senhor, a ocupar-se completamen te do Senhor e a
obedecê-Lo em tudo. Para depender de Deus de maneira viva e prática, ele
precisava manter sua consciência livre de pecados. Ele sempre dizia que
um buraco em nossa consciência faz com que nossa fé se esvaia.
Viver por fé guardou-o na vontade do Senhor. Quando vivemos e
trabalhamos com recursos próprios, não precisamos ser restringidos e
limitados pela vontade do Senhor. Podemos fazer o que queremos, sem
precisar buscar a vontade do Senhor ou esperar por Sua orientação. Mas
viver por fé exige que sejamos restringidos à vontade do Senhor; caso
contrário, quando oramos por fé Ele não responde. Ele nunca nos apoiará
nem suprirá nossas necessidades naquilo que fizermos de acordo com
nossa própria preferência. Vivendo pela fé, W atchman N ee foi guardado
de ser distraído pela aparência da obra. Ele se importava com a vontade
do Senhor e não com uma obra estrondosa. Seu desejo era viver por uma
fé que honrasse a Deus. Ele sabia que se realizasse qualquer obra que não
fosse feita na vida divina e de acordo com a vontade de Deus, Deus jamais
responderia à sua fé. Por essa razão, tanto sua vida pessoal como sua obra
estiveram continuamen te sob restrição.
Através dos anos, ele se exercitava continuamen te para viver essa vida
de fé. Na China, ele foi pioneiro em tal vida. Ele se tornou um forte
exemplo para todos os seus companheiro s mais próximos que foram
chamados pelo Senhor para viver e trabalhar para Ele por fé.
66 Biografia de Watchman Nee

TESTEMUNHO PESSOAL DE WATCHMAN NEE


DADO EM KULANGSU, FUKIEN,
EM 20 DE OUTUBRO DE 1936

Enquanto orava ontem à noite, pareceu-me que o Senhor


queria que eu testificasse mais uma vez. Os que me conhecem
saben1 que raramente testifico a.respeito de meus próprios assuntos.
Tenho observado que as pessoas freqüentemente abusam dos
testemunhos dos outros, tratando-os como notícias para divulgação.
É também verdade que alguns testemunhos não são suficientemente
fundamentados. A experiência do terceiro céu do apóstolo Paulo
não foi revelada aos outros senão catorze anos depois. No que se
refere a muitos testemunhos espirituais, deve-se permitir que passe
um certo tempo para que sejam divulgados. Muitos, todavia, os
divulgariam não em catorze anos, mas em catorze dias.

• • ♦ • • • • ♦ ♦ • • O • O o O 1 1 O O o O 1 1 o
O I O O I o o o o o o o o o o o

Assuntos Relativos a Dinheiro


• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
• • • • • • ■ ••

A questão do dinheiro pode tanto ser um grande como um


pequeno problema. Quando comecei a servir o Senhor, estava
um tanto ansioso sobre a questão do meu sustento. Se fosse um
pregador numa denominação, eu teria um grande salário mensal.
Mas uma vez que eu queria andar no caminho do Senhor, queria
depender apenas Dele para me sustentar; não poderia depender
de um salário mensal. Nos anos de 1921 e 1922, pouquíssimos
pregadores na China viviam dependendo unicamente do Senhor.
Era difícil encontrar até mesmo dois ou três; a grande maioria
vivia de salários. Naquela época, muitos pregadores não eram
suficientemente ousados para consagrar todo o seu tempo para
servir ao Senhor; eles sentiam que se não recebesse111 un1 salário
regular, não seriam capazes de enfrentar uma situação na qual
não tivessem nada para viver. Também tive tais pensamentos. Na
China hoje {1936} há aproximadamente cinqüenta irmãos e i1mãs
em comunhão conosco que vivem dependendo unicamente do
ViFer pela Fé 67

Senhor. Tal situação é 111ais co111um agora do que em 1922. Hoje,


innãos e innãs en1 vários lugares também cuidam dos obreiros
111ais do que antes. Penso que daqui a uns dez anos, irmãos e irmãs
1nostrarão ainda 1nais preocupação com as necessidades dos
servos do Senhor. Mas há dez anos isso não era muito comum .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Declarando a Meus Pais Meu Desejo de Viver pela Fé

Já mostrei num testemunho anterior que depois de salvo


continuei a estudar numa escola e, ao mesmo tempo, a trabalhar
para o Senhor. Uma noite, falei com meu pai sobre a questão de
receber ajuda financeira. Eu disse: "Depois de orar por vários
dias, sinto que devo dizer-lhe que já não gastarei mais seu
dinheiro. Agradeço que você tenha gastado tanto comigo, segundo
o seu sentimento de responsabilidade paterna. Mas você terá a
expectativa de que eu ganhe dinheiro no futuro e o sustente como
retribuição, e devo dizer-lhe de antemão que, já que vou ser um
pregador, não serei capaz de retribuir-lhe no futuro nem de pagar-
lhe juros. Ainda que não tenha completado meus estudos, desejo
aprender a depender unicamente de Deus". Quando eu disse isso,
meu pai pensou que estivesse brincando. Entretanto, a partir
daquela ocasião, quando minha mãe ocasionalmente me dava
cinco ou dez dólares, ela escrevia no envelope: "Para o irmão Nee
To-sheng. ". Ela não me estava dando dinheiro como mãe.

f I I I I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Após ter-me expressado de tal maneira para meu pai, o diabo


veio tentar-me dizendo: "Tal atitude é muito perigosa. Suponha
que um dia você seja incapaz de sustentar-se e aproxime-se
novamente de seu pai por dinheiro. Não seria desagradável?
Você falou com seu pai cedo demais; deveria ter esperado até que
houvesse mais progresso em sua obra, até que muitas pessoas
fossem salvas e você tivesse muitos amigos, antes de começar a
viver uma vida de fé". Mas, graças ao Senhor, desde que expressei
68 Biografia de Watchman Nee

nJinha. decisão de parar de receber ajuda financeira de meu pai,


nunca. lhe pedi dinheiro.

Buscando a Deus para Sustento enquanto Trabalhava


....... . .................

Que eu saiba, a irmã Dora Yu era o único pregador naquele


tempo que não recebia salário e dependia totalmente de Deus para
seu viver. Ela era minha irmã espiritual mais velha e nos
conhecíamos um ao outro muito bem. Ela tinha muitos amigos,
chineses e estrangeiros, e seu campo de trabalho era muito amplo,
pois ela pregava em todos os lugares. Mas minha condição era
exatamente o oposto; poucos se importavam comigo, de maneira
que achei muito difícil. Todavia, quando busquei o Senhor, Ele
me disse: "Se você não pode viver pela fé, você não pode trabalhar
para Mim"; Eu sabia que precisava de um serviço vivo e de uma
fé viva para servir a um Deus vivo. Uma vez, quando descobri
que havia somente dez dólares em minha carteira, que em breve
seriam totalmente gastos, subitamente lembrei-me da viúva de
Sarepta, que tinha apenas um punhado de farinha numa panela e
um pouco de azeite numa botija (1 Rs 17: 12}. Não havia dois
punhados de farinha. Eu não sabia com que recursos Deus a
sustentara, mas sabia que Ele tinha os recursos.

1 1 1 1 r 1 1 t 1 1 t r 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 , a 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Em 1921, dois cooperadores e eu fomos a um lugar na


província de Fuk.ien para pregar, pretendendo ir dali para outro
lugar. Em meu bolso havia apenas quatro dólares, quantia
insuficiente para três passagens de ônibus. Mas, graças ao Senhor,
um irmão nos deu três passagens.

1 1 1 1 J 1 1 1 1 1 f 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Novamente, em Kulangsu, no sul da província de Fuk.ien,


meu dinheiro foi roubado do meu bolso, de maneira que eu não
Viver p ela Fé 69

tinha como enfrentar as despesas de viagem para voltar para casa.


Estávaznos l1ospedados na casa de alguém e pregávamos uma vez
por dia nmna pequena capela. Havíamos terminado e estávamos
prontos para ir embora. Meus dois cooperadores tinham dinheiro
para voltar para casa, mas o meu fora roubado. (Naquela vez,
cada um de nós estava usando seu próprio dinheiro.} Eles decidiram
partir no dia seguinte. Quando ouvi isso fiquei em apuros, mas
não queria tomar dinheiro emprestado deles. Naquela noite, orei
a Deus, rogando-Lhe que provesse o dinheiro necessário para as
despesas de viagem. Ninguém sabia disso. Naquela tarde, algumas
pessoas vieram falar comigo sobre a Palavra, mas eu não tive
disposição para fazê-lo. Naquela hora, o diabo veio para me tentar
e abalar minha fé, mas fui firme em crer que Deus não me deixaria
desamparado. Eu era, então, apenas um jovem, que começara a
servir o Senhor pela fé há pouco tempo, não tendo ainda aprendido
a lição de viver pela fé. Continuei orando a Deus aquela noite,
pensando que talvez tivesse feito algo errado. O diabo disse:
"Você poderia pedir aos seus cooperadores para comprar sua
passagem e, então, ressarci-los quando chegar à capital da
província". Não aceitei essa sugestão e continuei buscando a
Deus. Quando chegou o momento de sairmos, ainda não tinha
dinheiro em mãos. Arrumei minha bagagem, como sempre o
fazia, e aluguei um jirinquixá1• Naquele momento, lembrei-me da
história de um irmão que não tinha passagem para o trem quando
este já estava para sair, mas naquele exato momento Deus
ordenou que alguém lhe desse uma passagem. Estávamos todos
prontos e subimos nos jirinquixás, que eram três. Tomei o último.
Quando o jirinquixá foi puxado uns quarenta metros, um idoso de
vestes longas veio por trás gritando: "Senhor Nee, pare, por
favor!". Ordenei ao rapaz do jirinquixá que parasse. Depois de
me entregar um pacote de comida e um envelope, o velho homem
se foi. Eu estava tão agradecido pelo arranjo de Deus que meus
olhos se encheram de lágrimas. Quando abri o envelope, encontrei

1irinquixá: carro de duas rodas para transporte de pessoas, puxado por um ou dois
homens, usado na Ásia. (N. T.)
70 Biografia de Watchman Nee

quatro dólares, exata.m ente o suficiente para uma passagem de


ônibus. O diabo continuo u falando -me: "Vê como isso é
perigoso?". R espondi: "De fato, eu estava um pouco ansioso a
respeito, nws isso não é de 111a11eira alguma perigoso, pois Deus
supriu 111i11ha necessidade e111 tempo". Após chegar a Amoy,
outro in11ão deu-111e uma passagem de volta.

1 1 1 1 1 1 t I t I t t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 I I

Em 1923, o irmão Weigh Kwang-hsi convido u-me para pregar


em Kien-ou, no norte da província de Fukien. Eu tinha apenas uns
quinze dólares em meu bolso, um terço das despesas de viagem.
Decidi sair na sexta-feira à noite e continuei minha oração na quarta
e quinta-feira. O dinheiro, entretanto, não veio. Orei novame nte na
sexta-feira de manhã. Não apenas não houve entrada de dinheiro
como também tive o sentimento de dar cinco dólares a um
cooperador. Lembrei -me das palavras do Senhor: "Dai, e dar-se-
vos-á". Eu não era alguém que amava o dinheiro, mas naquele dia
verdadeiramente amei o dinheiro e achei extrema mente difícil dar.
Orei novamen te ao Senhor: "Ó Senhor, se Tu realmen te queres
que eu dê cinco dólares, eu os darei", mas interiorm ente eu estava
relutante. Eu fora enganado por Satanás pensand o que depois de
orar não teria de dar os cinco dólares. Aquela foi a única vez em
minha vida que derrame i lágrimas por causa de dinheiro .
Finalmente, obedeci ao Senhor e dei os cinco dólares àquele
cooperador. Depois que o dinheiro foi dado, fui enchido com gozo
celestial. Quando o cooperador perg11ntou por que eu lhe dera o
dinheiro , respondi: "Não precisa perguntar, mais tarde você saberá''.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I I I I I I

Sexta-feira à tarde, preparei -m e para con1eçar a viagen1. Eu


disse a Deus: "Quinze dólares já eram insuficientes e Tu quiseste
que eu desse cinco dólares. Não será o total ainda mais inadequado?
Agora não sei como orar". Decidi ir prin1eiramente para Shui-kow
por barco a vapor e, então, para Kien-ou num pequeno barco de
n1adeira. Gastei apenas un1 pouco para a viagem a Shui-kow.
Viver pela Fé 71

Qua11do o vapor estava para chegar, senti que se não orasse


se,gundo o 111eu conceito seria 111uito m elhor. Portanto, disse ao
Senhor: "Não sei como orar; por lavor, faça -o por mim".
Acrescentei: "Se não 111e deres o dinheiro, providencie, por favor,
u111 barco con1 tarifa barata". Quando cheguei em Shui-kow,
111uitos barqueiros vieram oferecer-me negócios. Um deles pediu-
n1e apenas sete dólares pela passagem. O preço estava muito
aquém do esperado; a tarifa normal era muitas vezes mais cara.
Perguntei ao barqueiro por que seu preço estava tão barato e ele
respondeu: "Este barco foi alugado pelo magistrado, mas eu tenho
a permissão de levar apenas um passageiro na popa, por isso não
me importo com a tarifa. Mas você tem de providenciar sua própria
alimentação". Inicialmente, eu tinha quinze dólares no bolso. Após
dar cinco dólares a um cooperador e gastar menos de um dólar para
a viagem de barco a vapor, sete dólares para o pequeno barco de
madeira e mais ou menos um dólar para a comida, ainda restavam
um dólar e trinta quando cheguei a Kien-ou. Graças ao Senhor!
Louvado seja Ele porque Seu arranjo é sempre bom.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 l 1 1 1 1 1 1 1

Após ter completa do meu trabalho em Kien-ou e estar pronto


para voltar para Fuchow, o problem a surgiu novamen te: eu não
tinha fundos suficientes para as despesas da viagem de volta.
Decidi sair na segunda-feira seguinte e continue i orando até
sábado. Dessa vez tive um sentimen to de certeza en1 meu
coração, lembran do-me de que antes de sair de Fuchow, Deus me
pedira para dar cinco dólares a um cooperad or, os quais dei de má
vontade. Naquela hora lembrei-n1e de Lucas 6:38: "Dai, e dar-se-
vos-á" e aferrei-me a essa sentença. Eu disse a D eus: 'Já que Tu
o dissestes, rogo-Te que n1e providen cies o dinheiro necessário
para as despesas de viagen1, seg1mdo a Tua. promessa.".

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

No don1ingo à noite, um pastor inglês, senhor Philips, um


verdadeiro irmão, genuinam ente salvo, que amava o Senhor,
72 Biografia de Watchman Nee

con vidou o i1111ào W eiBJJ e a 1nim para jantar. Durante o Jantar, o


senhor Philips disse-111e que ele e sua igreja receberam muita ajuda
por 111eio de 1ni11has 111e11sage11s e eles se ofereciam para se
responsabilizar por 1ni11has despesas de viagem da vinda e da volta.
Respondi que já havia alguém que tinha aceitado essa
responsabilidade, pensando em Deus. Então ele disse: "Quando
você voltar a Fucl1ow, dar-lhe-ei o livro The Dynamics of Service
{A Dinâmica do Serviço}, escrito pelo senhor Padgett Wilkes, um
evangelista grandemente usado pelo Senhor nojapão". Logo senti
que havia perdido uma grande oportunidade; o que eu precisava
naquele momento era de dinheiro para as despesas de viagem, não
de um livro. De certa maneira, lamentei não ter aceitado sua oferta.
Depois do jantar, o innão Weigh e eu voltamos juntos para casa.
Eu recusara a oferta do senhor Philips para minhas despesas de
viagem para que eu pudesse buscar ajuda unicamente em Deus;
entretanto, havia alegria e paz em meu coração. O innão Weigh
não sabia da minha situação financeira. Tive um ligeiro pensamen to
de pedir-lhe dinheiro emprestado para as minhas despesas e,
quando voltasse a Fuchow, o reembolsaria, mas Deus não me
penniti.u revelar-lhe este assunto. Tinha plena convicção de que o
Deus nos céus é eternamente dign.o de confiança, e gostaria de ver
como Ele iria suprir-me.

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Quando saí no dia seguinte, tinha apenas alguns dólares em


meu bolso. Muitos irmãos e irmãs vieran1 despedir-se de mim e
alguns carregaram minha bagagem. Enquanto caminhava, orei:
"Senho1~ Tu certamente não me trouxestes aqui sen1 me levar de
volta". A meio caminho do cais, o senhor Philips enviou alg11ém
com uma carta. A carta dizia: "En1bora alg11é1n n1ais tenha
assumido a responsabilidade por suas despesas de viagem, sinto
que deveria compartilhar de sua obra aqui. Seria possível que eu,
um innão idoso, tivesse tal participação? Queira, por gentileza,
aceitar esta pequena quantia para essa finalidade". Após ler a carta,
senti que deveria aceitar o dinheiro, e o fiz. Foi suficiente não apenas
Viver pela Fé 73

para 111i11has despesas de volta a Fuchow, coino também para a


i111pressâo de m11 11ú111ero da revista O Testemunho Atual.

• • • • ' ' • ' • • • ' • ' • • • ' ' ' • t ' ' t ' r ' r ' • ' ' ' r , •

En1 minha chegada a Fuchow, a esposa do cooperador que


recebera os cinco dólares me disse: "Tenho o sentimento de que,
quando viajou, você não tinha dinheiro suficiente para si mesmo.
Por que, inesperadamente, deu cinco dólares para meu marido?".
Perguntei-lhe, então, o que ocorrera com relação aos cinco
dólares, e ela respondeu: "Quarta-feira restava-nos apenas um
dólar em casa, que seria gasto até sexta-feira. Na sexta-feira
oramos o dia todo. Meu marido, então, sentiu que deveria sair
para caminhar, quando o encontrou e você lhe deu cinco dólares.
Os cinco dólares nos supriram por cinco dias; Deus, então,
supriu-nos por outra fonte". A partir daí, ela prosseguiu com
lágrimas: "Se você não nos tivesse dado os cinco dólares naquele
dia, teríamos passado fome. Não importa que passemos fome,
mas e a promessa de Deus?". Seu testemunho encheu-me de
alegria. O Senhor trabalhara através de mim para suprir suas
necessidades com os cinco dólares. A Palavra do Senhor, sem
dúvida, é fiel: "Dai, e dar-se-vos-á".

1 1 J 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 J 1 1

Essa é a lição que aprendi em minha vida. Tenho


experimentado agora que quanto menos dinheiro tiver em mãos,
mais Deus me dará. Esse é um caminho difícil de seguir. Muitas
pessoas podem sentir que são capazes de viver a vida de fé; mas
quando chegam as provações elas se atemorizam. Se vocês não
crerem no Deus vivo e verdadeiro, não lhes aconselho a tomar
este caminho. Hoje posso testificar que Deus é Aquele que dá. Ser
suprido por meio de corvos como o foi Elias em sua época, ainda
é possível hoje. Vou contar-lhes algo em que vocês podem achar
difícil acreditar. Tenho experimentado que o suprimento de Deus
chega quando gastei meu último dólar. Tenho catorze anos de
experiência. Em cada experiência, Deus quis obter a glória para
74 Biografia de Watchman Nee

Si 111esn10. Deus te111 suprido todas as 1ni11has necessidades e não


1ne falhou urna única vez. Aqueles que costumavam ofertar já não
o faz en1 agora. Há mna constante 111udança dos que ofertam; um
grupo substitui outro. Nada disso i1nporta, pois Deus nas alturas
é mn Deus vivo. Ele nunca muda! Digo isso hoje para o bem de
, ·ocês. Devo dizer isso para que vocês possam prosseguir no
can1inho de viver mna vida de fé. Ainda há dez a vinte casos como
esses que já lhes relatei.

1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 t 1 1 1 f 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I I

Quanto à questão de ofe1tar dinheiro ao Senhor, deve-se separar


uma determinada quantia-o dízimo ou a metade de seus rendimentos
- e colocá-la na mão de Deus. Em seu ser natural, viúva que deu a
as duas moedinhas pode tê-lo feito relutantemente, mas ela foi
elogi.ada pelo Senhor. Temos de ser um exemplo para os outros; não
precisamos temer, pois Deus não falhará. Devemos aprender a amar
a Deus, a crer Nele e a servi-Lo como Lhe é devido. Devemos
agradecer-Lhe e louvá-Lo por Sua graça indizível! Amém.

Buscando a Deus para Sustento


da Obra de Publicações

Algumas pessoas jamais entrariam num local de reuniões para


ouvir o evangelho. Por essa razão, em 1922, comecei a imprimir
folhetos de evangelização. O evangelho deve ser dispensado a elas.
Após escrever os folhe tos, comecei a orar, pedindo por provisãó
para as despesas de impressão e distribuição. Deus 1ne disse: "Se
quiser que Eu responda à sua oração, você deve livrar-se de todos os
impedimentos". No domingo seg11inte preg11ei sobre o tema: "A
Remoção de Todo Impedimento". Exatamente naquela época,
muitas pessoas estavam criticando a esposa de im1 de 1neus
cooperadores, que era wna irmã dentre nós. Antes da reunião, ela
colocou-se à porta. Quando entrei para a rewlião para liberar a
mensagem, olhei-a e, interiormente, a critiquei, considerando
Viver p ela Fé
75

verdade~~ª a ciitica dos outros a respeito dela. Quand o saí do local


de reunioe s, depois de liberar a n1ensagem, cumprimentei-a. Mais
tarde, quando supliqu ei nova111ente a Deus pelas despesas de
in1pressão, dizend o que eu tinl1a re111ovido todos os impedi mentos ,
D eus n 1e disse: "Que mensage111 é essa que você liberou? Você
criticou aquelai1111ã; isso é un1 impedi mento à oração, um empeci lho
que você deveria tratar. Você deve ir até ela e confessar sua culpa".
Respon di: "Não é necessário confessar aos outros os pecado s da
mente" . D eus respon deu: "Sim, é verdade, mas sua condiçã o é
diferen te". Posteri orment e, quando pensei em confessar-lhe e
defront ar-me face a face com o resultado, hesitei cinco vezes. Mesmo
que quisess e fazê-lo, estava preocu pado que ela, que sempre me
admira ra muito, passasse, então, a desprezar-me. Eu disse a Deus:
"Qualq uer outra coisa que me manda res fazer, eu o farei, mas não
estou dispost o a confessar a ela". Contin uei a pedir a Deus pelas
despesa s de impres são, mas Ele não queria ouvir meu arrazoamento.
Em vez disso, Ele insistia na minha conflssão. Na sexta vez, pela
graça do Senhor , confess ei a ela. Com lágrimas, ambos confess amos
nossas falt.as e, então, perdoa mo-nos um ao outro. Fomos enchid os
de alegria e, daí por diante, amamo s mais um ao outro no Senhor .

1 I l I I I 1 1 1 1 t 1 1 t t 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Pouco depois disso, o carteir o entreg ou uma carta conten do


quinze dólare s americ anos. A carta dizia: "Gosto de distrib uir
folheto s de evange lização e sinto-m e compe lido a ajudá- lo na
impres são desses folheto s. Aceite , por favor, minha oferta" .
Tão log o todo imp edime nto fora re111ovido~ D eus resp ondeu à
minha oração. Graças ao Senhor ! Essa foi a primei ra ex periên cia
de Deus respon der minha oração quanto à questã o da
impres são. Estáva mos, então, distrib uindo mais de n1il folheto s
por dia. Dois ou três milhõe s d e cópias eram impres sas e
distrib uídas anualm ente para suprir as igrejas em vários lugare s.
Nos pouco s anos após ter com eçado a obra de public ação,
D eus sempr e respon deu às minha s oraçõe s e supriu todas as
nossas necess idades .
76 Biografia de Watchman Nee

O Senhor ta111bén1 queria que eu publicasse a revista O


Testen1unho Atual e a distribuísse gratuitamente. Naquela época,
todos os periódicos espirituais na China eram vendidos; apenas o
que eu publicava era grátis. A sala que servia de editora, onde eu
redigja os manuscritos, era um pequeno cubículo. Quando os
manuscritos eram terminados, eram enviados para a gráfica.
Quando não havia Fundos disponíveis, eu orava a Deus por Sua
provisão para a impressão. Quando considerava o que estava
fazendo, eu ria, porque os manuscritos estavam sendo enviados
à gráfica sem os Fundos necessários. Enquanto viver, jamais
esquecerei daquela vez em que eu tão logo terminara de rir e
alguém bateu à porta. Ao abri-la, vi uma mulher de meia idade
que vinha sempre às reuniões, mas para quem meu coração era
incomumente frio. Ela era rica, mas amava o dinheiro e tratava
dez centavos como se fossem um dólar. Fiquei curioso para saber
como é que ela poderia ser a pessoa que daria dinheiro para a
impressão da revista. Então, perguntei-lhe por que viera. Ela
respondeu: "Há mais ou menos uma hora comecei a sentir um
desconforto interior. Quando orei a Deus, Ele me disse que não
sou como um cristão, pois nunca procedi bem na questão das
ofertas, e amo demasiadamente o dinheiro. Perguntei-Lhe o que
queria que eu fizesse, e Ele disse: 'Você deveria ofertar algum
dinheiro para ser usado na Minha obra"'. Então, ela tomou trinta
dólares de prata e colocou-os sobre a mesa, dizendo: "Gaste-os
naquilo que você sentir que é necessário". Quando olhei para a
mesa vi duas coisas: os manuscritos e o dinheiro. Agradeci ao
Senhor sem agradecer a ela. Ela saiu, e Fui imediatamente aos
impressores negociar a impressão. O dinheiro que ela deu foi
suficiente para imprimir mil e quatrocentos exemplares da revista.
Outros deram dinheiro para as despesas de empacotamento e
postagem. Agora são impressos uns sete mil exemplares de cada
número. Todas as finanças necessárias são providenciadas por
Deus no momento exato e da maneira que relatei. Jamais pedi
contribuições a quem quer que seja. Às vezes as pessoas têm até
mesmo rogado a mim para aceitar dinheiro. Em todos esses
assuntos tenho confiado unicamente Nele.
Viver p eh1 Fé 77

Na Narração do Passado, de Watchman Nee, dada numa reunião no


dia 4 de dezen1bro de 1932, don1ingo, ele relatou os mesmos assuntos
111ais detalhada1nente.

No final de 1922 tive o encargo de publicar uma revista,


porque muitos foram salvos em Fuchow e o número estava
crescendo. Naquela época, o irmão Leland Wang estava na região
do Yangtsé fazendo um trabalho evangelístico. Apenas sua esposa
e filhos estavam em casa. Ele pediu que me mudasse para sua casa
para ajudar a cuidar de sua familia. Diariamente, a irmã Wang e eu
orávamos pela revista. Naquele período, eu estava extremamente
apertado financeiramente. Depois de orar por mais de um mês, não
tinha um só dólar em mãos. Uma manhã levantei-me e disse: "Não
é mais necessário orar - isso seria falta de fé. O que devo fazer é
começar a escrever. Deus não precisa pôr o dinheiro em nossas
mãos antes de começarmos a escrever! Portanto, já não orarei por
esse assunto, mas começarei a preparar os esboços".

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 l 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Quando tudo estava pronto e a última palavra foi escrita, eu


disse: "Agora o dinheiro virá". Por fim, ajoelhei-me para orar
novamente, dizendo: "Ó Deus, o texto está pronto para a impressão,
mas ainda não há dinheiro". Depois de orar assim, senti-me
maravilhosamente confiante de que Deus certamente daria o
dinheiro, e começamos a louvá-Lo.

1 1 1 I I I I I I I I I J 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

O smpreendente é que nem ben1 nos havíamos levantado,


alguém bateu à porta. Pensei que alguém estivesse vindo com o
dinheiro. Como a casa era da irmã Wang~ deixei-a atender à porta.
Para minha surpresa, a pessoa que chegou era uma irn1ã rica,
porém avarenta. "Oh! já que é ela," pensei, "não poderá haver
dinheiro". Mas elan1e disse: "Tenho algo extremamente importante
para dizer-lhe". "Diga-me, por favor", respondi. Então, ela
78 Bio.grafia de Watchman Nee

perguntou: "Co1110 u111 cristão deve ofertar?". Respondi-lhe que


não deve111os adotar a 1na11eira do Antigo Testamento de dar
dízi111os, n1as que deven1os seguir a palavra em 2 Coríntios 9: 7,
que diz que cada pessoa deve dar de acordo com a ordem de
Deus. Pode-se doar a n1etade, um terço, um décimo ou um
vigésin10 dos rendi111entos. Ela, então, perguntou: "Onde se deve
ofertar?". Respondi: "Não oferte para uma igreja que se oponha
ao Senhor nem para aqueles que não crêem na Bíblia ou na
redenção do sangue do Senhor. Se ninguém contribuir para eles,
eles não serão capazes de prosseguir em sua pregação. Ore antes
de cada oferta; então, dê ou para os pobres ou para alguma obra,
mas nunca para uma organização inadequada". Ela disse: "O
Senhor tem falado comigo por muitos dias a respeito de minha
devoção exagerada ao dinheiro. Inicialmente não pude conformar-
me com isso, mas agora já posso. Quando estava orando esta
manhã, o Senhor me disse: 'Não é necessário que você ore mais.
Simplesmente comece a ofertar seu dinheiro'. Fiquei muito
desconcertada, mas agora estou aqui com trinta dólares para você
usar para a obra do Senhor". Esse dinheiro foi suficiente para
imprimir mil e quatrocentos exemplares da revista O Testemunho
Atual. Mais tarde, outra pessoa deu outros trinta dólares, que
foram suficientes para a postagem e despesas extras. Assim foi
publicado o primeiro número da revista O Testemunho Atual.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Ele concluiu seu testemunho pessoal, dado em Kulangsu, em 20 de


outubro, a respeito da ocorrência acima, com as seguintes palavras:

Se alguém é malsucedido em tratar adequadarnente con1 o


dinheiro, ele também será malsucedido en1 nn1itas outras coisas.
Devemos buscar a Deus, com un1 coração singelo e nunca fazer
nada que O desonre. Quando as pessoas nos dão dinheiro, devemos
aceitar em nome de Cristo, mas nunca pedir a ning11ém tal favor.
Dou graças a Deus pois, depois que declarei a meus pais que já não
gastaria seu dinheiro, ainda pude prosseguir estudando na escola
Viver pela Fé
79

por n1ais dois anos. E111bora não soubesse de onde v1na meu
sustento, sen1pre que houve uma necessidade, Deus supriu. Às
vezes, a situação parecia extre111ainente clificil, todavia Deus nunca
111e desan1parou. Freqüente1ne11te colocamos nossa esperança em
outras pessoas, 111as Deus não quer que olhemos para elas. Devem os
aprender essa lição: gastar o que recebemos e nunca ser como o
Mar Morto, com uma entrada de água e nenhum a saída. Devem os
ser como o rioJordão, com entradas de um lado e saídas de outro.
Os levitas, no Antigo Testamento, consagraram-se para servir a
Deus, mas eles também tinham de dar o dízimo.

MAIS TESTEMUNHOS PESSOAIS


Em sua Narraç ão do Passado, feita em 4 de dezembro de 1932, ele deu
mais testemu nhos pessoais a respeito de viver por fé:

Depois de termos reuniões por aproxim adamen te um mês,


alguns irmãos jovens dentre nós sentiram que devería mos ter
um local próprio para nos reunir no futuro. Mas como tínham os
pouco dinheiro estava além da nossa capacidade realizá-lo. Fui
para a escola conversar sobre o assunto com alguns irmãos, ou
seja, com os irmãos Faithful Luke, Simon Meek e Wang Tse, e
concorda1nos que deveríamos continuar nossa obra entre os
alunos. Então, pela primeira vez, aluguei um imóvel, um local
pertenc ente a uma família chamada Ho, da qual todos os
membr os foram salvos. Eles concordaram em alugar-me o
local por uma quantia mensal de apenas nove dólares. Orei,
então, com vários irmãos, pedind o a Deus para suprir os três
meses de aluguel que deveriam ser pagos adiantada111ente, antes
que pudéss emos entrar.

I I I I I I I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I I I

Todos os sábados eu ia para Ma-kiang~ Fukien, ouvir a


pregação da senhorita Margaret Barber. Dessa vez, quando a vi,
RO Biografia de Watchman Nee

ela disse: "Eis aqui vinte e sete dólares que um amigo pediu-me
para dar para sua obra". A quantia era suficiente para exatamente
três n1eses de alu!l11el
b
- nem mais nem menos. Ao voltar, sem
hesitar paguei os três meses de aluguel adiantados. Mais tarde,
oran1os nova111ente e o Senhor proveu de novo .

. . . . . . . . . . . . . . . .

E1n seu segundo testemunho dado em Kulangsu, Fukien, no dia 20 de


outubro de 1936, ele testificou o seguinte:

............

Escrevi O Homem Espiritual durante minha longa


enfermidade. Quando estava pronto para publicação, eram
necessários uns quatro mil dólares. Como não havia recursos em
mãos, pedi a Deus para suprir a necessidade. Somente quatro
cooperadores conheciam essa necessidade. Ninguém mais o sabia.
Pouco depois, o Senhor proveu quatrocentos dólares, e fizemos um
contrato com um impressor para começar a impressão do livro.
Foi acordado que se não pagássemos as parcelas subseqüentes, não
apenas perderíamos o sinal de quatrocentos dólares como também
pagaríamos uma multa. Portanto, oramos unaninJemente a respeito.
Naquela época eu ainda estava de cama. Sempre que o inJpressor
vinha para receber o pagamento, o Senhor nos provia os meios.
Vendo que éramos capazes de honrar o compromisso, o impressor
disse: "Ninguém, a não ser vocês, pessoas da igreja, realizam seus
pagamentos tão pontualmente".

. .... . ... .

Em seu editorial, no número dezenove da revista O Testen1unho Atual,


publicada em janeiro-fevereiro de 1931, ele deu o seguinte testemunho:

1 J 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 J 1 1 J 1 1 1 1

Não nos falta dinheiro para imprimir, embora não tenhamos


pedido contribuições a ninguém, e ninguém nos tenha feito uma
dotação orçamentária. O próprio Senhor tem colocado a
Viver pela Fé 81

necessidade desta obra no coração dos home ns, e algumas


contribuições aqui e acolá nos capacitam a realizar o que Ele
deseja que façamos. Verdadeiramente, somo s gratos a Ele!

.. .. . . . . . . .. . . . . . . . . . . . .

Ele escre veu as segui ntes palav ras de gratid ão em seu editor ial no
núme ro doze de O Teste munh o Atual, publi cado em 19 de dezem bro de
1929. Essa foi uma palav ra de agrad ecime nto aos irmão s e irmãs pela
fideli dade deles, mas pode tamb ém ser consi derad a seu testem unho sobre
o supri ment o do Senho r.

Sinto -me muito agradecido a respeito do seguinte: Enqu anto


eu me encon trava en1 perplexidade por todos os lados, vários
irmão s e irmãs no Senho r vieram ajudar-me no meu probl ema.
Quen aress urrei çãodo sjusto soSen horos recom pense ricam ente!
Muito s irmão s e irmãs sabem que não tenho um suste nto
perm anent e. Então, por amor ao Senhor, do norte e do sul, eles
se despojaram suprindo-me generosa e voluntariamente com
ofertas abun dante s para que eu não precise ficar ansioso com
minh as necessidades, durante minh a enfermidade. A bond ade
excel ente e o favor deles para comig o têm trans borda do.
Certa mente , não sou digno disso. Sou um dos servos mais inúteis
do Senhor. Cito as palavras de Paulo: "Mandastes não some nte
uma vez, mas duas, o bastante para as minh as necessidades (.. .) o
que realm ente me interessa é o fruto que aume nte o vosso
crédito". Minh a única oraçã o é que sua bond ade para comig o não
seja em vão. Espero que, quan do me levantar nova ment e, seja
capaz de cump rir uma pequ ena porçã o de minh a obra no
empr eendi ment o de Deus. Além do supri mento financeiro deles,
muito s irmão s e irmãs têm escrito para externar sua preocupação,
ao que expre sso meus agradecimentos. Digo a todos que têm
ministrado a mim dessa maneira: Aceit em, por favor, meus
agradecimentos sinceros.

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