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QUE DIFERENÇA

Aquêle que vive em Aquêle que vive em


Estado de Graça: Pecado Mortal:
- Possui a ma ior riqueza que - Vive numa s ituação mise-
ex iste sôbre a terra: o dom - rabilíssima, porque perdeu
divino, sobrenatura l e ma - o tesouro da Graça Sant i-
ravilhoso da GRAÇA SA N- ficante; tem a a lma morta,
T IFICANTE, que nos faz sem vida sobre natu ral .
part ic ipantes da mesma vi-
da de Deus.
2 -É verdadeiro filho de Deus, 2 - Renegou a Deus e a sua
e pode, por isso, chamá- lo filiação divina; u ltra jou-O
pe lo doce nome de Pai! ignom in iosame nte.
3 - É um Templo esplendoroso 3- É um templo profanado,
do Espírito Santo. tran sformado em antro de
Sat anás .
. 4 - Possui a melhor das bele- 4 - Tem a pior das feal4ades ,
zas, que é a a lma , ador- que é a da a lm a, horroro-
nada pela presença d e Deus. same nte manchada pe lo pe-
cado morta l.
5 - É amigo e irmão do própr io 5 - Crucif icou a C ri sto, para se
Cr isto. entregar ao se u p ior ini -
m igo: o demônio.
6 - É justo e santo aos olhos de 6 - É um infe li z pecador e ini-
Deus, da Sant íss ima Vir- migo de Deus, de Nosso
gem, dos An jos e Santos. Senhor e dos Santos.
7 - Possui o dom extraord iná - 7 - Está em cont ínua guerra '
do da paz ve rdadeira. com a sua consc iê nc ia, es-
traça lhada pe lo remorso.
8 - É me mbro vivo de todOs os 8 - É membro morto, ampu-
justos e do mesmo C risto, tado, sêco.
da magnífica rea li dade do
seu Corpo Místico.
9 - Aprove ita bem a vida , ad- 9 - Está perdendo o te mpo e a
quir indo inúm eros méritos ete rn idade , porqu e nada da-
para a fe liz ete rnidade. q uil o que ê le faz te m va lor
para o Céu.
10 - Tem d ire ito, como legítimo 10 - M e rece um castigo eterno,
herdeiro que é , a uma res- onde o corpo e a a lma hão
surreição g loriosa, em cor- de sofr e r para sempre.
po e a lma, na Pátria et erna
do Céu!
Luz do Céu'
Curso de Religião

3.° tõmo

MANDAMENTOS E VIRTUDES·

H.a edição

*
LES - LIVRARIA EDITORA SALESIANA LIDA.
S. Paulo - 1964
NIHIL OBSTAT
Pe. Bartolomeu Almeida, S. D. B.
Censor
São Paulo, 10 de agõsto de 1953

IMPRIMATUR
t Paulo, Bispo Auxiliar
São Paulo, 7 de Setembro de 1953
~.•?<

E vós, milhares de jovens, que ~$te 1!,.~!éP~i dese-


jaria abraçar a todos e a cada um em particular; vós,
esperança segura da Igreja e dtl Pátria, almas cándidas
que ainda irradiais, cristalina e pura, a luz suave da ino-
cência, buscai ansiosos a Doutrina Cristã, co~seT1Jai ca-
l'inhosamente o Catecismo, escutai atentos vossos,mes-
tres, aprendei bem, procurai compreender inteiramente e .
jamais olvideis esta doutrina que um dia talvez - em
circunstância remota, que hoje não podeis sequer pr~er
- será vossa tábua de salvação nas procetasda viela.
Quer o Parla que no Catecismo, aprendais a colocara
Deus no centro de vossa vida, a conhecer e amar a Jesus
Cristo, a viver na sua graça, e na fiel obsérVârujJ~?!tôs>
Mandamentos, a ser bons, obedientes, estudiosos e, aéima
de tudo, piedosos.

(De mensagem radiofônica dirigida ao


Cat~quético
de Barcelona, 7 de ~brit,4

Vi t"1OR-.
J ~ lA/lAR
~
. . . , . . . .·w·cc·ww.···

'I

I
INDICE
PÁG.
INTRODUÇÃO 7

o DECÁLOGO

LIÇÃO 1.& - O autógrafo de Deus ............................. 11


- LEITURA: Escravos! ......................... . 14
LIçÃo 2." - O maior mandamento .......................... . 16
I!
- LEITURA: Observemos os mandamentos ....... 19
LIÇÃO 3." - Impiedade e superstição ........................ . 21
- LEITURA: Católico-espirita .................. . 27
LIÇÃO 4.· - Irreligiosidade 29
- LEITURA: Religião? Para que? .............. . 34
LIÇÃO 5.& - Os heróis da santidade .......................... . 36
LIÇÃO 6.· - As santasrelfquias .................. , .......... . 40
- LEITURA: História da Igreja - Os primeiros
albores 44
LIÇÃO 7.· - A blasfêmia 45
LIçÃO 8." - Palavra de honra ................................ 50
- LEITURA: História da Igreja - as perseguições
- grande triunfo - as heresias .... ' 55
LIÇÃO 9.· - O culto externo.................................. 58
LIçÃO 10 - Repouso e recuperação .......................... 61
- LEITURA: História da Igreja - O monaquismo 65
LIÇÃO 11 - A autoridade .................................... 67
LIÇÃO 12 - Não matarás .................................... 71
- LEITURA: História da Igreja - Grandes lutas
LIÇÃO 13 - Ai dos escandalosos ............................. 78
. LIÇÃO 14 - Fortes e puros ........... : ....... " .. " ... " .. " " 82
- LEITURA: História da Igreja - Igreja e im-
pério 86
LIçÃO 15 - Não furtar ..................... ,.................. 88
LIÇÃO 16 - A lfngua ......................................... 93
--, LEITURA: História da Igreja - O apogeu ..•• W1
PRECEITOS DA IGREJA

PÁG.

LIÇÃO 17 - Os preceitos ..................................... 99


LIÇÃO 18 - Missas nos dias de preceito e comunhão pascal .. 102
- LEITURA: História da Igreja - A Igreja no
Brasil 107
LIÇÃO 19 - Penitência 109
LIÇÃO 20 - Ajudemos nossa mãe ............................. 112
- LEITURA: História. da Igreja - Cismas e re-
formas 115

VIRTUDES CRISTÃS
,lr
LIÇÃO 21 - Virtude e fôrça .•................................ 117
LIÇÃO 22 - A luz da fé ..................................... . 123
- LEITURA: História da Igreja - últimos tempos 127
LIÇÃO 23 - Mensagem divina ............................... . 129
LIÇÃO 24 - A âncora da Esperança 134
- LEITURA: História da Igreja - D. Vital ... . 138
LIÇÃO 25 - O fogo da caridade ............................. . 140
LIÇÃO 26 -: A Imagem de Deus ............................ . 144
- LEITURA: História da Igreja - Pontífices glo-
riosos: de Pio XI a Pio XII .... . 147
LIÇÃO 27 - O homem espiritual ............................ . 149
LIÇÃO 28 - Se queres 156
--' LEITURA: História da Igreja - A Igreja: Mãe
e Mestra de Civilização .......... . 160
LIÇÃO 29 - Quatro gonzos 163
LIÇÃO 30 - Paixões e vícios ................................ . 169
LIÇÃO 31 - Os enfeites da alma ............................. . .173
LIÇÃO 32 - Bem-aventurados . 176
LIÇÃO 33 - Os dois estandartes .............. , .............. . 180
perguntas e respostas ..................................•...... 163
Introdução

Os trilhos
o trem corre veloz e seguro em direção à meta; duas fortes e
reluzentes fitas de aço reduzem ao mínimo a resistência do atrito,
disciplinam a poderosa energia que se desprende do seio do tremendo
monstro, marcando o caminho seguro do ponto de partida ao de
chegada.

\ , o homem é uma criatura de Deus em viagem, rumo


ao Céu. Possui inteligência para ver o seu caminho e a
sua .meta; tem vontade para decidir-se a seguir o cami-
nho até o fim. Dotado assim de inteligência e vontade,
acha-se apoiado em dois trilhos, seguros e resistentes.
A Igreja, assistida pelo Espírito de Verdade infalível,
oferece ao homem um complexo de certezas que satisfazem
a inteligência e a vontade. 'Para a inteligência háo «Cre-
do», que é o conjunto das verdades que devemos crer;
para a vontade a «Lei», isto é, o conjunto das normas que
devemos praticar, a fim de chegarmos ao Paraíso.
Neste volume vamos estudar precisamenté a segunda
parte do Catecismo, que é a «Lei».

Deus o quer
,.~ pedra cai pela lei da gravid;;.de. A semente lançada aO solo,
aprofunda suas raízes e atira para OH a hastezinha em obediência
à lei do crescimento; o canário faz sempre do mesmo modo o seu
ninho seguindo a lei do instinto. Os minerais, os vegetais os animais
obedecem à lei natural dada por Deus a todos os sêres, a fim de que
possam atingir OS fins para os quais foram criados,
o homem deve atingir um fim muito superior. Deus,
que é o Senhor absoluto, quer' que êle o atinja infalivel-
mente. Deus, que é pai providente, náodeixa faltar ao
homem uma .regra segura que lhe aponte o caminho da
conquista de sua méta. Estas são as leis morais, diretivas
das ações humanas, isto é, dos costumes (mores, em latim,
quer dizer costumes, modo de proceder).
Deus nos manifesta estas leis principalmente de Çlois
modos: por meio da consciência, e por meio do Decálogo.
Vamos agora tratar da consciência. '

A voz de Deus
lDepois de haverem comido o fruto proibido, Adão e
Eva sentem necessidade de se esconder. Caim, após ha-
ver assassinado Abel, caminha errante pelo mundo, opri-
mido pelo desespêro.

Na primeira grande guerra (1914-18) um soldado havia assassi-


nado um seu companheiro de campanha. Ninguém descobrira o
crime. Depois de vários anos o assassino espontâneamente se apre-
sentou ao tribunal suplicando que o fuzilassem porque não mais
podia suportar ,o tormento atroz que lhe roia o coração.

o tigre estraçalha' a presa e dorme tranqüilamente;


o homem mata um seu semelhante, mas já não tem paz;
Sente em si alguma coisa que o remorde (remorso), Por
que?
Eis o motivo: O homem é criado à imagem de Deus;
conhece, portanto, o que é bom e o que é mau, isto é: o
que agrada e o que desagrada a Deus. Por isso, antes de
uma ação sente uma íntima advertência que lhe diz: «Está
bem, podes fazer», ou então: «lsso é mau, não faças!»
Assim ê que se fàz ouvir em nós a lei natural, que nos
foi dada juntamente com a nossa natureza: uma regra que
nos manda fazer o bem e fugir do mal; uma luz que nos

-8
aclara e indica o caminho a seguir. Todos a sentem, mes-
mo os selvagens, porque está gravada, por assim dizer, no
coração do homem. A lei natural se manifesta por meio
da OOIlsciência: voz da razão que nos faz distinguir o bem
do má!.
A consciência é um dom de Deus; como todos os
dons de Deus, é boa, mas nós a podemos estragar. Com
efeito podemos ter uma consciência.
verdadeira, -quando ela afirma que é bom aquilo que
realmente é bom, ou que é mau aquilo que é mau.
falsa, quando ela afirma que ,mau o que realmente é
bom, e que é bom aquilo que realmente é mau.

À porta de um cinema onde habitualmente se projetam filmes


pouco recomendáveis estão dois meninos. Diz um dêles: "Eu não
entro porque sei que há perigo". í:ste menino está atendendo à
voz da sua consciência verdadeira. O outro ao contrário: "Pois eu
vou; nunca vi nada de perigoso! ... " :t!:ste deu ouvidos à sua cons-
ciência falsa.

Devemos trabalhar para formar uma consciência v.er-


dadeira, que nos aponte verdadeiramente a lei divina, que
seja na realidade o eco da voz de Deus, porque a consciên-
cia falsa pode conduzir à ruína. iDaí a necessidade de re-
zar, de pedir conselhos, de instruir-nos, especialmente com
o estudo do Catecismo, a fim de termos uma consciência
verdadeira, que à semelhança de sólida couraça, nos de-
1\)'
fenda a alma contra os assaltos do mal.
I]
ii
PARA RESPONDER

1 Que é lei natural? - Que é a lei moral? - Meios prin-


cipais com que Deus manifestou a sua lei. - Que é a consciên-
cia? - Como pode ser a consciência? - Meios para formar uma
consciência verdadeira.,
PARA RECORDAR
inteligênci'a
1. o homem é dotado de { e
_ vontade
O Credo' (conjunto de verdades) para a sua
2. A Igreja apre- inteÚgência
senta ao homem { A Lei (conjunto de normas) para a sua
vontade
3. COIihecemos a lei moral { internamente pela consciência
de dois modos externamente pelo Decálogo
que é? - voz da razão
louva-nos se praticamos o bem
(sátisfação)
4. A consciência que faz?
{ reprova-nos se fazemos o mal
(remorso)

como pode ~ { - verdadeira


ser.· _ falsa

II
,,
\$
1- Lição I

Aulógra,lo de Deus
I t

1~ o DECÁLOGO
"O célebre astrônomo Kepler dizia certa vez: "Se uma única
estrêla se desviasse de sua rota ordinária, todo o universo seria
desmantelado" .
Ora assim como as leis naturais são a base do mundo material,
os mandamentos divinos são o fundamento da vida moral. Eu qui-
sera poder gravar nos corações com caracteres de fogo: - Não foi
para atormentar e inquietar, para destruir nossas alegrias e prazeres,
que Deus fêz os Mandamentos, mas sim para auxiliar-nos. Para
Deus pode ser o mesmo que observes ou não as suas leis: está em-
penhada a tua felicidade ou desgraça temporal e eterna".
(A Religião e a Juventude - Tihamér Toth)

Sólida como a pedra


Afastado de Deus por causa do pecado original, o ho-
mem com o andar do tempo foi-se tornando cada vez mais
surdo à voz da consciência; cada vez mais cego, a ponto
de não conseguir mais ler bem a lei natural escrita em seu
coração.
Mas Deus (que é bom Pai), para que os homen-s não
se arruinassem completamente, escolheu entre todos os
povos o povo judeu, e lhe confiou a Lei, para que a con-
servasse intacta em meio à depravação universal.
Para isso Êle a escreveu sôbre duas tábuas de durís-
si~ pedra, símbolo da solidez da Lei. Duas tábuas, in-
dicando assim que uma parte da Lei ( os ,três primeiros
artigos) se refere a Deus, ao passo que a outra (os outros
sete artigos) se refere ao homem. Entregou-as com im-
pre~::;iºn,J",nte solenidade. Deu-as a Moisés - guia do povo
hebreu - no alto do monte Sinai, envolvido em nuvens
misteriosas, entre relâmpagos e trovões.
lilste documento, escrito pelo próprio Deus (autógra-
fo) chama-se Decálogo e contém, em dez artigos, os de-
veres ,mais importantes, fundamentais, que temos para
com Deus, para conosco e para com o próximo.
Quem quer cumprir o próprio dever, deve ouvir a
voz da consciência em tôdas as ações; deve ter semJ?re
na mente essas duas grandes tábuas, e o Decálogo lhe din\
como deve proceder em cada caso.

Lei cristã
Disse Jesus C.risto: «Eu não vim para abolir a lei ou
os profetas; não vim aboli-los mas oompletá-los».
Portanto, o Decálogo continua a vigorar; Jesus Cris-
to o completou e aperfeiçoou. Entre outras coisas:
1. Q - condenou mais energicamente todo desejo
mau;
2~ Q - mandou expressamente amar também os ini-
migos;
3.9 - acrescentou os conselhos evangélicos: pobreza,
castidade, obediência.
Jesus, além de nos ensinar sua doutrina, nos veio tra-
zer os admiráveis Sacramentos, pelos quais nos dá a Gra-·
~, a fim de podermos, mais fàcilmente, observar a sua
Santa Lei.

Se me amais ...
Um jovem aproximou-se de Jesus e lhe perguntou:
«Bom Mestre, que devo eu fazer para conseguir a vida
eterna?

-12 -
Jesus lhe respondeu: «Se queres entrar na vida eter-
na observa, 08 mandamentos».
O Redentor ensinou-nos o melhor caminho dando-nos
a perfeita lei evangélica; para ajudar-nos a trilhá-lo deu-
nos o seu sangue. Como correspondes a tamanho amor?
:mIe no-lo ensina: «Se me amais, observai os meus
mandamentos».

PARA RESPONDER

Por que motivo Deus deu aos homens o Decálogo? - Que


quer dizer Decálogo? - Quais são os deveres fundamentais que
nos impõe? - De que modo Jesus Cristo aperfeiçoou o De-
cálogo?

PARA RECORDAR

que é? - a Lei natural expressa por Deus


em !() artigos.
por que Deus os deu aos homens? - para
0- Decálogo (Anti- que não se tornassem vítimas do êrro e
ga Lei ou Velho da ignorância.
Testamento)

.
oomo ~
{I deveres para com Deus (I Tábua)
.
divide Ldeveres para com o PrÓXImo (II
.~ Tábua)
onde está? - no Santo Evangelho.
quem no-la transmite? - a Igreja infaHvel.
Lei de Jesus (NO-! que é com relação ao Decálogo? - não abolição
va Lei ou Nôvo mas aperfeiçoamento.
Testamento)
que lhe acrescenta? - o auxílio eficaz da
Graça, através dos Sacramentos.

-13-
LEITURA

ESCRAVOS! .. . \~

«o Criador pôs tôdas as criaturas debaixo das suas leis.


Da observância dessas leis dérivam a ordem, a beleza, a harmo-
nia do mundo. As estrêlas na sua órbita, as plantas no seu
desabrochar, os animais no seu crescimento, obedecem aos
mandamentos divinos. As leis físicas regulam tôdas as cria-
turas; êstes sêres não poderiam subsistir doutra maneira.
Só para o homem Deus fêz exéeção. Também para êle
, .
fixou leis, mas deixa a cada um de nós a liberdade da sua
observância: «Desejo que tu respeites os meus mandamentos,
mas és livre em os transgredir, no decorrer da tua existência:
Nesse caso, porém, prepararás a tua própria perdição».
Mas, dir-se-á, se Deus me põe previamente leis, restrin"ge a
minha liberdade ...
Como assim? A lei ajuda a liberdade!
Não será, por exemplo, verdade que quem aprende a pintar,
deve respeitar as leis da perspectiva? Impede uma tal lei a
liberdade do seu pincel? Êle pode não se importar com tal lei;
mas, nesse caso, vêde o seu quadrQ!... Na ordem moral, não
estamos menos obrigados a respeitar os mandamentos de Deus,
e se assim não fizermos não nos admiremos de ficarmos almas
deformadas.
Quem quer que estude música, deve ter cuidado com as leis
da harmonia. Perdeu por isso a liberdade de compor? Nem por
sombra; cada um pode compor e cantar contra tôdas as leis da
harmonia, mas não encontraria ouvidos que pudessem suportar
tal cacofonia. Assim, podereis também viver à margem de todos
os mandamentos divinos, mas, então, a vossa vida será uma
contínua dissonância.
Para chegar às geleiras das altas montanhas há muitas
passagens e muitos caminhos com os seus parapeitos e as suas
rampas. O homem está obrigado a seguí-los? ciaro que não.
Cada um pode seguir o caminho que mais lhe agradar; mas de
ninguém poderá queixar-se se vier a precipitar-se no abismo ..•

-14-
r
I

Vêde! Para construir a obra-prima da nossa vida,. para


desenhar em perfeita perspectiva o quadro da nossa existência,
é preciso seguir os mandamentos de Deus. Queremos uma. vida
cheia e harmoniosa? Observemos as leis de Deus.
Queremos atravessar o mar infindo da vida terrena para
chegar, sem naufrágio, aos esplendores da vida eterna? Siga-
mos o caminho mais segUro: os mandamentos de Deus. Não
digamos como os espíritos tolos e superficiais: Deus exige de
mais, a religião católica condena a vida moderna, com as suas
novas exigências.
Nunca Deus se mostrou mais nosso Pai do que no dia em
que nos deu os mandamentos com obrigação de os seguir.
,.
(Tihamér Toth)

-15 --i.;,
LiçãO II

o maior mandamento
Um dia, aproximou-se -de Jesus um doutor da Lei, e lhe per-
guntou: "Mestre, qual é o maior, o primeiro, o principal dos man-
damentos da Lei?"
Jesus respondeu:
- Escuta: o Senhor teu Deus é o único Deus. Amarás o Senhor
teu Deus com todo o teu coração, com tôda a tua alma, com tôda
a tua inteligência e com tôdas as, tuas fôrças. Jl:ste é o maior e o
principal dos mandamentos. O segundo é semelhante a êste: amarás
o teu próximo como a ti mesmo. Não há mandamento maior do que
êste. Dêstes dois mandamentos depende tôda a Lei e os Profetas.
O amor de Deus, é pois o centro, o resumo da Lei di-
vina, porque se amamos a Deus, faremos tudo o que :mIe
quer de nós.
Com o amor de Deus está intimamente ligado o amor
do próximo.
Jesus, que é Deus disse: «O que fizerdes a um dêstes
meus. pequenos irmãos, (isto é a qualquer homem) é a
mim que o fareis». Todo homem criado à semelhança
de Deus, nos relembra continuamente a imagem do Se-
nhor. Por isso o amor do próximo nos é ordenado da mes-
ma forma como o amor de Deus.
Diz São João: «Se alguém afirma que ama a Deus e
odeia seu irmãos, é mentiroso. P'ois se não ama o seu
irmão a quem vê, como poclerá amar a Deus que não vê?
Recebemos de Deus êste" mandamento que quem a.ma a
Deus, ame também o seu irmão».
Assegura-nos São Paulo: «Quem ama o próximo cum-
priu .perfeitamente a Lei».
E conclui: «Portanto, o perfeitocumprbilento da Lei
é o amor!»

~ 16-
mis pOi'que .fesqsdisse: «fi~stes d.ot~m~nd~mentós
(amor de Deus e àmordopróximo) dep~.qde tôd~a lei e
os Profetas»:.; .. O mandam.ento da caridade .' resume os
nossos deveresr>ara. com Detis e pãraêoín.gprÓ~lIll~.êx:
pressos nos.>L.ivros sagrados (qu" os
aebr~us dof.~inpª
de Jesus chama'Vam: «Lei e Profetas» J~

Pesos? Não. Asas!


Dizia Napoleão que a palavra "impossível"
cionário dos fracos. :Él o que se pode afirmar com niu:iM'jpi
a respeito da observância dós Mandamentos.

:m verdade que para subir até o Céu


esfôrços, ao passo que, para descer para'
deixar o barco correr. :m verdade que I:)UJUl\.'I:)··.U
o demônio é forte; mas mereceríamos o título· .
roso dado por Napqleão, se não lutássemos
à vitória.. Eis algumas considerações .
soladoras.
1.'1 - Deus, como' Senhor manda,
ajuda.
Se em certos casos pode parecer impOl$sÍY:el
a sua santa lei, Deus coloca em n()ssas
oração e da sua graça, isto é o seu' auxíli.oV '.
invencíveis.
. 2~9 - Tantos meninos e tantas
traramem condições talvez piótE)s que as
tretanto se mantiveram fiéis à leidivinà...
",seguiram, por queIlós não haver~m()s dE)
bétn? . "
3. 'I - Lembremos que «não
.qu.em tiver seria~ente combátÚlo~ (S. ··;":-·.é:\..Uil.\:I.
;~~~s~n%9nes~;as~onsolad()ras
..~ !p:àis :~~;iJnpossíy~X flh!~pruJfr UI~·~Li;\.lJLUi;\.;L!JI;:'!*.
não serã.O Um
asas que,.o' levarão ao Paraíso.

PARA RESPONDER

maior màndamento? - Que significam as pala-


«Qêstesdois rp:andamentos depende tôda a lei
. -,.'Que considerações nos devem animar à obser-
,rnandamentos? .

PARA RECORDAR

que são? - o resumo dos Dez mandamentos


r o maior e principal - amàr a Deus
~ ti segundo semelhante ao primeiro
l -' amar o próximo
-Deus ajuda
como fazer
..:..- Muitos conseguiram praticá-los
para obser-
v:á-1os? - Grande prêmio é prometido a
{ quem lhes fôr fiel.'
«o que, esperaria a hllIUanidadeno:dia
nasse definitivami:mte os dez mandamentos?
horrível queda! , ,
Cortemos o primeiro mandamento, e "'nt,nT·i7.~~mjrl<f'
mem a criar:-se o seu próprio Deus!
, Estaremos' de novo na Roma pagã, com, Os
deuses, ou cairemos mais baixo que os anilnais
esquerosa imoralidade. .
Anulemos' o segundo e o quarto mianl(1almE:nt0,s
os filhos da rua erguer os punhos e blasfemar de
a autoridade dos homens conservar seu prestígio.
quando se negam e ,desprezam os direitos de
E onde os pais é as leis humanas ,tiveram
autoridade, e onde o mandamento não tiyer
poder-se':á ainda falar de civilização? Não,
um bando indisciplinado" um rebanho, que só
com o chicote dum tirano.
Tiremos o terceiro mandamento que nOS ...."'.~'.....
as festas e nos impõe o descanso dominical.
Trabalha-se por tôda a parte sem' descans();
parte se ouvem os apitos das fábricas. Já em "
procura abafar ,o som dos sinos éqm o trabalho
Dizei-me: são, nesses lugares, mais felizes,
mens? Ao contrário, njio será a vida. mais """,,«0\,&«0
do que a esc:r:avat:ura? Houve jamais, na hil~tÓ>ri~(ê
unul., opressão mais esmagadora, um maior "'_,.~,,,,.,,
Osmêdicos eos economistas exig~mo ... "",,,ç,~.~,v
v "+'''',,''''''''UI,u da Igreja, que leml?ra a ob':riga~iiOd(
também ,o direito ao relOO1lSOI;'
V"'V~.""'JL".I:1V,'u.w fe!!tejar odomihg()
in,starlte!!, a luta'
o oitavo mandamento: o marido
co:n!iíaIllça napaJavra de sua espÔsa, nem a llía.e se

a fé. na palavra d~da, o respeito das leis, a


m:~ií'~d()s ... u.Ji't::~~.\)~Ç""
o amor ao trabalho, a felicidade ou infe-
. . faÍl1ilia ou duma nação, dependem da obser-
da transgressão dos mandamentos».

(Tlbamér Totb)
Li,ção III

Eu sou o Senh()r teu Deus o

oAo dar os dez mandamentos, Deus


Senhor teu Deus». O homem sente-se prêso a
liame, uma rel~, que sÓpodeter
que somente:mle é9tseu Crllid()r,
oSente, portanto, que' oê um <Íever naorSL:,'f'\
Religião: virtude que inclina a
culto.

interno, isto é: prestado ,com atos 'J1ll;OL !'Lu.:~,:, ....


externo, isto é:prest~do:Motp.,atos
Deus é Criad?f:.;~J~e~~~r,pb" individuo
também da socieclàde.Portanto, deve ser UVoL~+:Ç""
um e por outra; o Culto deve então ser ailida:
particular, isto é: prestado por pessoas
público, oisto é: prestado em nomeda..<,
li!agrados, ministros, com atosdeterminados.
o Quem dá a Deus o culto de-vido, ,'o
lmpio é o homem qUe r~cusa a, Deus .. '
nr:t.Tnnn .. teu (sem peus). O imploçumfiHto

rnY'<I ",-.< .I»i:",...:."",,'inn do sum,o B~~Ilf'eit:or,


sôbretôdasascoisas
........ ~"",..,' só.
LULJ, . . :au reconhece pràticamente esta ve'rdáde

obrigado a cumprir. :Êste culto é o


é,de adoração, como qual o homem
'.' servir a "Deus como o único e •
eSenho.r de tudo. O culto .de Ij:t,'f:ril,,;<·>;
qy:~,'é?ro' 1J"",a,u,,,.<la;QIUêles
. a,nuim e nãoestimám outra coisa
quinas, os prazeres, as honras.
siderar idólatra quem queima a utp.
ll},censo,e ao contrário não julgar J:Ul}~<:I.I~J.<:I.,'"
tgdl;l., a sua vida ao pecado, ao demónio
(S. Berna:rdinode Sena).
,2 -'- Demonolatria: é o cultoprestaªo
só o fato de. reco:r.rer ao demónio, já é ,hC~r'!i'$:~~Q
se pode fazer de maneira alguma; nem
êle' deixe ;de tentar, de atormentare n"""'"I.-tll~"
nióé o principal e eterno inimigo de Deus,
'~()<:l;e ter,relaçãescom êle.
3 - EspiritbuJio: é o culto ou 1U"V".a,~qV .. \l

tos., Praticado entre os póvos an


há'cêrca de um s~cul0,começando na
Comumente preside às sessões oa,,,',,,,,;+,,",,,
pessoa que entrando numa espécie de , ,
a comunicação com os'·espíritos. O meio"
têm ª,s respostas por, pa.rte dos .,.. .'
PI:ulÇa,dàs (se estás presente,dá uma PJ,JJ~,~ª(J;
,Qlle se movem, escritos, visões de fanLC:I,~IIul,S
'Sas estranhas.
)';:'Qué:' d,iier dê.sse~ f~nô$enos?
.
sevet;amente éstas'sesfilões:
;,(.,

a fé, pelôs'êrrbsqüesé ensinam ; sofre a


; pelo mal ques~pràtica; o sistema nei'VosQ e
. s.ofrem abalos viblentos, que não raramente le-,

'Os meios suspeitos: são coisas ou ações que se


pára obter resultados que não se podem alcan-

;"'~;;,'é'1'num mal; é superstição, produto da ignoJ,'ância


cd!! curiosidade incrédulá, da falta de confiança

Sllp€~rs·tlClOSO quem crê em objetos que dão sorte,


a figa (que tanta gente usa!); quem faz
na,s mãos ou nas cartas; quem acredita nos
çQln1.lns, quem toca num ferro (para isolar) ao ver

pagãos criteriosos zombavam dos supersticiosos.


achegou-se aC,atão e perguritQu,.tgdQ trêmulo:
ratos roeram minhas botas: que sighHicarâ isso?"
L<::IH1".[11 roido tuas botas, respondeu O,,'l!ómano, nada
seria se as bofàs tivessem roido os, ratos". .

as medalhas, imagens e orações devem-se~~~p;


efeito não a essas coisas por si meS~às;:rií:a}(;/;;~"
Senhora,aos Santos.
?i('r:pe(:aalO dê superstição é a ,
, f '. ü' . t · . \ %;.""
,,.,'..', ," " t, en'tar !!zer cOlsassurpreeU,f}nes Cbn:i:,y
,gemô~io, invocado ~iret~,oU jrl,\:líretátll~~t~i;;: ", '
"",feiticeiros. A1!lagialjt"àÍlc'al:iõ c()ntr~m.R1'
não".~.•,'PéCâd()"'."J~~Qa~o.consisteeJn"p~oyoçarefeitoS sur-
Pf~~~~~~t~",.~.2w~n~@,. R9~;~~~jp, de/lI~~~!~H~~~.' çl~.çl@~.t,;r:éia,
ç~nlOfaimn OSRveêtigii~çl()l1?~,.Qq mªgiç~ê\ •.. ," ,'. " ,."
'. '/E ohipnotiS!li~?l~qm.estªçl()13~IIleJhª~t~~o. '.E. y ••••~, .•.•"
gual.o hipnotizador pôde impor suà'vorl{àâe>'.J.~.~"i ;H~JI!'JllJ,.':"
tizado. . ..
jll ilícito, quando é contra a vontade do palcientE~i
do se quer obter resultados sobrena.turais, e ...· __~~"""..
com mau fim ou escândalo.

2.': Modos inconvenientes


O segundo gênero de superstição se COlnet:e
do culto a Deus, de um modo inconveniente.
então um culto:
a) falso; por exemplo: honrando
QuIto hebraico (já abolido); espalhando ,CLÇ!il;:)4;:)

falsas. profecia$ e falsos milagres;


b) indevido; por exemplo: dand()
à: Missa celebrada por um sacerdote que l.t::1JLL1é:li"u.
um nome particular; não fazendo certos
sábados.
Princípios. - Eis os princípios que nos
na m.atéria desta lição: '.
Deus é verdade: tenhamos fé inabalável'
na Igreja, desprezando tôdas as superstiçõe's.·
Deus ébondade: tenhamos firme l:VI[U.l(;Ul~(:.I.,
.Querer ser católico·· e espirita é· corhô
branco ao mesmo tempo. :É impossível! .",.....J'.5"~"'J
a dois senhores» (l\![t. 16, 24) .. Oucat6lico qu
ou Alla,nKardec. Ou o Evangelho todo
AllanKarcl.ec. Ou a Igreja ou o "'>lJUJL~'~,U"J.
sessão espírita. Ou a Mesa Eucarística. do
dansante de Satanas. Um e outro é que não;
Ser católico de manhã e· espirita à tarde; "~Q'~~",,,,,
por um defunto e ir invoca-lo depois;
a
ao centro - seria servir dois senhores; .
Foi Cristo que O disse.
:É por isso - como admoesta um dos
em carta: pastoral - proibido, ilícito, e pe-callDillloiSO:
~
1) 'professar
' . ,.
as. doutrinas
. ou· princípios ao .elmll
entregar-se às praticas espíritas;
2) defender ou apoiar o espiritismo, ou .nT',,:;,::t:í:lt'.
quer auxilio moral ou material;
3)· assistir às sessões espíritas, ainda q1,le
curiosidade, ou com assistêricia meramerite n"""""",.
de·conivência, de aplauso e cooperaçãoindireta
essenciâImente ma; ..
·4) assiStira conferência ou discursos eSl>írjlta:
razão· e ainda porque é coisa injuriosa e

escutar programas espíritas pelorãdió;


tar, POI'sf ou poroutros,:ede
. em dispensarios espíritas, . oú •
<~) adplitir comopadriI}hos de:batís11l0óti de crisma pes::'
S0a$r;eS9. << '"mente7s~lritas; «««.«« ««< ««« <<< <
<J·iOJ;~·a. < «< •<~Il1bralÓw(.pecl11iitiriatnenteás instittiiçõ~,os
as.U9,~;~;~o~p1tais,etG;,:mantid9S pelo·. esp~ritismo.
ô "• • (j~'Vid~}ltemeIlte oéspiriti~mo'umcomplexode veu,.l,p

~. .....~~~~s;~(jn<ieIladas heresias, valem para os ,espifitas as


,pell.~~.l}ltiii:idaspelo Código do Direito Canônico contra os he-
r~g~s,isto é: \lii
'''i}, Sãó excomungados; isto é,. excluidos da comunhão dos
!i~i<~.~priYà,dOs· de muitos beJ;lefícios espirituais, enquanto não
s~ar:t;~p;eIlderem e não receberem a absolvição da competente,
lÍu tb:ridáde eclesiástica:
. aftodos aquêles que ciente e voluntáriamente aderem ao
~~pil"itis,mo ou se fazem espíritas. (can. 2314) .
. b)< <. todos aquêles que editam livros que expõem ou defen-
dem b espiritismo, embora êles mesmos protestem não serem
espíritas: (can; 2318 § 1).
,\.;,pJ <. todos aquêles que defendem tais espíritas. (can
2a'~<8§ 1).
d) todos aquêles que lêem livros espíritas, sem terem para
is~p.lice.nçaespecial do Bispo, muito embora êles mesmos de-
Clarem não serem nem quererem ser espíritas; (can. 2318 § 1).
'e) . todos aquêles que guardam consigo ou fazem guardar
tíott!,olltrem livros espíritas, ainda que êles mesmo não os leiam
nem queiram ler; (can. 2318 § 1).
2) 'não podem os espíritas receber os Sacramentos, aiMa
:.~ue;9speçam e estejam de, boa vontade, sem préviamente abju-
,fare.111.D ' espiritismo e se reconciliarem com a Igreja; (can.
'7;5~t(2)' • . "
'al não podem ser aceitos como padrinhos de batismo (can.
756< )l:.2) nem de crisma (can. 795 n. 2).
4) não podem ser enterrados pela Igreja;-(can. 1240 § 1
n:1}<;<,.
. ~.<$):<;fião podem encomendar Missa de sétimo dia, nem qual-
quer outro ofício fúnebre (can. 1241);
<•• 6.)<não podem os espíritas casar com católicos, nem os
católlQOs c0.m espíritas (can. 1060h>.
(FREI BOAVENTURA O.F.M.)

- 28-
Lição IV ,

IrrellgiQsld@de
"Apavorante foi o fim de Voltaire, .o patriarca da!mple9:ade,
O furioso negador de Deus ficara gravemente d.oen:te.M~ndõwocRa~
mar o sacerdote e quis confessar-se. Antes da absolvição; °retratóú
publicamente, em escrito ratificado por duas testemunhas;:sua~~'ca~
lúnias e insultos contra oa Igreja e a Religião, e manifesto).J.sua
confiança no perdão divino. Ora, Voltaire não morre~. Rest!lBe!e:
cido, abandonou sua conversão e continuou oa ser o oqUe dantesfôra:
um incrédulo zombador. Mas recaiu gravemente doente. Oütili:vez
pede um confessor. Seus amigos de incredulidade não oaten~~m~
Voltaire suplica ..• em vão. Em dado momento Voltaire ocõfueç~!l
,ritar e esbravejar desesperadamente: "Um punho me oagatr!l:ie'~~
arrasta ao tribunal de Deus ... O demônio quer levar-me':';:oVejo
o inferno .•. oh por piedade, escondei-me!" Um dos presente~~iiq'
suporta e se precipita para fora: "Não é possivel vei' ümaoçpisa 00

destas". Essa foi a morte do "pai da incredulidoade". o"

Que é?
Irreligiosidade vem a ser tôda e qualquer irreY~I"ên,.
cia co.ntra Deus, direta o.U indiretamente co.metída:ntls"
pesso.as o.U co.isas sagradas.. Os ato.s de irreligio.sidaltêo.re:
duzem-se a três: o o
1 - tentar a Deus, 2 - sacrilégió~ 3

Tentar a Deus
Co.nsiste numa ação. o.upalavra co.m a
pôrD~ui à prova,.isto. é, tentar saber se,
po.ssJliou não esta oua,quela perfeição. (pod,erí . ·I:l~;~.\.I.qJ.;o+i;lo'
E/tc.) , o.u pedir-lhe !um fato.extrao.rdinário., s:e:m<llelrttJ:l;lm
!direit:ç)qu ntotivo.sy.{içientepara iS fa9'
exepiplo típico é o de Herodes An-
ver um milagre de Jesus, preso, alí, em

',;N:,-/,I,',I,,' presunção: dêstepecado foi que Jesus acusou


0111"'1<""....".,-,,, tribtas de Nazaré, que dêlé haviam pretendido
«Os prodígios ,que fizeste em Cafarnaum, faze-
terra também».
:El'stâ, tentando a Deus quem raciocina assim: «Se
R,~~~;existe, se é poderoso, se é bo.m, que o prove impe~
';;~ililige~tadesgraça ou concedendo-me esta graça». Isto
;:';f;;;~~:J'f~;1~,;< ""'::; ,;
;es;~P'eçá:iog,raVê;
;;;~,ix~'fenta li Deus também quem dêle pretende a aprova-
~;~,~;s~mestudar,a cura sem empregar os méios ordiná-
,;?tf~~Y':;~>rléfesa da inocência sem evitar as ocasiões perigo-
,i; Sfl,$Itil ,CQ!n O; certos filmes, amigos, bebidas, etc.

ê',:;,' cS~~ep~cado será mais OU menos grave, conforme o pe-


it;~<iÜecada um se expõe.
i5'à~~amente:
":'
«ajuda-te que Deus te ajudará!» li: ,
!,:-:~~>

':.i)~fazer ,como se tudo dependesse de nós; mas rezar i'

;ºqnj~is,~' tudo dependesse de Deus.


;"; '''l ,',

;:::::;';~~â;1p'r()fanação,istP é, tratamento indigno de pessoa


,9~,go~§as~grada. E pessoal, quando se profana;u.mapes-
's,9~;,~~~iísa?rada a Deus, precisamente por ser consagrada
a.;d~us ; por exemplo, injuriandQ,b,atendo nutnsacerdoté',

,... -30·::.....-
numa freirll.:E19.~1 q1J,andoSéprofan~ uln'lugar sagrA-
do ; por exemplo, rouban:d.o~brig~lld(}!~rª'ti~~ndom4~
ações'na Igreja, npcep1itério.E'real,qu~~aQ'~9' . a .
uma.cóis,a sagrada; por exemplo, recebendoceni~:l? o
mortal um sacramento de vivos, 'desprezançlo ass:a.W~4í:1.s
imagens e a água benta, servindo-se para. usos;p~§' ....... .
de vasos ou vestes sagradas. ..
O sacrilegio pode ser leve, se a matéria .élêV~;}~ór:
inadvertêilcia ou por outras circunstâncias que tirát:i';âi~
gravidade. Mas em si é .pecado grave.:;:;:~~:
Nosso Senhor o condenou muito severaníeIlte;\ri~ij: . .
·' suas três espécies. ., ":i,~:\;
Disse Deus: «Não toqueis em quem me é
grado!».
Empunhando um chicote, feito de corda,
pulsou os vendedores do Templo, exclamando: «Nã~:I~ii$<
da casa de meu. Pai uma casa de comércio!».
Jesus ainda advertiu: «Não!) d'eis aos câesàs,eôi$á:s'!.g·
santas e não lanceis aos .porcos as vossas pérolá.~,i~f~::f;.:
que não as pisem com os pés». Com as palavras.cã~~;.~;~2:';
porcos, Nosso Senhor queria referir-se aos .maUS. ' ú } : ,>" ~

,,~,</"
Simão, chamado o Mago porque se dedicava à magia, f6'{i~i-'i'j{;~;j4';;~
dia com. ps Apóstolos, os quais operavam muitos prodígios,.~.ofere~~·,'
., ceu-lhesdinheiro dizendo: ..
. .c... Dai-metambéma. mim o poder de fazer receber 'ô' J.~$~(fltQ' •.•
Santo àquêles a quem eu impuser as mãos.
,. Mas' Pedro lhe disse:
~ Que o dinheiro sirva para a tUa. ruína, .porque J ""","PO"
dpm de Deus é objeto de comércio. .
Qoisasespir~tuais~ . sacramentos, .sl1ntaMissa, .bén-
·ç~ôletc. .' .
Çone~s com as>éspi.I'Ítuais: cálices, relicario~;rosá­
tios, cf1lcifixos bentos,. indulgenciados, etc.
Ásjmonia é. um pecádo que ofende grandemente a
. 'E)ep§, porque não há nenhuma proporção entre as coisas ""ç
. ·;es~~~i~'I.l!1is·e o preço material.
" /;<A,

.............. l,.Q OS padres exigem pagamentos pelas Missas, '.J


···.B~~~os,fúnerais, etc.
'--- <""'<3<' .,"" ,

. . • f;'~ ..·tesposta:
Não se trata de pagamento, mas de uma
. i~~I~rtªpara .que o ministro do culto possa viver segundo
():~f~estado. Diz São Paulo: «Quem serve ao altar, deve
).\n:~~~.do àltar», e «Deus ordenou que aquêles que pregam
-,
.;;i~·)TI*angelho .vivam do Evangelho» (I Cor.).
:};."..... ,
.
:·M~:Si·~2ó'Í . · .Às vêzes se '~endem relicários, terços, velas, cru-
.êi:fixos bentos. .
Resposta.: Paga-se somente o preço do material e na-
da .' se .deve pagar a mais, por causa da bênção ou con-
sagração:
Nota: Os objetos indulgenciados, quando vendidos,
perdélrr as indulgênêias.

PARA RESPONDER
,,' :~":~}~»,':,;',.~~:t:.~
. Que vem a ser:tetltar a Qeus? - Quaissãp$uas caUSas?
. Ç;9Inú.se pode, tentar a Deus? - Que é os~criíégio.? De
·q\l.!3J}1:asesPécies pode ser? ~ Por que.a sinionia tem~stenome?
:':'::'~1i~ 6? --Por que ofendl!ap~US?' . .

-32'-
PARA RECORDAR

é - pê'r Deus à prova


Tentar a Deus· { incredulidade
{ sua s c a usa s curiosid~de
presunçao

1.- Manda.
é sa&'r~~~fanação de pessoa .. o.. u... C.Oi• .
Sacrilé,io
m.nto: prol. pessoal (de .pessoa)
be a Irre-
Ciosidade 1 como se divide real (de COi.aa)
{ local (de lugar)

é compra ou venda de coisas espi-


rituais
Simonia cousas espirituais ..
{ quantas espécies { conexas
e
com a II .
espirituais
\ \!, \ \

RELIGIÃO? PARÁ QUE?

Infelizmente, não só entre os adultos mas também entre.os


jovens, encontramos os que por tudo se interessam, menos pela
religião .. Eu mesmo os conheço. Para tudo mostram interê~se,
lêem muito, são esforçados esportistas, dansam bem, sua com-
panhia é agradável; e, apesar disso, estou apreensivo por seu'
porvir, pois são insensíveis e surdos à grande, à máxima ques-
tão: a religião.
Por que são assim? E como chegaram a êsse estado?
É difícil dar resposta acertada e cabal.
A maior parte, porém, só pode apresentar como motivo,
muito triste aliás, o fato de encontrar o indiferentismo religioso
tanto na família, como em qualquer meio social. Infelizmente
é a plena verdade! O homem moderno corre atrás de tudo,
cuida de tudo, mas foge com covarde timidez da questão mais
importante e decisiva - a questão da fé. «Que me importa
isso?»- e encolhe os ombros.
Mas agora, meu amigo, vais responder-me: Que há de mais
importante e decisivo do que dar solução cabal à questão da fé?
Não é dela que depende tóda a exiSLencla, a orientação e fina-
lidade da vida? Como decorrerão essencialmente diferentes as
.vidas de dois homens: um c.:ue não espera nada além-túmulo:
o materialista; e outro que acredita na continuação perfeita e
eterna da vida terrena, depqis de uma morte feliz!
Quanto mais depressa e seriamente te ocupares desse mag-
no assunto, tanto mais fácil será o problema de sua mocidade.
- Embora me aplique com o máximo esfôrço, embora de-
senvolva o mais perfeitamente possível meus dotes espirituais,
se não tiver religião, minha sorte será: obra inacabada, pássaro
sem asas, vida sem sentido, um dínamo a que falta corrente
elétrical
Qúe será minha ciência, meu invejável caráter se me fal-
tar Deus? Bela moldura sem imagem - De que I;!erve a mais
forte lâmpada, se não. estiver no circuíto da fôrça? - Quanto
vale uma esplêndida carreira, uma vida que parece brilha,nt$s::-
sima, se não estiver ligada a Deus, o centro vital das almas por
:a:le criadas? - «Terra sem sol, noite sem estrêla, corpo sem
vida, viajar sem destino, homem sem pátria, criança órfã, cora-
ção sem felicidade: eis o que é a alma sem Deus ... ».
~ , ~ ~ ~" '

(A religião e a juventude - Tihamér Toth)


J

Liçu'o V

Os 'heróis da santidade
Luz que se :multiplica, sem se dividir
\
Suponhamos uma deslumbrante fonte de luz: cheguemos-lhe oulrai
mechas e acendamo-las à sua chama. Diminuirá a luz da fonte lumi-
nosa principal? - Claro que não!

Assim, O culto dos Santos nada tira ao culto de Deus:


êste não se fracciona com prejuízo' de Nosso SenhO,r; pelo
contrário, enriquece-se maravilhosamente. Há grande di-
ferença entre os dois cultos, como podemO,s ver pela sub-
, divisão do culto católico:
Culto de latria, ou adoração, prestado a Deus so-
mente; culto de dulia, isto é, dos servos, prestado' aos
Anjos e aos Santos;
, culto de hiperdulia, isto é, de dulia superior a todos
os outros santO,s, prestado' a N o'ssa Senhora;
culto de protodulla, isto, é, de dulia preferencial ,à dos
Santos, prestado a São José.
Em duas palavras: a Deus prestamO,s adoração, aos
Santos veneração. Entre estas duas palavras há uma
diferença com sabor de infinito, porque assinala a distân-
'cla que separa a grandeza infinita de Deus da grandeza
finita dos Santos.
.A Igreja constantemente põe em relêvo essa diferen-
ça. Por exemplo': nas invocações, ao se dirigir a Deus,
ensina-nos a dizer: «Miserera nobis - tende piedade de
nós; e referindo-se aos SantO,s: «OraOO pro nobis - rog~f
por nós". O Santo, intercede, mas somente Deus é qJe
concede.

-36-
A veneração que prestamos aos Santos está. muito
bem alieerçada.
O uso universal exige que se preste honra a quem
ocupa um lugar distinto no govêrno, ,no valor, na ciência,
na arte. ::m razoável que se honre sobretudo a quem apre:
sente excelentes méritos na Religião.,
A Igreja, assistida pelo Espírito Santo propondo-nos
os exemplos da Sagrada Escritura, recomendou em todos
os tempos o culto dos Santos. Deus quer êste culto, como
quer que prestemos homenagem aos justos da terra; e
no-lo recomenda concedendo aos Santos assim honrados,
amplos poderes de realizarem prodígios.
Diz um provérbio alemão: «!De modo algum pod~ria
eu transpor a soleira de uma casa, em que minha mãe
fôsse menosprezada». :Êste provérbio' pode ser aplicado à
Mãe de Deus. Nossa Senhora acompanhou sempre a seu
Divino Filho; de Belém ao Calvário; onde está J esus,e~­
tá Maria, e portanto os que querem afastar Nossa Senho-
ra, afastam o próprio Deus, como fazem os protestantés.
Desde o momento em que, por vontade de Deus a Santís-
sima Virgem foi saudada com o primeiro «Ave» do Anjo,
o culto filial para com Maria na Igreja Católica nunca
cessou e jamais cessará. E iDeus compraz-se tanto com
êste culto, que derrama, sôbre os que honram sua Mãe,
bênçãos e graças a mancheias.
O mesmo acontece com os Santos: honrando-os, ale-
gramos a Deus, que é assim glorificado na pessoa de seus
mais fiéis amigos.

Os amigos de Deus
Há a santidade inicial, que consiste em ter a alma na
gra~ade Deus e é necessária a todos, para se tsalva:t:em.

-37 - '
Há .a santidade comum, que consiste em praticara·
virtude segundo o próprio estado.
Há a santidade heróica, que consiste em praticar a
virtude em gráu heróicO.
O heroísmo mais alto é a característica dos Santos,
os quais reproduzem em si os ensinamentos e os sublimes
exemplos de Jesus Cristo, a ponto de poderem dizer com
. São Paulo: «Não sou mais eu que vivo, mas é Jesus Cnsto
que vive em mim».
A grandeza impressiona a alma e arrasta-a à imita-
ção. Por isso, a Igreja decreta as honras dos altares não
somente para glorificar êstes valorosos filhos, mas tam-
bém para éstimular à imitação de Jesus Cristo os filhos
'que ainda lutam na terra. ~Eis os graus que levam à.'3
honr~s dos aliares:
Servo de Deus: quem morreu em fama de santidade.
Pode receber culto particular, isto é: uma pessoa por sua
'Conta honra êste ou aquêle «Servo de Deus».
Venerável: quando Roma reconhece com decreto ofi-
daI que o Servo de Deus praticou as virtud~ em grau
heróico ou então, se se trata de um mártir, declara que
seu martírio é fato provado.
Beato: quando o Papa determina a honra pública dos
altares, não, porém, em todo o mundo, mas somente em
determinadas regiões ou institutos.
Sant.o: quando, por decreto definitivo e infalível do
!Papa, o nome é inscrito no catálogo dos Santos e o culto
público é permitido em tôda a Igreja.
De quanta conveniência seria que todos, no Batismo,
recebessem o nome de um Santo, que lhes fôsse protetor
e modêlo! :mste celeste padroeiro repetiria a cada um de
nós: .«Queres participar da minha glória no Paraíso? Sê
meu imitador como eu o sou de Jesus Crist()).

-38..,.",.
e era como nós!
PedIo Nion tinha treze anos. Descoberto como cristão, foi cruel-
mente torturado. Mas sorria debaixo da chuva de pancadas. Um
carrasco enfiou-lhe uma lança nas. carnes dizendo zombeteiramente:
- Continuarás' cristão?
- 3im!
- Então engole esta ameixa!
E lhe apresentou um carvão aceso. Pedro abre espontâneamente
a bôca. ..) ,

A tortura repetiu-se diversas' vêzes, e em tôdas elas o pequeno


mártir fêz firme profissão de fé. Morreu' estrangulado na prisão,
ma~ agora encontra-se feliz no céu: é o pequeno Beato Pedro, glo-
rificado em 1925.
E era um menino como nós!

PARA RESPONDER
Lembra ainda o que é o culto? - Que significa culto de
latria, de dulia, de hiperdulia, de protodulia? - Em que se
funda a veneração que se presta aos Santos? - Quais ,são os
graus de santidade? - Que significa Servo de Deus, Venerável,
Beato, Santo? - Escreva com suas palavras e recite uma fer-
vorosa oração para que Nosso Senhor o faça forte na fé e
disposto a defendê-la a qualquer preço.

PARA RECORDAR
de Latria ou adoração devido a Deus

a) é presta~ hiperduUa: a
C u 1 t o do a os Maria SS.
de dulia ou santos protoduliíi: a
1.0 Man- veneração São José
damento: b) divide-se
ordena- em OS Santos
dulia .
nos tam- . { ··os An: s
b é m o a) são -'-' amigos de Deus
cultl? dos
Santos inicial (estado de graça)

l
a) é presta- comum (prática das virtudes)
Os San tos do aos
Santos he~óica (he_{ Servo de Deus
b) divide-se rOlsmo n a Venerável
em prática das Beato
virtudes) $a:q~g
o
Lição:VI

As sanlasrelíqúias
Despojos gloriosos
As mulheres espartanas, depois do combate, procurávam ansiosa-
mente o cadáver de seus mortos. Se êstes apresentassem feridas Das
costas, elas tristes e chorosas transportavam o cadáver para os se-
pulCros comuns, sem honra. Mas se os cadáveres apresentassem feri- '
mentos no peito, então com a máxima pompa os faziam transportar
triunfalmente para os gloriosos sepulcros privilegiados.

~A Igreja procede assim com os corpos dos seus he-


róicos filhos, tombados gloriosamente na luta contra o
demônio. E as razões são fortes.
o'corpo suportou <O pêso mais grave da virtude e da
santidade: morttllicação" jejuns, vigílias, fume, sêd~ e
também o martírio:
o compo foi o templo santifi~ado pelo Espírito Santo
que nêle entrou com os Sacramentos, reinou soberana-
mente com a geneTosa correspondência à graça, foi defen-
dido heroicamente até o sangue;
O corpo será um dia participante da glória imortal
que resplandeceu no corpo de Jesus triunfador da morie,
no. <!ia da Ressurrei~ão.

As Relíquias
Um jovenzinho patrício romano atingira a idade de trocar a veste
de menino, pela de adolescente. A matrona SUa mãe pendurou-lhe
ao pescoço uma correntinha com um precioso estojo, contendo uma
esponja embebida de sangue, e lhe disse:
- Noqre filho do mártir Quintino, herdeiro daquêle sangue cujos
restos trazes contigo; saberás viver, e se fôr necessário morrer como
êle?
A resposta do jovem Pancrário foi o martírio que também êle
sofreu aos vinte anos.

- 40 ......
C'Om êste mesm'O ard'Or de fé devem 'oS venerar as,
relíquias, ist'O é, 'Os rest'Os, as partículas d'O c'Orp'O de um
sant'O 'Ou de alguma c'Oisa que lhe pertenceu. Âs relíquias
p'Odem ser: -
insignes: 'O c'Orp'O inteir'O 'Ou uma parte' inteira: ca-
beça, braç'Os, etc.
notáveis: partes c'Onsideráveis, mas nã'O inteiras;
mínimas: 'Outras partículas iriferi'Ores.
Esta veneraçã'O n'Os é ensinada p'Or iJ)eus, pela. Igreja
e pela razã'O, que apr'Ova 'O c'Ostume universal de guardar
c'Om am'Or e veneraçã'O 'Os 'Objet'Os que n'Os lembram pes-
s'Oas amadas 'Ou admiradas. Para nós a sagrada relíquia
nã'O será 'O amulet'O pagã'O, 'Ou «masc'Ote» d'O aut'Om'Obilista
superstici'Os'O, mas 'O penh'Or sagrad'O de um Sant'O, a'O qual
se dirige tôda a n'Ossa veneraçã'O que êle retribuirá c'Om
sua 'Oraçã'O, e n'Os lembrará sempre 'O dever sagrad'O que
tem'Os de 'O seguir n'O caminh'O da virtude.

As imagens
o navio singra velozmente as águas. Uma lufada de vento atira
ao mar a túnica de um jovem marinheiro. Ê:ste, afroritando o perigo,
atira-se à água, apanha a túnica e nadando retorna à nave. ,O oficial
adverte-o que o código militar condena severamente o abandono do
navio. [O marinheiro então tira da túnica uma pequena fótógrafià,
e mostrando-a m u r m u r a : ,
"É minha mãe". [O oficial reconhece sua fidelidade, comove-se
e louva o afeto filial.

o cult'O católic'O das sagradas imagens inspira-se em


Iguais sentiment'Os,ist'O é, n'O afeto, na veneraçã'O,' n'O
desej'O de n'Os manter.m'Os intimamente unid'Os a N'Oss'O Se-
nh'Or e a'Os Sant'Os.
A Igreja serviu-se .sempre, e prpp'Ositadamente, das
sagradas imagens, que inspiram sentiment'Os de fé ~ '. de
am'Or, incitand'O à imitaçã'O. São Gregóri'O Magn'Odiz:
«Asl imagens colocam-se naS igrejas para que os que não
sabem~ ler vejam nelas o que não podem aprender nos
livros». «Sendo nós um composto de alma e corpo, não
temos talvez obrigação de tirar proveito de todos os sen-
tidos para a nossa santificação?» (São Germano).
Deus, porém, fêz uma proibição aos hebreus:
«Não deveis fabricar nenhuma imagem ~sculpida
para adorá-Ia». Deus queria prevení-Ios contra a idóla-
tria: Os hebreus estavam rodeados de povos idólatras 9'
além do mais viveram 400 anos no Egito e 70 anos em
Babilônia, tendo continuamente debaixo dos olho.:! exem-
plos de idolatria.
Mas esta proibição deve ser corretamente interpre-
tada, pois Deus mesmo ordenou a confecção da serpente
de bronze, no deserto; a fundição dos dois Querubins de
ouro colocados em cima da arca; aprovou a fabricação
dos bois de bronze que sustentavam a grande concha no
Templo e outras figuras semelhantes. Desaparecendo o
perigo no Novo Testamento, Deus aprovou com milagres
o culto das sagradas imagens.
Reine e~ nossa família o quadro do Sagrado Coração
de Jesus! Seja sempre o branco escudo de nosso coração
a. medalha de Nossa Senhora, e o Crucifixo-bendito vigie
sempre nossas ações, até o dia em que lhe imprimirmos o
último ósculo de amor que nos abrirá as portas do Céu. t-

PARA RESPONDER

Por que motivo a Igreja honra o corpo dos Santos? -


Que sãos ,as relíquias? - Quantas espécies existem? - Quem
nos ensinou a veneração das reliquias? - Que pensa a Igreja
das sagradas imagens? São Gregório? São Germano? - A
proibição das imagens no Velho Testamento foi absol\1ta,?
PARA RECORDAR

-foi instrUmento de
É lícito hon- . virtude
rar o corpo _ templo· s. antificado
dos santos .....
{ - s e r á particlpante
porque da glória
(
1.0 Manda- Relíquias O culto das relíquias data dos pri-
mento: man" meiros tempos
da-nos tam-
bém o culto , { insignes
das relíquias Espec,ies de notáveis
e imagens Relíquias mínimas
dos Santos
por que foram proibidas no Antigo
Testamento?

Im a gen s
{
Na
Igreja
1 seu culto data dos pri-
meiros tempos
Deus o aprova com
milagres
LEITURA

mSTóRIA DA IGREJA

OS PRIMEIROS ALBORES (33-70) (

.~
A Igreja ensina e defende, através dos séculos, as Leis J

morais dadas por Deus aos homens no Antigo Testa-


mento e aperfeiçoadas por Jesus na Lei Nova.
. No dia da Ascensão, a Igreja compunha-se de cêrca de 120
pessoas, que se reuniam timidamente ao redor de Nossa Se-
nhora. Mas dez dias depois, na festa de Pentecostes, o Espirito
Santo desceu visivelmente, sob a forma de línguas de fogo, e
se iniciou a pregação públíca acompanhada de estrondosos pro-
dIliios; tanto assim que na primeira pregação de S. Pedro três
mil pessoas se converteram, e o número de convertidos foi cres-
cendo de dia para dia.
Havia entre os primeiros fiéis muito fervor e car1dade fra-
terna. Os que possuiam bens punham-nos à disposição dos
Apóstolos para atender aos mais necessitados. Para prover
também às necessidades materiais dos fiéis, os Apóstolos esco-
lheram sete ajudantes chamados Diáconos.
Mas os antigos inimigos de Jesus, enfureceram-se contra a
Igreja nascente.
o Diácono Santo Estêvão teve a honra de derramar, por
primeiro, seu sangue em testemunha da fé em Jesus Cristo, me-
recendo o glorioso titulo de ««Protomártir»» (primeiro mártir).
Um dos mais ferozes perseguidores, certo Saulo, ao diri-
gir-se de Jerusalém para Damasco com intenção de acabar com ;.
os . cristãos, foi detido por uma aparição de Jesus, que o con-
verteu de feroz perseguidor, no mais zeloso Apóstolo da prega-
ção Evangélica: São Paulo.
Nessa primeira perseguição foi morte S. Tiago Maior. S.
Pedro foi aprisionado, mas um Anjo abriu-lhe as portas da
prisão e êle então transferiu-se para a cidade de Antioquia,
onde foi bispo por sete anos: foi nessa cidade que os segui-
dores de Jesus Cristo passaram a chamar-se cristãos.
Em seguida os Apóstolos espalharam-se por todo o mundo
então conhecido, para levar a Boa-Nova.

- 44:-
Lição VII

A blasfêmia
1/ Nome santo e terrivel
A criancinha diz o doce nome de "mamãe" e o anjo da faníilia
atende-a prontamente e lhe beija a cândida fronte. Pronuncia o
nome "papai" e sente-se agarrar por dois robustos braços que a
levantam bem alto com afetuosa complacência. Atrás do nome está
., sempre a pessoa.

o mesmo se dá quando pronunciamos o nome adorã.-


vel de [Deus: o nosso Criador e Senhor volta para nós seus
olhares. Portanto, se o homem o pronuncia com o afêtoe
reverência, Deus lhe dirigirá um olhar benigno de Pai;
quando, ao contrário, pronuncia o nome divino. com irre~
verência e desprêzo, deve recear com muita razão severos
castigos do Altíssimo ultrajado.
Deus é um nome terrível e sant.o. Entre o povo he-
breu somente podia pronunciá-lo o Sumo Sacerdote, so-
mente um dia ao ano, e apenas na parte mais íntima. do.
Templo.
O Senhor ordenou severamente: «Não pronunciarás
o nome de Deus em vão, porque o Senhor não considerará
inocente quem tiver usado em vão o nome do Senhor seu
Deus».
E quando um judeu deixou escapar com desprêzo' o
nome de Deus, foi imediatamente prêso e, por ordem do
Senhor, o povo o arrastou para fora do acampamento on-
de foi morto a pedradas. O fato nos deve fazer refletir.
;Não há nome mais sublime do queêste,e portanto deve
Ser tratado com a maior reverência. Não somente· não

..,..--45 -
deve ser pronunciado com :pesprêzo; masneIh sequer com
leviandade efreqüência. «Tomamos cuidado em não usar
com demasiada freqüência um;;L roupa elegante para que
não, ,se estrague, e não nos importamos .d~ que o. nome
de lDeus, digno do nosso profundo respeito, seja maltra-
tádo». (São João Crisóstomo).
Muita reverência, portanto, para com o nome de
Deus, para não ofender a Nosso Senhor. Muita reverên-
cia também para com o nome de Maria e dos Santbs,
para não ofender os mais íntimos amigos de Deus.

o cuspe de Satanás
Que repugnância não sentimos às vêzes ao passar por algumas
calçadas! Alguns vestígios repugnantes mostram que por ai passou
gente de muito pouca educação. Coisa bem mais impressionante é
ouvir uma blasfêmia: todo o ambiente, fica viciado. É obra de
Satanas: nas horríveis cavernas infernais, demônios e condenados não
têm outra ocupação que não seja a de blasfemar.

A blasfémia é verdadeiramente cuspe e obra de Sa-


tanás porque é uma expressão injuriosa a Deus, à Virgem,
aos Santos.
A blasfêmia se comete ordinàriamente com palavra,
mas às vêzes também com um simples pensamento con-
sentiào, ,com escritos, com gestos irreverentes. li: um pe-
cado horrível, porque em outros pecados, o mais das vêzes,
o culpado visa diretamente o objeto que satisfaça sua pai-
xão e indiretam~nte a Deus; mas com a blasfêmia, êle
visa diretamente a Deus. O ladrão rouba para possuir,
mas o blasfemo blasfema para blasfemar, isto é, peca
. propositadamente para pecar. Isso é diabólico! ...
Às vêzes a blasfémia torna-se também heresia; isto
acontece quando o blasfemador, negando a Deus algum
de seus atributos, faz uma tentativa de destruir a Deus.
Para quem tem fé a blasfémia é, pois, grande impiedade;
para quem não tem fé é uma estupidez: é inútil enfurecer-
se contra um Ser, cuja existência não se admite : «Quem
blasfema :nã,:) raciocina, c quem raciocina não blasfema}).
Em qualquer caso, a blasfémia é incivilidade, infâmia,
degradação: como não se deve urrar, nem assobiar aos
ouvidos do próximo, é também dever de simples boa edu-
cação não ofender com a blasfémia as convicções alheias.
O mais das vêzes há ainda o escândalo. E que dizer
das famílias em que a blasfê':nia passa de pai a filho como
degradante e de.sastrosa herança?!

Desculpas pobres
1. Q - Não tenho intenção de ofender a Deus.
Você acha, talvez, que COm a blasfémia Deus seja
glorificado? E se eu chamasse a você de ladrão, de assas-
. ,?
SInO •....
2.'1 - ~
a cólera que me faz falar demais.
Refreie a cólera porque neste caso são dois males.
Além disso, não nos é lícito justificar um mal comou-'
tro mal.
3. 9 - ~ o maldito hábito. .. Não posso!
Vocéé que não quer! Neste caso o obrigar-se, quem
sabe, a uma multa qualqueT, mas que custe, é remédio
eficacíssimo. Devemos lembrar que quem adquiriu o há~
bito é culpado das primeiras blasfémias, que fizeram com
que o hábito se arraigasse; os pecados cometidos somente
por hábito, sem plena advertência e consentimento, não
~ão graves, nem sequer «em casa», se nos esforçamos por
livr~r-nos dêle. Podem-se substituir com exclamações ino-
fensivas que desabafam, e não ofendem a ninguém.
4.9 - Trata-se de uma palavrinha! ...
Também para matar uma pessoa basta um instànté-
zinho só!
Afinal das contas, a. blal'lfêmia. nuncatrouxevanta....
gemalguma; o blasfemo faz apenas o papel do insensato
que cosI!~ para o alto e emporcalha-se o rosto; atira. pe-
dras para' o céu e racha-se a cabeça. Merece a maldição
de Deus e o desprêzo dos hómens.

Pequeno cruzado
Todo jovem católico deve ser útil" pequeno cruzadà
da Igreja pela defesa dos direitos de Deus contra a blas-
fêmia.
~ De preferência a uma só blasfêmia, a morte ins-
tantânea!
~ Procurará não ser, em casa ou fora, ocasião da
ofensa de Deus ..
- Ã blasfêmia êle opõe a jaculatória.
Um olhar severo, um enérgico protesto, uma jacula-
tória, sufoca, na multidão admirada, o grito de Satanás.
O blasfemo, à maneira do gigante Golias, lança seu
tolo desafio, cheio de ódio contra Deus!, atingindo a vida
espiritual dos crentes. Mas o jovem católico é como Davi,
cheio de ardente fé, arma vitoriosa contra os inimigos de
Deus.
'Muito importante. Pense nas ocasiões em que po-
derá óuvir blasfêmias e reflita bem no melhor modo' de
comportar-se para impedir e reparar a ofensa de !Deus.

PARA RESPONDER

A quem atinge o desprêzo contra um nome? - Que é fi.


blasfêmia? - Como se comete? - Que pensar da blasfêmia? -
Exponha e refute algumas desculpas dos blasfemadores. - Que
papel f,az o blasfemador?

-4:8 -
PARA RECORDAR
é expressão injuriosa a Deus à Virgem,
aos Santos.
gestos blasfemos
modalidade palavras
{ pensamentos
II.O Manda.
mento' proi. A blasfémia é diretamente c o n t r a
be-nos Deus
é impiedade
gravidade

1
pode ser heresia
é sempre degradação e
incivilidade

4:9 -
Lição VIl1

Palavra de honra
!
Atílio Régulo, aprisionado pelos Cartagineses, foi enviado a Roma
para negociar a paz; ao partir, deu sua palavra de honra que vol-
taria à prisão em caso de malôgro. Régulo vai a Roma, incita os
romanos" a perseverar na luta com redobrado vigor, e depois, fi~!l à
palavra dada, volta para o meio dos inimigos, oferecendo-se espon-
tâneamente às torturas de uma morte atroz. 1:ste pagão pOde servir
também aos cristãos como exemplo de fidelidade à palavra dada.

Juramento
A palavra de um homem sério vale como um contrato:
infelizmente, porém, nem todos são corretos e é por isso
que com muita facilidade um homem suspeita de outro.
Daí a necessidade de chamar testemunhas para garan-
tir a verdade da afir.mação pronunciada ou a fidelidade
da promessa feita. E quando falta a testemunha humana
recorre-se a Deus, confiando na sua sabedoria infinita
que perscruta o segrêdo dos corações, e na sua infinita
justiça que defende o inocente e castiga o criminoso.
Nestes casos temos precisamente:
o juramento, que consiste em chamar a Deus como
testemunha do que se afirma ou promete. Pode ser:
assertório, isto é, afirmativo, se se afirma uma ver-
dade; por exemplo, aquêle que é feito no tribunal;
promissório, se nos obrigarmos a fazer o que prome-
termos.
O juramento é lícito, porque:
1. 9 - é um ato de fé e homenagem para com a sa-
bedoria e justiça de Deus;

- '"
50
2.9 - um meio de pôr fim às controvérsias, e é ga-
rantia contra a falta de sinceridade entre os homens.
Por isso diz a Sagrada Escritura: «Serão louvados os que
juram nêle», isto é, em nome de Deus.
Há, porém, algumàs 'condições para que o juramento
-seja válido e lícito.
Para que o juramento seja válido, isto é, para que te-
nha fôrça de obrigar, é necessária :
1.9 - a intenção de jurar, de outro modo não seria um
ato humano, de responsabilidade; ."
2. 9 - a invocação do nome de Deus, explícita (em no-
me de Deus, da Santíssima Trindade, etc) ou então implí-
cita (p. ex. pondo a mão sôbre o Evangelho, sôbre o Crú-
cifixo).
Para que o juramento seja lícito, isto é, para que não
desagrade a Nosso Senhor, é necessário observar o que
fez o profeta Jeremias: «Jurarás em verdade, com juízo,
e com justiça».
1.9 - Com verdade, de outra forma seria um perjú-
rio, que é sempre pecado grave, porque é como obrigar a
Deus a dar testemunho do que é falso; é acusar a Deus de
falsidade! .
2. - Com juízo, isto é, com prudência, discrição, re~
9
• !
",
verência.
«O juramento é como um remédio: tanto um como o
outro nãOI devem ser usados sem justo motivo» (Santo
Agostinho) .
3. 9 -'Com justiça, isto é, não ofensivo aos direitos de
'Deus, de nós mesmos e do próximo; é ato de impilidade
chàmar a Deus como cúmplice do mal que se tem intenção
de realizar, e quem quer ser fiel a estas promessas ma-
lignas comete duplo pecado, como o ímpio Hero~es que
mandou decapitar São João Batista, depois de haver jura-
do satisfazer a .bailarina Salomé.

* 1-
-5
Não são muito digp.os· dê fé os meninosl que têm sem-
p.reIl:a bôca a palavra «juro»; mas seus juramentos ordi-
nàriamente valem .como os feitos pela barba de Maomé
ou pelos chinelos de minha avó! ...

Sejamos sinceros
Conclusã,o prática: Nosso falar seja como quet. o
Evangelho: «Vossa linguagem seja: sim, sim; não, não».'
E isso significa: Sinceridade!

o voto
:Dá um presente muito apreciável quem oferece uma
fruta rara; dom muito mais valioso faz,quem dá a pró-
pria planta.
Coisa semelhante é justamente o voto, que é a pro-
messa feita a Deus de um bem que lhe agrada, ao qual
nos obrigamos por religião.
O fruto é a boa obra que se promete; a planta é a
vontade, que, sendo livre de agir de outro modo, se ofere-
ce a NossoSenhor, obrigando-a a agir para Ele somente.
O voto é um grande ato de adoração a Deus, Criador
e Senhor de tudo, e nos proporciona duplo merecimento:
o .mereciníénto da boa obra e o merecimento do voto; o
qual é um dos atos do culto. Por isso nos Salmos está es-
crito: «Oferecei votos ao Senhor e .cumpri-os».
Mas Deus quer votos feitos assim:
1. 9 - a promessa deve serde fato um compromisso, e
não u:r:nasimples resolução;
2. Q - feita a Deus, mesmo que seja em honra ou por
meio de Maria ou dos santos;
3.9 - voluntári~ e livre não vale, se for feita sob a
influência de grave temor incutido por outrem, com o fim

-52 -
de extorquir o voto; não vale, sem o co:p.sentimento de
quem manda nas coisas em que aêle estamos sujeitos;
,4. 9- de um bem agradável a Deus: a coisa nãó deve
ser contrária às virtudes cristãs,mem aos conselhos evan-
gélicos;
5. 9 - sob pena de pecado, ao menos venial.
O voto é um contrato muito sério, que se faz com
Deus. Se é pecado faltar às promessas feitas ao homem,
pecado maior é faltar àquelas feitas a Deus. Êle diz:
«Quando tiveres feito um V'oto ao Senhor teu Deus, não .
tardarás em cumpri-lo porque o Senhor teu Deus te pe-
dirá conta, e a demora ser-te-á imputada em pecado.
Não terás pecado se não quiseste prometer,. mas o que
uma vez pronunciares com tua bôca o manterá,s'e fará~.
no modo como prometeste ao Senhor teu Deus».
Violando o voto há, pois, falta, porque se' ofende a
virtude da religião (você lembra ainda a definição desta
virtude?).
O pecado é leve se a matéria é leve; em matéria grave
a culpa é grave se houver intenção de se ligar sob obri-
gação grave.
Mas a 'Obrigação do voto não é uma cadeia de ferro,
cruel e irrazoável. O voto pode cessar por várias causas,
porque o cumprimento da promessa pode-se tornar ilícito .
(contra os próprios deveres), impossível (ninguém está
obrigado ao impossível), inútil (p. ex. a esmola a um po-
, ,bre que. enriqueceu). Além disso, o voto pode ser anula-
do\pela competente autoridade, ou então comutado e subs-
tituído por outra coisa.
Conclusão prática. Pensar bem antes, para não se
arrepender depois! Em 'qualquer caso, para decidir e para
desligar-se, é preciso recorrer ao Confessor.
S~crifício de Jefté
]l:stando Jefté, chefe dos hebreus, combatendo contra os Amonitas,
muito superiqres em número, quis garantir a vitória fazendo o voto
de sacrificar Íl Deus a primeira pessoa que lhe viesse ao encontro
à sua volta. Foi, combatEM, e venceu. Qual não foi, porém, sua
aflição, quando à volta viu a própria filha, que, cantando e dançando
com outras donzelas, corria ao seu. encontro para prestar-lhe festiva
acolhida! Arrependeu-se do voto 'feito 'inconsideradamente e mais
inconsideradamente o cumpriu.
ll:sse fato nos deve ensinar a não fazer promessas nem votos, de
coisas incertas ou que não se possam cumprir sem pecado, como,.
foi o de Jefté.
(São João Bosco - História Sagrada)

PARA RESPONDER

Por que motivo se faz o juramento? - Que é o juramento?


- De quantas espécies? - Por que é, em si, lícito? - Que se
requer para que um juramento seja lícito? E para que seja
válído? - Que regra segUir no juramento? - Por que o voto
é coisa boa? - Como deve ser feito? - Pode cessar algUma
vez? - Regra prática no fazer votos.

PARA,RECORDAR

é - chamar a Deus em testemunho do


que se afirma ou promete
asertório
divide-se em e
{ promissório
II.O Manda-
Juramento
mento:nos
manda cum- VálidO{ !ei!~:O:
de Deus
i~:!::~::
prir os votos

1
e os jura- deve ser
mentos feito -com' verdade,
licito { com juízo, com
justiça
ilicito
o voto Quando ceSSa a obrigação impossível
{ { inútil

-54-
LEITURA

mSTóRIA DA IGREJA

AS FERSEGUIÇõES (64-313)

Milhares de márti~es deram a própria vida nos pri-


meiros tempos, pela liberdade e pela defesa dá :Lei· de
Deus e da doutrina da Igreja. Ainda hoje continuám
os Mártires a declarar com o sacrifício de seu sangue
que na Igreja se encontra a verdade e a liberdade mais
perfeita para os homens

Nos três primeiros séculos da Igreja, houve 10 grandes per-


seguições, nas quais milhares de cristãos derramaram seu san-
gue pela fé em Jesus Cristo.
As grandes persseguições começaram com Nero, carrasco do
gênero humano. No ano 64 provocou o incêndio de Roma, atri-
buindo aos cristãos a culpa dêsse crime. As maiores atroci-
dades, ferro, fogo, feras, foram praticadas contra os heróicos
confessores da fé. S. Pedro, condenado à crucifixão, quis hu-
mildemente morrer com a cab~ça para baixo na colina do
Vaticano. São Paulo foi decapitado na estrada que liga Roma
a Ostia.

o GRANDE TRIUNrFO (313-622)

Após a vitória sôbre o Paganismo conquistado pelo


sacrifício dos mártires, a Igreja enfrenta uma nova luta
em defesa de sua doutrina contra as heresias
No ano 312 o império romano dividia-se em três partes: a
Itália sob o govêrno de Maxêncio, as Gálias sob Constantino,
e o Oriente sob Licínio e Maximino. Constantino moveu guerra
a Maxêncio.
lira planície do rio Pó, em pleno dia, apareceu-lhe uma cruz
luminosa com as palavras: «ln hoc signo vinces»: «Vencerás
com êste sinal».

-55-
Constantino mandou Qordar nos estandartes militares a
cruz' e o monograma de Cristo.

e ganhou, às margens do Tibre, uma estrepitosa vitória.


. No ano seguinte, em sinal de reconhecimento para com
Deus emanou, juntamente com Licínio, o célebre edito de Mi::'
Ião concedendo plena liberdade aos cristãos. (313).

ARIO E AS HERESIAS

Terminadas as sanguinolentas perseguições, a Igreja, sem-


pre combatida e nunca vencida, sofreu o ataqUe das heresias.
Uma das mais funestas foi o arianismo, que sustentava que o
Filho - Segunda Pessoa. da SS. Trindade - não era da mesma
natureza do Pai, nem eterno como ftle, mas sim uma simples
criatura embora superior às outras: Filho de Deus por adoção.
O arianismo negava, portanto, a divindade de Jesus Cristo.
Essa heresia, espalhou-se largamente, de modo especial na
Asia Menor. Sentinela vigilante da fé, o Papa Silvestre I, de
acôrdo com o Imperador Constantino, convocou para Nicéia os
bispos de tôdas as partes do mundo no ano 325, mandando seus
legados para o representarem e presidirem ao Concilio. Reuni-
ram-se 318 Bispos, alguns dos quais traziam ainda em seus
membros as cicatrizes do martirio sofrido nas perseguições;
outros eram célebres pela doutrina, pela santidade, e milagres.
Declarando que o Verbo é consubstancial, isto é, da mesma na-
tureza ou substância do Pai, o Concílio derrotou o Arianismo.
Foi nesse Concilio que se compôs o' simbolo Niceno, isto é, o
Credo que se recita ou canta na Santa Missa.
Autor do arianismo foi Ario, natural da Líbia.

• • •
- 56-
Depois de Ario surgiram outros grandes heresiarcas, 'como
Macedõnio, Nestório, Eutíquio. Mas a Igreja os venceu a todos,
enquanto que êles pereceram miseràvelm~nte.
Apareceram também neste período grandes inteligências
que, com palavras e escritos, defenderam a verdade da fé cristã.
Muitos dêles distinguiram-se ainda pela santidade e chama-
ram-se. Padres, isto é, Pais, alimentadores e defensores da Fé
(
I
Católica.
No Oriente destacam-se: São Basílio, São Gregório Nazian-
zeno, .São João Crisóstomo. No Ocidente: Santo Ambrósio, San-
to Agostinho, São Jerõnimo, S. Gregório Magno.

, "

.<

1:1'
ii
I

, --57-
, I
i'
Lição IX

o cullo externo
No monte Sinai, o Senhor pronunciou estas palavras:
«Lembra-te de santificar o dia de sábado. Por s,eis
dias trabalharás, e farás tôdas as tuas obras. Mas' o
sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; nêle não farás
nenhum trabalho, tu e o teu filho, a tua filha, o teu servo
e a tua serva, o teu jumento e o forasteiro que está den~
'tIIo de tuas portas; Porque em seis dias fêz o céu e a
terra, e o mar e quanto nêle se contém e repousou no sé~
timo dia: e ,por isso o Senhor aben~oou o dia de sábado
e o santifi~ou».
Esta é a ordem e ,o exemplo do Senhor.
Deus criou o tempo. Êle é, pois, dono do tempo;
por isso é necessário que ao menos uma parte dêle seja
santificada, isto é, consagrada a Êle; no Velho Testa-
mento, por ordem divina consagrava~se a Deus o sábado,
que era o sétimo dia da semana. No Nôvo Testamento,
ao invés, a Igreja substituiu~lhe o primeil'o dia da sema-
,na a que deu o nome de [I)i()mingo (de: «dominica dies»
= dia do Senhor) porque nesse dia se realizou o gran-
dioso milagre da Ressurreição de Jesus e a descida do
Espírito Santo.
Observa-se êste mandamento por meio do culto, não
somente interno, mas também externo.

Os dois cultos
1. - O homem é composto de alma e corpo; como
criat'ura totalmente dependEnte de Deus, o homem deve

,-58-
honrar o seu Criador e Senhor, com todo o seu ser: alma
e corpo; a alma que é a parte mais nobre, prestará o culto
p.rincipal, o culto íntimo, interior. O corpo, sendo infe-
rior à alma prestará o culto secundário, mas necessário,
isto é, externo.
Disse Jesus à Samaritana: «Deus é espírito e os que
O adoram, devem adorá-lo em espírito e verdade». Com
estas palavras Jesus entendia dar a máxima importân-
cia ao culto principal, isto é, ao interno, mas não desa-
provou o culto externo; deu-nos até um admirável exem~
pIo, freqüentando o Templo desde a idade de doze anos,
indo à Sinagoga, celebrando a primeira missa no cená-
culo e fazendo muitos atos de culto externo para dar
glória ao seu Pai.
2. 9 - Ê coisa muita natural entre os homens o em-
prego de sinais externos, a fim de manifestar os sentj-
mentos correspondentes: riso e pranto, louvor e repro-
vação, aplausos e imprecações; distintivos, uniformes,
bandeiras, monumentos, etc. Não podemos pois negar a
manifestação externa dos sentimentos religiosos, f.1em re-
negar a natureza humana.

.Transfusão de sangue
O sangue leva a vida do coração a tôdas as partes
do organismo. A deficiência de sangue provoca a ane-
mia causadora da palidez, sinal lívido da morte que se
aproxima. Nesses casos recorre-se muitas vêzes à trans-
'fqsão do sangue, oferecido por generosos «doadores de
sartgue»., .
O cristão também sofre desta terrível doença. Lon-
ge da Igreja e das práticas religiosas, pouco a pouco,
por falta de alimento espiritual, perde-se o espírito re-
ligioso. A fé vai-se aos poucos apagando, e a morte se

-59-
avizinha. Isto acontece porqJ.le o homem é um composto
de al:r;na. e corpo que exercem mútua influência: os atos
externos do culto alimentarão sempre mais a vida da
alma.r

a
Freqüentemos portanto Igreja, pois nela:
a) nos reconhecemos irmãos em Jesus Cristo, e
filhos da Igreja;
b) o povo fiel se instrui e se afervora;
c) nos amparamos e entusiasmamos com o exem-
plo recíproco.
Na Igreja encontramos muitos bons irmãos, que são
exemplo e estímulo para a prática da vida cristã. En-
contramos sobretudo na Santa Missa e nos Sacramentos
o .substancioso alimento do excelso Doador de Sangue,
Jesus.
PARA RESPONDER

Por que devemos consagrar algum tempo a Deus? - Que é


o culto externo? - Como demonstraremos a necessidade do
culto externo? - Por que é muito útil frequentar a igreja?

PARA RECORDAR

No A. T. o sábado (Sétimo
Tempo consagrado dia)
a Deus
1
No N. T. domingo (primeiro
dia)
- o homem é composto de

111.0 Mandamento: alma e corpo


santificar Do- - Os homens manifestam os
mingos e festas sentimentos também com
Necessidade do os atas externos
culto externo - longe das práticas devo-
tas exteriores, pouco a
pouco perde-se o espírito
religioso.
Lição X

Repouso e recuperação
"Um dia, narra Tihamér Toth, desci a uma mina, onde os ju-
mentos empregados para o transporte dos materiais não eram trazidos
à superfície da terra, mas deixados em cocheiras preparadas no fundo
da mina. Quando, depois de certo tempo, traziam-se êstes pobres
animais para tomar um pouco de ar e de sol, êles se achavam com~
pletaJ?ente cegos pela longa permanência debaixo da terra".

:m O que acontece com O homem que se condena a


arrastar uma vida contlnuamente imersa no trabalho e
nos negócios materiaiS! e terrenos. Isso é vida de tou-
peiras!
Com o andar do tempo, o pobre homem parece cor-
poralmente e espiritualmente atacado por uma cegueira
,que lhe arrebata a vista do céu e de Deus, Sol de vida e
alegria.
Por isso a Igreja, a fim de evitar que o homem se
transforme num animal sem inteligência, em máquina:
sem alma, repete com afetuosa insistência, a ordem pa-
terna de Deus.

Filho, descansa!
O camponês cuidadoso faz descansar seus animais;
o industriª.l prudente faz parar as máquinas para cO:Q.tro-
lá-las. Também o homem, ao menos uma\ vez por semana
deve submeter-se a um pouco de repouso, pois isso é exi-
giq.o pela nossa mesma natureza. .
" Celebridades médicas e industriais a~resentaram es-
tatísticas demonstrando que o repouso festivo é um fator
grandemente útil para a recuperação das fôrças e boa
disposição. O que se perde em duração re~dquire~se mui·
tipÍicadamenteem intensidade.
Convencidos dê que se trata de uma obrigação bené-
fica, v~mos ver a extensão dêsse dever, isto é, quais são
os trabalhos proibidos.
No clasSificar os _trabalhos, O Catecismo emprega
nomes antigos, e é por isso que fala de obras:
1.9 - servís (antigamente próprias dos servos): as
que produzem cansaço corporal: obras rurais, mecânicas,
inq.ustriais, certos trabalhos domésticos pesados, etc.;,
2.
Q
- liberais (antigamente próprias dos livres:) as,_
que produzem cansaço espiritual; estudo, magistério, to-
car instrumentos, bordar (não, porém, costurar vestidos),
etc. i ' , "

Regra geral: são proibidas as obras servís.


Exceções razoáveis: permitem-se as obras servis que
sejam:
1.v - necessárias à vida: p. ex. preparar os alimentos,
fazer limpeza, viajar; mercados e feiras são permitidos
em alguns lugares;
2. 9 - necessárias ao serviço de Deus, se não se pu-
derem fazer antes: adornar e varrer a igreja, preparar as
procissões;
3. Q - justificadas pela caridade ou por outro grave
motivo: os preparativos para a chegada do Bispo, do Pa-
roco, de uma autoridade; trabalhar por um pobre desam-
parado; por necessidade pública (como nos trens, ônibus,
-bondes, etc.) ou particular (p. ex. a mãe que não tivesse
outro tempo para remendar as roupas).

NOTA importantíssima:
Em casos especiais ou duvidosos recorra-se ao conse-
lho e a dispensa da autoridade eclesiástica. A licença de
trabalhar não tira a obrigação de ouvir' a Santa Missa.

-62 -
.. oe
Repouso .e nao "i'o.
o repouso festivo, porém, não quer dizer ócio. Ao
contrário, deve permitir um trabalho superior: suspende-
se o trabalho material do corpo, para intensificar o tra-
balho da alma.

r
v
Assim deve ser o dia festivo do ve:rdadeiro cristão.
I
E uma parada ao pé da cruz, satisfazendo antes de
tudo ao dever da adoração a Deus com a assistência à
Santa Missa e participando da maneira mais íntima, pos-
sivelmente com a santa Comunhão, ao divino Sacrifício de
Je'Sus.
O dia santificado será também uma exuberante reno-
va@.o:
1.
Q
- para a alma, que tem necessidade de acumular
energias que fàcilmente podem faltar no decorrer da se-
mana.
Esta recuperação espiritual se alcança com:
a) , a Santa Missa eas funções da tarde: o domingo
tem vinte e quatro horas, e dar meia hora ou uma hora,
no máximo, ao serviço de Deus é bem pouca coisa;
b) a pregação: o Sacerdote deve pregar; os fiéis,
portanto, devem ouvir a palavra de Deus, pois nunca se
sabe demais; e para avivar a chama da fé, que em contacto
com as coisas materiais fàcilmente se apaga;
'1' c) o catecismo: quem descuida do Catecismo torna-
se culpado das dolorosas conseqüências que provém da
,ignorância religiosa;
" d) as boas obras: práticas de piedade (Via-sacra;
têrço, Visita ao cemitério), reuniões de formação cristã,
obras de misericórdia e.spiritual e corporal.
2. Q - para o oorpo: é necessário, sem dúvida,um
pouco de distração e recreio ..

- 63-
A prática, discreta dos esportes e um divertimento
honesto são abençoados pela Igreja. Cuidado, porém,
com .os exageros que cansam mais do que descansam.
A alegria que Jesus ateou no coração dos fiéis no seu
sagrado Templo não deve ser apagada ou deturpada em
certos lugares duvidosos, onde Satanás arruína alma e
corpo de tantos jovens que fenecem antes do tempo.
Jovem! Foge do pecado, verdadeira obra servil, por-
que quem comete o pecado é servo do pecado. Jura fide-
lidade a Deus que alegra a tua juventude; teus dias fes-
tivossão um penhor de alegria que Êlle te proporcionará
no eterno Domingo do Paraíso.

PARA RESPONDER
Por que é necessário o repouso festivo? - :G: útil? - Que
são obras servis e liberais? - Qual a importantíssima norma a
seguir a respeito do trabalho em dias santificados? - O re-
pouso festivo é ócio? - Como pode ser o dia de festa um dia
de recuperação para a alma e para o corpo? - A que coisa
podemos chamar verdadeira obra servil?

PARA RECORDAR

. d Gi •• COS '\(1...... .ro--


quais são - as que antigamente eram,prJ!....,~."e~
pnas os servos.; ...~ ..~ ...... II'IIt t 'I r "f:It. ~

'[proibe:
"'•• '!~r.S1..t,'CI.. ~ V{l\lfS
e "necessa- v~ 6. r
à 'ida . qOO,flllHlI",f
as obras ~ rias - n
ao servlço de
eus
servis f sao p e r - o
"."101..,$ mitidas . , . {_ pela caridade
se JustIflca-
das - por outro grave
I1I."Man- motivo
damento'
santa missa
funçõe~ da tarde
da alma pregaçao l
manda: a { catecismo
recuperação boas obras
esporte sadio
do corpo { espetácu10s bons

--64-
LEITURA·

mSTóRIA DA IGREJA

o MONAQUISMO
o exemplo mais luminoso das virtudes evangélicas ensi-
nadas pela Igreja, no-lo dão desde os primeiros séculos,
além dos mártires, os monges

Desde os primeiros tempos do Cristianismo muitas almas


generosas, homens e mulheres, entregaram-se à prática de mna
vida mais perfeita em suas famílias, observando os conselhos
evangélicos.
Durante as perseguições, no Egito, alguns cristãos receando.
apostatar retiraram-'se para os desertos dedicando-sé a mna
vida de silêncio, de oração e austeridade: chamaram-se monges
eremitas, isto é, solitários. O primeiro e mais célebre foi São
Paulo Eremita. Mas quem traçou uma regra de vida espiritual
em que se inspiraram todos os eremitas, foi Santo Antão, Abade.
Posteriormente, os eremitas se reuniram em comunidades bem
organizadas, e assim os monges se tornaram cenobitas, isto é
pessoas que viviam em comum.

SÃO BENTO
"
São Bento é o verdadeiro Patriarca do Monaquismo no
Ocidente. Nascido em Nórdia, na úmbria, no ano 480, de nobre
linhagem, foi aos 14 anos enviado por seus pais a Roma para
completar sua educação. Mas desde essa tenra idade Bento
séntia que não era feito pata essa vida cheia de corrupção.
Abandonando Roma, fugiu para a solidão do monte Su-
biaco, onde encontrando uma profunda gruta, ocultou-se nela
durante três anos, sem que ninguém soubesse de seu paradeiro,
a não ser um piedoso eremita chamado Romano, ql,le todos os
dias lhe levava alimento, fazendo-o descer por meio de mna
corda. Mas mn dia foi descob~rto por alguns pastôres. O acon-

:-- 65 -
teGimento espalhou-se por tôda a parte, e muitos quiseram Sêi'
seus discípulos. Foi assim que São Bento se viu na necessidade
de formar uma regra; tanto mais que alguns nobres romanos
quiséram confiar:.lhe os próprios filhos para serem. santamente
educados. Desgostoso pela atitude dos monges de um mosteiro
,P:ró~,imo".os quais gepois de o t,erem feito seu abade, não se
adaptavam' às refotmas que êle achava necessárias, o Santo
mudou muitas vêzes de lugar, para fugir também aos louvores
que o seguiam por tôda 'a .parte, até chegar à montanha de
Cassino, na CamPânia. Mas lá em cima, havia um templo de
Apolo, ao qual acorriam os habitantes da região. Bento 'en-
cheu-se dezêlo, e às suas orações o templo e o ídolo desmoro-,
naram. Sôbre estas ruínas do paganismo, o Patriarca fez erigir
uma Igrej a. Construiu um convento nas proximidades. Foram
essas as origens do célebre mosteiro de Monte Cassino, verda-
deira casa-mãe de tôdaa Ordem Beneditina.
O Santo, permaneceu em Monte Cassino por 14 anos, como
abade, honrado por papas e reis, exaltado por Deus com o dom
da profecia e milagres, entre os quais a ressurreição de mortos.
Muitas virgens quiseram viver também sob a disciplina des-
sa regra, e o Santo colocou-lhes à testa sua digna irmã, Santa
Escolástica. O que faz da regra de São Bento uma obra-prima
de sabedoria prática é a união bem ideada da oração e dos
outros exercícios de piedade com o trabalho mental e braçal.
, Os monges tornaram-se poderoso auxílio na conversão dos
bárbaros; saivaram as obras-primas dos antigos e tornaram-se
pioneiros' de uma renovação espiritual e social em todos os
campos da civilização.

- 66-
Lição XI

A autoridade
Estamos na segunda tábua dos Mandamentos: aque-
la que se refere ao próximo. Comecemos com quem nos
é mais próximo e representa mais a Deus: os pais e quem
faz suas vêzes, isto é, a autoridade.

A espinha dorsal
Nasce um menino. ~le deve ser amparado e para isto existe a
família; tem necessidade de quem cuide de sua alma de modo parti-
cular, para o guiar com segurança ao céu, e ai está a Igreja; tem
necessidade de quem defenda seus direitos nas suas relaçõeR com
os outros, e aí está o Estado; o homem tem pois necessida.de absoluta
de viver com os outros; por sua natureza êle é sociável; foi feito
para viver em sociedade, que é um conjunto, um organismo de muitos
homens.
Suponhamos agora um organismo humano em que a espinha dor-
sal esteja minada por uma doença ou se tenha quebrado. O orga-
nismo não se sustém mais, a sua mesma existência corre gravíssimo' ,
perigo porque a espinha dorsal tem a função de sustentar, e dela
partem muitas ramificações nervosas que dominam as várias partes
do organismo. Na sociedade, a espinha dorsal é a ,autori4ade, a qual
garante a ordem de cada membro, porque sem ordem tudo se arrui-
naria.

:É necessário, portanto, que os membros tenham para


com a autoridade amor, respeito e obediência, se querem
que a sociedade, e conseqüentemente cada indivíduo goze
de ordem, paz e bem estar. Recomenda-se sobretudo a
'obediência, porque sendo pronta e serena é a melhor' ma-
nifestação do amor e do respeito. Mas a obediência terá
estas qualidades, se animada pela fé que nos faz ver nas
pessoas constituídas em dignidade os representantes de
Deus.

-67-
Inimiga principal do respeito à autoridade é a so-
berba. Haja vista o perniciosíssimo exemplo deixado na
História pelo monge Lutero, que num gesta de louco
egOísmo rasgou e queimou em~praça pública, os documen-
tos da Santa Sé, tentando dessa maneira rasgar a uni- .
dade indefectível da Igreja. Entretanto, ainda hoje aos
m.ilhares se contam os séguidores do soberbo e revoltoso ~
Lutero. 1
Embaixadores de Deus
Dissemos que Deus criou o homem sociável por na-
tureza; por isso, o próprio Deus é o instituidor da Socie-
dade; por conseguinte, foi Deus quem instituiu também
a autoridade, a qual é necessária para a ordem e a vida
da sociedade. ;Diz São Paulo: «Esteja cada um sujeito
à aut()ridad~ superior, pOI1que não há poder senão de Deus,
. e as que existem são. ordenadas ,por Êle. Quem, pois, re-
siste à autoridade resiste à ordem de Deus» .
.E quando nos fô.ssem dadas ordens claramente con-
trárias à lei de Deus?
Nestes casos, a autoridade não ordena mais em nome
de Deus, e por isso devemos responder como os Apósto-
los às autoridades que queriam proibí-Ios de pregar: «De-
~emos obe(l'ecer a Deus antes que aos homens». Na dúvida
se se trata de um caso dêste gênero, é prudente pergun-
tar a: uma pessoa competente, como devemos proceder.

Exemplo divino e divinas promessas


Além da ordem de Deus, que é o motivo principal
da submissão à autoridade, existem oturos motivos.
1.'1 - O exem~lo de Jesus: a) Nosso Senhor Jesus
Cristo disse que seu alimento era fazer a vontade de seu

-68-
Pai celeste, e sua vida terrena enquadra-se entre o «sim»
dito à ordem paterna de salvar os homens e o grito pro-
nunciado na cruz: «Tudo está terminado»; b) do período
de sua vida que vai dos doze aos trinta, isto é, dezoito
anos, o Evangelho diz apenas o seguinte: «E estava su-
jeito a êles», isto é: a Maria Santíssima e a São José, que
fazia o papel de pai; c) sujeitou-se a pagar o tributo ao
governador romano e à observância das prescrições mo-
saicas e civis, ensinando publicamente: «Dai a César o
que é de César e a Deus o que é de Deus».
2. 9 ' - As bên~ãos prometidas por Deus a quem obser-
va o quarto mandamento são muito confirtadoras. Ei~las
brevemente: Quem honra a sua mãe é como quem
acumula tesouros. Quem honra o .pai terá ilonSoJ,lação .. :
E no dia de sua or~ão será atendido; a benevolência usa-
da para com seu pai não será posta em esquecimento».-
(Eclesiástico cap. 3.<1).
3. 9 - As maldi~ões ameaçadas por Deus -contra os
transgressores do quarto mandamento são terríveis e im-
pressionantes: «Maldito quem não honra o seu pai e sua
mãe; quem aflige o pai e a mãe é um infame e um infeliz;
a maldi~ão datnãe abala os alicerces da casa». CEcle-'
siástico, cap. 3.'1) E a palavra de Deus é confirmada pelo
exemplo de Can, cujos filhos sofrem os tristes efeitos da
maldição paterna; e pelo castigo de Absalão que se re-
voltou contra seu pai Davi: morreu enredado pela sua
bela cabeleira e transpassado por uma lança.
, Tudo o que se,diz dos pais vale também para os q,ue
uies fazem as vêzes. Há na Sagrada Escritura um sem
número de bênçãos, ameaças e exemplos referentes- aos
representantes da autoridade divina. Quem obedece será
premiado como os anjos que se mantiveram fiéis a Deus;
quem se revolta terá o destino de Satanás que por pri-

- 69-
meiro gritou: «Non serviam! Não obedecerei!» DigamO::i
'com docilidade e de cor~ção: «Senhor, seja feita a vossa
vontade, assim na terra. como no céu»!

PARA RESPONDER

Que quer .dizer que o homem é sociável? - É necessário a


autoridade?, - Quais são os nossos três principais deveres paJ::a
,com a autoridade? - Tõdas as autoridades representam a Deus?
Quais os principais motivos que nos induzem a obedecer?
<;p'
'..(/
_'7-.
~
PARA RECORDAR
i /::,"-
l t) O homem vive em socieuade
A sociedade tem nece. ssidade da
Fundamento
~ . . ordem, isto é, da Autoridade
(; { Tôda a auto;"dade vem de Deus
I,
v
Nossos deVereS{ amor'
.~,\ r; ::-::-:: fu" p a r a com a respeito
t..;V.o M~a0en~ Autoridade obediência

{
;~e:PI~e d~e~~:Us
Outros motivos Bênçãos prometidas por Deus r,
I ,p. ara obedecer Castigos com que Deus ameaça \j
\r~
,'\J'
,

~
, .,.~, . quem transgn.'de, .êste Man,da-""•
menta j

l ~\ ')\1
. l~r7 C 'V/\\

G " t~
C
Lição XII

Não matarás
A vida! :m a coisa mais misteriosa do mundo. Os sá-
bios não conseguiram animar uma só célulá microscópi-
ca. ':m o primeiro dom do Criador. A fonte de todos os
bens. Deus a tem em grandíssima consideração, porque
contempla sua imagem em nós, criados à sua semelhan-
ça; quis, pois, manteT um domín\j especial sôbre a vida
do homem, declarando solenemente:
«Vêde que só eu sou Deus e não há outro Deus fora
de mim. Eu tiro a vida e eu dou a vida». Será, portanto,
um ímpio e ingrato usurpador dos direitos de Deus, quem
suprime ou despreza a própria vida. ou a alheia.

Caim
o cadáver de Abel jaz estendido em campo aberto e silencioso.
Mas a voz terrível de Deus se faz ouvir:
- Caim, onde está teu irmão?.. Que fizeste, infeliz? A voz do
sangue de teu irmão ergue-se a mim desde a terra. De ora em
diante serás maldito!... Maldito o teu trabalho que não produzirá
frutos de bem! Maldita a tua vida, que jamais terá paz!... Andarás
errante e fugitivo pelo mundo! ...

Foi êste O primeiro sangue derramado na terra, o


'primeiro homicídio, que é tirar voluntária e injustamen-
te\,a vida de uma p€ssoa.
:m delito execrando, porque constitui gravissíma
injúria:
contra !Deus, Senhor supremo da vida e da morte;
contra o ,próximo; pdvado do máximo bem, e às. vê-
~~ da possibilidade de reconciliar-se· com Deus;
'Contra a so·ciedade, ,que é privada de' um membro, e
sofre çom â perturba,ção do delito.
Não é pecado tirar a vida do próximo nos seguintes
casos:
1.~ - por inadvertência não culpável, a qual sempre
escusa de pecado;
2. Q - no exercício de autoridade pública, a qual deve
amputar o culpado como um membro infeccionado" ha-
vendo para êsses casos um dispositivo da lei; , ,
3.Q '-em legítima defesa, para proteger a própria
vida contra um injusto agressor, desde que não haja ou-
tra possibilidade.

Judas
o Divino Redentor está morrendo na cruz para a
salvação de todos, e o corpo repugnante de seu traidor
pende sinistramente do galho de' uma árvore. Judas
cometeu o suicídio: morte voluntária causada a si mesmo.
O suicídio é também um delito enorme, porque:
1.
Q - é d'esprê~() de Deus e de seu sublime dom:, o
'suicida comete o gesto louco e ingrato de um hóspede
que ao partir destrói a casa que o abrigou; nosso corpo
templo do, Espírito Santo, do qual o homem tem somente
a administração, não o domínio absoluto;
2. Q - é injusti~a para com o próximo: os pais ficam
desonrados e privados de auxílio; a sociedade, além de
"perder os p.réstimos de quem se matou, corre perigo de
ver imitado o exemplo, porque o suicídio é contagiante;
3. Q - é vileza e desespêro, porque o suicída quer sub-
trair-se a um futuro que se apresenta cheio de sofrimen-
tos. ln um vil que foge. Além disso, enquanto existe a.
vida, existe a esperança; mas 'O suicida não tem confian-
ça na Divina Providência.

-72 -
Considerada a gravidade da culpa, não é de estra-
nharo castigo que a Igreja inflige ao suicida'responsável
pelo ato cometido; Enquanto sua alma vai para o inferno,
o corpo permanece fora da igreja, eé privado da sepultura
eclesiástica.
Afrontar a morte não é um mal; poderá até ser um
ato sublime de heroísmo, nos seguintes casos:
1.Q - utilidade pública: assim o soldado sacrifica a
vida pela pátria;
2. Q
perigo mais certo de morte: p. ex. quem se
-

lança da janela em caso de incêndio, se' não houver outro


meio de escapar das chamas;
3.Q - prática da virtude: quem enfrenta a morte
pela fé, para não violar a santa Lei de Deus: a irinã' de
Caridade que se põe a serviço dos empestados; o malfei-
tor 'que se entrega espontâneamente.

o duelo
Entre os bárbaros, a razão estava com o mais forte.
Ainda hoje essa mentalidade subsiste no
duelo, luta entre duas ou poucas pessoas, que fixam
com antecedência o tempo, o lugar e. as armas capazes
de ferir ou matar.
:É público quando travada por autoridade e utilidade
pública, como a luta entre Davi e Golias, entre ~.. Ho-
rácios e Curiácios: nesse caso é lícito.
:É particular' quando travada por vontade particu-
)ar. Neste caso nunca é lícito. Nêle há duas almas que
correm para o inferno.
. " .

o duelo:
1.9 ...,-- é um atentado de homicídio e suicídio: certa-
mente é coisa monstruosa tirar a vida a alguém, tão só
para sust~ntar uma idéia bem mal-entendida de honra;'
por outro lado é coisa de insensato o expor-se à morte
por semelhante estupidez.
2.Q - :m umdesprêzo da justiça e das leis natural,
eclesiástica e civil, que proíbem a justiça ou vingança
pessoal;
Fernando Martino, governador da Eritréia, foi desafiado a d\lelo
por um jornalista. .
Governador: - O ofendido sou eu, cabe a mim a escolha da arma!'
Jornalista: - Naturalmente, esta é a praxe.
Governador: - Então eu escolho a arma da ... cadeia!
E o jornalista foi prêso.
'·1
3.Q - Ê uma bárbara tolice confiar a decisão do di-
reito ou do êrro, à destreza e ao acaso.
O famoso Turenne, desafiado para o duelo, respondeu: Não sei
bater-me contra as leis, mas· saberia tanto quanto vós enfrentar o
perigo se o dever assim mo exigisse. Se houver alguma emprêsa
útil e honrosa e ao mesmo tempo perigosa, vamos pedir ao general
licença para a empreender, e então veremos quem se sairá com
maior honra.

Para inspirar o maior horror a tão grave delito, a


Igreja pune com a excomunhão os duelistas e os que vo-
luntàriamente assistem ao duelo. Ainda mais: não é per-
a
mitida sepultura eclesiástica a quem morrer em duelo
ou por ferimento recebido em duelo, a não ser que tenha
dado sinais de arrependimento.

Pequeno assassino
Escreve São João: «Todo aquêle que odeia a seu ir-
mão é um homicida». O crime que um homem comete,
tem suas .raízes nas brigas do menino, que não soube do-
minar suas palxoes. ne fato, quando se fala de algum
grande malfeitor, ouve-se muitas vêzes a amarga ex-
pressão: «era assim desde pequeno».
:m, portanto, de capital importância refrear a ira, a
qual fàcilmente arrasta às injúrias, às impr~õe~! ~fi
brigas e aos ferimentos, coisas tôdas proibidas pelo Quin-
to Mandamento, e que não raramente levam ao· crime.
Deus é amor e nos manda ·quererbem a todos, também
aos inimigos; quem é bom filho .de Deus, aborrece o san-
gue, o ódio e tôda a indelicadeza.
«O justo tem misericórdia até dos animais».

PARA RESPONDER
Por que a vida é o primeiro dom? - Que é o homicídio? -..,.
Por, que é um delito execrando? - Quand() é licito matar? -
Que é o suicídio? - Por que é um crime enorme?- Quando
não é pecado afrontar a morte? - Que é o duelo? - De quantas
espécies pode ser? - Por que o duelo particular é pecado? -
Por que é de suma importância que o jovem aprenda a refrear
a ira?
PARA RECORDAR
é - morte voluntária e injusta de
uma pessoa
Deus
é crime
o próximo
contra {
a sociedade
não é por inadvertência .
pecado por dispositivo legal
{
quando por legítima defesa
é - morte v0luntária de si mesmo
o V.O Man- desprêzo de Deus
damento sua gravi- injustiça para com o:tWpró-
p r o :i b e os O suicídio dade ximo -
delitos con- {
vileza e desespêro
tra a vida
afrontar a" morte pode ser virtude
é - luta entre duas ou poucas pessoas
público - lícito" .
p o de s e r { particular _ ilícito

O duelo {atentadO de homicídio e de

l
suicídio
gravidade desprêzo da justiça e da lei
tolice bárbara
e as coisas que levam a êles.
LEITURA

HISTóRIA DA IGREJA

v- GRANDES LUTAS (622-800)

Jt êste um período de grandes lutas para a Igreja. Con-


verteu-se quase tôda a Europa, e os bárbaros aprendem
as virtudes cristãs e a civilização. Entretanto, o Isla-
mismo ameaça a destruição do Cristianismo. Surgem
as Cruzadas para contê-lo. No Oriente a Igrejase'-
..
,
para-se' da unidade católica.

MAOM1ü E O ISLAMISMO
Maomé nasceu em Meca, cidade da Arábia, por volta do
ano 570. Como negociante travou conhecimento, na juventude,
com as doutrinas dos Judeus e Nestorianos. Desposou aos 25
anos rica viúva, que o fêz dono de considerável fortuna.
Dotado de profunda inteligência, imaginação ardente, cons-
tituição robusta, valor nas armas, eloquente, ambiciosíssimo, in-
ventando uma nova religião que satisfazia tôdas as paixões,
conseguiu reunir sob sua chefia as tribos árabes. Aos 40 anos
deu a entender que tinha frequentes revelações dQ Anjo Gabriel,
querendo passar por Messias para os Judeus, e pelo Espírito
Sall.to para os cristãos. Com a organização de um exército e o
aumento de seus se.quazes, cresceu sua audácia e afirmou ter
sido arrebatado até ao trono de Deus, ao pé do qual estava
escrito: Deus é Deus e Maomé o seu profeta. Foi com .êste
brado que os árabes, povo' de índole guerreira, se lançaram à
conquista do mundo. Depois de uma vida agitada e dissoluta,
Maomé morreu no ano 632, na idade de 62 anos. Após sua
morte, seus partidários dilataram com assustadora rapidez seu
domínio e, naturalmente, sua religião muito fácil e cômoda. Em
menos de 80 anos conquistaram a Arábia, a Palestina, o Egito,
a Pérsia, a Africa, Rodes, Creta e a. Espanha.

-·76-
CISMA DO ORIENTE

Fócio, homem de invulgar talento, mas ambiciosíssimo, con-


seguira no ano 858 eleger-se Patriarca de Constantinopla, usur-
pando a sede a Santo Inácio. :mste adquiriu posteriormente
sua sede, mas morreu logo depois; assim Fócio conseguiu voltar
ao cargo, iniciando luta aberta contra o Papa. Morreu exco-
mungado e relegadoaum convento; mas a semente da revolta,
alimentada pelo ciúme contra o primado de Roma, produziu
seus maléficos frutos, e no ano 1054 o Patriarca Miguel Ceru-
lário separava a Igreja Grega da Latina, consumando odoloro-
síssimo cisma, que até hoje perdura.

~7,,{-
:'Liçaà Xl11

/\ //-4f/'
~/i 'v/ c./' , Ai dos escandalosos'
~ IU>~:temPlemos com atenção uma cena que o Evan-
gelho descreve com tintas carregadas. Jesus está rodea-
do pelos apóstolos e por outras pessoas que o otivem
com grandé atenção. A certa altura, toma pela mão um
menino e propõe a todos como modêlo de inocência, de
simplicidade e humildade. Depois, tomando uma expressão
triste, como de quem, é dominado por um pensamento
muito doloroso, sentencia terrivelmente: «Quem escan-
daliza um só dêstes que crêem em mim, melhor seria que
lhe fôsse dependurada ao pescoço uma pedra de moinho e
fôss~ ,precipitado 'nas rofundezas do mar. Ai do mundo
por causa dos escândalos. É inevitável que haja e~n­
dalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo». (8.
Mateus, cap. 18, 6-9).
Procuremos compreender a causa desta impressio-
nante severidade de Jesus.

o escândalo
Escândalo significa obstáculo, empecilho.
Escândalo é dar ao próximo, com algum ato mau,
ocasião de pecar. É fazer o próximo tropeçar, no caminho
,do céu~
O 'escândalo pode cometer-se: com ações ," (p. ex. um
ato feito na presença de quem pode ficar mal impressio-
nado), com palavras (p. ex. com a blasfêmia, nomes feios,

-78-
conversas sujas), com omissões (p. ex. deixando a Missa
num dia santificado).
O escândalo chama-se.
1. 9 - direto, quando o ato mau é feito precisamen-
te para induzir o próximo ao;pecado. E, se além disso, o
ato mau fôsse praticado com a pérfida intenção de arrui-
ná-lo espiritualmente torna-se diabólico;
2. 9 - indireto, quando o ato mau não é praticado
para induzir o próximo ao mal, mas prevê-se que o pró-
ximo pode receber uma impressão funesta que o colega
em perigo de pecar: chama-se então, comumente, mau
exemplo.

r Regras gerais sôbre a gravidade' do escândalo: é pe-


cado grave, quando leva a pecado grave;
a influência maior ou menor que o escândalo exerce
contra os escandalizados aumenta ou diminui a éulpa;
multiplica-se a culpa com o multipli<;ar-se' das vítimas;
quanto mais clara a ,previsão e mais perversa a inten~ão,
tamo mais grave se torna o pecado.

As ruínas
Quando se dá um escândalo sucedem-se desgraças,
uma após 'outra.
1. 9 - o sangue de Jesus é derramado em vão, porque
o escândalo torna inútil, ou pelo menos suspensa, a obra
da Redenção com relação ao escandalizado.
2. 9 --'- O próximo, a quem foi roubada a graça e cuja
alma foi assassinada, pendura-se assustadoramentesôbre
'o inferno. Uma triste experiência ensina que quem foi
vít4na, causa vítimas! Pensemos neste impressionante
problema.

Suponhamos que êste ano uma pessoa escandaliza outra, e no


ano, seguinte cada uma dessas duas escandaliza outra; e àssim;nos

,-79-
anos seguintes, c.ada um' dos eScandalizados escandaliz,a outra. E de~
pois de vinte anOs as. pessoas escandalizadas ,serão 1.048.575. Mais
de um milhão de escândalos provocados por aquéleprimeiro escân-
dalo. Uma calamidade! .

3. 9 ' - O escandaloso responsável de tantos males,


aliado e verdadeira encarnação de Satanás, é ameaçado
terrivelmente por Deus: «Minha é a vingan~a e eu a fa-
rei; procurarei com o escandaloso o sangue do escanda-
lizado.Da~;;~ sua vida pela vida dêle». \
Cert3r'~ez;'; Dom Bosco foi atender uma pobre jo-,
vem gravemente enferma. Com muito trabalho o santo
havia eonseguido reconciliá-la com Deus Nosso Senhor,
e feito com que ela perdoasse quem a havia traído. A um
dado momento a jovem sentou-se sôbre a cama, olhou ao
redor com os seus 'Olhos quase apagados, érgueu ao alto
o crucifixo com a mão direita e exclamou: «Escandalo-
sos, eu vos espero no tribunal de Deus».

Dever Sagrado
As consequencias do escândalo são inexoráveis:
, 1. 9 - o escandaloso deve reparar o mal feito, procu-
rando que a reparação equivalha, se possível, ao escândalo
e seus efeitos. Se não tiver outros recursos, dê. bom exem-
plo e peça a Deus que use de mi~ericórdia para com êle e
para com o próximo que êle escandalizou.
2. 9 - É obrig3.!}ão denunciar aos pais ou superiores o
escandaloso, por causa das ruínas, que êle produz; isto não
é espionagem, mas caridade cristã.

PARA RESPONDER
Que Significa a palavra escândalo? - Como se dá escân-
dalo? - Quantas formas há de escândalo? - Quais as tristes
conseqüencias do escândalo? --:: Quais os deveres contra. o es-
cândalo?

-80 -
PARA RECORDAR
é - fazer o próximo cair em pecado
ações
como se comete pal~v:as
{ omlssoes

• {direto
de quantas especies indireto (mau exemplo)

se leva a pecado grave


Escândalo se influencia gravemente as vitimas
se causa numerosas vítimas
gravidade se foi claramente previsto o dano
que produzirá
se a intenção foi verdadeiramente
maligna
reparar o mal feito
conseqüências
{ denunciar os escandalosos

-81-
Lição XIV

Fortes e puros
(VÜ e IX.'! MANDAMENTOS)

Como é belo comtemplar um templo sagrado, de mole


gigantesca, obra-prima de arquitetura, rico de quadros
e mármores artísticos, refulgente de luz e objetos pre-
ciosos~ O cristão virtuoso inveja a sorte incomparável
que têm os labernáculos e as tecas, píxides, cálices e
ostensórios de hospedar a Deus na branca Eucaristia.
Pois bem: o jovem em graça de Deus, o jovem de
alma pura, é tudo isso e mais ainda. São Paulo, com
efeitb, afirma: «Não sabeis que sois templo de Deus e
que o Espírito Santo habita em vós?»
A pure~a chama-se virtude angélica, porque faz do
jovem um anjo do paraíso, puro, e imaculado, tornando-o
merecedor da predileçãodo Rei do céu, pois está escrito:
«Quem ama a pureza de co~ão terá por amigo o Rei».
Por isso Satanás, o eterno inimigo de Deus, procura
sempre ferir o jovem nesta virtude tão delicada que qual-
quer ferimento lhe é mortal; qualquer pecado contra a
purez~ é grave, contanto que seja plenamente consentido.
Ê neste campo que o demônio consegue fazer o maior
número de vítimas; Santo Afonso afirma que sôbre cem
condenados do inferno, noventa e nove são por causa do
p~cado contra a pureza.

-82 -
A cilada do iniinigo
o demónio é astuto e não se mostra tão feio como ê:
êle é ladino; serve-se de tudo para arrastar as almas ao
inferno. O Catecismo nos põe de sobreaviso, ensinando-
nos que podemos ofender a Deus com - os maus atos,
que profanam o corpo e dos -quais, escreve S. Paulo: «Se
alguém violar o Templo de Deus, Deus o enviará à perdi-
ção; porque é santo o templo de Deus que s.ois vós».
Deus castiga com indignação tais atós: enviou o dilúvio,
destruiu Sodoma e mandou outros terríveis castigos.
- as palavras e conversas obscenas. «As más con-
versas corrompem os bons costumes».
E. São Paulo adverte: «A desonestidade, tôda e. qual-
quer impudícia, não seja nem sequer nomeada entre vós;
como convém a santos».
- os olhares: os olhos são as janelas pelas quais. o
demónio entra fàcilmente na alma.
- os Iivl'oS e as figuras, e também as bebidas. Eis
o conselho de Dom Bosco: «Quando um livro ou uma fi-
gura nos causa má impressão, para nós não é boa, e é
melhor deixá-la».
- os espemculos imorais, como certos cinemas~ tea-
tros, bailes, etc., nos quais se perdem miseràv'elmente o
dinheiro ganho com o suor do rosto, a flor da mo'éidade,
a alegria do coração.

As nossas armas
"
Eis as armas dos jovens fortes e puros, que são
puros porque fortes, e fortes porque puros.
1. 9 - Fuga das ocasiões perigosas. Nesta batalha
vence quem astutamente bate em retirada, pois quem ama
o perigo nêle perecerá; devemos, portanto, estar atentos-: ,'0'-"
,~A~:'"
,':,--
-8:r-
para prevenir e tomar precauções~ Importância capital
tem a fuga do ócio : travesseiro. do demónio e pai de todos
os vicioso O demónio não nüs deve encontrar nunca deso-
cupados: deve haver sempre uma preocupação para a ca-
beça ou um trabalho para as mãos.
2.<'> - Piedade eucarística e mariana. «Eu sa;hia, diz
o Sábio da Sagrada Escritura, que não podia ser ~asto '\
se
Deus não mo concedesse, (e saber isto é dom da sabedo-
'.
ria), por isso dirigi-me a Deus eo implolrei com tõda a
efusão do meu coração!». O mal apresenta grande atra-
ção e deve ser combatido por meio de uma atração mais
poderüsa. Quem püderá atrair nossü coração e satisfazê-
lo mais que Jesus e Maria?
A Hóstia branca é 'O pão dos fortes: vamos a ela por
meio da Confissão, onde Jesus espera de braçüs ábertos
para encorajar os que temem, dar confiança aos que duvi-
dam, e levantar os que caem e querem tornar-se nova-
mente anjos, püis cair é humano, mas levantar-se é an-
gélico.
Maria Imaculada vela maternalmente por quem com-
bate com generosidade para defender essa bela virtude.
Maria é a inimiga vitüriosa de Satanás, saudada pelo
Anjü de Deus «Cheia de Graça», é a Rainha das Virgens
e dos Mártires que a circundam de lírios e palmas; Ela é
que despedaça as cadeias de tantos pecadores arrepen-
didos.
3. 9 - Mortificação. Jesus disse: «~ste gênero de
demõnios não se expulsa senão com a oração e o jejum»,
isto é, com a mürtificaçãü. Quem habitua a vontade à
renúncia, mesmo de prazeres lícitüs, será sempre senhor
a.bsüluto de sua casa.

-- 84--
PARA RESPONDER

Que é cristão? - Porque Satanás tenta os jovens prin-


eipalmente na pureza? - Contra que perigos nos põe de so-
breaviso o Catecismo? - Quais as armas para defender a.
pureza? - Componha uma oração a Nossa Senhora para que
o ajude a viver uma juventude pura. .

PARA RECORDAR-
nos proíbem -- os pecados contra a pureza
Somos templos de Deus
Gravi.dade de tais a pureza. nos faz semelhantes
pecados aos anJos
{ o demônio causa muitas vítim~s
com êste pecado
I. atas
VI e IX
2. palavras
Mandamentos Modos de cometer 3. olhares
pecados contra a . . . -.
pureza 4. hvros e fIguras Imorais
{ 5. espetáculos imorais
6. pensamentos e desejos maus
Fuga das ocasiões
defesa Piedade Eucarística e MaI:iana
{ Mortificações
LEITURA

HISTóRIA DA IGREJA

Por obra da Igreja surgiu o grande e augusto «Sagrado,


Império Romano», semelhante ao da antiga Roma, mas'
santificado pelas virtudes cristãs e pela Lei de Deus.
E quando êsse Império procurou suplantar a Igreja, ela,
com sua misteriosa fôrça de vida salvou a santidade
de seus ministros e seus bispos vencendo a luta das
investiduras.

Durante as invasões dos bárbaros, o grande protetor da


Itália foi o Papa. São Leão Magno conseguiu deter Atila, «Fla-
gelo q.e Deus». O Papa pensava até na manutenção das popu-
lações. Muitas terras o quiseram como soberano e assim co-
meçou o «Poder temporal dos Papas».
Quando os Longobardos queriam usurpar ao Papa êsses ter-
ritórios, êle pediu auxílio ao rei dos Francos.
Carlos Magno foi recompensado por Leão III com a coroa
do Sagrado Romano Império no dia de Natal do ano 800.
Mas dêpois dêsse grande Soberano surgiu a anarquia do
feudalismo. As eleições dos Bispos e até dos Papas estavam nas
mã~s de prepotentes e malvados, de modo que apareceram os
bispos-condes, homens mais propensos à espada que ao báculo,
com grande dano para a cristandade.

GREGóRIO VII
Eleito Papa, com o nome de Gregório VII, o monge Hilde-
brando lutou enérgicamente pela reforma das eleições de Bis-
pos, chamadas investiduras. Como resultado da luta, o Papa
passou a ser eleito somente pelos Cardeais, sendo êstes criados
pelo Papa. .Além disso, Bispos e Abades passaram a ser esco-
lhidos pela autoridade eclesiástica recebendo antes a «investi-
dura eclesiástica» e depois a temporal; assim garantia-se a es-

-86-
colha de Prelados. verdadeiramente dignos. O imperador Henri-
que IV, tirano cheio de vícios, opôs-se tenazmente ao Papa, mas
foi excomungado. Abandonado de todos, o imperador foi cons-
trangido a dirigir-se ao castelo de Canossa como penitente,
esperando três dias para ser admitido à presença de Gregório
VII, que o absolveu também pelas súplicas da piedosa Mar-
queza Matilde e dos Cardeais. O desleal Henrique IV voltou à
luta, entrou em Roma e assaltou o Papa no Castelo Sant'Angelo.
Gregório VII morreu em Salermo, exclamando, ao que se diz:
«Amei a justiça, odiei a iniquidade, por isso morro no exílio».
Foi um grande Papa e um Santo.
A gigantesca luta terminou com a vitória do Papa. No ano
1122 Henrique V assinou com o Papa Calixto II a concordata
de Worms reconhecende os direitos da Igreja.
Frederico I, Barbaroxa, pretendeu novamente restabelecer
o exorbitante poder imperial, mas a Liga Lombarda aliada de.
Alexandre II desfez todos os seus sonhos em Legnano aos 29
de maio de 1176.

AS CRUZADAS

Jerusalém, a Palestina e as Igrejas do Oriente jaziam sob o


jugo muçulmano. J!:ste fato constituía gravíssimo ultraje à fé
e despertou nQS jovens povos da Europa o generoso movimento
religioso militar das Cruzadas. Urbano II no ano 1095 orde-
nou-as solenemente nos Concílios de Placência e Clermont. Ao
grito de «Deus o quer!» 600.000 guerreiros assinalados com uma
cruz vermelha partiram para a Terra Santa, capitaneados por
Godofredo de Bulhão. Enfrentaram vicissitudes e obstáculos
sem número, mas finalmente no ano 1099 conSeguiram expugnar
Jerusalém e proclamar o reino. Godofredo por humildade quis
o simples título de «defensor do Santo Sepulcro».
O reino de Jerusalém era constituído por principados iso-
lados, o que ocasionou sua fraqueza e ruína, tornando-:se. presa
f~cil para os Maometanos.
" Organizaram-se novas Cruzadas. Nenhuma delas,porém,
conseguiu seu escopo, e a Terra Santa permaneceu sob o humi-
lhante jugo muçulmano.

-.87-
· Lição XV

Não furlar
o meu e o seu
o homem tem o direito de viver; deve, portanto, prQ-'
videnciar as coisas necessárias à vida. Algumas, como o
ar, a água, a luz são ilimitadas, e havendo em quantidade
mais do que suficiente para todos, não há necessidade de
se ter delas um domínio pessoal. As outras coisas, ao con-
trário, são limitadas e muitas se extraem da terra me-
diante o trabalho. Por isso, se um homem cultiva um pe-
daço de terra que não pertence a ninguém, o produto é
seu. :mIe tem direito de gozar daquêle pedaço de terra
antes inculto e que agora produz, graças ao seu trabalho:
é seu. Se poupa alguma coisa do que lhe rendeu, é seu,
porque é produto de sua própria indústria. Nasce daí o
direito depl'opriedade, necessário:
1.9 ":'- para viver de modo digno de um homem;
2. 9 - para estimular eficazmente a laboriosidade e
a economia: trabalha-se com mais interêsse para o lucro
.pessoal e para armazenar alguma coisa para o futuro;
3. 9 - para salvaguardar a ordem e a paz; se' todos
podem recolher daquilo que outros semearam, surge
a luta.
e direito de propriedade, que é uma necessidade abso-
luta da natureza, é defendido pela lei divina e por qual~
quer lei humana que proíbe o furto e pune o ladrão.

-88 -
Os ladrões
Há muitas especializações. Eis alguns dos inumerá-
veis e variadíssimos delitos proibidos pelo 1!!étimo manda-
mento.
i. Q
Furto: é a aproprjação injusta de coisas
-

alheias contra a vontade do dono. Chama-se roubo, se


feito com violência contra a pessoa do dono. Em geral,
julga-se pecado grave roubar o salário de um dia, mas
'pode ser pecado mortal também roubar algumas moedlUl
de um pobre. Há casos em que pequenos furtos podem
vir a ser pecado mortal; e isso acontecerá quando a soma
das coisas roubadas venha a constituir matéria grave.
2. Q - Fraude ou dano: é o pecado do servo negli-
gente que estraga o que lhe foi confiado; do operário ou
empregado que executa malas trabalhos ou estraga os
instrumentos e todos os que danificam voluntàriamente
aquilo que pertence a particulares ou à comunidade.
3. 9 - Usura: é emprestar dinheiro a juros muito
elevados. São réus dêste grave pecado, também os mono-
polizadores que acumulam gêneros de tôda espécie, para
depois vendê-los, em tempo de necessidade, a preços as-
tronômicos. :Êsses tais são os «assassinos do pobr~, por-
que o despojam do necessário para viver, e por isso lhe
tiram a vida». (São Bernardino).
4. 9 - Dolo: isto é, o engano nos contratos e nos
Serviços. São culpados de dolo, p. ex., os que, falsament~
abrem falência para não pagar aos seus credores; às que
passam adiante mercadoria estragada, os falsificadore~
de documentos e moedas.
-5. Q - Colaborar nesses danos. «:É LADRÃO QUEM
ROUBA E QUEM SEGURA A ESCADA~>. portanto,

- 89."..,..
éjuemde algum modo ajuda o ladrão a roubar, participa
da falta e deve condividir a responsabilidade. Eis em
ordem de responsabilidade os cooperadôres do ladrão:
quem manda, quem aconselha, quem louva, quem guarda
os objetos roubados, quem participa ativamente, quem
cala, quem não impede, quem não manifesta o furto;
quando podia e de.via fazer.
Todos os que cometem estas faltas, embora tenham
"
altos cargos na sociedade e nomes de muita evidência,'são
ladrões que estão catalogados entre os condenados a ficar
excluídos do Paraíso, como declara São Paulo: «Os ladrões,
os avarentos, os beberrões; os maldizentes, os rapinadores
, não possuirão o Reino de Deus». (1. Q aos Cor.: cap. 6,
9-10).

Papéis em regra
Se o ladrão quiser recuperar o bom nome e conseguir
o passaporte para o Céu, êle deve pôr suas contas em dia.
Os 'Objetos alheios clamam sem cessar pelo próprio dono,
e por isso devem ser restituídos; esta é uma obrigação
que nunca çPvelhece. Se quiser receber a absolvição, o
ladrão deve fazer o firme propósito de restituir: ou res-
,titui!';ão, ou conde~ão.
Regras para a restituiçãO':
Quem deve restituir? Se 'O ladrão fôr um só, êle é
que deve restituir; se houve auxiliares, êles devem resti- "ll,
tuir na seguinte ordem: quem está com o objeto, quem
mandou, quem executou; depois os outros, na proporção
do auxílio prestado.
Restituir 'O que? Os objetos roubados, ou, se não
, existem mais, o equivalente. 1\

A quem? Aos donos ou herdeiros; desconhecendo-se


o dono, façam-se boas obras.
Quando? O mais depressa possível para não aumen-
tar o prejuízo.
E não podendo? Manter a boa vontade de restituir,
ou trabalhar e viver de maneira a possibilitar a restitui-
ção, ao menos em parte.
Em todos êsses casos, convém recorrer ao conselho
do Confessor.

Cuidado com as traças


o direito de propriedade é sagrado; a indústria pes-
soal, o interêsse, a previdência, a .economia são meios lou-
váveis; é mau, porém, o desejo desenfreado de adquirir
e possuir a todo o custo,' sem atender à honestidade e à.
justiça, sem considerar o direito do próximo e a salvação
da alma.
Age mal: quem nutre desejos de furto; quem dçseja
a morte às pessoas das quais se esperam bens; ,quem de-
seja revoluções sociais para se enriquecer.
Adverte Jesus (S. Mateus: 6, 1«-21): «Guardai-vos
de tôda a cobiça»; ela é a traça do coração: Onde está o
vosso tesouro aí está o vosso coração».
«Não vos preocupeis com acumular tesouros. sôbre. l:t
terra, ond'e a ferrugem e a traça O' 'Corroem e onde os la-
drões desenterram e roubam».
;t', «Que adianta ao· homem ganhar o. mundo inteiro se
vier a perder a sua alma ?». Infeliz de quem por causa das
riquezas da terra vende a paz de sua alma, dela €:'Xpulsan-
dô"a Deus. Sentirá ás amarguras de Judas, que por um
punhado de moedas atraiçoou a Jesus. Nosso Senhor se
.fêz pobre para leVar-nos para o céu,; e disse aos seus se-
guidores: «Quem quiser vir após Mim, renegue-se a si
mesmo, tome todos os dias a sua cruz e me siga».

- 91-
Devemos, portanto, sofrer com paciência a pobreza
e outras provações permitidas por Nosso Senhor para
nosso merecimento, porque «devemos chegar ao Reino de
Deu8 através de muitas tribulações». (Atol!! dos Apóstolos:
14,21).
PARA RESPONDER
o homem tem direito de propriedade? - Por que a pro-
priedade é necessária à vida humana? - Quem defend~ o
direito de propriedade? - Que é o furto e o roubo? - O dano?
a usura? ~ A fraude? - Quem coopera para o furto? - Res-'
tituir: a quem? ~ Que? - Quando? - E não podendo?
Qual é a traça contra a qual Jesus nos põe de sobreaviso?

PARA REOORDAR

1) é uma necessidade da natureza


1. para prover à vida
2) é _{ 2. p.ara estimular a la~orio-
a) defendem . . ne sIdade e a economIa
II direito de cessáno 3. para garantir a ordem e
propriedade a paz

3) é de-{ pela lei divina


fendido e.
pelas leIS humanas

~ !~~~o '
VII e X
Manda-
mentos
b) por isso
a) ações
jdano
usura
fraude
colaborar para êstes danos
proibem
c) desejos {~; ~~~~~za
imode- de bens alheios
rados de revoluções para enrique-
cer
quem deve restituir? - quem roubou
quê? - o que roubou
aI
c) impõem
. restit1l i çíío 1 a quem? - ao dono das cousas roubadas
quando? - o mais breve possivel
não podendo? - fazer boas óbras, acon-
selhando-se com o Confessor

92 -
Lição XVI

A língua
Um rei havia convidado um filósofo para almoçar. Quando che-
&ou o prato da carne, convidou-o a escolher a melhor parte do
animal. O filósofo escolheu a língua. Convidou-o então o soberano
a escolher a pior parte; o filósofo escolheu novamente a língua.

São Tiago traça êste trágico elogio da língua: «Quem


não peca no falar é homem perfeito. .. Se colocamos um
freio na bôca dos cavalos para que nos obede~am, refrea-
mos também todo o seu corpo. Os navios, apesar de
grandes e impelid{)~ por fortes ventos, são dirigidos por
um pequeno leme manejado pelo piloto. Assim também
a língua é um membro pequeno, mas faz grandes coisas.
Uma pequena centelha incendeia mila grande florestal. ..
A lingua contamina todo o corpo. " está ~heia de veneno
pestífero. Com ela bendizemos a Deus, e com ela maldize-
mos os homens, criados à margem de Deus. Da mesma
bôca sai a bên~ão e a maldi~ão».

Moedas falsas

Com a moeda compra-se a mercadoria, e com a pala-


vra transmite-se a verdade. Portanto, a palavra que não
corresponde à verdade é como a moeda falsa que engana
, o próximo. Com a falsidade nos tornamos de certo modo
rébs do pecado de Pedro: traímos a Deus que é Verdade.
O oitavo mandamento de Deus .condena severamente tôda
espécie de mentira.
Eis as principais fo.rmas dessas moedas falsas, isto é,
de mentirai;

-9&-
1.'1- -Falso testemunhopràpriamente dito é á:Mên·
tira proferida no tribunal. Ela ofende a verdade, a cari-
dade, e a· justiça; e,se houve juramento de dizer a ver-
dade, é um perjúrio contra a religião. Também quando os
pais, os mestres, os superiores ·fazem perguntas justas, é
obrigação nossa dizer a veTdade.
2.') - Calúnia: é acusar o próximo de algum defeito
ou falta não verdadeira. O caluniador é pior que o ladrão,
porque désttuindo a fama do próximo, «tira-lhe das mãos '
um tesouro preferível às maiores riquezas».
3.11- - Mentira: é dizer diferente do que se pensa, com
o fim de enganar. Pode ser: jocosa (dita por brincadeira
não chega a. ser pecado venial); oficiosa (para tirar pro-
veito), dolosa (em prejuízo do próximo). «Mancha vergo-
nhosa é a mentira no homem, ese .encontra sempre na
bôca dôs mal educados». (Eclesiástico: 20, 26). Igual-
mente detestável é a hipocrisia que consiste em fingir vir-
tudes ou qualidades que' não se possuem, para conquistar
a estima: é uma mentira continuada, índice de caráter
baixo.
4.1). - Detra!;ão ou murmuração: detl'air quer dizer
diII!inuir; murmurar quer dizer resmungar às costas. O
detrator e o murmurador tiram a faml'\ do próximo, di-
minuindb o bem que praticou ou manifestando um mal
verdadeiro, mas escondido. A murmuração prejudica pe~
lo menos a três pessoas: a vítima, ,quem fala e quem ouve;
não devemos sequer escutar, porque Quem assim fala tem
o demónio nos lábios e quem ouve tem o demónio nos
ouvidos.
5.'> - Adulação: é o louvor exagerado ou falso para
proveito próprio. «Os aduladores alimentam os pecados
como o azeite alimenta a chama» (São Bexla).

- 94"'::'-
6.'-' - Juízo e suspeita temerária: consistem em atri-
buir intenções más a palavras e ações boas do próximo,
ou então pô-las em' dúvida, sem razoáveis motivos. So-
mente Deus tem o poder de julgar o coração do homem,
e :Ele é cioso de seu poder. Jesus declara: «Não julgueis
e não sereis julgados. Com a mesma medida com que
medirdes sereis medidos». A gravidade de tais pecados
mede-se pelos danos causaçlos.

o freio·
A língua desenfreada comete tôda a espécie de males.
"
Vimos os principais. Devemos, pois, refreá-la com energia.
O Catecismo nos dá algumas normas.
1. 9 - !D~zer em tempo e lugar a verdade. «Cada
coisa a seu tempo! Há tempo de falar e tempo de. calar».
Nunca é lícita a mentira, mas dizer sempre tudopod~' ser.
rematada tolice. Nasce daí a obrigação do segrêdo.Quem
está razoàvelmente prêso ao segrêdo deve calar sob pena
de pecado mais ou menos grave, conforme a importância
do segrêdo e das conseqüências. Somente graves prejul-
zos para os indivíduos e para a sociedade poderão dis-
pensar de tal obrigação em determinados casos.
2. 9 - Interpretar bem,quanto possível, as ações do
próximo. Santo Tomás dá esta regra: «Ao julgar os
homens devemos considerá-los bons, se não há manifesto
razão em contrário».
3. Q _ . Reparar, na medida do possível o prejuízo
cauElado. Quem rouba deve restituir, quem prejudica deve
compensar; portanto, quem roubou e prejudicou a fama
alheia deve reparar. Não basta extrair a flecha, é p,reciso
curar a ferida, isto é, não basta evitar as ofensas da lin-
gua, mas é necessário reparar o dano causado pa propor-
ção de sua gravidade. .

- 95-
A calúnia deve ser retratada abertamen:te diante de
quem a ouviu, mesmo com prejuízo próprio. Devemos
procurar cortar a murmuração e detração, falando bem
dos que estão
1)
sendo
.
difamados.
Os danos materiais devem ser compensados.
Regras soberanas:
Não façamos aos outros o que não queremos que nos
façam a nós.
Pensar bem de todos, falar bem de todos, fazer bem
a todos. '

PARA RESPONDER

Que é o falso testemunho? - Que é a calúnia? - Que é a


mentira? - Que é a mentira jocosa? - oficiosa? - dolosa?
- Que é a hipocrisia? - Que é a detração ou murmuração? -
Que é a adulação? - Que é juízo ou suspeita temerâria? ;......
Como se mede a gravidade dêstes pecados? -Que significa di-
zer em tempo e lugar a verdade? - Que regra segUir no julgar
os homens? - Como reparar a calúnia e a murmuração? - Re-
gras de ouro para observar o oitavo mandamento.

PARA RECORDAR
Falso testemunho
Calúnia
Mentira
condena a mentira Detração ou murmuração
{ Adulação
VIII
Mandamento Juízo e suspeita temerária
- Dizer em tempo e lugar a
verdade
defende a verdade _ Interpretar bem as ações do
{ próximo

- 96-
LEITURA

HISTóRIA DA IGREJA

o APOGEU (S1i:C. XIII-XIV>

A Igreja, qual maravilhoso sol, atinge o zênite. A vida


religiosa do século XIII é intensa; numerosíssimos os
santos e os fundadores de Ordens religiosas, cuja obra
fecunda ainda hoje perdura. Surgiram nessa época os
Camaldulenses, Valumbrosianos, Franciscanos, e Domi-
nicanos. Floresce a cultura nas Universidades criadas
pela Igreja. Na ciência e na arte brilham astros de
glória imortal, (Jomo S. Tomás de Aquino e Dante.
Talvez nunca, como nesse período houve tão completo
acôrdo entre a civilização e a sabedoria cristã. Nunca
como então, os homens puseram como base na viela so-
cial os grandes valores do Cristianismo.

SAO FRANCISCO

Nasceu em Assis no ano 1182. Espírito ardente e generoso,


desde jovem amou os pobres. Seu pai, Pedro Bernardone, sonha-
va com um glorioso futuro mundano para SeU filho, mas Fran-
cisco, chamado por Deus, abraçou a pobreza e a caridade.
ExpulSo pelo pai, Francisco exclamou: De ora em diante dirl'i
com maior confiança: «Pai nosso que estais nos céus}).
Fundou os Frades Menores, assim chamados por humildade.
Por meio da piedosa Santa Clara fundou as Clarissas. Fundou
ainda os· terceiros, a qUe se gloriaram de pertencer ilustres per-
sQnágens santos e doutos.
Recebeu o extraordinário dom dos estigmas, isto é, teve as
feridas que os pregos da crucifixão produziram nas mios e pês
de'Jeaua.
Morreu aos 4i anos, abençoado por todos, apôs haver ini-
ciado imensa obra de bem, que foi continuada por seus filhoi.

- 97 -=-
SANTO TOMAS DEAQUINÓ (1225-1~74)

Glória da Idade-Média e da Igreja, Tomás de Aquino nas-


ceu de nobilíssima família. Educado pelos Beneditin0s, fre-
quentou post~riormente a Universidade. de Nápoles, entrando .
depois, afnda jovem, para a ordem dominicana. As dificuldades
por parte de seus familiares não conseguiram dobrar sua forte
têmpera, que permaneceu inabalável em sua vocação, tornan-
do-se professor de Teologia em Paris, em Roma, sendo verda-
deiro luminar das universidades, dos reis, e da côrte pap!!:l.
É a mais aguda e harmoruosa inteligência de tôda a Idaae-
Média e dê todos os tempos. Sua obra principal é a «8ummà
Theologica» que é a coleção completa de tôdas as verdades da
religião explicadas e defendidas. É uma obra grandiosa divi-
dida em três grandes partes, com várias centenas de «questões)),
26.000 teses, nas quais se acham refutadas 10.000 objeçõesl
Sua dou.trina, qual farol poderosíssimo, atravessou os sé-
cu.Ios, enchendo-os .de suas luzes. Vinte gerações de sábios, cen-
tenas de teólogos e filósofos sem conta tiveram-no de então
até hoje como guia e mestre.
Protetor. dos que estudam, protetor sobretudo dos estudos
religiosos, Santo Tomás é chamado «o Anjo das Escolas».
Invoquemo-lo para que nos ajUde a ter uma fé convicta e
uma devoção sincera.
Lição XVII

Os preceitos
PRECEITOS DA IGREJA

Plenos poderes
Qual será a mais viva recomendação de um pai ant\,!s, de, partir
para longe? A seguinte: "Meus filhos, obedecei à mamãe como
obedecíeis a mim: se não obedecerdes ,dar-me-eis grande desgôsto".

Deus que nos deu os mandámentos, completou-os por


meio de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ao deixar-nos visivelmente, Jesus nos confiou à
Igreja docente, constituída pelos Apóstolos e seu~ su-
cessores, dizendo: «Todo o poder me foi ,dado no Céu e
na terra. .. Ide... pregai o Evangelho ~itôdas as criatu-
ras. .. Ensinai a todos os povos, fazeIido-os observar o
que vos mandei».
A Igreja tem, pois" o poder de ensinar e de fazer
pra~car o que Nosso Senhor mandou; por isso pode, con-
forme a necessidade dos tempos, dar disposições, normas,
ordens, isto é, preceitos, que às vêzes são particulares,
isto é, não dirigidos a todos; outras vêzes gerais, como, os
cinco grandes preceitos, que são maneiras de observar os
diversos mandamentos.
Duas importante observações:
,a) Os Mandamentos provêm diretamente de Deus e
são' irreformáveis quanto ao número e à substância, l?0':'
dendo sofrer alterações de ordem secundária; por exem-
"" pIo: antigamente, o dia de repouso era o sábado, agora é
A'º domingo, o importante é que haja um dia (isto é funda~
mental, substancial). Os preceitos provêm diretamerite da
Igreja e podem variar ell). numero e substância.
b) Os Mandamentos obrigam a todos os homens,
sempre, mesmo a custo da própria vida. Os preceitos
obrigam tão sõmente os batizados e podem deixar de
obrigar em certos casos, por motivos graves e razoáveis,
Por exemplo, é sempre obrigatório adorar a Deus, como
diz o primeiro mandamento, mas há por vêzes dispen~a
de O adorar mediante a Missa dominical mandada pelo,
primeiro preceito.

Sempre assim
O poder de dar leis e preceitos foi exercido pelos
Apóstolos algumas vêzes coletivamente, como no primeiro
Concílio de Jerusalém; outras vêzes individualmente, como
quando São Paulo excomungou um pecador publico.
Sendo sociedade perfeita, a Igreja continua a usar do
poder de fazer leis, julgar e punir; se não agisse assim,
ela se dissolveria pela desordem e anarquia.
Quer o bom senso que o poder legislativo não fique
entregue ao capricho de qualquer pessoa sem critério.
Assim, na Igreja só podem, legislar: o Papa, para tôda a
cristandade; e os Bispos, para as suas dioceses. Os outros
ministros de Deus são auxiliares dos supremos pastores,
para transmitir aos fiéis suas ordens e fazê-las executar.
Sejamos, pois, filhos obedientes da· Igreja, porque
ninguém pode pretender «ter a Deus como Pai, se não tem
a Igreja por Mãe» (São Cipriano).
Prestemos carinhosa obediência às ordens dos Sa-
grados Pastores, porque Nosso Senhor afirma: «Quem vos
escuta a mim escuta; quem vos despreza a mim despreza».
(8. Lucas: 10, 16).

-100 -
PARA RESPONDER
Que encargo recebeu a Igreja de Jesus? - De que espécie
podem ser os preceitos da Igreja? - Quais as principais dife-
renças entre mandamentos e preceitos? - A quem é confiada. a
autoridade na. Igreja?

PARA RECORDAR
1) são - modos para praticar os Mandamentos
2) quantos são os grandes preceitos? - cinco
- Pt'ovêm de Deus
os manda- - náo se pOdem ..
mentos { mudar .
3) diferença en- - obrigam sempre
Preceitos tre preceitos
da e mandamen- - vêm da Igreja
Igreja tos, , - podem mudar
os preceI- _ obdgam... somente
tos { os cristãos
- podem-se dispensar
4J Quem pOde - o Papa para tôda Igreja
fazer leis e{ "
preceitos na - os Bispos pa.ra as suas Dio-
Igreja ceses

--101 __
Lição XVIII

Missa nos
dias de precei,to
e comunhão pascal:
Primeiro" preCf~ito
Como vimos, o terceiro mandamento nos lembra a
obrigação de santificar os dias de festa. A Igreja consa-
gra para êste fim a sexta parte do ano, isto é, uns sessenta
dias em honra de Nosso Senhor, Nossa Senhora e dos
Santos.

Dias de preceito
Em honra de Nosso Senhor: Domingo - Natal -
Circuncisão - Epüania - Ascensão - Corpus Cristi;
Em honra de Nossa Senhora: Imaculada Conceição
- Assunção;
Em honra dos Santos: São Pedro e Sã,o Paulo -
Todos os Santos - São José (dispensado, porém, no
Brasil, com exceção do Ceará e na diocese de Garanhus).
Nestes dias, devemos abster-nos das obras servís e
fazer atos de culto externo. O principal dêles é a partici-
pação ao Santo Sacrifíeio da Missa; sacrifício êsse a que
os fiéis devem participar ativamente, devendo, portanto,
estar presentes, com o corpo e com a alma, à, :Missa.
inteira.

-1'2 -
Para assistir vàlidament.e à Santa Missa se requer:
a presen~a cor.paraI: num lugar onde seja possívol
acompanhar a Missa, ao menos nas partes principais,
avistando o Sacerdote que a celebra, ou seguindo as ceri-
mônias do santo Sacrifício, pela atitude dós fiéis, pelo
som da campainha ou do órgão ou então pelo canto. E
preciso estar realmente presente. Missa assistida pelo
rádio não 'vale para cumprir o preceito. - Requer-se
ainda:
a presen~a espiritual, isto é, aten~ão e intenção. Não
satisfaz, portanto, ao preceito, quem dorme, ri, e brinca
continuamente, óu se preocupa com outras coisas 'e fica
culpàvelmente distraidonos momentos principais do Santo
Sacrifício. - Requer-se finalmente:
Missa inteira: o mínimo exigido sob pena de pecado
mortal é a parte que vai do ofert.ório à Comunhão inclu-
sive. Mas comete lamentável negligência e pecado venial
quem, sem justo motivo, não participa das outras partes,
procedendo pouco generosamente com Nosso Senhor por
causa de alguns minutos. «Quem ouve parte da Missa de
um Sacerdote e parte da missa de outro, cumpre o pre-
ceito, contanto que não seja demasiado o intervalo entre
as duas Missas, e se encontrem na mesma Missa a Con-
sagração e a Comunhão, porque do contrário a unidade do
Sacrifício não existiria mais».
E êste o alcance da obrigação com relação à ~anta
Missa: êste preceito começa a obrigar do momento em
que começa o uso da razão, mesmo antes dos sete anOH
de 'idade.
Por isso, se alguém, sem verdadeiro impedimento não
faz o que ficou exp9sto acima, ou não permite que outros
o .façam, comete pecado grave, e tantos pecados, quantas
forem as pessº~l? por êle impedidas.

-lia ==
Impedimento: podem ser a necessidade (p; ex. doen-
ça, viageJll. importante, trabalho urgentisslmo), a caridade
(assistência à doentes, crianças), o costume (p. ex. as
viúvas não saem de éasft. senão depo~ de decorridos alguns
dias depois da morte do marido).
NêsseS casos, porém, tais motivos devem desculpar
primeiramente diante de Deus, isto é, devem ser muit.o
sérios, e por isso de tôda conveniência pedir conse!hos
ao· próprio Confessor ou ao Pároco. '

Terceiro preceito
Jesus disse: «Eu sou o pão da vida. .. A minha carne
é verdadeiramente comida e meu Sangue verdadeira bebi-
da. '.' Se não comerdes da carne do Filho do homem e
não bebertles de seu sangue, não tereis a vida em vós».
Assim, a Igreja conhecendo nossa grande fraqueza e
interessada em formar filhos sadios, sobretudo espiritual-
mente,e muito afeiçoados a Deus, dá-nos com solicitude
materna o terceiro preceito; não deveria haver necessi-
dade para isso, mas ela o fêz constrangida, porque com o
correr dos tempos, esfriando-se o primeiro fervor, os fiéis
abandonavam a prática dos Sacramentos. Assim, no IV.Q
Concílio de Latrão, no ano 1215, proclamou a obriga,Ção
hoje expressa pelo terceiro preceito.
Foi isso que levou alguns, menos conhecedores da
História, a pensar Ique nes'se Concílio foi inventada. a
Confissão!
Acusação tola, freqüentemente repetida e escrita, e,
o que é pior, aceita po.r muitos!
Satisfaz-se a obri~ão da Confissão e da Comunhão:
1.Q- NO' tempo pascal, (tempo prescrito para a Co-
munhão pascal), que vai do Domingo de Ramos ao Do-

-104 -
mingo in albis, isto é, o domingo depois da Páscoa; os
Bispos podem antecipar o inicio e prolongar a dura~ão
dêsse tempo. No Brasil por privilégio, o tempo pascaL vai
desde o domingo da SetuagésIma até 16 de julho. :m o
tempo mais indicado, porque nos prepara com. a penitên-
cia da Quaresma e com a lembrança de tudo o que Jesus
fêz para merecer-nos a Ressurreição e a glória. Quem
não satisfizer no tempo marcado deve fazê-lo quanto
antes; pois quem não paga uma dívida a tempo não est.á
dispensado de pagá-la.
2. Q - Com uma boa Confissão e Comunhão; quem
se confessa ou" comunga sacrilegamente não satisfaz ao
preceito, e é obrigado a remediar quanto antes: não se
paga uma dívida com dinheiro falso.
O jovem cristão, porém, não se contenta sôn,tente com
satisfazer o preceito, como não se' contenta com adquirir
uma aprovação ,apenas suficiente no colégio, ou de viver
a duras penas. Pois não se esquece das promessas de
Jesus: «Quem come a mmha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia». '
Não lhe escapa à sensibilidade o suspiro da amargura
materna da Igreja, que acrescenta ao terceiro preceito a
palavra «ao menos». Sabe ainda que é uma consoladora'
verdade a que se contém nestas palavras: «Dai-me um
menino que se aproxime freqüentemente e bem daCon-
fissão e Comunhão; vê-lo-eis tornar-se moço, chegar à
idade madura e, se a Deus aprouver, até à mais avançada
,velhice, com um procedimento que será de admiração e
exemplo a todos os que o conhecem.» (iDom Bosco).
" '

PARA RESPONDER

Que parte do ano abrange os dias santificados? - Quais


são Os dias festivos? - Como devemos assistir à Santa Missa?

-105 -
- Quem é obrigado a assistir à Santa Missa nos dias de guarda?
- Quais os legítimos impedimentos? - Por que a Igreja insiste
tanto sôbre a Confissão anual e a Comunhão pascal? --.,. Como se
cumpre esta obrigação? - Um Jovem cristão contenta-se ape-
nas com a Confissão anual e a Comunhão pascal?

PARA RECORDAR

quantos são - cêrca de 60 dias em todQ


o ano

que obriga- { - alhbstenção dos traba-


ção .
Impor- os. .
Dias de
t - assIstêncIa à santa
festa de am Missa
guarda
- presença corporal
P I10 como aSSiS-{ - presença espiritual
I1I.o tir à Missa - missa inteira
Preceitos - salvo impedimentos
ao menos uma vez cada
1) quando {
Freqüêcia ano no tempo pascal
aos Sacra- 2) ·d d {ObrigaçãO sob pena de
mentos "da " gravI a e pecado grave
Confissão e
Comunhão 3) como se { - boa confissão
satisfaz - boa comunhão

",...-106 -
LEiTURA

mS'l'óRIA DA IGREJA

A IGREJA NO BRASIL

«o descobrimento do Brasil é, por assim dizer, uma con-


quista religiosa como o demonstra o que segue:
1 - D. Manuel, em cujo reinado se descobriu o Brasil, an-
tes de ser rei era grão-mestre da Ordem de Cristo, à qual a
S. Sé concedera a posse das terras descobertas e por descobrir,
desde o cabo Bojador até às índias.
2 - Em 8 de março de 1500, o rei D. Manuel com tôda a
côrte e com Pedro Alvares Cabral, e os nautas, assistiu na ermi-
da de Belém à santa missa, celebrada pelo bispo de Ceuta, pre-
gando êste sôbre as conquistas. Depois benzeu e entregou as
bandeiras da ordem de Cristo.
3 - Em 22 de abril de 1500, quarta-feira de Páscoa,avis-
taram um monte que chamaram Monte Pascai, dando à terra o
nome de Ilha de Vera Cruz, mudado em Terra de S. Cruz.
4 - No domingo de Pascoela, o guardião franciscano frei
Henrique de Coimbra rezou a primeira missa no Brasil e pregou
o primeiro sermão.
5 - No dia 1.0 de maio levantaram o cruzeiro, havendo
missa e sermão para a solenidade da posse da nova terra.

A IGREJA NO BRASIL COLONIAL

O estado moral e religioso era péssimo,. ta,nto no referente


aos indígenas como aos colonos. Poucos eram os padres. Por-
tuguêses houve que se tornaram mais selvagens que os indíge-
nas, pois se deram alguns à antropofagia, à ambição desen-
freaCla e à embriaguez.
A rivalidade entre índios e seus tiranos, bem como entre
êstes e os missionários, dificultou muito a evangelização.
Como, no princípio, os únicos missionârioseram Jesuítas,
contraêles é que eram endereçadas tôdas as queixas do!! escrf1:..
~adores de índios.
Distinguiram-se nos trabalhos apostólicos, os Padres José
de Anchieta, Manuel da Nóbrega, Antônio Vieira. fi muitos ou-
tros.

JEItAItQUIA

Foi em 1552 que chegou à Bahia o primeiro bispo, D. Pe-


to Fernandes Sardinha, mas após 4 anos de episcopado foi de-
vorado pelos Caetés. Em 1575 a pedido do Rei D. Sebastião,
Gregório XIII criou a prelazia do Rio de Janeiro com poderes
quase episcopais. Em 1767, o Regente D. Pedro conseguiu do
Papa Inocêncio XI a criação da diocese de S. Sebastião do Rio
de Janeiro.
No mesmo ano a Sé da Bahia foi elevada a Arcebispado;
criaram-se os Bispados de Pernambuco e Maranhão, ficandO
Pernambuco e Rio sufragâneos da Bal:).ia, ao passo que Mara-
nhão ficava dependendo diretamente <ie Lisboa.
Em 1747 por intervenção de D. João V, foram desmembra-
dos os Bispados d~ Mariana e S. Paulo e as prelazias de Goiás
e Cuiabá».

108
Liçdo :XIX

Penitência
Quem cavalga um animal muito fogoso, serve-se de freio, esporas
e chicote para chegar são e salvo a seu destino. Nosso corpo pode
ser comparado a êsse perigoso cavalo que deve ser tratado com fir-
meza, como"nos ensina São Paulo: "Castigo o meu corpo" e o reduzo
à servidão, para não me perder".

Lembremos a incisiva advertência de Jesus: Fazei


penitência. .. se não fizerdes penitência havereis de pe-
recer todos! (S. Lucas: 13, 3). Foi considerado esta ne-
cessidade que a Igreja nos deu o

Quarto preceito
que nos ordena a abstinência e o jejum;
Abstinência significa renúncia, privação. Consiste
em não comer carne de animais de sangue quente (ma-
míferos e aves), às sextas-feiras da Quaresma e em outros
dias de abstinência, com o fim de unir-nos espiritualmen-
te à Paixão de Jesus e preparar-nos dignamente para as
maiores solenidades.
Estão obrigados à abstinência todos os fiéis de sete
anos completos em diante. Peca-se tôdas as vêzes que
nos dias' de abstinência se come carne.
São motivos de dispensa: trabalho pesado, doença,
pobtezae outras causas semelhantes...
Jejum: pode ser «natural» (abstenção total de aU-
mento) e «eclesiástico» (abstenQão parcial de alimentos).
Consiste o jejum em se fazer urna só ,refeição, (em
geral, ao meio dia), na qual é lícito tomar a.limento como

-109 -
em qua1quer outro dia. Permite-se, porém, uma refeiçãq
muito leve, pela manhã (o café) e uma ceia muito frugal,
à tardinha 'Ou à noite.
Alei atual para o jejum e abstinência, no Brasil, é a
seguinte:
1 - Jejum com abstinência: 4.'1- feira de Cinzas -
sexta-feira Santa, ena" 6." fefra das Têmporas do Ad'vento.
2 - Só abstinência: em tôdas as sextas-feiras, da
Quaresma.
Está obrigado.a jejuar todo o' fiel, dos vinte e um
anos completos aos sessenta começados: pode ser dispen-
sado por grave incômodo, trabalho penoso, obras de cari-
dade e outras sérias razões: neste caso deve suprir com
alguma mortificação e com a oração.
Convites à penitência: Convida-nos à abstinênda e
ao Jejum:
1.'-' - o exemplo de Jesus, que jejuou quarenta dias
e quarenta noites antes de começar a pregação do Evan-
gelho.
2. Q a doutrina de Jesus: «Quem quiser vir em meu
-

seguimento renUllcie a si mesmo'. .. Fazei penitência!»


(8. Mateus: 16, 24).
3.Q
a penitência dos pecados. Para entrar no céu
-

requer-se a inocência ou a penitência. Mas quem é de


todo inocente?
4.Q -a mortificação da gula. A gula quanto mais se
lhe dá mais exige, assassinando a alma e o corpo mais
do que a espada.
5.
Q
a mortifica~ão das paixões, especialmente da-
-

quelas contrárias à pureza; Jesus afirmou: «Êste gênero


de deIDÔnios, não se ex.pulsam senão com a or~ão e o
jejum» (8. Mateus: 17,20).

-UQ--
G. Q - outras neCêssidades .particulares. A penitência
esco.njuro.u, em to.do.S o.S tempo.s, graves desgraças, e im-
petro.u assinalado.s fa vo.res. Para nós em particular re-
lembremo.s; o. apêlo. de São. Paulo.: «Não sabeis que todos
correm no estádio, mas somente um alcan~a o prêmio?
Correi vós para conquistá-lo. Os lutadores se sujeitam a
tôda a espécie de abstinência, e o fazem por coroa corru.p-
tível; nós, porém, o fazemos para conquistar uma coroa
eterna». (1.~ ao.s Cor.: 9, 24).

PARA RESPONDER

Que quer dizer e em que co.nsiste a abstinência? ...:... Quem


está obrigado? quando? - Como se peca? - Que é que pode
dispensar? - Que é o. jejum? - Em que consiste? - Quem
está obrigado? - Em que dias? - Que motivos podem dispen-
sar? - Que motivos nos convidam à abstinência e ao jejum?

PARA RECORDAR
à abstinência de carne
(dos 7 anos em diante)
rv.o Preceito { obriga-nos { ao jejum (dos 21 aos 60 anosj
Penitência
o convite e
conforme {
a doutrina de Jesus

- l1t-
Lição xx

Ajudemos nossa mãe


A Igreja é uma sociedade espiritual, mas é composta
de homens e portanto tem necessidade da ajuda matefiaI
de seus filhos, para poder realizar a missão que lhe for
confiada de propagar o culto divino por tôda a terra .
. Para estender o Reino requerem-se
1 .......... Operários, e êstes têm o direito de ser susten-
tados «porque o operário é digno de seu salário». (1.' a
Timót.: 5, 18).
Para propagar o reino de Deus e sustentar o culto
que lhe é devido, a Igreja deve ainda manter
2 ~ obras, tais como:
.,...-- -igrejas, ambientes, paramentos sagrados;
-seminários, colégios, casas para vocações sacer-
dotais e para formação religiosa.
-!):pras assistenciais, e de caridade para tôda espé-
cie de3iJ"~~soas e males;
..:... .•. missões e missionários;
- apostolado da boa imprensa, etc., etc.
'Pois beIrlj. no Antigo Testamento, Deus havia orde-
nado que se entregassem as prlmícias dos animais, frutos
e outros haveres, a fim de manter os Seus ministros e as
obrai destinadas à Sua honra.
Embora pobre, Nossa Senhora e São J
ofertas estabelecidas, como p. ex. na

-112 -
Jesus Cristo elogiou vivamente a viúva pobre que fêz
a oferta generosa das duas moedas, necessárias para o
seu sustento.
Nos primeiros tempos da Igreja, os fiéis espontânea-
mente levavam ofertas aos ministros de Deus, e isto durou
por quinhentos anos.
Para os cristãos é dever de justiça e reconhecimento
filial oferecer generosamente a própria contribuição à
Igreja, quer quando a oferta é livre, p. ex. nas coletas
públicas feitas na igreja ou fora, quer quando a oferta é
estabelecida pela autoridade ou pelo costume.

o banco de Deus
Eis o que diz o Senhor pela bôca do profeta Ma-
laquias: «Ousaria alguém regatear com seu Deus? Mas
vós o fazeis comigo; e depois dizeis: - Em que regatea-
mos? - Nos dízimos e nas primicias. Estais numa ca-
restia' amaldiçoada. Trazei todos os dízimos para o tesou-
ro do Templo; e vêde se não sou capaz de abrir-vos as
cataratas do céu e derramar sôbre vós minha bênção em
abundância. . . Se assim fizerdes afastarei tudo o que
puder arruinar as sementeiras e os frutos da vossa terra;
vossas vinhas não serão estéreis, todos os povos vos cha-
marão felizes e a vossa terra será uma terra ambicionada».
Quem se recusa a fazer ofertas é injusto e ingrato
para com a Igreja; não reconhece o domínio de Deussô-
bre" tudo o que possuímos, e obrigará a mão da divina
Providência a afastar-se da sua cabeça. Quem é generoso
deposita seus bens' no melhor Banco, q\le renderá cem
vêzes nesta vida mesmo, e com absoluta
eterna.

'; ,. ;.;. 113


PARA RESPONDER

Por que a Igreja tem necessidade de ajuda material?


Para que servem as ofertas? - :a:ste preceito está conforme a
Sagrada Escritura? - Que disse Deus pela bôca do profeta
Malaquias?

PARA RECORDAR

obriga-nos a ajudar. a Igreja e amparar· suas obras


estender o Reino de Deus
sacerdotes
operãrios { missionários

! i
Quais são as
igrejas
obras da por seminários
Igreja? meio de
v.~
hospitais
obras missões
Preceito
I boa imprensa
I
l etc.

Dever de { - por reconhecimento


ajuda.r - por justiça
- ofertas livres
Que deve- { ou
mos dar? - determinadas pelo uso

114
LE!TURA

mSTôRIA DA IGREJA

CISMAS E REFORMAS (stC. XV-XVI)

Terrível luta contra a Fé foi' desencadeada por Lutero,


que lançou a cisão no seio da Igreja. A seu grito de
revolta acorreram os príncipes alemães por motivos
políticos, e assim produziu-se o cisma. A Alemanha
setentrional destacou-se da Igreja, seguida bem logo
pela Suíça (Calvino), pela Inglaterra (Henrique VIII)
e por outras nações da Europa
Mas o maravilhoso Concílio de Trento (1545-1563) con-
firmou a doutrina secular recebida de Jesus, na qual
se encontra a garantia infalível da fé e da moral.

LUTERO

Grandes dores advieram à Igreja com êste monge rebelde.


Martinho Lutero nasceu na Sjtxônia (Eisleben) em 1483.'
Jovem soberbo, colérico, corrompido, entrou sem vocação na
ordem Agostiniana, mas abandonou-a desposando uma infeliz
monj a apóstata.
Ensinava gravíssimos erros como êste, que diz ser suficiente
crer para se salvar, mesmo sem fazer boas obras. Revoltou-se
contra o Papa quando se começaram a pregar as indulgências
pelas ofertas em favor da Basílica de S. Pedro. Queimou a
carta de excomunhão e afirmou outros funestíssimos erros con-
tra os Sacramentos e a Sagrada Escritura. Atiçou os campo-
neses contra os príncipes, e depois os príncipes contra os cam-
poneses, fazendo assim correr um rio de sangue. Morreu
misci-àvelmente aos 62 anos, deixando o Protestantismo como
herdeiro de seus erros.
Seguiram seu exemplo, na Suíça e França, Zuínglio e Cal-
vino e na Inglaterra, Henrique VIII. Queria êste rei dissoluto
que o·~It~Q~~provasse o seu divórcio, mas o Papa condenou esta
ação aboifffflável. Seus vícios e sua revolta lançaram a Ingla-

-115 -
terra no sangue e na heresià. Eis os dignos Pais do Protestan-
tismo.

REFORMA CATóLICA

A Igreja encontrou ém si mesma fôrças bastantes para pro


mover uma sagrada reforma mediante o «Sacrossanto Concílio
de Trento» inaugurado em 1545 e encerrado em 1563. Todos os
campos da doutrina Católica foram profundamente estudaçlos,
e O· Concilio assinalou o início de uma esplêndida reconstrução
eclesiástica e do renascimento cristão. Multiplicaram-se insti~
tuições beneméritas, desabrocharam as mais belas flôres entre
os santos. Lembremos S. Carlos Borromeu, arcebispo de Milão,
São Pio V que reuniu os soberanos católicos contra os turcos e
alcançou a maravilhosa vitória de Lepanto (1571); São Felipe
Néri, apóstolo da juventude, São Camilo de Lelis, o santo dos
hospitais; São Jerônimo Emiliani, fundador dos Somascos,
Santo Antônio Maria Zacarias, dos Barnabitas, Santa Angela
Merici, 'das Ursulinas, Santo Inácio de Loiola, da gloriosa Com-
panhia de Jesus, São João da Cruz e Santa Teresa de Jesus
reformadora da OrdemCarmelitana, São Luís Gonzaga, angé-
lico protetor da juventude.
No período seguinte houve também, como em todos os
séculos uma esplêndida floreção de santos. Lembremos apenas
São Vicente de Paula, herói da caridade evangélica, São Fran-
cisco de Sates, suavíssimo escritor e mestre de doutrina espíiri-
tual; Santo Afonso Maria de Ligório, êmulo de Santo Tomás de
Aquino no resolver e explicar tôdas as questões de moral; e
São João Batista de la Salle, apóstolo das escolas católicas, o
primeiro a formar mestres para os filhos· do povo, fundando a
benemérita Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs.

-116 -
Lição XXI

Virtude e fôrça
VIRTUDES CRISTÃS
Ergue-se majestosa a montanha com sua mole imponente, cheia
de mistérios em suas íngremes encostas, atirando ousadamente de
encontro ao céu o pico coberto de neves eternas. Um destemido
jovem planeja escalar a montanha e atingir o cume para desfraldar
. a bandeira, em cujas dobras rebrilha um lema glorioso: "Excelsior!"
- Mais para o alto!" E empreende a árdua subida. .A planície
suave e deliciosa acena insinuantemente com sua doce tranqUilidade.
Mas o lema do herói brada: "Excelsior!" Assobia o vento, acumu-
lam-se os nimbos prenunciando a tempestade; mas na bandeira lê-se
um desafio heróico: "Excelsior!" Ao despontar de um novo dia, no
altíssimo cume que se alteia sôbre o manto imaculado, dorme o
herói o sono eterno, com a fronte beij'ada pelo sol; mas em sua ban-
deira desfraldada no azul brilham as letras da vitória: "Excelsior!"

Isto é poesia, mas também imagem eloqüente da vida


cristã. A meta do homem é o Céu, onde Deus o espera.
Para chegar até lá é necessário observar os mandamentos
e preceitos, que, como vimos, é possível e até fácil como
auxílio da Graça.
Cabe, po.rém, ao homem concorrer com sua coopera-
~ão, com seus esforços, porque há muitos inimigos, ínpe-
dimentos e obstáculos, que tornam difícil o caminho.
E Jesus quem o afirma: «O Reino dos Céus exige
'grande esfôr~o, e os fortes, é que, o conquistam», e' nos
põe de alerta: «Entrai pela porta estreita; porque larga é
.a porta e espa~oso o caminho que conduz à perdi~ão, e
muitos entram por ela. Como, porém, é estreita a porta
e apertado o caminhO' que conduz à vida! E poucos a en-
contram! (Mt.: 11, 12 e 7, 13).

-117 -
«Esto vir!» Seja homem!
:Ê necessária, portanto; muita fôrça para conquistar
o paraíso,e fôrça constante, porque «o prêmio é prome-
tido a quem começa, mas é dado somente. a quem per-
severa».
Esta fôrça é a virtude, nome que vem do latim vis
(fôrça) ou então vir (homem), de quem é própria a fôrça.
A virtude é· uma disposição constante da alma para fa'zer
o bem; o bem é tudo o que é conforme à vontade de Deus.'
Como podemos adquirir a virtude, isto é, tornar-nos
virtuosos? Do mesmo modo como qualquer outra coisa
humana. Primeiro, vai-se fazendo devagar e um tanto
mal; depois devagar e melhorzinho; por fim, com facili-
dade,bem e com satisfação. O que vale é a prática, o
exercício contínuo, o treino. Diz o provérbio que uma
andorinha não faz verão. Igualmente, quem pratica um
ato bom, somente de vez em quando, não possui a virtude;
não é virtuoso. O atleta treina, o artista se exercita e o
cristão deve fazer constantemente o bem, até adquirir o
hábito, que é a virtude.
Por outra parte, um ou outro ato menos bom nãO
destrói a virtude, da mesma forma que a morte de uma
laranjeira não destrói o laranjal todo. Considere-se ainda:
se é verdade que com êsses atos menos bons se destrói
uma obra de arte, permanece entretanto o artista capaz
de refazê-la, talvez com maior perfeição.

«Robur ab astris»
:Ê o lema do brasão de uma família nobre, e quer
dizer: «A fôrça vem das estrêlas». Pode servir muito bem
para o lema do cristão, que pertence a uma nobre linha-
gem, porque o cristão foi elevado, divinizado pela Graça

-118 -
no Batismo. Recebe auxílios e fôrças especiais do Céu,
que não são dadas a quem está fora da Igreja. Êste só
pode ter virtudes naturais (chamadas também morais
porque regulam o modo de agir, isto é, os costumes, cha-
mados «mores»); são as virtudes que podemos adquirir
sozinhos, repetindo atos bons, (como a paciência). - O
cristão, porém, tem as virtudes sobrenaturais que são
adquiridas e pratiGadas com O' auxílio sobrenatural da
Graça. Mas assim como o organismo assimila o alimento
por meio da alimentação e faz com que a matéria mineral
e vegetal se transforme em matéria animal, assim também
um cristão praticando atos das. virtudes naturais (como a
esmola, a obediência, a paciência, a castidade, etc.) com
O' auxílio da Graça e para agradar a Deus, faz com que
as virtudes naturais também se elevem ao plano sobre-
natural.
. As principais virtudes sobrenaturais são: a Fé, a
Esperança e a Caridade, chamadas também virtudes teo-:
logais ou divinas, porque se referem diretamente a Deus
(que em grego se chama Theós); elas partem diretamen-
te de Deus e chegam diretamente a Deus, que é, portanto,
motivo (que as move, que as desperta) e objeto (ponto
de chegada). Exemplo: Porque Deus é verdade e fonte
de tôda a verdade (motivo), creio firmemente em Deus
(objeto). "

Origem e a~ão misteriosa


i I l
Uma barra de ferro lançada ao fogo, se aquece, tor-
na~~e fogo, adquire luz e calor. Quando Deus dá a Graça
santificante a uma alma, ela de certo modo se diviniza,
adquire luz, que "a move a crer e a esperar em Deus; adqui-
re calor que a inflama de amor de Deus. Assim Deus no
Batismo infunde, isto é, comunica à alma as virtudes so-

. -119-
brenaturais_ que são depois alimentadaliJ tôdas as vêzes
que a Graça aumenta com os Sacramentos ou com o ato
de caridade perfeita; morrem com o pecado mortal (com
exceção, porém, da Fé e Esperança que só morrem pelo
pecado mortal diretamente contrá.do a elas) e renascem
com a penitência e a dor perfeita.
Notemos, porém, o seguinte: pode uma pessoa ter
um pão no bolso e morrer de fome. Assim, pode algQ,ém
ter êsses preciosíssimos dons das virtudes sobrenaturàis,
estas aptidões ou possibilidades de fazer atos de fé, espe~'
rança e caridade e de qualquer outra virtude, e entretan~
to definhar na vida cristã. Os dons devem ser a,proveita-
dos, o capital deve ser pôsto em movimento para produzir
fruto. Do mesmo modo o cristão é obrigado, uma vez que
atingiu o uso da razão, a seguir as boas inspirações e au-
xílios que Deus lhe envia; isto é, deve exercitar~se na prá-
tica da virtude. Sem cooperação e esfôrço não poderá
conservar a Graça, adquirir méritos e salvar-se como diz
a todos os cristãos Santo Agostinho: «Quem te criou sem
ti, não te salvará sem ti».
O principal segrêdo para adquirir a virtude é imagi~
narmos a Jesus na nossa mesma idade e condição e per-
guntar-nos freqüentemente: «Como faria Jesus se esti-
vesse em meu lugar?» Tornar-nos-emos assim verdadei-
ros cristãos e nossa vida será em ponto pequeno uma re-
petição da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, como diz
São Paulo: «Não sou mais eu que vivo, e sim Jesus que
vive em mim». (Gálatas: 2, 20).

Rainha imortal
Entre as virtudes sobrenaturais distingue-se a Cari-
dade ~omo uma soberana. Eis os motivos:

-120 -
v - A Graça santificante é o dom mais precioso
que possuímos pOI'lque é a amizade íntima com Deus. Mas
para ter amizade é necessário corresponder ao amor de
Deus com 'O próprio amor, isto é, com a caridade: a Cari-
dade é pois inseparável da Graça. o pecado (ódio a Deus)
não poderá jamais estar junto com a Caridade.
2. Q - A Caridade nos une intimamente a Deus pre-
cisamente porque exclui o pecado, inimigo de Deus. Diz
Jesus: «Quem me ama é amadO' pelO' meu Pai: e eu tam..
bém O' amO'; e il1emos a êle e nêle faremO's nO'ssa mO'rAdJ\>l.
3. Q - A Caridade nos une mais intimamente aO' p:ró.
ximO', porque faz ver nêle mais claramente a imagem de.
Deus.
4.Q - M'Ove à perfeita 'Observância da lei e à prática
das b'Oas 'Obras, com'O está escrit'O: «Quem me ama, obser-
va O'S mandamentos». (S. J'Oão: 14, 15 e 21).
5. Q - Nã'O cessará nunca na vida eterna. A Fé nã'O
terá motiv'O de existir p'Orque haverá em seu lugar a visã'O
de lDeus, e à esperança de ver e g'Ozar a Deus, se substi-
tuirá a posse: Deus será tudo para nós. «A Caridade
nunca se extingue» - diz Sã'O Paulo, p'Orque «nO' céu ve,:,
remO's, amaremO's, pO'ssuiremos a Deus». (Sant'O Agos-
tinh'O».
6. Q - Na Caridade está a perfeição cristã,. c'Omo diz
São Paulo: «A plenitude da lei é O' amO'r; a Caridade é O'
vínculO' da perfeiçãO'»; como um laço une as flores em
gracioso ramalhete, assim a Caridade reune tôdas as vir-
tudes que se oferecem a Deus, objeto de grande amor, e
peÍ'ú qual todo o heroísmo é verdadeira alegria. Por isso
'O cristão, elevado pela Graça, cheio de caridade, terá uma
fé vigorosa, uma esperança inabalável e tôdas as demais
virtudes: será um ser de. fôrça sôbre-humana, o verda·
deiro e sant'O Super-hO'mem.

-121-
PARA RESPONDER

Que exige Deus do homem para atingir o seu fim? - Que


significa a palavra Virtude? - Como se adquire a virtude? -
Qual o segrêdo para. adquiri-la? - Por que são as virtudes
sobrenaturais próprias do cristão? - Quando podem as virtudes
naturais tornar-se sobrenaturais? - Que significa a palavra
«Teologais?» - Expliqlle com uma comparação como é que
Deus eleva e quase diviniza a alma. - É, porém, suficiente ter
as virtudes infusas para vive:r verdadeiramente a vida criStã?
- Porque motivo é a caridade a virtude mais excelente?

PARA RECORDAR

sua meta - a felicidade eterna


caminho traçado - os Mandamentos e
1) A vida Preceitos
cristã àuxflio - a Graça
{ requer-se, porém, nossa cooperação, nosso
esfôrço
que é? - Disposição constante da alma
para fazer o bem
virtudes naturais (morais)
As virtu-
des da vi-
da cristã
suas
espécies
virtudes so.{~:perança
brenaturais . Caridade
{ (teologais) (a mais ex-
2) A vir- celente)
tude naturais: com a prática,
o esfôrço - sobrenatu-
como se adquire { rais: infundidas no Ba-
tismo
SegUi~dO as boas inspi-
como se exer-
cita . {
raçoes
seguindo o exemplo de
Jesus

-122 -
Lição XXII

A luz da Fé
Densas trevas oprimem a terra e omar.. Mas um farol luminoso
de longe aponta ao navio a, rota segura, acena para a costa e indica
o pôrto invisível~ Em viagem para a eternidade ,somos guiados pela
luz da fé em meio à escuridão que não nos permite descobrir, com
os olhos do corpo, o nosso Criador, os nossos valores sobrenaturais,
a meta final.

Mãos paternas
Recordemos o que diz o Catecismo: a Fé
1.
Q
- é uma virtude sobrenatural: pois tem sua
fonte em Deus, que infunde com a Graça; introduz-nos
e sustenta-nos na vida sobrenatural, como está escrito.
«O justo (isto é, o amigo de Deus) vive de fé;
2.
Q
- pela qual cremos firmemente: isto é, incli-
namos nossa inteligência obrigando-a a aceitar a verdade
sem nenhuma dúvida, e dizemos como no ato de fé: «cre-
mos firmemente». Quer isto dizer que devemos estar pron-
tos' a dar a vida pela nossa fé; se não crermos firmemente
teremos apenas uma simples e fraca opinião, mas nunca a
certeza absoluta que nos é dada por essa virtude.
3. Q -pela autoridade de Deus, que não se engana
porque é onisciente (tudo sabe), e não nos pode enganar
porque é santíssimo;
'\ 4.Q - as verdades por íllle reveladas: isto, é, tôdas
as verdades que se dignou manifestar-nos. Se não crês-
semos em uma só dessas verdades, por pequena que fôsse,
admitiríamos que ao menos nêsse caso Deus não seria ver-
dadeiro e cairíamos .na heresia. A fé é una indivisível.

-123-
5. Q - e propostas pela Igreja: mestra e mãe, que faz
asvêzes de Deus: Ela é a «coluna e base da verdade»,
isto é, infalível, porque os seus mestres re'Ceberam de beus
esta ordem: «Ide e ensinai a todos os povos», e Jesus Cris-
to a assiste continuamente: «;Eis que estou convosco todos
os diJts até o fim do mundo» (8. Mateus: 28, 20).
Quando cremos firmemente, é como se déssemos com
tôdª ~ Qonfiança nossas mãos à mão que nos oferece c~l'i.
nl1()sament~ Deus e ª Igreja, para levar-nos com segurªn",
Ça fLQOê1.l.
l!l, portanto, absolutamente necessário crer, porque
c<s,em a fé é impossível agradar a Deus». «Quem não crer
seri, eQlldellªºQ» (Hebr.; 11, 6 e 8. Mateus: 16, 16).

Dom precioso
A Fé abre novos horizontes à inteligência, que nunca
pod~ria, sozinha, aprender certas verdades superiores. A
Fé fortifica a vontade para superar todos os obstáculos
que dificultam o caminho para o Céu.
Por mais violentas -que sejam as tempestades da vida,
quem crê nada teme, porque tem Deus em seu coração.
A Fé, com as obras, nos salva e merece graças pro-
digiosas, porque «tudo é possível a quem crê». Mas não é
qualquer fé que produz semelhantes efeitos.
A Fé pode ser de diversas espécies:
1.Q
- habitual: é a disposição constante de crer as
verdades reveladas;
atual: o ato de fé que se faz em determinado mo-
mento.
2. Q - viva, animada pela caridade de quem se acha
na graça de Deus;

-124 -
3.9 - morta, pelo pecado, de quem se acha na desgra-
ça de Deus; e morta porque desacompanhada das obras:
«A Fé sem as obras é morta» (S. Tiago).
Quem possui uma fé viva possÚi o grande dom das
almas eleitas.
Os inimigos que a combatem são muitos, porque gran-
de é seu valor. Podem matar a Fé: a apostasia, a heresia,
a dúvida voluntária, a ignorância culpável, a negligência
prolongada em fazer atas de fé; os livros, as reuniões, as
conversas: más, a inscrição em associações proibidas: co-
munismo, maçonaria, etc.
As Armas que a Igreja nos apresenta para defender
o sagrado depósito da Fé são muitas e irresistíveis:
1.Q - a ora~ão: a Fé é um dom de Deus; «Quem
. reza se salva, quem não reza se condena»; peçamos ire-
qüentemente como os Apóstolos: «Senhor, aumentai a
nossa fé»;
2. 9 - a leitura de livros religiosos: remédio contra o
veneno do mal que se insinua por tôda a parte; e estímulo
eficacíssimo da vontade, atraída irresistivelmente pelos
exemplos dos heróis da fé;
3. 9 - a freqüência à Igreja: para adquirir fôrçase
aprender a sentir (isto é: pensar e raciocinar) sempre
como sente a Igreja;
4.9 - o apostolado da palavra e do exemplo: pois
quem se preocupa com a salvação das almas garante a
própria.
\ São Luís de França estimava mais o dom da fé que
a coroa real. Que nossa fronte não perca jamais a coroa
que Deus nos deu, mas ao contrário, que ela rebrilhe cada
vez mais fúlgida, enquanto vivemos na expectativa do
reino prometido.

- 125 .,..-
PARA RESPONDER
Explique a definição da Fé. -Por que é tão preciosa. a Fé?
- Que significa Fé: habitual e atual? viva. e morta? - Aponte
alguns inimigos da Fé. - Com que meios se defende à Fé?

PARA RECORDAR

- virtude sObrenat.ural

que é? j- -
-
-
pela qual cremos
por autoridade de Deus
o que I:le revelou

l e nos propõe para crer por meio da


Igreja
habitual, constante disposição de crer
atual, todo ato de fé
viva, em graça de Deus.
espécies
j morta nos que têm o pecado na alma,

-
ou não vivem de acôrdo com seus prin-
Fé cípios.
apostasia
- heresia
inimigos

1-
-
-
-
dúvida voluntária
ignorância culpável
negligência, etc.
Oração
- leitura de livros religiosos
armas
j - freqüência à Igreja
- apostolado

-126 -
tEITttttA

HISTóRIA DA IGREJA

últimos tempos (Séc. XVIII-XX>

Vimos a Igreja defender ao longo de vinte séculos de


história os dois grandes valores da vida: Deus e a li-
berdade do homem. Neste últimos séculos as doutrinas
brotadas da rebelião de Lutero e dos presunçosos siste-
mas filosóficos tentaram libertar o homem do <(jugo da
Igreja» - como diziam - e o homem tornou-se vítima
da revolução, de sanguinolentas guerras e dos mais
abomináveis erros

Racionalismo e seitas. - A revolta do Protestantismo trou-


xe como conseqüencia o racionalismo; êrro que ensina a admi-
tir como verdadeiro somente o que se pode provar com a razão
negando as verdades da Fé. Multiplicaram-se as seitas inimi-
gas .da Religião e da autoridade, semeando erros, anarquia, e
males de tôda espécie.
Em 1789 foram convocados na França os «Estados Gerais»
(reunião do clero-nobreza-povo) para eliminar as causas de
descontentamento. E a assembléia chefiada por incrédulos e
maçons proclamou os «direitos do homem» quase contra os di-
reitos de Deus. Foi imposta ao Clero uma «constituição civil»
irreligiosa. Os sacerdotes que assinaram essa constituição fo-
ram chamados <durados»; os demais fiéis a Roma, «não jura-
dos». ' .
Pio VI condenou os primeiros; o Rei Luis XVI recusou assi-
nar as leis iníquas. Então a assembléia depôs o rei e depois
tê-lo decapitar. Conseguíu ainda erguer sacrUegamente suas
mãQ~ sôbre o Papa, que morreu prisioneiro em Valença, na
França. Desencadeou-se por fim uma sanguinolenta persegui-
ção que ceifou milhares de vítimas.
Pio VII e Napoleão. -Mas os Cardeais conseguiram ele.ger
em Veneza a Pio VII, que entrou em Roma, após a expulsão dos
Franceses. Subscrev.eu com Napoleão, que era o Primeiro Côn-
sul, uma Concordata que restabelecia na França o culto católico,

-127 -
e em seguida coroou o novoimperadôr. Mas c.omo Napoleão .
manifestava preten.sões ignominosas para a autoridade doPa-
pa, Pio VII recusou decididamente aceitá-las. Roma foi inva-
dida, e ti velho Pontifice levado como prisiôneiro a Grenoble,
Savona e Fontainebleau. Quem, porém, lança mãos sacril~gas
sôbre o Vigário de Cristo é atingido pela excomunhão; e a
excomunhão assinalou o o,caso da estrêla de Napoleão, que
morreú desterrado em Santa Helena, ao passo que Pio VII vol-
tava triunfalmente a Roma. '\
.Liberalismo e Questão Romana. - Os racionalistas foram
pais do liberalismo, isto é, de uma teoria que considera tôdas as'
religiões como qualquer opinião digna de respeito e com a qual
o Estado não se preocupava absolutamente. Na prática dá nisto
que o Estado devora tudo e deixa à Religião somente uma liber-
dade: a de se defender de seus ataques ,de suas expoliações e
de sua guerra implacável.
Entretanto, como acontecia em tôda a Europa, surgia na
Itália. o movimento que visava unificar a Península em um só
Estado. A unidade da Itália foi o objetivo incessante do movi-
mento chamado «Risorgimento d'It~lia».
Liberais e maçons conseguiram, porém, dominar, o movi-
mento do «Risorgimento Italiano», imprimindo-lhe um caráter
anteclerical. Moveu-se verdadeira perseguição ao Clero e aos
Católicos considerados como inimigos da Pátria. Não se reco-
nheciam as Ordens R,eligiosas e seus bens foram usurpados.
Muitos Bispos fotam exilados, exigiu-se o serviço militar ao
Clero e. foi abolido o ensino religioso nas escolas.
II; luta culminou, com a tomada de Roma em 1870. O
Santo Padre Pio XI foi privado de seu estado Pontifício e nas-
ceu então o dissídio entre o Estado e a Igreja, dissídio conhe-
cido como «Questão Romana». Questão verdadeiramente espi-
nhosa porque em Roma havia um soberano, o Papa, prisioneiro
em seu palácio. Como fazer? O pior era que os palácios ocupa-
dos pelo novo govêrno haviam· sido roubados ao venerando
Soberano, que fôra expoliado de tudo. Era necessário encon-
trar uma solução, que finalmente surgiu aos 11 de fevereiro de
1929 quando PIO XI,· por· meio da Conciliação, consegUiu fôsse
restituído à Igreja o «Estado da Cidade do Vaticano». Dêste
modo, o Papa foi reintegrado em seus direitos de Soberano livre.

-128 -
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LiÇão XXIl(:/ ;ttZi!!:---!7
/"''''''' .I
V~ / (

(/ Mensagem divina
A carta de Deus
Os homens costumam confiar a documentos escritos
as coisas mais importantes, a fim de não esquecê-las.
Assim fêz Deus com as principais verdades da Fé. :mIe
no-las comunicou pela.

Sagrada Escritura, que é a coleção dos livros escritos


por inspiração de Deus. Chamam-se precisamente Bíblia
(isto é, «os livros») porque contém os livros sagrados ~ e,
significa o livro por excelência. Ê inspirada por Deus
porque Deus iluminou a inteligência, moveu a vontade,
prestou assistência aos escritores sagrados, para que es-
crevessem tudo o que :mIe queria; sem êrros religiosos ou
morais. Por êste motivo, a Sagrada Escritura é também
chamada a carta que Deus enviou aos homens; carta que
tem como sêlos divinos os milagres operados e as profe-
cias realizadas; coisas essas, que só podem provir de Deus.
Saber se um livro é ou não inspirado por Deus, é
uma questão muito complicada e difícil, mas para nós é
um problema 'que se resolve fàcilmente, porque temos a
palavra da Igreja, mestra infalível: para nós são livros
inspirados os que a Igreja considera como tais.
Quantos são os livros Sagrados? Eis um :meio mne-
mónico: são 72 (numero dos discípulos de Jesus); ês~e

-129 -
n'Ômero invertido da 27,· que são os livros nO Novoésta~
mento; 72 - 27 ~ 45: os livros do Antigo Testamento.
Quanto ao gênero, os livros Sagrados são: His-
tóricos (ou narrativos) - Didáticos (ou doutrinais) -
Proféticos (ou que anunciam o futuro).

A palavra de Deus
Quando Jesus enviou seus Apóstolos para converter
o mundo, não disse: «Ide e escrevei», mas: «Ide e pregai».
Os Apóstolos deixaram por escrito sàmente as linhas mes-
tras dos ensinamentos de Jesus Cristo.
São Paulo recomenda que se dê a mesma importância
às verdades expostas de viva voz, como também às que
deixava escritas por inspiração de Deus: «Conservai a
tradição que recebestes de nossas palavras e de nossa
carta>~ (2.~ Tess.: 2, 14).
:mste conjunto de verdades foi transmitido de século
em século até nós, na Igreja, como o mais sagrado depó-
sito, sem alterção, isto ê, sem mudanças substanciais;
hoje podemos encontrá-las nas
Fontes principais da Tradição, que são: os Concílios
da Igreja, os Livros Litúrgicos, os Atos dos Mátires, as
Inscrições sepulcrais e monumentais!, as Orações públicas e
a Hitória Ecleciática, as Obras dos Santos Padres, Dou-
tores e Escritores Eclesiásticos.
Não se deve confundir a Tradição Sagrada, com as
tradições populares, 'que muitas vêzes não passam de
simples lendas.

A tesoureira
O Sagrado e precioso depósito da Sagrada Escritura
e da Tradição contém a palavra e a vontade de Deus. Mas

-130 -
muitas vêzes o sentido é obscuro e controvertido: o que é
admitido por uns é negado por outros.
afiramm que cada um tem sua inspiração para interpretar
a Sagrada Escritura.
Há assim tantas seitas, quantas cabeças: uma con-
fusão! verdadeira Babel!
Não resta outro {)aminho senão confiarmos tão so-
mente na Igreja, que, como já dissemos, recebeu o depó-
sito da Fé: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a
tôdas as criaturas»; e tem a assistência contínua do Espí-
rito Santo: «Espírito de verdade (disse Je.sus aos Apósto-
los) que vos.ensinará tôd'a a minha doutrina». A I greja é
«a coluna e a base da verdade».

o meu depósito
E necessário conhecer tôdas as verdades contidas na
Sagrada Escritura e na Tradição? Não. E necessário
crê,las tôdas? Sim: a fé é uma e indivisível. E isto é
possível porque as verdades se podem crer:
Implicitamente, isto é, em geral, com a disposição de
crer tudo o que a Igreja ensina;
eXiplicitamente, isto é, em particular, conhecendo a
,tôdas as verdades. A fé explícita é a mais difícil, e é ne-
cesária somente para algumas verdades.
Essas verdades são necessárias por necessidade de
meio, se são um meio, uma condição indispensável a todos
os homens para se salvarem; por necessidade de preceito,
se se devem conhecer e crer, porque existe um preceito,

-131-
Uma ordem de Deus e da Igreja. Eis quais são estas
verdades:
I) - de necessidade de meio: 1.9 - existência de
Deus justissimo (<<Sem fé é impossível agradar aDeus,
por quem se aproxima de Deus deve crer que ítle exis-
te e é -o remunerador dos que o procuram»); 2. 9 - A
Santíssima Trindade e a Encarnação de Jesus Cris.to
( «Não há salvação em nenhum outro; e não :há,
virtude do qual nos possamos salvar»).
Quem por prõpt:ia culpa não conhece estas verdades,
comete pecado grave e é inimigo declarado de Deus.
II) - de necessidade de preceito: 1.9 o Credo - 2. 9
. o Decálogo e Preceitos - 3.'1 Batismo (que é de necessi-
dade de meio também), Confissão, Eucaristia, (os outros
Sacramentos para quem os recebe) - 4. 9 Pai-Nosso -
5. 9 Atas de Fé, Esperança, Caridade.

PARA RESPONDER

Que quer dizer Bíblia? - Por que dizemos que é inspirada


por Deus? - Quais os selos ou .sinais que indicam claramente a
proveniência divina? - Como sabemos se um livro é inspirado?
- Quantos são os livros inspirados? - De que gênero são? -
Quem tem mais importância, a Bíblia ou a Tradição? - Quais
são as principais f..')ntes da Tradição? - Em quem devemos.
confiar na interpretação da Sagrada Escritura? - Que quer
dizer: crer as verdades necessárias por necessidade de meio e
necessidade de preceito? - Quais são?

-132 -
PARA RECORDAR

que 6't - a coleçlio d08 livros eccritos


por inspiração de Deus

A Biblia quem.. { Deus .


escreveu po~ nl;elo de Autores
InspIrados
quantos livros SãO't{ 27 no N. T.
72 livros 45 no A. T.

que 61 o conjunto das verdades trans-


mitidas pela Igreja de século em
século sem alteração
Concílios
Verdades
A Tradição Livros Litúrgicos
que se
e orações
devem fontes da { Inscrições
conhecer tradição Escritos dos Padres e
e crer Doutores da Igreja
A História da Igreja

1. deVem-Se{ ou implicitamente
conhecer ou implicitamente

As verdades - algumas de neces-


contidas na sidade de meio
Escritura (necessidade abso-
e na 2. devem-se luta)
Tradição crer - outras de necessi-
dade de preceito
(necessidade rela-·
tiva)

-133 -
Lição XXIV

A âncora da esperança
Quando o mar se mostra ameaçador, o capitão manda atirar "às
águas as pesadas âncoras, e o navio ancorado à rocha de granito
não fica à mercê das tempestades que o poderia destruir.

Também nossa alma em meio às terríveis procelas da


vida, tem uma âncora que a conserva unida a Deus e aos
seus bens imperecíveis: esta âncora é
a Esperan~a, que é virtude sobrenatural infusa, pela
, qual confiamos alcançar de Deus a vida eterna e as graças
necessárias para merecê-las, mediante boas obras.

o viajante
Espera-se aquilo que não se possui. Assim, a Espe-
rança como na Fé, é a grande virtude do viajante, do ho-
mem peregrino sôbre a terra: a Fé nos faz conhecer os
bens eterlJ.os; a Esperança nos move a desejá-los e querê-
los. Estimula-nos a ir ao encontro de Deus que nos abre
os braços. ~ pois:
virtude sobrenatural: 1) pela sua origem divina, pois
é Deus quem no-la infunde; 2) pelo seu objeto: Deus e o
Paraíso; 3) pelo seu motivo, que é a promessa feita por
lDeus;
pela qual confiamos alcan~ar de Deus: nosso Criador,
Senhor e Pai; e IlÊle confiamos firmemente, porque sabe-
mos estar em boas mãos;
a vida eterna: «esta é a vida eterna, - diz Jesus: -
que conhe~am a ti, único Deus verdadeiro, e aquêle a

-134 -
quem enviaste Jesus Cristo». Portanto, o principal objeto
ou fim da esperança, é Deus; vêm em seguida como objeto
secundário.
as graças necessárias: como meio indispensável para:
alcançara a vida eterna .que é o fim. Em primeiro lugar,
devem-se desejar os auXílios sobrenaturais da graça para
fazer o bem e evitar o mal; em segundo lugar, também os
bens temporais de que nns devemos servir, tendo em vista
a vida eterna;
para merecê-Ia mediante as boas obras: é tôlo o estu-
dante que espera ser aprovado sem estudar; o soldado que
aguarda a vitória sem combater, o lavrador que quer co-
lher sem semear; é tôlo o cristão que quer 'O céu sem
merecê-lo. A terra é um campn de batalha: «Não será
coroado senão quem tiver legitimamente combatido» (2.'
Timót.: 2, 5).

Sábias pretensões
A posse de Deus, do Céu e de tantos favores celestes
são uma coisa verdadêiramente estonteante: que podería-
mos desejar de mais e de melhor? Entretanto, o desejo
dêstes inestimáveis tesouros é uma possibilidade, e mesmo
um dever de todos os homens, até do mais mesquinho.
os motivos que nos impelem a desejar tantas rique-
zas eternas é o seguinte:
l.Q - a bondade de Deus: «que quer que todos os
lio~ens se salvem. Êle se fêz nosso pai e constitui-nos
herdeiros seus e co-herdeiros de Jesus.
2. Q - A felicidade de Deus: que nos fêz as mais f:!0-
Ienes promessas; por isso «conservemos sem v8JCilar a
esperança porque fiel é quem prometeu».

-135 -
3. Q _ . Os merecimentos infinitos de Jesus Cristo:
«Deus Pai, que não poupou nem sequer o próprio filho,
mas o entregou a nós e por todos nós, como poderá não
nos dar com ~le todos os bens?
Pode, portanto, o cristão dizer cheio de alegria: «Co-
nheço aquêle em quem confiei, e estou certo de que :í1Jle
pode conservar o meu depósito (das obras), até o dia em
que dará a cada um o que tiver merecido».

Projetos tolos
A esperança cri.stã tem inimigos de tendências opos-
tas: os presunçosos, que esperam demais, imoderadamen-
te; e os desepeTados que esperam muito pouco, ou nada.
Presunção é a confiança temerária, isto é, sem funda-
mento, de conseguir 'O Céu e as graças, sem as boas obras;
quem se expõe temeràriamente ao perigo de pecado; quem
e somete com as próprias fôrças. Peça por presunção:
comete o pecado com o pretexto de alcançar fàcilmente o
perdã:o; quem deixa a conversão para o futuro, até mes-
mo para o momento da morte.
Desesperação é· a falta de esperança de conseguir a
vida eterna, e a convicção de estar abandonado por Deus.
:m o pecado de Caim e de Judas. Afasta de Deus e leva
quem não tem confiança na alegria eterna a aprofundar-
se ha lama do pecado, de abismo em abismo, chegando
mesmo à impenitência final e ao suicídio.
A esperança caminha entre dois abismos: a presun-
ção e a desesperação. O cristão caminhará com plena se-
gurança, sempre com a graça de Deus no coração, desape-
gado-se dos bens da terra, afrontando cristãmente as
adversidade e sobretudo com muita oração.
Lembremos as belas jaculatórias:

-136 -
Sagrado Oora~ão de Jesus, confio em vós! Sagrado
Oora~o de Jesus, creio no vosso amor por mim! (300
dias de indulgência, cada vez,· para cada uma dessas
jaculatórias) .

PARA RESPONDER

Explique a definição de esperança. - Por que se compara


a esperança à âncora? - Qual o motivo que nos faz ousados
em desejar os bens eternos? - Quais os inimigos da esperança?
- Que é a presunção? a desesperação? Que deve fazer o cristão
para caminhar com segurança entre êsses dois abismos?

PARA REOORDAR
1) confiamos em Deus
que é? - Virtu_{ 2) esperamos a vida eterna
de sobrenatu-
ral, pela qual 3) e as graças necessárias para me-
recê-la com as boas obras
A
- bondade de Deus
Esperança motivos da
esperança { -
-
fidelidade de Deus
méritos de Jesus Cristo
inimigos da
esperança { -- presunção
desesperação

-137 -
LEITURA

mSTóRIA DA IGREJA

D. Vital

«o caso D. Vital, ocorrido em 1871, retrata fielmente o \es-


tado de ânimo do Império, em face à Igreja no Brasil.
As irmandades - cujo fim é promover o decôro dos tem-'
pIos, auxiliar as obras de caridade - dispunham de grandes ca-
bedais, pelo que se tornaram orgulhosas e independentes dos
Prelados. Em geral, os maçons é que as dirigiam. Em tal estado
se achavam as irmandades, quando o capuchinho pernambu-
cano D. Vital Maria de Oliveira foi para Olinda como Bispo.
Para comemorar a fundação de uma loja maçônica, pedi-
ram que se rezasse uma missa. D. Vital não consentiu.
Morreu certo maçon; pediram missa por êle, e com todo o
aparato maçônico. Repetiu-se a negativa do Bispo. Como a
maçonaria, despeitada, atacasse pela imprensa os dogmas da
igreja Católica, D. Vital mandou que se instruisse o povo acêrca
da maçonaria e de seus fins perigosos.
Foi então que as lojas publicaram por alarde os nomes dos
irmãos tripingados, dos quais muitos eram membros importantes
de irmandades e confrarias católicas. Entre êles o grã-chefe
maçon Aires de· Albuquerque Gama foi logo nomeado para· juiz
dos irmãos da Soledade, cuja sede ficava próximo ao palácio
episcopal. Ja não podia o prelado por mais tempo dissimular, e
mandou as irmandades eliminá-los de seu grêmio. Como recal-
citrassem e não atendessem a nenhuma exortação, o Bispo usou
de seu direito, lançando interdito sôbre a confraria da Soledade,
do SS. Sacramento e outros. Recorreram elas ao governador.
O govêrno imperial quis obrigar D. Vital levantar o interdito;
mas o Bispo não cedeu.
Foi por isso acusado perante o supremo tribunal. Em Per-
nambuco, o corretíssimo Procurador Geral Francisco Domingues
se recusou aceitar a incumbência. O prelado foi por outrem
condenado à prisão preventiva no Arsenal da Marinha do Re-
cife, sem direito ao constitucional habeas-corpus.

-138 -
Na sessão do júri, D. Vital triunfou dos corações pela digni-
dade e calma. Se teve advogado, foi porque dois senadores o
defenderam espontâneamente. Estava, porém, de antemão, de-
terminada a condenação inevitável do Bispo de Olinda. A pena
de quatro anos de prisão, com trabalhos forçados, fol comutada
em quatro anos de prisão simples, na fortaleza de S. João.
Houve protesto contra êsse ato do govêrno, não só em todo
o Brasil, mas até na Europa;
Breve, pelos mesmos motivos, o Bispo do Pará, D. Antônio
de Macedo Costa, foi conduzido preso para a ilha das Cobras.
(1874).
Mandou o govêrno brasileiro um embaixador especial à
S. Sé para ver se a tinha a seu lado. A maçonaria julgou poder
comprar o beneplácito do Sumo Pontífice com dois mil contos
e até já corriam boatos de que o Papa anuir a e reprovara o
procedimento dos Bispos. Pio IX, porém, desfez tôdas as espe-
ranças dos maçons, rejeitando a valiosa soma, e elogiando
francamente o proceder enérgico dos bispos de Olinda e do Pará.
Como no senado houvesse diminuido o poder maçônico, e
depois na Câmara também o govêrno setário do Visconde do
Rio Branco caísse por causa da questão religiosa, veio o gabi-
nete do Duque de Caxias, que concedeu anistia aos Bispos.
Essa luta teve suas vantagens:
a) mostrou mais uma vez a maldade dos ímpios e a fôrça
da Igreja;
b) revelou os verdadeiros sacerdotes de Jesus Cristo, e
também o falso cristão.
c) serviu para robustecer a fé.
(H. E. - D. Jaime de Barros Câmara)

-139 -
Lição XXV

o fogo da caridade
Um menino fôra educado sem o conhecimento de Deus. \ Ma!!
um dia, ao contemplar o nascer do sol caiu de joelhos exclamándo:
"6 'Sol, como és grande e belo; mas como deve ser maior e mais
belo quem te fêz .•• "
O sol é verdadeiramente grande, belo, benéfico porque ao seu
calor se deve tôda a vida aqui na terra. Pode ser uma imagem
de Deus que criou tôdas as maravilhas e nos concede imensos be-
nefícios.
N 'OSS'O Senh'Or quer inflamar a t'Od'Os c'Om 'O f'Og'O de
seu am'Or, p'Ois afirm'Ou: «Vim trazer fogo à terra, e que
outra 'Coisa desejo senão que êle se alastre?» (S. Lucas:
12, 49). ~ 'O f'Og'O da Caridade, virtude sobrenatural pela
qual amamos a Deus, p'Or si mesm'O, sôhre tôdas as
c'Oisas, e a'O próxim'O c'Om'O a nós mesm'Os, p'Or am'Or a
Deus.

Os dois braços
A Caridade d'O cristã'O é a virtude, que brilha c'Om'O
eatrêlá. de primeira grandeza, acima de tôdas as 'Outras;
sobrenatural. 1) pela 'Origem, p'Orque «a Caridade
infundiu-se em nossos corações por meio do Espírito Santo
que nos foi dado no Batismo» (R'Om.: 5, 5) ; 2) pel'O 'Obje-
to que é Deus, também n'O próximo; 3) pelo m'Otivo que
nos leva a amar a Deus que é 'O Suprem'O Bem;
pela qual amamos a Deus por si mesmo: p'Ois que
Deus é b'Ondade infinita;
sôbre tõdas as coisas: não é l)ecessário amar sensi-'
velmente 'Ou afetivamente, isto é, com'O afeiçã'O sensível,

-140 -
porque Deus é espírito e não se pode atingí-lo com nossos
sentidos; basta apreciá-los com a mente e com o coração·
mais que a tôdas as coisas e que quando se trata de es-
colher entre Deus e as criaturas, entre o amor de Deus e
o pecado saibamos escolher sempre a Deus e o seu amor;
chama-se a isto amar a Deus apreciativamente, efetiva-
mente, sôbre tôdas as coisas. Eis porque é fácil chorar a
perda de uma pessoa querida e é difícil chorar a perda
de Deus pelo pecado: a primeira é dor e amor sensível; a
segunda é amor e dor sobrenatural;
e ao próximo: que é objeto secundário; «a Caridade
tem dois braços: com um abraça a Deus, com o outro o
próximo» (Santo Agostinho) ;
(lomo a nós mesmos: a partícula «como» indica se-
melhança, não igualdade (um triângulo grande e um pe-
queno são sem~lhantes na forma, mas não são iguais no
devemos desejar o bem também para o próximo; somos
porém naturalmente e justamente levados a querer bem
tamanho) ; isto é, assim como desejamos o bem para nós,
mais a nós de que ao próximo.
-por amor de Deus: é o grande motivo, a base de tôda
a ação do cristão que vive de uma vida sobrenatural,
divina.

Deus é Deus

.Quando Victor
~ .
Hugo era menino, deram-lhe em aula
como tarefa uma compsição sôbre a mãe. Após várias
tentativas que não o deixaram satisfeito, não conseguindo
encontrar frases que reproduzissem dignamente a bon-
dade do coração materno e os benefícios recebidos do
anjo da família, condensou todo o seu afeto filial nesta

-141-
rica e feliz expressão: «Minha mãe é minha mãe!». E
recebeu uma nota excelente pelo gênio demonstrado.
Também nós à pergunta: po.r que devemos amar a
Deus? não poderíamos encontrar melhor resposta do que
esta: «!Deus é Deus!»
Com efeito, pronunciando o adorável nome de Deus,
pensamos no «Sumo
. Bem, fonte de todo o nosso bem»., Os
outros bens, os outros dons, nós os amamos em vistà do
Divino Doador que no-los concedeu tão sàmente como um
reflexo de sua Bondade. Êle é o Criador e Senhor de tô-
das as coisas; por isso devemos amá-lo sôbre tôdas as
coisas. Amar uma criatura (mesmo a mais querida) mais
do que a Deus é antepor êste sêr a Deus, o que vem a ser
uma ímpia preferência, porque Nosso Senhor declara:
«Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é
digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que
a mim, não é digno de mim»,. (S. Mateus: 10, 37).
Todo o presente que nos é feito nos lembra a pessoa
do doador. Deus nos deu todos os bens que possuímos,
portanto, todos êles nos devem levar a amar a iDeus.
Jesus disse: «Amarás ao Senhor, com todo o teu coração,
com tôda a tua alma, ~om 1iôda a tua mente, e com as
tuas fôrças», querendo dizer assim que todos os nossos
afetos, intenções, pensamentos, ações tudo, direta ou in-
diretamene, deve ser para Deus. (S. Mateus: 22, 37).
Êste amor que alimentamos para com Deus se chama:
caridade perfeita quando amamos a Deus por si
mes'IDo, porque é bondade infinita;
caridade imperfeita, quando amamos a Deus, pelos
benefícios que nos concede.
Nunca daremos demais a Deus. «A medida. de amar
a Deus é amá-lo sem medida!»

-142 -
PARA RESPONDER

Explique a definição de Caridade - Porque devemos amar


a Deus por si mesmo? - Por que devemos amar a Deus sõbre
tõdas as coisas? - Que quer dizer amar a Deus sõbre tõdas as
coisas? - Como devemos amá-lo? - Que significa caridade per-
feita e imperfeita? _. Pode-se ter caridade perfeita alimen-
tando o desejo do Céu e o mêdo do inferno?

PARA RECORDAR

- amamos a Deus por si mesmo


que é? - Virtude sôbre tôdas as cousas
sobrenatural pela - e o próximo como a nós
qual { mesmos
por ampr de Deus
A
Caridade por que deVe-{ Sumo Bem, Criador e
mos amar a Senhor de tôdas as
amor Deus cousas
de Deus
{ graus do amor{- caridade perfeita
de Deus? - caridade imperfeita

-143 -
LiçãO XXVI

A imagem de Deus
Conta uma lenda que um príncipe japonês recebeu de presE~nte
um espêlho, que era ainda um objeto desconhecido no Japão. CÓn-
templou com viva simpatia na superfície luzidia o rosto de um jovem '.
simpático e guardou o mágico presente. entre suas jóias secretas.
Mas a princesa sua espôsa descobriu o segrêdo, e ao contemplar a
inesperada imagem de uma donzela no espêlho, disse tomada de
ciume: - Não posso tolerar em casa uma pessoa estranha! - e
começou a tratar o espôso com aspereza. Receando alguma feiti-
çaria, o príncipe mandou chamar o venerando bonzo para decidir
agrave questão e restituir a paz. O bonzo contemplou o espêlho e
depois proferiu em tom solene a grave sentença: "Volte a tranqüi-
lidade, a alegria, a harmonia às vossas almas, porque êste é o retrato
de um venerando sacerdote da suma divindade". E a paz voltou.

Êsse espêlho pode com muita propriedade representar


o nosso próximo. Em cada homem a fé nos faz contem-
plar um irmão no qual vemos as nossas mesmas feições;
devemos ver nêle o reflexo da imagem divina, porque êle,
como nós, foi criado à imagem e semelhança de Deus;
portanto devemos amá-lo por amor do mesmo Deus.
Deus nos dá a ordem perentória: «Amarás teu pró-
ximo como a ti mesmo»; e Jesus: «O meu mandamento é
ês.te que vos ameis uns aos outr.os como eu vos amei» (S.
João: 13, 14).
A própria natureza nos inclina a amar-nos: «Todo o
animal ama o seu semelhante e assim todo o homem ama
o seu próximo».
Mas o nosso amor poder-se-á chamar caridade cristã
tlómente quando fôr: sobrenatural (não somente pelas
qualidades humanas, mas em vista de Deus criador e de
Jesus Redentor nosso e do próximo); intemo (se não
parte sinceramente do coração é hipocrisia); justo (que

-144 -
nos leva a ajudá-lo na prática do bem e nunca do mal, o
que seria odiar e não amar sua alma); efetivo (de fato
e não de palavra!). Dizia São João: «Meus filhinhos, não
amemos com palavras e COlli'.a língua, mas com as obras
e de verdade» (1.~ S. João: 3, 18).
O termômetro que mede o amor do próximo é êste:
«Fazei aos outros o que quer.eis que vos f~am a vós, e
não façais aos outros o que não quereis que vos f~am».

A grande novidade
O espêlho pode estar um pouco trincado ou embaça-
do~ mas sempre reproduz nossa imagem, reflete ainda os
raios de sol. Assim nosso próximo, mesmo quando esteja
contra nós ou não procede bem, é sempre o nosso seme-
lhante, reflete sempre a Deus, é sempre a sua imagem,
embora embaçada e deformada. Devemos, por isso,amar
também os nossos inimigos, não por ,serem inimigos, mas
por serem também nossos irmãos, destinados a estarem
conosco eterna;mente no Paraíso.
No Antigo Testamento, segundo os doutores hebreus,
era lícito odiar os inimigos, mas Jesus trouxe êste novo
mandamento de amor dizendo solenemente: «Ouviste o
que foi dito: Amarás teu próximo e odiarás teu inimigo;
mas Eu vos digo: amai os vossos inimigos, fazei bem aos
que vos odeiam, e rezai pelos que vos perseguem e calu-
niam, para que sejais filhos de vosso Pai que está no Céu,
o qual faz nascer o sol sôbre os bons e os maus e faz cair
a Chuva para os justos e para os injustos» ,(S. Mateus:
5,43-4'5).
E Jesus confirmou com o exemplo o seu ensinamento.
Na cruz teve um pensamento de amor para com os seus
crucificadores: «Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que
fazem».

-145 -
"o perdão é o segrêdo heróico para alcançar graças
extraordinarias e obter" o perdão de nosso pecado :Se ' "
perdoardes aos homens SUaS faltas, vosso Pai perdoará os
vossos pecados, mas se não perdoardes aOs homens. vosso
Pai ta.mbém não vos perdoará as vossas faltas» (S. Ma-
teus: 6, 14-15).
Pràtica~nte, êsse amor aos inimigos requer:
1.9 - o .desejo da reconciliação;
2. 9 - ajudá-los se não houver grande incómodo;
3. 9 - dar, ao' menos, sinais ordinários de benevolên-
cia, não negando a saudação, nem excll,lÍndo-os de nossas
orações. Ê lícito recorrer à justiça, quando nossos direi-
tos foram ofendidos; nunca é lícito vingar-se e odiar:
«Quem odeia OI,próprio irmão é homicida (da alma), e vós
sabeis que o homtc~da não tem em si a vida eterna» (1.~
S. João: 3, 15).
PARA RESPONDER
Como deve ser nosso amor para com o próximo? - Qual o
termômetro dêsse amor? - Qual o mandamento novo de Jesus?
- Como é que Jesus o confirmou? - Que exige na prática o
'amor aos inimigos?
PARA RECORDAR
que é'l - virtude sobrenatural que nos faz amar o
próximo por amor de Deus
sobrenatural
QUaUdades{interno
justo
efetivo (eficaz)
Amor do o grande mandamento de Jesus
próximo

estende-se des:!o reconciliação


também aos o( amor para - ajudá-los
inimigos co~ os ini- _ não negar-lhes a
migas exige{ saudação
- rezar por êlEli

---"' 146 -
LEITURA

HISTóRIA DA IGREJA

PONTíFICES GLORIOSOS. DE PIO IX A JOAO XXIII

Também neste último século, a História da Igreja está


entretecida de alegrias e dôres. Pulularam novos erros para
contaminar a doutrina Católica; falsas ideologias sociais pro-
vocaram incessantes e preocupaJ;ltes perturbações nas massas
populares, guerras tremendas derramaram rios de sangue, .dei-
xando as mais funestas conseqüencias religiosas e morais. Mas
Deus assistiu à sua Igreja que foi e será sempre a única mãe
piedosa em meio às desgraças humanas. Não faltaram em seu
leme grandes pontífices que a guiaram com tôda a segurança.
Pio IX (1846-1878) no «Syllabus» condenou os erros mais
perniciosos; em 1854 declarou o dogma da Imaculada Conceição
e em 1869 inaugurou o Concílio Vaticano, em que foi procla-
mada a infabilidade pontifícia.
Leão XIII (1878-1903) foi o sapientíssimo da questão ope-'
rária, especialmente com a encíclica «Rerum novarum».
Pio X (1903-1914) hoje elevado aos altares como Santo,
trouxe para a Igrej a nova onda de fervor e piedade contra os
erros do modernismo.
Bento XV (1914-1922) foi herói da caridade na guerra mun-
dial de 1914-1918.
Pio XI (1922-1939) foi o Papa da Conciliação, da Ação
Católica e das Missões.
Pio XII (1939-1958) Eugênio Pacelli, o farol de santidade
e doutrina, derramou a mancheias os tesouros da caridade de
~eu grande coração e os tesouros da Igrej a de Cristo sôbre os
povos convulsionados. Proclamou o dogma da Assunção de
Nossa Senhora ao céu em corpo e alma, no dia 1.0 de novembro
de 1950, ao terminar o maior Ano Santo da Igreja.
Também neste século houve uma esplêndida eflorescência
de santos e instituições benéficas. Basta recordar o Santo
Cura d'Ars, São José Bento Cottolengo, pai dos seres mais infe-
lizes; São João Bosco~ o amigo dos jovens, o conquistador de

-147 -
almas,' fundador dos Salesianos e das Filhas de Maria Auxilia-
dora para a juventude pobre e abandonada; Santa Teresa do
Menino Jesus, protetora das Missões; Santa Maria Goretti, que
aos doze anos se tornqu mártir da pureza, e São Domingos
Sávio, que em 20 séculos de história da Igreja, é o primeiro
que sobe aos altares na idade da adolescência, não como mâr-·
tir, mas como herói da virtude (confessor).
Exemplo para você também, meu caro amigo. A santidade
que vimos rebrilhar em todos os períodos da Igreja é possiyel
ao nosso século também, mesmo na sua idade! "
João XXIII (Angelo José Roncalli) (1958) Desde o início'
do seu pontificado vem captando a simpatia do povo cristão
e de todo o mundo. Caracteriza-o uma grande simplicidade
e .extrema bondade.
Duas grandes obras já imortalizaram o seu nome: a en-
cíclica «Mater et Magistra», sôbre a questão social e a convo-
. cação e realização do Concílio Ecumênico Vaticano II, 21.0
ecumênico da Igreja, cujos frutos de reflorescimento de vida
cristã haverão de atrair para a verdadeira Igreja de Cristo as
almas desejosas de verdade e de salvação.

-148 -
Lição XXVII

o homem espiritual
o homem é fisicamente perfeito, quando suas partes
vitais se acham em plena eficiência. O me'smo acontece
com 'a vida do espírito. A vida do cristão manifesta-se
sobretudo por meio das virtudes teologais que são as par-
tes vitais do homem espiritual: a Fé, é como a inteligên-
cia que lhe comunica a luz da verdade divina; a Esperan~a
que lhe faz prelibar a bem-aventurança eterna; a Cari-
dade une~o à Bondade infinita. 1!: pois de capital impor-
tância cuidar que estas virtudes se mantenham com exu-
berante vitalidade para garantir a vida espiritual.
Ela se conserva, se alimenta e manifesta precisamen-
te por meio de freqüentes atos de fé, de esperança e de
caridade; e o Catecismo nos ensina que algumas vêzes
temos o dever de fazê-los, sendo outras vêzes muito útil
fazê-los.

Dever vital
Devemos fazer atas de fé, de esperança e de caridade:
1.Q
- apenas atingirmos o uso da razão: porque de-
vemos imediatamente reconhecer e honrar a Deus, tal
, como a flor que se abre e olha para o sol;
'\ 2. Q - muitas vêzes na vida: não são necessários atas
explícitos, isto 'é, pensar precisamente na fé, na esperança,
na caridade; bastam atas implicitos, isto é, os que indicam
que em nós se encontra viva a fé, a esperança, a caridade
(ex. sinal da cruz, Pai-Nosso, Santa Missa, etc.) ;

-149-
3. Q - quando devemos vencer as teil~ões:afastar
a tentação jáé um ato da virtude contrária, mas são de
auxílio eficacissimo jaculatórias comoesta,s: «Creio, Se-
nhor, mas aumentai minha fé! - Sagrado Coração de
Jesus, confio em VÓS'! - Jesus, cu vos amo, venha o vosso
remo! - Eu perdoo, Seilhor·porque Vós me perdoais!»;
4.
Q - quando temos de ~u:mprir importantes deveres
cristãos: que requerem o exercício explícitO' de tais at.ps
(ex. ao receber os Santos S a c r a m e n t o s ) . '
Nesses instantes,' travam-se duelos mortais com o
nosso principal inimigo, e somente a confiança, a fé e o
amor de Deus poderão salvar-nos.

Saúde flórida
Como dissemos, o cristão vive espiritualment.e por
meio da Fé, da Esperança, da Caridade, que são para a
vida espiritual o que são para a vida física as partes vi-
tais como sejam, p. ex. o cérebro, o estômago, o coração.
Quando êstes órgãos funcionam mal, a vida torna-se di-
fícil e dolorosa; se deixam de funcionar, sobrevém a
morte. Façamos a aplicação: se mantivermos em contínuo
exerlCÍcio as virtudes teológais com atos freqüentes, a
nossa vida espiritual será intensa e frutificará em boas
obras, abundantes méritos, glória imensa; mas se não nos
exercitarmos nela, virá a anemia de uma vida tíbia, até
cairmos na morte do pecado.
O exercício da Fé, da Esperança, da Caridade, deverá
empenhar todo o nosso ser, isto é, deveremos fazer atos
dessas virtudes:
1. Q - com o coração, para sermos cristãos e não pa-
pagaios ou vitrolas;
2. 9 - ~om a bôca: recitando de manhã e à noite,
possivelmente, as respectivas fórmulas, tão ricas de in-

150 -
dulgências. São atos de fé, de esperança e de caridade
também simples jaculatóriascomo estas: «Dulcíssimo
Jesus, dai-me aumento de fé, de esperan!;a e de caridade,
um cora!;ão contrito e humilhado»;
3.'1 - com atos: «Não aquêle que diz: Senhor~ Se-
nhor, que entrará no reino dos céus, mas quem faz a voOn-
tade de meu Pai que está nos céus; êste entrará no reino
dos céus». (S Mateus:: 7, 21).

o cristão na luta
o General Filipômenes da Arcádia (200 A.C.), antes dos com-
bates ou mesmo no acampamento, mandava dar o toque de reunir
e experimentava os recursos bélicos de seus soldados perguntando-
lhes como se comportariam, caso fôssem surpreendidos pelo inimigo
naquela posição.
A vida do cristão é uma guerra sem descanso, incessante; onde
hã um mal a arrancar ou um bem a fazer, a voz de Deus o chama
para o combate, e êle deve apresentar-se com as armas que tecebeu
para dar provas de fidelidade e amor a Deus, isto é provas de fé,
de esperança e caridade.
Somente assim poderá dizer: "Creio em Deus - Espero em Deus
- Amo a Deus".

Creio
A Fé não é um lenço para guardarmos no bôlso; é
uma bandeira que devemos corajosalmente desfraldar e
ardorosamente defender. Eis, portanto, as obrigações do
cristão:
1.'1 - não negá-la nunca, nem mesmo com uma sim-
ples atitude exterior ou com palavras. Diz Jesus: «Todo
aquêle que me negar diante dos homens, Eu também o
renegarei diante de meu Pai que está nos céus» (S. Ma-
teus: 10,33) ;
2. Q - professá-la exteriormente, quando interroga-
dos pela autoridade pública e tôda vez que ocultá-la dei-
. xasse entender 'que o tivéssemos abandonado ou provo-

-151-
casse escândalo. Assim, muitos mártires foram ao en-
contro do martírio professando abertamente sua fé.
O Santo velho Eleazar, convidado a comer carnes
proibidas, recusou-se abeTtamente, e preferiu a morte a
fazer um ato que poderia significar desprêzo de sua fé.
Um inimigo aparen~emente fraco, mas na realidade
fortíssimo é o respeito humano, isto é, a fraqueza do
cristão que abandona as práticas da fé por mêdo do que
possam dizer. Ê êle como um fantoche que tem tant?s
donos quantos são aquêles cuja crítica teme. Eis a grave
sentença de Jesus: «Se alguém se envergonhar de mim e
de minhas .palavras, dêle se envergonhará o Filho do ho-
mem». (S. Lucas: 9,26).
3. Q - viver segundo as máximas da fé, porque «a fé
sem obras é· morta». Pouco adianta dizer com as pala~
vras «Creio» se com os atos se diz «Renego».

Um oficial romano encontrava-se com seus soldados observando


do alto de uma colina a luta que se travava entre o exército romano
e o de um povo vizinho, aguardando a decisão da luta para juntar-se
ao mais poderoso; mas o capitão romano vencedor ordenou a morte
do covarde; fazendo com que seu corpo fôsse esquartejado pelos ca~
valos.

Êessa a triste sorte do cristão medroso que se des-


mancha em afirmar que acredita na doutrina de Jesus,
mas depois segue a doutrina do mundo.
Espero!
«o homem nascido de mulher tem uma vida curta e
está cheio de muitas misérias» (Jó) .
Mas aqui na terra temos apenas uma tenda de cam-
po; nossa ca.sa definitiva encontra-se no céu. D. Bosco di-
zia aos seus ,m~minos: «Que felicidade, quando estivermos
todos no céu!. .. Acham que Nosso Senhor. criou o céu
para deixá-lo vazio? Não! Sejam bons e não tenham mê-

-152 -
do, nós nos salvaremos todos pela graça de Deus e séU
auxílio que nunca faltam, contanto que façamos nossa
parte com boa vontade».
o passarinho gorgeia todo feliz, mesmo quando o galho, em que
estã pousado, estã por partir-se: tem confiança nas asas que o sus-
tentam. Com a confiante resignação e a oração filial voaremos nas
asas da esperança em direção ao céu, a Deus.

Amo!
1. Q - Nosso Senhor disse: «Quem me ama 'Observa
minhas palavras». A palavra de Jesus pode s-er uma ordem
ou um simples desejo. O cristão ama a N'OSS'O Senh'Or
observando os Mandamentos e Os Preceitos; mas dará
provas de O ~mªr mais intensamente seguindo também
oS conselh'Os evªngêli~os, çlps qUfl,i~ ffl,l/lre:rnps nfl, próxima
Uçãe.
2.Q -Demonstremos verdadeir.o amor para com o
próxim'O, socorrendo-o em: suas necessidades espirituais e
corporais; ist~ se faz com os auxílios que se resumem na
esmola, ajuda espiritual ou material que, por amor de
Deus se dá ao necessitado. A esmola é um dever, porque
Nosso Senhor afirma: «Quem possui bens dêste mundo e
vê o seu irmão em necessidade e não tem compaixão dêle, .
ComlO pode ter em si a caridade de Deus?»
Êste sagrado dever encontra-se muito bem especifica-
do nas ·obras de misericórdia corporais e espirituais.
As obras de misericórdia cor.porais citadas pelo Ca-
tecismo são: «Dar de comer a quem tem fome, dar de
, beber a quem tem sêde, vertir os nus, dar pousada aos
peregrinos, visitar os enfermos e encarce.rados, remir os
cativos, enterrar os mortos».
Há outras sete 'Obras de misericórdia espirituais que
são comá as primeiras, as mais belas e completas manifes-
tações da vida -cristã: «Dat bom conselho, ensinar os igno-

-153 -
:rantes, corrigir os que erram, consolar os aflitos, perdoar
as injúrias, sofrer com paciência as fraquezas do pró-
ximo, rogar a Deus pelos vivos' e defuntos».,
Nosso Senhor, 'que nos impõe as obras de misericór-
'diâ,por elas nos julgará.
«Quand~ o Filho do homem vier na sua glória com
todos os anjos, sentar-se-á então no trono da suà glória.
Diante dl!:le estarão reunidos todos os povos, a :mIe ~e­
parará uns dos outros, como o pastor separa as' ovelhas '
dos cabritos e colocará ovelhas à sua direita e os cabri-
tos à sua esquerda.
Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: -
Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino que vos
, foi preparado desde a criação do m:undo, porque eu tive
fome e me destes de comer; tive sêde e me destes de beber;
fui peregrino e me recebestes; estive nu e me vestistes;
enfêrmo e encarcerado e me visitastes. - Então os justos
lhe perguntarão: «Senhor, quando te vimos com: fome e
te demOSi de comer? com sêde e te demos de beber?
Qundo te vimos enfêrmo qu encarcerado e fomos visi-
tar-te? - E o Rei responderá: - Em vevdade vos digo
que tôdas as vêzes que fizestes alguma coisa ao mais pe-
quenino de meus irmãos, foi a mim que, o fizestes.
Dirá então aos da esquerda: - Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno preparado para o demônio e
seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer;
tive sêde e não me destes de beber; fui peregrino e não
me recebestes; estivE:' nu e não me vestistes; doente e en-
carcerado e não viestes me visitar. -Então também êles
perguntarão: - Senhor, quando te vimos com fome ou
sêde, peregrino, nu, enfêrmo, encarcerado e não te so-
corremos? - Então :mIe lhes responderá: - Em verdade
vos digo que tôdas as vêzes que não fizestes isto ao mais

-154 ......
pequenino de meus irmãos foi a Mim que não fizestes. -
E êles irão para o suplício eterno, ao passo 'que os justos
irão para a vida eterna».
O jovem: que se priva de uma pequena economia, com
a qual poderia divertir-se, para faz~r uma oferta a um
/ pobre ou a uma obra pia, pratica uma grande ação: dando
ao pobre dá a Deus. Receberá de Jesus uma grande de-
compensa, pois Jesus afirma: «Quem tiver dado um só
cc.po de água a um dêstes pobres. .. Não per'derá a sua
recompensa» (São Mateus: 10, 42).

PARA RESPONDER
A que se podem comparar as virtudes teologais com relação
à vida da alma? - Quando há obrigação de fazer atos de fé,
esperança e de caridade? - Que quer dizer atos de fé com o
coração, com a bôca,com as obras? - Que obrigações impõe
a fé? - Que é o respeito humano? -,- Como se mantém uma
firme esperança? - De que modo manifestamos a caridade
pára com Deus e para com o próximo? - Que é a esmola?
- Quais são as obras de misericórdia corporais e espirituais?

PARA RECORDAR
-logo que atingirmos o uso da razão
- muitas vêzes na vida
quando - quando lutamos com as tentaçõ~s
{ -' ou temos de cumprir graves deve-
res cristãos
- com o coração
Prática das
virtudes
como
{ -
-
com os lábios
com as obras
. sobrena- -não negá-la
turais prova da Fé{ - professá-la (sem respeito humano)
" - Viver suas máximas
prova da { - não perturbar-se
Esperança - segurança e éonfiança em Deus
\
prova da { - amar a Deus {eSPiritualmente
Caridade - amar o próximo materialmente

-155 -
Lição XXVIII

Se queres
(CONSELHOS EVANGÉLICOS)

Jesus e o moço
Atraído pela bondade de Jesus, que se achava rodea-
do de alegres crianças, um jovem se aproximou cheio de
confiança, e com muito respeito lhe perguntou:
~ Bom mestre, que devo fazer para alcançar a vida
eterna. ?
- Se queres alcançar a vida eterna observa os mano
damentos. ~ E acrescentou uma breve explicação.
E o jovem replicou:
..:- Já pratiquei tudo isto desde a minha meninice;
que é que me falta ainda? - E Jesus:
- Se queres ser perfeito, vai, vende o que possuis,
dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois vem e
segue-me.
Foi especialmente nesse dia que Jesus propôs os prin-
cipais conselhos evangélicos, isto é, exortação a uma vida
perfeita pela prática de virtudes não obrigatórias. Não
sendo imposição obrigatórias, são simples conselhos; com
efeito, Jesus disse ao moço: «Se queres».
As virtudes recomendadas são:
1) a ,pobreza voluntária, c(mtida no conselho de ven-
der os próprios bens para distribuí-los aos pobres;
2) a obediência perfeita, indicada pelo convite de se- /
guir o Mestre;

-156 -
3) a castidade perfeita, que deriva cümo conseqü~n­
cia, de seguir a Jesus e de nãO' püssuir, türnandü-se, pür
issO', impüssível a cO'nstituiçãü de uma família.

o atalho
Um jovem, que escala um monte, deixa a estrada principal muito
cômoda e bonita, entra por um caminho estreito, íngreme e diffcil,
e chega antes que os outros ao alto, para respirar a plenos pulmões
com a fronte ressumando gôtas de suor, que brilham ao sol quais
brilhantes de uma corôa de vitória,

Façamüs a aplicaçãO': chegamüs aO' céu pür düis ca-


minh0's, em düis estadO's de vida:
,estado comum, que se limita à übservância düs man-
damentüs e preceitos;
estado religioso, que aüs Mandamentüs e Preceitos
acrescenta a observância düs Cünselhos.
A0' criar üs hümens, Deus apünta a cada um o seu
caminhO', dá a cada um a própria voca~ão, que é um cha-
madO' e uma inclinaçãO' a um modO' de vida de preferência
a üutrü.
Ê impürtantíssimo 'cünhecer e seguir a própria voca-
ção. Diz São GregóriO' Nazianzenü: «Süu de üpiniã0' que
a esc0'lha dO' estad0' tem tamanha impürtância, que dela
cüstuma depender uma büa 0'U :tná vida até à mürte».
Quem é chamado a0' estad0' religiüsü é um privile-
giadO', pürque há nêle' tantos meiüs de salvaçãO' e perfei-
çãO' cristã, que se p0'de cO'm razãO' chamar um atalho bem
c!lrtü para subir a0' céu.
"Quem segue üs c0'nselh0's evangélic0's, mata, de um
só g6lpe, três terríveis {eras que se aninham em nós e
dificultam 0' caminh0' d0' céu, ist0' é: «a conscupisooncia da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida».
Cüm a castidade refreia 0' desejo imoo'frado dos prazeres
sensuais (c0'nscupiscência da carne); com a pübreza o de-

-157 -
sejo imoderado dos bens, do mundo (conscupiscência dos
olhos); com a obediência a maneira de independência e·
'de...revolta (soberba da vida).
~'~ ,

o mais sábio
Do jovem, que procurou Jesus, disse o Evangelho:
«Ao ouvir estas palavraS afastou-se cheio de tristeza,',
pOl1que possuia muitas riquezas». E Jesus disse suspiran-
do: «Em verdade vos digo que é mais fácil um camelo
passar pelo buraco de uma agulha que um :fico entrar no
reino dos céus». E o Evangelho estende sôbre o moço um
véu de tristonho silêncio.
Eis, ao contrário, o que o bom Mestre promete ao dis-
cípulo generoso: «Quem abandonar a casa, ou os irmãos,
ou as irmãs, ou o pai ou a mãe, ou os filhos ou os seus
haveres por amor de meu nome possuirá o cêntuplo e pos~
suirá a vida eterna.» (S. Mateus: 19, 29).
Afirma São Bernar.do que quem segue mais de perto
a Jesus: vive com maior pureza, cai (peca) mais rara-
mente, levanta-se mais prontamente, caminha com maior
cautela, recebe 'corri mai'Or freqüência 'O orvalho das gra-
ças celestes, descansa com mai'Or segurança, m'Orre com
maior c'Onfiança, tem um purgatório mais breve e um
paraís'O mais belo.
Além: do mais, os benefícios da vida religiosa nã'O se
circunscrevem aos muros de um convento, mas se derra-
mam sôbre tôda a sociedade. O filósofo Vicente Gi'Oberti,
que por sinal nã'O era lá muito amig'O das Ordens Religio;.
sas, deixou êste testemunho: «Lêde a História, c'Onsultai
a experiência e vereis como h'Oje, assim c'Omo ontem, a
mai'Or parte d'Os benefíci'Os feitos à humanidade deve-se
.aos religi'Osos, e que ninguém mais do que êles têm a

-158 -
possibilidade de beneficiar mesmo aos que os desprezam
e detestam».
PARA RESPONDER
Que respondeu Jesus ao moço que queria ser perfeito?
Onde se encontram na doutrina de Jesus os Conselhos Evangé-
licos? - Quais os caminhos para se chegar ao Céu? - Que é a
vocação? - Por que é importantíssimo conhecê-la e segui-la?
- Que inimigos se vencem com os conselhos evangélicos? -
Quais as recompensas de Jesus para quem segue os conselhos
evangélicos? - Os benefícios da vida religiosa limitam-se ape-
nas aos conventos?

PARA RECORDAR
virtudes aconselhadas por Jesus a
que são? { quem quer ser mais perfeito
pobreza
quais são
{ castidade
obediência
Conselhos quem os quem segue a vocação (chamado di-
evangélicos pratica? { vino a uma vida mais perfeita)

vantagens
{ ~"terá
um atalho para chegar ao Céu
{""Onde reoompe",o
grandes
vantagens
...
{ esp~r~tuaIS
SOCIaIS.

-1,59
tEITUBA

HISTóRIA DA IGREJA

Em tôdas as páginas da História da Igreja encon-


tramos uma palavra de defesa e garantia dos maiores
valores do homem: a Igreja é mãe e mestra de civili-
zação. Passarão os séculos, suceder-se-ão os aconteci-
mentos, mas a Igreja permanecerá sempre qual nau
segura que singra as vagas do 'mundo para salvar
os homens.

Antes de concluir nossas leituras, vamos saudar na Igreja a


. redentora da humanidade, a educadora dos costumes particula-
res e públicos, a protetol'a das ciências e das artes.

INFLUtNCIA DA IGREJA SóBRE OS COSTUMES


INDIVIDUAIS E PúBLICOS

1 ) Elevação do indivíduo:
Ao nascer, a Igreja encontrou os homens atolados em tre-
menda miséria espiritual. E repetiu-lhes a mensagem de Jesus:
«Bem-aventurados os limpos de coração ... os pobres .•• os
pacíficos ... os mansos ... ». A miraculosa transformação ope-
rada por essa divina palavra foi tamanha que já S. Justino .--
um dos primeiros cristãos - podia afirmar: «Nós que antes es-
távamos' imersos em tôda a espécie de miséria, amamos a pu-
reza; nós outrora avarentos e sedentos de riqueza, agora ...
socorremos os pobres».

2) Elevação da família:
A Igreja transformou a família num pequeno santuário,
por ter Jesus Cristo elevado o matrimônio à dignidade de Sa-
cramento. Então a mãe cingiu-se com a coroa da rainha do
lar, e os filhos foram acolhidos como presente do cé.u.

3) Elevação da sociedade:

-160
Ao aparecer o Cristianismo, Roma, a capital do mundo,
contava 2.000.000 de habitantes apenas 20.000 eram livres.
Somente a Igreja, continuadora da doutrina de J. Cristo, ergueu
sua voz para proclamar diante do mundo inteiro, a fraternidade
de todos os homens.
l
I

INFLutNCIA DA IGREJA NA CLASSE OPERARIA

Era humilhante a condição do operário ao aparecer Jesus


Cristo no mundo. Trabalhador e escravo era a mesma cousa
para 'os Romanos. A Igreja procurou curar com seu toque di-
vino esta chaga da sociedade. Lentamente, coma persuasão e
oespirito de_ fraternidade, realizou uma mudança tal, que a
palavra escravo em poucos, séculos desapareceu do grego co-
mum.
A Igreja, na Idade Média, empenhou-se em aliviar os sofri-
mentos dos pobres, defender os servos e os fracos, contra a
prepotência dos senhores feudais.
Por volta do ano 1000, favoreceu o desenvolvimento das Co-
munas, em que bem logo surgiram as Corporações de Arte e
Ofícios, sob a inspiração cristã. São êsses os séculos mais belos
que a história do trabalho humano possa recordar. O operário
ama seu trabalho e o trabalho humano faz milagres. Arrefe-
cendo-se o espírito cristão, mudadas as condições sociais, as
corporações foram abolidas. As condições do operário, de fló-
ridas tornaram-se difíceis, insu}?ortáveis, desastrosas até. A
Igreja assistiu passivamente a tantos males.
Em 1833, Frederico Ozanam funda as conferências de São
Vicente. - ,-.
Em 1841, Dom Bosco funda, na Itália, o seu primeiro Ora-
tório e em seguida numerosíssimas escolas profissionais. Na
Alemanha monsenhor Kétteler levantou a voz em defesa dos
operários e o mesmo se diga do Cardo Manning, do Cardo Mer-
cier, do Cardo Gibbons e de muitíssimos outros. Mas o do-
cumento fundamental do pensamento e da ação social da Igreja
católiça foi apresentado por Leão XIII em 1891 com sua grande
enc1clica «Rerum Novarum» traçando normas para uma sábia
organização da sociedade. A essa monumental encíclica fize-
ram eco a «Quadragesimo Anno» de Pio XI, as inúmeras radio-
mensagens de Pio XII sôbre os operários, e a oportunfssima
«Mater et Magistra» de João XXIII em 1961.

-161-
AS ,MISSõES
Dois bilhões ,de homens habituam o globo. Somente 800
milhÕes, sãos Cristãos,.e dêstes apenas 400 milhões são católicos
A palavra .de ordem de Jesus aos Apóstolos: «Ide e pregai o
Evangelho a tôda a criatura»' é ainda de grande atualidade e
encontrâ 'sua mais cómpleta realização nas fainas apostólicas
de 22.500 sacerdotes, 10.500 leigos, 52.000 freiras, que em terras
de missão, lutam continuamente contra dificuldades de tôda a
espécie, para chamar novas almas ao redil de Jesus Cristo. \
Devemos demonstrar estÜlla e reconhecÜllento para com
êste exército de heróis, porque êles, com o Evangelho, levam a'
luz de nossa Fé e de nossa civilização a muitas almas Üllersas
nas trevas da bàrbárie. '

CIíl:NCIAS, ARTES, FILOSOFIA E LlTER~TUR.~


1) Ciência:
A Igreja foi sempre mestra da sabedoria divina e humana
para o povo que ficara sempre esquecido. Abriu escolas gratui-
tas, universidades e colégios. Salvou o que de melhor havia
pensado e criado a antiguidade.
2) Artes:
A 'IgTej a foi a maior inspiradora. e protetora das artes.
As mais sublÜlles obras-prÜllas musicais, as mais belas pin-
turas, os maiores monumentos arquitetônicos foram inspirados
PEi!o pensamento cristão. Basta percorrer brevemente as pági-
nas da história da arte e da música para nos convencermos
disso. '
3). Filosofia e Literatura:

Para não citar tôda a longa série de escritores da Igreja,


mestres da mais sã FilOSOfia, recordamos alguns nomes que nos
dirão qual seja a obra da Igreja neste campo: Santo Agostinho,
Sto. Alberto Magno e Sto. Tomás de Aquino.
Se:tn o pensamento cristão, não teríamos as obras monu-
mentais de Dante, Manzoni, Bossuet, Lacordaire, Bernardes,
Vieira; l\lont'Alverne, e inúmeros outroS .
. A Ígreja católica, Mãe, Mestra, Mecenas: veneração, obe-
diência, amor indefectível I

-162
Lfgdo XXIX

Qualro aonzos
Gonzos são os pontos sôbre Os quais se apoiam e mo-
vem as portas. Entre as numerosíssimas virtudes morais,
há quatro que são como o princípio e fundamento de tôdas
as outras. São as virtudes chamadas cardeais (latim:
cardinem = gonzo) : Providência - Justi~ - Fortaleza
e Temperan~. São necessárias, porque
1.'1 - devemos escolher os meios para alcançar o
fim (prudência);
2.9 - devemos, porém, respeitar os direitos do pró-
ximo (Justi~);
3. 9 - devemos defender nossos direitos (Fortaleza);
4. 'I - não devemos exorbitar quando nos servimos
dos meios temporais (Temperança).

A· serpente
Nosso Senhor· nos diz: «Sêde prudentes como a. ser-
pente». (S. Mateus: 10, 16).
Isto para exortar-nos a adquirir a
prudência, virtude que dirige os atos a um fim reto, e
faz'\escolher e empregar meios convenientes. Qualquer
outra virtude moral deve sujeitar-se à prudência, que com
razão é chamada a primeira., a moderadora de tôdas as
virtudéll morais. .C()m efeito, sem a prudência, qualquer
virtude passa de um extremo a outro e sé tornaVÍeÍo:

-183--.
p. ex., sem a prudência, a generosidade pode transformar~
se em prodigalidade (dar de mais); ou avareza (segurar
de mais).
Quem é prudente: reflete sôbre o passado, o presente
e Q. futuro; consulta com docilidade homens prudentes;
dirige suas preces a Deus (Pai das luzes); julga com se-
riedade; executa com prontidão e tenacidade.

A balança
Uma mulher segura na mão esquerda uma balança
para medir com exatidão o direito e o dever; com a di-
reita brande uma espada, para defender a igualdade e pu-
nir as. injustiças. li: a imagem da
justiça, virtude que faz dar a cada um o que lhe per-
tence.
A cada um, por isso: a Deus - ao próximo - a nós'
mesmos.
Da justiça deriva uma série de virtudes: religião -
piedade filial - respeito à autoridade - sinceridade -
reconhecimento - generosidade.
A justiça toma vários nomes:
1) comutativa, quando regula as relações entre
pessoa e pessoa;
2) distributiva, quando regula o modo' de agir da
autoridade, na distribuição de obrigações e vantagens ao
súbditos;
3) legal, quando regula o procedimento dos indiví~
duos segundo as leis do Estado.
Onde há justiça, há paz.

o leão
Ao cair da noite, a tribo, que vive às margens do desert,o, reune-
se ao redor do fogo para ouvir atentamente as glórias passadas. Eis
senão quando se faz um silêncio' cheio de apreensão. ;Um' rugido

_164 -,-
ameaçador sacode· a floresta virgem e. se perde no: mar·, de areia.
Corre pela tribo uma voz misteriosa. "É êle". Assim é que os
africanos se referem ao dominador das selvas, à mais forte das feras.
Em sentidó espiritual, dever-se-ia dizer de um cristãQ. "É êle"
isto é: é um verdadeiro cristão que tem uma fisionomia, um carãter
bem distinto; é um forte.

Há na vida cristã dificuldades e perigos de tôda a


espécie, que entravam o caminho; há perigos enormes a
superar, antes de chegar ao céu. «o reino dos céus exige
grande fôr9a e são os fortes que o conquistam» (8. Ma-
teus: 11, 12). Ê pois, absolutamente necessária· a forta-
leza, virtude cardeal que consiste precisamente:
1.'I - em empreender coisas difíceis;
2.'1 - em afrontar os perigos e a mesma morte,
para fazer o bem e evitar o mal.
O soldado é um forte; forte são o mártir e· o jovem
puro. Quem: cede é um vil.
A fortaleza, porém, deve ser iluminada pela prudên-
cia para evitar os dois extremos; o cristão forte:
1.'1 ~ não tem temeridade, pOIlque a temeridade é
uma falsa coragem, uma coragem leviana e imprudente
de quem se ex~õe sem necessidade à ocasião e ao perigo;
2.'1 - não. se deixa vencer pela timidez que é um
temor infundado.
O 'cristão dá provas de fortaleza em seus vários graus
até o heroismo' mortificando as paixões - sacrificando
,tudo pela glória de Deus e o bem do próximo - supor-
tai4do cóm coragem as desgraças - indo ao encontro do
martírio.
O cristão forte é magnânimo (disposto a grandes e
heróicas emprêsas), é munificente (generoso nas obras
externaS' de caridade), é paciente, é constante.

-165 -
o Icristão se tornará forte quando empregar êstes
meios:
Oração à. ·Deus, ·nosso amparo e fortaleza;
a meditação da Paixão de Je$US'i
.a fidelidade nas coisas pequenas: «Quem é· fiel no·
. pouco, é fiel no muito» ...

o freio
Colocamos um freio na bÔca de um Cl!lvaIo xucro e assustadiço.
Nas descidas muito rápidas seguramos o freio para que a bicicleta
D.ão descreva uma .•.,. curva pouco desejável!

Estamos por natureza inclinadof:l aos prazeres sensí-


veis.Se nos mantivéssemos no justo meio, não haveria
nenhum mal; mas a natureza corrompida tem uma incli-
nação desordenada, pela qual tendemos a buscar satisfa-
ções proibidas pela razão e por Deus. Daí a necessidade da
temperan~a que nos auxilia a dominar as inclinações
desordenadas (paixões) para os bens sensíveis, fazendo-
nos viver de acôroo com a razão e a fé.
A temperança é mãe da sobriedade no comer e no
beber, da castidade e do pudor (aversão a tuda o que fôr
?POUCO decente), da mansidão e clemência (contrária à ira
e aos castigos exagerados), da humanidade, da cortesia,
da simplicidade, e tantas outras virtudes que adornam a
alma cristã de beleza, harmonia e serenidade.
D~ia São Francisco de Sales: «Eu amo poucas coisas
na terra e as amo pouco».
Por falta de temperança, Esaú perdeu a primogenr~
tura. O jovem temperante conquista um. reino celeste em
trôco de suas poucas renúncias.
Eis uma viva imagem da temperança. Conta Dom
Bosco:

-166 -
«Desejava conhecer os efeitos da temperança e os da
intemperança, e com êste pensamento fui me deitar. Mas
apenas conciliei o sono, uma personagem me convida a
acompanhá-lo.
Conduziu-me a um belíssimo jardim cheio de delícias
e variegadas flôres. Havia nêle grande quantidade de
perfumadas rosas, símbolos da carIdade. Aqui um cre.vo,
ali um jasmim, mais além um lírio, uma violeta, uma sem-
pre-viva, um número incalculável de flôres simbolizando
tôdas as virtudes.
Agora preste atenção - disse-me o guia. Desapare-
ceu~o jardim e senti um violento rumor. Voltei-me e vi
um carro quadrado puxado por um porco e um sapo de
tamanho enorme. - Chegue mais perto e olhe! - O' ca:rro
estava eheio de animais repugnantes: cobras, eseorpiÇies,
lesmas, morcegos, crocodilos, salamandras... Não pude
resistir a esta visão, e enquanto aterrorizado tirava os
olhos do carro e me afastava pelo mau cheiro daqueles
animais nojentos, recebi uma como sacudidela e acordei,
continuando a sentir por certo tempo o mesmo cheiro
nauseante».
Lembre senpre: a intemperan9a é a ruína das mais
belas virtudes.

PARA RESPONDER

Por que a prudência é o contrôle das virtudes? - CoIllo


procede o prudente? - Cite algumas virtudes que derivam da
jus'tiça~ - Que é a justiça comutativa, distributiva, legal? -
Por que é necessário a fortaleza? - Em que consiste? Quajs
os excessos que o cristão forte,mas prudente evita? - Como
se dá prova de fortaleza? - Com que meios nos tornamos
fortes? - Por que é necessário a temperança? - Diga algumas
virtudes que derivam da temperança.

-167 -
PARA· RECORDAR

que 61 - virtude que dirige os atos ao


devido fim e faz escolher e
usar os meios convenientes
prudê;ncla quem é prudente:
f
suas
característioas 1 reflete - consulta
reza
julga - executa
que 61 - virtude que faz dar a cada um
o que é seu
religião

i
piedade filial
respeito. à autoridade
justiça dela derivam sinceridade
reconhecimento
generosidade

Os quatro comutativa
suas qualidades{ distributiva
gonzos
legal

fortaleza
que 61
virtude
que nos anima a
1 -

-
empreender coisas
difíceis
suportar graves
males e mesmo
a morte
. { - sem temeridade
suas qualidades _ sem timidez

que é1 - ajuda-nos a refrear as incli-


nações desordenadas (paixões)
sobriedade - castida-
temperança de e pUdor
traz oonsigo mansidão - clemên-
outras cia - humanidade
virtudes { simplicidade - corte-
sia

-168 -
Lição XXX

Paixões e vícios
Animais bons
As coisas externas sã'O como estímulo que têm a pro-
priedade de comover nosso coração, isto é, de despertar
nêle movimentos de várias espécies, e, às vêzes, muito
violentos (amor e ódio - desejo ou aversão - alegria ou
tristeza - audácia 'Ou temor - esperança ou desespêro
- cólera). Tais comoções ou movimentos são paixões.
As paixões por si mesmas não são nem boas nem
más, mas indiferentes; c'Omo, porém, nossa natureza está
corrompida e se rompeu o equilíbrio interno, fàcilmente
nos arrastam ao mal. Devemos, por isso, dominá-las com
a razão e com a Fé, para que sejam como os animais do-
mesticados que podem prestar relevantes serviços. Os
animais domam-se quando pequeninos. Ê, pois, absoluta-
mente necessário controlar as paixões desde a juventude,
se não quisermos que o desastre seja fatal!

Animais perigosos
A estrada do bem é uma árdua subida; mas a fôrça da
virtude, conquistada eom a prática de atos bons leva ao
alto e ao prêmio...
O caminho do mal, ao contrário, é uma descida rá-
pida, e sem muitae dificuldades leva ao abismo. Custa ào
homem cometer o primeiro pecado, mas dep'Ois, com im-
pressionante facilidade cai no segundo, no terceiro,preci-

-169 -
pitando-se em seguida no·· abismo, .arrastádo pela fôrça
quase irresistivel dovici() que é o hábit() de mzer () mal,
adquirido pela repetir;ão de atos maus. .
O jovem. que não eetiver atento, fàcilmante trilh&rá
o caminho do vioio: seu coração se tornará a toca de
animais perigosos de ónde será difícil tirá-los e matá-los.
. Entre . os vicios se destaeam sete, que escabeçam os
demais que dêle se originam: são sete vícios capitais, ,que
podem ser simbolizados pelo dragão de sete cabeças des~
crito no Apocalípse de São João.
Citemos os sete vícios capitais:
- Soberba. :m a estima exagerada de si mesmo.
Leva-nos a colocar-nos acima de todos e a não nos
sújeitarmos a ninguém, sendo, portanto, origem de todos
os pecados, porque o pecado é uma desobediência à lei de
!Deus. Por isso advertia Tobias dirigindo-se a seu filho:
«Não permitas nunca jamais que a soberba reine em teus
sentimentos ou palavras ; porque nela tem seu princi.pio
'fôda a espécie de perdição» . (Tob.: 4, 14).
__ Avareza. :É o amor desordenado dos bens terre-
nos. Dá origem à dureza de coração, à ambição de preo-
cupações, à fraude, à violência, às trapaças e às brigas.
Avisa-nos Jesus: «Não queirais acumular tesouros sô-
breaterra, onde a ferrug,em e a traça corroem, e os la-
drões desenterram e roubam; mas a.cumulai tesouros no
céu, -onde nem a traça corroe, onde os ladrões não mexem
nem roubam» (S. Mateus,: 6, 19-20).
Luxúria. :É a satisfação dos prazeres impuros dos
sentidos. :mste vicio cega a inteligência e endurece o co-
ração, levando fatalmente à perda da Fé, da honra, da
sâúde. Muitas vêzes recebe como compensação dois in-
fernos: vida terrena cheia de agitações, ante-sala do in-
ferno eterno.

-170 -
Ira. É o impulso desordenado que faz rejeitar o que
nos desgraça, com desejo de vingança. Escurece a razão
explodindo em manifestações descompostas e muitas vê-
zescom excessos criminosos. O Apóstolo recomenda: «Se
vos irais, ,procuroi não descambe o 801 sôbre vossa ira ;
tôda a amargura e ira, indignação e clamor e injúril',t e
tôda a espécie de malícia esteja longe de vós. Sêde ao
contrário, bondosos uns para com os outros, e misedcor~
diosos;perdoai-vos mutuamente como Deus ,vos perdoou
em Cristo» (Efésios: 4, 26).
Gula. É o amor desordenado de comida e bebida.
Leva ao desgôsto das coisas espirituais, abre caminho à
impureza, e arruina a saúde.
Lembremo-nos do provérbio: «Mata mais a gula que
a espada».
Inveja. É a tristeza pelo bem, ou a alegria pelo mal
de outrem. A inveja é a causa de discussões,maledicên-
cias e calúnias, detrações, ódio O invejoso compara~se
a Caim, ao demônio.
Preguiça. É o amor excessivo do descanso, que faz
descuidar todo o dever que requer esfôrço. É origem da
indolência, do rancor, e do desespêro de alcançar o prê-
mio, que custa trabalho. Jesus ameaça: «Tõda a árvore
que não der bons frutos será cortada e lan~ada ao fogo»
(8. Mateus: 7, 19).

PARA RESPONDER

".,As .::oisas externas exercem influência sôbre nós? "'7"" As


paixões por si mesmas são más? - Que 'é a soberba? - Por que
se diz que é a origem de todos os pecados? - Cite algum vicio
causado pela soberba. - Que é a avareza? - Que é a luxúria?
- Aponte alguma de suas tristes conseqüencias. ~ Que éa ira?
- Que é a gula? - Que é a inveja? - Que é a preguiça?

-171-
PARA RECORDAR

é o; hãbito de fazer o má! adqui~


que é vicio? { rido pela repetição de atos, maus.
L, soberba
2. avareza

(
Os víCios quais os mais
3. luxúria
funestos?
(os sete vi- 4. ira
5. gula
cios capitais) 6. inveja
7. preguiça

-172 -
Lição XXXI

Os enfeUes da alma
(VIRTUDES OPOSTAS AOS
VíCIOS CAPITAIS)
Dom Bosco, em sonho, teve uma Vlsao que, embora seja ainda
uma imagem vaga do paraíso, abre uma pequena fresta para os
encantos do Céu. Encontrou-se êle numa imensa planície azul, en-
trecortada por largas estradas que atravessavam jardins de indes-
critível beleza; a relva, as flôres e os frutos eram encantadores, e
o embiente todo se enfeitava de luzes e sons. Domingos Sávio à
testa duma legião interminável de jovens felizes avança na direção
de. Dom Bosco e lhe apresenta um magnífico ramalhete de. rosas, vio-
letas, girassóis, gencianas, lírios, sempre-vivas e espigas de trigo.
Domingos o apresenta ao bom Pai dizendo: "Mostra êste rami-
lhete aos teus jovens,. para que possam oferecer a Nosso Senhor
quando chegar a hora; procura que todos o cultivem. Podes estar
seguro que assim terão garantida a sua felicidade. Vês estas flôres?
- Representam as virtudes que mais agradam a Deus".

Quais são essas virtudes? - Ei-Ias.


Humildade - Ê o justo conhecimento de si mesmo.
Diz São Paulo: «Se alguém crê ser alguma coisa quando
na realidade não é nada? enganarlSe a si mesmo». Que
tens tu, que não tenhas recebido? E se recebeste, por
que te glorias como se não o tivesses recebido? A humil-
dade proíbe-nos desconhecer e descuidar os dons que Deus
nos fêz; mas não devemos exagerá-los e não devemos
esconder a nossos olhos nossos defeitos e faltas hum.i-
lha:t?-tes, públicas ou ocultas. Os humildes são os predi-
letos de Deus que «resiste aos soberbos, mas aos humil-
desdá a Gra~a» (1." Epist. São Pedro: 5, 5).
Liberalidade -«Ê a virtude que se opõe à avareza.»
No conceito de Nosso Senhor, é a virtude da~ majs neces-

-173 -
sárias. E p'Ouco. entende de Religião Católica 'O que guar-
dano coração afetoàs riquezas pereced'Ouras desta vida.
Desapegar-se dos bens mundanos importa:
'. a) para o rico, liã'O ter sMe insaciáV'el de 'Ouro, é
dàr gener'Osamente oSllpérfluo a'Os pobres e às obras de
caridade.
b) paI'a o pobre, aceitar conf'Ormadamente sua ~on­
dlção privilegiada aos 'Olhos de Nosso Senhor, e nã'O Co-
biçar a fortuna perig'Osíssima d'Os abastad'Os. '
Castidade - Virtude que reprime 'O desejo desorde-
nado de goz'Os sensíveis, e nos torna gratos a Deus e aos
homens.
Paciência - Virtude que nos faz suportar calmamente
as adversidades: «o p31ciente vale mais que o forte, e quem
sabe mandar em si mesmt(), vale mais do que quem expugna
as cidades». A paciência faz um trabalho perfeito e faz
com que sejais perfeitos,completos, sem deficiência de es-
pécie alguma». (Prov.: 16, 32 e Epist. de São Tiago: 1, 4).
Sobriedade - Faz-nos moderados no uso dos alimen-
tos. Mais simplesmente: faz-nos comer para viver e não
viver para comer. «O Reino/ de Deus não é comida e be-
bida material», diz Jesus. Contentemo-nos, pois, com o
COnveniente para 'O corp'O e acumulem'Os mérit'Os para ad-
quirir 'O outr'O aliment'O: 'O da alma e d'O Céu.
Fraternidade - M'Ove-n'Os a t'Omar parte fntima nas
alegrias e sofriment'Os d'O próxim'O, ist'O é; a «alegrar-nos
com quem se alegra e a chorar com quem sofre. «São
Pedro dizia: «SMe compassivos, amigos dos irmãos, mi-
sericordiosos, humildes». O j'Ovem cristã'O é como a alegre
andorinha cuja chegada é saudada. c'Om alegria, porque
traz a serenidade da primavera, e cuja partida é vista c'Om
pesar, p'Orque se aproxima a tristeza do invern'O. '

-174 -
DiHgêncla - Estimula-nos a fazer com prontidão,ale-
gria e constância, tudo o que diz respeito aos nossos de~
veres, e particularmente nossos deveres para co:n, Deus.
«O Senhor ama o aleg;re doador», ao passo qt;le é
«maldito o que negligencia as obras de !Deus.» «Quando
se ama, o trabalho não pesa, e se pesa, o próprio traba-
lho é amado» (Santo Agostinho). Nunca daremos sufi-
cientemente ao Deus que tudo nos deu.

PARA RESPONDER

Que é a humildade? - Que é a liberalidade? - Que é a


castiçlade? - Que é a paciência? - Que é a sobriedade? - Que
é a fraternidade? - Que é a diligência no serviço de .Deus?

PARA RECORDAR

As virtudes opostas aos vicios capitais são semeadas eIll


nossa alma com o Batismo

Humildade oposta à soberba


Liberalidade oposta à avareza
Castidade oposta à luxúria
São Paciência oposta à ira
{ Sobriedade oposta à gula
Fraternidade oposta à inveja
Diligência no serviço de Deus. oposta à preguiça.

-175-
Lição XXXII

Bem-aventurados
Jesus subira a um monte da Palestina; seguira-o nu-
merosa turba que, reclinada no chão, o escuta silenciosa-
mente, sedenta de felicidade na ansiosa expectativa do
novo reino. Jesus apresenta os estatutos de seu Novo
Reino, lançando um apêlo aos que o desejam seguir. Pro-
mete aos generosos uma recompensa sem igual: um trono
glorioso no Reino de Deus, na Eterna Bem-aventurança,
pela qual seus seguidores se chamarão «Bem-aventura-
dos». Jesus no-los apresenta:
1. Q - Bem-aventurados os pobres de espírito, porque
dêles é o Reino dos céus.
«São os que no íntimo de suas almas se acham desa-
pegados dos bens externos, sobretudo das riquezas e das
honras; não só, mas demonstram ainda um espontâneo
desprêzo das mesmas ao se apresentar alguma ocasião;
quando os possuem, empregam-nos com moderação e ho~
nestidade; se não os possuem, não os buscam afanosa-
mente; quando os perdem suportam a perda com sub-
missão à vontade divina».
2. 9 - Bem-aventurados os mansos, porque êles pos-·
suirão a terra.
«São os que usam de doçura para com o próximo, su-
po.rtando com paciência suas fraquezas, sem a minima
queixa ou vingança:..
Seu prêmio é a verdadeira «Terra prometida», isto é,
«a garantia dos bens eternos». Mas mesmo humanamente

-176 -
falando notamos que a espada do conquistador terreno
fàcilmente se quebra e 'se ~obre de maldições, ao passo
que o manso conquistador do Evangelho, assegura o do-
mínio dos corações.
3. 9 - Bem-aventurados os que choram, porque êles
serão consolados.
«São os que de nenhum modo procuram os prazeres
do mundo, suportanto com alegria e submissão à vontade
de Deus as dores da vida presente, fazem penitência dos
pecados cometidos e choram sinceramente os males dêste
mundo, os escândalos, e os perigos a que se expõe a sal-
vação das almas».
No Céu «não haverá dor nem pranto ... Deus enxu-
gará as lágrimas de seus olhos» (Apocalípse) e «quem nãe.
quererá derramar uma lágrima de dor e arrependimento
para 'que a enxugue a 'mão de Deus? ., É melhor uma
vida de prantos, que uma só hora de alegria desregrada»
(Beato Contardo Ferrini).
4. 9 - Bem-aventurados os que têm fome e sêde de
justiça, porque êles serão fartos.
«São os que todos os dias se esforçam com suas' obras
para progredir na justiça e na caridade». Aqui, justiça é
igual a virtude, e é nesse sentido que São José é chamado
«o varão justo».
Terão como prêmio aquela santa «fonte que sacia o
sedento» (Santo Agostinho). Deus atenderá seus desejos
de, bem e os premiará abundantemente.
1.9 - Bem-aventurados os que usam de ,misericórdia,
pois êles al~ançarão misericórdia.
«São os que por amor de Deus fazem o próximo par-
ticip~r de suas posses e procuram afastar dêle as misérias

-177 -
espirituais e corporais» .. Deram esmolas a Jesus-pobre,
receberão a recompensa de Jesus-Deus.
6. Q - Bem-aventurados os limpos de cora~ão porque
êles verão a Deus Nosso Senhor.
«São os que não somente evitam o pecado mortal,
especialmente o pecado de impureza, mas na medida do
possível, evitam também o pecado venial».
Verão a Deus na terra, por meio da fé, sem certas dú~
vidas que atormentam os pecadores. No céu verão a Deus,
face a face.
7. 9 - Bem-aventurados os pacíficos, porque êles serão
chamados filhos de Deus.
«São os que não somente vivem em paz com o próxi-
mo, mas se esfo.rçam para que reine a paz entre seus se-
lhantes». São cordeiros, como o Cordeiro de Deus; filhos,
portanto, como :Êle, do Nosso Pai que está nos céus.
8.Q - Bem-aventurados os que padecem pel'seguições
por amor da justiça, porque dêles é o reino dos céus.
«São os que por amor de Jesus .Cristo suportam com
paciência os motejos, as calúnias e perseguições»
O caminho do Calvário termina com a gloriosa ressur-
reição; a vida atribulada da terra com a Ascensão ao céu.

PARA RESPONDER

Em que lugar pronunciou Jesus o sermão das Bem-aventu-


ranças? - Qual sua importância? - Que são os pobres de
espirito? - Os mansos? - os que choram e são bem-aventura-
dos- - os que têm fome e sede de justiça? - os misericordio-
sos? - os limpos de coração - os que padecem perseguição
por amor da justiça?

-178 -
PARA RECORDAR

que são? - o programa do nôvo reino trazido por


Jesus

1. Bem-aventurados os pobres de es-


pírito
2. Bem-aventurados os mansos
3. Bem-aventurados os que choram
As Bem- 4. Bem-aventurados s que têm fome
-aventuranças e sêde de justiça
quais são? 5. Bem-aventurados os misericordio-
sos
6. Bem-aventurados os limpos de co-
ração
7. Bem-aventurados os pacíficos

l8. Bem-aventurados os que sofrem


perseguição por amor da justiça

- 179 >-
Lição XXXIII

Os dois estandartes
Os bem-aventurados da montanha
Nós também nos encontramos misturados à turba
que ouviu a palavra do Messias. As Bem-aventuranças
são o programa dos soldados de Cristo-Rei. Ê um pro-
grama de heróis, e a natureza corrompida se revolta dian-
te desta. série de máximas que custam suores, lágrimas e
sangue. Mas é uma grande glória ser chamado herói de
Jesus Cristo. Ele fêz promessas esplêndidas aos seus se-
guidores. Ê Deus, e saberá. manter a palavra dada. Êsse
augusto Chef~ não receia lançar um apêlo claro, apontar
como meta o Calvário e preceder-nos carregando o severo
estandarte da Cruz, na qual está gravada em caracteres
de sangue a palavra: «Renúncia».

Os bem-aventurados do mundo
Do abismo infernal sobe Satã, o inimigo declarado de
Deus. Lança na imensa planície impressionada pelo pro-
clama de Jesus, um estandarte fascinante, no qual cintila
um convite maligno: «Prazer». Vamos conhecer as máxi-
mas que correm por essa turba delirante chamada mundo,
que vem a ser o conjunto dos pecadores e de tudo aquilo
que leva ao pecado.
1.9 - A riqueza é a maior felicidade; a pobreza o
maior mal.
2.' - Se queres ganhar, todos os meios são lícitos.

-180 -
3. Q - ln preciso gozar a vida: vive-se uma só vez!
4. Q - ln preciso saber viver: cada qual se arranja
como pode!
5.' - Contanto que eu passe bem, 05 outros qu~ se
amolem
6. Q - Faço o que bem quero e o que me agrada!
V - Você me pagará!
8. Q Não se pode pretender o impossivel!
-

Com essas máximas, opostas às bem-aventuranças


evangélicas, o mundo promete a alegria que satisfaz às
três concupiscências humanas: a luxúria (concupiscência
da carne), as riquezas (concupiscência dos olhos), as
honras (a soberba da vida).
Promessas de mentiroso, que tudo promete e nada
possui, porque não possui as chaves da verdadeira felici-
dade que não encontra
nas riquezas: quem as acumula não sabe para quem
as guarda: elas compram bens materiais, mas não pagam
a tranquilidade do coração;
nas honras: não passam elas de um vento que muda
constantemente de direção;
nos ,prazeres: têm êles a triste propriedade de excitar
e aumentar o apetite e a sêde, mas não a saciam e deixam
a alma e corpo aviltados e cansados.
Eis o que dá b mundo! Como Jesus advertiu, o mun-
, do oferece um escorpião em vez de um ovo, uma serpente
e1Xl vez de um peixe, uma pedra em vez de um pão. A
agulha imantada tende sempre para o norte e oscila irri-
quieta enquanto não retoma a posição natural. Assim o
coração sedento de felicidade tende sempre para Deus,
bem infinito.

-181-
«ó Senhor, para vós fizeste, e nosso coração per-
manece,rá inquieto, enquanto não repousar em vós!»
(Santo Agostinho).
«Par~ qualquer parte que se volte a alma, se não fôr
para vós ela se prenderá à fonte da dor» (Santo Agos-
tinho).
O pecador escolhe dois infernos: o da perturbação
presente e odo fogo eterno na vida futura.
O jovem cristão não se presta ao jogo, cruel de Sa-
tanás e segue' com entusiasmo a Jesus crucificado porque
«o sofrer passa, o ter sofrido não passará» (Cura d'Ars).
«Breve é o sofrimento, e eterna a alegria!» (São
Paulo).

PARA RESPONDER

Que está escrita no estandarte de Jesus? - e no de Sata-


nás? - Que é que o Catecismo entende por mundo? - Com-
pare com as máximas das bem-aventuranças as mãximas do
mundo. - A felicidade encontra-se nas riquezas? - nas hon-
ras? nos prazeres? - Como pode o coração encontrar sua
plena felicidade? - Por que o jovem cristão segue COm entu-
, siasmo a Jesus Crucificado?

-182 -
PERGUNTAS E RESPOSTAS
do
Segundo Catecismo da Doutrina Cri.stã
distribuidas de acôrdo com as respectivas lições do texto

Lição I
1. Quantos são os mandamentos da lei de Deus?
Os mandamentos da lei de Deus são dez:
1. 9 Amar a Deus sôbre tôdas as coisas;
2. 9 Não tomar seu santo nome em vão;
3.9 Guardar os domingos e festas;
4. 9 Honrar pai e mãe;
5. 9 Não matar;
6. 9 Não pecar contra a castidade;
7. Não furtar
Q

8. 9 Não levantar falso testemunho;


9. Não desejar a mulheT do próximo;
Q

10.Q Não cobiçar as coisas alheias.


2. Quem deu êstes mandamentos?
Ueu êstes mandamentos o próprio Deus na lei
antiga, gravados em duas tábuas de pedras, e- Jesus
Cristo os confirmou na nova lei.

Lição II
1. Podemos. nós observar êstes mandamentos?
Sim; podemos observar êstes mandamentos com
a graça de Deus.

..- 183 .......


< 2. Somos obrigados a observar os· mandamentos da lei
de Deus?
Sim; somos obrigados a observar os mandamen-
tos da lei de Deu.s, e basta pecar gravemente contra
um só dêles para merecermos o inferno.
3. Que contém êstes mandamentos?
:mstes mandamentos contém nossas principais
obrigações para com Deus e para com o próximo,.
4. Qual é a nossa principal obrig~ão para com Deus?
Nossa principal obrigação para com Dues é amá:
10 de todo o coração e sôb.re tôdas as coisas. .
5. Qual é a nossa principal obrig~ão para com o pró-
ximo?
Nossa principal obrigação para com o próximo
é amá-lo como a nós: mesmo, por amor de Deus.
6. Que ordena Deus em geral nos seus mandamentos?
Deus, nos seus mandamentos, nos ordena que
façamos o bem e evitemos o mal; e por isso cada
, mandamento contém um preceito e uma proi-

\ blçao. Lição m

1. Que nos ordena o primeiro mandamento: Amar a


Deus sôbre tôdas as 'Coisas?
O primeiro mandamento nos ord.ena adorar, :amar
e servir a Deus como nosso único e soberano Senhor.
2. Que nos proibe o primeiro mandamento?
O primeiro mandamento nos proibe a idolatria, a
superstição, o sacrilégio e qualquer pecado contra a
religião.
3. Que é idolatria?
A idolatria, proibida no primeiro mandamento, é
prestar à criatura o culto de adoração,«devido somen-
te a Deus.

-184 -
Que é a superstição, proibida no primeiro mandar
mento?
A superstição, proibida no primeiro mandamento,
é tôda e qualquer prática ou devoção contrária à dou-
trinae uso da Igreja, como sejam as cenas de adivi-
nhação, 0-8 amuletos, etc .
.Que outras coisas proibe o primeiro mandamento?
O primeiro mandamento proibe ainda todo e
qualquer trato com o demónio e a agregação a seitas
anticristãs ou sociedades secretas.
6. Quem, então, reCO!l'rer ao demônio, comete um pecado
grave?
Sim; quem recorrer ao demónio ou invocá-lo,
comete um pecado gravíssimo, porque o demónio é o
maior inimigo de Deus e do homem.
1h licito consultar as aImas dos mortos por meio de
mesas e outras práticas?
Absolutamente não; não é licito de modo a!~um
consultar as almas dos mortos por meio de mesas e'
outras práticaS' do espiritismo, porque j;ód,a~ ~~lL\
práticas são rigorosamente proibidas pela IgíJ!ej,j'

Lição IV
1. Que é sacrilégio?
Sacrilégio é a profanação de uma pessoa, de um,
lugar ou de um objeto consagrado a Deus e destina-
do ao culto.
,Lição V
1> Não podemos, então, prestar culto aos anjos e aos
santos?
Sim; podemos prestar culto de veneração aos
anjos e 810S santos, porque são amigos de Deus e
j.11oSS0S intercessores junto dêle.

--:" 185 -
'j
Lição VI

AI 1. Podemos também honrar as sagradas imagens e as


relíquias dos santos?
, Sim; podemos também prestar culto às sagradas
imagens e às reliquias dos santos, porque o culto,
que lhes atribuímos se refere aos mesmos santos.

Lição VII
__( 1. Que nos proibeo segundo mandamento: Não tomar -
seu santo nome em vão?
O segundo mandamento nos proibe:
1. Pronunciar o nome de Deus com irreve-
Q

rência;
2. Q Fazer juramentos falsos, vãos, ou de qual-
quer modo ilícitos;
3. Blasfemar contra Deus, contra a Santissima
9

virgem e contra os santos.

Lição vm
'~

-+-1. Que nos manda .o segundo' mandamento?


O segundo mandamento nos manda honrar o
santo nome de Deus, cumprir os votos e os jura-
mento~.

Lição IX
'b...f-1. Que nos manda o terceiro mandamento: Guardar os
domingi)s e festas?
O terceiro mandamento nos manda honrar a
Deus com obras de piedade cristã, nos domingos e
dias santos.
2. Qual é a obra de piedade cristã obrigatória, nos do-
mingi)S e dias santos?

-186 ~ .! L,
A obra de piedade cristã obrigatória nos domin-
gos e dias santos, é a assistência devota à Santa
Missa.

Li~ão X
.r
1':, Que nos proibe o terceiro mandamento?
O terceiro mandamento nos proibe as obras ser-
vis e qualquer trabalho que impeça o culto de Deus
.I
3 i :É permitida alguma obra servil aos domingos e dias
santos?
As obras servis são permitidas aos domingos e .
dias santos, quando são necessárias para a sustenta-
ção da vida e quando se fazem por motivo grave, com
licença do próprio pároco, se fôr passiveI.

Lição XI

Que nos manda o quarto· mandamento?


O quarto mandamento nos manda respeitar paJe
mãe, obedecer-lhe em tudo que não fôr pecado, e
socorrê-Ios em suas necessidades espirituais e tem-
porais.
~. Que nos manda o quarto mandamento?
O quarto mandamento nos proibe ofender nossos
pais com palavras e obras e de qualquer outro modo,
3. Que mais nos prescreve o quarto mandamento?
O quarto mandamento nos prescreve também o
'respeito e obediência a todos os nossos superiores,
eclesiásticos e civis.
4. Devemos então respeitare obedecer a tôdas as leis,
imposta.s pela autoridade civil?

-187 -
.,:j( ..••.
tespeitail"obédecer a tôdas as
autoridade civil, contanto que não
1J:).Ii<:LI:i··UC"J.GI.

de Deus.
~mrlgl~(j.es· nos impõe o quarto manda-
sociedade civil?
Oquárto mandamento impõe-nos a obrigação de,
na medida de nossas fôrças, promovermos a prosperi-
dadeeobem da sociedade civil, onde nascemos, que
é a nó~a. pátria. '
6. De que modo concorremos para a prosperidade de
nossa pátria?
Concorremos eficazmente para a prosperidade
da nossa pátria, se procurarmos que ela seja gover-
nada por cidadãos idôneos, respeitadores da religião
e da moral.
7. Que havemos de fazer para que nossa pátria seja
bem governada por cidadãos idôneos, respeitadores
da religião?
Para que nossa pátria seja governada por cida-
;dãos idôrieos, respeitadoresl da religião e da moral,
<ievemos exercer o direito do voto, segundo os estri-
tos ditames da consciência.
8. Quais são os ditames da cons~iência com relação ao
direito do voto?
Os ditames da reta consciência com relação ao
direito do voto são que ela não nos permite concorrer
com o voto para a eleição de homens sem capaci-
dade, sem religião, sem moral, filiados a seitas ini-
migas da Igreja. ~

1.
~
Que nos proibe o quinto mandamento: Não matar?
O quinto mandamento nos proibe matar e de
qualquer modo ofender o próximo.

-188 -
2. :tste mandamento proibe também o suicídio!
Sim; o quinto mandamento nos proibe certamen-
te o suicidio, porque o homem não é senhor de sua
vida, como não o é da vida do próximo.
S. Que pecado comete o sui'Cida?
O suicida comete um gravissimo crime contra
Deus, contra a sociedade.e contra si próprio; por isso
a Igreja nega ao suicida a sepultura eclesiástica.
4. O quinto mandamento proibe também o duelo?
Sim; o quinto mandamento proibe também o
duelo, porque o duelo participa da malícia do suici-
dio e do homicidio.
,5. Com que pena a Igreja pune os que se batem em
duelo?
Os que se batem em duelo, as testemunhas e os
espectadores, todos incorrem em excomunhão.
6. Que nos manda o quinto mandamento?
O quinto mandamento nos manda perda~~.s
nossos inimigos e querer bem a todos.

1.
tra a castidade?
a
Que nos proíbe o se n amento: Não pecar con-

O sexto mandamento nos proibe qualquer ato,


vista, palavra ou pensamento contra a castidade.
2. Que nos manda o sexto mandamento?
O sexto mandamento nos manda ser puros em
pensamentos, palavras e obras, e até na vista, e em
todo nosso porte.
S. Que nos proibe o nono mandamente: Não desejar a
mulher do próximo?

-18' -
o nono mandamento nos proíbe os maus desejos
e todos os pecados: inteTnos contra a virtude da
pureza.
4. Que nos manda o nono mandamento?
O nono mandamento nos manda ser castos e
puros mesmo inter~m~ ..

~
1. Que nos manda o sétimo mandamento?
O .sétimo mandamento nos manda pagar as dí-
vidas e restituir o alheio, quer furtado, quer achado,
e pagar o justo salário aos operários.
2. Que nos .proíbe o sétimo mandamento: Não furtar?
O Elétimo mandamento nos proíbe tirar e reter
injustamente o alheio; e de qualquer modo causar
dano ao próximo nos seus bens, como: por usura,
dolo, fraude, etc.
3. Que nos proibe o décimo mandamento: Não cobiçar
as coisas alheias?
O décimo mandamento nos proíbe o desejo des-
regrado de possuir as coisas alheias, e a intenção de
adquirí-Ias por meios ilícitos.
4. Que nos manda o décimo mandamento?
O décimo mandamento nos manda ter o coração
desprendido dos seus bens terrenos e que nos conser-
vemos resignados na condição em que Deus nos
colocou.

1. Que nos proibe o oitavo mandamento: Não levantar


falso testemunho?
O oitavo mandamento nos proíbe dar testemunho
falso em juizo; proíbe mais a detração, a calúnia, a

-190 -
adulação, o JUIZO e a: suspeita temerária e qualquer
espécie de mentira.
2. Que nos manda o oitavo mandamento?
O oitavo mandamento nos manda dizer, em tem-
po e lugar, a verdade; interpretar bem, quanto pu-
dermos, os atos do nosso próximo.
(-I:;~ .
1. Que outros m~vemos observar, além
dos mandamentos de Deus?
Além dos mandamentos de Deus, devemos obser-
var os mandamentos da Igreja.
2. Quem deu à Igreja o poder de fazer mandamentos?
Quem deu à Igreja o poder de fazer mandamen-
tos foi Jesus Cristo.
S. Somos obrigados a obedecer à Igreja?
Sim; somos obrigados a obedecer à Igreja, por-
que Jesus Cristo no-lo ordena.
4. Em que idade começa a obrigação de observar os
mandamentos da Igreja?
A obrigação de observar os mandamentos da
Igreja começa geralmente desde o uso da razão.
5. Quanto~ são os mandamentos da Igreja?
Os principais e mais comuns mandamentos da
Igreja são cinco:
1. Ouvir Missa inteira nos domingos e festas
Q

de guarda;
2. Q Confessar-se ao menos uma vez cada ano;
3. Q Comungar ao menos uma vez pela Páscoa
da Ressurreição;
4. 9 Jejuar e abster-se de carne quando manda
a Santa Madre Igreja;
5. Pagar dízimos segundo o costume.
Q

-191-
~/ 1.
~
Que nos manda'o primeiro mandamento da' Igreja:
Ouvir Missa inteira nos domingos' e festas de guarda?
O p.rimeir'O mandament'O da Igreja manda-n'Os
'Ouvir Missac'Om atençã'O d'O c'Omeç'O até o fim, t'Odos
, os doming'Os e festas' de preceito.
Que nos manda o segundo mandamento da Igreja:
Confessar-se ao menos uma vez cada ano?
O segundo mandamento da Igreja 'Obriga a tod'Os
'Os cristã'Os, , que tiverem uso da, razão, a se confessa-
rem a'O menos uma vez cada ano.
3. Qual é o tempo' mais oportuno para cumprir o pre-
ceito anual da confissão ?
O temp'O mais 'Oportuno para cumprir o preceito
anual da confissã'O é a Quaresma.
4. Que DOS manda <O terceiro mandamento da Igreja:
Comungar ao menos pela Fascoa da Ressurreição?
O terceir'O mandament'O da Igreja, 'Obriga a to-
d'Os, que atingiram a idade da discriçã'O, a fazer a
"c'Omunhão cada ano n'O tempo pascal.
'" I 5. Por que diz a Igreja que nos cofessemos AO MENOS
uma vez cada ano e comunguemos AO MENOS pela
Páscoa da Ressurreição?
A Igreja diz: a'O men'Os, para hos dar a conhecer
que ela deseja que nos confessemos e comunguem'Os
freqüentemente;
6. ~ Coisa útil, então, comungar fr.eqüentemente?
Sim; a comunhã'O freqüente e até cotidiana é
prática utilíssima e até muit'O recomendada pela
Igreja.
l7. Que se entende por tempo pascal?
P'Or temp'O pascal se entende aqui o tempo que
vai de D'Omingo 'de Ramos até à oitava da Pásc'Oa.

-192 -

, {
Em que t~mpo do alto podêIDoS satisfaz~r no Bl'àsil a
obrig~ão da comunhão pascal?
Podemos satisfazer no Brasil a obrigação da co-
munhão pascal a começar da dominga da Septua~
gésima até à festa de Nossa Senhora do Carmo, la
de julho.

Lição XIX

Quem está obrigado a jejuar?


Está obrigado a jejuar todo cristão, desde a
idade de vinte e um anos completos até à idade de
sessenta anos.
2. Em que cO!lsiste o jejum?
O jejum ~onsiste em fazer uma só refeição ao
dia.
3. Nos dias de jejum IK'nnite a Igreja alguma . outra
refeição?
Sim; nos dias de jejum permite a Igreja outra
,refeição, isto é, a consoada, que em geral não deve
ir além de 250 gramas e na qual nunca é permitido
comer carne.
4. A que horas poderá ser feita a consoada?
A consoada poderá ser feita à tardinha ou. à
noite, ,quando o jantar fôr pelo meio-dia; ou então
pelo meio-dia, ou pouco antes, quando o jantar fôr
à tardinha ou à noite.
Pe1'\D1iite a Igreja mais algum alimento nos dias de
jejum?
Sim; por condescendência permite a Igreja, nos
dias de jejum, que na hora do café se possa tomar
chá, ·café e até chocolate com pão. contanto que não
passe de 60 gramas.

-193 -
6. Quais são os alimentos proibidos nos dias de jejum "!
N ns dias de' jejum proíbe'-se a carne, na consoa-
da, e tôda a sorte de alimentos sólidos, fora das re-
I feições'.
"l.7. Como se observa o quinto mandamento da Igreja:
Pagar dízimos segundo o costume?
Observa-se o quinto mandamento da Igreja, con-
tribuindo com o necessário para o sustento do culto
e dos ministros da religião, na fnrma costumada;' ou
como determina a Igreja.

Lição XXI
Que é a virtude?
Virtude é o hábito que nos facilitará o conheci-
tl'lento e a prática do bem.
Qu.ais .são as virtudes prin~ipais?
As virtudes principais são sete: três teologais e
qt(atro cardeais.
3. .~uais~o as virtudes teologais?
'~svirtudes teologais são: a fé, a esperança e a
caridade.
4. Por que se chamam virtudes teologais a fé, a espe-
ra119a e a caridade?
A .fé, a esperança e a caridade se chamam vir-
•i.;itp.des teologais porque se referem diretamente a
. 'Deus. .
Quando é que Deus nos infunde na alma as virtudes
teologais?
Deus nos infunde na alma as virtudes teologais
quando nos dá sua graça santificante: por isso no
santo Batismo as recebemos e com elas os dons do
Espírito Santo.

- 194 --:"
1. Que é a fé?
A fé é uma virtude sobrenatural infusa, pela
qual cremos firmemente tôdas as verdades reveladas
por Deus e propostas pela Igreja.
2. Como chegamos a conhecer as verdades reveladas
por Deus?
Chegamos a conhecer as verdades reveladas por
Deus por meio de sua Igreja infalível; isto é, por meio
do Papa, sucessor de S. Pedro, e dos Bispos unidos
ao Papa.
3. Estamos certos do que nos ensina a Santa Igreja?
Sim; estamos certíssimos do que nos ensina a
Santa Igreja, porque Jesus Cristo empenhou a sua;.
palavra que a Igreja não se enganaria nunca.
~, 4.~ Com que pecado se perde a fé?
A fé se perde negando ou duvidando voluTI,tària-
mente até de um só dos artigos que devemQ.~,crer
- ,. .'.
'. )
..
.~

5. Como se readquire a fé perdida?


A fé perdida se readquire pelo arrependimento,'
crendo de nôvo tudo o que crê a Igreja.

Li~ão @
1. . Onde se encontram as verdades· reveladas por Deus?
As verdades reveladas por Deus se encontram
na Sagrada Escritura e na tradição. ~,
2 .'\ Que é a Sagrada Escritura?
A Sag,rada Escritura é a coleção dos livros es-
critos pelos profetas e agiógrafos, pelos apóstolos e
pelos evangelistas, por inspiração do Espírito Santo
e recebidos pela Igreja como inspirados.

-195 -
s. ~m quantas partes se divide a Sagrada Escritura t
A Sagrada Escritura se divide em duas partes:
antigo e nôvo testamento.
4. Que contém o antigo testamento?
O antigo testamento contém os livros inspira-
dos, escritos antes da vinda de Jesus Cristo.
5. Que contém o nôvo testamento?
O nôvo testamento contém os livros inspirados,
escritos depois da vinda de Jesus Cristo.
6. Que nome se dá eomumente à Sagrada Escritura?
Dá-se comumente à Sagrada Escritura o nome de
Bíblia Sagrada.
7. Que signüica a palavra Bíblia?
A palavra Bíblia 'significa a coleção dos livros
santos, o livro por excelência, o livro dos livros, o,
livro inspirado por Deus.
8. Por que se chama a Sagrada Escritura o livro por
excelência?
A Sagrada Escritura chama-se o livro por
excelência por causa da matéria de que trata e por
causa do seu autor.
-- r 9 Não poderá haver êrroO na Sagrada Escritura?
Na Sagrada Escritura não pode haver êrro:
porque, sendo tôda ela inspirada, o autor de tôdas
as suas partes é o mesmo Deus. Isto não impede
que nas traduções e cópias da mesma tenha podido
escapar algum êrro, ou dos copistas ou dos tradu-
tores. Mas nas ediçõe-s revistas e aprovadas pela
Igreja Católica não pode haver êrro no que,se refere
à fé e à moral. "
10. Ê necessário que todos os cristãos leiam a Bíblia?
Não; não é necessário que todos os cristãos
leiam a Bíblia, instruídos como costumam ser pela

-196 -
Igreja, mas é uma leitura muito útil e a todos re-
comendada.
-lH. Pode-se ler qualquer tradu9ão vulgar da Bíblia?
Não; podem-se ler somente traduções vulgares
da Bíblia que foram aprovadas pela Igreja como
autênticas, acompanhadas de notas explicativas,
também aprovadas pela mesma Igreja.
12. Por que ,proíbe a Igreja os bíblias protestantes?
A Igreja proíbe as bíblias protestantes, porque
ou são alteradas, ou contém êrros, ou finalmente,
porque não têm a sua aprovação, nem as notas ex-
plicativas aprovadas por ela. Por isso a Igreja tam-
bém proíbe as traduções da Sagrada Escritura, que
por ela foram reimpressas sem as notas explicativas
devidamente aprovadas.
13. Que é a tradi9ão?
A tradição é a palavra de Deus não escrita,
mas comunicada de viva voz por Jesus Cristo e pelos
apóstolos, e transmitida, sem alteração, de século
em século, até nós, pelo magistério infalível.

li~g
1. Que é a esperan9a?
A esperança uma virtude sobrenatural infusa,
pela qual confiamos alcançar de Deus a vida eterna
e os meios necessários para consegui-la.
, 2.
1
Por que devemos esperar de Deus o céu e os auxílios
necessários para consegui-lo?
'Devemos esperar de Deus o céu e os auxílios ne-
cessários para consegui-lo, porque Deus, por sua mi-
sericórdia, em vista dos merecimentos de Nosso Se-
nhor Jeªus Cri!3tg, os prometeu aos' que fielmente o
. - 197 --
servissem e, sendo êle fidelíssimo e onipotente, cum-
prirá sua promessa.
3. Como se perde a esperan9a?
Perde-se a esperança quando se perde a fé;
perde-se também pelo pecado de desespêro e pre-
sunção.
4. Coonose readquire a esperan9a perdida?
Readquire-se a eserariça perdida pelo arrepen-
dimento do pecado cometido e pela confiança na,
bondade divina.

1. Que é a caridade?
A caridade é uma virtude sobrenatural infusa,
pela qual amamos a Deus sôbre tôdas as coisas e ao
próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.
2. Por que devemos amar a !Deus?
Devemos amar a Deus porque êle é o sumo bem,
infinitamente bom e perfeito; porque êle no~lo ordena
e .pelos muitos benefícios que nos faz.

U~8
1. Por que devemos amar o próximo como a nós
mesmos?
Devemos amar ao próximo como a nós mesmos
porque Deus no-lo ordena e porque todos somos ir-
mão.s, filhos de Deus e feitos à sua imagem e seme-
lhança.
2. Somos obrigados a amar também os nossos. inimigos?
Sim; somos obrigados a amar também os inimi-
gos, porque êles são também nosso próximo e porque
Jesus Cristo nos faz disto um especial mandamentQ:
3. Que quer dizer amar ao próximo como a nós mesmas?
Amar ao próximo como a nós mesmos quer dizer
que devemos desejar ao próximo aquilo que a nós
mesmos desejamos.
4. Como se perde a caridade?
A caridade se perde pelo pecado mortal.
5. Como se readquire a caridade?
Readquire-se a caridade fazendo atos de amor
de Deus, arrependendo-se e confessando-se com as
devidas disposições.

Li~ão XXVIII

1. Para salvar-se basta haver recebido no Batismo as


virtudes teologais?
Aos que têm o uso da razão não basta, para se
salvarem, haverem recebido as virtudes teologais, no
Batismo; mas é necessário fazerem freqüentemente
atos dessas virtudes.
2. Quando somos obrigados a fazer atos de fé, de espe-
ran~a e de caridade?
Somos obrigados a fazer atos de fé, de esperan-
ça e caridade:
1.Q Tendo chegado ao uso da razão;
2. 9 Muitas vêzes durante a vida;
3. Q Em perigo de morte.
,3 . Quais são as boas obras, de que nos serão tomadas
contas rigorosas, no dia do juízo?
São as obras de misericórdia.
4. Quais são as .obras de misericórdia?
As obras de misericórdia são catorze: sete cor~o­
rais e sete espirituais .
.As corporais são estas:
1.~ Dar de comer a quem tem fome;
2.~ Dar de beber a quem tem sêde;
3.~ Vestir os nus; .
4. ~ Dar pousada aos peregrinos;
5.'1- Visitar os enfermos e encarcerados;
6.... Remir os cativos;
7.'1- Enterrar os mortos.

As espirituais são estas:


1." Dar bom conselho;
2.'" Ensinar os ignorantes;
3. 'I- Castigar os que erram;
4. 'I- Consolar os aflitos;
5. 'I- Perdoar os injúrias;
6." Sofre!' com paciência as fraquezas do pró-
ximo;
7.'" Rogar a Deus pelos vivos e defuntos.

Lição XXIX
.~l. Quais são as virtudes cardeais?
As virtudes cardeais são quatro: prudência-;-jus-
tiça, temperança e fortaleza.
2. Por que se chamam virtudes cardeais?
Chamam-se virtudes cardeais porque são como
o princípio e fundamento das outras virtudes.
3. Quais são os efeitos próprios das virtudes cardeais?
Os efeitos próprios das virtudes cardeais, são Q&
seguintes:
A prudência nos torna atentos e cautelosos para
.que as nossas ações se dirijam a um fim reto e as
nossas obras sejam bem feitas e agradáveis a Deus.
ª
A justiça nos move a d,~r ç~d~ um, o ql.\~ !he
pertence.

- 200-
A temperança. nos auxilia a dominar os desejos
desordenados e usar com moderação dos bens tem-·
parais.
A fortaleza nQS dá coragem e generosidade p5.ra
afrontarmos os perigos e a mesma morte, se neces-
sário fôr, pelo serviço de Deus.

lição XXX
1. Quantos são os vícios capitais?
Os vícios capitais são sete:
1.q Soberba;
2.Q Avareza;
3. 9 Luxúria;
4. 9 Ira;
5. Gula;
Q

6. 9 Inveja;
7. 9 Preguiça.
2. Por que se chamam capitais êsses vícios?
ltsses vícios chamam-se capitais, porque são a
origem e a fonte de todos os pecados.

Li~ão XXXI
1. Como se vencem êsses vícios?
ltsses vícios se vencem com as virtudes que lhe
são opostas:
a soberba se vence com a humildade;
a avareza, com a liberalidade;
a luxúria, com a castidade;
a ira, com a paciência;
a gula, com a abstinência;
a inveja, com a caridade;
a preguiça, com a diligência.

-201-
Li~ãô· XXXII

1. Que são as bem-aventuran~as evangélicas?


As bem-aventuranças evangélicas são atas so-
brenaturais de determinadas virtudes, pelos quais
Jesus Cristo promete, ainda nesta vida, a bem-
aventurança fundada na alegria que nasce da es-
perança certa de obter o prêmio eterno.
2. Quantas são as bem-aventuran~as evangélicas?
Asbem-aventuranças evangélicas são oito:
1.~ Bem-aventurados os pobres de espírito,
porque dêles é o reino do céu;
2.\1 Bem-aventurados os mansos, porque êles
possuirão a terra;
3.... Bem-aventurados os que choram, porque
êles serão consolados;
4.\1 Bem-aventurados os que têm fome e sêde
. de justiça, porque êles serão fartos;
5.!). Bem-aventurados os que usam de miseri-
córdia, porque êles alcançarão misericórdia;
6.\1 Bem-aventurados os limpos de coração,
porque êles verão a Deus Nosso Senhor.
7.\1 Bem-aventurados os pacíficos, porque êles
serão chámados filhos de Deus;
8.1J. Bem-aventurados os que padecem perse-
guição por amor da justiça, porque dêles é
() reino do céu.
3. Por que nos propôs Jesus Cristo essas bem-aventu-
ran~as?
Jesus Cristo nos propôs essas bem-aventu-
ranças:
,1.<1 Para nos fazer detestar as máxim~ do
mundo;
:·.l·~··í . "
-202 -
2. Q
Para convidar-nos a amar e praticar as
máximas do evangelho.
4. Quais sã'O 'Os que 'O mundo 'Chama bem-aventurad'Os?
.' O mundo chama bem-aventurados os que pos-
suem riquezas e honras, que vivem alegremente e
que não têm ocasião de sofrer.
5. Quais sã'O os pebr~ de espírito que Jesus Cristo
chama bem-aventurad'Os?
Os pobres de espírito, segundo o Evangelho,
são os que têm o coração desapegado de riquezas;
os que fazem delas um bom uso, quando as possuem,
e se resignam inteiramente, quando são privados
delas.
6. Quais sã'O 'Os mansos que p'Ossuirãe a terra?
Os mansos, que possuirão a terra, são os que
tratam com brandura o próximo, sofrem com paciên-
cia . os seus defeitos e suportam, sem queixas nem
ressentimentos de vingança, as injúrias que dêles
recebem.
7. Quais sãe 'Os que cheram e centude se chamam bem-
aventurades?
Os que choram e contudo se chamam bem-
aventurados são os que se afligem pelos pecados
cometidos, pelos graves males e escãndalos que
vêem no mundo e pelo perigo em que se acham de
perder o céu.
8. Quais sã'O 'Os que têm feme e sêde de justi~a?
São os que desejam adiantar-se sempre mais no
exercício das boas obras e das virtudes e. na posse
da graça de Deus.
9. Quais sã'O 'Os que usam de misericórdia?
São os ·que, amando em Deus e por Deus o pró-
. ;xinlO, se compadecem de suas misérias espirituais
e corporais, e procuram aliviá·lo quanto lhes é
possível.
10 . Quais são os lim'Pos de coração?
São os que nenhum afeto têm ao pecado, pro-
curam com diligência evitá·l0 e principalmenteevi-
tam tôda espécie de impureza.
11. Quais são os pacíficos?
Os pacíficos são os que vivem em paz com o
próximo e consigo mesmos, e procuram levá-la aos
que vivem em discórdia.
12. Quais são os que padecem perseguição por amor da
justiça?
São os que suportam com paciência os motejos,
os insultos e perseguições por amor da fé ou de
qualquer outra virtude cristã.

1. Que significam as diversas recompensas que Jesus


'Cristo promete a quem .pratica essas virtudes?
As diversas recompensas prometidas por Jesus
Cristo sob diversos nomes significam a glória eterna
do paraíso.
2 . A prática dessas virtudes nos. fará conseguir somen-
te a bem-aventurança et.ema:?
Não; a prática dessas virtudes nos fará felizes
também na vida presente.
·3. Então os que praticam essas virtudes recebem já
nesta vida algumas recompensas?
Sim; recebem alguma recompensa, porque go·
zam da paz e consolação interior, o que é um princí-
pio, 1;>em que j;mperfeito, da bem-aventurança eterna.

-- 204 --.
4: . E os que sêgUem as mâxhnas dó inuudo, se poderão
dizer felizes?
Não; os que seguem as máximas do mundo não
são felizes, porque não possuem a verdadeira paz nem
a consolação interior e se acham em caminho da
condenação eterna.

- 205-

j
Guerra ao Pecado e à
Impureza!
Defender a verdadeira Re- 1 - Refutar o êrro, a falsidade
gião, mediante uma verda- e a mentira, em matéria de
deira vida cristã, baseada Religião e Moral.
em sólida instrução e pie-
dade convicta.
Enaltecer a beleza da alma 2 - Pôr em relêvo a fealdade
em estado de Graça, e aper- da alma em pecado mortal,
feiçoá-Ia pela prática das e sua aviltante miséria.
virtudes, e, em particular,
da Pureza.
Promover conversas hones- 3 - Combater as conversas imo-
tas, edificantes. rais, obscenas e provocantes.
Divulgar gravações, revistas, 4 - Destruir, quanto possível,
periódicos, folhetos católi- gravações, jornais, folhetos
cos, coletando assinaturas, e cartazes inconvenientes,
vendendo-as, emprestando- e impedir que sejam com-
os e dando-os. prados, lidos e divulgados.
Fazer propaganda dos pro- 5 - Boicotar os programas de
gramas bons de Rádio e Te- Rádio e Televisão, opostos
levisão. à Fé e aos bons costumes.
Colaborar com os espetá- 6 - Impedir, por todos os meios,
culos morais (cinema, tea- a assistência a espetáculos
tro, etc.), participando, as- imorais, e se possível, a sua
sistindo, propagando e es- real ização.
palhando seus programas.
- Favorecer os esportes de- 7 - Opor-se a todo esporte in-
centes, apropriados à idade decente, a bailes modernos
e ao sexo. imorais, e à música sensual,
meios diabólicos de perver-
são.
Trabalhar pela dignificação 8 - Formar um ambiente hóstil
dos trajes da mulher, ba- às modas impudicas e aos
luarte defensivo de sua hon- trajes indecorosos ("nunca
ra, cristianizando as modas. pode ser lindo um vestido
desonesto" ).
Formar um ambiente propí- 9 - Lutar contra o afrouxamen-
CIO às Normas de Morali- to dos costumes e as teorias
dade da Igreja Católica, mundanas, opostas à moral
colaborando com as Cam- cristã.
panhas de Moralidade.
Fazer o possível para que 10 - Pedir a Deus, por meio de
parentes, amigos e conhe- sua Mãe, a Virgem Ima-
idos vivam na Graça de culada, que reprima o do-
e CRISTO REINE mínio da serpente infer ai.

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