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QUE DIFERENÇA

Aquêle que vive em Aquêle que vive em


Estado de Graça: Pecado Mortal:
- Possui a ma ior riqueza que - Vive numa s ituação mise-
ex iste sôbre a terra: o dom - rabilíssima, porque perdeu
divino, sobrenatura l e ma - o tesouro da Graça Sant i-
ravilhoso da GRAÇA SA N- ficante; tem a a lma morta,
T IFICANTE, que nos faz sem vida sobre natu ral .
part ic ipantes da mesma vi-
da de Deus.
2 -É verdadeiro filho de Deus, 2 - Renegou a Deus e a sua
e pode, por isso, chamá- lo filiação divina; u ltra jou-O
pe lo doce nome de Pai! ignom in iosame nte.
3 - É um Templo esplendoroso 3- É um templo profanado,
do Espírito Santo. tran sformado em antro de
Sat anás .
. 4 - Possui a melhor das bele- 4 - Tem a pior das feal4ades ,
zas, que é a a lma , ador- que é a da a lm a, horroro-
nada pela presença d e Deus. same nte manchada pe lo pe-
cado morta l.
5 - É amigo e irmão do própr io 5 - Crucif icou a C ri sto, para se
Cr isto. entregar ao se u p ior ini -
m igo: o demônio.
6 - É justo e santo aos olhos de 6 - É um infe li z pecador e ini-
Deus, da Sant íss ima Vir- migo de Deus, de Nosso
gem, dos An jos e Santos. Senhor e dos Santos.
7 - Possui o dom extraord iná - 7 - Está em cont ínua guerra '
do da paz ve rdadeira. com a sua consc iê nc ia, es-
traça lhada pe lo remorso.
8 - É me mbro vivo de todOs os 8 - É membro morto, ampu-
justos e do mesmo C risto, tado, sêco.
da magnífica rea li dade do
seu Corpo Místico.
9 - Aprove ita bem a vida , ad- 9 - Está perdendo o te mpo e a
quir indo inúm eros méritos ete rn idade , porqu e nada da-
para a fe liz ete rnidade. q uil o que ê le faz te m va lor
para o Céu.
10 - Tem d ire ito, como legítimo 10 - M e rece um castigo eterno,
herdeiro que é , a uma res- onde o corpo e a a lma hão
surreição g loriosa, em cor- de sofr e r para sempre.
po e a lma, na Pátria et erna
do Céu!
~

LUZ DO CEU
Curso de ReUgião p(Jjra o Ginásio

2. 9 tômo

o CREDO

oitava edição

Livraria Bditôra Salesiana


J
NIHIL OBSTAT
Bartolomeu Almeida, S. D. B.
Censor
S. Paulo, 20 maio de 1954

IMPRIMATUR
t Pat~lo, J;lispo Auxiliar
S. Paulo, 25 maio de 1954

. ,I.
E ;ós, 1nilhares de jovens, que êste
vosso Pai desejar'ia abraçar a todos
e a cada um em particular; vós,
esperança segura ,da Igreja eda
Pátr'la, almas candidas que fiinaa
irradiais, cristalina, e pttra, a lUfJ
suave da inocência, buscaian-·
slosos a Doutrina Oristã, con-
servai carinhosa-
mente o'

rltais olvideis esta doutrina que um


circunsU)nC'Ía remota, que hoje não podeis sequer ",.."."","',
- será vossa tábua de salvação ,nas procelas da
Quer o Papa que no Oatecismo aprendais a colocar,
Deus no centro de vossa 'b'ida, a conhecer e amar
Jesus Oristo, a v'iver na sua graça, e na fiel observanoi~'"
dos Manaarnentos, a ser bons, obedientes, estudiosos é,f
,acima de tudo piedosos.
PIO XII'"

(Da mensagem radiofónica dirigida ao


Catequético de Bal'celona, 7 de abril
\. I
íNDICE

EXISTÊNCIA, UNID4DE E, 'TRINDADE DE DEUS


PÁG.
LIÇÃO 1.' - Deus existe ......................•................. 7
LIÇÃO 2.' - Deus é o Ser perfeitíssimo .... : ..: .................... . 12
- LEITURA: O culto divino' .. ; '.. ' .. ~ ...............•.. 16
LIÇÃO 3.- - Os mistérios principais ........... : ................. . 18
LIÇÃO 4.' -:- O Sinal do Cristão ............. ~ ....... '............ . 22
LIÇÃO 5.- - Deus Uno e Trino ....•........ : .. : ............. :... 26
LIÇÃO 6.' - Três Pessoas distintas .. : ................... :.......... 31
LIÇÃO 7.' - Três Pessoas igria~s .................................. 35

DEUS CRIADOR

LIÇÃO 8. - -Deus criou do nada ....... :.............................. 38


LIÇÃO 9.' - As criaturas mais perfeitas ............................. 43
LIÇÃO 10.' --' A imagem de Deus .............. :................... 49
LIÇÃO 11.' - A obra-prima visível de Deus ........................ 55
LIÇÃÓ 12.' - Uma obra-prima estragada ....... :.................... 61"
- LEITURA: O Advento ....•..........•.............. 67
LIÇÃO 13.' - Herança do pecado ..•.......... ~ . . . . . . . . . . . • . . • . . . . . . 68

~ INCARNAÇÃO DO FILHO DE DEUS

LIÇÃO 14.- - Deus se fêz homem .........• '.' ..... '.' ..••.• .•...... .. . 73
- LEITURA: Natal .....•................. o. o. o • • • • •' .

LIÇÃO 15.- - A. lVIãe de Deus . o. " ••• , • • • • • • o. • • • • • • • • , •• o • • • • • • • •

- LEITURA: Devoção a Nossa Senhora ...•. o • • • • • • • • 86


LIÇÃO 16.- - Duas naturezas e uma única Pessoa .•... ,............ 87
- LEITURA: O Tempo da Qual'esma .................• '91
LIÇÃO 17.- - Jesus é Deus ....... ,. o •••••••••••••••••• o o •••• o •••••

- LEITURA: A Semana Santa


i

I -5-
I
'. I ~ :

PÁG.
LIÇÃO 18.;' - O sepulcro glorioso ...............................••. 99
- LEITURA: A Solenidade da Páscoa ................ 105
,LIÇÃO 19.- - O Espírito Santo ...•......•.......•....•....•..••.•. 107
- LEITURA: Pentecostes ...........•................. 113
LIÇÃO 20.- - Jesus Cristo vive na Igreja......................... .114

A IGREJA E O SUMO PONTíFICE

LIÇÃO 21.- - A Igreja Romana .................................. . 119


- LEITURA:' Festa da SS. Trindade ................. . 124
_",. LIÇÃO 22.' - As notas da Igreja Romana ........................•. 125
- LEITURA: Corpo de Deus ... , .................... . 129
LIÇÃO '23,' - Mestra infalível da Verdade ......................... . 130
- LEITURA: O S. Coração de Jesus ...........•...... 137
LIÇÃO 24.' - Os verdadeiros cristãos são Santos .................... 138
- LEl'rURA: Por que as Festas dos Santos (I)? ...... '143
LIÇÃO 25.' - A união dos Santos ..................................' 144
- LEITURA : Por que as Festas dos Santos (II)? '... " . 149
LIÇÃO 26.' - Infiéis e Judeus - Hereges - Excomungados ...... '. . 151

REMISSÃO DOS PECADOS

! LIÇÃO 27.- - Culpa e perdão ........................•............. 155


LIÇÃO 28.' - Pecado venial ........................................ 160
LIÇÃO 29.' - Pecado mortal .......... '............ '.... '. . . . . . . . . . . . . 165
LIÇÃO 30.' - Os pecados mais graves e funestos ......•..........•.. 169
LIÇÃO 31.- - Readquirir a gl'aça ..........•.......... '. . . . . . . . . . . • . 174

OS NOVíSSIMOS

LIÇÃO 32.' - No fim desta vida ................................. . 179


LIÇÃO 33.' - Purgatório e Lhúbo ................................ . 183
- LEITURA: Comemoração de todos os' fiéis defuntos .. 187
" LIÇÃO 34.' - Céu e inferno ...................................... . 188
LIÇÃO 35.' - No fim do mundo ................................. . 193 "
Lição I

DEUS EXISTE
EXISTÊNCIA" UNIDADE :E TRINDADE DE DEUS,

Percorrendo atentamente sua ilhota deserta, Robinson Crusoe descobriu, os


sinais de um pé humano. E uma conclusão espontânea acudiu-lhe à mente:
havia certamente um outro n; ilha, embora escondido. Era preciso encontrá-lo. ,
E o encontrou.

Também o mundo apresenta as pegadas, os sinais de


um Ser invisível: Deus. Nós' não O vemos diretamente;
mas observando-lhe as pegadas temos certeza de sua eXIS-
tência. ,

Um turista perguntou a um beduíno 'do deserto: "Ool1tO te dás conta da


existt!lncia de Deus?" E o beduíno respondeu_: "Como?. . Do mesmo modo·
que pelos sinais deixados na areia sei que por ela passou o leão I"

Primeiro vestígio: A existência das coisas.


Alguns estudantes espanhóis perguntaram a Balmes, filósofo do século
passado, qual era, para êle a prova convincente de que Deus existe. O filósofo
respondeu: "E1t trago no bolso a prova de q1te Dmts existe"; e tirou do bolso
o relógio. '

Queria dizer: Assim como o mecanismo do relógio não


se. fêz por si mesmo, assim qualquer sêr da natureza, sempre
tão bem organizado, não pode ter sido feito por si mesmo.

-7-
Port~nto: ao vermos que existem tantas coisas no mu~. '
do que não foram feitas pelo homem, pensamos em Alguém' "-
que as fêz existir, po~que elas não se poderiam fazer por si
mesmas.
Se alguém nos vem dizer que o mundo existe, mas não
. existe quem o tenha construído, estamos diante de um dis-
parate, de uma falta de bom-senso. '
Tinha razão Daví quando escrevia: "O estulto diz e re~
, pete asi mesmo: Deus ... não .existe! (Salmo 13, 1).
Infeliz! É como um cego: 'llão vê as pegadas de Deus
no mundo.,

Segundo' vestígio: A ordem maravilhosa da criação,

Quantas vêzes pela vontade de brincar, você saiu pu"'


lando de sua mesa de estudo, deixando sôbre ela uma ver- ,
dadeira confusão de cadernos, livros, papéis e
dicionários.
No dia seguinte você achou tudo muito bem arruma-
dinho.
Essa ordem fêz-se por si mesma?
Seria ridículo pensar assim. Sem dúvida alguma, mão
delicada passou por sôbre a mesa antes que você voltasse,
deixando um sinal de sua passagem: tudo em perfeita ordem.
A mesma cousa acontece no mundo: há no mundo uma
,ordem que nós constatamos e admiramos: auroras e ocasos,
chuva e sol, primaveras enfeitadas de flôres e v~rões carrega- '
dos de frutos, tudo no tempo marcado. E não fomos nós
certamente .que organizamos isso!
A ordem' que você achou na mesa falou-lhe da mão or-
denadora p'a mamãe, talvez. A ordem que todos vemos no'
mundo, revela-nos o Supremo Ordenador que tudo dispôs
antes do aparecimento do homem. '

-8,-
, I,'C\

Terceiro vestígio: A convicção dos povos.

A história de todos os povos e os viajantes de todos os


tempos garantem-nos uma coisa: não se encontra um povo
que não Creia na existência de um Ser Supremo, sábio e. po-
deroso. Mesmo os povos· que não conhecem o verdadeiro
Deus, imaginaram um deus à sua maneira: feito talvez de
madeira, de mármore, de' metal.
Por que é que todos os povos crêem em Deus? - Porque
têm nec:essidade de Deus, seu Pai e criador. Porque o cora-
ção do homem, iluminado pela inteligência, tende natural- -
mente para tle!
Mas existem ateus, dirá alguém. Existem, sim, e não
-crêem em Deus. Isto, porém, não significa que os homens
não-têm necessidade de Deus. Acaso não existem cegos?

-9-
Existem; ninguém, todavia, pode dizer. que o homem não
t~Il1necessidade dos olhos.
Como é uma exceção e um mal ser cego, assim é uma
exceção e um mal ser ateu. Os ateus são os piores cegos!

Quarto vestígio: A voz da consciência.


Alarme a bordo!
Foi avistada colossal montanha de gêlo, interceptando a rota do transa-
tlântico. Sômente uma rápIda manobra pode impedir qlle o gigantesco navio
llie vá de encontro e se parta.
Comô' transmitir as ordens a tôda a equipagem?
Os álto-falantes distribuídos. pela embarcação resolvem o problema. A voz
do comandante difunde-se por todos os cantos: ouve-a o foguista fechado no
" fundo do . navio, o pilôto, o regulador da hélice.
As máquinas começam a trabalhar a tôda a pressão; o navio consegue
fazer um desvio de 90" à direita c.... está salvo!

Pois bem: para se fazer ouvir pelo homem, Deus fêz a


mesma coisfl; melllOr até. Para transmitir sua voz, suas or-
dens e proibições, instalou sôbre a humanidade uma imen-
sa rêde de alto-falantes. Cada homem traz consigo o alto-
-falante de Deus: a consciência. Ela estimula ou detém, apro-
va ou reprova.
Que é que deixou você aborrecido quando fê~ chorar.
sua mãe? E ao contrário, deixa feliz aq praticar uma boa
ação? - A voz da consciência! No primeiro caso ela reprova;
no segundo aprova.
A voz da consciência é a voz de Deus: não a ouvem os
que. " estragaram a instalação com sua maldade; e êsses
são os maus.
Cuidado para não estragar essa delicada instalação!

Para responder
Como se percebe que Deus; invisível, existe? - Por que existe
o relógio? - E o mundo? - A quem se deve a ordem de uma mesa

---, 10 -
ou de uma casa? E a ordem do mundo? - Encontra-se um povo
que não crê em Deus? Por que não? - A consciência é a voz
de quem?

Para recordar

Como se faz para saber que Deus existe? Vendo seus


sinais na criação.
1. Emistem as coisas, portanto exis-
te 'Quem as criou.
2. As coisas estão mara'ú"Ílhosa-
mente ordenadas, portanto exis-
te Quem as ordenou.
Existência
de Deus Sinais de Deus 3. Todos os povos sentem prof~tn­
na criação cl.amente a necessidade ele Deus,
portanto existe Quem pode sa-
tisfazer a essa necessidade uni-
versaI.
4. A voz ân conscii3ncia é a voz
ele Detts; existe, portanto, Quem
faz. ouvir essa voz.

-' 11-
Lição II

DEUS É 10 SÊR
PERFEITíSSIMO
uo;; sábio da antiguidade, Simônides, foi chamado à côrte de Hierão;. que
pediu lhe explicasse quem ·é Deus. Simônides pediu 24 horas para refletir.
No .dia seguinte pediu que lhe fôssem concedidos dois dias, depois quatro e
assim por diante. Percebendo a surprêsa do rei explicou: "Q)lanto mais refli~
to, mais difícil me parece a questão".

Quem é Deus?

Por alto, a resposta seria facílima: Deus é Aquêle que


tudo fêz! Mas se quisermos saber mais em particular como
. é ·Deus, ou, então, qual {! a sua natureza, nesse caso a per-
gunta torna-se mais difícil, e diante dela a razão experimen-
ta uma sensação de desânimo. Todavia nossa razãoi a cus-
to de muito esfôrço e raciocínio, chega a conhecer as prin-
cipais qualidades de Deus: os seus atributos. E se fôr
iluminada e guiada pela Fé, ela chega com plena segurança
a tôdas essas verdades.

Deus é o Sêr perfeitíssimo, ensina o Catecismo. Por que?

Os sêres criados por Deus são perfeitos no seu gênero:


~m t~m uma perfeição, outro tem outra. Deus que os criou,
e mu~to. mais perfeito que êles: é perfeitíssimo.· tle possui,
sem hmItes, tôdas as perfeições que distribuiu pelas criaturas.

-12 -
Antes de maIS nada: as criaturas têm um princípio:
antes, elas não existiam. Deus, ao invés, não teve princípjo
e não terá fim: sempre existiu e sempre existirá: é Eterno.

Deus tem corpo?


Ter corpo significa estar sujeito à~ doenças, ao cansaço,
à fome, ao frio. .. Deus n.ão pode ter essas imperfeições;
por isso não tem corpo, não tem matéria alguma; Deus só
tem espírito: é Puríssimo Espírito.\

Onde está Deus?


Para examinar a instrução religiosa de um menino, um Bispo lhe disse:
Preste atenção! Se você me souber dizer onde está Deus, dou-lhe uma laranja.
O rapazinho cruzou' os braços, colocou a mão no queixo, pensou e respondeu:
Pois eu lhe dou duás se o sr. me disser onde é que ftle não está!

-13 ~
Resposta ladina e sábia. O menino que seria mais tarde
o. poeta francês Chateáubriand, sabia que Deus é Imenso.
Sendo imenso, Deus nos vê e ouve em tôda a parte: não há
lugar onde tle não esteja presente!

Deus sabe Tudo?'


Considere com atenção: o engenheiro conhece, tintim
por tintim as mínimas partes de uma máquina, porque foi
êle que a construiu.
E Deus?
Foi Deus quem fêz tudo quanto existe; por conseguinte
tle conhece tôdas as coisas, e até mesmo os nossos pensa~
mentos e afetos. Diz um provérbio árabe: "Numa noite es~ "
cura, numa caverna escura, sôbre uma' pedra preta, uma
formiga preta é vista por Deus". Deus é onisciente.

;: -. Deus pode fazer tudo?


Deus pode fazer tudo o que é bom e o que tle quer
fazer: tle é Onipotente. Fazer o mal é uma imperfeição.
Por isso é-lhe impossível praticar o mal, isto é: o pecado.
Contudo; apesar de conhecer e proibir o pecado, tle quer
respeitar aliberdacfe dos homens deixando a êles a re~pon­
sabilidade das próprias ações, e essa ,é a razão por que tle
suporta os pecados que os homens cometem.
Pdroutra párte, Deus faz como um bom médico que
sabe extrair remédios eficazes, mesmo dos mais violentos ve-
nenos: Deus pode transformar a própria maldade e veneno
do pecador em arrependimento e em ocasião de virtu,de para
os bons.
Para responder
Nossa razão chega a conhecer a Deus? - A que imperfeições
a
está sujeito quem teu! corpo? - Porque Deus está em tôda parte?
- Quem pratica o mal é bom ou é mau? Deus pode praticar o mal?

-14,-
Para recordar

pela razão (resposta

a '-"'"",'a nas é dada j obscura)


pela fé (resposta se-
gllra)

Quem é perfeUíssimo sem imperfeição


Deus?
Deus
é o ser
tem tôdas as
perfeições { sem limites
eterno - Deus { sempre existiu
sempre existirá

Deus tem corpo? Não; é puríssimo espí1'ito


no Céu {
Onde está Deus?
{ na terra
em tôda a parte
Êle é ,imenso

Deus sabe { tudo sabe porque tudo fêz ;tj:le é


tudo? conhece até· nossos pensamentos { onisciente
pode fazer tudo o que
quer
Deus pode fazer Êle é
não pode fazer o mal
tudo? "Onipotente"
por que não pode que-
rer o mal

~ 15
LEITURA

o CULTO DIVINO

Liturgia é o culto público que a Igreja Católica presta a Deus


por meio dos seus legítimos ,ministros.
Para que um ato seja litúrgico, requer-se:
a) que seja exterior e social;
b) que seja regulado pela autoridade competente (Papa, Bispos)
e realizado por meio de mini~tros legítimos.
A Liturgia é, pois, a ora!;ão com que a Igreja atinge duas
grandes finalidades:
,a) prestar culto público a Deus, Criador e Senhor universal;
b)santificar e instruir os fiéis por meio dos atos litúrgicos.
Nossa liturgia não termina na terra, mas continuará no céu,
na esplendorosa visão de Deus.
O Ano eclesiástico.
Também a Igreja possui um calendârio próprio, que não coincide
com o ano solar.
O calendârio da Igreja 'come!;a nos primeiros dias de dezembro
mais ou menos. É êle gue regula o Ano Eclesiástico, ou Ano L'i-
túrgico.
O Ano litúrgico depende da festa de Pâscoa, a qual pode cair
entre as datas de 22 de mar!;o a 25 de abril. Justamente por tal
motivo é que as festas do ano litúrgico são chamadas festas móveis,
porque, com exce!;ão do Natal e das outras que dêle dependem, as
mais não têm um dia fixo. '
O Ano Litúrgico divide-se em 'dois grandes ciclos ou épocas: o
ciclo do Natal e o ciclo de' Páscoa.
a) o Oiclo do Natal compreende:
1) O Advento: tempo de prepára!;ão para o Natal, que é a
vinda do Messias, e tem a dura!;ão de quatro domingos.
2) O Natal: lembra-nos o Nascimento e os fatos principais da
infância de Jesus. Compreende o tempo que vai desde a festa do
Natal até a oitava da Epifania.

~ 16
,.e'

3) O Tempo depois da Epifania: que se estende desde a oita-


va da Epifania, até a 'Setuagésima, e pode ter a duração de duas a
seis semanas.
b) '0 Ciclo de Páscoa compreende:
1) '0 Térnpo da Setttll/gésima: são os três domingos de prepa~
ração à Quaresma.
2) A Quaresma: período de penitência, lembrando e imitando
o de Nosso Senhor Jesus Cristo; é também destinado à preparação
das festividades pascais;, êle abrange quatro domingos, e mais os
domingos da Paixão e o de Ramos.
3) A Páscoa: que nos lembra a Ressurreição do nosso divino
Salvador, sua Ascensão ao Céu, e a descida .do Espírito Santo.
4) Tempo depois de Pentecostes: no qual se relembra a obra
santificadora do Espírito 'Santo na I g r e j a . '
O ano eclesiástico se encerra com o pensamento do Juizo uni-
versal, que fechará a história e a vida da humanidade sôbre a terra.

- 17 -,-
Lição III

OS MISTÉRIOS PRINCIPAIS
Deus nos falou.

Dirigir a palavra a alguém é sinal de benevolência, é


prova de afeto. E Deus quis dar-nos esta prova de que
nos quer bem: Êle nos falou.
. E que foi que tle disse?
O que um amigo, diz a quem quer bem: confiou-nos
. os seus segredos, que são os segredos da Divindade:
"Deus nos falou antigamente em diversas ocasiões e de
muitas maneiras, e por fim nos falou pela bôca de seu Filho
Jesus" ,(S. Paulo aos Hebreus: 1, 1-2).

o que só Deus sabe.

Deus nos revelou os seus segredos; aquilo que só tle


sabe.
Pois bem, ~le que é onisciente, conhece certamente coi-
sas que jamais haveremos de compreender. Essas verdades
que Deus sabe e compreende, por causa de sua Sabedoria
Infinita, e que nós não podemos compreender, têm uni nome
especial: chamam-se mistérios.
, Jamais haveremos de compreender os mistérios com
nossa limitada inteligência, que por maior que seja, é sem-
pre muito pequena.

-18 -
Pode então surgir uma dúvida: mas se não pqsso com-
preender os mistérios, como posso convencer-me de que são
verdadeiros? Não há perigo de .estarem errados?
A observação é justa.

Mas é necessário ver quem é qtbe ajúo.rna essa8 f;oisas.


Por exemplo: um colega lhe diz que a' água, tornando-se gêlo, aumenta
de volume, cresce. Mas o colega pode enar: e. você tem motivo de duvidar.
Mas. se a mesnla coisa for ensinada pelo Professor, você pode ficar tranqüilo, '
porque o Professor sabe, e você descansa em sua autoridade. Você acredita'
no Professor.

Deus sapientíssimo fala e revela-nos coisas superiores à


nossa inteligência. Mas podem, por acaso, essas coisas estar
erradas ou ser contrárias à nossa razão? <JP
Absolutamente não! Porque De~ls? perfeitíssimo, não
pode enganar-se nem pode ou quer epgapar-nos. Se tle nos

19 -
fala é porque nos ama! Por isso estamos seguros de que os
mistérios revelados. por 1He são verdadeiros,· e cremos nêles,
baseados em sua palaha:.

o índice do livro maIS importa:t;lte.

A maior parte das verdades reveladas por Deus estão


na Bíblia, o Livro mais importante do mundo. Que é que
êsse livro contém?
Para conhecer o conteúdo de um livro· recorre-se ao
índice.
Sabe qual é Q índice da Bíblia? - O Credo! Desde
os primeiros tempos do Cristianismo acham-se resumidos
nêle os mistérios principaís da nossa fé. O Credo também se
chama Símbolo dos:Apóstolos, isto é, compêndio de verdades
ensinadas pelos Apóstolos. ftle se compõe de doze partes ou·
artigos. .
Entre os mistérios expostos no Credo destacam-se dois:
1. Unidade e Trindade de Deus. j
I
2.· Incarnação e . Redenção. (Paixão e Morte de Jesus]
C~~.
~
1
J
São os dois mais importantes e decisivos.
Com efeito,Deus,que existe nas Três Pessoas Divinas;
em misteriosa unidade, nos salva e redime fazendo-se homem
e sacrificando-se por hÓS ... tsses dois mistérios servem de base
e alicerce a todos 'os outros.

Vara responder
Por que Deus nos falou? - Deus sabe somente as coisas que ;i
nós podemos compreendei' ou outras também? - Por que a Trindade :,
e a Incarnação são os· dois mistérios principais?

-20 ~

l/ '
Para recordar

Deus nos falou


porque nos ama

para revelar-nos
seus segredos
(mistér'iOs)
~_.s i por meio dos
Profetas
por meio do seu
Filho

verdades que não conseguimos compreender


que são os { não se engana
mistérios ? cremos 'nêles porqu.e Deus [ e não nos pode
é sapientíssimo
enganar

onde estão contidos compendiados no Credo


{ . na Sagradá: Escrltura

-21-
Lição IV

o SINAL DO CRISTÃO
Estilo século XX: simpÍes e rápido
: . .
Estamos em pleno . século XX: todos gostam de coisas
rápidas ou, como tantas vêzes se diz: dinâmicas.
Os cristãos mostraram que nisso estão na vanguarda:
desde muitos séculos adotaram um modo simples e rápido"
para resumir e manifestar tôda a sua fé: o sinal da Cruz.
Com gesto sóbrio e cheio de dignidade, levando a mão
direita da fronte ao peito, do ombro esquerdo ao direito, o
Cristão traça a Cruz sôbre a qual Jesus Cristo, Filho de
Deus, morreu pela nossa salvação. Não sei se você percebeu
. uma cousa: fazendo assim, o cristão toca as partes mais nobres
de seu corpo: cérebro; coração, ombro.
Isto é belo e expressivo: no alto de 'nossos pensamentos, /

no centro dos afetos, no têrmo das fadigas acha-se Jesus Cris-


to, Salvador e Remunerador. Não o esqueça nunca!
:Êste gesto é acompanhado de palavras muito significa,;
tivás: "Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo".
São palavras de Jesus, colhidas entre as últimas que :Êle.
pronunciou antes da Ascensão: elas dizem que Deús é Uno
e Trino.

A nossa religião possui um sinal rápido para exprimir as SlU1S ycrdades


fundamentais. N esse sinal adm-se resumido e expresso. cm perfeito estilo
século XX, tudo o que ellUI .cscrito em cnormes volumes.

~ 22-
Muitas vílzes paro diante de uma das nossas mais belas igrejas para
satisfazer uma curiosidade: vei-ifico com alegria que muitas pessoas aI} passar
diante dela fazem o sinal da Cruz. Por êsse sinal eu os reconheço: são C1·istãos.
Témos ainda o "Pelo-Sinal", que ~vem a ser o conjunto de tríls cruzes
feitas, uma na testa, outra nos lábios, e a terceira no peito, acompanhadas,
das seguintes palavras: "Pelo sinal t· da Santa Cruz, livrai-nos Deus, t Nosso
Senhor, dos nossos 't inimigos. .
Dessa forma, . pedimos a Deus que santifique os nossos pensamentos, as
nossas, palavras e os nossos sentimentos e afetos.

Com muita freqüência e devoção.


Uma senhorita fôra convidada a um elegante jantar de sociedade. Ao
sentar-se à mesa, com uma compostura e elegância de causar inveja, fêz o
sinal da Cruz. /
Somente um oficial à sua frente achou o que comentar.
- Mas como?! Num banquete de gala ... o sinal da Cruz!
Para quem está com. a razão, não faltain argumentos. E a senhorita
cortêsmenre replicou:
Por obséquio: por que o sr. traz essá condecoração... justamente num
banquete de gala?

- 23
o oficial realmente óstentava uma medalha ao mérito.
- Ê meu orgulho, é o sinal do meu amor à pátria.
-Pois bem, saiba que o sinal da Cruz é minha glória, o sinal das minhas
convicções: eu sou cristã.

tste sinal das nossas convicções vence o. respeito huma.;


no, mas sobretudo vence o tentador. S. Cirilo diz: "Como o
cão foge diante da vara, assim o espírito maligno foge à vistaí
da Cruz. O demônio sabe que suas desventuras e desgraças
começaram com a Cruz de Jesus Cristo.
E quando convém fazer o Sinal da Cruz?
Não seria necessário determinar êsse "quando"; visto
que o sinal da Cruz é útil, é bom fazê-lo em qualquer oca-
sião. O Catecismo indica algumas:
I) antes e depois de qualquer ato religioso: e nisso a
Igreja nos dá o exemplo: com o sinal da Cruz principia a
Santa Missa, e a conclui com a bênção que o sacerdote dá em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; .\
2) antes e depois das refeições e do repouso: cousa aliás
muito justa, porque tudo é dom de Deus, tudo acontece com
. sua proteção e de tudo devemos dar-lhe graças:
3) nos perigos da alma e do corpo: o demônio deverá
ceder diante de quem traça sôbre si o sinal da Cruz, isto é, o
sinal de Quem, morrendo, o venceu.
Tome cuidado, porém, para que o seu sinal da Cruz
seja sempre um sinal da' Cruz e não um. " enxota-moscas!
Alguns não fazem o sinal da Cruz por vergonha, por res-
peito hpmano. O que se costuma chamar- respeito humano
é uma tolice! Respeito de quem e de quê? Talvez da sem-
vergonhice alheia?

Para r~sponder

Que partes de nosso corpo tocamos ao fazer o sinal da Cruz?


Por' que? - 'Que é que diz S. Cirilo do demônio e da Cruz? -
Como começa e como termina a S. Missa? - o "respeito humano"
faz respeitar o que?

-.24-.
Para recordar
que é ~ expressão dos dois rnistérios principais da Fé
- antes e depois de qualquer ato
de religião
quando se deve \
fazer -antes e depois das refei!;ões e
Sinal do repouso
da Cruz
- nos perigos da alma e do corpo
- fazê-lo mal.
. \
perigos
j - deixar de o fazer por respeito
humano

-.25 -
Lição V

DEUS UNO E TRINO


Um Deus só.

Deus existe. A razão no-lo atesta claramente, e a Reve-


lação no-lo confirma com certeza. Mas Deus é o ú,J-co, ou
/ existem muitos Deuses?

Á mesma razão consegue mostrar que admitir muitos Deuses é uma con-
tradição. Com efeito. Deus para ser Deus precisa ser infinito, isto é, "sem
limite nenhum em suas perfeições".· E isso é muito natural, pois se flle não
fôsse ilin:iitado em suas perfeições, seria limitado. E um sllr de perfeições li-
mitadas não poderia ser Deus.
Mas, então, se :mIe, Deus, possui tôdas as perfeições, e em grau infinito,1
exclui-se a possibilidade de existir outro sêr, que possua também tôdas as
perfeições, e em grau infinito. Portanto, não há possibilidade de existir dois
ou mais deuses. Concluindo: existe um só Deus, e não pode haver mais do ,
que um.
Eis porque com a razão (isto é: raoiooinando) chegamos a provar que
há um s6 Delt8.

Todavia, a Revelação, isto é, as declarações do próprio


Deus, nos ensinam e confirmam luminosamente que há um
só Deus., Por exemplo, na Bíblia (livro do Deuteronômio,
Càp. 32) encontramos esta magnífica afirmação feita pelo
próprio Deus: "E agora atentai bem. Eu, precisamente Eu
sou (Deus), e além de Mim não existe outro deus!"

Deus Pai e Deus Filho.


Jesus, por sua parte, não somente nos falou de Deus,
mas declarou-se, Deus êle mesmo, demonstrando-o, além
disso, com estrepitosos milagres. A palavra divina de Jesus
e seus milagres confundiram e desorientaram os hebreus de
seu tempo, que não conseguiam admitir outro Deus que não
Javé (Deus Pai). Os Apóstolos, ao contrário, tinham rece-
bido a graça de compreender que Jesus também era Deus.
, É o que vemos na afirmação de S. Pedro quando Jesus per,-
guntou aos Apóstolos: "E vós quem dizeis que eu sou?"
Pedro respondeu, francamente em nome de todos: "Tu és o
Enviado, esperado há séculos, () (Cristo) filho de Deus vivo"
(S. Mat. 16, 16).
E Jesus respondeu a Pedro que essas palavras haviam'
sido ditas por uma inspiração do Pai Celeste.
E era assim mesmo. É Deus mesmo ,que com a graça
divina da Fé nos, ilumina e abre o coração para compreen-
dermos o maravilhoso mistério de sua vida de família: O
Mistério da SS. Trindade.

- 27-
No Credo dizemos: "Eu creio em Deus.Pai Onipoten-
te". Se a nossa razão nos leva a crer na existência de um
Deus, a fé nos diz que êle é Pai. Deus é Pai, e Jesus é o seu
Filho diletíssimo.

Um Deus em três Pessoas.

Deus é um só, mas em Deus há três Pessoas iguais e


distintas, que são a SS. Trindade. "
Se é muito natural dizer que Deus é um só, o mesmo
não se dá quando dizemos que Deus éum s"ó, mas em três
pessoas. Isso nós não conseguimos explicar oU: compreender:
é um mistério.
" No Antigo Testamento, Deus não revelou claramente
êste mistério. O povo hebreu vivia no meio de povos poli-
teístas. Ouvindo falar que DeUs é Trino, podia entender
mal e fazer-se politeísta. Por isso Deus não lhes manifestou ,"
claramente essaí verdade. Somente no Novo Testamento,
Jesus Cristo nos revelou êsse mistério de um Deus em três
\ Pessoas.

Natureza e Pessoa.

Neste ponto" é preciso muito cuidado, para não criar


confuCsões e ""para distindguir o .que sde . deve distDingui~.,4
onfusao que se eve eVItar: lzer que' eus e um so
mas em três Pessoas, não quer dizer que existem três Deusés
formando um Deus só. Isso seria um disparate.
Distinção que se deve fazer: Deus é Um num sentido,
e Trino em outro. É Um em sua natureza, e Trino nas
Pessoas.
Algumas comparações.

Vamos fazer algumas comparações para mostrar que


uma coisa pode ser uma só, num sentido, e trina ou multí-
plice em outro.

- 28-
)

-. o trevo: é uma folha só, mas tem três lóbulos distin-


tos. É uma só, mas é formada de três.
- O espaço é um, e entretanto êle tem três dimensões:
comprimento, largura e altura.
- O tempo, tomado em conjunto, é um: entretanto,
êle é passado, presente e futuro. -

Vontade.

Essas comparações, comotôdas as comparações e exem-


plos que se empregam para as coisas da Fé, são falhas e não
esclarecem muito. A verdade de um Deus Uno na natureza
e Trino nas Pessoas, nos foi dada a conhecer tão somente,
pela Revelação.
Concluindo:
Deus é um só? Sim, Deus é um só, porque a natureza
~ Divina é uma só.
As Pessoas são três? Sim, as Pessoas são três.
Cada uma das três Pessoas Divinas é Deus? Sim, cada-
uma delas é Deus.
Então as três Pessoas Divinas são três deuses? Claro
que não! Mas antes de responder, escute:

Um fulano de tal muito cheio de si, achou que podia zombar do mistério
da SS. Trj,ndade, e saiu-se com esta: "Um mais um, mais um é igual a três.
É preciso ser idiota para dizer que três é igual a um". lVIas uma grande mate-
mático assim respondeu a essa tolice:' Quando o 1+1+1 se refere às três
Pessoas infinitas, o problema se expõe assim: infinito + infinito + infinito=
= infinito, porque o infinito não tem phwal!

Para responder
Por que Deus é um SÓ? (prova de razão) - Quem nos ensinou
que Deus é Pai? - Quantas 'pessoas há em Deus? - Como se
chama êsse mistério? ~ Lembra ,algum sêr que em certo sentido
é ttnO e trino?

-29 -
Para recordar

,\ - prova de razão: o infinito deve


ser único.
/
Há um só Deus - prova de fé: o ensino da Re-
velação
(palavra de Deus a Moisés)
I' - declara-se F'ilho de Deus

Deus é Pai: J ,,"ns 1 -- demonstrou com milagres


louvou a S. Pedro por havê-lo
acreditado.
- Deus é 'um; na natureza
ss. Trindade {
- Deus é trino nas pessoas
Comparações: o trevo - espaço - o tempo

- 30 ~
.Lição VI

TRÊS PESSOAS DISTINTAS


'\
Deus o revelou.

Por que cremos os mistérios? Cremos, isto é, estamos


convencidos de que não estão errados, porque foram reve-
lados por Deus.
O mistério das Três Pessoas foi revelado no batismo de '
Jesus.
Misturado às turbas que acorrem às margens do Jordão,
também Jesus se apresenta para ser batizado. E João, ce-
dendo às suas insistências, batiza-o. E eis então que o céu se
abre e o Espírito Santo, em forma de pomba paira sôbre Je-
sus, enquanto a voz de Deus-Pai proclama: Êste é o meu fi·
lho predileto, no qual coloquei tôdas as minhas complacên.
cias. Ouvi-o!
Realizou-se assim a maior manifestação da SS. Trindade.
Como remate de sua obra, Jesus antes de subir ao céu
ordenou aos Apóstolos que se espalhassem pelo mundo, para
evangelizar todos os homens e batizá-Ios em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo.
Confirmou, desta maneira, quanto acontecera no Jordão,
e tudo o que itle mesmo havia constantemente ensinado fa-
lando do seu Pai, e do Espírito Santo que prometera enviar.

-31-
Os nomes das Três Pessoas.

Refletindo sôbre os acontecimentos que cercaram o ba-


tis mo de Jesus no Jordão, notamos um fato: as Três Pessoas
Divinas manifestaram-se bem distintas uma da outra. Uma
era a Pessoa que das alturas fazia ouvir sua voz, outra a
Pessoa batizada, outra ainda a que apareceu em forma de
pomba: isto ensina que em Deus uma Pessoa não é outra,
embora sendo as três um só Deus.
Durante sua pregação, Jesus disse o nome de cada pes-
~ soa: Pai, Filho, Espírito de Verdade ou Espírito Santo.
A mesma diversidade dos nomes confirma a distinção
de uma pessoa da outra: se não fôssem Três Pessoas realmen-
te distintas, não haveria motivo para chamá-las com três no-
mes diversos.
O Pai é a primeira pessoa da SS. Trindade, o Filho é a
segunda, o Espírito Santo é a terceira.
O Pai é o Criador: tudo fêz e tudo conserva. No seu
amor, para com os homens, mandou o Filho para salvá-los.
O Filho é Redentor: itle é por assim dizer, o reflexo
vivo da bondade do Pai, e se fêz homem por nós .. Falando
de si proclamou: Eu e o Pai somos uma cousa só.
E o Espírito Santo é o Santificador: prometido por Je-
sus, foi enviado depois da Ascensão no dia de Pentecostes,
para ser o inspirador e o guia da Igreja, e infundir fôrça aos
Apóstolos.

O grande mistério.

:fi Santo Agostinho (uma das maiores inteligências do mundo!) quem


'conta. Estava êle passeando à beira-mar; mais do que contemplar· a paisagem,
tentava explicar a si mesmo como é que Deus pode ser Um na natureza e
Trino nas Pessoas.

- 32-
\ '

o tempo passava. Um espetácul0 estranho chamou a' atenção de Agos-


tinho: uma criancinha procurava com uma concha transportar a água do mar
para um buraquinho aberto na areia.
- Que brinquedo é êsse?
- Não é brinquedo: quero transportar a água do mar cá para dentro.
~ Nesse buraco? É impossível!. ..
O menino pareceu sorrir; depois, tornando-se sério, acrescentou:
- E o senhor quer fazer caber o mistério da SS. Trindade em sua cabeça?
Agostinho não soube o que responder; mas, mesmo que o quisesse, não
o poderia fazer, porque o menino desapareceu: Era um Anjo.

Nós não vamos esperar um Anjo para renovar a cena e


repetir-nos 'o ensinamento: nós não podemos achar uma ex~
plicação para êste mistério; contudo cremos nêle, e cremos
firmemente.
Se Deus falou, não há necessidade de nenhuma explica-
ção. Mesmo os maiores gênios, habituados a todos os cálculos

- 33-
e acostumados a procurar tôdas as explicações ... Galileu, .
Volta, Marconi ... creram na palavra de Deus, esperando
pelo dia em que, desfeito todo o véu, Deus se faz ver face/a
face, t~l qual tle é: Uno e Tr~no. .
Nós também esperamos êsse dia; nêsse dia, nós veremos!

Para responder
Quando se deu a maior manifestação da SS. Trindade? - Por
que as três Pessoas divinas têm três nomes diversos? - Quando
veremos a Deus como verdadeiramente 1i:le é?

Para recordar

1. Gomo nos foi' no batismo de Jesus


revelada na pregação de Jesus

Distinção o Pai é a primeira P()ssoa


das - o Criador
Três O Filho é a segunda Pessoa
Pessoas 2. Como se exprime - o Redentor
Divinas
O Espírito Santo é a ter-
ceira Pessoa o San-
tificador

- 34-
Lição VII

TRÊS PESSOAS IGUAIS


Iguais nas perfeições.

Embora distintas, as três· Pessoas Divinas são perfeita-


mente iguais entre si. Por isso, nada. temo Pai que não te-
nha também o Filho, e o Pai e o Filho nada têm que falte ao
Espírito Santo. . .
Assim, por exemplo: .. .
O Pai é Onipotente. O Filho também; também o Espí-
rito Santo.· .
O Pai é Eterno. O Filho é eternq: . Eterno é também o
Espírito Santo. . .'.
O Pai é imenso. E o Filho e o Espírito Santo? SãO imen-
sos também. .
As três P~ssoas divinas são iguais' em tudo. Porque a
sua natureza é única, igual, comum: a mesma que pertence
ao Pai, pertence também ao Filho e ao. Espírito Santo.
Não nos esqueçamos: omodo coin~isso se realiza é um
mistério para nós. . . .

Iguais nas .ações ou operações.

Sendo perfeitamente iguais, as três Pessoas da SS. Trin-


dade são também iguais nas operações, isto é: o que uma
delas faz, também as outras duàs.
Todavia, no nosso modo 'comum de falar, atribuimos
maIS p~rticularmente ao .Pai a criaç~o de:! todos os sêres: ao .

~35 -
\.
I

Filho a ordem maravilhosa do universo; ao Espírito Santo'


tôda a obra da nossa santificação.
Entretanto, a Incarnação, Paixão e Morte 'de Nosso Se-
nhor Jesus Cristo deve-se atribuir exclusivamente à Segun-
da Pessoa de SS. Trin'dade, pois foi somente o Filho, que
perman~cendo verdadeiro Deus, se fêz homem para nos
salvar. ,I '

.i i Iguais na eternidade:
Uma última observação: poderá alguém estranhar que
o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam igualmente eternos,
isto é, que tenham :sempre existido, sem que um existisse
antes que o outro. O pai não existiu antes que o Filho e o
Espírito Santo? :. .
A resposta se encorittanuma comparação de um escrÍtor
dos primeiros séculos' da Igreja, Tertuliano, natural da Afri" .
ca: "No sol podem-se distinguir três coisas: o sol, a luz, o
calor; O Sol gera a luz; o calor, por sua vez, deriva do sol
e da luz ao mesmo 'témpo. Pai bem: b sol é o Pai; a luz
emitida pelo sol é. o Filho; o calor, que deriva do sol e da
luz, é o Espírito San~o". ' Existindo um, existirão os outros
dois. Pai, Filho e Espírito Santo são igualmente eternos!
É preciso, porém, tirar da mente a idéia errada, que nos
poderia ter ocorrido vendo as representações da SS. Trin-
dade. Essas representações, feitas sob. um ponto de vista hu-
mano, apresentam:'nos o 'Pái mais velho ou mais poderoso
que o Filho e que o Espírito Santo. Nada de mais falso.
As Três Divinas Pessoas existem desde sempre, perfei-
tamente iguais e efernas, sendo um só Deus. Nós dizemos
Primeira, Segunda e Terceira Pessoa; mas isto é apenas um
auxílio para o nosSo modo de falar.

Para responder
Por que as três Pessoas da SS. Trindade são um só Deus?- .
Qual das três Pessoas da SS. Trindade é maior? - Lembra a com-
paração de Tertuliano? Que quer dizer? - As figuras e pinturas
que representam a: SS. Trindade são exatas?

- 36-
Para responder

I
porque sua natureza é única
iguais nas perfeições . { imensa
Por isso, cada Pessoa eterna
Divina é onipotente
- que são' as operações
na SS;Trindade chamam-se
"operações" o' que Deus fêz
iguais nas operações com relação ao mundo e ao
homem.· Na Incarnação, po-
rém, o fazer-se homem foi
exclusivo .da 2.~ Pessoa.
- as três Divinas Pessoas são
igualmente eternas
- O Pai' nã'o existiu antes do
iguais na eternidade Filho ou do Espírito Santo.
São igualniente eternas por-
que são 'Um só Deus.

37 -
Lição VIII

DEUS CRIOU DO NADA


Déus é criador.

A história que se costuma contar, se eXIstIU antes (}


ôvo ou a galinha, não é apenas uma brincadeira ... Vendo
um ôvo penso na galinha que o pôs. E esta galinha por sua
vez era um pequeno pintinho saído do ôvo. E êste ôvo era
de uma Qutra galinha, e assim por diante, até à primeira ga-
linha que pôs o primeiro ôvo.

Do mesmo modo, ponho-me a pensar de tôdas as coisas


da terra. Vou de uma a outra até a uma primeira, que foi
como o primeiro anel de uma corrente, que do prndpio.
I

chega até nós.


A própria terra quando não tinha nem cidades, nem
matas, nem plantas, era como uma semente em que se es-
condiam tôdas estas coisas ...
. E quem fêz a terra?

Que é que existia antes?


1)' ,

Deus! . .. Somente Deus!

Na primeira página da Bíblia, onde se narra a origem


de tôdas as coisas está escrito:

- 38
~'No princípio Deus criou o Céu· e a Terra. A terra~
porém, estava vazia e árida; e sôbre o abismo havia trevás
e o Espírito de Deus pairava sôbre as águas".
Deus está, portanto, na origem de tôdas as coisas.
Não existindo nada, Deus fêz tudo! itle criou tôdas as
coisas com uma simples palavra. Bastou sua vontade, e, a
uma ordem sua, étS coisas começaram a existir.
As coisas tôdas, saídas do nada, são a manifestação da
~ua Onipotência.
Deus manifesto~ sua onipotência de dois modos:
- do nada fêz existir a terra, o céu, as águas ...
- da matéria sem vida, tirou os sêres vivos: as plantas,
os animais, o homem.
Moisés, inspirado por Deus, narrou as fases da criação
do mundo. Ela realizou-se em 6 dias ou épocas, cuja dura-
ção nós ignoramos.

-:- 39
Maravilhas do firmamento.
"Se as estrêlas - observa o matemático Emerson - aparecessem uma só
noite cada 1.000 anos, como não haveria o homem de crel' em Deus e como'
o adoraria, transmitindo de pai a filho a lembrança das maravilhas divinas,
assim contempladas.

o mundo, é verdade, tem tal grandeza, tanta beleza é


tanta ordem, que está continuamente a proclamar a infini-
ta sabedoria, bondade e poder de Deus ... Mas quem é que
pensa nisso?

Se voando a 200 Km por hora nos dirigíssemos para o sol, mantendo essa
velocidade, havel'Íamos de alcançá-lo depois de um século! A luz, que per-
corl'e 300 mil Km por segundo, empl'ega pal'a chegar das éstrêlas mais pí'óximas
, até nós, 3 ou 4 anos, e das mais distantes dois mil e setecentos ailOs!
E essas estl'êlas, que pela enorme distância pal'ecem _fixas, movem-se com
uma precisão matemática.
Foi Deus quem tudo regulou!
Assim se explica como o natul'alista Baer, falando dos resultados de seus
estudos sôbre a natul'eza, tenha declarado: "Parecia-me ouvir uma poderosa
pregação,' eu mesmo não sabia por que, mas descobri' a cabeça e senti que:'
devia cantar ~~m hino de louvoI' a Deus!"

Maravilhas do homem.

Deus, depois de haver criado tudo isso, não fêz como o


artista humano, que se retira e deixa as coisas que fêz entre-
gues a seu destino... Deus não disse às coisas: "Arru-
mem-se!" Deus imenso permaneceu presente nas coisas cria-
das, não somente para conservá-los, mas também para guiá-
-las com a sua Providência. Assim dirige-as tôdas a seu fim.

Observemos, por exemplo, nosso pequeno mundo: o nosso COl'po.


O coração, o seu pequeno mas grande cOl'ação, no período de 24 horas
tem 100.000 pulsações e a cada uma dessas pulsações põe em circulação 100
gl'amasde sangue; num minuto 7 litros, em 24 horas 10.000.
E depois recomeça sua atividade, sem pal'ar, constante como um motor,
regular como um relógio. Mas qualquer motor pál'a, qualquer relógio deixa de
andal'; o coração não.

40 -
- \ , I","~

Quem move nosso coração?


Aquêle que o criou: Deus! E então por quem deve pu:l-
sar êste coração? Por tle, acima de tudo: Amarás ao Se-
nhor teu Deus com todo teu coração!
Você compreende agora o motivo pelo qual nos foi ·dado
êsse mandamento?
De você, como de todos os sêres, Deus tem cuidado e
providência. tle tudo conserva e dirige ao próprio fim com
sabedoria, bondade e justiça infinita.
Da Providência Jesus nos falou com grande clareza.
Eis suas palavras: Observai os passarinhos do ar. Não
semeiam não ceifam e não ajuntam nos celeiros: o vosso Pai
celeste os alimenta... Considerai os lírios do campo, não
trabalham e não fiam ... E Deus os veste assim. Ora, não
valeis vós mais do que êles? (S. Mateus.: 6, 25-34). .
Há no Céu um Pai que pensa em nós!

O grande porquê.

Lance ,um olhar ao derredor: minerais, vegetais, ani-


mais, todos estão a serviço do hOmem; foram feitos para o
homem. E o homem, para quem foi feito?
Para Deus! Eis, portanto, o grande porquê do mundo.
Por que existem as criaturas? Para mim!
E eu por que existo? Para Deus! Para conhecê-lo,
amá-lo, serví-Io nesta vida, e gozá-lo depois na outra, no Céu.

Para responder

o homem, quando produz, serve-se de alguma coisa? - Que


quer dizer "Criador"? - De que maneira Deus mostrou sua Oni-
potência? - Para quem são as criaturas da terra? - Para que fim
nós fomos criados?

- 41
Para recordar

- quer dizer que elas fo-


ram feitas por Deus.
Antes que existissem as
coisas, Deus já existia - Por isso Deus é Cria-
dor e Senhor de tudo
Deus o que existe.
Criador
As maravilhas do firmamento e do homem
( Sabedoria
Essas maravilhas falam de sua ~ Bondade
l Poder

- 42-
Lição IX

AS CRIATURAS MAIS )

PERFEITAS
A escada dos sêres.

Diz com muito acêrto um grande poeta: "As coisas


criadas são para aquêle que as considera bem, uma escada
que o cond~z ao Criador!"
Observemos os amplos degraus dessa imensa escada: ela
se nos apresenta ordenadíssima.O primeiro lanço é constituÍ-
do pelos minerais: a terra que pisamos, as pedras, ()s metais,
o ouro. No segundo lanço encontramos os vegetais: o humil-
de musgo, as variegadas flôres, a jaboticabeira generosa,· a
mangueira frondosa. Chegamos assim ao terceiro lanço, aos
animais: a formiga industriosa, o cão fiel, o cavalo domésti-
co, a fera selvagem ...
No alto da escada: o homem. 1tle resume em si o que de
melhor existe no reino da matéria e lhe acrescenta urna coi-
sa de imenso valor: a alma espiritual.

o último degrau.

A escada, à medida que se sobe, vai-se ampliando e en-


riquecendo do menos perfeito ao mais perfeito. Mas antes
de conduzir a Deus, ela tem necessidade de um outro degrau
ainda, para ser completada. Entre o homem composto de

- 43-
alma e corpo, e Deus, puríssimo espírito, situa-se muito bem
o Anjo, Espírito puro, superior ao homem e inferior a Deus.
A Fé nos garante que é mesmo assim: Deus criou tam-
bém os puros espíritos, sêres inteligentes sem corpo.
O Patriarca Jacó teve uma visão portentosa: viu em so-
nho uma escada levantada sôbre a terra, cujo cimo tocava o
Céu. Os Anjos de Deus ,subiam e desciam por ela. (Gên.:
28-12).

Dotes dos Anjos.

Sendo puros espíritos, isto é, completamente indepen-


dentes da matéria, os Anjos não têm todos os obstáculos que'
nós temos por estarmos presos ao nosso corpo. Dotados de
inteligência perspicaz e de profundo conhecimento de um
número extraordinário de coisas, são possuidores também de
poder maravilhoso. A Sagrada Escritura chama-lhes "virtu-
des", "exércitos" ... Os Anjos são agéis e velozes. São invi-
síveis; e mesmo quando tomam aparências corpóreas .para,
utilidade dos homens, permanecem puros espíritos, felizes
na contemplação de Deus. Declarou-o Rafael, o Arcanjo que
guiQU Tobias, na viagem de ida e volta. Parecia que eu ~o­
mia e bebia convosco, mas não era assim. Eu tenho um ali-
mento invisível e uma bebida que também não se pode ver.
(Tobias 12,19). .

. Uma grande batalha no Céu.

Falando, certa ocasião, dos Anjos da Guarda dos meni-


nos, Jesus disse o seguinte: "Êstes Anjos no Céu, contem-
plam sempre o rosto de meu Pai que lá se encontra!" Con-
templar sempre o rosto de Deus significa permanecer eter-
namente no estado de felicidade e graça.
Também nós, no Céu, seremos assim, santos, impecá-
veis, inabalàvelmente fixos no amor perfeito de Deus. Para

- 44-
\ .

chegar a êsse estado feliz é necessano, porém, passar por


uma prova. Para nós a prova é a vida inteira. Durante a vi-
da merecemos o Céu, combatendo o mal e esforçando-nos
por escolher, com o auxílio de Deus, somente aquilo que
é bom. i,

A prova por que passaram os Anjos foi a de mostrar a


Deus sua fidelidade e submissão. Eram perfeitamente livres
e inteligentes. Podiam escolher. Alguns dêles, com um ato
de orgulhosa rebelião, disseram: "Seremos como Deus". Ba-
via~-se ensoberbecido com os próprios dons. Chefiava-os o·
mais belo e talvez o mais dotado de todos: Lúcifer. Seu bra-
do era: "Subirei até ao trono de Deus: tornar-me-ei seme-
. lhante ao Altíssimo".
Travou-se então uma im,ensa batalha no Céu. Miguel,
outro esplêndido Arcanjo, com um grito de fidelidade, colo-
cou-se à testa das milícias celestes. "Quem como Deus?" bra-

- 45-
dou; e na sua fidelidade ao Altíssimo expulsou para o in-
ferno a Lúcifer e aos rebeldes. Os Espíritos fiéis resplande-
ceram desde êsse momento na bem-aventurança e na feli-
,cidade.
Desde êsse primeiro pecado de soberba e orgulho come-
çou o inferno. Nêle ficará, para todo o sempre, Lúcifer com
seus companheiros rebeldes e todos os que êle consegue ar-
rastar à rebelião contra Deus.

A lutá. continua ainda.

Terminou porventura a luta? Absolutamente! O demô~


nio, vencido e humilhado, quer desforrar-se de nós. Sofre a
mais raivosa inveja, ao pensar que um dia iremos para o
Céu, a fim de ocupar o lugar que êle perdeu para sempre. O
mundo é o campo onde êle executa suas façanhas. Gira
como leão a rugir procurando a quem devorar. Estejamos,
pois, em guarda e ofereçamos-lhe tôda a resistência.
Não se esqueça: Satanás tem seus' sequazes e aliados.
Mas Deus tem também seus representantes e amigos fiéis.
Trata-se de escolher e de enfileirar,·se com decisão ao lado
de Deus. E a vitória será nossa.
O demônio, diz S. Gregório Magno, é leão terrível ou
tímida formiga, conforme formos nós: formiga ou leão.

A côrte do Rei do Céu.

Os Anjos do Céu são os ministros de Deus. Formam


sua côrte de esplendor. São legiões sem número. O profeta
Daniel que os contemplou ao redor do trono de Deus, diz:
"Os seus ministros eram milhares e milhões, estavam às suas
ordens. A Isaias foi permitido ouvir-lhes o canto ininter-
rupto. É o hino de louvor à' SS. Trindade: "Santo, Santo,
Santo é o Senhor Deus dos exércitos".

- 46-
"Consoante uma tradição firmada nos mais abalisados· vultos da Teologia,
há, entre os anjos, três jerarquias. A primeira jerarquia, que contempla a Deus,
abl'ange os Serafins, os Qttet'ubins, e os Tl·onos. O papel da segunda é cuidar
da governança do mundo. Consta das Dominações, das Virtudes e das Poles-
tades. À terceira cabe executar as ordens de Deus. Ê formada pelos Pl'inci-
pados, os Arcanjos e os Anjos. Aliás, designamos a todos indistintamente
pela palavra "Anjo", porque de fato, estão, todos êIes, ao dispor de Deus".
(Holllanger)

Mas cada um de nós tem um seu Anjo da Guarda,' É'


um anjo que cuida de nós e faz em nosso favor ou em nossa
defesa o que a Divina Providência dispôs a nosso respeito.

Deveres para com os Anjos,

Os Anjos são criaturas puramente espIrItuais, muito


mais perfeitas que nós. Por se terem mantido fiéis a Deus,
são santos. Seu poder ficou demonstrado pela esmagadora
vitória sôbre Lúcifer. Devemos pois sentir para com êles o
mais profundo respeito e a maior veneração.
:particular devoção e afeto devemos alimentar para com
nosso bom ~njo da Guarda. É um puro espírito, pertence à
côrte celeste, mas não se recusa à ficar ao nosso lado.
O poeta Sílvio Pélico escreveu a letra de uma loa sacra,
tão cara ao coração de Dom Bosco, que a cantava com afeto
e ensinava a seus meninos:
Anjo Santo, guarda amado, So'u tett gUa1'da, teu amigo,
Que é qtte fazes jttnto a mint? Qltando velas, qtwndo donnes,
Anjo Santo aqui a meu lado Flntretenho-me conUgo,
P 01' qtte Detts te colocou? Vi,gilante8empl'e e8tolt.

Não se esqueça nunca de seu Anjo! Você não o vê.


Talvez nem pensa nêle. Mas saiba que você lhe causa pro-
fundo aborrecimento, tôda vez que comete um pecado.
E êle está sempre a seu lado: "Entretenho-me contigo".
Faz chegar a você as boas inspirações; como sentinela vigi-
lante o defende dos perigos do corpo e das armadilhas do l'C

- 47-

\
\ \

demônio. Invoque-o com afeto, especialmente nos perigos.


E procure assemelhar-se a êle. tle é puro. Seja puro você
também.

Para resppnder
Qual é o último degrau da escada dos sêres? - Quem é o chefe
da milícia celeste? Qual o brado lançado por li:le? - De que apari-
ções se fala nos Livros Sagrados? - Entre a variedade de Anjos
qual é a que mais nos interessa?

Para responder

quem são? ~ sêres inteligentes sem corpo


sua existência é-nos atestada pela Fé

~ualidad'" 1
inteligência
ciência
suas fôrça e poder espiritual
agilidade e velocidade
felizes na contemplação de Deus
luta contra o demônio
Os Anjos Anjos - Arcanjos - Virtudes
- Potestades - Principados -
seus ofícios
Tronos 7" Dominações - Que-
rubins - Serafins.
nossos guardas

- dirigir-lhes orações
- amá-los e seguir suas inspira-
nossos dev",es ·1 -
ções
não ofender sua presença com
o pecado, nunca.

- 48-
/

Lição X

A IMAGEM DE DEUS
Quanto vale o homem?

Um cientista americano calculou conscientemente o valor de um corpo


humano. Eis o resultado de seus cálculos: há nó homem água bastante para
lavar uma toalha, cal suficiente para caiar uma das quatro paredes de uma
pequena s.ala; ferro para fabricar cinco pregos de ferradura; grafite para uma
dúzia de lápis; fósforo para uma caixinha. Tudo num total de 98 centésimos
de dólar.
Magro balan!:o, se tudo se reduzisse a isso apenas! O hipopótamo ou'o
elefante valeria muito mais que nós! Ninguém pensa, entretanto, que um ani-
mal, por maior e mais gordo 'que seja, valha de fato mais que um homem.
Por que?
É evidente: um quadrúpede é um animal, mas não é racional. Entre
êle é nós ,há uma enorme diferen!:a: nós temos uma alma espiritual e imortal;
êle não!

Ninguém VIU a alma.

Há sem dúvida quem goste dé'equiparar-se aos animais:


proclamando, que a alma não existe. Se falasse de si, pode-o
ríamos dar-lhe crédito e deixá-lo falar! Mas como pretende
sustentar o mesmo a nosso respeito; é preciso dar-lhe uma
resposta. O grande argumento é o seguinte: a alma não se
.vê; logo não existe!

- Se a .aima existisse, dizia um Fulano, mais cedo ou mais tarde d'eve-


ríamos vê-la. Entretanto, quem jamais a viu?
- Ah, sim?! responderam-lhe. Sou justamente da sua opinião; o sr. já
viu alguma vez sua inteligência? - Não! Quer dizer que não existe, e então o
sr. não tem inteligência. Passar bem!
Foi uma boa resposta, que fechou a bôca ao sabichão .

.--,.- 49
A alma do homem não se vê: m~s é claro! . " ela é espi-
rituaH E requer-se muito pouco 'esfôrço para descobrir que
ela existe no homem.

o homem é inteligente.

Comparemos um animal e um menino. O animal não


pensa, não fala, é incapaz de estudar; o menino, ao invés,
pensa, fala e é capaz de estudar.
Há um meio muito simples para convencer-se de que o
homem tem uma alma que o animal não tem: pegue um cão
(cÍizem que o cão é tão inteligente!) e leia para êle uma
poesia de Castro Alves; por exemplo, "o livro e a Ainérica";
ou senão coloque-o diante do rádio para acompanhar uma
partida de futebol ou, (o que dá na mesma) pergunte-lhe
CJuanto é 49 X 51.
Se êle tivesse uma alma como nós, "entenderia" ao me":
nos alguma coisa de tudo isso. Mas na reaÍídade não enten-
de absolutamente nada.
Somos, pois, bem diferentes dos animais. Diferentíssi-
mos até! Temos uma alma espiritual, e por isso somos in-
teligC?ntes!

o homem é livre.
'.I

Ê manhã: o gato acorda. Espreguiça-se, lambe um pouco o pêlo edá


uma fugidinha para a cozinha. Num prato há uns restos de peixe. O gato tem
fome: o instinto o atrai e êle come.
Cláudio levantou-se também; através dos vidros do guarda-comida desco-
br·e um doce apetitoso. Está ainda em jejum: sente a água vir-lhe à bôca. O
instinto o atrai também.
Mas Cláudio pensa: hoje é sexta-feira, dia que lembra a Paixão de Jesus;
vou fazer uma pequena mortificação. Cláudio não' come o doce.

Quem o reteve? 1!'.le mesmo. Sabia que o doce era bom:


mas sentiu-se livre para decidir, não segundo o atrativo da
gula, mas de acôrdo com a sugestão da consciência.

- 50-
Não obstante os instintos ou caprichos que 'nos possam
assaltar, cad.a um de nós é livre de fazer ou não fazer uma
ação, 'e entre duas coisas diversas podemos escolher uma ou
outra livremente.
A liberdade é um dote da alma humana.

A liberdade e o mal.
Faça de conta que você esteja numa festa de casamento. Há grande
aglomeração de' convidados. Todos seriam livres de pôr-se a caminhar com
quatro patas e fazer o papel de jumento. Nenhum, porém, permite·se tal
extravagância. .
Por que?
\
Quem assim fizesse demonstraria ter um grande dom, a liberdade, mas
também daria mostras de não saber usá-la. É o que se deve dizer de quem
preguiçosamente faz mal a tarefa, quando ,poderia fazê-la bem,' ou ba~ca o
mal-educado para com os pais, quandO'. poderia ser educado e respeitoso: êle
. está abusando da liberdade.
/,

A liberdade nos é dada para resistir ao mal e evitá-lo;


não para querer fazer o mal. Quem se aproveita da liberdade
para fazer o mal, atrai sôbre si o desprêzo de Deus. Esbanja
a sua liberdade. '
A verdadeira liberdade consiste nisto: cada qual, a qual-
quer momento, pode cumprir o seu dever, não obstante qual-
quer insinuação contrária. Quem cede às instigações do
mal ou se deixa vencer por um capricho, renuncia fazer uso
da liberdade! Age como um ... animal privado de liberda-
de e dominado pelo instinto.
Deus nos fêz livres, para que pudéssemos ganhar mere-
cimentos.

A semelhança divina.

"Façamos o home:r;n à nossa imagem e semelhança":


assim se exprimiu Deus quando criou o homem. Se procura-
mos nossa semelhança com Deus, encontramo-la precisa~
mente na alma. Com efeito:

Deus é puríssimo espírito: e a alma é espírito.

Deus é eterno: e a alma não morre.

Deus é inteligência suma: e a alma entende.

Deús é amor infinito: e a alma ama intensamente.

Sem alma o hOluem em que se assemelha a Deus? Em


nada.

Mais; precisamente porque tem alma, o homem é capaz


de conhecer a Deus, Criador e Supremo Senhor, de amá-lo
e serví-Io.

- 52-
.\ .

Servir a Deus não quer dizer ser seu escravo, mas obser-
var a sua lei. Jesus disse: Quem me ama, observa a minha
lei. "Servir a Deus é reinar!"

A parte melhor.

Cristóvão Colombo, de volta de sua segunda viagem, fêz um amplo rela-


tório sôbre a extraordinária beleza e as imensas riquezas das novas terras.
"As índias (então chamava-se assim a América) são"encantadoras, ricas de me-
tais preciosos e de pérolas raras. Mas as riquezas mais esplêndidas e as pérolas
mais preciosas são as almas dos Indianos".
O grande navegador, mais que os bens materiais· do Novo Mundo visava
as almas, cujo pl'eço é inestimável. O SÔP1'O criador de Deus, infundindo-nos
a alma, transfundiu em nós a luz de seu rosto. divino.

Por isso, devemos ter o máximo cuidado 'de nossa alma,


é ela na realidade a parte melhor. Morto o corpo, ela sobre-
vive imortal. De fato, que adiantaria ganhar até o mundo
inteiro se depois se perdesse a alma? O homem nada pode
dar em troca de sua alma. Somente salvando a alma sere-
mqs eternamente felizes.

Dom Bosco, o santo dos meninos, aproximou-se um dia de um de seus


alunos. "Queres ajudar-me a fazer uma coisa?": "De boa vontade, Dom Basco;
fale". E o Santo: "Ajuda-me a salvar tua alma".

Deus, nosso bom Pai celeste, a cada momento inclina-s~


sôbre nós e nos pede que o ajudemos a salvar nossa alma:
essa alma que lhe é tão querida, e que por tle foi criada à
sua imagem e semelhança.

Para responder

Que é que torna o homem diferente dos animais? - Em que


consiste a verdadeira liberdade? - De que modo a alma -é feita à'
semelhança de Deus? - Que significa "servir a Deus?"

- 53-
\ . Para recordar
•• 1

- não se vê, mas


p,ovas <la exIstência da alma 1- descobre-se no ho-
mem porque êle é
inteligente fi livre

. A imagem - é espírito
,de Deus - não morre
- entende
suas qualidades
- ama
seu valor
- preço inestimável
. - salvando-a seremos eter-
namente felizes.

;; .

. \

-54-
\ I
Lição XI

A OBRA-PRIMA VISíVEL
DE DEUS
o prImeIrO homem.

Apenas construída uma casa, não se deixa que ela fique


,vazia, mas é ocupada por inquilinos, ou pelo dono da mesma.
Também o mundo, esta casa magnífica cuidadosamen-
te construída nos dias da criação, segundo o plano de Deus,
, i
não devia ficar desabitada. A Sagrada Escritura, depois de
descrever a beleza desta nossa terra, acrescenta êste comen-
tário do qual transparece uma nota de tristeza: "é não ha-
via ninguém que nelá trabalhasse". Solidão, deserto!
Tantas maravilhas e tantas riquezas não podiam ficar
in utilizadas.
De fato, depois que' tudo ficou pronto, Deus criou o
homem.
Quando aconteceu isso? Não o sabemos, porque a Bí-
blia não o diz, nem a ciência humana conseguiu ainda deter-
minar com exatidão essa data. Calcula,-se, porém, que isso
tenha acontecido há vários milhares de anos.
Como é que aconteceu? Deus no-lo contou na narração
,inspirada de Moisés. Leiamo-la nós também.,
Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem e seme-
lhança; e seja êle o soberano dos peixes, dos pássaros, dos
animais e dos répteis. Depois de formar um corpo com o
barro da terra, Deus soprou-lhe no rosto, infundindo-lhe o

- 55
espírito da· vida: a alma espiritual e imortal. Assim, êsse
corpo de barro toruou-se uma pessoa viva: o ho~em!
Note o seguinte: bastaria uma simples palavra como
para tudo o mais. Mas Deus para o homem - o rei da
criação - fêz as cousas com maior solenidade!

. A primeira mulher~

o primeiro homem, Adão, era uma criatura excepcio-


nal, privilegiada. Deus o colocara num paraís() de delícias
para que nêle dominasse como rei. Tudo estava sujeito às
suas ordens, e entre todos os sêres vivos, que Adão passou
em revista, não havia um que se lhe comparasse em digni-
dade e beleza.
Então Deus acrescentou: Não está bem que o homem
fique só. Demos-lhe um auxílio que se assemelhe a êle.
. E enquanto Adão dormia profundamente, "tirou do cor-
po do primeiro homem o corpo da primeira mulher". Ao
acordar, deu Adão com sua presença, e entusiasmado com a
feliz surprêsa exclamou: "Como se parece comigo! Elà não
é um dos outros animais, como. os que vi até agora, mas é
mesmo igual à mim".
Tomou-a como espôsa, de acôrdo com a vontade de
Deus, e chamou-lhe Eva, isto é, mãe dos viventes.

Os primeiros pais.

Foi essa a origem da humanidade. O prinieiro homem


e a primeira mulher foram criados diretamente por Deus.
Foi necessária uma intervenção pessoal de Deus. Sem essa
intervenção o homem não podia receber a existência de nin~
guém, porque não havia ninguém semelhante a êle.
Pense que extravagância seria dizer que o homem deri-
va do macaco ou de outro animal. Mais ou menos como se

- 56-
alguém afirmasse que do capim é que desabrochou a rosa.
Não é possível! Nenhuma planta pode dar flôres que não
sejam da sua espécie, e assim de nenhum animal pode nas-
cer um animal de outra variedade.
O primeiro homem e a primeira mulher foram criados
diretamente por Deus. As outras criaturas humanas que!
existiram ou existem atualmente na terra, quer pertençam a
esta ou àquela raça, quer vivam neste ou naquele continente,
tôdas sem exceção descendem de Adão e' Eva, Por êsse mo-
tivo, Adão e Eva são verdadeiramente os nossos progenito-
res, isto é: os nossos primeiros pais.
Você, porém, dirá: mas como se explica que entre raça
e raça haja tantas e tão grall(~.es diferenças? Isto não nos
deve causar admiração: o clima, a alimentação diversa~ os
diferentes sistemas de vida produziram essa diversidade de

- 57 - ,
raças. Todos os homens, porém, são iguais naquilo que é
essencial: êles são rácionais e livres, porque têm alma!

Potências naturais do homem.

o homem· é uma criatura de Deus, e tôdas as suas po-


tências são dons que Deus lhe concedeu. Alguns 'são ine-
. rentes ao corpo, outros à alma, e se podem resumir assim:
1. dons do corpo: os cinco sentidos;
2. dons da alma: inteligência, memória e vontade livre.
Você compreende que, sem os dons do corpo ou sem os
dons da alma, o homem não seria mais homem. E isso se
explica fàcilmente: se o homem tivesse só corpo ·com seus
sentimep.tos mas sem a alma espiritual, seria um animal; se /
tivesse a alma sem o corpo, seria um puro espírito.
Num caso e noutro, mudaria de natureza. Por isso,
êstes dons são necessários ao homem; são naturais nêle; são
próprios de sua natureza.
Na sua condição natural o homem podia estar sujeito
às misérias da vida, ao sofrimento, às doenças e à morte.
Tudo isso não seria senão conseqüência da natureza im-
perfeita de homem, como nós O experimentamos agora de
maneira mais acentuada, por causa do pecado.
Tudo isso é natural e nós o sentimos.
Mas não havia criado o homem assim.

Dons preternaturais~

o divino Artista, ao criar aquêle que devia ser o rei


da criação, não se havia limitado a dar olhe o puramente .~
necessário.
Aos dons que eram necessários para a natureza humana
Deus havia acrescentado outros a mais. Eram çlons espe-

- 58-
ClaIs, que se chamam "preternaturais", isto é, além do que
era realmente necessário à natureza humana. Ei-Ios:
1. Com relação ao corpo: não sofrer doenças, não so-
frer dores, não morrer;
2. Com relação à alma: 'receber de Deusa ciência sem
ser preciso estudar(= ciência infusa; dote êsse dado tão só
a Adão e Eva); aprender com facilidade (= inteligência su-
perior); praticar sem esfô~'ço a virtude; e não sofrer más
inclinações. '
Tal era o estado de contínuo vigor e de juventude pere~
ne com que Adão fôra enriquecido; estado de tranqüilidade
moral que o conservava livre da luta e da desordem das
paixões; estado de imortalidade que não destruiria mais a
união natural da alma com o corpo.

Dons sobrenaturais.
Mas isso não é tudo.
,Deus com nossos primeiros pais foi mais generoso ainda.
Aos dons de que falamos,acrescentou dons sobrenaturais: a
Graça Santificante e a predestinação ao Céu.
Os dons preternaturais não são devidos à, natureza do
homem; todavia a enriquecem e completam. Ao passo que
os dons sobr'enaturais transportam a natureza para uma ou-
tra ordem ou reino superior. "Com êsses dons, os nossos
primeiros pais freavam promovidos à ordem sobrenatural.
:É',sse estado de justiça e s.antidade, fruto da graça, os fazia
verdadeiros filhos adotivos de Deus; estado êsse que seria
trànsmitido aos seus descendentes". '

Para responder
Quais as palavras proferidas .por Deus ao criar o hómem? """"-
Que significa: criados il1tediata'lnente por Deus? - Por que certos
dons são naturais? e outros preternaturais? - Qual é o dom mais
precioso concedido ao homem? -Por que a graça é sobrenatural?

- 59-
Para t:ecordar

quando: há vários milhares de anos


como: formou um corpo do bai-ró e
Deus criou infundiu-lhe o espirito da vida.
o homem
criou também a primeira mulher, se-
melhante a Adão, para ser a Mãe
dos viventes

nb corpo os cinco sentidos


qualidades {' inteligência
do homem
1
na alma .
vontade'

iSe~~!~~~nças
o Homem

dons
extr a or-
dinários
que o ho-
preter-
naturais
com relação
ao corpo

com relação
I - das dores
- da morte
-- inteligência
ciência
mem pos- à alma - isenç~o das
suia antes 1 paixões
do pecado.
sobre-
- zar
destino sobrenatural (go-
a D,eus)
naturais - poder para atingi-lo (gra-
1 ça san tifican te)

60 -
Lição XII

UMA OBRA-PRIMA
ESTRAGADA
Não pode deixar de maravilhar-nos o estado feliz de
Adão e Eva no paraíso terrestre.: o encanto de uma natu-·
reza pujante, a par de uma consciência tranqüila, a sub-
missão das feras mansas, tudo concorria para uma extraor-
dinária felicidade. O mesmo Deus, quando à tardinha co-
meçava a soprar a brisa, fazia-lhes sentir e gozar sua amo-
rosa presença.
Era uma vida de alegrias sem preocupações.
Hoje, muito ao contrário, que contraste! Males e dores
nos afligem sem trégua. Por que essa mudança?

A ordem de Deus..

Criando o homem, Deus o havia enriquecido de todos


os bens. Havia feito o homem alguma coisa. para merecê-h>?
Deus os deixaria para sempre? Sim, mas com uma condição
apenas: que não tocassem os frutos da árvore da ciência do
bem e do mal. .
Coisa pequena e fácil, mas muito importante: impor-
tante como a bandeira, que é símbolo da pátria e que nin-
guém pode desprezar, ainda que se mostre esfarrapada pelas

- 61 -
muitas batalhas; ou, importante como a assinatura colocada
debaixo de um contrato escrito. Aquela árvore era o sím-
bolo da soberania de Deus. Respeitá-la queria dizer assinar
o contrato: o homem não tocaria os frutos da árvore proibi-
> da, e Deus lhe daria o domínio sôbre tôdas as coisas.
Deus poderia impôr uma condição pesada; mas con-
tentou-se com um pequeno ato de obediência e uma pequena
mortificação.
Adão obedecerá? - Será etermtmente feliz, na tetra pri-
meiramente e depois no céu.
Não obedecerá? - Deus deverá agir com justiça e cas-
tigará o ingrato rebelde. Adão, despojado de todos QS dons
recebidos a mais, tornar-se-á feliz e sentirá o inferno aberto
sob seus pés.
O mesmo acontecerá aos seus descendentes: os mi-
lhões, os bilhões de homens que hão de nascer ao longo, de
todos os milénios, esperam dêle a decisão de sua sorte feliz
ou infeliz. Adão bem sabe qual é O seu dever para com
Deus; conhece as terríveis conseqüências que pesarão sôbre
seus filhos. Certamente irá obedecer! ...

Soberba e desobediência de Adão.


)

Havia alguém que, odiando igualmente a Deus e ao ho-


. mem, estava interessado em que houvesse a desobediência,
e por isso a provocou. Era Satanás ..
Fôra a pretensão soberba de se tornar Deus, que o ha-
via arruinado: ·daísua rebelião e queda. O mesmo devia
acontecer ao homem. Satã pôs-se à obra.
Achava-se Eva tranquilamente junto à árvore do bem
e do mal. O momento era propício. Deslisando sob forma
de serpente êle não lhe dirigiu claramente o convite ao pe-
cado. Isto a' alarmaria. '
- Por que não comes dêsses frutos tão belos?

- 62-
· ~/

- Ordem de Deus! ... se comermos, morreremos.


- Nada, disso! Deus sabe que se comerdes dêstes fru-
tos, vos tornareis semelhantes a~le; essa é a verdade! Comei
e vossos olhos se abrirão: sabereis tudo! ... como Deus! Ex-
perimenta, Eva!
I

Eva contempla... colhe... come! ...


I
Adão também comeu.
"E seus olhos se abriram". Sim, mas para constatar a
própria miséria. Nada de se tornarem semelhantes a Deus!
Pela primeira vez sentiJ;'am vergonha: lia-se-Ihes no rosto o
pecado e a mentira. Bem que queriam escondê-los um ao
outro. Não sabiam como fazer desaparecer a vergonha que
sentiam doer-lhes como um chicote. Tentaram cobrir-se, e
possivelmente esconder-se. Mas onde?

- Gó-
- o demónio estava satisfeito. A tatica dera bom resul-
tado: podia empregá-la outras vêzes. Desde então, êle a vem
, empregando sempre.

A justa sentença.

Adão! - disse Deus - onde estás?


Ouvi o rumor de teus passos e me escondi de mêdo!.
A companheira que me deste, induziu-me ao pecado.
- Foi a serpente que me enganou, rebateu Eva.
Procuravam desculpar-se. Mas Deus não os havia aVl~
sado? 'Entre' Deus e Satanás, entre a vontade divina e o
'convite maligno a satisfazer o próprio capricho, quem tem
'juízo sabe o que escolher: dí-lo a consciência. Para que
desculpar,-se? Quando não faltou a palavra de Deus e sua ~ "
graça, qualquer desculpa é inútil. '
O Senho~ lembrou-lhes então suas palavras e as confir-
mou, preçlitendo-lhes misérias e dores e, depois, a morte ..
Em seguida, lançou uma terrível maldição sóbre a serpente,
fazendo-lhe, uma ameaça que lhe envenenou a maldosa satis-
.fação da vitória. Com efeito, prometendo um Redentor,
cuja Mãe seria Imaculada, disse "Porei inimizade entre ti e
a mulher, entre tua descendência e a sua: eeIa te esmagará a
cabeça!" (Cên.: 3, 15).

o único rebelde.

Foi 'na França, aí pela metade do século XIX. O grande sábio Arago
explicava a seus alunos universitários as leis dos movimentos dos astros, mais
precisos que os de um cronômetro. A certa altura, como a seguir outro pensa-
mento, calou-se, depois, retomando ii palavra, continuou: "Senhores, na pró-
xima semana verificar-se-á um eclipse; a lua entrará em conjunção com o
sol e a luz do sol não será vtsível à terra. Quarta-feira, pois, às 10, horas,
exatamente ao 37,9 minuto, três astros responderão à voz do Criador: nenhum
dêles se esquivará à sua lei;' certamente".
E fêz nova pausa; depois, martelando as sílabas, acr,escentou: "O único ' J:
rebelde às ordens de Deus é o homem".

- 64
I'"~ :f

Esta franca declaração, feita por um homem daquela envergadura, pro-


duziu naquele audit6rio de jovens a mais profunda impressão. Não se pensa
nisso, mas é assim; céu e terra obedecem a Deus, s6 o homem lhe resiste.

Conseqüência do pecado.

Havendo-se revoltado contra Deus, Adão e Eva foram


expulsos do paraíso terrestre: começou assim a dolorosahis-
tória das misérias humanas. Desde então conheceram o que
era o mal.
Dos muitos dons recebidos de Deus, conservaram tão'
somente os que lhes eram necessários como homens: alma e
corpo, com as suas respectivas faculdades. Tudo o mais
estava perdido!
Perdidos os dons preternaturais:
a) adeus, perene juventude! adeus, ausêntia de dor!
Agora sobreviriam doenças, miséria e morte, como para todos
os outros animais e sêres vivos;
b) adeus, ciência segura e garantida contra o êrro! Em
seu lugar, aparecerá uma ignorância que deve ser vencida
com o estudo aturado e com perigo de cair em êrro; .
c) adeus, imunidade das más' inclinações! Ao contrá-
rio, eis a rebelião dos sentidos e as más inclinações contra
a razão.
E estava perdido também o dom sobrenatural da Graça
San tifican te.
Foi esta a perda mais terrível, porque o homem pecador
e privado da graça não era' mais amigo e filho de Deus, mas
seu inimigo; não merecia q' Céu, e sim o inferno.

Pecado original.
\ \

Tamanhos males não atingiram somente Adão e Eva.


O mal de Adão era inevitàvelmente mal nosso também.

- 65-
Os bens que êle havia .recebido eram bens de família,
quero dizer, eram destinados a seus filhos. Mas com uma
condição: que o pai não os desperdiçasse, como infelizmente
fêz Adão. 1He transmitiu, portanto, a seus filhos somente o
que lhe sobrara de seus haveres: a simples natureza humana,
sem os dons especiais, que voluntàriamente havia perdido.
Eis aí porque os homens, logo ao nascer, acham-se pri-
vados da graça e dos dons preternaturais.
tsse pecado, cometido logo na origem da humanidade,
chama-se original: cometeu-o Adão, chefe do gênero humano,
e todos os homens o contraem, o herdam porque descendem
dêle.

Para responder
Adão havia feito alguma coisa para merecer os dons de Deus? -
E Deus teve exigências injustas com relação a Adão? - Qual a
ameaça de Deus à serpente, após a queda dos primeiros pais? -
Por que os filhos de Adão não herdaram a graça e os outros dons
extraordinários?

Para recordar
- perduraria para todos os homens
. d - única condição: Obedecer à ordem
o f ellz esta o de Deus
de Adão _ Adão desobedeceu comendo o fruto
1 proibido

quem provocou a desobediência de { o demônio sob a


Adão: forma de serpente
Pecado
Original - ameaça de penas
atitude de Deus { - castigo do pecado cometido
- promessa de redenção

conseqüências
--,. perda dos dons {
sobrenaturais
preternatur1ais

- perda sofrida por todos os


1 descendentes de Adão.

66 -
LEITURA

·0 ADVENTO!,

o tempo de preparação de 3 a 4 semanas, que precede a festa de


Natal é chamado Advento. Isto quer dizer ·que o Redentor do gê-
nero humano está, por assim dizer,em caminho para vir até nós,
enquanto nós nos preparamos para recebê~lo. A consciência dos
nossos pecados nos faz desejar ardentemente e esperar a vinda do
Redentor e Salvador do mundo.
Estas quatro semanas recordam-nos a primeira vinda do Salva-
dor, em carne, e levam-nos a pensar numa segunda vinda, no fim
do mundo, quando 11:le há de vir não mais como em Belém, com as
mãos cheias de misericórdia, mas como Juiz dos vivos e dos mortos.
Hora incerta que devemos temer e para a. qual, segundo o a viso do
Senhor, cumpre estarmos preparados.
Oomo devemos celebrar o Advento? . Tenhamos em primeiro
lugar, um grande desejo do Salvador; desejo êsse que nasce da con-
vicção firme da necessidade absoluta da Redenção. Isaías, profeta
do Antigo Testamento, coloca em nossa bôca as palavras: "Enviai,
ó céus, o Justo". E a santa Igreja faz-nos exclamar nas orações:
"Veni, Domine, et noli tardare"; vinde Senhor, e não tardeis.
Em segundo lugar, devemos manterem nós o espírito de peni-
tência. S. João Batista exorta-nos: "Fazei dignos frutos de peni-
tência". A salvação só se aproximará de nós, se afastarmos o pe-
cado e se fizermos penitência pelas faltas. cometidas.
Passemos, por fim, êste tempo em doce expectação com Maria,
Mãe de Jesus. A santa Igreja, de maneira tôda especial, lembra-se
dela neste tempo, festejando, logo nos primeiros dias, a sua imaculada
Oonceição. Oada uma das Missas é uma Incarnação do Filho de
Deus, e cada uma das santas Oomunhões que fazemos neste tempo,
faz nascer o Filho de Deus em nós, auxiliando-nos para que possa-
mos dignamente celebrar a festa de Natal. .
(No mistério do Cristo).

67 -
Liçdo XIII

HERANÇA DO PECADO
Segundo a disposição de Deus, o primeiro homem deve-
ria transmitir aos seus filhos, tudo o que havia recebido: a
natureza humana, com os dons que a completavam e enri-
queciam (exceto a ciência infusa) e com os dons sobrenatu-
rais da Graça.
Entretanto, quando lhe nasceram os filhos, Adão já era
pecador: tinha sido privado do~ dons da graça e dos preter-
naturais que enriqueciam a sua natureza. E privados fica-
ram também os seus filhos: qual pai, tais filhos!
Contudo, Deus não queria que Adão ficasse assim. A
disposição de Deus fôr~ quebrada por uma transgressão vo~
luntária. ' Na realidade, Adão, no momento de s~u pecado,
cometeu o pecado, não só como homem, mas como Chefe da
humanidade inteira. Por isso todo o homem, ao nascer,
acha-se privado dos dons de que falamos, contràriamente a
quanto Deus no princípio dispusera.
Esta privação dos dons e, sobretudo, da "graça santifi-
cante", constitui para, nós o pecado original.

Conseqüências inevitáveis.

A privação da graça em Adão foi um castigo justo e


merecido. Em nós, porém, é a conseqüência inevitável do
fato de sermos descendentes de Adão, não inocente, más sim
pecador.

- 68 -:-
Um poderoso monarca promoveu um súbdito a uma alta dignidflde, con-
cedendo-lhe títulos de nobreza, grande fOl'tuna e ainda o direito de trans-
miti-los a seus herdeiros, Se êste subditO- se l'evoltar, o rei lhe tirará sem
dúvida êsses benefícios, E seus descendentes não l'eceberão nada.

:tt esta precisamente a nossa condição: o homem - es-


creveu o grande pensador francês, Pascal -é um mendigo
que descende de nobre família.
11: inevitável que assim seja. Uma fonte envenenada em sua nascente
não pode oferecer águas puras. De uma chapa fotográfica defeituosa, não se
podem esperar fotografias perfeitas.

Como reerguer-se?

Nós, portanfb, como descendentes de Adão, nascemos


privados da graça santificante: e esta privação se chama
pecado original. Mas por esta privação, o homem não é con-
denado ao inferno; é somente excluído do Paraíso. Eis por-

-169 -
. t,

que os que morrem 'Só com o pecado original (p. ex. os


meninos sem bati.sm~), sem haver cometido pecados pessoais
graves, não vão para Q inferno, mas sim para o Limbo. Para
ir para o Paraíso, requer-se um título particular de beleza,
de poder e riquezas, que se chama Graça, e que Adão nos
fêz perder. '

. Se um nobre decai por sua culpa, arrastando seus filhos à miséria, comO
poderá reerguer-se à condição de antes? Somente o Soberano com um gesto
generoso poderá recolocá-lo na primitiva condição.

o homem, tombadona:miséria depois da revolta contra


Deus, podia ser reábilitadosomente por Deus. Por si, certa-
lllente que não. Deveria ficar excluído para sempre do Pa-
raíso, como o bloco de pedra, que do cume da montanha se
precipitou no vale, não 'poderá rever o sol das alturas, se uma
fôrça amiga não o recolocar outra vez no alto. I

Mas Deus foi de uma bondade e misericórdia incompa,-


rável: antes ainda que Adão 'e Eva pensassem em pedir per-
dão, no instante mesmo em que êles apegaram-se a descul-
pas, prometeu-lhes enviar um Redentor. O Redentor foi o
próprio Filho de Deus: JestlS Cristo.
Jesus Cristo instituiu um sacramento para anular o pe-
cado original e conferir a Graça: o santo Bátismo.
,.1.

A vitória da mulher.

Ao amaldiçoar a serpente, Deus predisse que entre ela


e a mulher haveria inimizade e luta,' e Esta haveria de ven-
cê-lo, através de sua descendência.
De que modo isso se deu?
Os descendentes de Adão vêm ao mundo com a alma
privada do brilho da graça,. Todavia, para raiva e confusão
do dragão infernal l , houye. uma. grande exceção: Maria San-
tíssima, que foi isep.tad;;t do pecado, mostrou-se fulgurante
de graça desde o prim~iro instante de sua existência, quer

-70 -
dizer, logo que sua alma foi cr~ada e unida ao corpo. tste
instante chama-se conceição. Ora, sendo Maria Santíssima
sem mancha e cheia de Graça, desde o prinleiro momento,
chama-se, por isso, "Imaculada Conceição".
O demônio viu anuladas nesse caso as conseqüências da
sua maldade.
Por decreto divino, o Filho de Deus devia baixar à terra
e fazer-se homem para nos salvar. Devia, pois, ter uma mãe,
mas uma mãe digna dtle. Pois bem: para o demônio seria
grande vantagem que até a Mãe de Deus tivesse vindo ao
mundo sem a graça, isto é, com o pecado original. A Mãe de
Deus, muito ao contrário, não devia sofrer o influxo do de-
mônio: ela não c~ntraiu o pecado original em sua origem;
não o herdou. Sem pecado desde o primeiro instante, Nossa
Senhora foi verdadeiramente cheia de graça e sem mancha:
Imaculada.
O demônio sofreu tremenda desilusão: falhou a maIS
ambicionada vitória; vitória que sorriu para Maria. A mu-
lher prometida o havia vencido!
A Igreja celebra esta vitória de Deus, com a festa da
Imaculada Conceição.

"Eu sou a Imaculada Conceição".


ii de fevereiro de 1958. ;\
Nas encostas alcantiladas dos Pirineus, imediações de Lourdes, uma hú- ,/c
milde pastorinha, Bel'nadette, sente-se alarmada por um ruído que não se
podia confundir com o escachoar da torrente que lhe escorria ao lado. Volta-
-se; e numa espécie de gruta, escavada na rocha do monte, vê uma senhora.
Seu aspecto é juvenil e bondoso. Está vestida de branco, coberta por um níveo
manto e cingida por uma faixa azul. Duas rosas de ouro lhe adornam os
pés d e s c a l ç o s . ' ,
Ensina à pequena Bel'nadette o modo de fazer bem e devotamente' o
sinal da cruz e a convida a rezar o santo Rosário, cujos grãos faz passar por
entre os dedos.
A menina receia um embuste diabólico. Assim, na ,segunda aparição,
asperge a Senhora com um pouco de água benta. Mas a SenhOl'a sorri doce-
mente, mostrando o rosto mais terno que nunca. A seu convite a menina
volta quinze vêzes à gruta: rezar pelos pecadores, fazer penitência, são, as
,exortações, mais frequente.

-71
I,

Até que um dia, a menina põe-se com viva insistência a perguntar o líome
da Senhora que a agraciara com tãó repetidas visões. Então a Virgem jun-
tando as mãos ao peito e levantando os olhos para o céu, responde: "E'u 8ot~
a Imamtlada Oonceição". ,
Quatro anos antes, Pio IX havia definido como dogma de fé a Imaculada
Conceição.

Para responder
A que se pode comparar o primeiro homem, chefe da humani-
dade? - porqúe a desforra de Deus sôbre o demônio começou com
o triunfo da Imaculada? - Que quer dizer "Imaculada?"

Para recordar

Perdas
, 1oshumana
dO,ns que enriquecem a sua, natureza
(preternatttrais)
de '
Adão os dons que o tornavam digno e capaz
/ de ver e gozar a Deus (sobrenaturais)
~'"

êSSeS dons foram perdidos também


para os filhó~ de Adão
Conseqüências
inevitáveis _ { - rico despojado de,
comparaçao bens
Conseqüências \ - fonte envenenada
do pecado de
Adão I uma Mulher esmagará a cabeça do
Promessa demônio.
de Jesus, nascido de Maria SanÜssima,
perdão instituiu o Batismo para cancelar o
pecado original.

Maria SantíSSima, desde o primeiro ins-


Exceção tante de vida, esteve sem pecadO
única original.
\Ê a Irhaculada Oonceição.

\ ,/
-72

,I
Lição XIV

DEUS SE FÊZ HOMEM


INCARNAÇÃO DO FILHO DE DEUS

Num livro de viagens, intituladó "A alma do Saara" narra-se um episódio


interessante.
Visitando um templo pagão, o autor surpreendeu êste diálogo entre um
francês e uma sacerdotisa. A sacerdotisa, pagã, ouvira falar de Jesus, e até
acreditava nêle.
Jesus, dizia ela, não é somente um profeta, é um Deus. Quem é homem
não pode esquecer-se a si mesmo, a ponto de sacrificar-se pelos seus seme-
lhantes: somente Deus pode fazer isso. E Jesus fêz precisamente isso: êle é
um Deus de bondade! O sr. é cristão: fale-me dêle, ensine-me a invocá-lo!
Essa ardorosa linguagem deixou boquiaberto o europeu, que deu tratos
à memória para recordar o que sabia sôbre o assunto. Percebeu contudo que
de Jesus adquirira bem poucas noções... E teve que responder: "Na reali-
dade ... eu ... sei muito pouca cousa ou nada sôbre esta questão. Não sei
mesmo o que dizer-lhe!"
Se amanhã ou mais tarde fizessem a você esta pergunta, como é que você
haveria ~e responder? Que não se verifique em voc(i a ignorância dêsse viajante.

A incarnação do Filho de Deus.

Lembremos o que ficou dito na. segunda lição: Deus é


puríssimo espíriw, isto é, não tem corpo de espécie alguma.
Na verdade, nós nos assemelhamos a ~le, somente na alma,
que é espiritual, imortal, inteligente e livre. Ter corpo, em
última análise, é uma imperfeição, porque é estar amarrados
à matéria; é não ser espírito livre.

- 73 I-
Não obstante, Deus quis tornar-se semelhante a nós
também no corpo. Tal se deu quando a segunda Pessoa da
Santíssima Trindade, isto é, o Filho, se incarnou.
Incarnado quer dizer que Deus se fêz homem revestin-
do-se de um corpo e uma alma, como nós. . I
o nome do Filho de Deus Incarnado.

o Filho de Deus, chama~se Verbo, isto é, palavra, ex-


pressão eterna de Deus. Fazendo-se homem, porém, o Ver-
bo de Deus tomou um nome novo, para ser como os outros
homens. Não foi um nome escolhido ao acaso, nem Ímpôsto
por vontade humana, mas por disposição do Divino Pai. Um
Anjo, aparecendo em ocasiões diversas a Maria Santíssima e
a São José, disse que o nome que se deveria dar ao Verbo
Incarnado era "Jesus".
E assim foi chamado, oito dias após o nascimento, ao
lhe imporem o nome com o rito da Circuncisão.
Por que foi escolhido êste nome?
O nome de Jesus foi escolhido para indicar desde o iní-
CIO, o que tle estava destinado a fazer.
Jesus quer dizer Salvador, poissàmente tle nos salva
do pecado, do demônio e do Inferno. Por isso, São Pedro,
no Sinédrio, diante dos que haviam feito matar a Jesus, disse:
"Não sob o céu outro em virtude do qual nos possamos
salvar". (Atos.: 4, 12).
O Verbo Incarnado ch~ma-se também "Cristo". É uma
palavra que quer dizer ungido, o que equivale a consagrado.
Segundo um costume determinado por Deus, na Antiga
Aliança os reis, sacerdotes e profetas ao entrarem no exercí-
cio de suas funções, eram consagrados mediante uma unção
com óleo: a unção era o sinal da consagração.

-74 -
Era justo que Jesus se chamasse Cristo, uma vez que
Deus Pai enviando-o ao mundo O havia consagrado Rei, Sa-
cerdote e Profeta:
- como Rei, impõe-nos Seus mandamentos:
- como Sacerdote, santifica'-nos mediante os sacra-
mentos;
Profeta, ensina-nos com sua doutrina.

Jesus Cristo sempre existiu?

Antes de responder, vejamos: Quem é Jesus Cristo?


Jesus Cristo é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade:
é o Filho de Deus feito homem. Analisando separadamen-
te esta frase, consideremos: Jesus Cristo - Filho de Deus;
Jesus Cristo - Homem.

-75 -
' .. \

1) Jesus Cristo como Filho de Deus sempre existiu?


Certamentel As três Pessoas Divinas são igualmente eternas.
Já o dissemos na sétima lição. Portanto, o Filho como' Deus
sempre existiu, desde tôda a eternidade, como o Pai e como
ó Espírito Santo.
2) Jesus Cristo como Homem sempre existiu? Não:
a sua existência como homem teve um princípio. Como ho-
mem começou a existir desde o momento em que assumIU
corpo humano, ou s~ja há menos de 2.000 anos.
Eis -então a resposta:
Jesus Cristo, como Deus, sempre existiu; como homem,
começou a existir desde o momento da Incarnação.

Veneração para com o nome de J esri~.


Alemanha, 1898.
Um camponês devia submeter-se a uma grave operação na garganta. A
,operação irá salvá-lo, mas, cortando-lhe 'as cordas vocais, tirar-lhe-á a palavt·a.
O médico avisa-o:
- Se o senhol' tem alguma coisa a dizer, pense e diga: são as últimas
palavras que poderá pronunciat·.
O camponês põe-se a pensar: as últimas palavras!... Devem ser bem
pronunciadas e bem escolhidas. Encontrou-as:'
"Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!" exclama, e 'em seguida esten-
de-se na mesa de operação.
Êsse homem revelou-se um verdadeiro cristão; quis, em sua fé, proferir
suas últimas palavras em louvor e glória de Jesus.
Como seria bonito que você se habituasse a repetir com fé a belíssima
saudação cristã: "Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo I"

Para responder

Quem é o Verbo? - Quando foi impõsto o nome de ".Jesus" ao


Verbo Incarnado? - Quem escolheu êsse nome? - Que significa?

-76 -
Para recordar

é puríssimo Espírito
Deus { não tem corpo

fêz-se homem to-


mando um cor-
O Verbo de Deus po e uma alma
(segunda Pessoa da SS. Trindade) como nós, para
Incarnação
do
Filho
1 nos salvar.
;-
Jesus
de
Oomo se chama o Verbo feito (Salvador)
Deus
homem? Oristo
1 ( Oonsagrado)

I
Oomo Deus sempre existiu
Jesus Oristo Oomo Homem começou a existir no
momento da Incarnação

-77 -
NATAL

A festa de Natal tem por fim lembrar-nos o nascimento do Sal-


vador e comunicar-nos as graças particulares dêste Mistério. "Por
nossa causa e por nossa salvação desceu do céu" (Oredo). Sendo e
permanecendo verdadeiro Deus, tornou-se verdadeiro homem. Não
, hesitou em se revestir da forma de servo, fazendo-se semelhante aos
"homens e sendo reconhecido pelo exterior como homem. E sendo ho-
mem, atrai todo o gênero humano a Si, querendo fazê-lo sua pro-
priedade. Oomunica-Ihe a filiação de Deus, tornando-se Irmão de
todos e dando aos homens a sua vida que é a graça santificante. ...
"Deus se fêz homem pm;a que o homem se tornasse Deus", diz
admiràvelmente Santo Agostinho.
A alegriá que nos inunda a alma fará nascer, em nossos cora-
ções, profundos sentimentos de gratidão para com Deus pela In-
carnação de seu Filho Unigênito; gratidão, que manifestará pelo
sincero desejo de. desenvolver em nós, pela prática das boas obras,
a vida que Jesus trouxe ao mundo. Esperaremos que ela sempre
cresça e também cresça Oristo em nós. Eis a obra do santo Sacrifí-
cio da Missa, pois, o que aconteceu há quase dois mil anos, repete-se
hoje: a Incarnação do Verbo divino, seu Nascimento no presepe de
Belém. Na santa Missa, na santa Comunhão, une-se Jesus às nossas
almas, escondido sob os véus das espécies eucarísticas, como outrora
ocultou o esplendor de sua Divindade sob o humilde manto de sua
humanidade. Nossa Belém é o altar! Nossa gruta é o tabernáculo!
Nosso presepe é a nossa alma. Nela, bem longe do tumulto do mun-
do, Êle quer, no silêncio e na solidão, "tomar nova forma".; quer
ocupá-la, imprimir-lhe o sêlo de filha de Deus, transformá-la em Si
própria. A esta alma Deus predestinou "conformar-se com a ima-
gem do Filho de Deus". E 'se somos Filhos de Deus, também sere-
mos seus herdeiros e co-herdeiros de Jesus Cristo. É assim que não
somente comemoramos e celebramos o Natal, como participamos do
Nascimento de Jesus Oristo e dos frutos da Redenção, na santa Mis-
sa, ao pé da Cruz. .

-78 -
./ :
A alegria dêste tempo manifesta-se· por vários modos: a côr
violácea dos tempos de penitência é substituída pelos ornamentos
brancos, bordados a ouro ou completamente dourados; os órgãos
mudos no Advento, executam as suas mais ,iubilosas modulações e
o Glória in excelsis Deo ressôa de novo, trazendo-nos os ecos pací-
ficos do presepe. As melodias estão impregnadas de uma doce e
comunicativa alegria, que se prolonga em tôda a liturgia dêste tempo.
O tempo do Natal é o intervalo de quarenta !lias, entre 25 de
dezembro a 2 de fevereiro. Comparando o Advento à subida de uma
montanha, chegamos agora a seu cume - Natal - o ponto mais
elevado da primeira parte do ano eclesiástico.
Durante doze (Uas permanecemos nesta altura, com a celebra-
ção das duas festas principais dêste tempo: Natal e Epifania ou
j

festa dos Reis~ A oitava desta última solenidade é seguida de 6 do-


mingos, número êste por vêzes diminuído pelo tempo da Setuagé-
sima que varia conforme a celebração da Páscoa, mais cedo ou mais
tarde. Termina o tempo do Natal com a festa da Purificação de
Nossa Senhora, que é o oferecimento de Jesus no tempo, pelos
pecados do mundo e assim esta festa já ·prepara o Mistério. da Re-
denção que é o assunto do ciclo pascal.
Realizemos em nós as palavras do Papa São Leão: "Meus Cfl.-
ríssimos filhos, nasceu-nos hoje o Salvador: rejubilemo-nos. Para
longe todo sentimento de tristeza: eis a aurora da vida. Exulte o
Justo, porque a recompensa está perto; o pecador se alegre, eis o
perdão; o pagão espere, eis a vida!"

(No rnistériodo Cristo).

-79 -
Lição XV

A MÃE DE DEUS
A anunciação do Arcanjo.

Estamos numa pequena aldeia da Galiléia, nos tempos


de Cesar Augusto,
O vôo de Gabriel, o arcanjo das alegres mensagens, al-
cança o lar de lima jovem de sangue real, prometida em ca-
samento a um homem descendente também da estirpe real
de Daví.
A aldeia é Nazaré; o homem chama-se José; e o nome
da Virgem é Maria.
f. Ao aparecer-lhe, diz-lhe o Arcanjo: . ,
- Ave, ó cheia de graça, o Senhor é contigo. Bendita
és tu entre as mulheres!
.A:. essas palavras a donzela esboça um movimento de sur-
. presa e perturbação: que quereria significar uma saudação
dêsse gênero? Mas, a Hm de dissipar tôda. a dúvida, Gabriel
acrescenta.
- "Não temas, Maria: encohtraste graça diante de
Deus. Serás Mãe e a teu filho darás o nome de Jesus. :ítle
será grande, porque é Filho do Altíssimo. O Senhor dar-
-lhe·á o trono de Daví, e seu reino jamais terá fim.
O anjo fala portanto do Messias! Maria compreendeu.
Tornar-se mãe do Messias, do Filho de Deus! Mas ela fizera
voto de Virgindade. Maria pergunta então:
Como poderá isso realizar-se em mim?

- 80-
o Espírito Santo realiza o prodigie.

E o Anjo lhe revela o segrêdo de tal mistério.


- O Espírito Sant~ descerá sôbre ti, e o poder do Altís-
simo te cobrirá. Assim, o menino que nascerá de ti será
santo e deverá ser chamado filho de Deus. . . Lembra: a
Deus nada é impossível.
Maria compreendeu: tornar-se-ia Mãe de Deus perma-
necendo Virgem, não por lei natural, mas por um prodígio
especialíssimo, operado diretamente por Deus. Por isso res-
pondeu: ',,'
I ',' •Eis a serva do Senhor: faça-se em mim de acôrdo com
tua palavra.
Foi êsse o momento mais solene da história humana.
Na Virgem de Nazaré, realizou-se por obra do Espírito Santo

- 81-
o grande milagre: o Filho eterno de Deus incarnou~se, to-
mando um corpo e uma alma como nós, no seio purís$imo de
Maria. Assim se verificou' a profecia de Isaías, 'que, havia
séculos, aguardava sua realização: Eis, uma Virgem se t01:,"
nará Mãe: dará à luz um filho!
O Anjo havia desaparecido. Mária ficou absorta em,
contemplação, adorando o Verbo de Deus, ,que havia desd-
do para' fazer-se homem em seu seio virginal. '

o Pai nutrício.

Segundo promessas anteriores, Maria devia tornar-se es~


pôsa de José, homem verdadeiramente justo e temente a
Deus. Era para isso conveniente que também êle fôsse in-
formado de quanto acontecera milagrosamente por obra de
Deus. '
E eis que também a êle apareceu um Anjo do Senhor;
e apareceu-lhe em sonhos, dizendo-lhe estas palavras: "José,
filho de Daví, 'não receies tomar a Maria como espôsa. Nela
por virtude do Espírito Santo, realizou-se um prodígio. Ela
terá um filho e lhe darás o nome de Jesus (Salvador) porque
~le salvará o povo de seus pecados."
Acordando do sono, José, conforme dissera o Anjo, con-
servou Maria consigo, fdiz por saber que ela havia sido es-
colhida: para Mãe de Deus. Assim Maria podia contar com
o apôio e ajuda de José, o único que sabia do mistério que
nela se realizara.
O povo, depois do nascimento de Jesus, pensava que
José fôsse o verdadeiro pai. Por quê? Porque não conhecia
os segredos revelados pelo Anjo.
Na realidade José não foi o pai de Jesus: foi somente o
seu guarda e defensor. Coube-lhe a honra de proporcionar-

- 82-
lhe alimento e o necessano à vida com o trabalho de suas I,

mãos. É, por isso, chamado pai nutrício, isto é: que nutre,


alimenta.

.
j ê~~~' nasce
. '1
em Belém.

o profeta Miquéias havia predito:' Tu, Belém; não és


pequena como pareces entre as cidades da Judéia. Pois de
ti sairá Aquêle ,que guiará o meu POv.o à salvação.
O Messias, portanto, devia nascer em Belém: Entretan-
to, José e Maria moravam em Nazaré. Como podia cumprir~
se a palavra do profeta?
O Imperador de Roma, Augusto, ,era; senhor de um vas-
°
tíssimo império, mas, desconheóa número de seus súbditos.
Ordenou, então, um recenseamento: cada um devia dar o no-
me aos governadores de cada cidade. ' O recenseamento es,-
tendeu-se também à Palestina, que então dependia do ImpE·
rio de Roma.
Chegando a ordem de Augusto, os h:ebreus foram colocar
o próprio nome nas listas de suas cidades natais, como era
costume no povo de Israel. Isto permitiu que se cumprisse
a profecia. ".
José e Maria eram da estirpe de DavÍ. Mas a cidade de
DavÍ era Belém; e para lá deveriam' dirigir-se, não obstante
as ,dificuldades de uma longa viagem e a rigidez da estação.
Dada a grande afluência de estranhos que acorriam de
diversos lugares, e por causa ainda de sua pobreza, os dois
santos espôsos deverarn conformar-se corri proçurar hospe-
dagem fora da cidade, numa das grutas que serviam de abri-
go para o gado.
E naquela paupérrima gruta, no coração da noite, en-
quanto o mais profund'o silêncio domin~vaas coisas, nasceu
Jesus, o Filho de Deus feito homem, vindo não para conde-
nar, mas para salvar e perdoar., .

- 83:-
A pobreza do Filho de Deus.

Maria abraçou seu Filho com amor intenso de mãe, e


José unia em seu coraç,ão sentimentos de alegria e dor ao ver
o Filho de Deus em tão triste pobreza.
Depois de havê-lo estreitado ao coração com afeto da
mais amorosa das mães, Nossa Senhora envolveu-o em pobres
panos. Maria e José olharam ao derredor, e vendo a manje-
doura dos animais, encheram-na de palha e nela depuseram _.
o pequenino e amável Jesus.
O Rei do Céu e da terra nasceu num estábulo e foi colo-
cado numa mangedoura. Por que não escolheu um palácio'
real, onde existem tôdas as comodidades e magnificências?
Embora pudesse nascer rico, Jesus quis ser pobre para
ensinar,-nos a ser humildes e a não colocar a felicidade nas
riquezas, nas honras e nos prazeres do mundo.
~ A verdadeira riqueza é a amizade de Deus: a graça saI\-
tificante!
E não se pode gozar de verdadeira felicidade, se' não se
tem a consciência tranqüila.
Riquezas, honras, prazeres,. .. tudo se acaba!
Mas o Céu, merecido com as boas obras, não termina
nunca!
Foi isso que Jesus nos ensinou.

Para responder

Qual foi o momento, mais solene da história humana? - Por


que? - Quem trouxe à terra o feliz anúncío? - Que profeta anun-
ciou o nascimento de Jesus em Belém?

--.:.. 84 -
Para recordar

- O Arcanjo Gabriel reve-


laa Maria o plano do
Altíssimo
a Maria - Maria SS. aceita: fiatl
Anunciação - O Espírito Santo realiza
() prodígio

- é avisado em sonho
Incarnação. a José - aceita ser espôso de
{ Maria e guarda de Jesus
e
Nascimento
de - profetizado por Miquéias
Jesus - dá-se em Belém
- o edito do impera-
dor Augusto
Nascimento - Maria e José diri-
gem-se a Belém
- circunstâncias
- Jesus nasce numa
gru ta para ensi-
nar-nos a ser hu-
mildes

85 -
LEITURA

I) '-;,

....
I

DEVO CÃO
a, A NOSSA ,SENHORA

"Maria, a Mãe 'de' Deus, é a' Soberana do universo e distribui-


dora de tôdas as graças. É uma conseqüência lógica da sua ma-
ternidade divina. f'or isso a saudamos na "Salve Rainha": "Salve,
Rainha, Mãe de miserlCôrdia; vida, doçura, esperança nossa, salve l"
Belíssima oração '~ue ap~endeste na tua infância e desile então
rezaste diàriamente: vida, doçura, esperança nossa, salve!
Maria é a nossa esperança. Ela nos deu Jesus e com Jesus a
'.Salvação. Ela é a diEitribuidora de tôdas as graças, como afirmam
.os Santos Padres pela, bôca de, ,S. Bernardo: "Como iodo o rescrito
'de graçá mandado pe~orei paSSa pela porta do seu paço, assim ne-
nhuma graça vem do céu à terra sem passar pelas mãos de Maria".
O venerável :servo de Deus, Grignon de Montfort, escreve:
"Muitos Santos Padr'es consideram a devoção a Maria, Mãe de
Deus, sinal de predestinação; e sinal de reprovação o não ter estima
e amor à' Santa Virgem". '
Santo Anselmo exclama: "Virgem bendita, assim como éimpos-
sível salvar-se aquêle que não fôr vosso servo e por vós protegido,
também é impossível perder-se quem fôr vosso devoto e por vós
protegido".
São Boaventura escreve,: "Quem não recorrer a vós nesta vida,
ó Senhora, não chegará, ao paraíso".
Cultiva, pois, carinhosamente no teu coração o amor filial a
Maria Santíssima, que tua piedosa mãe te inspirou, quando na
tua infância te mostrou a bela· imagem de Maria e te fêz rezar à
Mãe do céu.
Torne-se teu amor cada dia mais terno, mais firme, mais, sóli-
do e mais prático. ~ste amor é o camilflho mais curto e mais certo
para chegar a Jesus e conseguir a felicidade eterna !".
(Mariófilo).

-86 -
Lição XVI

DUAS NATUREZAS E UM,A


úNICA PESSOA
Você já representou no teatro? Ou pelo menos assistiu a uma represen-
tação em que tomava parte algum seu amigo ou conhecido?
Abre-se. o pano' de Mca e, em meio ao silêncio do público, o seu amigo'
eritra em cena revestido de majestosa capa, como um grande dignatário de côrte.
Seu amigo deixou por acaso de ser o que era, só por haver-se vestido
} assim? . Ficou sendo outra pessoa? Não. Você mesmo, apesar de fantasiado
da maneira màis estranha, não deixaria de ser o que é.

É uma cQmparação imperfeita, mas serve para esclarecer


esta idéia: o Filho de Deus, fazendo-se homem, não deixou
de ser Deus. Não perdeu nada do que era, nem suas quali-
dades divinas; tomou a mais o que não tinha, isto é, reves-
tiu-se de membros humanos. Por isso, permanecendo verda-
deiro Deus, começou a ser também verdadeiro Homem.

As duas naturezas de Jesus.

Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.


Verdadeiro Deus: p'uríssimo espírito, perfeitíssirri~, oni-
potente, onisci~nte, eterno. . .
Verdadeiro homem: corpo material e alma espiritual, \ ~_1

inteligente, livre e imortal.


Jesus possui tudo o que é próprio da natureza divina, e
tudo o que é próprio da natureza humana. .

-87 -
Apesar de exteriormente ter somente aparência huma-
na, tle não é simples homem, como um de nós, mas é tam-'
bém Deus, diante do qual se devem prostrar em adoração
tôdas as criaturas.
Também a sua natureza humana era verdadeira" não
aparente: Jesus teve um corpo e uma alma como nós:
- um corpo verdadeiro de carne e osso, sujeito à fome,
- Um alma verdadeira dotada de inteligência e liber-
dade, capaz de sentir o que nós sentimos; uma alma sujeita
à alegria e à tristeza também.
Jesus' foi semelhante a nós em tudo e por tudo. Somen-
te uma coisa não teve e não podia ter em comum conosco;
uma coisa que Jesus quis remir, sem jamais haver cometido:
o pecado!

A Pessoa única.

N q quinta lição havíamos notado que, embora todos os


sêres tenham sua natureza, nem todos são pessoas. A árvore
tem sua natureza, vegetal; mas não uma pessoa. O mesmo
se' deve dizer do cão, do cavalo e de todos os animais irra-
CIOnaIS.

Um ser é pessoa, quando possui uma natureza própria,


completa, e além disso é' inteligente e livre, sendo por isso
responsável por suas ações. Ganhará méritos se fizer o bem;
e deméritos se fizer ornaI.
As plantas vivem e os animais agem; mas nem um, nem
outro são responsáveis pelo que fazem.
O homem, ao contrário, é responsável e tem o mérito
ou o demérito daquilo que faz. tle é pessoa.
Vemos que Jesus age não só como homem, mas também
como Deus. Como homem: cansa-se, repousa, sofre; como'
Deus: faz milagres e ressuscita mortos.

' - 88-

( .. ;
Quando Jesus acalma a tempestade no lago, nota-se cla~
ramente essa distinção. Está dormindo porque cansado, e
está cansado porque é homem: por outro lado com um sim-
ples gesto acalma a tempestade porque é Deus.
Em Jesus há uma só Pessoa, que é a do Filho de Deus.
tle é Deus, quer quando faz obras próprias do homem, quer
quando faz obras próprias de Deus. tle age como homem \""
porque tem natureza humana e age como Deus porque tem
natureza divina. Mas é uma pessoa única: tle é a segunda
Pessoa da SS. Trindade: é o Filho de Deus.
Seria bem estranho dizer que em Jesus haj,a duas pes-
soas. Como podem duas pessoas estar num único indivíduo?
Impossível!
Em Jesus há duas naturezas: a divina e a humana.
Embora com duas naturezas, Jesus é uma só, pessoa: a se- /i'

. gunda Pessoa da SS. Trindade.

- 89-

\ .::
Isso não se' pode compreender: é um mistério!· Mistério
sublime, sem o qual Jesus Cústo não nos poderia salvar~

Para responder
Jesus, além da divindade, teve uma; alma verdadeira? com que
qualidades? - A natureza humana de Jesus era semelhante à nossa?

Para recordar

Jesus
J verdadeiro Deus e
1 verdadeiro H omel111
"
como Deus é
1onipotente
puríssimo espírito
.
eterno, etc. .
adorado continuamente pelos Anjos
tem um oorpo e uma alma como nós
nasce
como homem por isso sofre
{ morre
Duas
naturezas, só não .tem uma cousa ~ o pecado
única que vem a ser natureza ~ aquilo pelo qual uma
.Pessoa em cousa é o que é.
que vem a ser pessoa ~ é aquêle que possui a natu-
reza, a faz agir e é responsável por seus 'atos;
.'.
natureza divina (é Deus e
a;ge como Deus) .
Ma
natureza humana (é homem

em Jesus
1 e age como homem)

Quem possui as duas

uma mas
só pessoa' 1naturezas e as faz
agir é sómente o
Filho de Deus

~90 -
LEITURA

o TEMPO DA QUARESMA

o Papa São Leão Magno, no século V, dirigiu ao povo estas


palavras: "A sabedoria divina estabeleceu êste tempo propício de
quarenta dias, a fim de que as nossas almas se pudessem purificar,
e por meio de boas obras e jejum, expiassem as faltas de outros
tempos. Inúteis seriam porém os nossos jejuns, se neste tempo os
nossos corações se não desapegassem do pecado".'
As práticas exteriores que devem desenvolver em nós o espírÍto.
de Cristo e unir-nos a seus sofrimentos, são o jejum, a oração e a
esmola. ,
O jejum, é imposto pela santa Igreja a todos os fiéis, depois
dos 21 anos completos até atingirem os 60 anos.
A abstinência começa a obrigar desde os 7 anos.
O Prefácio da Quaresma descreve-nos os efeitos salutares do,
jejum, e aquêles 'que por motivos justos, são dêle dispensados, não
o estarão do jejum espiritual, isto é, de se privarem de festas,
teatros, leituras:puramente recreativas, etc ...
A oração. Assim como a palavra jejum abrange tôdas as mor-
tificações corporais, do' mesmo modo a palavra oração compreende
todos os exercícios de piedade feitos neste tempo, com um recolhi-
mento particular, como sejam: assistência. à santa Missa, a Comu-
nhão freqüente, a leitura de bons livros, a meditação, especialmente
da Paixão de Jesus Cristo, a Via-Sacra, e a assistência às pregações
quaresmais.
A esrnola compreende as obras de misericórdia para com o
prOXlmo. Já no antigo testamento está dito: "Mais vale a oração,
acompanhada do jejum e da esmóla do que amontoar tesouros".
, (Tob. 12,8). .
Renovemos em nós a graça do Batismo, e façamos dignos fru.l
tos de penitência!

(Nornistério dO Cristo).

- 91-
Lição XVII

JESUS É DEUS
. A transfiguração de Jesus.

Verão na Palestina: sol de agôsto.


Tarde avançada, quando o mormaço começa a ceder ao.
sôpro suave da brisa, Jesus toma Pedro, Tiago e João e os
convida a subir as encostas de uma colina das mais eleva-
das: o Tabor.
Devagarinho, a pequena comitiva chega ao tôpo. Noi-
tinha: os Apóstolos cansados da caminhada,. sentem-se ex-
tenuados vencidos pelo sono.
Jesus, porém, subiu para rezar, na solidão da altura.
E na oração esquece o cansaço dos membros e não sente
os reclamos do sonO. A oração absorve-o: e enquanto expan-
de assim sua alma, o corpo se transfigura. O rosto se trans-
forma: brilha como o sol. As roupas, atravessadas pelas
irradiações de tôda a sua pessoa, mostram-se alvas comone-
nhum tintureiro as poderia fazer. Jesus está imerso num'
oceano de glória e de luz: tanta lu~ que os Apóstolos, mer-
gulhados no sono, acordam.

Os testemunhos do P}i.

. Que espetáculo! .. Jesus resplandescente e, a seu lado,


duas figuras reverentes e majestosas: Moisés, o grande Le-
gislador, e Elias, o profeta arrebatado aos céus num carro de

92 -
fogo. No arrebatamento do êxtase, Pedro ainda consegue
falar:
- Mestre, como seria bom ficarmos aqui! Se quiseres, .
a" cousa é fácil; façamos três tendas: para ti, para Moisés e
Elias. Nós ficaremos mesmo ao ar livre ..•
Suas palavras foram, porém, int~rrompidas. Fulguran-
te nuvem envolve as três personagens que estaVam diante
dos apóstolos. E da nuvem sai uma voz: .
- :Êste é o meu Filho muito' amado, no qual ponho tô·
das as minhas complacências: ouvi-o!
Os apóstolos prostaram-se por terra.
Como outrora no Sinai, a nuvem que envolveu Moisés
indiCava a presença de Deus, assim no Tabor, Deus confir-
mava com a presençil o que havia proclamado no Jordão.
Pela segunda vez, Jesus era proclamado Filho de Deus.

~ 93-
, ','

Jesus proclama-se Deus.


O que Deus-Pai disse diante de poucos, Jesus procla-
mou-o na presença das multidões, em várias circunstâncias.
Em Jerusalém apinhavam-se os peregrinos que vinh~m
..celebrar 'a festa da Dedicação. Acotovelados ao redor de
Jesus perguntaram: "Se és o Cristo, dize-o claramente". E J~­
sus: As obras que eu faço proclamam-no abertamente. ~ .
Eu e o Pai somos uma cOUSa .só. Para os júdeu,s qu~. n~o
queriam de maneira nenhuma ouvir falar senão num único
Deus, ouvir essas palavras de Jesus, era ouvir uma enorme
blasfêmia; tanto assim que lançaram mão de pedras para la-
pidá-lo, pois os blafemos deviam ser mortos a pedradas. Je-
sus, porém, os conteve perguntando-lhes por que o queriam
lapidar.- E. ~les replicaram: "Não queremos apedrejar-te por
nenhuma de tuas ações, mas pela tua blasfêmia: Tu és ho-
,mem e te fazes Deus". Na realidade jesus dissera claramen-
te:Eue o Pai somos uma cousa só! Seus inimigos haviam
compreendido bem, mas não queriam acreditar. (S. João:
10, 30).
Eis agora a confirmação mais solene: a que foi proferi-
da diante do Sinédrio. Caifás, o sumo sacerdote, apostrofou
Jesus: "Esconjuro-te pelo Deus vivo, a dizer-nos se é~ o Cris-
to,o Filho de Deus vivo". Jesus sabia que para ~le era ques-
tão de vida ou morte: dizer sim, queria dizer ser condenado
à cruz. Não obstante, ~le que até então havia calado, rom-
peu o silêncio e disse "Sim, eu sou"; e acrescentou que um
. dia o veriam vir sôbre nuvens do céu, num trono, à dii"6.j-
ta do Pai. (S. Mateus: 26, 63).
o milagre.
"É fácil dizer-se Deus. Nós, porém, queremos provas!"
. Isso é o que o povo poderia pensar ou mesmo dizer.
Mas sôbre os lábios dos hebreus que viviam: ao lado de
Jesus, a pergunta não tinha sentido. Provas da sua divin-
dade, Jesus havia dado continuamente: os milagres!

- 94-
Milagre quer dizer cousa marávilhosa. O milagre é pre-
cisamente um fato q:ue desperta admiração. ,É extraordiná-
rio, é superior a tôdas as leis e forças da natureza. Elas não
o podem explicar, nem próduzir.
Pelas leis da natureza, a semente lan!:ada à terra germina e produz a
planta com flôres e frutos. Pelas leis da natureza, uma ferida pouco a pouco
se cicatriza e uma doença curá-se lentamente.
Mas nenhuma fôr!:a da natureza pode produzir a mudan!:a da água em
vinho; nenhuma fÔr!:a da natureza pode fazer desaparecer instantílneamente
uma ferida ou umá' doen!:a. Muito menos pode a natureza restituir a vida
a um' morto.
\

Somente Deus pode produzir êsse efeito maravilhoso


que se chama milagre. O milagre deve ser:
I) um fato sensível, isto é, tal que se possa verificar
com os nossos sentidos;
2) superior a tôdas as leis e. fôrças da natureza, isto é,
um fato que não possa ser causado por elas.

Os milagres de Jesus.
É preciso reconheçer que Jesus é Deus: os seus milagres
nos dão disso certeza. Tanto assim, que Jesus disse a seus
conterrâneos incrédulos: "Se não acreditais nas minhas pa-
lavras, acreditai nas obras. Elas dão testemunho a meu res-
peito e dizem quem sou eu".
Alguém poderia dizer: se é assim, também houve Santos
que durante a vida realizaram curas milagrosas. E ninguém,
entretanto, acredita que sejam "deuses". Por que devemos,
então, acreditar que Jesus é Deus? Resposta:
1) Nenhum santo proclamou ser Deus.. Jesus, ao con-
trário, disse abertamente que era Deus .
2) Todos os santos, mesmo ao fazer os mais estrepitosos
milagres, e precisamente ao fazê-los, fizeram questão de es-
clarecer que eram servos e instrumentos de ,Deus. tles in-
tercediam com sua oração· e Deus fazia, os milagres. Numa
palavra: nenhum dêles agiu em nome próprio. Jesus, po-

- 95-
rém, disse ao leproso: "Quero: sê limpo"; ao filho da viúva
de Naím, extendido no esquife, intimou: Jovem, eu te digo:.
levanta-te!
Conclusão: Jesus não se limitou a simples palavras, não
se contentou com dizer: "Eu sou Deus corno o Pai". Às suas
palavras acrescentou os fatos: os milagres.
E quando seus inimigos acreditavam havê-lo vencido e
sepultado para' sempre, tle os logrou deixando o sepulcro
vazio e ressrirgindogloriosamente. Deixara matar-se, pa- "-
ra depois dar a seus amigos e inimigos a prova última e defi.,
nitiva da sua divindade com o maior dos milagres: aRes·
surreição.
Jesus, único· intermediário.
A ofensa feita a Deus com a revolta do primeiro homem,
/ não podia ser mais grave: era enorme, infinita.
Se a ofensa era infinita, também a reparação devia ser
infinita. Nenhum homem podia dá-la, pois todo o homem
nasce pecador; e depois, que é um homem diante de Deus?
Jesus, Homem-Deus, era o único que podia colocar-se
entre a humanidade pecadora e a Majestade divina ultraja-
da; era o único intermediário ou Medianeiro que podia re-
conciliar-nos com Deus.
De que modo?
'Como Homem inocentíssimo, aceitou os castigos, sofri-
mentos e humilhações que estavam destinados aos pecado-
e
res; sofreu morréu precisamente corno Homem, porque co-
rno Deus, não podia nem sofrer nem morrer.
Corno Deus, perfeitíssimo, infinito e igual ao Pai, deu
à seus sofrimentos humanos e a seu sacrifício um valor infi-
nito. Assim. ofereceu ao Eterno Pai urna expiação, um res~
gate que com o seu valor compensou a ofensa feita pelo
homem pecador.
Por que Jesus fêz isso? Por amor para com a pobre hu-
manidade.
Não há na realidade amor maior do que êste!

- 96-
/
Para responder
Que disse Jesus de si mesmo em Jerusalém, no Templo? Que
respondeu a Caifás? - Que é necessário para que um fato seja mi-
lagre? - Que quer dizer "superior às fôrças da natureza?" - Os
santos não fizeram milagres? Há diferença entre seus milagres e
os de Jesus? - Que significa: Jesus, único Medianeiro?

Para recordar

o Pai o testemunhou { no Batismo e


pt)'blicamente na Transfiguração

Em Jerusalém entre os peregrinos


declarou do Templo. '
claramente { A Caifás respondendo ao Sinédrio.'

I- fato sensível
- superior às fôrças e leis da
natureza
Provou com - é uma cousa que só pode vir
milagres. de Deus
Jesus Milagre é: - Jesus provou com êle a sua
é divindade.
Deus Jesus -O maior de todos é a sua
Ressurreição.

- O pecado de Adão era ofensa

-
infinita.
-' era necessária uma reparação
infinita.
único
Medianeiro como homem, expiou o

l
00 pecado morrendo.
~ - Como Deus deu valor in-
M finito à sua expiação ou
Redenção.

- 97-
LEITURA

A SEMANA SANTA

A Semana santa, durante a qual a Igreja celebra os mistérios


de nossa Redenção, é a preparação última para a Ressurreição de
nosso Divino Salvador~ Correspondendo à sua alta significação, dis-
tingue-se esta semana por comoventes cerimônias e atos litúrgicos.
No domingo chamado de Ramos, comemoramos a solene entrada
de Jesus em Jerusalém e sua aclamação pelo povo.
Na quarta-feira, o grande Sinédrio resolve condenar Jesus à
'morte e Judas vende por isso o seu Mestre por. trinta dinheiros.
Na quinta-feira, assistimos à Instituição do sacrifício e' do
sacramento da Eucaristia.
Sexta-feira é o dia da condenação do Salvador, de sua .Cruci-
fixão e Morte na cruz.
---
Sábado santo é o descanso do Senhor na sepultura e o raiar
do dia, da Ressurreição.
Como vemos, a Igreja se aprofunda mais e mais nos insondáveis
Mistérios dil Paixão do Salvador, até que a nossa tristeza atinge o
mais alto grau nos últimos três dias. Os sinos' se calam, os altares
são despojados das toalhas. A história da Paixão nos é narrada
pelos quatro Evangelistas. O apóstolo São Paulo nos exorta para
tôda a semana a participarmos dos sentimentos de Nosso Senhor e
de sua Igreja, dizendo na Epístola do Domingos de Ramos: "Tende
em vós os mesmos sentimentos que teve Jesus Cristo".
Cuidemos que esta semana seja para nós verdadeiramente san-
ta, eSforçando-nos por uma vida mais perfeita, para 'que possamos
participar dos frutos de nossa Redenção. Evitemos as distrações
supérfluas, para que o nosso espírito possa estar junto a Jesus.
Enquanto for possível, assistamos às cerimônias e atos litúrgicos
dêsses dias.
(No mistério do Oristo).

- 98-
I.IÍção XVIII

o SEPULCRO 'GLORIOSO
, i. '

Sexta-Feira Santa: noite da paÍxão. Jesus, traído por


um apóstolo, renegado por outro, ;;tbandonado por todos,
morre num patíbulo de infâmia. . .,
Na tristeza de um lúgubl'eoca~o ;seu corpo divino, des-
figurado e dilacerado pelos sofrimentos, foi sepultado.
José de Arimatéia, rico discípulo de Jesus, com um ato
de coragem, pediu e conseguiu de Pilatos o cadáver do Mes-
tre. Nicodemos ajudou-o a :tributar a Jesus as derradeiras
homenagens: abundância de ar.omaspara aspergí-Io, um len-
çol branco (síndone) para envolvê-lo; ,e, depois a sepultura
num sepulcro novo, que José havia. feito 'escavar na rocha
viva, como tumba da família; ,. ,"
Enorme pedra rolada à entradafecliou' o sepulcro.
Todavia, os inimigos de Jesus n,ã(),estavam ainda satis-
feitos. O Nazareno havia prométiclo .ressuscitar. Havia ga-
rantido: Depois de três dias" saireI ~o, sepulcro. A astúcia
traiçoeira dos Fariseus via, portanto, ,um, perigo: que os dis-
cípulos fizessem desaparecer, dentro '~I: pouco tempo, o ca~
dáver, para depois fazerem ácreditar .quç Jesus haviá ressus-
citado. Por medida de precaução, ptx~iram a Pilatos que co-
locasse alguns soldados de guarda ao ~tiPulcro: os selos pos-
tos sôbre a enorme pedra nãolhes cl~v,aW,suficiente garantia.
Assim, o corpo de Jesus estav.a ao seguro: nenhum en-
gano era possível. .; . , '

- 99 '-
A descid,\ ao Limbo.
A alma de Jesus livre dos limites do corpo "desceu aos
infernos". Esta expressão do ,Credo indica que Jesus com
sua alma foi ter aos lugares inferiores. isto é, desceu coma
alma ao Limbo: lá estavam as almas dos justos mortos até
então, que com viva <,tnsiedade esperavam que Deus os viesse
salvar. Tais almas, não podiam ser condenadas ao Inferno,
porque não tendo morrido como pecado mortal na alma,
eram justas; mas não podiam também ser admitidas no Pa-
raíso, que ficaria fechado até que o pecado de Adão fôsse
expiado. ' ,
Descendo ao Limbo, Jesus levou àquelas almas a boa
nova: realizara-se a Redenção; o Paraíso tornara 'a abrir-se,
e elas subiram com ~le para o Céu, como primeiro fruto de
sua Morte Salvadora. '
N o terceiro dia.
Calma absoluta ao redor do sepulcro.
À noite daquela sexta-feira, e por todo o s,ábadoseguin-
te não aparecera alma viva. As sentinelas não haviam tido'
trabalho de espécie alguina; era a primeira vez que lhes
h;;tviam confiado a guarda da tumba de um justiçado. Trans-
correram assim duas, noites, e começava o terceiro dia.
Aurora.
A grande quiet~ide da hora matutina foi bruscamente
quebrada por formidável terremoto, que sacudiu as encostas
da colina. Um Anjo descido do céu, tirou a pedra do sepúl-
cro e sentou-se sôbreda. Ásua vista, os soldados tombaram
como mortos de stÍsto:
J es~s, vencedor da morte, havia ressuscitado retomando
seu corpo que havia sido sepultado.
Mas por que Jesus' tardou três dias para ressuscitar?
Não po~ia ressuscitar logo, para confundir seus algôzes?
Se houvesse ressuscitado "logo, seus inimigos poderiam
dizer: "Vê-se logo que não tinha morrido de verdade". As-

-'-- 100 -
sim não há lugar para dúvidas: depois .de quanto havia so-
frido, depois do golpe de lança que lhe transpassou o cora"
ção, depois de haver sido aspergido com aromas fortíssimos
e asfixiantes, envolvido estreitamente no lençol fúnebre e
fechado num sepulcro de pedra, exposto ao frio, mesmo que
estivesse ainda vivo, teria morrido por congelamento e asfi-
xia.
Seu triunfo ao ressuscitar foi, portanto, maior. O se-
pulcro foi para ~le o início da sua glória.
Havia-o proclamado e profetizado Isaías falando dêle
muitos séculos antes:. "Seu sepulcro será glorioso".

"Se Cristo não ressuscitou .. ;"

Afirmou-o São Paulo: Se Cristouão ressuscitou, nossa


fé é vã.

-101 -
Por que? Porque a Ressurreição é'a base da nossa Reli-
gião: ressurgindo por si próprio, por próprio poder, Jesus,
demonstrou, mais que cQm qualquer outro milagre, que era'
Deus. Por isso podemos crêr nêle com segurança. Se Jesus
ressuscitou da morte, quer dizer que é Deus: não há dúvida.
Tudo o que disse e· fêz, disse e fêz também como Deus.
No tempo da revolução francesa, destruído o trono real, queriam abolir
também a religião cristã. Em seu lugar instaurou-se uma espécie de culto
supersticioso à deusa Razão. Mas o, iniciador dêsse culto, o filósofo La Ra-
velIer-Lépoux, vendo o fracaso de sua. idéia queixou-se desconsolado. Foi en-
tão que Barras sugeriu-lhe à queima,-roupa o segrêdo do êxito: "Faça-se cru-
cificar na Sexta-feira Santa e procure ressuscitar, no Domingo pela manhã;
então haveremos' de acompanhá-lo: eu serei o primeiro".

Somente Deus póde fazer isto: e Jesus o fêz; por isso


cremos nêle. A nossa fé tem por fundamento uma tumba
vazia: a tumba vazÍa de Jesus ressuscitado.

Depois da ressurreição.
Permanecendo tanto tempo no sepulcro, Jesus havia da-
do a todos a certeza da sua morte; era, porém, necessário dar
aos apóstolos a garantia de -que a ressurreição se dera de fato.
Custava-lhes acreditar :que Jesus havia ressuscitado: tinham
até;mandado calar as'piedosas'mulheres que falavam da res-
surreição, tratando-as como alucinadas. E quando Jesus lhes
apareceu no Cenáculo, julgavam que era um fantasma. To-
quem em mim, disse, .en,tão, Jesus amàvelmente, sou, eu em
carne e osso.
E como ainda hesitavam, acrescentou: Vocês têm algu-
ma cousa para comer? E comeu,
Tomé quis ver e, :tocaras feridas das mãos e dos pés; e
não cedeu senão' com; a condição de pôr o dedo na ferida
mais evidente, à do lado.
Perante tais provas, tiveram de convencer-se. Jesus que
com tanta bondade cedera a seus desejos, havia-os confirma-
do na fé a seu respeito, tanto assim que todos deram por
1tle a própria vida (S. João: 20, 24-31). .

-102 ~
E durante o tempo em que permaneceu entre êles, ins-
truiu-os mais profundamente na sua doutrina, e deu-lhes as
últimas determinações e poderes para formar e governar a
Igreja.

A Ascensão.

Chegou o último dia.


A leste de Jerusalém, para lá da torrente do Cedron,
ergue-se o monte das Oliveiras. Nas suas encostas, encon-
tra-se o Getsêmani, onde Jesus suara sangue no comêço da
Paixão. Subiram os Apóstolos, acompanhando mais uma
vez o Mestre pelo caminho da colina. Chegados ao cimo,
disse Jesus aos seus Apóstolos: Ide e pregai a tôdas as na-
ções, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo. (S. Mat.: 28, 16-20).
Estendeu pela última vez as mãos sôbre êles e aben-
çoou-os. E nisso foi-se elevando suavemente no ar, aureo~
lado de luz, desaparecendo, pouco a: pouco, nas dobras de
uma nuvem luminosa. .
Assim foi que Jesus deixou a terra e subiu ao Céu, onde
está sentado à mão direita de Deus-Pai Onipotente: isto é, es-
tá unido ao seu Pai, na glória divina e tem direito à honra e
adoração devidas a Deus, pois que também ~le é Deus.
Atualmente, porém, Jesus não está somente no Céu:
como Deus, sendo imenso, está em todo o lugar; como Ho-
mem-Deus estáno céu, para onde subiu no dia da Ascensão
com seu corpo glorioso, e também no Santíssimo Sacramen-
to do altar, com uma presença misteriosa, mas real.

Para responder
Por que Jesus Oristo não ressuscitou logo? - De que maneira
Isaías predisse sua Ressurreição? - 'Quais as últimas palavras
proferidas por Jesus antes da Ascensão?

~ 103-
I

Para recordar
Jesus:
- foi traído
- jUlgado injustamente
Paixão - condenado à morte por Pôncio
Pilatos
- morreu na cruz
-, foi sepultado
Profecia -7 Jesus tinha prometido ressuscitar após
trt3s dias

seu corpo permaneceu {pelOS selos e


sepultado e guardado pelos guardas
DepoiS da
morte desceu ao Limbo para liber-
sua alma tal' as alinas dos justos
{
mortos até então

- na aurora do terceiro dia


Fim da - Jesus ressuscita por virtude
vida própria
terrena de - mostra-se aos Apóstólos
Jesus Ressurreição - fala e come com êles
- episódio importantíssimo de Tomé'
que ecredita somente após havrr
tocadq com sua mão: não há pois
ilusão

-confirma
Jesus fica na t erra _ ensina
40 dias { _ exorta
Depois da
Ressurreição DepoiS stlbiu ao Céu, onde está sen-
tado à direita de Deus-Pai Onipo-
tente
No Céu
como Deus está na terra
{
Jesus em tôda a parte
agora como no Céu e .
Homem-Deus no ss. S. acramento
{ do altar
está , .

-104

-.)
LEITURA

A SOLENIDADE DA PÁSCOA

Eis o dia que o ,Senhor nos preparou, alegremo-nos e nêle


exultemos.
Jesus Cristo, o Sol da Justiça, brilha neste dia em tôda a sua
plenitude. Sua Ressurreição é a prova mais brilhante e incontes-
tável de sua divindade. É, pois, com razão, que a santa Igreja, em
transportes de alegria, celebra o triunfo definitivo de Nosso Se-
nhor e associa todos áS seus filhos à sua gloriosa Ressurreição, fa-
zendo-os renascer para uma vida nova. Esta vida nova tem a sua
origem no Batismo. Por êste motivo, êste Sacramento ocupa um
lugar de relêvo na l~turgia pascal. Administravam-no solenemente
na noite do Sábado: e durante tôda a oitava, os novos batizadQs,
como filhos recém-nascidos, absorviam todos os cuidados da santa
Madre Igreja. Entretanto esta Mãe pensa também em nós durante
êste tempo. Jesus Cristo combateu também por nossas almas. Sôbre
as ruinas do "velho homem", Êle quer fundar o seu Reino da graça.
Cumpre,pois, exterminar em nós o pecado, único obstáculo à nossa
ressurreição. Eis porque a Igreja nos convida COll) tanta insistência
para o Sacramento dfl. penitência!
Significação dêste Tempo:
,É o período que vai do Domingo de Páscoa até ,o sábado de-
pois de Pentecostes. Três grandes festas se celebram neste espaço
de tempo: a Páscoa ou Ressurreição, a Ascensão e a descida do Di-
vino Espírito Santo (Pentecostes).
Tão antiga como a Igreja, a festa dá Páscoa regula a distri-.
buição do Ano Eclesiástico. O Mistério pascal preparado pela Qua-
resma e prolongado até Pentecostes, irradia-se sôbre quatro meses
do ano cristão: e todo o resto do ano é apenas uma preparação ou
uma expansão desta solenidade.
Para nós, a Páscoa não é somente a comemoração da Ressur-
. reição de Jesus Cristo; é o início, é o penhor e a garantia da nossa
própria ressurreição. 'O Batismo nos faz membros de Jesus Cristo.
O Espírito Santo que habita e vive n'í!:le, habita e vive também

-105 -
em nós. Nossos corpos são seus templos. Daí resulta que êste Es-
pírito, que ressuscitou' a Jesus Cristo, exercerá em todos os mem-
bros de seu Corpo místico, as mesmas transformações. Ressuscita-
remos e triunfaremos com ll:le. Nossa alma, nosso corpo, tÔda a
nossa personalidade, todo êste nosso eU,que nos é tão caro, a quem
a destruição e o nada horrorizam, conhecerá também êste dia vi-
torioso em que, vencida a morte, se tornará semelhante à humani-
dade gloriosa do Salvador. E como as festas pascais nos fornecem
o penhor infalível desta Ressurreição, tornam-se para nós um céu
antecipado.. A alma cristã, desde já, vive com Jesus Cristo ressus-
citado; e tÔda a liturgia, com os seus aleluias sem fim, dá-lhe um
antegÔzo da eternidade.
Mais que em qualquer outro tempo, o culto se reveste de um
aspecto solene e jubiloso, que contrasta com as tristezas da Semana
Santa.
O Círio. pascal, símbolo de Cristo ressuscitado, lá está aceso,
atestando até o dia da Ascensão, o Ressurgimento de Cristo.
Um reflorescer de vida sobrenatural se opera na Igreja, como
se das festas pascais brotasse uma seiva nova. Aguas batismais.
Santos óleos. Pão eucarístico. Luz. Fogo. Incenso. TÔdas estas
energias foram renovadas. Suspensos os seus ritos de penitência.
Os ornamentos são brancos. O Asperges que purifica é substituído
por um hino às águas purificadoras que acabam de brotar. Fica
interrompida a lei do jejum, mesmo nas ordens religiosas mais se-
veras. As Orações se fazem de pé, pois outra atitude conviria menos
a triunfadores.
(No mistério do Cristo)

: 1\

-106 -

\
Lição XIX

o ESPíRITO SANTO
Suas aparições.

No Novo Testamento, três são as manifestações visíveis


do Espírito Santo:
1 No batismo de N. S. Jesus Cristo: em forina de
pomba;
2 Na transfiguração: em forma de nuvem luminosa;
3 No dia de P,entecostes:em forma de línguas de
fogo.

Esta terceira manifestação foi assim: "Haviam passado


cincoenta dias após a ressurreição de Jesus; e precisamente
nesse dia, celebrava-se a festa de Pentecostes, quando os após~
tolos e os discípulos, juntamente com Maria SS., estavam ain-
da no cenáculo, reunidos em oração. Pelas nove horas da
manhã, de improviso ouviu-se um ruido como se fôra um
vento impetuoso; ao mesmo tempo, apareceram umas peque-
nas chamas, à semelhança de línguas de fogo, as quais visi-
velmente foram colocar-se sôbre a cabeça de cada um dos
que estavam alí presentes.
Todos ficaram cheios dos dons do Espírito Santo, de
tal forma que se viram possuidos de coragem extraordiná-
ria e serem entendidos por pessoas que falavam línguas, as
mais diversas.

-107 -
Quem é Êle.

Certa vez, achando-se S. Paulo na cidad'e de Éfeso, per-


guntou a alguns discípulos: . "Recebestes o Espírito Santo?"
-'- "Mas, se ninguém ainda nos falou nêle?! ... nem sequer
sabemos se existe o Espírito Santo!" (Atos: 19, 1-2).
Que não aconteça isso com você!

o Espírito Santo é Deus.

o Espírito Santo é a Terceira Pessoa da SS. Trindade.


Assim como dizemos que o calor vem ou procede da luz e do
sol, da mesma maneira o Espírito Santo procede das outras
duas pessoas, pois E.le é o amor recíproco do Pai e do Filho.
Possuindo a mesma natureza divina, o Espírito Santo é igual
em tudo e por tudo ao Pai e ao Filho. Por isso podemos e
devemos afirmar: O Espírito Santo é Deus.
Lembre-se do fato da história sagrada: Ananias havia
mentido a S. Pedro, e êste lhe disse: "como foi que Satanás.
tentou o teu coração para que mentisses ao Espírito Santo?
Não mentiste aos homens, mas a Deus". É positivo 'O tes-
temunho dado por S. Pedr'O: O Espirito Santo é Deus.
(Atos: 5, l-ll).
Muitas foram as ocasiões em que Jesus Cristo citou o
Espírito Santo c'Om'O uma das Pessoas da SS. Trindade; nu-
ma delas disse precisamente isto: "Ide, pregai-a tôdas as cria-
turas, batizando-as em n'Ome do Pai, e do Filho e do Espí-
rit'O Santo".
Sendo Deus, o Espírito Santo é também Onipotente,
Etern'O. Onisciente, Infinito, Perfeitíssimo. A E.le, pois, 'O
nosso l'Ouv'Or e a nossa adoração: "Glória ao Pai, ao Filho e
ao Espírito Santo. Assim como era no princípio; e ag'Ora e
sempre, e p'Or todos os séculos dos séculos. Amém".

-108 ~
o Santificador.
Ao Pai atribui-se a criação do mundo, ao Filho a Reden-
ção, e ao Espírito Santo a santificação das almas. Visto comQ
o Espírito Santo é o amor recíproco do Pai e dó Filho, a tle
se atribui a nossa santificação, que é fruto do amor que Deus
tem para conosco. Aí está porque S. Paulo falando dêsse
amor de Deus, afirma que "tle foi infundido em nossos co-
rações por meio do Espírito Santo". (Rom.: 5,5). .
tle realiza esta obra particularmente por meio da gra-
ca,
, conferida
. mediante os Sacramentos.

Templos do Espírito Santo.


Sim! Templos, onde habita o Espírito Santo. As nos-
sas almas são essas casas divinas. Temos como confirmação

- 109 - .
a palavra segura do apóstolo São Paulo, que assim escrevia
aos cristão deCorinto: "Não sabeis que sois templo de Deüs,
e que o Espírito de Deus habita em v<;?s?" (I Cor. III, 16).

No tempo das perseguições romanas, foi levada à presença da autoridade


do lugar a virgem santa Luzia, pelo crime' de /ler cristã. A certo ponto do in.-
terrogatório perguntam-lhe: "Então o Espírito Santo habita em ti?" Ao que
ela responde com presteza e segurança, certamente inspirada por Deus: "Todos
aquêles que vivem castamente e pfedosamente, são templos do Espírito Santo".

Aí temos as condições para que também nós possamos


gozar dessa honra sublime de possuir em nossas almas o Es-
pírito Santo: viver castamente e piedosamente!

Os seus presentes.

Ao vir morar em nossas almas, êsse hóspede divino não


vem com as mãos vazias. :Êle é rico e por isso quer enriquecer-
-nos também, trazendo presentes, que são os seus dons:

1 - Sabedoria: pela qual sempre mais sentimos prazer


e inclinação pelas coisas de Deus.

2- Entendimento: pelo qual compreendemos as su-


blimes verdades da salvação eterna.

3 Conselho: que nos ajudará na escolha do que mais


convém à santidade própria e à do próximo.

4 Fortaleza: pela qual a nossa vontade se torna capaz


de levar de vencida os obstáculos e dificuldades
que se lhe apresentam na vida.

5 - Ciência: que é ,uma luz divina" indicando-nos o


que devemos fazer, e o que devemos evitar.

-110
6 - Piedade: que nos une a Deus, fazendo-nos conside-
rá-lo como Pai muito áfetuoso, por amor do qual
nos dispomos a observar os seus mandamentos.

7 - Temor de Deus: é o dom que, recordando-nos os


castigos divinos, excita nossas almas a evitar e
aborrecer o pecado.

Conclusão .

. Nas igrejas, ao lado do altar em que está Nosso Senhor,


há sempre uma lâmpada do Santíssimo. Ela deve ficar con-
tinuamente acesa. Para isso, será necessário alimentá-la
com azeite, de tanto em tanto. Da mesma forma, se deseja-
mos que o Espírito Santo esteja sempre vivo em nós, é pre-
ciso:

1 Alimentar' as nossas almas por meio do azeite das


boas obras;

2 - Receber dignamente os Sacramentos, porque é por


meio dêlesque o Espírito Santo nos dá e aumenta
a Graça.

3 - Invocar êsse Espírito santificador com freqüência


e devoção, a fim de que 1tle tome posse do nosso co-
ração e o guie pelos caminhos da virtude.

Para responder

Que é o Espírito Santo? - Qual a afirmação de Sta. Luzia?


- Qual é a obra que se atribui ao Espírito Santo? - Quais os seus
dons? - Qual é o principal meio com que êle nos dá ou aumenta
a Graça divina? - Conte o que sucedeu no dia de Pentecostes.

-111-

f; >
Para recordar

Terceira Pessoa da {- Jesus Cristo '


SR Trindade - São Pedro .

- no Batismo
é Deus de .Jesus
Manifestou-se - na Transfi-
visivelmente guração
- no dia de
Pentecostes

é Hóspede das S,ão Paulo: "não sabeis"."


almas {
Santa Luzia: "todos aquêles .. :"
o Espírito
Santo - a Êle se atribui a nossa santi-
ficação.
- comunica-nos a Graça, princi-
é o Santificador palmente por meio dos Sacra-
mentos.
- enriquece-nos a alma com os
seus sete dons.

- boas obras.
Meios para conservá-lo - :~~~~:o dos Sacra-
em nós
\ - ilH'ocação frequente.

-112 -
LEITURA

PENTECOSTES

Pentecostes quer dIzer o quinquagésimo dia depois da Páscoa.


Esta solenidade, a terceira do ano pascal, é ao mesmo tempo a
sua conclusão e o seu complemento.
Neste dia nasceu a Igreja. Terminara J~sus a obra de Re-
denção. Era, pois, necessário assegurar-lhe os frutos, e para êsse
fim enviou, dez dias depois, o Divino Espírito Santo. A religião do
amor havia de espalhar-se como um fogo ardente sôbre a terra /
inteira. Sua missão é renovar a face da terra, e ::t!.:le a cumpre assis-
tindo a Igreja, guardando nela pura e infalível â doutrina, susci-
tando novos Apóstolos e missionários da fé. O Espírito Santo, diz '
Santo Agostinho, ê na Igreja o que a alma é em nosso corpo.
Três lugares há na Igreja onde o Espírito Santo opera de ma-
neira especial: o confessionário, o púlpito e o altar. Recebi' o Es-
pírito Santo, disse Jesus, conferindo aos Apóstolos o poder de per~
doar os pecados. O sermão é obra não do homém, mas do Divino
Espírito Santo. O Sacerdote é apenas o instrumento para propagar
a doutrina da Igreja. A santa Missa ainda é mais particularmente
obra do Espírito Santo. Assim como se operou o milagre da Incar-
nação pelo Divino Espírito Santo, assim é o Divino Espírito que
transubstancia o pão e o vinho no Corpo e Sangue de Jesus Oristo.
A importância do Mistério de Pentecostes, sendo tão grande,
não é de admirar que a Igreja lhe tenha destinado na santa Litur-
gia, a mesma categoria que para a festa da Páscoa.
A côr litúrgica desta solenidade e de tôda a oitava é a verme-
lha, que simboliza o fogo do Amor divino que o Espírito Santo ateou
nas almas.
(No mistério do Oristo)

-113 -
Lição XX

JESUS CRISTO VIVE NA


IGREJA
Oom certeza, mais de uma vez ocorreu a você esta idéia: "Como seri\i.
bom ter viyido nos tempos de Jesus, para ouvir de seus lábios as palavras
de vida!"
É um desejo cheio de belos sonhos ... Mas pensando bem, é um desejo
inútil. Não estamos também agora em condições de ouvir a palavra de Jesus?
Pois se ftle disse: Eis, estou convosco até o fim dos SéClblos. (S. Mt. 28,20)
Até o fim dos séculos!· Como? Onde?

A Igreja de Jesus.

Durante sua vida terrena, encontrou-se Jesus um dia


. numa zona fronteiriça, nas proximidades de uma cidade cha-~
mada Cesaréia de Félipe. E perguntou aos discípulos que o
acompanhavam: Digam-me uma cousa: quem é que o povO'
diz que eu sou? As respostas foram várias segundo as diferen-
tes opiniões que os Apóstolos tinham ouvido entre o povo:
para alg;uns ~le era João Batista; para outros Elias ou Jere-
mias, ou um dos Profetas. Assim pensava o povo.
E vocês, continuou Jesus, quem acham que eu sou?
Agora foi a vez de Simão Pedro falar, e Pedro disse com
tôda a franqueza: Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.
Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, continuou Jesus, por-
que o que acabaste de afirmar não te foi revelado pela carne

-114
ou pelo sangue, mas pelo meu Pai que está nos Céus. E eu
te digo: Tu és Pedro e sôbie esta pedra edificarei a minha
Igreja e os poderes do inferno não prevalecerão contra ela.
Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus: o que ligares na terra
será ligado nos Céus, e tudo o que desatares na terra será
desatado também nos Céus. (S. Mateus: 16, 13-19)
Destas palavras transparece claramente a intenção de
Jesus: fundar o seu Reino, a sociedade nova, a sua Igreja,
que devia perpetuar sua obra e conservar sua doutrina até
o fim dos séculos, sôbre um alicerce estável.
Na Igreja; herdeira e conservadora dos divinos ensina~
mentos, é Jesus que vive e age.
Significado da palavra.
A palavra Igreja pode ter dois significados.
Comumente entende-se por igreja o lugar sagrado, ou
templo, onde os cristão se reunem para rezar.

-115 -
Mas o verdadeiro significado é outro. "Ecclesia" é uma '
palavra grega, que qu~r dizer: assembléia, reunião, s'ociedade.
Designa, pois, a assembléia ou a sociedadé dos verdadeiros
çristãos, isto é dos batizados que professam a fé e' a doutri~ ,
na de Jesus Cristo, partiCipam de seus sacramentos e obede-
cem aos pastores, isto é, aos chefes, estabelecidos por tle.

Mediante a pregação e com os milagres, Jesus atraiu


muitas pessoas, que lhe obedeciam e faziam a vontade do
seu Pai, como ~le ensinava. Dêles disse Jesus: Quem observa
a vontade do meu Pai, é meu pai e mãe, irmão e irmã.

Queria djzer que êles formavam como êle uma verdadei-


ra família. Enquanto Jesus permanecel) sôbre a terra, era ~le
mesmo o Pastor e Chefe desta família ou sociedade. Mas
tendo que subir ao Céu, não quis deixar seus fiéis sem pas-
tores e sem um chefe visível. Por isso, depois da ressurreição
disse aos Apóstolos: Como meu Pai me enviou, assim eu vos
envio. Quem crer em vossa palavra e fôr batizado, será
. salvo; quem não crer, será condenado. (S. Marcos: 16. 16).

Confirmou assim as palavras ditas aos Apóstolos em


outras circunstâncias: Quem vos escuta, a mim escuta; quem
vos despreza a mim despreza. (8. Lucas: 10, 16).

E nas margens do lago de 'Tiberíades, estando a sós


- com São Pedro, repetiu-lhe três vêzes: Apascenta meus cor-
deiros, apascenta minhas ovelhas. (S. João: 21, 15-17).
, ,

Nessa ocasião cumpriu a promessa feita tempos att~s


em Cesaréia: "Tu és Pedro e sôbre esta pedra edificarei a
minha igreja ... e a ti darei as chaves do Reino dos Céus".
\ I
, Jesus tinha fundado a' Igreja e pusera-lhe ,a testa os
Apóstolos. Mas à frente de todos, inclusive os Apóstolos,
havia colbcado Pedro. (S. Mateus: 16, 18).

-116 -
Para que fim Jesus 'Cristo fundou a Igreja?

Para que fim Jesus 'veio à terra? Para salvar as almas e


santificá-las. Precisamente para isso instituiu a Igreja; ela
devia continuar sua obra. 1tle o disse ao Apóstolos depois
da ressurreição: (releia as palavras de Jesus citadas no pará-
grafo precedente).
E p~ra êsse fim que meios deu à Igreja?
1) O sacrifício da Missa, que é a renovação do sacri-
fício do Calvário, e que aplica e distribui a nós os ~eus Jlle-
recimentos infinitos.
2) . Os sacramentos, pelos quais é comunicada a Graça
e os ~uxílios necessários para viver cristãmente.

3) O Espírito Santo que Jesus havia prometido tantas


vêzes: Rogai ao Pai e :tle vos dará um outro Consolador, que
permanecerá convosco para sempre. .. O Consolador, o Es-
pírito de verdade, que o Pai mandará em meu nome, vos en-
sinará tôdas as cousas e vos recordará quanto vos tenho dito.
(S. João: 14, 26 e 16, .13).

E assim aconteceu. Os Apóstolos, depois de receberem


o Espírito Santo no dia de Pentecostes, começaram seu minis-
tério, ~e com a fôrça que lhes dava o Consolador, afrontaram
até as mais cruéis perseguições, para salvar as almas.
O que o Espírito Santo operou nos Apóstolos, continua
a fazê-lo na Igreja, assistindo-a, guiando-a e vivificando-a,
do mesmo modo como a àlma dá vigor ao corpo e o vivifica.

Para responder'

Quando foi que Jesús manifestou a intenção de fundar a Igreja?


- Devendo subir ao céu, a quem confiou os poderes da Igreja? -
Quando cumpriu a promessa feita a Pedro, perto de Cesaréia?

-11'7-
Para recordar

!
"Eis estou convosco até a t!onsu-
Pr01ness,a mação dos séculos"
de J'esus'
, está conosco na sua Igreja

. sociedàde dos verdadeiros Oris-


tãos -7 os batizados 'que profes-
sam a fé, e a doutrina de Jesus
Que éa Igreja
Cristo participam de seus sa-
cramentos e obedecem aos pas-
tores estabelecidos por Êle,

r
Jesus vive Quem são os Apóstolos à testa dos fiéis
e Pastores esta-
{ dos fiéis e de
age na belecidos por Pedro à testa todos os
Igreja ,resus? , Apóstolos
I;

salvar as almas continuando a obra


de Jesus
o Sacrifício novo: a
Esoôpo' S, Missa
da
meios de salvação:
Igreja
mediante os Sacral1wntos:
\
" Santo
O Espínto '{ que. assiste
. gUla
all1w da Igreja vivifica

-118 -
Lição XXI,

A IGREJA ROMANA
A IGREJA E O SUMO PONTíFICE

Jesus Cristo fundou sua Igreja, p4ra que os homens ne--


la encontrassem os meios' de salvação eterna. Entrar na Igre-
ja de Jesus e viver como verdadeiro cristão é a mesma cousa
que salvar-se.
Mais há uma dificuldade. Jesus Cristo fundou uma
Igreja só; entretanto, hoje em dia são mais que uma as Igre-
j<:ts que se dizem fundadas por Jesus: a Igreja Católica Ro-
mana, a Protestante, a Grego-Cismática.
Qual é a verdadeira? Qual delas possui na realidade
as chaves do Reino nos Céus? -.

Subir até Jesus Cristo.

É verdadeira Igreja a que remonta sem interrupção o,u


mundanças até seu fundador, J esusCristo.
Se examinarmos a origem das várias igrejas, notaremos -
que a Igreja Protestante data de Lutero, Calvino, Henrique
VIII da Inglaterra (por isso mesmo chama-se Luterana, Cal-
vinista, Anglicana); a Igreja Grego-cismática remonta a
.Fócio e Miguel Cerulário, patriarcas de Constantinopla. Fo-
ramêles que, em épocas diversas, puseram-se à testa de um
grande movimento de separação de Roma, fundando uma

-119 -
Igreja por própria conta, separada da que Jesus havia fun-
dado. Como podem então estas várias Igrejas de origem
mais recente, pretender chamar-se a Igreja de Jesus Cristd?
Demos 'agora 'um olhar à Igreja Católica Romana. Seu
chefe é hoje João XXIII, o Papa gloriosamente reinante.
Mas êle é sucessor de Pio XII, e Pio XII é sucessor de Pio XI,
e assim por diante ...
É cousa fácil e segura, subir de Papa em Papa, e chegar
até o apóstolo Pedro, que é a pedra sôbre a qual Jesus Cristo
edificou sua Igreja. SàmeIite nessa antiquíssima Igreja não
et:lcontramos interrupções, nem mudanças. João XXIII é o
legítimo sucess()r de Pedro da Galiléia!
E isso não é significativo? Se de João XXIII através de
uma cadeia ininterrupta de 262 Sumos Pontífices, chegamos
até São Pedro, quer dizer que chegamos a Jesus Cristo.
A Igreja de Roma é, pois, a Igreja que Jesus fundou.

As notas da verdadeira Igreja.


Mas há, além disso, outros fatos que permitem distin:
guir a verdadeira Igreja de Jesus Cristo das que se sepa-
raram dela. Quais? . "
Para distinguir as moedas verdadeiras das falsas, os an~
tigos negociantes recorriam a um expediente muito simples:
batiam a moeda sôbre o mármore do balcão. A moeda emitia
então um som característico ou um som surdo. A nota emi-
tida acusava se a moeda era boa ou falsa.
A verdadeira Igreja tem também sua nota característica,
ou melhor, várias notas que são como os carimbos ou etique-
tas que o Divino Fundador, Jesus, lhe imprimiu, para que
todos pudessem reconhecê-la com facilidade e certeza. Essas
notas, etiquetas ou sinais são quatro: unidade, santidade, ca-
tolicidade, apostolicidade. .
Entre as várias Igrejas que pretendem ser fundádas pelo
Divino Salvador, qual é verdadeiramente una, santa, católi-
ca, apostólica?

-120 -
, -
A respos,ta que nos dão as notas é a seguinte: A Igreja '
Católica Romana. E somente ela.

As outras Igrejas.
/

Por sua vez, as demais Igrejas não apresen~am as quatro


notas características.
1) Quanto à unidade: basta lembrar que os Cismáticos
se subdividiram em Nestorianos, Monofisitas, Monoteli-
tas ... ; ao passo que os Protestantes pulverizaram-se numa
infini'dade de seitas, já que não se põem de acôrdo nem se-
quer s6bre as questões principais (alguns por exemplo, admi-
tem cinco sacramentos, outros três, outros nem sequer
admitem o Batismo). Além do mais, tanto os Cismáticos
como os Protestantes não têm um chefe único que os una

-121-
I'

sob sua autoridade: no máximo, acham-se de acôrdo apenas


os de uma mesma nação.
, 2) Quanto à santidade: é só lembrar os fundadores
para ver como Lutero, Calvino, Henrique VIII não eram
certamente farinha para hóstia! Muito ao
contrário ...
E seus seguidores? Decorridos tantos séculos, nem a
Igreja Cismática, nem a Protestante puderam proclamar
um santo sequer, o que equivale a dizer que não puderam
propor à veneração de seus fiéis nem um só de seus adeptos,
.. que tenha praticado 'as virtudes cristãs em grau heróico.
Como não pensar então nas palavras de Jesus? A árvore
conhece-se por seus frutos: uma árvore má não pode dar
frutos bons. (S. Mateus: 7, 17-18).
3) Quanto à catolicidade ( . universalidade): a Igreja
,Cismática ficou encantoada desde há muitos séculos num
ângulo da Europa, sem nunca pensar em espalhar-se pelo'
resto do mundo. A Protestante espalhou-se, é verdade, um
pouco por tôda a parte, mas comêste inconveniente: uma
seita aquí, outra acolá. E sendo uma seita' uma espécie de
igreja à parte, não se pode dizer que cada uma delas seja
universal, uma vez que muitas são de caráter puramente
local. Mesmo unidas não são universais, porque todos os
protestantes juntamente não conseguem dizer de acôrdô
nem sequer o Credo.
4) Quanto à apostolicidade (= origem que se prende
aos Apóstolos). Todos sabem quais foram os iniciadores da
Igreja Cismática e da Protestante: não foram os Apóstolos,
enviados por Jesus Cristo, mas homens que viveram vários
séculos depois. Lutero (j! Calvino viveram aí por 1500, Mi-
guel Cerulário depois do ano 1000, Fócio no século IX. E
antes dêlés quem é que havia? De quem receberam ou her-
daram sua autoridade? Não passam todos êles de rebeldes,
que não quiseram submeter-se aos sucessores dos Apóstolos:
não são apostólicos!

-122 -
Concluindo: se tais Igrejas não são unidas, não são san-
tas, nem católicas, nem apostólicas, poderão apresentar-se
como Igrejas de Jesus Cristo?
Não, absolutamente; e quem se encontra nelas não está
na verdade, mas no êrro. Aí está o porque desta sentença:
"fora da Igreja não há salvação".
Devemos rezar para que nossos irmãos separados reco-
nheçam seuêrro, e voltem quanto antes à unidade da ver-
dadeira Igreja! .
Jesus os espera, porque ~le quer "Um só rebanho debai·
xo de um só Pastor". (S. João: 10,16).

Para responder
Uma Igreja que não remonta até Jesus Cristo, pode ser verda-
deira Igreja? - A Igreja Protestante remonta até quem? e a Cis-
mática? - Tais Igrejas são unidas? santas? católicas? apostólicas?

Para recordar
Jesus fundou a sua Igreja
Hoje, porém, existe mais de' uma que se diz ver-
dadeira I g1'eja
Como se pode conhecer a verdadeira Igreja.
a Igreja deve buscar sua origem
dil'etamente em Jesus Cristo e
1. qUanto à não em outr:as pessoas;
origern
jisto se verifica tão somente na
Igreja Católica Romana.
, A verdadeira
Igreja unidade ~ -as outras Igrejas têm:
muitas seitas
só alguns sacramentos
muitos chefes
2. aS'notas santidade ~ Não têrn santos
características catolicidade ~ são 1?tuitas vêzes
nacionais ou locais e nunca uni-
versais
apostolicidade ~ não rernontam
aos Apóstolos mas a cismáticos
ou hereges que as fundaram.

123-
o·j
, \
LEITURA

FESTA DA SS. TRINDADE


(V' Domingo depois de Pentecostes)

A festa de hoje é uma justa homenagem à SS. Trindade. Não


somente neste dia, como também em tôdas as Missas, devemo-nos
lembrar de render graças à SS. Trindade. Sejam nossos cânti-
cos de louvor o prelúdio do cântico perene: Santo, Santo, Santo é o
Senhor Deus dos exércitos, que os Eleitos em união com os Sera-
fins cantam chei,Os de profunda reverência à Majestade de Deus.
A festa da Santíssima Trindade tem por objeto o mistério mais
impenetrável da nossa fé.
A verdadede fé que esta festa celebra é a seguinte: só há um
Deus e êsse Deus é em três pessoas: O Pai é Deus, o Filho é Deus,
o Espírito Santo é Deus. No entanto não há três deuses, mas um só
Deus, eterno, infinHo, incompreensível. O Pai não é mais Deus que
o Filho e o Espírito Santo. O Pai é a primeira Pessoa divina; o
Filho é a segunda, gerado eternamente da substância do Pai; o
Espírito Santo é a terceira Pessoa divina, procedendo eternamente
do Pai e do 'Filho. Êste profundo mistério não pode ser penetrado
por nenhuma criatura. Contentar-nos-emos em nos inclinar humil-
demente e dizer: Senhor, nós cremos; auxiliai a nossa fé tão
fraca!
Colocando esta festa no primeiro domingo depois de Pentecostes,
quer a Igreja lembrar-nos que cada domingo é propriamente uma
festa da Santíssima Trindade. Devemos lembrar-nos em cada do-
mingo, com reconhecimento, dos benefícios que a Santíssima Trin-
dade nos concedeu. O Pai nos criou e nos chamou. O Filho nos
resgatou. O domingo é o "dia do Senhor", o dia da sua Ressurrei-
ção. O Espírito S'anto nos santificou, fêz de nós seus templos; foi
num domingo que o Espírito Santo desceu sôbre a Igreja nascente.
O domingo é, portanto, um dia da Santíssima Trindade.

(No 1nistério do Cristo).

-124
Lição XXII

AS NOTAS DA IGREJA
ROMANA
, As notas estabelecidas por Jesus Cristo, que inutilmen-
te procuramos nas Igrejas separadas de Roma, encontram-se
tôdas na Igreja Católica. Formam elas maravilhosa har-
monia que ressoa há séculos, descendo ao nosso coração para '.,
arrancar dêle um canto de fé.

Una.
É Una, primeiramente, na sua fé.
Durante o Ano Santo de 1950, celebrou-se em Roma o mais maravilhoso
dos Jubileus universais. O que mais comoveu os peregt'iuos vindos de todos os
recantos da terra, foi o sentir-se ~tnidos em perfeito acôrdo na sua fé.
Todos cantavam o 01'edo com as mesmas palavras, os mesmos sentimentos,
de onde quer que viessem: dos países frios do norte, da América, da África,
da Oceânia. Juntos chegavam-se aos mesmos altares a fim de assistir ao único
Sac1'ifício e receber os mesmos fjacramentos,. e nas audiências pontifícias todos,
com um só coração, reconheciam no Romano Pontífice o único Ohefe Visível,
Vigário de Jesus, sucessor direto de São Pedro.

Nós católicos constituímos uma massa compacta, de 400


milhões, formando todos um só corpo; o Corpo Místico de
Jesus Cristo, ao qual estamos misteriosamente mas realmen-
te unidos. ~le é a cabeça, nós os membros; ~le o tronco, nó~
os ramos.
Vemos assim realizado na Igreja o desejo de Jesus
,Cristo: Um só ovil debaixo de um só pastor, e também a sua
oração proferida em favor dos que no futuro aceitariam a

-125 -
sua doutrina: Pai Santo! .. , que êles sejam uma cousa só,
como Tu, Pai, estás em mim e ~u em Ti! (S. João: 17, 11).

Santa.
É santa sobretudo porque santos são Jesus Cristo, chefe
invisível, e ° Espírito Santo, que a anima. Mas além disso
é santa a doutrina, que santifica as almas condenando não
sàmente os atos maus, mas também os pensamentos e de-
sejos ruins; é santo o Sacrifício,'no qual se imola o Cordeiro
Imaculado: os Sacramentos que perdoam os pecados, dão a
graça santificante, aumentam-na e ajudam a conservá-la.
Tudo na Igreja é santo e conduz à santidade, isto é à graça
de Deus, que se conserva lutando contra o pecado. Todos
sorrios chamados à santidade, e quantos, mesmo hoje em dia,
vivem santamente! Pais e mães de família, meninos e Vle~
ninas que cumprem o dever quotidiano, resistindo às tenta-
çõese atrativos do mal: são santos diante de Deus. Pois
quem conserva a graça e luta contra o pecado é santo!
Você também é chamado a esta luta e a essa santidade.
Assim você cumprirá a vontade' expressa de J esus: Sê~
de perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está nOS Céus;
(S. Mateus: 5, 48).
Católica.
É católica, isto é universal. Por ordem de Jesus Cristo
a Igreja deve acolher todos os homens, de tôdas as línguas
e raça~, deve durar até o fim do mundo e espalhar-se até Os
últimos confins da terra. Ide, são palavras de Jesus, e ensi-
nai tôdas as gentes. .. Eu estou convosco até o fim dos
séculos.
A Igreja Romana não esqueceu esta ordem de Jesus:
envia continuamente seus missionários às terras mais distan-
tes, para atrair os infiéis ao amor de Deus e guiá-los à sal~
vação eterna. .
Todos, mesmo os Protestantes e os Cismáticos, estão
persuadidos. de que a nossa Igreja tem direito de chamar-se

-126 -
católica. Quando falam de nós, costumam dizer "os cató-
licos" e apontando para uma nossa igreja chamam-na "tem-
plo católico".

Apostólica.

É apostólica, porque vai sem nenhuma interrupção até


São Pedro e os Apóstolos. Está, pois, fundada sôbre os Após-
tolos, dos quais os Bispos são legítimos sucessores.
Na Igreja Romana o poder dos Apóstolos foi transmi-
tido sem interrupção; sua doutrina foi ensinada sem altera-
ção; o Credo que hoje recitamos, também chamado símbolo
Apostólico, é do tempo dos Apóstolos; os Sacramentos que
recebemos, incluindo a Confissão, são os mesmos que se
administravam no tempo dos Apóstolos. Portanto, não se
tendo mudado nem perdido nada, nossa Igreja é verdadei-
ramente Apostólica, e os Bispos unidos ao Papa são os Pas-

-127 -

/
tores que Jesus quis para seu rebanho. Podem-se referir a'
êles as palavras de Jesus: Como o Pai me enviou, assim eu
vos envio a vós. Quem crer as minhas palavras e fôr bati·
zado, se salvará; quem não crêr, será condenado. (S. João:
20, 21).
000 \

Estejamos certos, portanto, que a nossa Igrej~ é: Una,


Santa, Católica e Apostólica! É a Igt:eja de Nosso Senhor
Jesus Cristo!
Para responder
Qual era o desejo de Jesus acêrca de seu rebanho? - Qual a
oração pelos seus seguidores? - Quem é santo na Igreja?

Para recordar

Tem tôdas as notas estabelecidas por Jesus, seu


divino Fundador

é una ,I ~~ !!crifíciO
nos s~cramentos
no Ohefe visível
forma um só
"corpo místico"

Jesus Oristo, seu chefe

I
é santa sua doutrina e sacramentos
A' porque
nossa todos são chamados à santidade
nela são 'f
santa santos muitos de fato foram santos, são e
Igreja serão
Oatólica

oat~!ioa
Instituída para todos
6 1 por que está ,e adaptada a todos e
, está espalhada por
1 tôda a terra

está fundada sôbre os Apóstolos e


o poder dos Apóstolos transmitiu-
se sem interrupção ao Papa e aos
Bispos unidos ao Papa.

-128 -
LEITURA

CORPO DE DEUS
(5. a feira após a festa da SS. Trindade)

Na realidade, o dia da instituição da Eucaristia é a Quinta-


-Feira santa. A lembrança da Paixão de Cristo não permite, po-
rém, uma, alegria festiva nêsse dia; Por isso, uma festa especial
do SS. Sacramento nos permite celebrar a Instituição da Eucaristia
com solenidade e alegria. Escolheu-se para essa celebração a quinta-
~feira que se segue à conclusão do tempo pascal.
Pode haver coisa mais preciosa do que êste banquete? 'Nele nos
apresentam o próprio Cristo, o Deus verdadeiro, para alimento de
nossas almas! Que pode haver de mais admirável do que'êste Sacra-
mento? Nêle são transformados o pão e o vinho no Corpo e no San-
gue de Cristo. Portanto, Cristo, Deus e Homem está contido todo
inteiro sob as espécies do pão e do vinho.
Nenhum sacramento é mais salutar do que êste. Porque nêle
são lavados os pecados, aumentadas as virtudes, e o espírito se sacia
com a abundância das graças espirituais. .
Que é que propriamente celebramos nesta festa?
A Seqüência da Missa nos responde: "Louva, Sião, ao Sal-
vador, louva ao Príncipe e ao' Pastor". Honramos portanto hoje,
a Cristo, o Rei, o Mestre, o Pastor que nos alimenta com Sua pa-
lavra e seu próprio Corpo e Sangue. :Êste é o motivo princ~pal e o
sentido da festa. '
Que é para nós, cristãos, a Eucaristia, e que deve ser? Ela não
é apenas um dos muitos meios de santificação, ,mas é o centro de
nosso culto cristão, o sol de nossa vida religiosa. Se queremos por-
tanto celebrar séria e sinceramente, no espírito da liturgia, esta
Solenidade; deve ser nossa aspiração íntima colocar realmente a
Eucaristia no centro de nossa vida religiosa.

(No mistério do Cristo).

- 129
Lição XXIII

MESTRA INFALIVEL DA
VERDADE "",'
Jesus instituiu a Igreja com êste fim: para que os ho-
mens encontrem nela o caminho seguro para consegúir a
salvação eterna.
A Igreja é, pois, um maravilhoso e ousado caminho pa-
ra a escalada do Céu.
Quando nos aventuramos a escalar algum pico ou quan~
do uma expedição tenta conquistar uma região inexplorada,
há necessidade de um guia.
Quem é que faz o papel de guia na Igreja?,
\

A Igreja docente .. :.

Guia é quem ensina o caminho a quem não sabe. Ora,


Jesus Cristo encarregou os Apóstolos de ensinar. Eis suas
palavras: "Ide e ensinai a todos os povos ... ensinando-lhes
a observ~r tudo o que vos mandei".
Portanto, segundo Jesus Cristo, os Apóstolos e depois
seus sucessores devem ser guias na Igreja. Por isso dizemos
que o Papa e os Bispos unidos com êle constituem a Igreja.
Portanto, segundo Jesus Cristo, os Apóstolos e depois
seus sucessores devem ser guias na Igreja. Por isso dizemos

-130 -

fi'
que o Papa e os Bispos unidos com êle constituem a Igreja
docente, encarregada de ensinar as verdades e as leis divinas
a todos os homens.
Tão somente ela recebeu essa misão: e por isso, somente
dela é que os homens recebem o conhecimento pleno e segu-
ro da verdade, e leis necessárias para viver cristãmente.
Conhecimento pleno, isto é, de tôdas as verdades e não
de algumas somente. Conhecimento seguro, isto é, sem som-
bra de dúvida e sem receio de erros.

. .. é infalível.

Todavia, não é possível ter garantia de conhecimento


quando quem ensina está sujeito ao êrro. Por isso é neces-
sário que a Igreja docente seja infalível.

-131-
~ste ponto é muito importante, e Jesus quis esclarecê-
-lo muito bem., Fêz à sua Igreja uma preciosíssima promes~.
sa. Após a última ceia, entretendo-se em conversa íntima
com os Apóstolos, disse: "Rezarei ao Pai e 1tle yos dará um
outro 'Consolador, para que permaneça sempre convosco, o
Espírito de verdade que vos ensinará ,tudo e vos lembrará
quanto vos disse".

A promessa e a oração de Jesus dão à Igreja a máxima


garantia: é impossível que ela possa errar, pois o Espírito
de verdade assiste-a continuamente.

Mas a promessa de não errar (= infalibilidade), não foi


feita a cada um dos bispos separadamente, mas a todos jun-
tos, concordes entre si e unidos com o Papa. Além disso, a
infalibilidade prometida diz respeito, como afirmou Jesus, ao
ensinamento das "coisas que vos disse". Essas coisas são as
verdades por ~le reveladas e que nós devemos crer.

Do quanto dissemos 'nascem duas conclusões bem claras:

1) Cada bispo, tomado isoladamente, pode errar 'nas


verdades da fé, porque não é infalível.
I

2) A mesma Igreja docente não é infalível quando


fala de coisas que não têm: nenhuma relação com as verdades
reveladas.

A pedra fundamental.

Com as solenes palavras: "Tu és Pedro e sôbre esta pe-


dra edificarei a minha Igreja", Jesus Cristo prometeu ao
pescador da Galiléia que o faria alicerce da sua Igreja, con-
cedendo-lhe o primado de jurisdição e ensinamento sôbre
todos os Apóstolos. Após sua ressurreição Jesus deu de fato

-132 -
a São PedrO' esta incumbência, aO' dizer-lhe "Apascenta mi-
nhasovelhas e apasce~ta os meus cordeiros".
E SãO' PedrO' exerceu êste primado? CO'mO'? Onde?
" Sabe~O's pela história que, depois de Pentecostes, liber-
tadO da prisãO'pO'r um anjo, PedrO' deixO'u Jerusalém e fO'i
pará AntiO'quia. '
De lá, dirigiu-se a RO'ma, O'ride fixO'u definitivamente
sua sede. FO'i O' primeiro Bispo da cidade imperiaL Mas,
lembrandO' a O'rdem recebida de Jesus, preocupO'u-se sempre
com ~ tO'do o -rebanhO' de CristO', sendO' de fato O' Bispo~i­
versaI de tôda a Igreja. À sua mO'rte sucedeu-lhe SãO' Lino
na.,sede episçO'palde RO'ma e também nO' primado, istO' é, no
O'fíc~O'.re princípide dO's ApóstolO's e de BispO' universal; se-
guiram-se Santo Anacleto, SãO' Clemente... A cadeia de
sucessO'res de SãO' Pedro nãO' se interrO'mpeu jamais; chegO'u
até o atual PO'ntífice J O'ãO' XXIII.
O. Papa, precisamente comO' sucessO'r de SãO' Pedro" é O'
chefe visível de tôda a Igreja e VigáriO' O'U seja representante
jurídico .de Jesus CristO', que é seu chefe invisível. O Papa,
pO'rta,ntO', é, verdadeiramente, segundO' a cO'nvincente expres-
são de, Santa Catarina de Sena "o doce Cristo na terra" ..

o Papa é infalível.

Os l3ispos, em umaO' cO'm o Papà, cO'nstituem' a Igreja


quenaO' erra quandO' ensina, a Igreja infalivelmente dO'cente.'
Mas, sozinho, pO'ssui também êle êste extraordináriO' privi-
légiO'?
DevemO's pensar nas palavras dirigidas pO'r Jesus a SãO'
PedrO': "Tu és Pedro e sôbre esta pedra edificarei a minha
Igreja". PedrO', pO'rtanto, é O' fundamento duma construçãO'
que deve permanecer inabalável. Se O' alicerce se abala, O'

~ 133 ~
edifício todo desmorona. No nosso caso, o alicerce não de-
verá ter' dúvida nem incerteza, nem êrro, que seriam abalos
da verdade.
Mas Jesus continuou: E eu te darei as chaves do. reino
dos Céus; tudo o que ligares na terra será ligado também no
Céu, e tudo o que desligares na terra, será desligado também'
no Céu. Com estas palavras Jesus prometeu claramente que
Deus no Céu confirmaria e aprovaria tôdas as suas decisões,
porque de aí em diante considerava São Pedro como seu
vigário na terra. "Atar e desatar" na língua hebraica signi-
ficava também aprovar as decisões e confirmá-las com auto-
ridade.
Agora concluímos: Pode Deus comprometer-se a apro-
var um êrro? Não, por certo. Portanto, com aquelas pala-
vras Jesus prometeu a seu vigário a imunidade de todo o
êrro. O Papa, mesmo sOzinho, é infalível.
. Em outra ocasião Jesus disse a Pedro: Rezarei por ti,
para que a tua fé não desfaleça; tu... confirma nela os
. ~

teus lImaos.
/

A oração de Jesus para que seu Vigário fôsse fiel é real-


". mente importante. Jesus pede que o seu representante não
caia em êrro, tanto mais que o encarrega de sustentar a fé
dos outros.
Se o Papa não fôsse infalível, mesmo sozinho, não pode-
ria ser o alicerce de tôda a Igreja; Jesus não poderia dar
uma aprovação sem limites às suas decisões como lhe prome-
teu, e Pedro não estaria sequer capacitado a confirm:ar os
irmãos.

Quando é infalível.

A infalibilidade do Papa, como a da Igreja, está sujeita


a uma condição. O Papa é infalível quando nos ensina as
verdades'reveladas, ou mais precisamente, quando como pas-

-:- 134 -
tor e mestre de todos os cristãos define doutrinas a respeito
de fé e costumes.

Define, isto é, proclama que um ensinamento é revela-


do por Deus, e o faz de forma solene e pública, como Pastor
e Mestre de todos os cristãos.

E quando fala a um grupo de fiéis recebidos em audiên-


cia, é infalível? Não, embora sua palavra tenha então muito
valor.

Doutrinas que dizem respeito à fé e aos costum~s, isto


é, ensinamentOs concernentes à fé e à vida Cristã, e tudo o
que com ela se relaciona. Fora dêsse campo, por exemplo,
no campo científicO, a palavra do Papa não é mais infalível.
A infalibilidade não lhe foi dada para isso.

Infalível quer dizer impecável? Não! Pois o Papa, em-


boraseja melhor do que nós, também se confessa,/ porque
também êle é um homem e tem alguma coisa de que pedir
perdão à misericórdia de Deus. O privilégio da impecabi-
lidade foi concedido somente a Maria Santíssima concebida
sem pecado. Ela permaneceu sem pecado até o último ins-
tante da sua vida.

Para responder
Que significa conhecimento pleno? seguro? - A promessa de
infalibilidade é feita aos bispos isoladamente ou em conjunto? -
Como é que Santa Catarina de Sena chamava o Papa? - Que quer
dizer que o Papll "define" uma doutrina?

- 135 -:-.
Para recordar
o caminho seguro para a salvação eterna;
A Igreja é para ~ilhar bem êste caminho, .é preciso
! um gUla
foi dado por Jesus

Na Igreja
o guia é j pelo Papa
constituído pelos Bispos
jqu::::=i~~ co:~
A p ó t o los, a
Igreja docente
,
em que ? .~ nas { àFé e
verdades que' aos
dizem respeito costumes
isto é necessário ~ para
não errar em cousaS, im-
A Igreja é infalível portantíssimas
Docente
A Igreja rezou para êsse
Infalível fim; prometeu
Jesus a assistência
do Espírito da
Verdade

recebeu o Primado sôbre


Na Igreja Docente
São Peclro
1 todos (Bispos e Fiéis)
ercerceu-o fixando sua se-
de em Roma
Pastor e
como { Mestre
o Papa,
sucessor de define doutrinaS! à F'
S -ao P e d1'0, .
que dIzem res- i j e e aos

é inf,alível ·t
pelo à costumes
quando
fora disso pode também errar.
Infalível não quer dizer ijnpecável.
LEITURA

o SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS


(Sexta,-feira após a oitava do Corpo de Deus)

Já na antiguidade cristã, os Santos Padres e Doutores da Igreja


deram uma interpretação mística da chaga aberta no la dó de Jesus:
Sangue e água simbolizam a Igreja com o Batismo e Eucarjstia.
Essa mística da 'chaga do Salvador encontr,Ou na Idade Média sua
continuação na veneração do Ooração divino, como sede çlo amor
do Deus feito homem, cultivada e propagada por São Bernar.do,
Santa Gertrudes e Santa Mectildes. O culto atual do Coração Sa-
cratíssimo de Jesus tem sua origem na ação de São João Eudes
(1680) e nas revelações feitas a Santa Margarida Maria. .
O Papa Pio XI fêz compôr um novo ofício e novo formulário
de Missa, cujo pensamento predominante se baseia nas palavras de
Oristo a Santa Margarida Maria: "Eis o Coração que tanto amou
os homens e por êles foi tão pouco amado".
A generosidade e o amor do Coração de Jesus exigem de nossa
parte fidelidade e reparação de nossa faltas.
Ensinamentos que devemos tirar dessa festa:
a) '''Aprendei .demim, que sou manso e humilde de cora!":ão".
b) "Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas
sim a dAquêle que me enviou".
c)' "'O meu mandamento é êste: que vos ameis uns aos outros".

Oração: Ó Deus, que no coração de vosso Filho,ferido por


nosso pecadOs, Vos dignais prodigalizar-nos os infinitos tesouros do
Amor, fazei, Vos rogamos, que, rendendo-lhe o preito de nossa de-
voção e piedade, também cumpramos dignamente para com1l;le o
dever de reparação".
(No mistério do Cristo).

137
'.\

Lição XXIV

OS VERDADEIROS CRISTÃOS
SÃO SANTOS
Em, Londres, há alguns anos. Pelo fim de um banquete, alguém brin-
dando em meio à despreocupada alegria dos comensais, saiu-se com esta:' O
cristianismo trouxe tão poucas vantagens à humanidade, que estabelecendo-se
uma comparação, pode-se .dizer que d gás foi inuito 'mais útil.

Naturalmente houve quem risse dessa afirmação como de Uma espirituosi-,


dade. O Dr. Parker, porém, não riu. Para melhor fazer entender, levantou-se
e com tranqüilidade e desenvoltura proferiu 'pausadamente estas poucas frases:
Essa é uma opinião que nós respeitamos. .Quer dizer que no momento solene
da morte, nós mandaremos chamar. um sacerdote para nos confortar e guiar
ao pôrto da salvação; o senhor, ao invés, mandará chamar um empregado da
companhia de gás! Desde já auguramos muitas felicidades.

Eis a grande riqueza do cristianismo: encontram-se na


Igreja, os meios de salvação eterna!

Santidade e salvação ...

o nome de Jesus tem uma profunda significação: quer


dizer Deus que salva. E é mesmo assim. Sua vida tôda foi
um ideal de salvação: Não vim chamar os justos, mas sim OS
pecadores. Verdadeiro bom Pastor, saiu à procura das almas
transviadas, com o afã de quem quer encontrar a todó o

-138 -
'"'-' "

custo a ovelhinha perdida. E confiou à Igreja os meios para


conduzir as almas à santidade e à salvação. itstes meios São:
I) A verdadeira Fé, que se encontra na Igreja Católica
Romana e está resumida no Credo, transmitido, sem altera-
ção, desde o tempo dos Apóstolos até nós. Além disso, a
Igreja conservou e transmitiu cuidadosamente também os
ensinamentos de Jesus, que estão escritos no Evangelho. Pa-
ra escrever por extenso tudo o que Jesus disse e fêz, diz São
João no fim de seu Evangelho, seria preciso uma infinidade
de livros! Pois bem: muitas coisas que não foram escritas,
a Igreja as conservou transmitindo-as oralmente. O meio
pelo qual a Igreja conserva e transmite êsses ensinamentos
chama -se Tradição.
Devemos crer nêles, porque quem não crer será conde-
nado: foi Jesus quem o disse.

-139 -
\ 2) , O Sacrifício e os Sacramentos, mediante os quais
nos são aplicados os méritos de Jesus Cristo e nos é conferi-
da ou aumentada a Graça Santificante.

3) Os auxílios espirituais mútuos, como a oração, (que


devemos dirigir a Déus não somente por nós, mas também,
pelos outros), o conselho (que devemos acolher, principal-
mente quando parte dos país ou do ministro de Deus e o
exemplo (dado por todos aquêles que procedem bem).

. . . para" todos os fiéis.


Observemos uma família bem organizada. Compõe-se de, várias pessoas
e possui múitas coisas: primeiramente o patrimônio da casa, e depois o orde-
nado dos pais e dos filhos que já trabalham. Tudo está à dIsposição' de cada
membro da família; e o pai ou a mãe o distribuem, vez por 'vez, conforme
as necessidades.

Na Igreja dá-se o mesmo. É ela a grande família dos


filhos de Deus. Todos os que pertencem a essa família, os
fiéis, têm à sua disposição os meios de santidade e salvação
eterna deixados por Jesus Cristo..

:B;stes meios são comuns: todos participam dêles em per-


feita comunhão e com igual direito, do mesmo modo como
os filhos participam dos bens de família.

Infelizmente, muitos não se preocupam de usar dêstes


bens.

Os fiéis são santos.

Quando recebemos o batismo e nos foi cancelado o pe-


, cado, nossa alma recebeu a Graça santificante e Deus veio
morar em nós. Assim acontece com todos os fiéis: Deus

-140 -
\(

habita nêles; portanto êles são "Santos" e têm obrigação de


viver como santos.

Se um brasileiro tem obrigação de viver conforme as


leis da sua pátria, se um oficial deve comportar-se de acôrdo
com o regulamento militar, um cristão deve, naturalmente
viver de acôrdo com a sua dignidade.

Uma advertência de São Paulo: É vontade de Deus que


vos torneis santos. E ainda: Pois Deus nos chamou à santi·
dade e não às imundícies!. (l.a Tessal.: 4, 3-7).

Deus quer que você sej'a santo: por isso, fêz com que
você nascesse numa família cristã. Faça agora Jlm exame
de sua vida: é uma vida digna de um cristão, isto é de um
santo? Afinal, você já está capacitado para compreender,
que pouco adiantaria chamar-se cristão e viver como .... pa-
gão: seria mentir, e isso não seria nada bonito.

Garcia Moreno, patriota e político equatoriano, viveu parte de sua juven-


tude em Paris, no exílio. Amava a religião, mas ... nlio a praticava. Oerta
ocasião, pôs-se a defendê-Ia vigorosamente numa roda de amígos imbuídos de
preconceitos. Mas alguém lançou-lhe em rosto suas duas caras: "o senhor se
mostra tão entusiasta pela religião; afirma que é bela, boa, santa,... E talvez
o seja. Mas verificamos que o seu modo de proceder ri bem diferente. Sinal·
de que sua religião .pouco valor tem para a vida 1"
Garcia Moreno, cheio de confusão, abaixou os· olhos. Depois, recobrando
ânimo, afirmou com voz calma: Esta observação hoje tem valor, mas amanhã
não valerá mais.
No dia seguinte, foi confessar-se e começou uma vida própria de cristão,
isto é, uma vida de santo. TantÇ> assim que teve a coragem de derramar o
sangue por esta religião. Morreu gritando: Deus não /f/W1're!

Para responder

As verdades da fé estão tôdas escritas no Evangelho? - Qual


é a vontade de Deus a nosso respeito?

- 141 ---'-
Para recordar
Jesus deixou na Igreja os meios de santidade e
salvação
na eS. Escritura
f verd~deira { contida
{ na Tradição
,ftstes os saorifícios: a Santa Missa, renovação
Os meios do Sacrifício da Oruz
Verdadeiros são
cristãos os Sacramentos: que conferem ou aumen-
são
Santos l tama Graça
os aumíUos espirituais 1n1UtlOs

conSaUrados santos com o


Os fiéis são chamados Batis1no e mediante os
Santos porque Sacramentos
e destinados a viver como
! santos

~ 142-
LEITURA

POR QUE AS FESTAS DOS SANTOS (I)?

Depois do Santo Evangelho, nada mais útil para os fiéis do


que a Vida dos Santos, a qual, para dizer tudo numa só palavra,
outra cousa não é senão o mesmo Evangelho posto em prática.
Imagens vivas de Nosso Senhor Jesus Cristo, os Santos dão a Deus
uma glória incomparável, manifestam de um modo palpável a vida
divina da Igreja e, pela fôrça irresistível do exemplo, excitam a
todos à prática da verdadeira virtude, ou da santidade cristã.
Falando da criação, diz o Apóstolo São Paulo que por meio
dela se tornam inteligíveis as perfeições invisíveis de Deus. Toda-
via, a glória que Deus recebe da criação material, nada é, compa-
rada com aquela que lhe tributa um santo. Porquanto os sêres ma~
teriais são apenas uns vestígios, uma pálida sombra da Divindade,
ao passo que um Santo, em virtude da graça que o anima,partici-
pa da natureza divina; e é amigo e filho de Deus e herdeiro legí-
timo do reino ,do Oéu. A criação material manifesta Deus como autor
da natureza; um 'Santo o revela como autor da graça.
Quem poderá imaginflr mesmo de longe a glória infinita que
dá ao seu Divino Pai Nosso Senhor Jesus Oristo, o Santo dos santos,
ou a mesma santidade incarnada? A Santíssima Virgem, em cuja
alma a Onipotência Divina realizou as maiores maravilhas? Os Pa-
triarcas, os Profetas, os Apóstolos, os Mártires, os Oonfessores, as
Virgens, e tôda aquela multidão de Santos que contemplou o Evan-
gelista São João no seu Apocalipse? Se Deus criou o mundo todo
para a sua glória, e se a glória consiste em ser conhecido, amado e
louvado, devemos concluir, que é por meio de Jesus Oristo, da SS.
Virgem e de todos os Santos que Deus atinge realmente o fim da
criação.

(Na luz perpétua).

- 143 --c-
LiQãQ XXV

", \

A UNIÃO DOS SANTOS


A comparação da videira.

Para nos fazer compreender bem seu pensamento e sua


intenção, Jesus empregou uma comparação muito expres-
siva: Eu sou a videira, vós os ramos.
Videira' e ramos. Um ramo não pode desenvolver-se.
separado da videira. Jesus afirma que nem se pode pensar
que um cristão possa viver sua vida cristã separado dêle,
Jesus .
. Por meio de quê o cristão está unido a Jesus, como o
ramo à videira? Por meio da Graça, que é como o enxêrto
que une nossa alma a Jesus, permitindo-lhe receber a seiva
da vida divina.
A videira tem muitos ramos, que. tomam tôdas as dire-
ções. Um ramo está longe do outro, mas não se pode dizer
que estejam separados, porque a todos chega a mesma seiva,
e se um ramo adoece, tôda a videira corre perigo de
murchar. .
Assim, estando unidos a Jesus Cristo como os ramos à
.videira, os cristãos acham-se unidos entre si. Assim o bem
de um é bem de todos, e o mal de um reflete-se em todos.

A comparação do corpO.
A união dos fiéis com Jesus Cristo e entre si mesmos
é misteriosa: não conseguimos explicá-la, porque é sobrena~ "

-144 - .
tural e porque se obtém mediante a Graça conferida à alma.
Todavia é uma união tão verdadeira e tão Íntima que se pode
comparar à união que existe entre os vários membros do
nosso corpo, os quais estão ligados entre si.
Escrevendo aos primeiros cristãos, São Paulo afirmava
vigorosamente: Embora sejamos tantos, formamos todos um
só corpo em Jesus Cristo; jus tamen te porque nesse corpo
misterioso, místico, Jesus é a cabeça, a parte mais importan-
te e o centro de tudo; nós somos os vários membros. (Rom.:
12, 5 ) . " '
Mas se um membro está doente, bem pouca vantagem
recebe do organismo; ao contrário, todo o organismo se res-
sente e sofre.
No corpo místico de Jesus, o cristão que vive em pecado
é um membro doente~ Jesus, a cabeça, faz chegar até êle o
seu influxo e todos os membros cooperam para seu bem es-
tar. ,Mas enquanto não sarar, isto é, até não abandonar o

-145 -
pecado, não tira disso proveito algum. Ao contrário, faz so-
frer todos os demais.
Agora pense um pouco: a cada momento chega até você
como seiva vital, como sangue nutritivo, todo o bem que já
existe e o que continua sendo feito na Igreja, isto é: os
méritos de Jesus Cristo e dos bem-aventurados do Céu, o
fruto das Santas Missas celebradas em todo o mundo, as
graças alcançadas pelos sacerdotes com o santo Breviário, e
pelas almas consagradas a Deus com suas orações e boas
obras.
Você, porém, é um mmebro são ou doente? Você coo-
pera para o bem dos outros ou os faz sofrer?

A comparação da qsa.
Cada tijolo, cada parede, cada vigia da casa em 'que você mora, acha-se
unido e fortemente cimentado entre si. Dessa forma, uma parede fica bem
amarrada à outra. Se uma delas se destaca,' desmorona. J\1as enquauto tudo
estiver unido, o edifício permanece firme e inabalável.

A Igreja de Jesus Cristo é como um grandioso edifício


de diversos andares, no qual moram todos os fiéis, não sà-
mente os presentes, mas também os passados. Com efeito,
quem deixa esta vida mortal não abandona a Igreja; muda,
por assim dizer, para outro andar. Do andar da prova entra
no da purificação, passando depois para o da glória. A comu-
ni~ação entre os fiéis de um andar e os de outro não é in-
terrompida, mas garantida pelas escadas da graça e pelos ele-
vadores da caridade e da oração.
Eis, pois as grandes categorias de Santos.
1) Santos já chegados à visão beatífica, ao Céu (Igre-
já triunfante);
2) Santos que esperam no lugar de expiação (Igreja
padecente);

146
3) Santos em via de formação, nO país do mereCImen-
to (Igreja militante);

Todos estão unido~ pelo mesmo vínculO familiar: a


Graça, que os une em comunhão, .ou seja associação. Nós
estamos na Comunhão dos Santos, ou seja na associação dos
Santos.

Ondas de eternidade.

"O Reino de Deus tem três províncias: a primeira está


no Céu; a segunda no Purgatório, e a terceira da terra. En-
tre os habitantes há uma constante comunicação por meio
de ondas ... de eternidade. Quais são essas ondas? A santa
Missa, a oração, a reparação, a esmola, a abnegação e as
boas obras".

Fora da comunhão.

Todos são chamados a fazer parte dessa comunhão ou


uniãQ de Santos. Muitos, porém, acham-se fora, precisamen-
te todos aquêles que estão fora da Igreja, e que por isso não
participam dos seus meios de santidade e de salvação e não
tomam parte no bem que há e que se faz nela. São os conde-
nados, os infiéis, os judeus, os hereges, os apóstatas, os cis-
máticos e os excomungados.

Coroas ou Missas?

"Há entre nós o costume de enviar coroas de flores ao entêrro dos amigos
e conhecidos. Às vêzes, chegam a quarenta ou cincoenta as coroas dum entêl'l'o:
uma verdadeira mata de flores. Ê, sem dúvida, uma atenção delicada, urna bela'
expressão de compaixão. Mas não queiramos iludir-nos. Ao morto de nada
serve tudo isso. Mais cristão é O costume de outros países, por exemplo a
Suíça, onde as pessoas que desejam exprimir o seu pesar, enviam um bilhete
ou uma estampa religiosa tarjada de luto, e nela escrevem o número de Missas
que fizeram celebrar e as boas· obras que ofereceram pIca alma do finado. Os
que seguem tal costume, dão provas de uma ,fé mais viva, sabem melhor o que
na realidade é a Comunhão dos Santos". (Tihamer Toth).

-147
Para responder
Que afirmou Jesus ao fazer a comparação da videira? - E
S. Paulo ao usar a comparação do corpo? . Quem pertence à
Igreja mil~tante? padecente? triunfante?

Para recordar

Os . fi~is estão
unidos miste-
1. f
or~an
d
O
. t - a JeSU3 1. aSSIm o
nosamen e _ e entre si . Oorpo \
mas Mistiao
realmente . I

Santos triunfantes - que já' che~


garam ao Céu '.,.
A As grandes cate- Santos que padecem - tio pur~
comunhão gorias de San- gatõrio
dos Santos tos na Igreja
Santos que combatem - ainda
na terra

condenados
acha-se fora desta co- infiéis
munhão quem está judeus
fora da verdadeira hereges
Igreja apóstatas
excomungados

-148 -
LEITURA

POR QUE AS FESTAS DOS SANTOS (II)?

Se é verdade que os exemplos arrastf).m para a imitação, de


onde vem que mui poucos são aquêles que procuram seriamente
imitar os Santos e por meio dêles a Jesus Cristo, e assim salvar a
própria alma? Isto vem, sem dúvida, da falta de vontade, a falta
de vontade não vem senão da falsa idéia que muitos têm da santi-
dadeCristã.
.. .A, santidade não consiste em ter dons. extraordinários; operar
milagres e realizar maravilhas. Nada disto. Ela consiste simples-
númte em amar a Deus e cumprir-lhe fielmente a vontade. Uma
alma que cumpre fielmente a divina vontade, fJ santa e tanto mais
santa, quanto mais fielmente a cumpre.
Assim como os diamantes são brutos uns, e outros lapidados,
da mesma forma a santidade pode ser simples e aperfeiçoada. A
sántidade simples consiste na posse da graça santificante; a santi-
dade aperfeiçoada consiste na mais perfeita união da vontade hu-
mana com a vontade divina.
Todos aquêles que conservam a graça santificante recebiêla no
batismo, ou se a perderem pelo pecado mortal, a recuperaram pelo
Sacramento da penitência, possuem a santidade simples, e são real-
mente santos. Porquanto a graça que êles possuem, chama-se san-
tificante, porque sendo um dom sobrenatural de Deus, inerente à
alma, a santifica, tornando-a amiga e filha de Deus, irmã de Jesus
Cristo e herdeira do Céu.
Para chegar, porém, a ter a santidade aperfeiçoada, devemos
evitar não só o pecado mortal, senão também o venial, plenamente
advertido, e nas cousas que não são nem ordenadas nem proibidas
por Deus ou pela Igreja, devemos procurar fazer sempre o que nos
parece mais agradável a Deus. Nem se diga que isto é difícil. Por-
quanto Deus, que é um Pai extremoso, não proíbe aos seus filhos

-149...,.-
cousas difíceis, 'nem exige dêles coisas que estejam acima das suas
fôrças, tanto mais que 'Êle nos ajuda com suas graças contínuas a
evitar o mal e a praticar o bem.
Verdade é que algumas vêzes Deus exige de alguns dos seus
filhos, atos heróicos e até o sacrifício da vida, como exigiu dos már-
tires, mas em tais casos ,Êle dá a graça necessária para fazer tais
sacrifícios como a deu a Santo Estevão e a todos os Mártires. Em
geral, porém, Deus exige de nós coisas medíocres, como por exemplo,
'combatermos as nossas inclinações perversas; ou exige apenas cousas
mui pequenas, cómo seja o fazermos bem as nossas ações ordinárias,
de maneira que, sejam quais forem o nosso gênio, o nosso estado,
ou as nossas ocupações quotidianas, com a graça de Deus, que a
llinguém falta, sempre podemos evitar o pecado quer mortal, quer
venial, e fazer em tudo o que é mais agradável a Deus, e atingir
desta forma a perfeição cristã ou a verdadeira santidade.
Verdade é que por nós mesmos nada podemos, mas é também
verdade que tudo nos é possível com a graça de Deus, que a todos
é cOllcedida. Porquanto não há quem não possa recorrer à oração e
aos Sacramentos da Penitência e da Eucaristia, e valer-se da dire-
ção de um douto e prudente diretor espiritual. Empregando êstes
meios, como os empregaram os Santos, fàcilmente atingiremos aquê-
le grau particular de santidade, a que Deus destinou cada um de
nós, e finalmente, com a graça da perseverança final, ou da boa
moi·te, que fàcilmente conseguiremos por meio da devoção à Virgem
Santíssima Senhora Nossa, alcançaremo~a recompensa eterna do Céu.

(Na l1lZ perpéttta).

-150 -
Lição XXVI

INFIÉIS E JUDEUS
HEREGES
EXCOMUNGADOS
Os condenados não pertencem à Igreja; por isso, não par-
ticipam de nenhum bem que na Igreja existe ou se realiza.
Morreram obstinados no pecado e em estado de revolta con-
tra Deus; por isso, foram condenados para sempre ao inferno,
onde não há nenhum bem.
Seu destino é irreparável, ao contrário do que acontece
com todos os demais.
Os que jazem no êrro.
Queremos falar aqui dos que não receberam, com o Ba-
tis mo, a luz da verdadeira fé: infiéis e Judeus.
Os infiéis não crêem no Salvador prometido, isto é, no
Messias ou Cristo: por isso não receberam o hatismo que
tle instituiu.
Há infiéis que crêem num só Deus (monoteístas), ou-
tros crêem em vários de\lses (politeistas).
Acreditam em um só Deus os Judeus e os Maome-

Os judeus professam a lei de Moisés e adoram o


verdadeiro Deus, mas não crêem que Jesus é o
Messias, o Salvador prometido pelos Profetas.

-151-
b) Os Maometanos, sequazes de Maomé, acreditam em
um só Deus, Alá, e nos seus Profetas. Para êles
Jesus Cristo é um grande profeta; mas o maior é
Maomé. Maomé difundiu sua religião com a fôrça
das armas.
2. Acreditam em vários deuses os pagãos. Entre êles
destaçam-~e os idólatras, que adora1Jl as criaturas
como se fôssem Deus (por exemplo: os Budistas, os
Confucionistas, os Fetichistas).
'Cristãos separados.
Os hereges são batizados, mas se obstinam em não acre-
ditar em alguma verdade revelada por Deus e ensinada pela
Igreja. ~les não aceitam a verdadeira fé. .
Para ser herege não basta errar, mas requer-se a obsti-
nação no êrro. Quem, uma vez conhecido o êrro, não se obs-
tina, mas corrige as próprias idéias, não é herege.
Os apóstatas são batizados ou mesmo católicos, que com
um ato externo e público renegam a fé católica. São traido- ,
:res da verdadeira Igreja em que nasceram.
Os cismáticos são batizados que, mesmo não negando
nenhuma verdade da fé, recusam obstinadamente sujeitar-se
aos legítimos Pastores da Igreja, especialmente ao Sumo Pon-
tífice.
Cristãos excluídos.
Os excomungados, isto é, expulsos da comunhão dos
Santos, são batizados' que faziam parte da verdadeira Igreja,
mas foram excluídos por culpas gravíssimas.
A excomunhão é o remédio externo para punir os que
não querendo corrigir-se, podem com o seu proceder arrui-
nar a fé dos outros.
Há salvação para êsses?
Quem quer encontrar o guia seguro e os meios de salva-
ção deve entrar na Igreja de Jesus Cristo. Ela é uma arca,
semelhante àquela em que se abrigou Noé com sua família.

-152 -
Quér dizer que estar fora da Igreja é um perigo gravís-
simo: quer dizer arriscar-se a perder a única coisa verdadei-
ramente necessária, isto é, a salvação da alma. Todavia, a
misericórdia de Deus é grande, e nos permite supor que nem
todos os que estão fora da Igreja se condenam.
Quem está fora da Igreja por própria culpa e morre sem
verdadeira e sincera dor, certamente não se salva. É o caso
de quem conhece que a Igreja Católica é a verdadeira Igreja
de Jesus, e não obstante não quer entrar nela; é o caso tam-
bém de quem descuida de instruir·-se na verdadeira Fé.
Quem, ao invés, está fora da Igreja sem própria culpa
e vive bem, isto é ama e serve a Deus do melhor modo que
sabe, pode salvar-se. É o caso de quem nasceu de pais não
católicos e não conhece que a Igreja Católica é a verdadeira
Igreja de Jesus. Correspondendo, porém, ao auxílio que
Deus não deixa faltar nunca a ninguém, êle pode chegar ao

-153 -
verdadeiro amor de Deus que o une a Êle e o impele a acei-
tar tudo o que Deus quer.
U ma pessoa que tivesse tais sentimentos, se conhecesse
a Igreja fundada por Deus a aceitaria sem mais. Por isso, é
que apesar de externamente estar separada dela, todavia es-
piritualmente estaria unida a ela. Embora não pertença ao
corpo da Igreja, pertence ao seu coração, à alma da Igreja,
porque de certo modo ama-a, mesmo sem a conhecer.
Por bondade de Deus essa pessoa se pode salvar.

Para responder
A quem adoram os idólatras? - Em quem acreditam os Judeus?
e os Maometanos? - Que quer dizer pertencer à all1'ia da Igreja?

Para recordar
f separados de Deus pela sua obsti-
Os condenados nação no mal
1sorte sem remédio, irreparável.
1. Os que crêem { .judeus

I
em um só Deus maometanos
Imersos no êrro
2. os que . acreditam {pagãOS
C'ln vários deuses idóla tras
Quem está hereges - obstinados em não crer
fora da em alguma verdade .da Igreja
verdadeira apóstatas - renegaram a verda-
Igreja Cristãos reira fé
separados cislnáticos - recusaram obedecer
aos legítimos Pastores, espe-
cialmente ao Papa
- os eXc01nttngaClos.
- sem culpa: podem se
Cristãos excluídos
salvar, porque pertencem
Os que estão tora da à alma da Igreja
Igl'eja - se por própria culpa, não
se salVam,

-154 -
Lição XXVII

CULPA E PERDÃO
REMISSÃO DOS PECADOS

,Na solidão do monte Horeb, Deus apareceu a Moisés para lhe confiar
uma missão tôda especial: encarregou-o de libertar o povo eleito da escravidão
"do Egito. Moisés apresentou-se ao rei do Egito e em nome de Deus intimou-o
a dar liberdade ao )Jovo.
O faraó replicou: "E quem é êste Deus para que" eu deva obedecer-lhe?"
e recusou submeter-se à ordem divina. A História Sagrada nos conta a sua
morte: punido, primeiramente com o castigo das dez pragas, morreu depois
submerso pelas águas do :.vIar Vermelho.
E quem é êste Deus?.. As palavras altivas do Faraó rebelde causam
maravilha. Entretanto, quantos não a repetem eom os seus pecados! Não de-
"vemos esquecer-nos que o pecado é uma ofensa feita a Deus, desobedecendo"
à sua" Lei.

O pecado atuaI.

O primeiro pecado foi o de Adão, e provocoú conseqüên-


cias desastrosas para todos os homens. Como descendentes
de Adão, todos os homens o contraem: é o pecado original.
Qualquer outro pecado, ao invés, é culpa nossa porque
é cometido voluntàriamente por quem tem ouso da razão.
Chama-se atual, porque cada um "o comete com um ato pes-
soal de que é responsável.

A remissão do pecado.

Quem pode perdoar uma ofensa? Aquêle a quem foi


feita e não outro. E quem, então, pode perdoar a ofensa

-155 -
feita a Deus com o pecado? Só Deus: somente Deus pode
perdoar os pecados.
Neste ponto surge espont~neamente uma outra pergun-
ta: como podemos saber se í.le de fato perdoa?
Basta. abrir o Evangelho. A atitude e as palavras do
bom Mestre nos dizem que há para os pecados um perdão
generoso e· divino. Madalena, a Samaritana, Zaqueu, o para-
lítico, () bom ladrão, o mesmo Pedro experimentaram a ge-
nerosidade misericordiosa de Jesus, que para confirmar sua
atitude, pronunciou' estas significativas palavras: Não têm
necessidade de médico os que estão bons, mas sim os dden·
tes; e proclamou: não vim para os justos, mas para os peca-
dores. (S. Mateus: 9, 12-13). '

"A quem perdoardes os pecados .. ,."

Jesus veio para os pecadores, paraJivrá.-los dos pecados.


Veio para todos os pecadores, para todos os homens. Toda-
via, um dia tornou a subir ao céu para junto de seu Pai.
Para estender a todos a sua missão de salvação" já que lhe
fôra dado todo o poder no céu e na terra, Jesus deixou o
poder divino de perdoar os pecados, confiando-os aos pasto·
res da Igreja por í.le fundada.
Foi êste o maior presente, a maior esmola feita por Jesus
à humanidade pecadora. E deu êste presente no maior dia:
no dia radioso da Ressurreição. Conta-o o Santo Evangelho.
Noite de Páscoa.
No cenáculo as Apóstolos comentavam as notícias do
dia. O sepulcro vazio, o Mestre ressuscitado ...
- "A paz esteja convosco!" ouviu-se improvisamente.
Que alegre surpresa! Jesus estava no meio dêles: sua voz, seu
rosto, í.le todo inteiro. .. No entanto, as portas estav1m
fechada~! Não podia ser um fantasma? .. uma assombra-
ção? " Os apóstolos ficaram perturbados.

-156 -
- "Nã'Ol disse Jesus. Nã'O tenhais med'O, s'Oueu. P'Odeis
t'Ocar-me. Os fantasmas nã'O têm carne nem 'Oss'O. .
. E .para mai'Or c'Onfirmaçã'O c'Omeu· um peixe· assad'O e
um fav'O de mel; dep'Ois repetiu: A paz estejac'Onv'Osc'O! Em
seguida s'Opr'Ou levemente sôbre êles. Que signifiéava aquê-
le sôpr'O? Disseram-n'O claramente as palavras seguintes:
- Recebei 'O Espírit'O Sant'O. Àquêles a quem perd'Oar-
des 'Os pecad'Os, serão perd'Oad'Os; e a quem 'Os retiverdes, se-
rã'O retid'Os.
Naquele m'Oment'O, Jesus via legiões im~nsas de homens,
imers'Os na culpa, r'Oíd'Os pel'O rem'Ors'O, ansi'Os'Os de perdã'O. E
c'Om aquelas palavras deu a'Os Apóst'Ol'Os e a'Os seus sucess'O-
res 'O p'Oder de perd'Oar tod'Os 'Os pecad'Os. Perd'Oar t'Od'Os 'Os
pecad'Os, sem limite algum. Já 'O havia 9-it'O a Pedr'O que lhe
perguntara se devia perd'Oar até sete vêzes: Nã'O sete vêzes,
mas setenta vêzes sete, ist'O é: sempre e c'Om a mesma mise-
ricórdia.

-157 -
Meios de remissão.

Perdoar os pecados, mas de que modo?


Os pecados atuais, se forem cometidos antes do Batismo,
são perdoados juntamente com o pecado original quando se
recebe o Primeiro Sacramento. Se foram, porém, cometidos
depois, são perdoados "principalmente" com o sacramentada
Confissão, que foi instituído por Jesus Cristo, precisamente
para êste fim.
Dissemos ,I principalmente" porque os pecados cometi-
dos depois do Batismo podem ser perdoados por outros
meios. Com efeito: se o pecado é leve, poderá ser per-,
doado pelo arrependimento mesmo imperfeito, ou atrição;
quando o pecado for grave, poderá ser perdoado pelo arre-
pedendimento perfeito, ou contrição, ficando,· porém, neste
último caso, o dever da Confissão.
Além diso, se uma pessoa está para morrer e não se po-
de confessar, seus pecados são perdoados com a Extrema-Un-
ção, contanto que esteja arrependida dos mesmos.
Como vemos, muitos são os meios, muitos os caminhos
através dos quais chega até nós a generosa, a inexaurível
misericórdia de Deus.

Um comerciante luterano, gravemente doente, mandou chamar o pastor


protestante: tinha alguma coisa que lhe angustiava a consciência.
- Ü' senhor pode perdoar meus pecados? perguntou-lhe.
- Não se perturbe, senhor. Reze a Deus e flle lhe perdoará tudo.
- Não estou perguntando isto. Pergunto se o senhor tem poder de per"
doar os meus pecados.
Os protestantes não admitem a confissão; e o pastor respondeu:
- Eu? certamente que não!
- Sinto muito. ·Porque cu creio no Evangelho. e o Evangelho me diz que
Jesus concedeu de fato êste poder aos seus representantes. Então devo concluir
que o senhor não é da Igreja de Jesus Oristo.
Despedindo o pastor, mandou chamar o sacerdote católico: abjurou o Pro-
testantismo, entrou na nossa Igreja e depois de ter recebido, com os Sacrn-
mentos, a remissão dos pecados, passou serenamente iJara uma ·vida melhor.
Acontece que há protestantes que se convertem ao catolicismo para se
poderem confessar. O estranho é que entre os católicos haja quem não queira
saber da confissão.

-158 -
Para responder

Por que o pecado atual se chama assim? - Que é que nos


garante que Deus quer perdoar os pecados? - Sem ser com o Ba-
tismo e a Penitência, como se perdoam os pecados?

Para recordar

ofensa: a Deus
que é o peoado? {
pela desob'ediência à sua lei

cometido por Adão e


original transmitido a nós
{ seus filhos
Espécie
de
COmeti,dO voluntària-
pecados . mente por nós com
. atual
ato pessoal, respon-
Culpa 1 sável
e 1) só Deus a pode oonoeder
perdão \
no-la veio oonceder (exem-
plos do Evangelho)
deixou o , {aos Apóstolos e
Remissão poder de aos seus suces-
dos concedê-la sores
pecados 2) Jesus
sentpre, contanto
quantas que os homens
vêzes estejam arre-
! lJendiclos .

-159 -
Lição XXVIII

PECADO VENIAL
De quantos modos se pode peca,r.

Quando pensamos no pecado, imaginamos por certo


uma coisa mal feita, mas visível. Por exemplo, falando de ho-
micídio, pensamos logo que o pecado de homicídio existe,
quando há alguém estendido por terra com um punhal crava-
do no coração, ou quando alguém caíu sob as balas de Ul,Il re-
volver. Entretanto, existem vários modos de \ cometer um
pecado.

Num recente filme de gangsters, Nick, o chefe da quadrilha planejou


roubar uma quantidade de joias. Quer que o plano dê certo, e por isso o estu-
da cuidadosamente: troca idéias com os amigos e finalmente assalta e rouba e
depois . .-. não restitui!
Neste exemplo estão todos os modos com os quais se pode cometer um
pecado.
O bandido pensou no. golpe com intenção de sair-se b'em: pecado de
pénsamento e de desejo.
Conversou com os cúmplices a respeito do plano: pecado de palavras.
Deu o golpe: pecado de Obl"a.
Não restituiu: pecou por omissão, isto é, deixou de cumprir um dever.

Devemos, porém, refletir um pouco sôbre Os pensamen-·.


tos e as omissões.
Nem tudo o que passa pela mente, embora coisa má, é
pecado. Pois muitos pensamentos aparecem sem querermos
e quase sem percebermos. Tornam-se pecado quando per-
cebemos êsses pensamento, e não obstante _nos demorarmos

- 160 '-
nêles voluntàriamente. Aos pecados de pensamento acres-
centam-se os pecados de desejo que se cometem somente com
o desejo de fazer uma ação má. Assim por exemplo, quem
desejasse bater num companheiro com o qual está zangado,
.já é culpado diante de Deus, mesmo se na prática não o con-
segue fazer. .
Já vimo~ que as omissões são os pecados de quem dei-
xou de fazer uma coisa obrigatória (tarefa, orações, Missa
no domingo ... ). itsses pecados são muito numerosos, e no
entanto sentimos menos remorso por causa dêles! Por que
motivo? itles são pecados tanto como os outros!
São estas as maneiras de pecar: por pensamento, pala-
vras, obras e omissão.
Mas os pecados atuais são todos graves na mesma ma-
neira, ou há mais graves ou menos graves?
Sim: há pecados mortais e pecados veniais.

-161-
U ma desobediência à lei de Deus em coisa leve é pecado
venial. Mesmo uma desobediência em coisa grave pode ser .
sàmente pecado venial, no caso de faltar plena advertência
e consentimento. Isto por ex:emplo se verifica, quando al-
guém muito zangado perde o contróle, e deixa escapar uma
imprecação gravemente injuriosa contra algum. santo.
Dada a violência da ira, falta-lhe tódaa advertência ao
que está dizendo: o seu pecado é venial.
. Venial quer dizer perdoável porque, em latim, vênia' ~'ig~
nifica perdão. O pecado que não é grave, não tira a Graça;
por isso, é que, é possível alcançar o perdão de um pecado ve-
nial mesmo sem a confissão' sacramental. Basta o sincero ar-
rependimento, que será muito eficaz se unido a alguma obra
boa. ~ste é o motivo que fêz com que se chamasse venial.

É prejudicial.

Uma febrezinha provocada pela gripe certamente não no~ torna mais fortes.
Uma pedrinha no sapato não facilita o caminhar. Um espinho na mão não é
de muita vantagem quando jogamos bola-ao-cesto ou pingue-pongue! ...
Febrezinha, pedrinha, espinho podem-se comparar com o pecado venial,
e será fácil perceber que êle é verdadeiramente nocivo à alma.

O primeiro dano ~stá em enfraquecer ou esfriar a alma


no amor de Deus.
Quem quer bem de fato a uma pessoa faz tudo pai-a lhe
evitar a,té os menores desgostos. Entretanto, quantas vêzes'
nos falta está delicadeza para com Deus.
Um outro dano do pecado venial está no preparar a
alma para o pecado mortal. O demónio bem sabe que se
tentar de repente alguém a cometer um pecado grave, a
consciência delicada se revolta. Por isso, começa primeira-
mente com arrastar a culpas leves; depois, pouco a pouco,
ser-Ihe-á mais fácil alcançar seu pérfido intento: a queda
no pecado grave. Lembre-se bem: é esta a finalidade do
demónio e esta a sua tática.

-162
Nossa palavra de ordem deve ser: resistir sem ceder um
palmot' '
O terceiro dano é o castigo.
Quem ofende uma pessoa, mesmo levemente, é de certo
modo corrigido com uma punição, que é dada para reparar
a injustiça cometida. Dá-se o mesmo com quem ofende a
Deus: merece penas que se devem expiar nesta terra com
penitências voluntárias, ou então no Purgatório com um cas-
tigo muito maIS grave.

A gõta.

Um senhol'. um tanto esquisito, colocou a: premIO uma grande quantia de


dinheiro para ser entregue a quem agüentasse no. dorso da mão imóvel o
gotejar de um vaso de água, até que êste se esvasiasse completamente. Coisa
fácil! • .. dirá você.
'l'anto assim que apareceu logo um candidato à prova. A gôta devia cair
de um metro de altura. A primeira caiu sôbre a mão firme; o mesmo acon-
teceu com a segunda e com outras mais ...
Erà questão de paciência.
Décima gôta. O ponto atingido começa a sentir um não sei q1tê,. posterior-
mente o não sei quê transforma-se cm comichão; depois a comichão transfor-
ma-se em dor e a' dor em convulsão. Entrctanto haviam cai do apenas cincoenta
gôtas, e a quantidade 'de água no vaso parecia idêntica à de antes. Resistir é
impossível: aquela gôta ,ameaça furar a mão, o homem cede e sc dá por vencido.
li:sse exemplo é transparente!

O pecado venial será uma gôta. Mas esta gôta persis-


tente vai desfibrando a alma que, enfraquecida, cede final-
mente e cai no pecado mortal.
:Êste lento gotejar de pecados veniais será fatal para as
nossas almas t

Para responder

o pecado se comete de um moelo só? - Quando é que o pensa-


mento mau se torna pecado? - 'Qual é o pecado de omissão? - a
que se pode comparar o pecado venial?

163
Para recordar

_1 não somente com atos


Modos de pecar - mas também
1
com penSal1tentos
e desejos
com pala'V"ras
com omissões
muitos pecados podem ser menos gra-
ves que outros
os vecados graves chamallt-se 1Jwi'tais
Pecado Gravidade os leves veniais
. :venial- podem, porém, ser mais
os pec~d~s de graves do que geral-
011t1SSaO { mente se pensa

- enfraquecem a alma
no amor de Deus;
Gravidade dos pecaclos - dispõem-na ao pe-
Veniais cado grave
. {aqUi ou no
serão pumdos purgatório

-164 -
tição XXIX

PECADO MORTAL
"Xero, o homem que dévia governar um impório, foi incapaz de governar
a si mesmo, porque se deixou' subjugar pela paixão do jôgo. Passava noites
inteiras jogando .daeTos, apostando enormes quantias. Uma noite, - não era
a primeira - a fortuna não lhe sorriu: perdeu uma soma fabulosa.
Eúquanto êlc dormia, suà mãe Agripina fêz colocarsôbre a mesa o
equivalente em moedas de ouro. Ao despertar, o imperador escancarou os olhos
com o rebrilhar daquêle monte de ouro. E Agripina lhe disse: um milhão
de sestércios! Eis quanto te !,ustou o divertimento da noite passada!"
Tivesse pensado antes!
Um mal n1uito pior comete o cristão que cai cm pecado mortal. É neces-
sário pensar antes de cometê-lo e compreender o que êle é, e os graves pre-
juízos que traz consigo.

Que vem a ser?

o pecado mortal é uma desobediência à lei de Deus em


coisa grave, feita com plena advertência e deliberado con-
sentimento.
,I
1) . Coisa grave, como por exemplo injuriar o'santo no-
me de Deus; maltratar os pais.
2) - Plena advertência, isto é, saber o que se faz;
3)' Deliberado consentimento, isto é, querer cometê-lo,
apesar de se saber que é um mal.

Seus danos.

1tsse pecado' é grave e se chama mortal, porque produz


na alma os mesmos efeitos que a morte produz no corpo.

165
Os efeitos da mórte podem-se reduzIr a três: -1) cortà
a vidá; 2) torna incapaz de possuir e adquirir; e 3) impõe
a separação dos vivos mediante a sepultura.

O pecado mortal produz na alma conseqüências, que


bem se podem comparar às da morte. Com efeÍto:

1) Priva a alma da graça divina que é sua vida. Pois


a alma, depois de recebidos os Sacramentos, possui a vida so-
brenatural, ou seja a vida de Deus que nela habita. A alma
em graça é~, filh;a de Deus.

Mas u~avêz ~ometido o pecado, Deus hão pode perma-


n~cer na alm~: perde-se a vida divina e a alma não é mais
filha, mas inimiga de Deus.

2) Priva a alma dos merecimentos e da capacidade de


adquirir novos. Perdida a vida sobrenatural, a~ alma perde
também os seus bens sobrenaturais, isto é, os merecimentos
anteriormente adquiridos; além disso, não vivendo mais pela
graça, pois ficou reduzida a um cadáver, por causa do pecado
mortal, não está mais capacitada a adquirir outros. Pode um
morto comer e desenvolver-se? Não; nem pode a alma em
pecado acumular' merecimentos. Está morta.

3) T orna a alma digna da pena eterna do inferno. Na


"videira mística" de Jesus, uma alma em pecado é como um
ramo sêco e sem vida: não dá frutos e por isso deve ser corta-o
do e queim4tdo. Quein perdeu a graça não dá frutos para a
vida eterna, e por isso' merece ficar separado da Comunhão ,
dos Santos e juntar-se aos condenados do inferno.

Do rico esbanjador e egoísta (Epulão), como se lê na pa-


rábola do Evangelho, disse Jesus que foi sepultado no infer-
no após sua morte. Por que diz "sepultado"? Porque êle ,es-
tava morto para a Graça. (S. Lucas: 16, 22). .

166 -
Como vencer as tentações.
Uma ,alma em pecado mortal é um escravo a mais para
Satanás. Isto explica como, com que violência e. por que o
demônio procura arruinar as almas.
Para resistir vitoriosamente a seus ataques devemos não
esquecer que estamos na presença de Deus, que tudo vê e
tudo sabe. É um êrro pensar que nos podemos esconder e
não nos deixar ver por ninguém: Deus está em tôda a parte
. e vê o segrêdo dos corações.
Mas há ainda uma outra consideração, que nos deve tor-
nar fortes contra as tentações: a consideração das últimas
coisas que nos acontecerão - chamadas segundo a expressão . i

latina "os Novíssimos" - e que são: morte, juízo,inferno,


e paraíso. A nossa vida tem fim; o mundo terá fim. En-
tão, a cada um será dado o prêmio ou o castigo.

l67 -
·o prêmio ou o castigo não serão iguais para todos, por-
que nem todos terão kdquirido os mesmos merecimento~,
nem cometido os mesmos pecados. E também os pecados não
são todos iguais. Entre os mesmos pecados veniais há alguns
mais leves que os outros. Tirar às escondidas um cruzeiro
não é comO tirar duzentos; e dizer uma mentirinha por brin-
cadeira não é como dizê-la para esconder uma falta.
'Mas, sobretudo entre os pecados mortais, alguns há que
são mais graves e funestos.

Para responder
Que é na videi.ra mística de Jesus a alma em pecado? - Quais
são os Novíssimos? - Íi; possível escondermo-nos aos olhos de Deus?

Para recordar

Desobediência à lei de Deus


- em COi/sa grave
Que é?
j - feita com plena advertência ou
conhecimen to
~ e deliber·aclo consentimento

porque produz na alma osmes-


mos efeitos que a morte causa
ao corpo
Pecado - l1ri ya a alma ele sua viela:
Por que é graça divi.ita
mortal mortal?
- tira os merecimentos, e a ca-
pacidade de adquirir novos
- torna-a merecedora elas l1enas
eternas elo inferno

- Deus me vê!
Como vencer as - l1ensar nos Novíssimos ..
tentações - sobretudo no 1J1'êmio 011 no
castilJo

168
J{ição xXx

OS PECADOS MAIS GRAVES


E FUNESTOS
Entre os pecados mortais mais graves e funestos estão
os pecados contra o Espírito Santo e os que pedem vingança
a Deus. .

Contra o Espírito Santo.


Há modo e modo de C0meter um pecado. 'Será por irre~
flexão rião pensando na gravidade do mal, ou por fraqueza
não sabendo resistir à tentação maligna; ou então por malí-
cia, isto é, pelo gôsto de fazer o mal.
Mas êstes três modos não são igualmente culpáveis. É
mais culpável certamente quem age por verdadeira malícia:
isto ofende muito mais gravemente a Santidade de Deus. E
êste modo de pecar é muito mais prejudicial que os outros.
Quem peca assim, assemelha-se a alguém que tentasse ferir-se.
ou que estando doente recusasse tomar os remédios. Não ha-
veria esperança de salvá-lo. Assim acontece com êstes peca-
'.> dos graves. Cometendo-os vai-se contra o Espírito Santo, re-
jeitando a sua Graça e desprezando os seus dons. Quem pro-
cede assim, dá pouca esperança de converter-se e muito difi-
cilmente se salvará.
Os pecados' contra o Espírito Santo são seis.
I) Desesperação de salvação. Comete-o quem acredita
firmemente que não pod~ mais obter o perdão. É o pecado

-'-;- 169 -
éómeticÍo por Caím cÍepois cÍo assassInato cÍe Abel: "Meu pé-
cado é muito grande para merecer perdão"; é também o pe-
cado de Judas que, desesperado, se enforcou.
Lembre-se bem: Jesus morreu para alcançar o perdão
de todos os pe~ados:
, Desesperar da salvação e do perdão é como dizer: os me-
recim,entos de Jesus não ,são suficientes e a misericórdia de·
Deus não é infinita.
Coisas de desesperados! de loucos!
2) Presunção de salvar-se sem merecirIl~p.to.·~quase
o contrário do pecado precedente. Equivale 'a dizer: a justi-
ça de Deus não existe! Fazer o bem e fazer o 1ll<ti'é,perféiti\
mente a mesma coisa! A salvação está garantida!
Pode-se ser mais estulto? Deus é justo e por 1SS0 pre-
meia os bons e·castiga os maus. '
3) Negar a verdade conhecida como tal. Negar, rejei-
tar, combater as verdades da fé reveladas por Deus por meio
de Jesus Cristo e. dos Apóstolos e. ensinamentos pela igreja.
Um cristão não pode agir assim, sem ofender a Deus e o
Espírito de Verdade que assiste continuamente a Igreja.
4) Inveja das graças que Deus c9ncede aos outros. Não
é um pecado muito frequente, mas também não é tão raro: é
o pecado de quem tem inveja das mercês que Deus faz a
outrem e da vir,tude que êle pratica e que o torna querido a
Deus. Foi a inveja que Caím teve de Abel; essa foi a inveja
do demônio com relação a Adão e Eva, e é ainda hoje a in-
veja' que de nós t~m o demônio, quando estamos em esta-
do de graça.
S) Obstinação no pecado. Obstinar-se quer dizer co-
nhecer o mal cometido, saber que êle ofende a Deus e con-·
duz à ruína eterna, e não obstante isso, querer permanecer
nêle. Deus, por assim dizer, rodeia o obstinado com as inspi-

-170 -
rações da graça, com bons exemplos, conselhos pregações ... ,
mas o pecador não se rende. Como poderá salvar-se, se não
se decide a fazer um bom propósito? Reze para que nem vo-
cê nem seus pais, nem seus paren\tes caiam neste estado. É
necessário arrepender-se e confessar-se logo após o pecado:
qualquer demora poderá ser fatal. Nunca esqueça isto!
6) Impenitência final. Não querer arrepender-se e re-
cusar o perdão oferecido por Deus é o ultimo, supremo, e ir-
. reparável insulto à bondade e, misericórdia de Deus.
Será tremendo o castigo de quem quer a todo o custo
morrer revoltado contra Deus, apesar de todos os 'convites
I de sua Graça.
Pedem vlllgança.
Deus criou os homens, para que, vivendo, se inultipli-
cassem e gozassem dos bens que t.le espalhou pela terra.

-171-
Quem Se opoe, à. vida crIada por Deus, e pae obstáculos aô
bem da humanidade comete os pecados mais detestáveis aos
olhos de Deus, e atrai sôbre si os mais tremendos castigos.
São quatro os pecados que pedem vingança a Deus.
1) Homicídio voluntário. Deus é quem dá a vida ao
homem, criando-o à sua imagem. Contra quem reproduz o
crime de Caím, Nosso Senhor repete as palavras a êle dirigi-
das: A voz do sangue de teu irmão grita a' mim da terra on-
de está. (Gen.: 4, 10).
2) Pecado sensual contra a natureza. É cometer gra-
ves pecados impuros, a ponto de assemelhar-se aos animais.
Com êsse pecado calca-se aos pés a virtude da pureza, ofen-
de-se a presença do Anjo da Guarda e profana-se a santidade
do corpo que Deus destinou a ser seu templo vivo. Com
ê.ste pecado o homem se rebaixa. A ofensa a Deus é gravís-
SIma. ,
II
3) Opressão dos pobres. Oprimir e desprezar os infe-
lizes, fazer-lhe mal porque não podem defender-se, é a mais
ignóbil das vilezas.
Diz o Espírito Santo: Não façais violências contra o '
pobre e não esmagueis o miserável, porque o Senhor ferirá
com castigos os que lhe transpassarem a alma! (Prov.: 22,
22). E Jesus ensinou: o que fizerdes ao, mais pequenino,
fá-lo-eis a mim. Não insultemos Jesus na pessoa dos pobres.
(S. Mt.: 25, 40).
4) Negar o justo salário aos operários. O Espírito San-
to pronunciou palavras muito severas a êste respeito: O pão
do pobre é a sua vida e quem lho tira é um sanguinário.
Quem tira a alguém o pão do suor é como quem mata o seu
próximo. Quem derrama o sangue e quem defrauda o ope-
rário são igualmente culpáveis. (E.clesiástico: 24, 24-27).

Para responder
Em geral, por que causas se peca? - Qual é a mais grave? -
Que quer dizer obstinar-se? - Quais os pecados contra o Espírito
Santo?

-172 -
Para recordar
( por irreflexão
Vários modos de cometer pecado ~ por fraqueza
l por malícia
Os vecados cometidos por venla(T,eira 1nalícia são
'muito graves e funestos:

- os 1Jecaclos contrn o Es-


1Jírito Santo
São os seguintes
- e os q1tC clamam vingan-
\ ça a De1tS

1. Desesperar-se de obter
perdão dos Pecados
Pecados 2. Presunção de salvar-se
mais sem merecimento
graves 3. Negar a verdade conhe-
Pecados contra o
e funestos cida
Espírito Santo
4. Invejar as graças que
ouü'os recebem
5. Obstinar-se nos pecados
6. Impenitência no fim da '
vida.

1. Homicídio voluntário
2. Pecado sensual contra a
natureza
Pecados que pedem
vingança de Deus 3. Oprimir os pobres
4. Diminuir ou não dar o
justó ordenado a quem
trabalha.

-173
Lição XXXI

READQUIRIR A GRAÇA I.

Tôda a árvore, que não produz fruto, será cortada e


lançada ao" fogo. Es tas palavras de J es us não são difíceis de
wmpreender. A árvore estéril, que não produz fruto é o
cristão que com o pecado perdeu a Graça. Tornou-se assim
incapaz de ganhar merecimentos. De um momento a outro
"pode ser arrebatado à vida e ser lançado no fogo inextinguí-
vel. (S. Lucas: 3, 9).
O pecador expõe-se a gravíssimos perigo; e por isso, a
primeira preocupação de quem caiu em pecado deveria ser
esta: readquirir a Graça.

Como?
Para os males do corpo Deus providenciou remédios. É
a Bíblia que o nota dizendo: O Altíssimo fêz sair da terra os
medicamentos; e o homem sábio não os despreza. (Eclesiás·
tico: 38,4).
Também para os males espirituais Jesus, o médico divi- ! '\.-

no das almas, preparou uni remédio de efeito seguro: a con:.


fissão. Por meio de uma boa confissão readquire-se a graça
perdida com o pecado mortal.
Note-se o adjetivo "boa". Quer dizer que a confissão
deve ser feita com sinceridade e dOL Há sinceridade quando
dizemos tudo o que nos veio à mente, ao fazermos o exame
de consciência. Queni tem no coração o propósito de mudar
de vida, certamente não lhe falta a dor.

-174 -
Pode dar-se, porém, o caso de que alguém depois de ter
cometido um pecado grave não tenha a possibilidade de con-
fessar-se logo; deseja fazê-lo mas não pode. Deverá perma-
necer inevitàvelmente no pecado?
Não. Deus é de uma bondade extraordinária para com
o pecador. Se O pecador tem verdadeira dor de seus pecados .
. e sincera intenção de confessar-se, Nosso Senhor está dispos-
to a perdoar-lhe mesmo antes da confissão. Mas neste caso
a dor deve ser verdadeira e completa, perfeita; quer dizer que
o pecador deve se arrepender do mal que praticou não tanto
pelos gravíssimos prejuízos causados à alma, quánto porque
ofendeu a infinita Santidade de Deus e transgrediu sua ado-
rável vontade, causando as dores e sofrimentos de Jesus.
Quem tem dor perfeita, os pecados lhe são perdoados e
readquire a Graça perdida. Resta,·lhe, porém, fazer uma coi-
sa: provar a sinceridade da sua inte~ção, confessando-se de

175 - ,
... ," "
,.' '-,~

fato na pnmeIra ocasião. É uma obrigação grave que por


nenhum motivo se pode descuidar. Não cumprindo essa
obrigação, peca gravemente e perde a Graça. O "ato de con-
trição" é uma fórmula que nos ajuda a despertar na alma o
arrependimento necessário e indispensável para merecermos
o perdão de Deus

Os méritos readquiridos.
Qucm esbanja todo o seu dinheiro, arrepende-sé amargamente do que
fêz e 'põe-se a trabalhar para recontrÍlir sua fortuna. Mas o dinheiro quc
ante~ possuia não vale mais nada; não se poije readquirir um cruzeiro se-
quer; deve coméçar a ganhar tudo de novo.

Mas o pecador que perdeu todos os seus méritos, uma


vez que se arrependa e receba o perdão readquire novamen-
te os merecimentos. Seria o caso de dizer: êle não tem ne-
nhum direito; não obstante, pela misericórdia imensa dé
Deus o pecador arrependido readquire não somente a Graça
mas também os merecimentos perdidos. \

Isto recorda-nos algumas palavras de Jesus. Falou de um bom pai de


família que em dado momento tira de seu baú coisas velhas e coisas novas,
Nesse caso o bom pai dc família é Deus, nosso Pai celeste, que ao perdoar-nos,·
além de nos dar .coisas novas restitui-nos ainda o tesouro precioso dos antigos
merecimentos perdidos.

Temos tudo a ganhar e nada a perder, quando pedimos


perdão a Deus e prometemos ser bons!

Perdido mas não inútil.

Perde-se somente o bem que se fêz estando em desgraça


de Deus, isto é: o bem que se fêz, estando com a alma em
pecado. Não se tem, assim, direito a nenhum merecimento:
pois o pecado, tirando a Graça, tira a capacidade de adqui-
rir merecimentos.
- Então, é inútil que o pecador faça boas obras!?

- 176
Não! Quem percebe que está fora do caminho, pára
e volta para trás. Pois bem, quem faz o mal está fora do ca-
minho, porque o mal não leva ao paraíso, mas ao inferno.
É melhor parar, pois continuando a praticar o malvai-se afas-
tando sempre mais do paraíso, torna-se piore merece castigo
cada vez mais grave.
Quem, ao contrário, interrompe a cadeia de seus peca-
dos', e começa a praticar o bem, faz como o transviado· qU;e
volta para trás. Aproxima-se assim do verdadeiro caminho;
quer dizer: dispõe-se à conversão e é). readquirir a· Graça.
Tanto mais que Deus não permanece indiferente ao bem
praticado pelo pecador; e podemos acreditar que o haverá
de ajudar e o reconduzirá ao redil, como faria o bom pastor
corri uma ovelhinha tresmalhada.

o Crucifixo de Würzburgo.

"Numa Igreja de vViirzburgo, há um crucifixo que chama a atenção. Os


braços do Salvador crucificado não estão estendidos sôbre a cruz, mas para a
frente e cruzados. A lenda diz desta imagem que quando os suécos ocuparam
essa cidade, um dos soldados penetrou no templo durante a noite ..e quis tirar
da cabeça do Redentor crucificado uma coroa de ouro. Coisa prodigiosa! Os
braços do Crucificado despreendermil-se ·de cruz e abraçaram o malfeitor. Na
manhã seguinte encontraram o soldado entre os braços do Senhor, com o rosto
banhado em lágrimas e o coração. Envergonhou-se da sua ação nefanda,
arrependeu-se dos seus pecados e converteu-se . ao catolicismo.
O que neste caso não é mais do· que lenda, realiza-se todos os dias, pela
misericórdia de Deus, que abraça o pecador, e não solta enquanto êle não se
convci·te e lava os pecados com lágrimas".

('l'ihamér Toth)

Para responder

Quais as palavras de Jesus a respeito de quem perdeu a Graça?


- Quais são as duas qualidades necessárias para que uma confissão
seja boa? - Tem o pecador direito ele readquirir os merecimentos
perdidos? Por que os readquire? - Quem pratica o mal está em
bom caminho? Deve contilluar ou voltar para trás?

- 177
';,. :"\, 'Y" '" "~\,\~.:}':·:;;';i

"
Para recordar

Deve ser a primeira preocupação do pecador

Remédio seguro: a com sinceridade


confisSão { arrependimento

pode obter o perdão com dor


QUem não pode con- perfeita unida à promessa
Readquirir fessar-se logo { de confessar-se
a Gra!;a:
Com a gra!;a, o pecador readquire também os
merecimentos perdidos com o pecado mortal

o pecador deve. fazer


boas obras
j -
-
para não se tornar pior
para dispor-se à confis-
são.

-178 -
Lição xxxít

NO FIM DESTA VIDA


OS NOVíSSIMOS

Ensina a História Sagrada que no início do gênero hu-


máno os homens tinham uma vida extraordinài-iamente lon-
ga. Você talvez se lembre do nome de Matusalém que passou
de novecen,tos anos e andou beirando os mil. Mas também
dêle .foi precisO repetir a palavrinha que encerra a vida de
todos os homens, célebres ou desconhecidos: morreu!
Triste estribilho! A morte não poupa ninguém. Quem
na juventude, quem na velhice, todos são chamados a pa-
gar-lhe o supremo tributo. Isto é certo.
Quando? Isto é incerto. Ninguém sabe. Por isso, Jesus
advertiu: Estai de sobreaviso, porque o Filho do homem
virá na hora em que menos se esperar. Assim se encerrará
também nossa existência terrena: primeiramente as dores da
doença e depois o apodrecimento do corpo na sepultura. (S.
Lucas: 12,40). .

O juízo.

"Virá o· Filho do homem! ...


Na hora da morte, Jesus virá para o juízo. E prometeu
voltar a esta terra no fim do mundo, para julgar a lOdosos
homens, bons e maus. Então voltará visIvelmente, com: gran-

- 179
de poder e majestade. Mas pata hOS julgar nâo esperará até',
aquêle dia, mas julgará a cada um em particular logo depois
da morte. São dois, portanto, os juizos que nos esperam:
um particular, de cada alma logo depois da morte; outro
universal, de todos os homens no fim do mundo.
O juízo particular da alma será coisa de um instante.
A alma, livré dos impecilhosdo corpo, ao penetrar na luz de
Deus conhecerá imediatamente seu estado e sentirá necessi-
dade da sentença.

De que nos julgará?

Diz São' Paulo: Deve.mos todos comparecer diante do


trilmnal de Cristo levando cada um o que praticou de bem
éde mal, quando vivia no corpo. (2. a Cor.: 5, 10).
,; '> '

'E'io Catecismo repete: Jesus Cristo nos julgará do bem


e do mal praticado erri vida, mesmo dos pensamentos e omi~­
sões;pensamentos voluntários e omissões culpáveis, é claro.
o' Bem e .mal: eis o que terá importância. Rico ou pobre,
'

sábio ou ignorante, bonito ou feio, são palavras que então


não .terão nenhum valor.
Jesus julgará segundo a verdade e não segundo.,!-s apa-
rênc~as, porque, como diz São Paulo: "Iluminará os esconde~
rijos das trevas,fevelará os segredos dos coraçÕes". Recom~
pensaria bem e punirá o mal inexoràvelmente. É uma coi-
sa terdvel, mas deve ser assim mesmo. A injustiça que mui-
tas vêzes triunfa nesta terra será então reparada. (La Cor.:
4" 5} ,

Será feita justiça.

"E'lh'setiwjbro dc 1905, na França, divcrsos oficiais foram denunciados ao


Conse'llio 'de gucrra;'" Haviam·sc ncgado a obedecer a ordcns, sUllcriorcR, rc-
cus,<.lndo.glÚar, li trona llfll'a arrombar igrrjas c ~xpl1lsar rcligiosos de seus'
ilistitutos~" ,

-180 -
A reuniiío do Conselho realizou-se em Nantes no dia 9 de setembro. Foi
introduzido o primeiro acusado, um major:
- Vossa recusa, 'obscrvaram-lhe, constitui um crime contra a disciplina
militar. Não há atenuantes.
Acima das obrigações militares, replicou o major, estão os mCUR deveres
de cristão. Sabia que minha atitude me arrastaria a êste tribunal e quc seria
condenado. Mas sabia também que um outro juízo me aguarda, a mim c' a
vós: o juízo de Deus justo! Apelo para êle!
O mujor falavu com voz firme e de' frontc el'guida.., Suas palavras tão
repassadas de nobrcza produúrum nos circunstantes profunda impressão.
Não obstante, os juízcs' o' condenaram.
Mas Deus justo, por êle invocado, ao mesmo tempo que lhe preparava
a glória, esperava os juízes iníquos para um juízo de condenação.

Parà responder

Quem virá no momento da morte? Que fará? - O que é que


terá importância no momento do juízo?

-181 ~
Para recordar

!
a vida de todos os homens
Morte , com a morte.
. - quando? não sabemos

partic. ular
dois juízos
{. .universal
No fim

j
i
desta vida Juízo
de . que seremos do bem j.praticado
julgados? e em vida
. . do mal
,
No juízo unfver8a~ será publicamente restabelecida
a justiça .

.~ 182 ~
Lição XXXIII

PURGATóRIO E LIMBO
São três as possibilidades que se apresentam à alma; de-
pois do Juízo particular:
1) Se estiver sem pecado e não tiver que descontar aI·
guma pena, vai para o Céu.
2) Se tiver algum pecado venial ou pena a descontar,
vai para o Purgatório, até satisfazer inteiramente.
3) Se estiver em pecado mortal, vai para o inferno co-
. mo um revoltado que jamais voltará para Deus;

À espera do Paraíso.

Aí pelo ano 160 antes de Cristo, dominava, como ditador, á Palestina um


persa chamado Antíoco, oprimindo o povo e combatendo a religião do verda-
deiro Deus. Judas Macabeu insurgiu-se então em nome de Deus e do povo,
reunindo sob sua chefia legiões de ardorosos patriotas.
Desbarataram totalmente o inimigo. Após a vitória, Judas Macabeu pensou
nos companheiros tombados na luta. Recolheu apreciável quantia de dinheiro
entre os combatentes e a eilviou a Jerusalém para que fôsse oferecido um
sacrifício expiatório em sufrágio dos mortos.

Não pareceu supérfluo e inútil a Judas Macabeu rezar


pelos defuntos.
tle sabia que os que morrem piedosamente ressuscitarão
um dia, mas agora vivem à espera duma grande graça: o
prêmio [eterno. Por isso, conclui o Livro Sagrado, é um pen-
samento santo e salutar o de rezar pelos defuntos, para que
sejam libertados de seus pecados. (2. a Macabeus: 12, 46).

-183 -
,,O Limho.

Você já pensou no futuro dos meninos mortos sem ha-


tismo? Não podem ir para o Céu, porque estão com o ~cado
original e privados da Graça. Não merecem o inferno, p6r-
que o pecado original não é uma culpa ou maldade pessoal;
e não cometeram outros pecados. Pelas mesmas razões não
merecem nem mesmo o 'Purgatório. Por isso êles vão para
um lugar onde não gozam de Deus, mas também não sofrem.
~ste lugar chama-se Limpo. Nêle as criancinhas gozam
de certa felicidade, mas não gozam de Deus. É uma felici-
dade como a que se poderia gozar na terra, se não houvesse
sofrimentos, nem males.

o Purgatório.

o gesto do grande capitão do povo eleito é um atestado


de sua fé. ~le e todo o seu povo acreditavam desde então na
existência do Purgatório. E é antiquíssimo o costume de
sufragar as almas dos mortos.
b Purgatório é espera e purificação: Espera porque se
sofre temporàriamente a privação de Deus, e purificação por-
queêste castigo, acrescentado a outros, tira à alma qualquet
vestígio de pecado. Somente então a alma será digna dever
a Deus.
As almas que se purificam estão certas de chegar ao
Céu; mas a prolongada expectativa aflige-as intimamente,
tanto mais que elas nada podem fazer para abreviar ou miti-
gar seus tormentos. Nós, porém, podemos socorrê-los e mes~
mo libertá-las. Temos. à disposição muitos meios: oráções,
indulgências, esmola.s, boas obras e sobretudo a Santa Missa.
Coma Santa Missa se aplicam os merecimento de Jesus
Cristo. Tudo isto é para nós como aquêle tesouro recolhido
por JudasMacabeu. Podemos gastá-lo pelos nossos defuntos,

- 184 --
para proveito dêles. A isto chama-se socorrer com sufrágios
. ou sufragar as almas do Purgatório .
.sltt1'ágio era antigamente o voto de aprovação dado por uma assembléia;
depois passou a significar apôio, ajltda, S0001'1'0.
Nós o entendemos no sentido de ajuda, sooorro espi1'itual às almas do
Purgatório.

A Fé, portanto, nos ensina que podemos socorrer e tam-


bém libertar as almas das penas do Purgatório com sufrágios.
Os nossos mortos sofrem e aguardam a nossa caridade.
"Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno!
E que a luz perpétua os ilumine!"

Para responder
Porque rezar pelos defuntos não é coisa supérflua e inútil? -
Por que é a Santa Missa o melhor meio de sufragar os defuntos?
- Por que as crianci!lhas mortas sem batismo não merecem o Oéu,
nem o Inferno?

-185 -
Para recordar
- se está sem pecado e sem
débito de pena, para. o
Céu
A alma depois do - se tem ftlgum pecado ve-
Juízo vai nial ou algum débito dé
pena, para o Purgatório·
- se está em pecado mor-
tal, l)ara o Inferno

- A emistência do Purgatório é ates-


tada pela Sagrada Escritura
Purgatório
e Limbo - é espera
Purgatório - Que é? { - é purificação

-.As almas que estão no Purgatório


podem ser por nós ajudadas com
sufrágios

- quem está sem batis1no


irá para lá - mas .não comet~u pecados
Limbo
j 1 atuaIs
goza-se nêle uma feUcidacle natur,aZ

-186 -
LEITURA

COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS


DEFUNTOS
(2 de novembro)

A Igreja, nossa Mãe comum, após ter cuidadosamente celebrado


com dignos louvores todos os seus Filhos que já gozam da felicidade
celeste, quer também socorrer tôdas as almas que ainda padecem no
lugar de purificação.
A Missa de todos os Fiéis defuntos contém, como as outras
Missas dos Mortos, dois elementos exprimindo diferentes espécies de
afetos. O primeiro elemento, o mais antigo, exprime sentimentos
alegres e expõe a consoladora mensagem da ressurreição da carne.
É a êle que pertence o Intróito com o alegre salmo da colheita. A
Igreja pensa na colheita das almas. Na Epístola o apóstolo explica
a maneira da ressurreição da carne; a carne ressuscitará, porém não
o corpo corruptível, mas um corpo glorificado que será reunido à
alma. No Evangelho, Cristo se apresenta a nós como Aquêle que
ressuscita de uma dupla morte: sôbre a terra, .Êle ressuscita os ho-
meI\s à vida da glória. No prefácio dos mortos encontramos êstes
curtos versículos que são de uma beleza inimitável: "Em Cristo é
que brilha para nós a esperança da feliz ressurreição, de sorte que
os mesmos que se entristecem na certeza da morte, sentem-se conso-
lados com a promessa da imortalidade futura. A vossos fiéis servos,
Senhor, a vida não é arrebatada, mas somente mudada, e, desfeita
esta morada terrestre, adquirem uma eterna mansão nos céus".
No segundo elemento os textos descrevem a morte e o juízo em
côres sombrias. Manifestam-se êstes sentimentos principalmente na
Seqüência (Dies irae) que é uma poética descrição do juízo final. O
belo cântico do Ofertório nos mostra em São Miguel o guia das
almas, que, fechando com seu estandarte as portas do inferno, as
conduz para o ~splendor da divina luz.

(No 1nistério (lo Cr'Ísto).

-187 -
Lição XXXIV

CÉU, E INFERNO
Conta um missionário da índia: Na mlssao de Madrasta adoecera gra-
vemente um pagão da casta mais elevada. Como era meu amigo, fui visitá-lo.
Consumido pelo mal, o infeliz estava nas últimas e tinha, conscigncia disso.
- Vim cumprimentá-lo, disse eu, porque não nos veremos mais.
- Sinto muito, padre!
- Eu também. Há todavia um lugar onde nos poderemos encontrar nova-
mente.. Um lugar feliz onde nos sentiremos muito bem, ... poderemos gozar
de, tudo e não sofrer nada... com o Pai do Céu. Eu um dia irei para lá;
mas o senhor não pode ir.
- Por que?
- Porque o senhor não se tornou filho de Deus ...
É comecei a' dar-lhe algumas explicações. Por um triunfo da Gràça,aqulile
homem pediu o batísmo, que lhe administrei com grande alegria. Voltando
à' residência deitei-me na esteira. Aí pela meia noite estava /quaseconciliando
o sono quando senti bater levemente em meu ombro: era o meu amigo.
Como? o senhor? está passando beffl?
- Muito bem, muito! Obrigado!
Surpreendido quis levantar-me, mas não o vi mais. Concentrei-me um pouco
e depois corri à sua casa. Cheguei esbaforido; meu amigo havia expirado poucos
minutos antes.

o prêmio.

Quem morre ingressa na vida, na verdadeira vida, desti-


nada a coroar a peregrinação terrena. Para os que morrem
na graça de Deus, arrependidos de seus pecados, essa vida
será infinitamente feliz.

-188 -
"Muito bem, muito! Obrigado!"
Essas palavras do pobre pagão,. salvo pelo mISSIOnano,
nos dizem alguma coisa sôbre o estado dos que estão no Pa-
raíso. Mas descrever-lhes a felicidade é-nos impossível. E
Aquêles aos quais Deus concedeu aqui na terra a Graça de
prelibar a felicidade do Céu não a souberam exprimir.
A transfiguração de Jesus no Tabor foi uma amostra
antecipada do paraíso. São Pedro sentiu tamanha alegria,
que estonteado não compreendeu mais nada. E São Paulo,
que foi arrebatado ao terceiro Céu, quando tentou repetir o
que tinha experimentado, pôde apenas dizer palavras vagas.
Do Céu sabemos duas coisas.
Primeiramente que não existem lá misérias desta vida.
"Deus, diz a Sagrada Escritura, enxugará tôdas as lágrimas
dos olhos dos. bem-aventurados e não mais haverá morte,
nem pranto, nem gritos de dor". (Apocalipse: 21, 4).

-189
E sabemos também que no Céu veremos e possuiremos
a Deus Nosso Senhor, e dêle gozaremos por tôda a eternida-
de. Neste mundo, diz São Paulo, conhecemos a Deus como
se o víssemos num espêlho e falamos dêle com palavras que
muitas vêzes .são um enigma. "Mas lá então veremos face a
face" quer dizer, em todo o inefável esplendor de sua Majes-
tade. "Como Êle é na realidade". (l.a Cor.:' 13, 12).
É isto mesmo que nos ensina óCatecismo: O Céu é o
gôzo eterno de Deus e de todos os bens, sem mistura de mal.
É o prêmio que merece quem é bom, isto é, quem ama e
serve fielmente aDeus e morre na sua santa Graça.

A pena.

Por outra parte, os maus que não servem a Deus e mor-


rem em pecado mortal merecem o Inferno, Jesus o ensinou
claramentecoril uma história)mpressionante: a história do
rico Epulão.
Havia um homem que se vestia com muito luxo e se banqueteava ainda
melhor, todos os dias ...
À porta de sua casa jazia um pobre, Lázaro. Ooberto de chagas, roido
pela fome, contentar-se-ia com as migalhas e as sobras. Mas ninguém pensava
nêle! Somente os cães o consolavam, lambendo-lhe as feridas. Qne contraste
entre o Epulão e o mendigo!
.Mas um dia Lázaro morreu de tanto sofrer. Vieram os anjos buscar sua
alma e o acompanharam até Abraão, o antigo Patriarca, que o acolheu estrei-
tando-o aos braços.
Entretanto o rico continuava com seus banquetes, até que um dia morreu
e foi pomposamente sepultado: trataram disso os herdeiros, os parentes, e os
amigos, Mas por mais bela que fôsse a sepultura, não impediu que peus
fizesse justiça: o Epulão foi sepultado no inferno e que triste surpresa! Tanto
mais triste e dolorosa porque erguendo os olhos em meio aos sofrimentos,
viu a Abraão e com êle Lázaro, aquêle pobretão! Nem mais nem menos. No
auge do dcsespêro gritou: Pai Abj'ão 1 Piedade 1 não aguento mais. Manda
LâzaTo Tefl'esCaT-me com a ponta do dedo molhado na âgua 1 Eu sofTo demais
nosta.s cham'as I" Abraão ouviu e respondeu assim: ".lJ1el~ filho, não lembras?
'l'iveste na ·pi.ela muitos bens e Láz(tj'o só maios: agOj'a éle é consolado e tu
at01'1Jl enifulo".
É, 1101'tanto, uma questão de justiça: nesta vida muitas vêzes não há
justiça: na outra, porém, haverá cel'tissimamente.

-190 -
Para sempre.

Com estas palavras, Jesus concluiu sua impressionante


história tão cheia de ensinamentos. Nela Jesus disse clara-
mente: o destino que separa os eleitos dos condenados é ir-
reparável, e entre êles há um abismo. No inferno, os conde-
nados padecem o sofrimento eterno do fogo e da privação de
Deus; todos os males sem nenhum bem. Aí perceberão o
êrro fatal cometido durante a vida, e dirão: Que nos adian-
tou a soberba? e as riquezas que vantagem nos trouxeram?
Tudo se dissipou como uma sombra. E nós depois de nascer,
deixamos de viver selI\ deixar vestígios de virtude: pelo con-
trárionos aprofundamos no vício. (Sabedoria: 5, 8-15).

Os eleitos, ao contrário, elevam seu hino de júbilo a


Deus, que os premiou fazendo-os mergulhar no oceano de
sua divindade, fonte perene de gozos indiscritíveis.

Assim Deus exerce a sua justiça infinita, premiando os


bons e castigando os maus.

Esta certeza baseada na palavra de Deus que prometeu


aos bons o gôzo da sua felicidade e ameaçou aos maus com
o fogo eterno, deve amparar-nos e guiar-nos nas tentações e
dificuldades da vida.

Dom Bosco, o amigo dos jovens, nos momentos doloro-


sos da vida consolava-se a si mesmo e aos outros dizendo:
"Um pedacinho de Céu conserta tudo!"

Para responder

Que é que se goza -no Oéu?- E no inferno? - Quem contou


a parábola do ricaço e de Lázaro? - Procure contá-la com suas
. palavras.

~ 191-
Para recordar

-
visão do
É descrito na Sa"Tabor
grada Escritura . - de
- Vlsao
. 1 São Paulo
- gôzo eterno de Deus nosso
bem e nossa felicidade
1) Paraíso - que é? - nÊle gozaremos de todos
os bens
~ sem nenhum mal
o Cristão, em prêmio de

l
suas virtudes
Paraíso quem, o
1nerece? { quem ama e ser-
e isto é ve II Deus fiel-
. Inferno mente

- Jesus no-lo descreve na parábola do


Epulão
- é o sofrimento eterno I da
privação de Deus.

2) Inferno que é? - e do fogo


- com todos os males
- sem nenhum bem
quem o {quem abandonou a virtude'
merece? e se entregou ao vício
3) 'Duração: eternamente

~ 192 -:.
Lição XXXV

NO FIM DO MUNDO
Três dias antes de sua Paixão, Jesus num discurso pro-
fético, falou amplamente do fim do mundo.
HaveÍ'á guerras e mortalidades, pestilências e carestias, e
terremotos. Depois, quando o Evangelho fôr pregado a to-
dos os povos, ver-se-ão estranhas perturbações e graves desor-
dens até no céu. O sol se escurecerá, a lua não dará mais sua
luz e as estrêlas se precipitarão do céu, porque as fôrças do
céu serão violentamente abaladas. Todos os homens aterro- .
rizados, percebendo aproximar-se o grande dia final, baterão
no peito. (S. Mateus 23, 6 e seguintes).

O juízo universal.

. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, o


troféu da Cruz, e depois o próprio Jesus sôbre as nuvens, no
esplendor da sua potência e majestade. tleenviará os seus
anjos, que farão soar as trombetas na direção dos quatro
ventos: a êste som, os mortos ressuscitarão, e todos se reuni-
rão diante de Deus.
Todos! E tle, assentado em seu trono de glória,sepa-
rará os bons dos maus; os bons à direita, os maus à esquerda.
E voltando-se para os da direita dirá:
- Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino
para vós preparado desde a criação do mundo. Porque eu

193 -
tive fóme e me destes de comer; tive sêde e me destes de
beber; era peregrino e me recebestes; nu e me vestistes, doente
e me visitastes, encarcerado e me consolastes.

Mas aos da esquerda dirá:

- Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno


preparado para o demônio e seus sequazes. Porque eu tive
fome e não me destes de comer; tive sêde e não me destes de
beber, estive em necessidades e não me ajudastes.
E irão os maus para o suplício eterno e os justos ao
~ontrário, irão para a vida eterna. (S. Mateus: 25, 34-46).

A ressurreição da carne.

Na longa profecia de Jesus, há um ponto sôbre o qual


você deve fixar a atenção: ao som da trombeta. angélica os
mortos ressuscitarão. .

Que quer dizer isso?, O nosso corpo que se havia des-


feito pela corrupção do sepulcro, se refará em todos os seus
membros e se re~nirá à alma que o havia vivificado na terra.

O corpo dos justos, reunido à alma, participará na vida


eterna do prêmio merecido. E será um corpo glorioso, se-
melhante ao de Jesus ressuscitado: '
subtil, podendo penetrar em qualquer parte sem difi-
culdade;
ligeiro, isto é, agi I como o pensamento;
impassível, quer dizer não mais sujeito a sofrimento
algum;
imortal, isto é, Incapaz de morrer.

-194 -
o corpo dos condenados ressuscitará também, mas não
será glorioso, porque reunido à alma participará de seu ca's-
tigo: feio, deforme, horrível, será torturado pelos mais atro-
zes tormentos, e assim como nunca terá fim o gôzo dos justos,
assim jamais terminará o suplício dos réprobos: um e· outro
durarão eternamente, para sempre.

Amém: aSSIm seja!


Chegados ao fim dó Credo, para confirmar o que nêle
cremos e atestamos firmemente, sentimos a necessidade de
colocar sôbre essas verdades uma espécie de sêlo, um timbre:

AMÉM!
Esta palavra quer dizer: Isto é verdade, assim é, assim
seja! Esta palavra demonstra a firmeza de nossas convicções

195 -
e exprIme, ao mesmo tempo, o nosso vivo desejo: alcançar
a· remlssao dos pecados, e depois da ressurreição do nosso
corpo, esperamos alcançar a vida eterna em Deus'.

Assim seja, amém.

o célebre Zêuxis, a uma pessoa que com certa curiosidade lhe perguntava
por que cuidava com tanta meticulosidade de suas pinturas, respondeu: "Pinto
para a eternidade I" Queria que suas obras se impusessem à admiração dos
pósteros. E de fato a antiguidade quedou-se admirada diantil das obras primas
de Zêuxis.

Como Zêuxis e melhor que Zêuxis, o cristão deve tra-


balhar para a eternidade. Os quadros do artista por mais
valiosos que fôssem, foram consumidos pelo tempo. Hoje
não existem mais. Mas nada destrói os merecimentos dó
cristão, porque Deus é que os conserva para a vida eterna.

A vida eterna!

Eis a única coisa verdadeiramente necessária pela qual


você foi criado, resgatado a preço de sangue: sangue de Deus!
A vida terrena não tem outra finalidade. Salvar a alma para
a eternidade, isto é, evitar o inferno, fugindo do peqtdo; me-
recer o céu, praticando a virtude.
Amém!

DEUS, ALMA, ETERNIDADE

Para responder

Como é que Jesus descreveu o fim do mundo? - Como será o


corpo ressuscitado dos justos? - Qual é a única coisa verdadeira-
mente necessária? - Por que nos é dada a vida eterna?

-196 -
Para recordar

- g~erra, pestilências, ca-


Jesus profetizou os restias, ter remotos
sin(J;is do fim do
- abalos na terra e no céu
mundo
\ - depois virá o fim,

- comparecerão os Anjos
- chamarão os vivos e os mortos
- aparecerá no esplendor do céu a anuI;
,Juízo
universal - Jesus jUlgará! .. eterno
ou ao suplww
No fim do todos os h 0-
mundo mens, que ou à vida eterna '
irão

- o corpo se reun'irá à alma


para' gozar ou sofrer
eternamente com ela
~ o corpo dos justos res-
Ressurreição da carne plandecente e impassível
irá para o 'Céu.
- o corpo dos condenados
feio e deforme irá para
o Inferno

-197 -
PERGUNTAS E RESPOSTAS
do

Segundo Oatecismo da Doutrina Oristã


aqui distribuídas de acôrdo com as respectivas lições do texto

Lição II
1. Quem é Deus?
Deus é um espírito perfeitíssimo; eterno, criador do céu e
da terra.
2. Por que Deus é eterno?
Deus é eterno, porque sempre existiu, não teve princípio e
não terá fim .
. 3 " Por que Deus é crIador?
Deus é criador, porque só êle criou e pode criar tôdas as
coisas, e por ninguém foi criado.
4. Onde está Deus?
Deus está no céu, na terra e em tôda parte.
5. Deus vê tôdas 'as coisas?
Sim, Deus vê tôdas coisas presentes, passadas e futuras
e até nossos pensamentos.
6. Por que Deus vê tôdas as coisas?
, Deus vê tôdas as coisas, porque é infinitamente sábio e está
sempre presente em tôda a parte.
7. Deus tem corpo como nós?
Não; Deus não tem corpo: mas é puríssimo espírito.

199 -
Lição III
1. Podemos compreender tôdas as verdades da fé?
Não; não podemos compreender tôdas as verdades da fé,
porque algumas dessas verdades são mistérios.

2. Que são os mistérios?


. Os mistérios são as verdades superiores à nossa razão, as
quais devemos crer, ainda que não as possamos compreender.

3. Por que devemos crer nos mistérios?


Devemos crer nos mistérios, porque foram revelados por
Deus que, sendo verdade e sabedoria infinita, não pode enganar
nem ser enganado.

4. Serão os mistérios contra a razão?


Os mistérios são superiores, mas não contrários à razão, que
nos persuade a admitir os mistérios.

5. Por 9ue não podem ser contrários à razão os mistérios?


Os mistérios não podem ser contrários. à razão porque o
mesmo Deus, que nos deu a luz da razão, nos revelou .os mis-
térios, e êle não pode se contradizer.

6. Onde se encontram as verdades reveladas por Deus?


As verdades reveladas por Deus se encontram na Sagrada
Escritura e na tradição.

7. Que é o Credo?
Credo, ou o Símbolo dos Apóstolos, é o resumo das verdades
que todo cristão deve crer.

8. Por que se chama o Credo também Símbolo dos Apóstolos?


Chama-se o Credo Símbolo dos Apóstolos, porque é um resu-
mo das verdades da fé, ensinadas pelos apóstolos.

9. Quantos artigos contém o Credo?


O Credo contém doze artigos.

- 200
Lição IV
1. Qual é o sinal do cristão?
O sinal do cristão é a cruz.

2. De quantos modos se faz o sinal da cruz?


O sinal da cruz se faz de dois modos: pei:signando-se e
benzendo-se.

3. Que é perseguinar-se?
Persignar-se é fazer três cruzes com o dedo polegar da mão
direita aberta: a primeira na. testa; a segunda na bôca; a ter~
ceira no peito, dizendo: Pelo sinal t da santa cruz, livrai-nos,
Deus, t Nosso Senhor, dos nossos t inimigos .

. 4:·· Para que se· fazem esta~ três cruzes?


Faz-se ·a primeira cruz na testa, para que beus nos Íivre
dos mauspensanientos; a segunda, na bôca, para que Deus nos
. livre das más palavras, e a terceira no peito, para que Deus
nos livre das más obras, que nascem do coração.

5. Que é benzer-se?
Benzer-se é fazer uma cr:uz, com a mão direita aberta, da
testa ao peito e do ombro esquerdo ao direito dizendo: Em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.

6. Por que '0 sinal da cruz é o sinal do cristão?


O sinal da cruz é o sinal do cristão: 1." porque serve para
distinguir os cristãos dos infiéis, e 2." porque indica os princi-
pais mistérios da nossa fé.

7. Quais são os principais mistérios da nossa fé?


Os principais mistérios da nossa fé são: 1." Unidade e Trin-
dade de Deus; 2.· Incarnação, Paixão e Morte de Nosso Senhor
Jesus Cristo.

8. É coisa útil fazer freqüentemente o sinal da nuz?


Sim; fazer freqüentemente o sinal da cruz é coisa utilíssima,
porque êste sinal tem a virtude de avivar a fé, repelir as tenta-
ções e alcançar-nos de Deus muitas graças.

- 201-.
9. . Quando devemos fazer o sinal da cruz?
Devemos fazer o sinal da cruz pela manhã, ao despertar; à
noite, ao deitar; antes e depois das refeições; no princípio e no
fim de qualquer trabalho; antes de começar a oração; nas ten-
tações e nos perigos.

Lição V
1. Quantos deuses há?
Há um só Deus e não poàe haver mais do que um.
2. Quantas pessoas há em Deus?
Em Deus.há três pessoas iguais e realmente distintas, que
são o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
3. Como se chama êsse mistério de um Deus em três pessoas iguais
e realmente distintas: Pai,. Filho e Espírito Santo?
Ohama-se mistério da Santíssima Trindade.

Lição VI
1. Qual é a primeira pessoa da Santíssima Trindad~? '
A primeira pessoa da SS. Trindade é o Pai.
2. Qual é a segunda pessoa da SS. Trindade?
A segunda pessoa da SS. Trindade é o Filho.
3. Qual é a terceira pessoa da SS. Trindade?
A terceira pessoa da SS. Trindade é o Espírito Santo.
4. O Filho é Deus?
Sim; o Pai é Deus.
"5 . O Filho é Deus?
Sim; o Filho é Deus.
6. O Espírito Santo é Deus?
Sim; o Espírito Santo é Deus.
7. Então são três deuses?
Não; são três pessoas distintas, mas um só Deus.

- 202
Lição VII
1. Por que são três pessoas da Santíssima Trindade um só Deus?
As três pessoas da Santíssima Trindade são um só Deus;
porque tôdas três têIJ1 uma só e a mesma natureza divina.

2. Qual das três pessoas da Santíssima Trindade é maior, mais


poderosa e mais sábia?
As três pessoas da Santíssima Trindade são tôdas iguais,
porque tôdas têm a mesma natureza divina, o mesmo poder e a
mesma sabedoria.

3.' Não existiu o Pai antes do Filho e' antes do Espírito Santo?
Não; o Pai não existiu antes do Fi~ho, nem antes do Es-
pírito Santo, porqlJ.e tôdas essas três pessoas divinas são igual-
mente eternas.

Lição VIII
1. Como criou Deus o. mundo?
Deus criou o mundo com um simples ato de sua yontade, e
pode criar muitos outros mundos, porque é onipotente.

2. De que fêz Deus o mundo?


Deus fê;il o mundo do nada.

3. Para que fim foi criado o homem?


O homem foi criado para' conhecer, amar e servir a Deus
neste mundo, e depois gozá-lo para sempre no outro.

Lição XI
I. Quais foram os entes mais perfeitos que Deus criou?
Os entes mais perfeitos que Deus criou foram os anjos
e os homens.

2. Que são os anjos?


Os anjos são puros espíritos, que Deus criou para sua glória
e seu serviço.

203 -
3. Em que estado Deus criou os anjos?
Deus criou os anjos em estado de inocência e santidade.
Perseveraram todos os anjos nesse estado?
Não; alguns anjos perseveraram no bem e, outros se ,revol-
taram contra Deus.
5. Como se chamam -os anjos que perseveraram rio bem~,
Os anjos que perseveraram no bem chamam-&e anjos bons
ou simplesmente anjos. ' '
6. Como se chamam os anjos que se revoltaram contra Deus?
Os anjos que se revoltaram contra Deus chama,m-se ,anjol[l
maus ou demônios. ' " ,
Como foram punidos, os anjos rebeldes?
..
Os Anjos rebeldes foram punidos com a expulsão {lo céu
e a condenação ao inferno.
Os anjos rebeldes ou demônios podem fazer-nos algum mal?
Sim; os demônios podem fazer-nos J;llal; atormentando-nos
e tentando-nos.
',,;,
Como' podemos ven'cer as teÍltaçõesdo demônÍo?
Podemos vencer as tentações do demônio. com ,a?rll;ção, ~,
vigilância e o uso freqüente dos sacramentos.
Como foram recompensados os anjos bons?
Os anjos bons foràm recompensados' com á posse 'do céu
para sempre.
Qual é a ocupação dos anjos bons?
A ocupação dos anjos bons é adorar a Deus e executar suas
ordens.
Confiou Deus a seus anjos a missão de velar sqbre nós?
Sim; Deus confiou a muitos dos seus anjos a I+1issão de
velar sôbre os homens e deu a cada um de nós um anjo tutelar,
que se chama anjo da guarda.
Quais são as nossas obrigações para com O anjo da guarda?
Nossas obrigações para com o anjo da guarda são: hon-
rá-lo, invocá-lo e seguir suas inspirações.

- 204
l{i
Lição X
1.' . Que . éo homem?
O homem é uma criatura racional, composta de alma e corpo.

2. Que é a alma do homem?


'.' .:
, A . alma do homem é um espírito livre e imortal, criado
à imagem. de Deus.
3. Por que é a alma do hómem imagem de Deus?
. '. i ~
'A' alma do homem é a imagem de Deus, porque é capaz de
I

.' 'conhecer, amai' e agir livremente.

Lição· XI
.\

1. Como criou Deus o primeiro homem?


Deus criou o primeiro homem, formando seu corpo do limo
da terra e unindo a êsse corpo uma alma imortal.
2. Como se chamou o primeiro homem?
O primeiro homem chamou-se Adão.

3. Como se chamou a primeira mulher?


A primeira mulher chamou-se Eva.
4. Como se formou Eva?
Enviou Deus um profundO sono a Adão e nesse tempo tomou
dêle· uma costela, de· que formou o corpo de Eva e lhe deu uma
alma' semelhante à de Adão.
5. Descendem todos os homens de Adão e Eva?
Sim; todos os homens descendem de Adão e Eva; e é por
" isso que somos todos irmãos.
6. Em que estado colocou Deus Adão e Eva?
Deus colocou Adão e Eva no estado de graça e felicidade.

Lição XII
1. Adão e Eva conservaram o estado de graça e felicidade?
Não; Adão e Eva não conservaram o estado de graça e feli-
cidade, mas perderam-no pelo pecado.

- 205-
2. Qual foi o pecado de Adão e Eva?
O pecado de Adão e Eva foi o pecado de soberba e q.esobe-
c1iência a Deus.
3. Como desobedeceram a Deus Adão e Eva?"
Adão e Eva desobedeceram a Deus, comendo de um fruto,
que o Senhor lhes tinha proibido.
4. Que resultou dessa desobediência?
Dessa desobediência resultou que Adão e Eva foram priva-
dos da graça, expulsos do paraíso terrestre; sujeitos à morte e
outras misérias.
5. O pecado de Adão e Eva é somente de Adão e Eva?
Não; o pecado de Adão e Eva não é somente de Adão, mas
é de todos os seus descendentes.

6. Como se chama êsse pecado?


Êsse pecado. chama-se pecado original.

Lição XIII
1. Todos os homens contraem o pecado original?
Sim, exceto a Virgem Maria, todos os homens contraem o
pecado original.
2. Depois do pecado original todos os homens podem salvar.se?
Sim; depois do pecado original, os homens podem salvar-se,
porque Deus lhes enviou o Salvador.
3. Quem é o Salvador dos homens?
O Salvador dos homens é Nosso Senhor Jesus Cristo.

Lição XIV
1. Quem é Jesus Cristo?
Jesus Cristo é o Filho de Deus, feito homem.
2. Que se entende por Filho de Deus?
Por Filho de Deus entende-se a segunda pessoa da Santíssi- "
ma Trindade.

206
3. Quem é o pai de Jesus Cristo?
O pai de Jesus Cristo é somente o Pai Eterno, isto é, a pri-
meira pessoa da Santíssima Trindade.

Lição XV

1. Não ~eve Jesus Cristo também um pai na terra?


Não; Jesus Cristo não teve pai na terra, mas somente mãe,
que é a Virgem Maria.

2. Dize o terceiro artigo do Credo.


O qual foi concebido do Espírito Santo, nasceu de Maria
Virgem.

3. Como se fêz homem o Filho de Deus?


O Filho de Deus se fêz homem, tomando corpo e alma hu-
manas, nas puríssimas entranhas da Virgem Maria, por obra do
Espírito Santo.

4. Como se chama êste mistério?


Chama-se mistério da Incarnação.

5. Onde nasceu Jesus Cristo?


Jesus Cristo nasceu em Belém e foi colocado num presépio.

6; Quantos anos viveu Jesus Cristo?


Jesus Cristo viveu trinta e três anos.

7. A Santíssima Virgem pode chamàr-se Mãe de Deus?


A Santíssima Virgem pode e deve chamar-se Mãe de Deus,
porque é Mãe de Jesus Cristo, que é Deus.

8. Maria, sendo mãe, ficou sempre virgem?


Sim; Maria foi virgem antes do parto, virgem no 11arto e
.virgem depois do parto.

9. Quem era São José?


São José era o espõso de Maria Santíssima e guarda ele
Jesus Cristo.

- 207
10. Por que se chama São José pai de Jesus Cristo?
São José se chama pai de Jesus Cristo por ser espõso de'
Maria Santíssima e porque exercia a missão de pai sôbre êle.

Lição XVI
1. Quando se f~z hOll.1em,o FilhQde Deus deixou de ser Deus?
Não ; quando o Filho de Deus se fêz homem não deixou de
ser Deus; permaneceu verdadeiro Deus e começou a ser também -
verdadeiro homem.

2. ~ntão quantas naturezas há em Jesus Cristo?


Em Jesus Cristo há duas naturezas distintas: a natureza di;
vina e natureza humana.

3. Há tall.1bém quas pessoas em Jesus Cristo?


Não; em Jesus Cristo há uma só pessoa, que é a do Filho
de Deus, segunda pessoa da Santíssima Trindade.

Lição XVII
1. Para que se fêz homem o Filho de Deq.s?
O Filho de Deus se fêz homem para nos salvar.

2. Qual o fim por que Jesus Cristo padeceu, foi crucificado, morto
e sepultado?
Jesus Oristo padeceu, foi crucificado, morto e sepultado para
nos salvar.

. 3. Como padeceu Jesus Cristo?


Jesus Cristo padeceu tristeza, dores e o suplício da cruz.

4. Como morreu Jesus Cristo?


Jesus Cristo morreu pregado na cruz.

5. Em que dia morreu Jesus Cristo?


Jesus Cristo morreu na Sexta-feira Santa às três horas da
tarde.

- 208-
6. Jesus Cristo padeceu e morreu . enquanto Deus ou enquanto
homem? .
Jesus Cristo padeceu 'e morreu enquanto homem, porque
enquaJ?to Deus não' podia padecer nem morrer.

7. Como se chama o mistério da Paixão e Morte de Jesus Cristo?


Chama-se mistério da Redenção~

8. Que se fêz do corpo de Jesus cristo depois de sua morte?


Depois da morte de Jesus Cristo, seu corpo foi sepultado.

Lição XVIII
1. Que quer dizer "desceu aos infernos"?,
"Desceu aos infernos" quer dizer que, depois da morte de
Jesus Cristo, sua alma desceu ao limbo.

2. Que' quer dizer limbo, ao qual desceu Jesus Cristo?


O limbo, ao qual desceu Jesus Cristo, quer dizer o, lugar
onde estavam as almas dos justos esperando a redenção. '

3. Para que desceu Jesus Cristo ao limbo?


Jesus Cristo desceu ao limbo para consolar e livr~r as al-
mas dos justos.

4. Quantos dias' esteve morto Jesus Cristo?


Jesus Cristo esteve morto três dias incompletos, a saber:
parte da sexta-feira, todo o sábado e parte do domingo.

5. Que fêz Jesus Cristo depois dos três dias de sua morte?
Jesus Cristo, depois dos três dias de sua morte, ressuscitou
glorioso e triunfante,' para nunca mais morrer. \

6. Que quer dizer: ressuscitou?


Ressuscitou quer dizer que a alma de Jesus Cristo se reu-
niu a seu corpo.
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7. Em que dia Jesus Cristo ressuscitou? ")

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Jesus Cristo ressuscitou na madrugada do dia de Páscoa.
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-209-
\ .
Lição XIX
L . Que.m é o Espírito. Santo?
O Espírito Santo é a terceira pessoa da SantíssiJ,lla Trindade.

'2. Qual é a obra que se atribui. especialmente ao Espírito Santo?


A obra que se atribui especialmente ao Espírito Santo é a
santificação das almas.

3. Por que se costuma figurar o Espírito Santo em forma de pomba?


'Costuma-se figurar o Espírito Santo em forma de pomba,
porque foi assim que o Espírito Santo se mostrou no batismo de
Nosso Senhor Jesus Cristo..

4.. O Espírito Santo não se mostrou outras vêzes aos homens de


modo visível?
Sim; o Espírito Santo mostrou-se outras vêzes de modo vi-
sível aos homens, principalmente no dia de Pentecostes.

5. Como se mostrou o Espírito Santo no dia de Pentecostes?


O Espírito Santo, no dia de Pentecostes, se mostrou em lín-
guas de fogo descendo sôbre os apÓstolos.

6. Que efeito produziu o Espírito Santo nos apóstolos?


O efeito que o Espírito' Santo produziu nos apóstolos foi o
de enchê-los de luz, de fôrça e de todos os seus dons, para
anunciarem o Evangelho é propagarem a Igreja de Jesus Cristo.

Lição XX
1. Que é a Santa Igreja Católica?
A Santa Igreja Católica é a sociedade de todos os cristãos
que professam a mesma fé e recebem os mesmos sacramentos, :
sob a obediência aos legítimos pastores e principalmente do
Papa.

2. Quem fundou a Igreja?


. Quem fundou a Igreja foi Jesus Cristo.

21.0
Lição XXI
1. São todos os homens obrigados a pertencer à Igreja?
Sim; todos os homens são obrigados a pertencer à Igreja,
porque Jesus Oristo o manda, e fora da mesma ninguém pode
salvar-se.

2. Que é necessário para pertencer à Igreja Católica?


Para pertencer à Igreja Oatólica é necessário ser batizado,
professar a doutrina e a lei de Jesus Oristo, participar dos
seus sacramentos, prestar obediência ao Papa e aos legítimos
pastores.

Lição XXIII
1 > Quais são os legítimos pastores da Igreja?
Os legítimos pastores da Igreja são: o Papa e os Bispos.

2. Quem mais toma também parte no ofício de pastores da Igreja?


Tomam também parte no ofício de pastores da Igreja os
sacerdotes e principalmente os párocos.

3. Quem é o Papa?
O Papa, que chamamos também de Romano Pontífice, é o
vigário de Jesus Oristo na terra, o chefe visível da Igreja.

4. Pode a Igreja errar, quando nOs manda crer alguma coisa?


Não; a Igreja não pode errar quando nos manda crer algu-
coisa, porque é assistida e guiada pelo Espírito Santo, e por
isso é infalível.

5. E o Papa também é infalível?


Sim, o Papa é infalível.

6. Quando é que o Papa é infalível?


O Papa é infalível quando, ensinando a tôda a Igreja, com
autoridade apostólica, define verdades da fé e de costumes.

7. Por que motivo o Papa é infalível?


O Papa é infalível, porque tema promessa de Jesus Oristo,
e porque é assistido pelo Espírito Santo.

- 211-
8. Quais são as obrigações dos católiços para com o Papa?
As obrigações dos católicos para com o Papa são: venera-
ção, amor filial, obediência.
9. Quem são os Bispos?
Os Bispos são os pastores dos fiéis nas dioceses, que regem,
sob a dependência do Papa.
10. Que é o Bispo em sua diocese?
O Bispo em sua diocese é o legítimo pastor e sup~rior de·
. todos os f~éis, eclesiásticos e leigos.
11 . De quem são sucessor os Papas e os Bispos?
O Papa é o sucessor de São Pedro, príncipe dos apóstolos,
os Bispos são os sucessores dos apóstolos no poder ordinário de
governar a Igreja.
\
12. Quais são as obrigações dos fiéis para com os próprios Bispos?
Todos os fiéis são obrigados a venerar, amar e honrar o
próprio Bispo, e prestar-lhe· obediência em tudo que se refere
à cura das almas e ao govêrno da diocese.
13. Para que instituiu Jesus Cristo a Igreja?
Jesus Cristo instituiu a Igreja para todos os homens tereill
nela os meios de salvação.
14.· Quais são os principais meios de salvação que temos na Igreja?
'Üs principais meios de salvação que temos na Igreja são:.
verdadeira, fé, a graça pelos sacramentos, a remissão dos peca-
dos e a comunhão dos santos.

Lição XXIV
1. Que é a comunhão dos santos?
A comunhão dos santos é a participação dos fiéis nas ora-
ções e outras boas obras, que se fazem na Igreja.

Lição XXVII
1. Haverá algum pecado que a ·Igreja não possa perdoar?
Não; não há pecado, por grave e enorme que seja, nem pe-
cados tão numerosos, que a Igreja não possa perdoar.

- 212-
·2 . Como perdoa a Igreja os pecados?
A Igreja perdoa os pecados, aplicando os merecimentos de
Jesus Cristo, por meio dos sacramentos.

Lição XXVIII

" . 1. Que é o pecado venial?


O pecado venial é uma. desobediência à lei de Deus em
matéria leve, ou ainda em matéria grave, sem perfeita ad-
vertência oUljlem pleno consentimento da vontade.

2. ~or .que se chama venial êsse pecado?


Chama"se venial êsse pecado, porque, em relação ao pecado
mortal, é uma culpa leve, que mais fàcilmente consegue de
Deus o perdão.

Lição XXIX

1. Que é o pecado mortal?


O pecado mortal é uma desobediência grave, feita à lei de
Deus, com plena advertência do entendimento e. cons~ntimento
da vontade.

2. Por que se chama mortal êsse pecado?


Chama-se mortal êsse pecado, porque dá a morte à alma,
privando-a da vida da graça santificante e tornando-a merece-
dora do inferno.
\

3. Que males causa à alma o pecado mortal?


-O pecado mortal:
1" Priva a alma da graça e ·q.a am,izade de Deus;
2." fá-la perder o céu e merecer o inferno;
3." tira-lhe o merecimento das boas obras e ii torna incapaz
de adquirir outros.

- 213
Lição XXX

1. Quantos são os pecados contra o Espírito Santo?


Os pecados contra o Espírito Santo são seis;
1." Desesperação da salvação;
2." Presunção de se salvar sem merecimentos;
3." Negar a verdade conhecida como tal;
4." Ter inveja das mercês que Deus fêz a outrem;
5." Obstinação no pecado;

2. Por que se chamam contra o Espírito Santo êstes pecados?


Chamam-se contra o Espírito Santoêstes pecados, porque
se cometem por pura malícia, o que diretamehte repugna à
bondade divina, que se atribui ao Espírito Santo.

3. Quantos são os pecados que bradam ao céu e pedem a Deus


vingança?
Os pecados que bradam ao céu e pedem vingança a Deus
são quatro:
1." Homicídio voluntário;
2." Pecado sensual contra a natur.eza;
3." Oprimir" os pobres, órfãos e viúvas;
4." Negar o salário aos que trabalham.

4. Por que se chamam pecados que bradam ao céu e pedem vin.


gança a Deus?
Por que é tão grande e manifesta a malícia que êles encer-
ram, que clamam e pedem vingança ao céu contra quem os
comete.

Lição XXXI

1. Quem perdeu a graça de Deus pelo pecado poderá de noVO


consegui-la?
Sim; quem perdeu a graça de Deus pelo pecado poderá de
novo conseguí-Ia pelo sacramento da Confissão, ou por ~lm ato
de contrição perfeita com o propósito de confessar-se.

- 214-
Lição XXXII

I. Qual o pensamento mais eficaz para evitarmos o· pecado?


O pensamento mais eficaz para evitarmos o pecado é o dos
novíssimos, isto é, das últimas coisas que nos hão de acontecer.

2. Quantos e quais são os novíssimos do homem?


Os novíssimos do homem são quatro:
1.'> Morte; 3.'> Inferno;
2.'> Juízo; 4.9 Paraíso.

3. Quando convém pensar nos novíssimos?


Convém pensar assiduamente nos novíssimos, principal-
mente de manhã, ao despertar, de noite antes do repouso, e
tôdas as vêzes que somos tentados.

- 215-
Guerra ao Pecado e à
Impureza!
Defender a verdadeira Re- 1 - Refutar o êrro, a falsidade
gião, mediante uma verda- e a mentira, em matéria de
deira vida cristã, baseada Religião e Moral.
em sólida instrução e pie-
dade convicta.
Enaltecer a beleza da alma 2 - Pôr em relêvo a fealdade
em estado de Graça, e aper- da alma em pecado mortal,
feiçoá-Ia pela prática das e sua aviltante miséria.
virtudes, e, em particular,
da Pureza.
Promover conversas hones- 3 - Combater as conversas imo-
tas, edificantes. rais, obscenas e provocantes.
Divulgar gravações, revistas, 4 - Destruir, quanto possível,
periódicos, folhetos católi- gravações, jornais, folhetos
cos, coletando assinaturas, e cartazes inconvenientes,
vendendo-as, emprestando- e impedir que sejam com-
os e dando-os. prados, lidos e divulgados.
Fazer propaganda dos pro- 5 - Boicotar os programas de
gramas bons de Rádio e Te- Rádio e Televisão, opostos
levisão. à Fé e aos bons costumes.
Colaborar com os espetá- 6 - Impedir, por todos os meios,
culos morais (cinema, tea- a assistência a espetáculos
tro, etc.), participando, as- imorais, e se possível, a sua
sistindo, propagando e es- real ização.
palhando seus programas.
- Favorecer os esportes de- 7 - Opor-se a todo esporte in-
centes, apropriados à idade decente, a bailes modernos
e ao sexo. imorais, e à música sensual,
meios diabólicos de perver-
são.
Trabalhar pela dignificação 8 - Formar um ambiente hóstil
dos trajes da mulher, ba- às modas impudicas e aos
luarte defensivo de sua hon- trajes indecorosos ("nunca
ra, cristianizando as modas. pode ser lindo um vestido
desonesto" ).
Formar um ambiente propí- 9 - Lutar contra o afrouxamen-
CIO às Normas de Morali- to dos costumes e as teorias
dade da Igreja Católica, mundanas, opostas à moral
colaborando com as Cam- cristã.
panhas de Moralidade.
Fazer o possível para que 10 - Pedir a Deus, por meio de
parentes, amigos e conhe- sua Mãe, a Virgem Ima-
idos vivam na Graça de culada, que reprima o do-
e CRISTO REINE mínio da serpente infer ai.

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