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O SACERDÓCIO UNIVERSAL DOS CRENTES

Todos têm acesso direto a Deus


EBD (31/07/2022) – IPB

Ilustração: “Felicidade é achar dinheiro esquecido no bolso”


Esse ditado popular retrata como é bom encontrar algum valor perdido em
bolso de calça. Na maioria das vezes você nem lembra que tinha aquele
valor ou nem sabia mais de sua existência. Contudo ainda fica muito alegre
quando, sem esperar, fica sabendo que tinha algo de precioso e que ainda
não tinha usado.
Do mesmo modo que isso traz muita alegria, o oposto, esquecer e não
fazer uso de algo que você sabe que tem ou lhe é privado utilizar, traz
muita tristeza. Minha avó guardou vários utensílios durante toda sua vida e
nunca os utilizou. Vez ou outra não desfrutamos das coisas boas que Deus
nos dá enquanto podemos. Passar mais tempo com quem amamos; apreciar
a natureza; provar comidas exóticas e conhecer lugares novos. Quando
temos poder para isso e não o fazemos, essa situação se torna triste, como
diz o próprio sábio em Ec 6.2, 3: a quem Deus conferiu riquezas, mas não
lhe concede que desfrute; alguém que gera 100 filhos e vive muitos anos,
mas sua alma não se farta do bem; para Salomão, “um aborto é mais feliz”
do que tal pessoa.
Descobrir que temos algo de valor e agora podemos usar é muito bom, mas
desconhecer algo que possuímos e, por isso, nos privarmos de seu uso, é
muito triste.
Hoje falaremos sobre algo que ocorria antes da Reforma; as pessoas vivam
assim: possuíam uma liberdade que não usavam por desconhecimento. Os
cristãos pré-Reforma tinham “dinheiro no bolso”, só não sabiam disso, por
isso eram privados de usar.

INTRODUÇÃO

 O catolicismo ensinava [e até hoje ensina] a existência de uma “classe especial


de cristão”
o O clero: vigários/substitutos de Cristo e apenas eles podiam nos mediar
a Deus para a confissão de pecados.
o A igreja ficava dividida entre clero e laicato
o Essas eram as doutrinas da sucessão sacerdotal [estudada no cap. 9] e da
confissão auricular.
 Em contraposição os reformadores ensinavam a doutrina do sacerdócio
universal dos crentes.

A.T.: O único Mediador da nova aliança é Jesus Cristo e, por isso, todos os cristãos
têm acesso a Deus por meio de Cristo [repetir]

PROPOSIÇÃO: veremos isso em 3 etapas: 1) o que a Escritura ensina, 2) porque


não concordamos com a ideia de um vigário e com a confissão auricular e 3) o que
a doutrina do sacerdócio universal não é.

1 O QUE A ESCRITURA ENSINA – Hb 7.20-28

1.1 O autor de Hebreus mostra como o sacerdócio de Cristo é superior ao


sacerdócio de Arão (vv. 20-22)
1.1.1 O próprio Deus assegura que o sacerdócio de Cristo é eterno (citando
o Sl 110.4) - v. 21
1.1.2 O juramento divino garante a eficácia e a eternidade do sacerdócio de
Cristo. Se Deus muda, seu juramento muda e o sacerdócio de Cristo
também muda. Do contrário, tudo isto é imutável1
1.1.3 Arão foi feito sacerdote por lei divina, Cristo, por juramento divino.
Uma lei pode ser anulada, um juramento não2
1.1.4 Consequentemente, uma aliança com um sacerdote superior,
igualmente é uma aliança superior3
1.1.4.1 Na antiga aliança, Moisés, o mediador, não poderia garantir a
aliança. Na nova aliança, Jesus é tanto o mediador quanto o
fiador. Jesus garante a total aliança de Deus conosco4
1.2 Devido ter um sacerdócio eterno, não pode haver sucessão (vv. 23, 24)
1.2.1 Os sacerdotes araônicos foram nomeados sem juramento. Portanto,
destinavam-se a ser provisórios (houve 84 sumos sacerdotes na
história de Israel)5

1
MACDONALD, William. Comentário bíblico popular: Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão,
2011.
2
KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: exposição de Hebreus. São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 2003.
3
TAYLOR, Richard S. Comentário bíblico Beacon: Hebreus. Vol. 10. Rio de Janeiro, RJ: CPAD, 2006.
4
KISTEMAKER, op. cit.
5
MACDONALD, op. cit.
1.3 A salvação que ele nos dá é plena, total (v. 25)
1.3.1 Não há risco do cristão se perder, pois Cristo intercede sempre por
eles (sua salvação é plena!) – lembrar de Pedro em Lc 22.31, 32 (v.
25)6
1.4 O sacerdócio de Cristo é único (vv. 26-28)
1.4.1 Ele é santo e, simultaneamente, sacerdote e sacrifício perfeitos (v. 27)
1.5 Resumindo, o sacerdócio de Cristo é superior ao da antiga aliança porque é
único e perfeito

2 O VIGÁRIO DE CRISTO (I. O vigário de Cristo)

2.1 Segundo a teologia romana, o padre é o substituto de Cristo (lembrar da


discussão sobre sucessão apostólica no cap. 9)
2.1.1 Sacerdócio araônico: possuía uma substituição (o ministério era
limitado pela morte – Hb 7.23)
2.2 Cristo é o único mediador da nova aliança (Hb 9.14, 15; 1Tm 2.5)
2.2.1 Não pode ser imitado pois, é um sacerdote que é o ministro e a vítima
simultaneamente (quem pode imitar/ministrar isso?)
2.3 O sacerdócio de Cristo é eterno, não pode ser interrompido pela morte
(Hb 7.17)
2.3.1 Ele está exercendo seu sacerdócio nesse momento (Rm 8.34; Hb
7.25)

3 A CONFISSÃO AURICULAR (II. A confissão auricular)

3.1 Essa doutrina afirma que os pecados devem ser confessados ao ouvido do
sacerdote
3.1.1 Este informa o que deve ser feito para ser perdoado
3.2 Porque discordamos disso?
3.2.1 Não é bíblico: não há esse ensino na Escritura
3.2.1.1 Há vários pecadores que foram perdoados sem confissão
desse tipo (mulher pecadora – Lc 7.48; Zaqueu – Lc 19.8, 9;
paralítico – Mt 9.2)
3.2.1.2 Na Escritura o perdão de pecados só pode ser dado por Deus
(Lc 5.21; Mq 7.18; Mt 6.12)
3.2.1.3 A confissão em At 19.18 e Tg 5.16 não se enquadram nessa
doutrina (a primeira foi pública e a segunda mútua) – em
Tiago, a confissão mútua é para que haja reconciliação
3.2.2 É impossível uma confissão completa: ela exige uma confissão
completa, mas não conhecemos todos os nossos pecados (Sl 19.12).

6
MACDONALD, op. cit.
3.2.2.1 Isso abre a porta para o desespero e insegurança (citar
Lutero)
3.2.3 Nenhum homem pode ser juiz dos pecados: isso porque todos estão
na mesma condição (Rm 3.23)
3.2.4 É contrária a doutrina bíblica da perfeita satisfação em Cristo: isso
é uma daquelas coisas que não dá para repetir [fazendo referência ao
estudo anterior]

4 O SACERDÓCIO UNIVERSAL NÃO É (III. O sacerdócio universal)

4.1 A Reforma resgatou a doutrina do sacerdócio universal dos crentes


4.2 A Escritura aponta que todos os cristãos são sacerdotes
4.2.1 Somos chamados a ser um povo de sacerdotes (1Pe 2.9) – não há
uma classe distinta de crentes
4.2.2 Possuímos acesso direto a Deus, mediante Cristo, em oração e pelo
livre exame da Escritura (Hb 10.19-22)
4.3 Não significa que não precisamos de pastores (Hb 13.7)
4.3.1 Congregação Cristã não possui pastores (o extremo oposto)7
4.3.2 No NT a igreja possui presbíteros e pastores-mestres (At 20.17-31; Ef
4.11-13; 1Pe 5.1-4)
4.3.3 Pastores não são sacerdotes, mas pastoreiam o rebanho de Cristo (nos
conduz espiritualmente)
4.3.4 Dentre todos os cristãos alguns são vocacionados para serem
presbíteros, porém, não são uma casta superior
4.3.5 Os demais cristãos não são uma classe inferior, possuem suas
próprias funções no corpo de Cristo
4.3.5.1 Não devemos limitar o conceito de sacerdócio, como ex.: Se
você não canta e não prega então não serve8

CONCLUSÃO

 A Escritura não reconhece uma classe sacerdotal na nova aliança


 A escritura não ensina a prática da confissão auricular
 A doutrina romana atenta contra o sacrifício eterno e perfeito de Cristo
 Cada cristão verdadeiro pode interceder, aconselhar, se achegar a Deus por
meio de Cristo e oferecer sacrifícios espirituais a Deus (orações e louvor)9
 Quando a Reforma redescobriu a verdade de que temos livre acesso a Deus, em
Cristo, ficamos como quem encontra dinheiro perdido em bolso
7
LOPES, Augustos Nicodemus. Sacerdócio Real: Exposição de 1 Pedro 2.9 - Augustus Nicodemus - Fiel
Pastores 2017. Ministério Fiel (YouTube), 2017. Disponível em <https://youtu.be/aIyJ7016P2A>. Acesso
em: 29 jul. 2022.
8
LOPES, Augustos Nicodemus, op. cit.
9
LOPES, Augustos Nicodemus, op. cit.
o Não sabíamos a riqueza que tínhamos em Cristo

APLICAÇÃO

 Como estamos exercendo nosso sacerdócio?


 Nunca devemos criar a ideia de pessoas mais espirituais que outras na igreja
o Não devemos viver de “pegar carona” na oração dos outros
 O sacerdócio de Cristo é eterno, portanto, ele está o exercendo nesse momento,
intercedendo por nós junto ao Pai.
o Devemos orar com essa confiança
o Também devemos perseverar em oração
o Sendo Jesus o nosso Sumo Sacerdote, nunca seremos rejeitados.
Consequentemente, desviar-se de Cristo é uma tolice, uma loucura10
 Essa doutrina só faz sentido na igreja11
o Todos somos sacerdotes de alguém e uns dos outros

10
LOPES, Hernandes Dias. Hebreus: a superioridade de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2018.
11
LOPES, Augustos Nicodemus, op. cit.

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