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Êxodo 20.13 – Não matarás

Introdução.
Quanto vale uma vida? O mandamento da Lei de Deus nos coloca diante
do valor da vida e nos faz pensar no modo como temos encarado a nossa
existência e a de nosso semelhante.
Na mensagem desta noite quero convidá-lo a pensar seriamente nos seus
relacionamentos interpessoais e na necessidade que você tem de glorificar ao
Senhor com toda a sua existência.

Contexto.
Aquele momento de restauração da nação de Israel, logo após a saída do
cativeiro, era um momento revestido de especial importância. Afinal de contas,
os anos de escravidão, por certo, acabaram destruindo conceitos fundamentais
de cidadania tanto no âmbito dos seus relacionamentos interpessoais quanto no
âmbito do seu relacionamento com Deus. O povo precisava reaprender como
viver para a glória do Senhor.
No mandamento que temos diante de nós há muita coisa para ser dita,
afinal de contas, o princípio positivo de valorização da vida e o mandamento
negativo – não matarás, trazem consigo lições desafiadoras tanto para a nação de
Israel naquele tempo, quanto para a igreja de nossos dias.
Vale ressaltar ainda que o mandamento, do ponto de vista das
responsabilidades, deve ser olhado de duas perspectivas. A primeira é a do
indivíduo e de suas responsabilidades pessoais, ou seja, o sujeito dos
mandamentos é sempre “tu”, o que significa que Deus está tratando com pessoas
individuais. Por outro lado, analisando outra perspectiva, temos no mandamento
também um compromisso ético com o corpo, ou seja, não basta que eu não
mate, é minha responsabilidade, em função da nossa constituição como corpo de
Cristo, que eu ajude o próximo a não matar também, e que minhas ações sempre
promovam a vida.
Assim, qual a mensagem deste mandamento para a igreja de hoje?
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Desenvolvimento.

1) O que é proibido
Antes ainda de olhar o primeiro aspecto, que diz respeito ao que é
proibido no mandamento, anda é preciso responder a seguinte questão: por que é
pecado matar?
A Bíblia diz que o ser humano foi o único, na criação, a ter sido criado
conforme a imagem e semelhança de Deus. Todo ser humano, independente da
sua confissão religiosa, por criação, traz consigo essa imagem. O pecado não a
tirou de nós, embora a tenha deformado terrivelmente. Sendo assim, todo
atentado contra a vida, seja a do próximo ou seja a minha própria, é também um
atentado contra o reflexo da imagem de Deus. Por isso, matar é pecar contra
Deus e não apenas um ato contra o próximo ou contra a vida.
Depois disso, então, o que é proibido no mandamento?
O catecismo maior responde da seguinte forma: “... o tirar a nossa vida
ou a de outrem, exceto no caso de justiça pública, guerra legítima, ou defesa
necessária; a negligência ou retirada dos meios lícitos ou necessários para a
preservação da vida; a ira pecaminosa, o ódio, a inveja, o desejo de vingança;
todas as paixões excessivas e cuidados demasiados; o uso imoderado de
comida, bebida, trabalho e recreios; as palavras provocadoras; a opressão, a
contenda, os espancamentos, os ferimentos e tudo o que tende à destruição da
vida de alguém.”.
Poderíamos ampliar esta lista dizendo ainda que o aborto, mesmo quando
a gestação decorre de violência contra a mulher e excetuar apenas aquele que se
dá por causas naturais, ou seja, sem a intervenção cirúrgica ou medicamentosa.
Aqui, vale ressaltar, que o que a nós parece uma tragédia, no caso de violência
contra a mulher, Deus tem o poder de transformar em benção.
A Escritura também lembra que existem outras formas de assassinato,
quando declara: (Tiago 3:8 ARA) “a língua, porém, nenhum dos homens é
capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero.” E (1
João 3:15 ARA) “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora,
vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si.”.
Sendo assim, cremos que o mandamento nos exorta fortemente a
rejeitar tudo aquilo que atenta contra a vida.

2) O que é ordenado
Mas além disso é preciso que entendamos que há coisas que precisam ser
promovidas, no que diz respeito ao cumprimento do mandamento.
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Certamente, toda ação que promova a vida está prevista no mandamento.


Então, o socorro ao aflito e necessitado, o desenvolvimento de uma vida de
contentamento que contribua para o bom equilíbrio de nossa saúde e como
acrescenta o catecismo maior: “...amor, compaixão, mansidão, benignidade,
bondade, comportamento e palavras pacíficos, brandos e corteses; a
longanimidade e prontidão para se reconciliar, suportando pacientemente e
perdoando as injúrias, dando bem por mal, confortando e socorrendo os aflitos,
e protegendo e defendendo o inocente.”.
Contudo, ao ver essa abordagem positiva do mandamento surge uma
questão: Se a vida é tão importante, porque no AT existia pena de morte? E
mais, seria legítimo algum cristão ser a favor da pena capital?
Incialmente devemos reconhecer que realmente havia pena de morte no
AT. Uma pena ordenada pelo próprio Deus, como se vê em Êxo 21:12 “Quem
ferir a outro, de modo que este morra, também será morto.”. A partir dessa
realidade devemos considerar que não seria razoável que Deus ordenasse algo
que ele próprio condenasse. Ou seja, se Deus ordenou que todo assassino fosse
morto é porque a pena tem sua legitimidade. Então, lembre-se que a ordem para
não matar é para o indivíduo, nem você, nem eu tem o direito de tirar a vida de
ninguém, mas Paulo diz: Rom_13:4 “visto que a autoridade é ministro de
Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é
sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador,
para castigar o que pratica o mal.”. Assim, no Reino de Deus, o estado
legalmente constituído é um ministro de Deus que tem autoridade para
aplicar a pena. Ou seja, eu não posso matar, mas o estado pode.
Mas para que não sejamos réus dessa pena, o Senhor nos exorta a
valorizar a vida em toda e qualquer situação.

3) O que é ensinado – O valor da vida no ministério de Cristo. Sua vitória


sobre a morte.
Em último lugar nos deparamos com algo importantíssimo. O que é
ensinado no mandamento?
Creio que o mandamento é um convite para que olhemos para Jesus e sua
obra em favor da sua igreja.
A Escritura diz que quando Deus nos amou estávamos nós mortos em
nossos delitos e pecados e quando a mensagem do evangelho nos alcançou esta
morte foi vencida.
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Veja Joã_5:24 Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a


minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra
em juízo, mas passou da morte para a vida.
Em Jesus a morte foi definitivamente vencida e em Jesus
aprendemos o verdadeiro valor da vida, que passa pelo seu amor
demonstrado no enfrentamento da cruz e na glória do sepulcro vazio.
Só um Salvador que nos deu vida pode, legitimamente, nos ordenar
que a preservemos sempre.

Conclusão.
Na introdução perguntamos aos irmãos quanto vale uma vida e se nos
lembrarmos que todos fomos criados à imagem e semelhança de Deus
reconheceremos seu grande valor. Contudo, vale ressaltar ainda que muitas
vidas humanas foram compradas pelo sangue de Jesus, por isso, é nossa
responsabilidade valorizá-las e trazê-las também ao conhecimento daquele que
realmente tem poder sobre a morte.
Quando, como igreja, anunciamos o evangelho de Cristo, também
revelamos todo nosso respeito e obediência a ordem do Senhor: Não matarás!
Pense nisto!

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