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carol coelho
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tt: greendeusa
ocaleidoscopioblog.wordpress.com
wattpad.com/odeterothmans
coisas que a gente passa em silêncio,
que não convém contar pra ninguém
meu choro se repete no vácuo
não se sabe porquê, nem quando, nem quem.
objetos no espelho
estão bem mais próximos
do que aparentam estar
meus sentimentos no texto
são coisas das quais
não consigo me distanciar.
quando menos espero,
tudo me invade
e a ferida dada por curada
arde, arde e arde.
e eu peço alguma serenidade
pra transformar a dor em arte.
mas será arte o que eu faço?
transformo o transtorno,
moldo o meu choro
preencho o espaço,
junto tudo o que sinto com um laço
na verdade, um emaranhado
com esse meu tosco palavreado
e amo
afinal, o que me resta?
nesse ponto da existência,
pouca coisa concreta
no que me agarrar
perco até o ar
e esqueço como respirar
e então, um alívio no desespero
no nó que me aperta a garganta,
me lembro que eu escrevo.
novamente, vejo
e respiro,
inspiro
lembro que as palavras são como ouro
e me vejo novamente
frente a frente
com o meu mais precioso tesouro.
ode à ausência
intercalando nossas
consoantes e vogais
você, eu, você, eu
até não dar mais
oração de joelhos
só verbos, sem sujeitos
porque nós já sabemos
o faça, o faz, e assim, fazemos
pronome de possessão,
tendo você em minhas mãos,
já não preciso afirmar nada,
só aprender as sutilezas
desse jogo de palavras.
probabilidade
possível
não é provável, marreco
e tudo o que ela
poderia ter sido
me assombra
sua voz que nunca ouvi
faz eco.
o plausível
me faz de otário
e o mundo ao revés
é martelo
meu corpo, prego.
se eu soubesse rezar,
rezaria
pela minha alma em revelia
que não conhecerá os céus
nem as suas regalias.
e em condição de condenado
faço estrago,
afinal por que pagar tanto
por só um pecado?
desfruto do fruto que
eva comeu
e com seu peso, me envergo,
mas sustento.
a culpa que não me cai
sempre me assusta
mas é algo não me cabe
e isso as vezes me deslumbra.
restos à mesa
se calmo, afinal,
tempestade sou poeta
meu templo nunca
se pensativo, será pedra sobre pedra
sou nanquim será choro, fogo e lava
tirania, ódio e alegria
mas serei sempre será razão, impressão,
as palavras a pura síntese da falta de noção
que escorrem será alma lavada e boemia
para além de mim. porque afinal, não é assim
que nasce a poesia?