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Contexto: Indagado se havia mantido relações sexuais com a estagiária Monica Lewinski, Clinton
negou. Posteriormente, o sêmen do presidente foi encontrado na roupa de Lewinski. Ele foi
denunciado por perjúrio (falso juramento) e obstrução da justiça por dar respostas evasivas sobre
o caso. Em seguida, leremos um excerto extraído do livro que comenta o ocorrido:
“Durante oito meses entre o momento em que Monica Lewinsky apareceu e o presidente
Clinton admitiu seu caso extraconjugal, os Republicanos não disseram nada sobre esse escândalo
sexual. Enquanto isso, a Casa Branca começou sua própria campanha para pautar o caso para o
povo americano. O silêncio republicano foi baseado na esperança de que os Democratas
apoiadores de Clinton se autodestruiriam, e no medo dos Republicanos de não conseguirem lidar
com essa questão moral sem dar um tiro no próprio pé. [...] Foi pela insegurança de conseguirem
utilizar esse escândalo sexual em seu favor político que os Republicanos torceram pela implosão
da base de apoio de Clinton.
O povo, cético, rapidamente foi convencido de que o presidente foi vítima de ataques
partidários. Em termos políticos, “vítimas” são os coitados, os pequeninos na sociedade, ou seja, o
próprio povo. Em um embate político democrático, o vencedor é quem consegue fazer com que o
povo se identifique com ele. Numa democracia, esse é o primeiro – e talvez o único – princípio da
guerra política: O lado da “vítima”, ou seja, do povo, ganha.”
Análise de trechos da obra “A Arte da Guerra Política” (David Horowitz)
Na guerra política você não luta apenas para vencer uma discussão, mas para destruir a
habilidade de contra-ataque do seu oponente. Os Republicanos normalmente conduzem os
combates políticos como se fossem uma discussão na sociedade de debates Oxford Union, crendo
que a vitória está em argumentos razoáveis e princípios cuidadosamente articulados. No entanto, a
plateia da política não é formada pelos letrados de Oxford, muito pelo contrário. As regras são
totalmente diferentes.
Você tem 30 segundos para chegar à sua conclusão verbal. E mesmo que tivesse mais
tempo para trabalhar sua argumentação, a plateia a qual você se dirige – que é o indeciso e o
“isento”, que não está prestando muita atenção no seu discurso – não entenderá seu ponto. Suas
palavras serão muito para o entendimento de alguns, e outros sequer as escutarão, postos os
desafios e problemas do dia-a-dia deles. Pior ainda, enquanto estiver estabelecendo seus
argumentos, o outro lado rapidamente o tachará como um mesquinho, anti-imigração que está a
serviço dos fanáticos religiosos, com certeza comprado pelos ricos. E ninguém que vê-lo dessa
maneira irá perder tempo o ouvindo. Você está politicamente morto. Política é guerra, não se
esqueça disso.
Na guerra existem sempre dois lados: aliados e inimigos. Sua tarefa é se mostrar como o
maior amigo possível do eleitorado que se alinha com seus princípios, enquanto tacha seu oponente
como o inimigo, sempre que puder. O ato de definir quem são os combatentes é o mesmo que
definir os terrenos de batalhas em uma guerra militar. Escolha o terreno que lhe for mais fácil para
lutar cada batalha. Mas tome cuidado! A política americana consiste em uma grande pluralidade,
onde círculos eleitorais são diversos, e normalmente conflitantes. A justiça e a tolerância são as
regras normais do embate democrático. Se você parecer mesquinho ou muito crítico, seu oponente
lhe tachará como uma ameaça – o inimigo – mais facilmente.”