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ANTON TCHEKHOV (1860-1904) “Perante esta multido aborreejda de seres impotentes, um | bhomem passou, grande in ‘os enfadonhos habitantes de sua patria e, com um sorriso triste, em tom de eensura, doce mas profunda, com \ ‘uma desesperangada angéstia na fala eno coragio, Copyright desta edigdo, 1976, disse-thes em sua vor tao sincera: Senhores, viveis mal!” l S.A. Cultural e Industrial, Sio Paulo. | (Maximo Gérki) 1 : Mm ‘mum mando decadonts © nose, ni wv (ge Jeane Wat) rine Loule Parnell e Macha lan Plowright vver tontando reso para a eitince, “Anton Pavloviteh Tehekhov sentou-se na cama ¢ de ma racira sigfificativa disse, em voz alta e em alemio: ‘Ich sterbe’ "estoy morrend. Depois, segurou o copo, voltou-se para mim, Sorriu‘eom seu maravilhoso sorriso e disse: “Faz muito tempo {ue nao bebo champanhe’. Bebeu trangiilamente todo 0 copo, Estendeu-se em siléncio e, alguns instantes depois, ealow-se para ‘Sempre E a pavorosa calma da noite foi apenas alterada por uma ‘enorme borboleta noturna, que entrou pela janela e voou, aor- ‘doada, pelo quarto, em torno das limpadas acesas. O médico ret fou-se. No silencio da noite, com um estampido terrivel, a rolha Ga garrafa interminada saltou. Comegou a clarear e, Tera a despertar, um primeiro requiem: os doces e formosos os das aves e 05 acordes do érgao da igreja proxima, Nem uma voz humana, nada do cotidiano da vida, somente a calma e a sgrandeza da morte.” (Os iltimos instantes da vida de Anton Tehekhov. deseritos por sua esposa, a atriz Olga Knipper, tiveram o mesmo clima Ge suas pegas teatrais, em que o silencio € tio ou mais significa tire que 8s pelavras, Depois de uma atvidade intensa, desenvol vida a pertir da adolescéncia até sua morte, aos 44 anos, Tchek- hoy abandonow a cena para sorrir nos bastidores. Ele sabia que ‘suas personagens continuariam a viver em suas pegas © nas hist ras que escreveu, retiradas da propria vida ‘Seu silencio, como suas pecas, fem um subtexto, descrito por le alguns anos antes, em carta a um amigo: “Desprezo a pre Buiga, assim como desprezo a fraqueza e a apatia dos movimen- fos da alma, Para viver bem, como um homem digno desse nome, preciso trabalhar, trabalhar com amer, com fé UMA INFANCIA ATORMENTADA, Quando Anton Pavlovitch Tehekhov nasceu, a 17 de janeiro e 1860, a familia vivia em Taganrog, uma cidade da Rissia com ‘mais de 30 000 habitantes, entre os quais havia cerca de quinhen- tos comerciantes, Os mais ricos eram origindrios da Grécia, ra- zio pela qual Pavel Yegorovitch Tehekhov, um abscuro dono de mercearia, resolveu matricular os flhos na escola grega da Iereia, dde Sio Constantino, para que mais tarde pudessem freqientar a Universidade de Atenas e ocupar uma posigio de des Cs filhos fracassaram e ele os m: de se prepararem para uma carreira profissional. Anton repetiu dois anos. concluindo 0 curso em dez. Pavel se aborrecett © 0 ‘mandou aprender 0 offcio de alfaate, no qual 0 seu unico tra Iho foi a confecsio de um par de calgas. Pavel gostava de misica. Aprendera por si mesmo a tocar violino, tina uma certa predilegao pela musica sac derava'um dtimo regente de coral. Esse amor a Anton e a seus irmios uma infincia atormentads. Pavel reunia ava até altas horas da noite, mantendo o bom nivel da cantoria a poder de repreensées castigos corporais. Desde crianga Anton trabalhaya no armazém de seu pai,

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