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Escola de Líderes

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2 Liderança 4.0: Liderança Ágil em Tempos Velozes # Aula 13 — Inteligência Intrapessoal I

Sumário
Inteligência Intrapessoal ............................................................................................... 4
Aspectos Fisiológicos......................................................................................................6
Dimensão Racional.........................................................................................................9
3 Liderança 4.0: Liderança Ágil em Tempos Velozes # Aula 13 — Inteligência Intrapessoal I

Em nossa última aula, falamos da


competência da conexão e exploramos
desde a conexão interna, do líder com
seu propósito, até as conexões

Na
proporcionadas pelas redes sociais,
passando pela conexão com clientes,
pares, colaboradores e líderes em
aula posições hierárquicas diferentes

Nessa aula começaremos a falar sobre a


anterior inteligência interpessoal, outra das
competências essenciais para o líder 4.0,
com impacto em todas as outras
competências referentes aos arquétipos
com foco em relacionamento, e talvez
uma das menos desenvolvidas.
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Inteligência Intrapessoal

A teoria das inteligências múltiplas foi apresentada


por Howard Gardner nos anos 80, exatamente para
mostrar que nós não temos só uma inteligência, mas
várias inteligências. Uma delas é a inteligência
intrapessoal, que significa a capacidade de olhar
para dentro de nós mesmos, para nossa persona,
que está por trás das máscaras sociais que usamos,
e identificar as próprias emoções e sentimentos. Livro Estruturas da Mente, em que
Gardner apresenta a teoria das
Inteligências Múltiplas

§
Isso é um grande desafio, porque não é fácil
identificar claramente emoções e sentimentos, mas é
A inteligência
absolutamente necessário, porque são eles que nos intrapessoal
orientam de maneira favorável ou desfavorável em parte do
situações e necessidades pela vida afora. Ou seja,
reconhecimento
que nós somos
inteligência intrapessoal diz respeito ao quanto nós
nos auto compreendemos, ao quanto nos
conhecemos. Ela nos favorece no estabelecimento seres complexos,
de relações saudáveis com outras pessoas e na construídos pela
tomada de decisões mais adequadas e condizentes história que
com o que somos realmente. Serve também para
vivemos
termos mais domínio sobre o nosso comportamento.

Para um líder, autoconhecimento é fundamental. Como liderar outros, se você não se


conhece e não se auto lidera? Autoliderança, autogestão e autoestima são essenciais
a um bom líder, e isso significa trabalho contínuo de autoconhecimento.
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A inteligência intrapessoal parte do reconhecimento que


nós somos seres complexos, construídos pela história que
vivemos, por nossas carências emocionais, por nossos
desejos inconscientes, pelas interações com outras pessoas, pela
linguagem que crescemos ouvindo e pelos afetos vividos, entre
outras coisas. Tudo contribui para nos formar, tudo é parte de nós. Com
que palavras nossas mães e pais nos apresentaram para o mundo? A que
tipo de afagos nosso corpo, nossa mente e nossas emoções foram
apresentadas? Como aprendemos a ser quem somos?

muito forte entre a palavra e atitude do


Quando crianças, aprendemos a
outro e a nossa postura.
conseguir atenção e alimento pedindo
aos outros, não é mesmo? Se A forma como ouvimos nossos pais nos
chorávamos e nossa mãe nos pegava ajuda a codificar os pensamentos e a
no colo e nos abraçava, aprendemos entender nossas emoções. Tudo isso,
que pedir as coisas dessa forma de alguma forma, fica gravado no
funciona. Mas o oposto também é nosso invólucro corporal; então esse
verdadeiro: se chorávamos e éramos ser humano que somos, com toda essa
deixados no berço, o registro de que complexidade fantástica, precisa ser
não adianta pedir as coisas assim entendido. É a isso que nos referimos
também ficou em nós. Então, desde quando falamos em inteligência
crianças, percebemos uma relação intrapessoal.

Nós, seres humanos, temos quatro dimensões igualmente importantes: a fisiológica, a


racional, a emocional e a espiritual. Essas dimensões se comunicam o tempo todo, e
quando falamos em inteligência intrapessoal, estamos falando em reconhecer que
elas existem, convivem e se interpõem a todo momento, ou seja, o nosso lado
fisiológico impacta o racional, que por sua vez impacta o emocional, que
impacta o espiritual. Uma dimensão impacta a outra o tempo todo. Para
tomar consciência dessas quatro dimensões, gostaria de propor um
exercício simples. Anote, em um papel ou no celular mesmo,
algumas características que você pensa ter em cada um dos
aspectos citados: fisiológico, racional, emocional e
espiritual.
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A ideia é descobrir como você é de fato, e fazer-se algumas perguntas pode ajudar.
Para descobrir suas características no aspecto fisiológico, você pode refletir sobre:

Como é seu corpo? Quais


O que você faz com o
as impressões que você
seu corpo? Como é que
tem dele?
você cuida dele? Você
cuida do seu sono, da
sua alimentação, dos
Quais as forças e
seus movimentos?
fraquezas do seu corpo?

Como seu corpo é


impactado por suas
emoções e pensamentos?

Pense em como seu corpo reage quando você pensa em


determinados assuntos ou sente determinadas emoções.

O coração acelera?

A respiração fica ofegante?

Você sente calor?

Sente necessidade de se levantar e andar?

Cerra os punhos quando está com raiva?

Franze a testa quando está preocupado?

Fica com dor de cabeça depois de um dia de trabalho tenso?


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A inteligência intrapessoal passa por aprendermos a conhecer nosso corpo e a


cuidar dele, porque ele é muito requisitado o tempo todo. Desde nosso nascimento,
as palavras que ouvimos vão impregnando em nós e nos dando uma consciência boa
ou ruim do nosso próprio corpo. Se ouvimos que somos fortes, bonitos e capazes de
fazer as coisas, possivelmente desenvolveremos a consciência de que nosso corpo é
forte, bonito e capaz. Se, por outro lado, ouvimos que somos desengonçados ou
incapazes de fazer as coisas (o famoso “você não faz nada direito”), nossa
consciência sobre nosso corpo será negativa. E precisamos estar cientes disso para
lidar bem com o corpo que temos. Precisamos conhecer as potencialidades e as
limitações do nosso corpo e descobrir se essas limitações são verdadeiras ou apenas
fruto de afirmações depreciativas que ouvimos ao longo da vida.

Por exemplo, muitas pessoas acreditam não ter habilidades manuais. Se


olharem para o passado, talvez descubram que desde crianças ouviram a mãe,
o pai, a avó ou outra pessoa importante dizer a elas que elas não tinham mão
boa, ou que elas quebravam tudo o que tocavam. Se elas não tentarem
superar essa crença, nunca descobrirão se a falta de habilidade é verdadeira
ou se é apenas fruto das falas depreciativas que ouviram quando crianças. Por
outro lado, se elas a superarem e se descobrirem excelentes artesãos, por
exemplo, a experiência de superação as fará questionar outras inabilidades e,
talvez, descobrir outras potencialidades.

Existem forças e
O contrário também acontece. Se uma criança cresce
ouvindo as pessoas importantes para ela dizerem que ela
fraquezas ligadas ao
leva jeito para ler um poema na apresentação da escola, seu corpo que não
porque ela tem postura e voz boa, ou algo do gênero, ela necessariamente são
possivelmente terá muito mais facilidade para falar em forças e fraquezas
reais, mas que
público do que teria se não tivesse recebido esse reforço
positivo.
podem ter sido
criadas por falas
como as que
exemplificamos
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Quando falamos em inteligência e ninguém lhe deixaria falar. E mais,


intrapessoal, estamos falando desse essa fala pode, em algum momento, ter
domínio sobre coisas que às vezes sido corroborada erroneamente com
podem ter sido faladas por outras situações em que havia muitas
pessoas, mas que impactaram o nosso pessoas em uma reunião e ninguém
corpo e o jeito como lidamos com o ouvia ninguém, o que não é incomum.
nosso dia a dia. Imagine, por exemplo, Há grandes chances de você ter
se alguém lhe disse, em alguma altura acreditado inconscientemente nisso e
da vida, talvez lá no começo de sua de passar a temer reuniões em que
carreira, que você não conseguiria terá de expor suas ideias porque não
expor suas ideias em uma reunião se sente capaz de fazê-lo.
porque seu tom de voz é baixo demais

É importante que você comece a perceber que existem forças e fraquezas


ligadas ao seu corpo que não necessariamente são forças e fraquezas
reais, mas que podem ter sido criadas por falas como as que
exemplificamos.
Para refletir

Se forem positivas, ótimo, elas o empoderaram, mas, se forem


negativas, podem estar anulando potencialidades suas. Por isso,
a consciência de quem nós somos fisicamente é um ponto
fundamental.

Mas é claro que não somos formados apenas pelo nosso corpo
físico. Aí entramos na segunda dimensão de que falamos — a
dimensão racional.
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As perguntas que podem nos ajudar a conhecer nossa dimensão racional são:

 Você percebe algum padrão mental em você mesmo? Se sim, qual é esse
padrão? Por exemplo, um padrão mental de rigidez, ou sexista, pode
atrapalhar você e sua equipe em muitos aspectos.

 Quais as emoções que impactam os seus pensamentos?

 Quais são as suas crenças? Por exemplo, se você acredita que liderar
mulheres é difícil, possivelmente terá dificuldades ao liderá-las, não porque
a dificuldade seja real, mas porque você acredita que ela seja real.

 Quais pensamentos seus são recorrentes, e sempre voltam, voltam,


voltam? Por exemplo, se você recorrentemente pensa que pode ter um
branco ao falar em público ou ao expor uma ideia, aumenta as chances
reais desse branco acontecer ou, pior, desiste de expor sua ideia por medo
de que ele possa acontecer.

 Quais os pensamentos que o ajudam e quais o prejudicam?

 Como você lida com a solidão? Você a encara como uma boa oportunidade
para refletir ou a teme?

Novamente, é preciso entender como nossos pensamentos funcionam para não


permitir que padrões arraigados nos atrapalhem, para não dar asas a pensamentos
que nos prejudiquem e, principalmente, que afetem a forma como se lidera e se toma
decisões.

Então, de novo, a inteligência intrapessoal é reconhecer esse padrão mental


para poder controlá-lo melhor. Pessoas com elevada inteligência intrapessoal
sabem fazer sua gestão emocional, não se deixam levar apenas por emoções,
pensam e avaliam bem as situações e são geralmente assertivas, porque
sabem expressar de forma clara seus pensamentos, emoções e necessidades,
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respeitando os outros. Para fazer isso é importante reconhecer as próprias


emoções e ter clareza dos próprios pensamentos.

O utra característica importante da inteligência intrapessoal é que ela


torna as pessoas mais autodisciplinadas, com mais autoestima, porque
passam a ter a real noção de suas fortalezas, passando a valorizá-las, e
de suas limitações, aprendendo a lidar com elas. Também é importante
notar que pessoas com essa inteligência estão conectadas ao presente,
ao aqui e agora e são muito autoconscientes.

Essas são qualidades absolutamente indispensáveis para o líder 4.0,


uma vez que, para lidar com pressão, volume de
informações, aceleração do tempo e inúmeros
relacionamentos, é preciso ter uma saúde física, mental,
emocional e espiritual muito alinhada. Para isso, a
inteligência intrapessoal é a grande competência, que
possibilita essa gestão consciente do “ser”. Além disso,
um líder com competência intrapessoal relaciona-se
melhor com seus colaboradores, não projeta neles seus
problemas ou suas características, o que lhe permite
enxergá-los de forma muito mais harmônica e
verdadeira, a partir de uma gestão imparcial e madura.

Nas próximas aulas exploraremos as outras dimensões do ser humano: a


emocional e a espiritual. Você verá que nossa jornada de
autoconhecimento está apenas começando.

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