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ALIMENTOS BÁSICOS EM
MOÇAMBIQUE
NOVEMBRO DE 2014
This publication was produced for review by the United States Agency for International
Development. It was prepared by DAI.
FORTIFICAÇÃO DOS
ALIMENTOS BÁSICOS EM
MOÇAMBIQUE
Contractor: DAI
The authors’ views expressed in this publication do not necessarily reflect the views of the United
States Agency for International Development or the United States Government.
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Tabela de conteúdos
Tabelas.................................................................................................................................. ii
Prólogo ................................................................................................................................ iii
Prefácio ................................................................................................................................. v
Agradecimentos .................................................................................................................. vii
ABREVIATURAS ........................................................................... Error! Bookmark not defined.
Sumário Executivo ................................................................................................................. 9
Capítulo 1: Fortificação em Moçambique ............................................................................ 10
Novo Projecto de Legislação e Normas Técnicas sobre a Fortificação ............................................................ 10
CONFAM .......................................................................................................................................................................................... 10
Capítulo 2: Revisão do Projecto de Legislação e Normas Técnicas ......................................... 11
Os Alimentos Básicos seleccionados ............................................................................................................................. 11
Mecanismos de Aplicação da Lei ..................................................................................................................................... 13
Amostragem e Testagem......................................................................................................................................................... 13
Penalidades .............................................................................................................................................................................. 14
Implicações para Produtos Importados ........................................................................................................................... 15
Normas Técnicas .................................................................................................................................................................... 15
Fórmulas de Micronutrientes ................................................................................................................................................ 16
Saão necessários Documentos Técnicos Adicionais.................................................................................................... 18
Mudança para Normas Técnicas ......................................................................................................................................... 18
Alavancagem do Logo da Fortificação ............................................................................................................................. 18
Data efectiva/período de graça ........................................................................................................................................... 14
Capítulo 3: Participação do Sector Privado ........................................................................... 19
Vista Geral da Moagem ........................................................................................................................................................ 20
Merec Industries Lda (Merec), ......................................................................................................................................... 22
Vista Geral do Óleo de Cosinha ........................................................................................................................................ 23
Grupo Maeva............................................................................................................................................................................ 24
Manter o Sector Privado Envolvido ............................................................................................................................... 25
Capítulo 6: Resumo das Recomendações ............................................................................. 27
Projecto de Lei ........................................................................................................................................................................ 27
Normas Técnicas .................................................................................................................................................................... 29
Implementação da primeira fase: ................................................................................................................................... 30
Implementação da segunda fase: .................................................................................................................................... 31
Implementação da terceira fase: ..................................................................................................................................... 31
Capítulo 7: Modelo Financeiro para Apoiar a Fortificação ..................................................... 32
Bibliografia .......................................................................................................................... 34
Anexo A .............................................................................................................................. 35
Um estudo realizado pelo PAM em Maio de 2012 mostrou que, no Egipto, os empregadores
conseguiram ganhar mais de 175 milhões de dólares, através da redução dos níveis de anemia
na força de trabalho. O estudo mostrou que a cada 0,17 dolares investidos na fortificação da
farinha para o pão no Egipto estima-se um retorno de mais de 4,00 dolares para a economia, o
que demonstra mais uma vez que a fortificação é uma das ferramentas de saúde pública mais
rentáveis, e benéfica para a economia nacional como um todo.
Na década passada, Moçambique progrediu em muitas áreas e agora encontra-se num ponto
apropriado para introduzir a fortificação em grande escala de alimentos básicos. Os principais
factores tradicionais que são necessários para o sucesso a longo prazo dos programas de
fortificação são:
Globalmente a fortificação é guiada pela Comissão Codex Alimentarius, que foi criada pela
FAO em 1961. A OMS também publicou uma Directriz para a Fortificação em 2006, a qual
estabelece recomendações para a combinação de diferentes fontes de vitaminas e minerais,
tendo em conta as dietas locais.
CONFAM
A presente fase do actual programa de fortificação começou em 2012. A entidade que facilitou
a implementação deste programa é a Comissão Nacional de Fortificação de Alimentos em
Moçambique (CONFAM) liderada pelo Ministério da Indústria e Comércio, com o Vice-
Presidência do Ministério da Saúde. Os membros da CONFAM incluem o sector privado, as
agências governamentais competentes, tais como Instituto Nacional de Normalização e
Qualidade (INNOQ), Instituto Nacional de Inspecção de Alimentos (INAE), as agências da
ONU, como o PAM e UNICEF, a agência de proteção ao consumidor, e as ONGs e doadores
que apoiam o programa, como o GAIN e HKI. CONFAM formou vários Grupos Técnicos de
Trabalho.
As melhores práticas na fortificação a partir de outros países vizinhos em África foram tomados
em conta na criação do projecto de legislação e as normas técnicas. Como Moçambique
importa muito dos seus alimentos de países vizinhos, era importante considerar o impacto da
exigência da fortificação das importações de países que actualmente não fortificam os
alimentos prescritos na legislação.
CAPITULO 2: REVISÃO DO
PROJECTO DE LEGISLAÇÃO E
NORMAS TÉCNICAS
O projecto de lei foi construído para servir como uma estrutura geral ao abrigo da qual toda a
fortificação pode ser implementada. Indentificou-se vários alimentos como sendo adequados
para a fortificação, mas no momento actual apenas será aplicada a lei da fortificação da farinha
de trigo e do óleo vegetal.
O PROJECTO DE LEGISLAÇÃO
A tabela abaixo resume os capítulos e artigos da legislação. Como se observa, muitos dos
artigos referem-se às Normas Técnicas e alguns artigos carecem de um ponto de referência.
Existem duas áreas principais em que são necessários termos de referências. São o controlo
de qualidade e medidas de garantia e um cronograma específica de implementação. Ambas as
áreas podem ser tratadas nas Normas Técnicas, mas sem as mesmas, será difícil monitorar a
qualidade e aplicar multas em caso de incumprimento.
MECANISMOS DE EXECUÇÃO
O Projeto discute os termos muito gerais, o processo de monitoria e as punições em caso de
incumprimento.
O projecto não detalha como esta amostragem e teste serão feitos, nem faz referência às
normas técnicas. As orientações de como e quando o produto será testado devem
definitivamente fazer parte das normas técnicas, pois, cada alimento deve observar os
processos distintos de monitoria. Por exemplo, o teste da farinha exigirá parâmetros diferentes
do que os testes para o óleo, ou açúcar, ou sal. No entanto, há vários pontos gerais que devem
ser considerados na implementação da amostragem e análise. Estes são descritos abaixo.
Para testar todos os miconutrients numa fórmula complexa, tal como a utilizada para a farinha
de trigo, é bastante caro e não é feito com frequência. Todos os micronutrientes podem ser
testados na certificação, mas é mais praticável testar o ferro e, talvez, uma vitamina B, para a
farinha de trigo, e vitamina A, no óleo e prever uma gama de resultados. Não se pode dizer aos
produtores que serão apenas testados estes dois e variar a vitamina B escolhida para garantir
que os produtores não tirem vantagem. O teste deve procurar resultados num intervalo. Este
intervalo deve fazer parte das normas techical. Actualmente os padrões olham para uma
quantidade mínima e, em seguida, um nível superior onde um micronutriente iria revelar-se
tóxico. Isto é diferente da criação de um intervalo aceitável, que seria estreitamente ligado ao
rácio de mistura.
Algumas coisas a ter em conta ao fazer o teste: B9 (ácido fólico) é extreamly difícil de testar e
existe uma variedade de métodos de testagem que podem ser usados, que podem fornecer
uma gama de resultados; ferro e vitamina A devem ser testados em conjunto na farinha de trigo
de tempos em tempos a fim de assegurar-se que o composto de ferro não está a degradar a
vitamina A. Frequentemente usa-se a vitamina A encapsulada com o ferro para evitar esta
degradação, no entanto, isto pode ser 30% mais caro. Moçambique não está a exigir o
encapsulamento da vitamina A.
O projecto de lei não estabelece um plano de implementação no que diz respeito a quais
produtores serão obrigados a fortificar até quando.
O Ministério prevê que a legislação seja aprovada até o final do ano. No momento da
assinatura, iniciará um período de graça de um ano e prevê-se que o cumprimento siga em
conformidade:
Producer
Food Local Import Must Comply By
Wheat Flour 380-250MT/day January 2016
Wheat Flour 380-250MT/day January 2017
A punição por não fortificar os alimentos nos padrões estabelecidos é incorrer em multa
correspondente a três vezes o valor de mercado do produto em causa, mais a retirada do
produto alimentar.
A punição por não registar o produto junto ao ministério e seguir as orientações em matéria de
rotulagem será uma multa de 40 vezes o salário mínimo vigente na indústria de transformação,
As ofensas pela segunda vez resultarão numa duplicação dessas multas; uma terceira infração
resultará na suspensão da licença de produtor.
NORMAS TÉCNICAS
O Grupo Técnico de Trabalho da CONFAM sobre Legislação e Qualidade conduziu o processo
de estabelecimento das normas técnicas para a fortificação. Efeituou-se consulta com o
representante da indústria durante este processo de desenvolvimento das normas técnicas,
juntamente com todos os membros do CONFAM.
Estas normas estão detalhadas num documento separado que é gerido pelo INNOQ, com
cópias físicas disponíveis para compra por parte da indústria, por aproximadamente 1.500
meticais. A estratégia de manter estes padrões separados do projecto de legislação, permite
que se façam modificações sem alterar a legislação. É razoável pensar que as fórmulas dos
micronutrientes serão modificadas e as tendências do consumo evoluem.
As normas incluem:
- As listas de referências técnicas para a selecção de micronutrientes – fontes e níveis –
e os métodos utilizados para a análise laboratorial e controlo de qualidade.
- As listas de testes microbiológicos a serem incluídos na análise dos produtos, e os
limites aceites para cada item.
- Listas dos testes para metais pesados a serem incluídas na análise dos produtos, e os
limites aceites para cada item.
- Características de todos os diferentes tipos de farinha e os diferentes tipos de óleo
visados por esta exigência
- As listas de receitas de micronutrientes pré-mistura para a farinha de trigo, farinha de
milho e óleo.
- Condições de armazenamento para a pré-mistura
- Protocolo sugerido para o manuseamento da pré-mistura
- Especificações/diretrizes de marca para a utilização do logotipo de fortificação -
colocação, cor, etc.
Todos estes parecem ser bastante completos e abordam todos os aspectos técnicos da pré-
mistura, e testes.
FÓRMULA DE MICRONUTRIENTES
A norma inclui fórmulas para a farinha de trigo, farinha de milho e óleo, apesar de que a
legislação actual abrangerá a farinha de trigo e óleo. No geral, os micronutrientes e os seus
níveis estão bastante normalizados e de acordo com as orientações da OMS. Grande parte do
trigo é importada da África do Sul e por isso é útil comparar as fórmulas de micronutrientes:
Abaixo está uma tabela do consumo per capita de Moçambique, África do Sul e Tanzânia, que
mostra a diferença entre o consumo anual:
Mozambique 55 20
Tazania 23 10
FAO 2009
Para esta campanha obteve-se muitos apoios de celebridades, gratuitamente, pois os produtos
beneficiam a saúde pública. Os produtores registaram um aumento da sua quota de mercado,
com a promoção dos seus produtos na campanha.
CAPÍTULO 3: PARTICIPAÇÃO
DO SECTOR PRIVADO
Vários membros do sector privado foram representados na reunião da CONFAM desde a sua
criação. Os representantes da indústria contribuíram para a formação do projecto de legislação
e às normas técnicas.
Fortificação Voluntária
Nos últimos meses, um punhado de empresas começou a fortificar voluntariamente. A HKI
adquiriu equipamentos de dosagem para moageiras e refinarias de petróleo. Assim, os
produtores que estivessem interessados em fortificar poderiam recorrer a um subsídio da HKI
para pré-mistura adquirida através das instalações de pré-mistura da GAIN (GPF). Se uma
A pré-mistura fornecida através da GPF tanto para as moageiras de trigo como para as
refinarias de óleo, foi adquirida por meio de um processo de concurso público e um total de
cinco diferentes fornecedores de pré-misturas aprovados pela GPF forneceram pré-mistura às
indústrias.
Sabemos que, no mínimo, uma moageira de farinha de trigo, uma moageira de farinha de milho
e duas refinarias de óleo estão actualmente a fortificar e adquirir voluntariamente através da
GPF. Uma refinaria de óleo está a comprar directamente da BASF da Alemanha, o maior
fornecedor de vitamina A em todo o mundo, e não está a aproveitar o subsídio.
Em muitas partes do norte de Moçambique, o milho é visto como uma cultura de rendimento,
mas também é moído em farinha nas grandes moageiras no país.1
Export.
Import.
Como %
Produto Local Importado Exportado Como % do
da
consumo
produção
rigo 10 429 2 0.99 <1%
Fonte: MIC, 2009.
1Staple food prices in Mozambique, Prepared for the Comesa policy seminar on
“Variation in staple food prices: Causes, consequence, and policy options”, Maputo,
Mozambique, 25-26 January 2010
under the Comesa-MSU-IFPRI African Agricultural Marketing Project (AAMP)
A empresa está a adquirir a sua pré-mistura a partir da GAIN premix facility, com qual não
estão felizes. A razão para tal é que demora muito tempo desde o momento em que se faz a
encomenda até a recepção da mercadoria. Prefeririam adquirir por conta própria e ganhar
eficiência.
O fornecedor que foi selecionado através da GPF é a Royal DSM, uma empresa holandesa que
é a maior fornecedora de micronutrientes no mundo. A pré-mistura foi proveniente do seu
escritório Sul-Africano e os preços para a pré-mistura foram obtidos para este relatório a partir
desse escritório.
O custo para fortificar uma tonelada métrica de farinha de trigo com pré-mistura a uma taxa de
incorporação de 380ppm seria entre $6,85 dólares americanos e $4,40 dólares americanos,
dependendo da quantidade. O custo do transporte também irá variar dependendo da
frequência e da quantidade; também não está claro qual seria o custo adicional para o
transporte interno para as moageiras. A taxa de transporte de $1000 dólares por mês está
incorporada nos custos acima. A Merec afirmou que prefeririam transportes mensais pois
muitos nutrientes têm vida útil curta.
Outro modelo comum para o cálculo do custo adicional de fortificação foi desenvolvido pela
FAO. Isso refere-se ao uso do custo da pré-mistura por tonelada métrica e depois derivar as
despesas adicionais do capitólio e os custos de operação para a indústria privada, bem como
os custos de controlo para o governo e para as despesas de marketing social/educação, com
base num percentual do total dos custos da pré-mistura.
ta
/d
in
on
ric
lo
ca
Source: FAO
Num consumo per capita de 55 gr de farinha de trigo por dia, este custo adicional de
fortificação é equivalente a um máximo de apenas $ 0,25 dólares por ano. No entanto,
Moçambique moe cerca de 312 mil toneladas de farinha por ano e os custos de fortificação
viriam a cerca de $1,7 milhões por ano. Embora o custo incremental pode ser incorporado no
preço do produto, as moageiras não estarão inclinadas a competir contra uma alternativa não
fortificada. Por esta razão, o padrão de fortificação deve ser executado tornando as regras de
concorrência equitativas para todos.
GRUPO MAEVA
Mantivemos encontros com o gerente de operações da Maeva group em Maputo. A fábrica foi
inaugurada em Abril de 2010 e é um investimento do grupo francês Shemir Sokataly. Produz
500 toneladas de óleo por dia e importa matérias-primas de Singapura, Malásia e África do Sul.
Uma parte do óleo produzido na fábrica é vendida em Moçambique, e representa 7% do total
do mercado (local e importado). A maior parte da produção é exportada para a Tanzânia,
Madagáscar e Burkina Faso. A Tanzânia aprovou um regulamento de óleo fortificado em
Agosto de 2011,
A Maeva participou das reuniões originais realizadas pela CONFAM e apoia a fortificação, mas
a Maeva não aceitou qualquer tipo de apoio do grupo para formação ou subsídios. Nos últimos
sete anos, fortificaram voluntariamente o seu óleo com vitamina A e vitamina D. Não estão a
comprar através da GAIN premix facility, mas em vez disso vão diretamente para a BASF,
empresa Alemanha especializada em vitamina A. Vários anos atrás a BASF desenvolveu um kit
de QC para a vitamina A que é bastante eficaz para o teste do produto antes do embarque. A
Maeva adquiriu vários desses kits e está a utilizá-los nas suas instalações.
O gerente da Maeva parecia saber um pouco sobre a fortificação com vitamina A (palmitato de
Retinyl), um micronutriente muito frágil, que se degrada rapidamente em calor e luz, e explicou
o processo que era usado e as medidas de QC criadas.
Quando perguntámos por que a Maeva não usava o logotipo da fortificação na sua embalagem,
o gerente respondeu que a empresa usava os rótulos existentes, mas tinha outros rótulos com
logotipos e iria usá-los logo que os outros acabassem. Também enfatizou que, uma vez que a
rotulagem não era obrigatório, não estava com pressa.
Não está claro quais produtores de óleo têm tiraram vantagem do subsídio através da GAIN
premix facility. Por conseguinte, não tenho nenhuma lista de preços para esta pré-mistura e por
isso usarei apenas preços padrão global.
Este padrão de preços será utilizado no modelo para cálculo do custo adicional de fortificação
que foi desenvolvido pela FAO. Isso significa usar o custo de pré-mistura por tonelada métrica
e depois derivar as despesas adicionais do capitólio e o custo de operação para a indústria
privada bem como o controlo de custos para o governo e para as despesas de marketing
social/educação com base num percentual da pré-mistura total.
Source: FAO
O facto de que três grandes produtores de alimentos estão actualmente a fortificar é a prova de
que eles são tecnicamente capazes. A Maeva está a absorver todo o custo incremental e
permanecendo no mercado a preços competitivos. A Merec e, possivelmente a CIM, estão a
aproveitar o subsídio da GPF e aceitaram o equipamento de mistura e o suporte técnico. No
entanto, a Merec afirmou que estão cientes do valor da fortificação e estão mais do que
dispostos a continuar com a fortificação e cobrir o custo. Conforme observado anteriormente, o
custo marginal de fortificação da farinha de trigo é inferior a 1% do custo total e por isso é
bastante acessível dentro do contexto de produção de alimentos em grande escala.
Actualmente, o subsídio está a reduzir o custo por quilograma em 2 MZN, que é de 10% do
preço de retalho por quilo de 22. Presume-se que o governo vai diminuir ainda mais este
subsídio, ou removê-lo completamente. Para 2014, o orçamento para este subsídio foi de $11
Milhões de dólares.
Abaixo está uma explicação teórica de como a indústria da moagem do trigo pode absorver o
custo da fortificação, considerando também que o subsídio fosse cessar. O número chave aqui
é o custo das mercadorias vendidas.
No entanto, independentemente dos subsídios futuros, a Merec e a CIM parecem ser muito
capazes de continuar a fortificar e a absorver o custo incremental adicional. A chave para
garantir a sua participação continuada é alocar os recursos necessários para construir uma
forte capacidade de monitoria e controlo. Além disso, o governo pode incentivar ainda mais a
indústria isentando-os dos impostos de importação para o transporte de pré-mistura da África
do Sul.
Demonstrou-se que o custo incremental para a fortificação não impede que as empresas
participantes mantenham a competitividade no mercado, mesmo que os subsídios do governo
para a farinha de trigo terminassem. Poderia criar-se outros incentivos para o sector privado
através do desenvolvimento e comunicação de uma proposta de valor, que detalharia a forma
como a fortificação, apoiada por uma campanha de marketing social, paga pelo menos por
parte do governo, poderia aumentar a quota de mercado local e descobrir novas oportunidades
para exportação para os países que fortificam: África do Sul, Tanzânia, Quênia e Uganda para
a fortificação da farinha de trigo e a Tanzânia para a fortificação de óleo.
PROJECTO DE LEGISLAÇÃO
Artigo 4 (Requisitos) e Artigo 6 (níveis de fortificação) exige que os alimentos alistados sejam
"devidamente fortificados em conformidade com as Normas vigentes moçambicanas." E "os
produtos alimentares referidos no presente Regulamento serão fortificados de acordo com os
níveis definidos nas Normas relevantes moçambicanas; os Níveis de fortificação são alterados
através de revisão das normas moçambicanos pertinentes".
Visto que este requisito abrange alimentos importados, não é realístico supor que os países
importadores irão fortificar segundo as normas moçambicanas. A redação adicional a este
artigo pode ser:
"Deve-se notar que os produtos fortificados importados devem aderir aos seus padrões locais
de fortificação e que estas normas serão aceites se estiverem dentro dos limites razoáveis,
conforme ditado pelas normas pertinentes moçambicanas".
Por exemplo, a fórmula de fortificação de trigo da África do Sul varia da de Moçambique, mas é
bastante semelhante e deve ser aceite.
Artigo 9 (Condições para a utilização do logótipo) exige que, "A utilização do logotipo de
fortificação deve observar as disposições das Normas moçambicanas"
Mais uma vez, os produtos importados não são considerados e estes produtos não exibiriam o
logotipo, a menos que fossem reembalados em Moçambique. Para esclarecer isto, o título do
artigo teria a seguinte redação: "Condições para a utilização do logótipo para alimentos
produzidos localmente ou alimentos importados que são reembalados em Moçambique."
Da mesma forma, é muitas vezes útil conceder o direito de uso de um logotipo de fortificação
em conjunto com a certificação. Por exemplo, os produtores que desejam exibir o logotipo nos
seus produtos devem permitir que um membro do INNOQ certifique o seu produto. O produtor
deverá pagar por essa certificação e uma vez aprovado, será oficialmente concedido o logotipo.
Os produtores terão de renovar periodicamente esta certificação, a fim de exibir o logotipo e
serão cobrados uma taxa para cada certificação. O logotipo será promovido na campanha de
marketing social do governo, fornecendo publicidade gratuita (ou de custo partilhado) para as
marcas fortificadas. Desta forma, o Ministério vai agregar valor ao logotipo, gerar receita e
também controlar a qualidade. Um aditamento ao presente artigo poderia ser, "Para a
concessão da utilização do logótipo, o produtor deve observar as disposições das Normas
moçambicanos e certificar os seus procedimentos operacionais padrão e o produto final junto
do INAE de acordo com as Normas de Moçambique."
O texto pode ser clarificado da seguinte maneira, "Os produtores, comerciantes e importadores
de farinha de trigo e de óleo de cozinha vegetal devem usar um fornecedor qualificado de pré-
mistura de micronutrientes e devem registar a Certificação de Autorização desse fornecedor
junto da Unidade Técnica para a Fortificação de Produtos Alimentares."
Artigo 16 (Penalidades), mais uma vez não leva em conta a variação nas fórmulas de
micronutrientes que podem vir em alimentos importados. Nas secções 2 e 3 pode-se
acrescentar algumas palavras no final para esclarecer este aspecto",... fortificados de acordo
com as normas vigentes de Moçambique, ou de acordo com as normas de fortificação do país
de origem, admitindo que estas normas atendem aos requisitos mínimos conforme indicados
nas normas de Moçambique. "
NORMAS TÉCNICAS
Essas normas estão bem definidas com relação a medidas de controlo de qualidade padrão na
produção de alimentos: os requisitos de teste de microbiológicos, testes de metais pesados,
etc.
Níveis de Micronutrientes
As normas também dão as fórmulas para a farinha de trigo, farinha de milho e óleo vegetal. As
fórmulas de ambas as farinhas de trigo e milho foram desenvolvidas para porções de 100
gramas.
De acordo com a FAO a pessoa média em Moçambique consome 20 kg de farinha de trigo por
ano, o que se traduz em 55 gramas por dia. As Normas Técnicas de Moçambique apelam para
20 mg de EDTA de ferro e 20 mg de sulfato ferroso por quilograma de farinha de trigo. Os sul-
africanos consomem 163 gramas por dia e sua fórmula contém 48 mg de ferro por quilo. O
mesmo vale para o zinco e vitaminas.
Óleo Vegetal
40% do óleo é refinado localmente
60% do óleo é importado, principalmente da África do Sul ou Portugal
A Maeva produz 20% do óleo refinado localmente
O foco, nesta primeira fase, deve ser o de trabalhar com os grandes produtores que estão
actualmente voluntariamente a fortificar: Merec (farinha de trigo) e Maeva (óleo veg.). A CIM
(farinha de milho) também está a fortificar voluntariamente, e mesmo embora esta primeira fase
abrange apenas a farinha de trigo e óleo, a CIM deve ser encorajada e apoiada.
Não parece que esses grandes produtores precisam de apoio financeiro para pagar o custo
incremental contínuo da fortificação, no entanto, há várias coisas que o governo pode fazer
para incentivar esses produtores, tornando-os um modelo para o resto da suas indústrias.
Para uma melhor compreensão destas indústrias é necessário ser capaz de direcionar os
maiores produtores e importadores nacionais para esta primeira fase.
O Inicio da Fortificação da Farinha foi contactado e está bem equipado e apto a realizar
a formação sobre sistemas de controlo alimentar conforme exigido pelo INAE. Trabalhar
com a indústria a fim de determinar o que será necessário para a certificação e a
amostragem aleatória contínua durante esta primeira fase. Uma vez definidos estes
parâmetros, entrar em contato com FFI para o custo de formação e passos seguintes.
A indústria também solicitou que nenhum imposto de importação seja cobrado para a pré-
mistura de micronutrientes. A pesquisa preliminar mostra que não existem fontes locais para
pré-mistura de micronutrientes e que toda ela será importada da África do Sul.
O governo está encorajado a conceder esta isenção fiscal pois irá apoiar a indústria e
construir boa imagem. As perdas nas receitas fiscais poderiam ser compensadas
através da cobrança de "certificação".
Associação Comercial
Seguir os objectivos de longo prazo de desenvolvimento das associações comerciais.
Embora possa ser um desafio reunir as empresas concorrentes para trabalharem em
conjunto, isso poderia beneficiar muito a fortificação evocando a pressão dos pares
entre os membros para a fortificação e permitindo a partilha de avanços e normas
técnicas com relação à mistura e amostragem. A associação comercial bem organizada
também pode projectar e fabricar sob encomenda, a baixo custo o equipamento de
mistura para os seus membros.
Associação Comercial
Esta actividade é mencionada na fase 1 como um objectivo de longo prazo que vai ajudar a
construir a solidariedade na indústria, bem como a capacidade e a pressão de pares com
relação a fortificação. Um sindicato forte vai ajudar os médios e pequenos produtores.
o De um ponto de vista técnico, o pão é um bom veículo para iodo e demonstrou ser
uma forma eficaz de garantir um fornecimento constante de iodo na dieta. Se
provar-se difícil fortificar todo o sal, no mínimo poderia ser uma exigência de que
todo o sal utilizado no pão fosse fortificado.
CAPÍTULO 7: MODELO
FINANCEIRO PARA APOIAR A
FORTIFICAÇÃOP
Recomenda-se o desenvolvimento de um modelo de custo-benefício que poderia comparar o
custo monetário das intervenções de fortificação com o retorno, expresso em termos de
diminuição dos custos de cuidados de saúde e aumento da produtividade, seria extremamente
valioso na avaliação da fortificação em relação a outras intervenções de saúde e outros tipos
de gastos do governo.
Seria sensato construir modelo antes do lançamento oficial da primeira fase da fortificação e
preenchê-lo com os dados de base necessários. Teoricamente, os efeitos da fortificação
podem ser medidos após 6 meses, embora seja mais prática a recolha de dados biológicos
depois de um ano.
Os dados de base que precisariam ser introduzidos, para além dos custos da indústria e do
governo para a implementação do programa de fortificação, estão detalhados abaixo e estão
em três categorias: Demográfica, Económica e Saúde.
Estrutura salarial
Salário Médio Anual por trabalhador adulto que participa na força laboral
Salário Médio Anual por trabalhador adulto em trabalho manual
Salário Médio Anual por mulher trabalhadora em trabalho manual
Estes dois grupos de dados precisariam de ser adicionados aos dados nacionais de saúde
abaixo:
Uma vez que os dados de base forem inseridos, a cobertura faseada do projecto seria
adicionada para estimar a eficácia prevista conducente ao potencial benefício.
Este benefício será contrastado com o custo da fortificação a fim de obter o retorno previsto do
investimento. O modelo poderia ser concebido para fornecer uma série de resultados possíveis,
variando do menos ao mais optimista.
BIBLIOGRAFIA
Allen, Lindsay, de Benoist, Bruno, Dary, Omar, and Hurrell, Richard, eds. Guidelines on food
fortification with micronutrients. World Health Organization and Food and Agricultural
Organization of the United Nations, 2006.
Copenhagen Consensus 2012. Available at:
http://www.copenhagenconsensus.com/Default.aspx?ID=1637.
Instituto Nacional de Normalizacao e Qualidade; Normas Alimentos Fortificados
Agribusiness Handbook, Wheat Flour, FAO, 2012
Zulu R. Zambia regulatory systems in relation to food inspection and fortification. Commissioned
report submitted to HarvestPlus, IFPRI. Washington, DC: IFPRI, 2011
1 http://usa.chinadaily.com.cn/business/2014-02/11/content_17277070.htm
ANEXO A
Draft legislation
Technical standards