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FORTIFICAÇÃO DE

ALIMENTOS BÁSICOS EM
MOÇAMBIQUE

NOVEMBRO DE 2014

This publication was produced for review by the United States Agency for International
Development. It was prepared by DAI.
FORTIFICAÇÃO DOS
ALIMENTOS BÁSICOS EM
MOÇAMBIQUE

Program Title: Mozambique Support Program for Economic and Enterprise


Development (SPEED).

Sponsoring USAID Office: USAID/Mozambique

Contract Number: EDH-I-00-05-00004-00/13

Contractor: DAI

Date of Publication: November 2014

Author: Carmen F. Forsman

The authors’ views expressed in this publication do not necessarily reflect the views of the United
States Agency for International Development or the United States Government.
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Tabela de conteúdos
Tabelas.................................................................................................................................. ii
Prólogo ................................................................................................................................ iii
Prefácio ................................................................................................................................. v
Agradecimentos .................................................................................................................. vii
ABREVIATURAS ........................................................................... Error! Bookmark not defined.
Sumário Executivo ................................................................................................................. 9
Capítulo 1: Fortificação em Moçambique ............................................................................ 10
Novo Projecto de Legislação e Normas Técnicas sobre a Fortificação ............................................................ 10
CONFAM .......................................................................................................................................................................................... 10
Capítulo 2: Revisão do Projecto de Legislação e Normas Técnicas ......................................... 11
Os Alimentos Básicos seleccionados ............................................................................................................................. 11
Mecanismos de Aplicação da Lei ..................................................................................................................................... 13
Amostragem e Testagem......................................................................................................................................................... 13
Penalidades .............................................................................................................................................................................. 14
Implicações para Produtos Importados ........................................................................................................................... 15
Normas Técnicas .................................................................................................................................................................... 15
Fórmulas de Micronutrientes ................................................................................................................................................ 16
Saão necessários Documentos Técnicos Adicionais.................................................................................................... 18
Mudança para Normas Técnicas ......................................................................................................................................... 18
Alavancagem do Logo da Fortificação ............................................................................................................................. 18
Data efectiva/período de graça ........................................................................................................................................... 14
Capítulo 3: Participação do Sector Privado ........................................................................... 19
Vista Geral da Moagem ........................................................................................................................................................ 20
Merec Industries Lda (Merec), ......................................................................................................................................... 22
Vista Geral do Óleo de Cosinha ........................................................................................................................................ 23
Grupo Maeva............................................................................................................................................................................ 24
Manter o Sector Privado Envolvido ............................................................................................................................... 25
Capítulo 6: Resumo das Recomendações ............................................................................. 27
Projecto de Lei ........................................................................................................................................................................ 27
Normas Técnicas .................................................................................................................................................................... 29
Implementação da primeira fase: ................................................................................................................................... 30
Implementação da segunda fase: .................................................................................................................................... 31
Implementação da terceira fase: ..................................................................................................................................... 31
Capítulo 7: Modelo Financeiro para Apoiar a Fortificação ..................................................... 32
Bibliografia .......................................................................................................................... 34
Anexo A .............................................................................................................................. 35

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE i


TABELAS

ii [INSERT PUBLICATION TITLE]


PRÓLOGO
Porquê a Fortificação
A fortificação dos alimentos básicos com vitaminas e minerais é amplamente reconhecida como
uma das soluções mais rentáveis e sustentáveis para o combate a deficiência de
micronutrientes, como ferro, ácido fólico, zinco e vitamina A.

O Banco Mundial e o Consenso de Copenhaga classificaram a fortificação de alimentos como


um dos melhores investimentos no desenvolvimento em termos de custo-eficácia, uma vez que
melhora a saúde das pessoas, aumentando ao mesmo tempo indirectamente a produtividade e
progresso económico. A fortificação de alimentos básicos tem sido praticada na América do
Norte e na Europa desde a década de 1920 e tem contribuído significativamente para a saúde
global, melhorando a capacidade cognitiva e a produtividade física.

A economia da fortificação de alimentos tem sido estudada há décadas e desempenha um


papel importante na política pública. A relação custo-eficácia, medida pelo custo por morte
evitada ou custo poupado disability-adjusted life-year (DALY), ajudou a dar a fortificação alta
prioridade como uma intervenção preventiva de cuidados de saúde. Alto benefício: os rácios de
custo (comparando os benefícios económicos e os custos da fortificação) balançaram as
decisões de investimento dos governos, colocando a fortificação na vanguarda das políticas
públicas no que respeita os investimentos no sector social. Assim, o sector privado colheu os
benefícios da fortificação através de uma melhor imagem pública que levando ao aumento da
quota de mercado.

Um estudo realizado pelo PAM em Maio de 2012 mostrou que, no Egipto, os empregadores
conseguiram ganhar mais de 175 milhões de dólares, através da redução dos níveis de anemia
na força de trabalho. O estudo mostrou que a cada 0,17 dolares investidos na fortificação da
farinha para o pão no Egipto estima-se um retorno de mais de 4,00 dolares para a economia, o
que demonstra mais uma vez que a fortificação é uma das ferramentas de saúde pública mais
rentáveis, e benéfica para a economia nacional como um todo.

Papel da Fortificação de Alimentos


A desnutrição é considerada como uma condição complexa determinada por uma variedade de
factores micro e macro sócio-políticos, económicos e de saúde. Entre os macro-determinantes
da desnutrição encontram-se: a pobreza, a má governação, e a instabilidade política. Entre as
possíveis micro causas de desnutrição figuram: práticas inadequadas e alimentação infantil,
falta de higiene, ingestão inadequada de alimentos e insegurança alimentar.

As iniciativas de fortificação devem ser integradas no contexto da saúde pública e do programa


nutricional de um país. Como parte de uma estratégia global de micronutrientes, os programas
de fortificação dão aos governos nacionais beneficios de saúde, económica e políticos;
empresas de alimentos poderiam ganhar uma vantagem competitiva num mercado consumidor
(interno e externo) em expansão; e ao exigir-se alimentos fortificados, os consumidores ficam
capacitados para atingirem todo o seu potencial social e económico.

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE iii


Os estudos de caso no relatório sobre o Estado da Insegurança Alimentar no Mundo de 2014
mostram que muitos países da África, América Latina e Caraibas fortaleceram o seu
compromisso político de segurança alimentar e nutricional.

iv [INSERT PUBLICATION TITLE]


PREFÁCIO
O Momento é Oportuno para a Fortificação em Moçambique

Na década passada, Moçambique progrediu em muitas áreas e agora encontra-se num ponto
apropriado para introduzir a fortificação em grande escala de alimentos básicos. Os principais
factores tradicionais que são necessários para o sucesso a longo prazo dos programas de
fortificação são:

- Forte desenvolvimento de uma indústria local de processamento de alimentos


- Compromisso e apoio dos governos locais através da legislação e um controlo eficazes
- Uma cultura do consumo que percebe os ganhos do investimento de quantidades
nominais para a saúde pessoal

A fortificação em grande escala de alimentos básicos, um investimento no capital humano,


permitirá a Moçambique tirar vantagens de muitas oportunidades económicas que estão no
horizonte, tais como o aumento do investimento estrangeiro (Brasil e Japão na liderança), bem
como novas empresas locais, o que exigirá uma força de trabalho forte e capaz

A vice-ministra da Saúde Nazira Abdula identificou a fortificação de alimentos básicos como


uma estratégia-chave para resolver as deficiências de micronutrientes, que são comuns em
Moçambique, em Março de 2011, em uma conferência nacional sobre a fortificação de
alimentos. O objectivo da fortificação é melhorar a saúde geral dos moçambicanos,
nomeadamente dos grupos vulneráveis, reduzindo as deficiências de vitaminas e minerais.
Coloca-se também como uma forma de contribuir para o desenvolvimento da produção local de
alimentos, impulsionando assim a economia local.
Naquela época, em 2011, determinou-se que a cada ano, as deficiências em ferro, vitamina A e
iodo custaram ao país mais de 119 milhões de dólares; em torno de 1,2% do PIB do país. Além
das perdas económicas, as deficiências vitamínicas e de minerais são um contributo
significativo para a desnutrição crónica, que afecta 44% das crianças menores de cinco anos.

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE v


AGRADECIMENTOS
Este relatório é o resultado de entrevistas pessoais, que tiveram lugar em Maputo, durante a
semana de 29 de Setembro de 2014. Realizou-se reuniões com: Ministério da Inústria e
Comércio, INNAE, INNOQ, representantes industriais Merec e Maeva, HKI, GAIN , PAM e
UNICEF. Além destas reuniões, realizaram-se visitas a supermercados, fez-se uma pesquisa
na internet e houve correspondências por email com vários especialistas, organizações e
empresas privadas no espaço de fortificação, como DSM, BASF, Iniciativa de Fortificação da
Farinha, e representante de Governos de países que ordenaram a fortificação.

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE vii


SUMÁRIO EXECUTIVO
Com o projecto de lei que foi elaborado em Agosto de 2013, o governo de Moçambique está a
iniciar a primeira fase de mandatar legalmente a fortificação de alimentos básicos. Os primeiros
alimentos que serão enriquecidos são a farinha de trigo e o óleo vegetal; ambos são
processados localmente e em operações de grande escala. Várias ONGs apoiaram este
esforço, nomeadamente, HKI, GAIN e PAM.
Em 2012, criou-se a entidade que irá apoiar a implementação do programa, a Comissão
Nacional de Fortificação de Alimentos em Moçambique (CONFAM). Liderado pelo Ministério da
Indústria e Comércio, com a Vice-Presidência assumida pelo Ministério da Saúde, os membros
da CONFAM incluem o sector privado, as agências governamentais competentes, tais como o
Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ), Instituto Nacional de Instecção de
Alimentos (INAE), agências da ONU, como o PAM e UNICEF, a agência de protecção ao
consumidor, e as ONGs e doadores que apoiam o programa, tais como o GAIN e HKI.

O Grupo Técnico de Trabalho da CONFAM sobre Legislação e Qualidade desenvolveu o


projecto de legislação e às Normas Técnicas acompanhantes. Ambos os documentos são um
bom ponto de partida, mas podiam ser melhor construídos para garantir uma base para a
aplicação da lei, a fim de fornecer-se os níveis correctos de micronutrientes e tratar-se
adequadamente os produtos alimentares importados.

A HKI realizou treinamentos para a indústria e geriu desembolsos de subsídios de pré-misturas


e a GAIN, através do Mecanismo de Prémistura da GAIN, apoiou a aquisição de
micronutrientes pré-mistura e também financiou a compra de equipamentos de mistura,
necessários para incorporar a pré-mistura na farinha ou óleo na proporção prescrita.
Com este apoio, várias empresas, nos sectores de óleo, farinhas de trigo e de milho, estão
actualmente a fortificar os seus produtos. Estas empresas demonstraram que são tecnicamente
capazes de fortificar e que o custo adicional incremental pode ser incorporado na sua estrutura
de custos um aumento inferior a 1% do custo para o consumidor. No entanto, a participação
contínua da indústria depende da possibilidade ou não do governo ser capaz de monitorar e
fazer cumprir com sucesso a legislação da fortificação.
O Ministério da Indústria e Comércio dividiu a implementação do programa de fortificação em
três fases, com os seguintes objectivos: 50% do mercado (farinha de trigo e óleo) saão
fortificados até o final de 2015; 75% serão fortificados até ao final de 2016; 99% serão
fortificados até o final de 2017.
O refinamento local do óleo compreende cerca de 40% do mercado e é de 3 a 4 refinarias; sete
moleiros processam 90% da farinha que é usada para fazer pão comercial em Moçambique
localmente. A monitoria destas 10 empresas seria muito gerível e deve ser o alvo para esta
primeira fase, que vai até 2015. Outra meta de 2015 seria para preencher um modelo de custo-
benefício com base em dados actuais demográficos, económicos e de saúde. O
acompanhamento do impacto da fortificação à medida que esta no mercado permitiria ao
governo apresentar um forte argumento à indústria e aos consumidores sobre os benefícios da
melhoria da saúde e da justificativa para o futuro financiamento e apoio.
FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE
9
CAPITULO 1: FORTIFICAÇÃO
EM MOÇAMBIQUE
NOVO PROJECTO DE LEGISLAÇÃO E PADRÕES TÉCNICOS SOBRE
A FORTIFICAÇÃO
Em Agosto de 2013, criou0se o projecto de lei que primeiro listava a farinha de trigo, farinha de
milho, farinha de mandioca, açúcar, óleo e sal. Segundo o ministro, existe um novo projecto,
que vai avançar para a assinatura nos próximos meses. Este projecto só irá abordar a farinha
de trigo e óleo comestível.

As normas técnicas, que é um documento separado delineando as fórmulas de micronutrientes


pré-mistura para a farinha de trigo, a farinha de milho e óleo comestível, foi baseado na
Pesquisa sobre Padrões Familiares de Consumo de Alimentos de 2008, e consulta de um
especialista com outras fontes, como a Comissão do Codex Alimentarius .

Globalmente a fortificação é guiada pela Comissão Codex Alimentarius, que foi criada pela
FAO em 1961. A OMS também publicou uma Directriz para a Fortificação em 2006, a qual
estabelece recomendações para a combinação de diferentes fontes de vitaminas e minerais,
tendo em conta as dietas locais.

CONFAM
A presente fase do actual programa de fortificação começou em 2012. A entidade que facilitou
a implementação deste programa é a Comissão Nacional de Fortificação de Alimentos em
Moçambique (CONFAM) liderada pelo Ministério da Indústria e Comércio, com o Vice-
Presidência do Ministério da Saúde. Os membros da CONFAM incluem o sector privado, as
agências governamentais competentes, tais como Instituto Nacional de Normalização e
Qualidade (INNOQ), Instituto Nacional de Inspecção de Alimentos (INAE), as agências da
ONU, como o PAM e UNICEF, a agência de proteção ao consumidor, e as ONGs e doadores
que apoiam o programa, como o GAIN e HKI. CONFAM formou vários Grupos Técnicos de
Trabalho.

O Grupo Técnico de Trabalho sobre Legislação e Qualidade também seguiu um processo


participativo para desenvolver projectos de legislação. Os participantes de workshops
realizados para desenvolver a legislação incluiam as empresas do setor privado; Ministério da
Indústria e Comércio; Ministério da Saúde; INNOQ; Comissão Técnica de Normalização de
Agro-Industria; INAE, UNICEF, o Programa Mundial de Alimentação, HKI, Visão Mundial,
Defesa do Consumidor; União Europeia; UNIDO; Irish Aid; SETSAN; o National Laboratory
(Laboratório Nacional de Higiene de Alimentos (LNHAA) e um consultor internacional Dr. Phillip
Randall.

As melhores práticas na fortificação a partir de outros países vizinhos em África foram tomados
em conta na criação do projecto de legislação e as normas técnicas. Como Moçambique
importa muito dos seus alimentos de países vizinhos, era importante considerar o impacto da
exigência da fortificação das importações de países que actualmente não fortificam os
alimentos prescritos na legislação.

CAPITULO 2: REVISÃO DO
PROJECTO DE LEGISLAÇÃO E
NORMAS TÉCNICAS

O projecto de lei foi construído para servir como uma estrutura geral ao abrigo da qual toda a
fortificação pode ser implementada. Indentificou-se vários alimentos como sendo adequados
para a fortificação, mas no momento actual apenas será aplicada a lei da fortificação da farinha
de trigo e do óleo vegetal.

OS ALIMENTOS BÁSICOS SELECCIONADOS

A fortificação da farinha de trigo é uma boa escolha


Tanzânia, Quênia, Uganda e África do Sul exigem a fortificação obrigatória da farinha de trigo.
A farinha de trigo é um dos alimentos mais comuns a ser fortificado em grande escala e
actualmente é obrigatória em 79 países. Estima-se que 31% da farinha de trigo processada
industrialmente no mundo é agora fortificada com pelo menos um pouco de ferro ou ácido fólico
através de esforços obrigatórias e voluntárias.

A fortificação do óleo vegetal poderia ser problemática


De acordo com um gerente de indústria local, até 60% do óleo vegetal vendido em
Moçambique é importado. O único país Africano que obriga a fortificação óleo é a Nigéria e os
países dos quais Moçambique importa, principalmente a África do Sul e Portugal, não exigem a
fortificação. Seria difícil exigir que os importadores fortificassem com vitaminas A e D.

Assim, há necessidade de tomada de medidas adicionais de controlo de qualidade na


fortificação da vitamina A, uma vitamina muito frágil altamente sensível ao calor e à luz, e com

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


11
o nível de peróxido no óleo, que pode ser elevado nas marcas de qualidade inferior. Para
optimizar e manter os níveis de vitamina A no óleo fortificado, os governos não devem permitir
que o nível de peróxido seja superior a 2 mEq/kg na produção.

O PROJECTO DE LEGISLAÇÃO
A tabela abaixo resume os capítulos e artigos da legislação. Como se observa, muitos dos
artigos referem-se às Normas Técnicas e alguns artigos carecem de um ponto de referência.

TABELA 1: PROJECTO DE LEI, TERMOS DE REFERÊNCIA DE CADA ARTIGO


Chapter 1 - General Provisions
Article Topic Summary Reference
1 Object to fortify staple foods None needed
2 Scope 5 staple foods None needed
3 Definitions terms defined Glossary
all food produced locally, imported or exported must be
4 Requirements Technical Standards
fortified, except food from subsistence farmers
Chapter 2 - Fortification of food products
Article Topic Summary Reference
5 Technical Specifications Technical Standards
6 Fortification levels Technical Standards
7 Labeling Technical Standards
8 Exclusive Use of Terms "fortified" and "Iodized" None needed
9 Condition for the use of logo Technical Standards
10 Fortificant Pre-mix registering of pre-mix supplier Needed
11 Assesment of Conformity QC & QA by producers Needed
Chapter 3 - Supervision, inspection
Article Topic Summary Reference
12 Supervisory Body inspection at least once a year None needed
13 Criminal Procedures violations of these regulations will be considered "criminal" Needed
anyone can file a complaint against a non-compliant
14 Denunciation Needed
company
Sample collection &
15 collection and analysis of sample shall take place Needed
specialized test
Chapter 4 - Sanctions
Article Topic Summary Reference
16 Punishment fines for non-compliance Needed
17 Repeat Offenses fines for repeat offenses Needed
18 Payment of Fine how fines shall be paid None needed
19 Destination of the fine destination of fine monies None needed
Final Provisions
Article Topic Summary Reference
20 Omissions

Existem duas áreas principais em que são necessários termos de referências. São o controlo
de qualidade e medidas de garantia e um cronograma específica de implementação. Ambas as
áreas podem ser tratadas nas Normas Técnicas, mas sem as mesmas, será difícil monitorar a
qualidade e aplicar multas em caso de incumprimento.

MECANISMOS DE EXECUÇÃO
O Projeto discute os termos muito gerais, o processo de monitoria e as punições em caso de
incumprimento.

DEFINIÇÃO DA AMOSTRA E TESTAGEM


O INAE deve recolher amostras em todo o varejo, produção e/ou outros pontos de venda, onde
são manuseados os tipos de produtos alimentares abrangidos pelo Regulamento e/ou
encomendar testes e análises especializadas desses produtos, e reportar as suas conclusões
para a Unidade Técnica para a Fortificação de Produtos Alimentares.

O projecto não detalha como esta amostragem e teste serão feitos, nem faz referência às
normas técnicas. As orientações de como e quando o produto será testado devem
definitivamente fazer parte das normas técnicas, pois, cada alimento deve observar os
processos distintos de monitoria. Por exemplo, o teste da farinha exigirá parâmetros diferentes
do que os testes para o óleo, ou açúcar, ou sal. No entanto, há vários pontos gerais que devem
ser considerados na implementação da amostragem e análise. Estes são descritos abaixo.

Apenas colher amostras do mercado e testar apenas alguns micronutrientes


É bastante normal para colher aleatoriamente a amostra e teste alimentos fortificados no
mercado. Não é comum testar a produção ou nos portos de entrada, pois isso pode ser caro e
ineficiente, tanto para o produtor como para o governo testador.

Para testar todos os miconutrients numa fórmula complexa, tal como a utilizada para a farinha
de trigo, é bastante caro e não é feito com frequência. Todos os micronutrientes podem ser
testados na certificação, mas é mais praticável testar o ferro e, talvez, uma vitamina B, para a
farinha de trigo, e vitamina A, no óleo e prever uma gama de resultados. Não se pode dizer aos
produtores que serão apenas testados estes dois e variar a vitamina B escolhida para garantir
que os produtores não tirem vantagem. O teste deve procurar resultados num intervalo. Este
intervalo deve fazer parte das normas techical. Actualmente os padrões olham para uma
quantidade mínima e, em seguida, um nível superior onde um micronutriente iria revelar-se
tóxico. Isto é diferente da criação de um intervalo aceitável, que seria estreitamente ligado ao
rácio de mistura.

Algumas coisas a ter em conta ao fazer o teste: B9 (ácido fólico) é extreamly difícil de testar e
existe uma variedade de métodos de testagem que podem ser usados, que podem fornecer
uma gama de resultados; ferro e vitamina A devem ser testados em conjunto na farinha de trigo
de tempos em tempos a fim de assegurar-se que o composto de ferro não está a degradar a
vitamina A. Frequentemente usa-se a vitamina A encapsulada com o ferro para evitar esta
degradação, no entanto, isto pode ser 30% mais caro. Moçambique não está a exigir o
encapsulamento da vitamina A.

O projecto de lei não estabelece um plano de implementação no que diz respeito a quais
produtores serão obrigados a fortificar até quando.

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


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CALENDÁRIO DE FORTIFICAÇÃO: DATA EFECTIVA/PERÍODO DE GRAÇA
Depois de a legislação ter sido assinada, haverá um período de graça de 1 ano até que as
indústrias da farinha de trigo e do óleo comecem a ser monitoradas a fim de confirmar o
cumprimento. Este é um período de graça generoso segundo os padrões globais (a maioria dos
países permite apenas um período de graça de seis meses) e deve ser suficiente para permitir
que a maioria da farinha de trigo e óleo processados localmente comecem a fortificar.

O Ministério prevê que a legislação seja aprovada até o final do ano. No momento da
assinatura, iniciará um período de graça de um ano e prevê-se que o cumprimento siga em
conformidade:

TABELA 2: CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO DA FORTIFICAÇÃO DA


FARINHA DE TRIGO E DO ÓLEO

By the end of % of producers/importers compliant


2015 50%
2016 75%
2017 99%

O Ministério da Indústria e Comércio comunicou verbalmente este cronograma ao autor, no


entanto, não parece ser um cronograma documentado. Seria sensato estabelecer um
cronograma que leva em consideração os diferentes tamanhos de produtores locais bem como
dos importadores. Dessa forma, seriam criadas expectativas claras e sem expectativas claras,
seria difícil impor punições em caso de incumprimento. Um exemplo deste tipo de cronograma
que aborda as grandes e médios moageiras de trigo, segue-se abaixo. O cronograma pode ser
desenvolvido para todos os alimentos e deve ser adaptado à estrutura da indústria local e às
importações:

TABELA 3: EXEMPLO DE UM CRONOGRAMA DE IMPLEMENTAÇÃO QUE PODE


SER REFERIDO PARA CUMPRIMENTO

Producer
Food Local Import Must Comply By
Wheat Flour 380-250MT/day January 2016
Wheat Flour 380-250MT/day January 2017

Wheat Flour 250-100MT/day January 2017

Wheat Flour 250-100MT/day January 2018


Wheat Flour 100-50MT/day January 2018
PENALIDADES
Nesta secção do projecto são descritos dois tipos de infracções:

A punição por não fortificar os alimentos nos padrões estabelecidos é incorrer em multa
correspondente a três vezes o valor de mercado do produto em causa, mais a retirada do
produto alimentar.

A punição por não registar o produto junto ao ministério e seguir as orientações em matéria de
rotulagem será uma multa de 40 vezes o salário mínimo vigente na indústria de transformação,

As ofensas pela segunda vez resultarão numa duplicação dessas multas; uma terceira infração
resultará na suspensão da licença de produtor.

IMPLICAÇÕES PARA OS PRODUTOS IMPORTADOS


Essas punições aplicam-se tanto para os produtos produzidos localmente como os importados,
o que não é razoável. Note-se que os produtos fortificados importados, em geral, respeitam os
seus padrões locais de fortificação. O ministro deve aceitar essas normas caso estas estejam
dentro de um intervalo razoável (por exemplo a fórmula de fortificação trigo na África do Sul
varia da de Moçambique, mas é bastante similar).

Há sempre a possibilidade de os importadores desejarem fortalecer aos padrões de


Moçambique. No caso de óleo, o processo é bastante simples e pode ser feito no ponto de
entrada. Esta é uma área que necessita de ser tomada em grande consideração, no entanto, e
se outras normas forem aceites deve estar anotado no projecto de lei. De qualquer maneira,
seria razoável permitir um pouco mais de tempo para os importadores observarem a medida.
Conforme o cronograma de exemplo mostra na Tabela 4, os importadores teriam um período
de graça mais longo do que os grandes produtores locais, mas uma vez terminado o período
de graça, o INNAE estaria livre para aplicar a lei. O COMFAM deve identificar os grandes
importadores, caso ainda não tinha feito, e começar a educar esses produtores sobre os novos
padrões e expectativas de fortificação.

NORMAS TÉCNICAS
O Grupo Técnico de Trabalho da CONFAM sobre Legislação e Qualidade conduziu o processo
de estabelecimento das normas técnicas para a fortificação. Efeituou-se consulta com o
representante da indústria durante este processo de desenvolvimento das normas técnicas,
juntamente com todos os membros do CONFAM.

As Normas Técnicas resultam de vários estudos em Moçambique, que apontavam para o


grande consumo de produtos alimentares produtos comuns em todo o país: milho, mandioca,
feijão, batata-doce, amendoim e castanha de caju. Assim, as normas técnicas foram
influenciadas pelos resultados da Pesquisa sobre os Padrões Familiares de Consumo de
Alimentos de 2008, o qual indicou quatro produtos processados industrialmente em
Moçambique que se prestam a fortificação: farinha de milho, farinha de trigo, óleo e açúcar. Os
resultados do estudo indicaram que a fortificação em larga escala de vários produtos
alimentares seria mais eficiente na cobertura da população urbana, devido ao facto de que

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


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oferece as seguintes vantagens: maior e mais eficaz cobertura, sucesso operacional, monitoria
eficaz e fornecimento eficiente dos micronutrientes necessários.

Estas normas estão detalhadas num documento separado que é gerido pelo INNOQ, com
cópias físicas disponíveis para compra por parte da indústria, por aproximadamente 1.500
meticais. A estratégia de manter estes padrões separados do projecto de legislação, permite
que se façam modificações sem alterar a legislação. É razoável pensar que as fórmulas dos
micronutrientes serão modificadas e as tendências do consumo evoluem.

As normas incluem:
- As listas de referências técnicas para a selecção de micronutrientes – fontes e níveis –
e os métodos utilizados para a análise laboratorial e controlo de qualidade.
- As listas de testes microbiológicos a serem incluídos na análise dos produtos, e os
limites aceites para cada item.
- Listas dos testes para metais pesados a serem incluídas na análise dos produtos, e os
limites aceites para cada item.
- Características de todos os diferentes tipos de farinha e os diferentes tipos de óleo
visados por esta exigência
- As listas de receitas de micronutrientes pré-mistura para a farinha de trigo, farinha de
milho e óleo.
- Condições de armazenamento para a pré-mistura
- Protocolo sugerido para o manuseamento da pré-mistura
- Especificações/diretrizes de marca para a utilização do logotipo de fortificação -
colocação, cor, etc.

Todos estes parecem ser bastante completos e abordam todos os aspectos técnicos da pré-
mistura, e testes.

FÓRMULA DE MICRONUTRIENTES

A norma inclui fórmulas para a farinha de trigo, farinha de milho e óleo, apesar de que a
legislação actual abrangerá a farinha de trigo e óleo. No geral, os micronutrientes e os seus
níveis estão bastante normalizados e de acordo com as orientações da OMS. Grande parte do
trigo é importada da África do Sul e por isso é útil comparar as fórmulas de micronutrientes:

TABELA 4: CONTEÚDO DE MICRO NUTRIENTES NA FARINHA DE TRIGO:


MOÇAMBIQUE VERSUS ÁFRICA DO SUL
Mozambique South Africa
Wheat Flour mg/Kg Wheat Flour mg/Kg
Iron NaFeEDTA 20
FERROUS
Iron 20
SULPHATE
Zinc ZINC OXIDE 30 Iron Iron EDTA 47.97
VITAMIN B12 1 %
Vitamin B12 20 Zinc ZINC OXIDE 26.73
SD
Folic Acid Food Folic Acid Food
Folic Acid 2 Folic Acid 1.24
Grade Grade
VIT A PALM 250 VIT A PALM 250
Vitamin A * 2 Vitamin A 1415
S/N S/N
THIAMINE THIAMINE
Vitamin B1* 5 Vitamin B1 3.79
MONONITRATE MONONITRATE
Vitamin B2* RIBOFLAVIN 4 Vitamin B2 RIBOFLAVIN 1.95
Vitamin B3* NIACINAMIDE 45 Vitamin B3 NIACINAMIDE 54.76
PYRIDOXINE PYRIDOXINE
Vitamin B6* 6 Vitamin B6 3.07
HYDROCHLORID HYDROCHLORID

Necessita-se de referência da porção


As fórmulas que foram desenvolvidas para a farinha de trigo e farinha de milho fortificadas
referenciam uma porção de 100 gramas, o que também representa o consumo médio diário per
capita. Se isso for verdade, isso representaria o consumo per capita numa base anual de 36,5
kg. Mas se olhássemos para o consumo médio anual desses alimentos básicos, veremos que a
farinha de trigo é de 20kg e a farinha de milho é de 58 kg. É importante lembrar que esses
números são médias nacionais e não levam em consideração as diferenças de padrões de
consumo regional. Como regra geral, no entanto, tamanhos médios das porções são levados
em consideração na fortificação. Por exemplo, com relação à fortificação do arroz, as fórmulas
são calculadas com base numa porção de 120 gramas em Bangladesh, 55 gramas no Brasil e
65 na Columbia.

Abaixo está uma tabela do consumo per capita de Moçambique, África do Sul e Tanzânia, que
mostra a diferença entre o consumo anual:

TABELA 5: CONSUMO PER CAPITA DA FARINHA DE TRIGO

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


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Wheat Flour per capita consumption daily grams annual (kg)

standard used for fortification 100 36.5

Mozambique 55 20

Tazania 23 10

South Africa 163 59.65

FAO 2009

Necessita-se me padrões de marcas


Não existem procedimentos operacionais padrão para a mistura, no entanto, e nenhuma
menção sobre equipamentos para dosagem recomendada. Em algum momento é necessário
compilar estas informações e fornecer a indústria. Isso será mais crítico quando os produtores
médios e pequenos forem convidados a fortificar, e muitos destes produtores serão menos
sofisticados e precisarão de apoio na seleção do equipamento de mistura e no
desenvolvimento do procedimento dentro das suas operações para misturar com precisão.

SÃO NECESSÁRIOS DOCUMENTOS TÉCNICOS ADICIONAIS


Além do protocol de mistura, serão necessários vários outros tipos de documentos. Em Janeiro
de 2014, a HKI realizou workshops técnicos de formação para o sector da indústria. As notas
desses workshops mencionavam que vários documentos estavam em processo. Caso estes
tenham sido concluídos e validados, devem ser adicionados às Normas Técnicas:

 Manuais para QA/QC internos e de auditoria interna


 Manual para os reguladores realizarem inspeções e auditorias externas das meageiras
de trigo
 Um “Código de Conduta” (CDC), que abrange a fortificação desde a aquisição da pré-
mistura até ao ponto final de venda.

COBRANÇA PELAS NORMAS TÉCNICAS


Alguns países ainda seguem o costume de vender cópias das normas técnicas. Embora este
fornece uma fonte de renda para o Ministério e uma maneira de seguir o envolvimento dos
sectores privados, seria recomendável publicar essas normas técnicas na internet, por várias
razões. É importante que todos, não apenas os interessados do setor privado, tenham acesso
à lista de micronutrientes e os seus níveis que serão adicionados. À medida que se efeituam
actualizações das fórmulas, estas estarão disponíveis e não haverá nenhuma dúvida quanto à
versão mais recente.

APROVEITAR O LOGOTIPO DE FORTIFICAÇÃO


A melhor maneira de gerar receita e rastrear a indústria pista pedir que a indústria pague ao
INAE para "certificar" os seus produtos: a pré-mistura a partir de um fornecedor certificado,
condições higiênicas de trabalho, o uso de um protocolo de mistura testado que produz CoV
(coeficientes de variação) aceite.
Uma vez que as empresas se tornarem certificadas serão concedidas o uso do logotipo de
fortificação e poderão ser incluídas no grupo de empresas que se juntaram ao governo na luta
para impedir a deficiência de micronutrientes.

A COMFAM pode projectar uma campanha de marketing social para persuadir os


consumidores a consumirem produtos fortalecidos assim que estiverem no mercado. Um
exemplo de uma campanha de marketing social para o arroz fortificado no Brasil, que foi
apoiada pela PATH, poderia fornecer algumas ideias para a comunicação em Moçambique.
Arroz Vitaminado: http://www.arrozvitaminado.net.br Os moleiros de arroz foram concedidos
direitos de utilização do logotipo somente depois de pagarem a taxa anual e foram
"certificados" pelos inspetores do governo.

Para esta campanha obteve-se muitos apoios de celebridades, gratuitamente, pois os produtos
beneficiam a saúde pública. Os produtores registaram um aumento da sua quota de mercado,
com a promoção dos seus produtos na campanha.

CAPÍTULO 3: PARTICIPAÇÃO
DO SECTOR PRIVADO
Vários membros do sector privado foram representados na reunião da CONFAM desde a sua
criação. Os representantes da indústria contribuíram para a formação do projecto de legislação
e às normas técnicas.

Processamento Local de Alimentos em Moçambique


Os últimos anos foram marcados por um crescimento lento mas constante no sector agrícola, o
crescimento global de 2011 a 2012 foi calculado em 8,4 por cento, de acordo com o Ministro da
Agricultura de Moçambique, José Pacheco.
Com relação aos processos de farinha de trigo e do óleo, várias grandes entidades
empresariais entraram no mercado na última década. Em 2013, a Bakhresa Grain Milling, o
maior produtor de farinha de trigo na África Oriental e uma subsidiária da Bakhresa Group
sediada na Tanzânia, abriram uma unidade avaliada em 30 milhões de dólares, para moagem
do trigo duro e de trigo semirrígido em farinha para fazer pão, em Nacala.

Prevê-se investimentos adicionais no processamento de alimentos e agricultura com o


desenvolvimento da Mozambican Commodity Exchange (MCE).

Fortificação Voluntária
Nos últimos meses, um punhado de empresas começou a fortificar voluntariamente. A HKI
adquiriu equipamentos de dosagem para moageiras e refinarias de petróleo. Assim, os
produtores que estivessem interessados em fortificar poderiam recorrer a um subsídio da HKI
para pré-mistura adquirida através das instalações de pré-mistura da GAIN (GPF). Se uma

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


19
empresa deseja comprar em outro lugar, pode fazê-lo, mas o subsídio é fornecido apenas
quando compram do GPF. Após este primeiro ano de compras, o subsídio já estava esgotado.

TABELA 6: ORÇAMENTO DA HKI PARA O SUBSÍDIO DE PRÉ-MISTURA

Industries Value of Premix Subsidy (USD)

Wheat/Corn Mills $ 535,368.00


Oil Refineries $ 179,917.00
TOTAL $ 715,285.00

O equipamento de dosagem fornecido às moageiras era equipamentos Buhler que custou, em


média, 15K dólares por unidade. A maior parte do equipamento de moagem utilizado por
grandes moageiras (tanto de trigo como de milho) é fabricada pela Buhler, um fabricante suíço
de equipamentos de alta qualidade que tem um consórcio com a DSM, o maior fornecedor
mundial de micronutrientes e também um fornecedor de pré-misturas, que foi selecionado por
meio da GAIN premix facility para fornecer pré-misturas para a fortificação de trigo da Merec.

A pré-mistura fornecida através da GPF tanto para as moageiras de trigo como para as
refinarias de óleo, foi adquirida por meio de um processo de concurso público e um total de
cinco diferentes fornecedores de pré-misturas aprovados pela GPF forneceram pré-mistura às
indústrias.

Sabemos que, no mínimo, uma moageira de farinha de trigo, uma moageira de farinha de milho
e duas refinarias de óleo estão actualmente a fortificar e adquirir voluntariamente através da
GPF. Uma refinaria de óleo está a comprar directamente da BASF da Alemanha, o maior
fornecedor de vitamina A em todo o mundo, e não está a aproveitar o subsídio.

Eficiências aumentadas com a permissão da escolha livre


A GPF é bastante útil para a agregação da procura por parte dos pequenos produtores para
permitir compras em grandes quantidades, o que reduz os custos materiais e de transporte.
Não é, no entanto, muito útil para grandes produtores que adquirem regularmente grandes
quantidades de matérias-primas. No caso de Moçambique, o mercado mais prático de onde
obter a pré-mistura é a África do Sul, que tem fortificado há muitos anos.

A linha de equipamentos industriais da Buhler é considerado "top de gama" e na maioria dos


casos é o equipamento mais caro no mercado, o que pode ser apropriado para os grandes
produtores sofisticados, como a Merec e a CIM, mas pode não ser adequado para médios e
pequenos produtores. Em outros países, tem sido comum para os actores do sector projectar e
construir equipamentos que sejam de baixo custo, ao mesmo tempo que personalizados para
ambientes específicos de moagem.

VISTA GERAL DA MOAGEM


O consumo de trigo nas áreas rurais e urbanas tem vindo a crescer de forma constante ao
longo dos últimos anos (ref). Apesar de menos de 1 por cento da oferta total de trigo vem da
produção interna, existem operações de larga escala de moagem e este é um produto que tem
registado aumentos no consumo tanto nas zonas rurais como urbanas, devido à conveniência
do consumo de pão e outros produtos da farinha de trigo.

Em muitas partes do norte de Moçambique, o milho é visto como uma cultura de rendimento,
mas também é moído em farinha nas grandes moageiras no país.1

As empresas de moagem em Moçambique podem ser classificadas em duas categorias:


 Organizações de média e pequena escala que moem principalmente trigo e milho
 Organizações de pequena escala que moem principalmente milho e mandioca (menos
de 5 toneladas/dia)

Moageiras de médio e grande escalai


 Há cerca de oito moageiras de médias e grandes escala em Moçambique que têm
capacidades de moagem que varia de 50 toneladas/dia para 380 toneladas/dia

Moageiras de pequena escala


 As moageiras de pequena escala processam menos de 5 toneladas de grãos por dia,
mas muitas tipicamente moem menos de 1 MT. Uma moeageira típica pode ter 1-3
martelos de moagem e moem cereais produzidos localmente para o consumo local. Os
clientes cultivam os seus próprios cereais ou compram suprimentos não moídos no
mercado e levam para a moagem, pela qual o proprietário cobra. Os lotes de 3 – 15kg
de grãos podem ser moídos duma vez, alimentando um agregado familiar até 2
semanas. Esta farinha não é normalmente embalada e nenhuma das moageiras sabia
ou tinha o equipamento para a fortificação. Os aspectos operacionais destas usinas
variavam de muito bons para muito maus.2

TABELA 7: TRIGO EM MOÇAMBIQUE

Export.
Import.
Como %
Produto Local Importado Exportado Como % do
da
consumo
produção
rigo 10 429 2 0.99 <1%
Fonte: MIC, 2009.

1Staple food prices in Mozambique, Prepared for the Comesa policy seminar on
“Variation in staple food prices: Causes, consequence, and policy options”, Maputo,
Mozambique, 25-26 January 2010
under the Comesa-MSU-IFPRI African Agricultural Marketing Project (AAMP)

2 World Food Program


FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE
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MEREC INDUSTRIES LDA (MEREC)
A indústria de moagem de trigo em Moçambique é altamente centralizada, com 3 actores que
compõem 64% do mercado (HKI). Reunimo-nos com a Merec Industries Lda (Merec), que foi
criada em 1998 e é hoje a maior moageira de trigo em Moçambique.
Esta vem fortificando voluntariamente a sua farinha nos últimos meses e tem recorrido à GAIN
premix facility para a obtenção da sua pré-mistura. A sua embalagem indica que estão a
fortificar com 8 micronutrientes a certos níveis, não listam B12 na sua fórmula. Actualmente,
estão apenas a fortificar com ferro, zinco, B12 e ácido fólico e não estão a incluir a vitamina A e
B12, uma vez que estas não são necessárias.

A empresa está a adquirir a sua pré-mistura a partir da GAIN premix facility, com qual não
estão felizes. A razão para tal é que demora muito tempo desde o momento em que se faz a
encomenda até a recepção da mercadoria. Prefeririam adquirir por conta própria e ganhar
eficiência.

O fornecedor que foi selecionado através da GPF é a Royal DSM, uma empresa holandesa que
é a maior fornecedora de micronutrientes no mundo. A pré-mistura foi proveniente do seu
escritório Sul-Africano e os preços para a pré-mistura foram obtidos para este relatório a partir
desse escritório.

O custo para fortificar uma tonelada métrica de farinha de trigo com pré-mistura a uma taxa de
incorporação de 380ppm seria entre $6,85 dólares americanos e $4,40 dólares americanos,
dependendo da quantidade. O custo do transporte também irá variar dependendo da
frequência e da quantidade; também não está claro qual seria o custo adicional para o
transporte interno para as moageiras. A taxa de transporte de $1000 dólares por mês está
incorporada nos custos acima. A Merec afirmou que prefeririam transportes mensais pois
muitos nutrientes têm vida útil curta.

TABELA 8: CUSTO MARGINAL DA FORTIFICAÇÃO DA FARINHA DE TRIGO

additional cost per kilogram


retail price per kilo MZN
domestic fortified wheat flour 22.00
imported fortified wheat flour 33.00
theoretical price increase
additional cost per kilogram MZN
retail price per kilo 22.00
cost for fortification 0.14
total 22.14

percent increase 0.63%

Outro modelo comum para o cálculo do custo adicional de fortificação foi desenvolvido pela
FAO. Isso refere-se ao uso do custo da pré-mistura por tonelada métrica e depois derivar as
despesas adicionais do capitólio e os custos de operação para a indústria privada, bem como
os custos de controlo para o governo e para as despesas de marketing social/educação, com
base num percentual do total dos custos da pré-mistura.

TABELA 9: CUSTO ESTIMADO DA FORTIFICAÇÃO DO TRIGO PARA O SECTOR


PRIVADO E PARA O GOVERNO
ke
ay

ta
/d

in
on

ric
lo
ca

Inputs Cost (USD)


of
%

Annual local production (MT) 312,000


Cost to fortify a MT (USD) $ 4.40
Private Sector Costs
Premix $ 1,372,800
Capital Costs of 10 years 5% $ 68,640
QC 5% $ 68,640
$ 1,510,080
Government Costs
Regulatory Enforcement 3% $ 41,184
Nutrition Surveillance 3% $ 41,184
Social Marketing/Education 10% $ 137,280
$ 219,648

Total Costs $ 1,729,728.00

Source: FAO

Num consumo per capita de 55 gr de farinha de trigo por dia, este custo adicional de
fortificação é equivalente a um máximo de apenas $ 0,25 dólares por ano. No entanto,
Moçambique moe cerca de 312 mil toneladas de farinha por ano e os custos de fortificação
viriam a cerca de $1,7 milhões por ano. Embora o custo incremental pode ser incorporado no
preço do produto, as moageiras não estarão inclinadas a competir contra uma alternativa não
fortificada. Por esta razão, o padrão de fortificação deve ser executado tornando as regras de
concorrência equitativas para todos.

VISTA GERAL EDITÁVEL DO ÓLEO


A produção/refinação local de óleo compreende 35% do mercado em Moçambique. Os outros
65% do mercado são abastecidos por importações de óleo de cozinha refinado, principalmente
da África do Sul e Portugal. Estes óleos são refinados e empacotados nos seus respectivos
países e importados para Moçambique para venda. Nem a África do Sul nem Portugal
promulgaram obrigatória a fortificação de óleo, no entanto a Tanzânia tem um mandato para a

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


23
fortificação do óleo e, consequentemente, poderia ser uma oportunidade de mercado para a
exportação do óleo de Moçambique.

TABELA 10: ÓLEO DE COZINHA EM MOÇAMBIQUE

Oil Market to meet local consumption MT


Local Production/Refinement 68,950
Imported 128,050

GRUPO MAEVA
Mantivemos encontros com o gerente de operações da Maeva group em Maputo. A fábrica foi
inaugurada em Abril de 2010 e é um investimento do grupo francês Shemir Sokataly. Produz
500 toneladas de óleo por dia e importa matérias-primas de Singapura, Malásia e África do Sul.
Uma parte do óleo produzido na fábrica é vendida em Moçambique, e representa 7% do total
do mercado (local e importado). A maior parte da produção é exportada para a Tanzânia,
Madagáscar e Burkina Faso. A Tanzânia aprovou um regulamento de óleo fortificado em
Agosto de 2011,

A Maeva participou das reuniões originais realizadas pela CONFAM e apoia a fortificação, mas
a Maeva não aceitou qualquer tipo de apoio do grupo para formação ou subsídios. Nos últimos
sete anos, fortificaram voluntariamente o seu óleo com vitamina A e vitamina D. Não estão a
comprar através da GAIN premix facility, mas em vez disso vão diretamente para a BASF,
empresa Alemanha especializada em vitamina A. Vários anos atrás a BASF desenvolveu um kit
de QC para a vitamina A que é bastante eficaz para o teste do produto antes do embarque. A
Maeva adquiriu vários desses kits e está a utilizá-los nas suas instalações.

O gerente da Maeva parecia saber um pouco sobre a fortificação com vitamina A (palmitato de
Retinyl), um micronutriente muito frágil, que se degrada rapidamente em calor e luz, e explicou
o processo que era usado e as medidas de QC criadas.

Quando perguntámos por que a Maeva não usava o logotipo da fortificação na sua embalagem,
o gerente respondeu que a empresa usava os rótulos existentes, mas tinha outros rótulos com
logotipos e iria usá-los logo que os outros acabassem. Também enfatizou que, uma vez que a
rotulagem não era obrigatório, não estava com pressa.

Ao contrário da Merec, a Maeva afirmou que estavam a fortificar porque o proprietário é


francês, compreende o valor da fortificação e está fazê-lo por causa de um sentido de
responsabilidade social. Não sabe se os outros refinadores de óleo estão a fortificar e não vê o
custo extra e algo que vá prejudicar a competitividade do produto da Maeva.

Não está claro quais produtores de óleo têm tiraram vantagem do subsídio através da GAIN
premix facility. Por conseguinte, não tenho nenhuma lista de preços para esta pré-mistura e por
isso usarei apenas preços padrão global.

Este padrão de preços será utilizado no modelo para cálculo do custo adicional de fortificação
que foi desenvolvido pela FAO. Isso significa usar o custo de pré-mistura por tonelada métrica
e depois derivar as despesas adicionais do capitólio e o custo de operação para a indústria
privada bem como o controlo de custos para o governo e para as despesas de marketing
social/educação com base num percentual da pré-mistura total.

TABELA 11: ESTIMATIVA DE CUSTO DE FORTIFICAÇÃO DO ÓLEO PARA O


SECTOR PRIVADO E PARA GOVERNOS

Inputs Cost (USD)


annual consumption (MT) 197,000
Cost of of fortification per MT $ 2.15
Private Sector Costs
Premix $ 423,550
Capital Costs of 10 years 5% $ 21,178
QC 5% $ 21,178
$ 465,905
Government Costs
Regulatory Enforcement 3% $ 12,707
Nutrition Surveillance 3% $ 12,707
Social Marketing/Education 10% $ 42,355
$ 67,768

Total Costs $ 533,673

Source: FAO

MANTER O SECTOR PRIVADO ENVOLVIDO

Além da Merec e Maeva, um grande produtor de farinha de milho, Companhia Industrial da


Matola (CIM) está voluntariamente a fortificar o seu produto, Farinha de Milho Top Score, que é
a marca mais comum nos supermercados de Maputo. Não está claro se estão ou não
aproveitar a GPF ou se estão a receber formação da HKI, mas a fórmula que imprimem na sua
marca adere aos padrões.

O facto de que três grandes produtores de alimentos estão actualmente a fortificar é a prova de
que eles são tecnicamente capazes. A Maeva está a absorver todo o custo incremental e
permanecendo no mercado a preços competitivos. A Merec e, possivelmente a CIM, estão a
aproveitar o subsídio da GPF e aceitaram o equipamento de mistura e o suporte técnico. No
entanto, a Merec afirmou que estão cientes do valor da fortificação e estão mais do que
dispostos a continuar com a fortificação e cobrir o custo. Conforme observado anteriormente, o
custo marginal de fortificação da farinha de trigo é inferior a 1% do custo total e por isso é
bastante acessível dentro do contexto de produção de alimentos em grande escala.

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


25
O subsídio de farinha de trigo do governo foi revisto, a fim de se determinar se o levantamento
do subsídio impediria ou não a viabilidade da fortificação.

TABELA 12: SUBSÍCIO DO GOVERNO PARA A FARINHA DO TRIGO

2013 (MZN) 2013 (USD) 2014 (MZN) 2014 (USD)


subsidy per kg 4 $ 0.13 2 $ 0
subsidy total 615,300,000 $ 19,471,519 350,000,000 $ 11,111,111
amount of flour (KG) 153,825,000 153,825,000
amount of flour (MT) 153,825 153,825
annual consumption (MT) @ 55gr 516,600 516,600

subsidy addresses % of consuption 30% 30%

Actualmente, o subsídio está a reduzir o custo por quilograma em 2 MZN, que é de 10% do
preço de retalho por quilo de 22. Presume-se que o governo vai diminuir ainda mais este
subsídio, ou removê-lo completamente. Para 2014, o orçamento para este subsídio foi de $11
Milhões de dólares.

Abaixo está uma explicação teórica de como a indústria da moagem do trigo pode absorver o
custo da fortificação, considerando também que o subsídio fosse cessar. O número chave aqui
é o custo das mercadorias vendidas.

TABELA 13: AUMENTO TEÓRICO DO PREÇO

KG price of wheat flour MZN


current retail price per kg $ 22
price w.o subsidy $ 24

Cost of Goods Sold $ 21


.7% cost for fortification 0.170
profit margin of 10% $ 3
TOTAL 24.35

No entanto, independentemente dos subsídios futuros, a Merec e a CIM parecem ser muito
capazes de continuar a fortificar e a absorver o custo incremental adicional. A chave para
garantir a sua participação continuada é alocar os recursos necessários para construir uma
forte capacidade de monitoria e controlo. Além disso, o governo pode incentivar ainda mais a
indústria isentando-os dos impostos de importação para o transporte de pré-mistura da África
do Sul.

Demonstrou-se que o custo incremental para a fortificação não impede que as empresas
participantes mantenham a competitividade no mercado, mesmo que os subsídios do governo
para a farinha de trigo terminassem. Poderia criar-se outros incentivos para o sector privado
através do desenvolvimento e comunicação de uma proposta de valor, que detalharia a forma
como a fortificação, apoiada por uma campanha de marketing social, paga pelo menos por
parte do governo, poderia aumentar a quota de mercado local e descobrir novas oportunidades
para exportação para os países que fortificam: África do Sul, Tanzânia, Quênia e Uganda para
a fortificação da farinha de trigo e a Tanzânia para a fortificação de óleo.

CAPÍTULO 6: RESUMO DAS


RECOMENDAÇÕES
O programa de fortificação de Moçambique está pronto para um grande começo. Houve
envolvimento sólido de uma variedade de partes interessadas para o desenvolvimento do
projecto de legislação e as normas técnicas. O que se segue são as recomendações que
tornariam o projecto e as normas mais robustos e também as sugestões para trabalhar com o
setor privado a fim de implementar o programa dentro de prazo do Ministério. Finalmente, há a
descrição de um modelo de custo/benefício que deve ser usado na base para avaliar a
iniciativa de fortificação, à medida que esta progride e garantir o apoio contínuo para o
programa

PROJECTO DE LEGISLAÇÃO

Artigo 4 (Requisitos) e Artigo 6 (níveis de fortificação) exige que os alimentos alistados sejam
"devidamente fortificados em conformidade com as Normas vigentes moçambicanas." E "os
produtos alimentares referidos no presente Regulamento serão fortificados de acordo com os
níveis definidos nas Normas relevantes moçambicanas; os Níveis de fortificação são alterados
através de revisão das normas moçambicanos pertinentes".

Visto que este requisito abrange alimentos importados, não é realístico supor que os países
importadores irão fortificar segundo as normas moçambicanas. A redação adicional a este
artigo pode ser:

"Deve-se notar que os produtos fortificados importados devem aderir aos seus padrões locais
de fortificação e que estas normas serão aceites se estiverem dentro dos limites razoáveis,
conforme ditado pelas normas pertinentes moçambicanas".

Por exemplo, a fórmula de fortificação de trigo da África do Sul varia da de Moçambique, mas é
bastante semelhante e deve ser aceite.

Artigo 7 (Rotulagem) exige que os produtores de alimentos fortificados rotulem os seus


produtos em conformidade com as normas e que esses esforços devem ser comunicados com
a Unidade Técnica para a Fortificação de Produtos Alimentares do Ministério da Indústria e
Comércio.

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


27
Mais uma vez, os produtos importados não são considerados e embora a exigência de padrões
de rotulagem é aplicável para alimentos produzidos localmente, não é algo que os
importadores seguirão, se os produtos forem embalados antes da entrada em Moçambique
(veja acima). O Artigo poderia reconhecer esta distinção, alterando o título para: "Retulagem
para Produtos Produzidos Localmente ou Alimentos Embalados em Moçambique"

Artigo 9 (Condições para a utilização do logótipo) exige que, "A utilização do logotipo de
fortificação deve observar as disposições das Normas moçambicanas"

Mais uma vez, os produtos importados não são considerados e estes produtos não exibiriam o
logotipo, a menos que fossem reembalados em Moçambique. Para esclarecer isto, o título do
artigo teria a seguinte redação: "Condições para a utilização do logótipo para alimentos
produzidos localmente ou alimentos importados que são reembalados em Moçambique."

Da mesma forma, é muitas vezes útil conceder o direito de uso de um logotipo de fortificação
em conjunto com a certificação. Por exemplo, os produtores que desejam exibir o logotipo nos
seus produtos devem permitir que um membro do INNOQ certifique o seu produto. O produtor
deverá pagar por essa certificação e uma vez aprovado, será oficialmente concedido o logotipo.
Os produtores terão de renovar periodicamente esta certificação, a fim de exibir o logotipo e
serão cobrados uma taxa para cada certificação. O logotipo será promovido na campanha de
marketing social do governo, fornecendo publicidade gratuita (ou de custo partilhado) para as
marcas fortificadas. Desta forma, o Ministério vai agregar valor ao logotipo, gerar receita e
também controlar a qualidade. Um aditamento ao presente artigo poderia ser, "Para a
concessão da utilização do logótipo, o produtor deve observar as disposições das Normas
moçambicanos e certificar os seus procedimentos operacionais padrão e o produto final junto
do INAE de acordo com as Normas de Moçambique."

Artigo 10 (fortificante/Mistura de Fortificação) exige que os fabricantes de pré-mistura de


micronutrientes registem-se junto da Unidade Técnica para a Fortificação de Produtos
Alimentares em conformidade com a respectiva Guia de procedimentos. A responsabilidade por
esse registo deve ser da produtora desse alimento.

Os produtores locais ou importadores de alimentos fortificados locais devem solicitar o


fornecimento de um Certificado de Autorização junto ao fabricante dos micronutrientes. Este é
um procedimento padrão, mas não é razoável pedir que um fornecedor (fabricante de
micronutrientes) de produtos importados se registe junto da Unidade Técnica para a
Fortificação de Produtos Alimentares.

O texto pode ser clarificado da seguinte maneira, "Os produtores, comerciantes e importadores
de farinha de trigo e de óleo de cozinha vegetal devem usar um fornecedor qualificado de pré-
mistura de micronutrientes e devem registar a Certificação de Autorização desse fornecedor
junto da Unidade Técnica para a Fortificação de Produtos Alimentares."

Artigo 12 (órgão de fiscalização) detalha a monitoria dos produtores quanto ao cumprimento


das disposições do regulamento. Se o logotipo será vinculado à certificação, conforme
recomendado, este seria um bom lugar para reiterar que "A monitoria anual dos procedimentos
de operação padrão de um produtor para a fortificação, e o pagamento de anuidades, será
necessária para a utilização do logotipo e para a inclusão da marca do produtor nas
campanhas de marketing do governo para os alimentos fortificados".

Artigo 16 (Penalidades), mais uma vez não leva em conta a variação nas fórmulas de
micronutrientes que podem vir em alimentos importados. Nas secções 2 e 3 pode-se
acrescentar algumas palavras no final para esclarecer este aspecto",... fortificados de acordo
com as normas vigentes de Moçambique, ou de acordo com as normas de fortificação do país
de origem, admitindo que estas normas atendem aos requisitos mínimos conforme indicados
nas normas de Moçambique. "

NORMAS TÉCNICAS
Essas normas estão bem definidas com relação a medidas de controlo de qualidade padrão na
produção de alimentos: os requisitos de teste de microbiológicos, testes de metais pesados,
etc.

Níveis de Micronutrientes
As normas também dão as fórmulas para a farinha de trigo, farinha de milho e óleo vegetal. As
fórmulas de ambas as farinhas de trigo e milho foram desenvolvidas para porções de 100
gramas.

De acordo com a FAO a pessoa média em Moçambique consome 20 kg de farinha de trigo por
ano, o que se traduz em 55 gramas por dia. As Normas Técnicas de Moçambique apelam para
20 mg de EDTA de ferro e 20 mg de sulfato ferroso por quilograma de farinha de trigo. Os sul-
africanos consomem 163 gramas por dia e sua fórmula contém 48 mg de ferro por quilo. O
mesmo vale para o zinco e vitaminas.

Aumentar os níveis de micronutrientes na fórmula para corresponder melhor com as


quantidades de consumo per capita iria melhorar os benefícios da fortificação sem aumentar
significativamente o preço. Esta opção deve ser discutida e explorada.

São necessários Documentos Técnicos Adicionais


Em Janeiro de 2014, a HKI realizou um workshop técnico de formação para a indústria. As
notas desses workshops indicavam que vários documentos estavam em processo. Logo que
estes estiverem devidamente concluídos e validados, devem ser adicionados às Normas
Técnicas:

 Manuais para QA/QC interna e de auditoria interna


 Manual para os reguladores para realizarem inspeções e auditorias externas das
moageiras de farinha de trigo
 Um "Código de Conduta" (CDC) que abrange a fortificação desde a aquisição de pré-
mistura até ao ponto final de venda

Acesso às Normas Técnicas


A Norma Técnica deve ser publicada ne internet, por muitas razões:
 Considera-se melhor prática divulgar publicamente os nutrientes mandatados e os seus
níveis.
 A indústria privada estaria mais incentivada ao pagamento por uma "certificação" que
lhes dará publicidade gratuita ou a custo reduzido.

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


29
 À medida que se forem fazendo actualizações das fórmulas, estas estarão
imediatamente disponíveis e não haverá nenhuma dúvida sobre qual versão é a mais
recente.

IMPLEMENTAÇÃO DA PRIMEIRA FASE:


50% do mercado da farinha de trigo e do óleo vegetal a fortificar até o final de 2015

A indústria diz-nos que:


Farinha de Trigo
 100% de farinha de trigo utilizada para o pão é moida localmente
 90% de farinha moída localmente é produzida por 7 moageiras
 A Merec produz 40% de farinha de trigo moída localmente

Óleo Vegetal
 40% do óleo é refinado localmente
 60% do óleo é importado, principalmente da África do Sul ou Portugal
 A Maeva produz 20% do óleo refinado localmente

O foco, nesta primeira fase, deve ser o de trabalhar com os grandes produtores que estão
actualmente voluntariamente a fortificar: Merec (farinha de trigo) e Maeva (óleo veg.). A CIM
(farinha de milho) também está a fortificar voluntariamente, e mesmo embora esta primeira fase
abrange apenas a farinha de trigo e óleo, a CIM deve ser encorajada e apoiada.

Não parece que esses grandes produtores precisam de apoio financeiro para pagar o custo
incremental contínuo da fortificação, no entanto, há várias coisas que o governo pode fazer
para incentivar esses produtores, tornando-os um modelo para o resto da suas indústrias.

Para uma melhor compreensão destas indústrias é necessário ser capaz de direcionar os
maiores produtores e importadores nacionais para esta primeira fase.

Comunicação aos Retalhistas:


 Os retalhistas em última análise decidem o preço de novos produtos. Muitas vezes, os
retalhistas irão considerar produtos "fortificados" como um produto de valor agregado e
cotar-lhes preços muito altos embora o preço por atacado permanece o mesmo dos
produtos não fortificados. Comunicando aos retalhistas os objectivos do programa vai
ajudar a definir expectativa e dar-lhes a conhecer que serão reconhecidos em
campanhas de marketing social.

Comunicação aos Consumidores:


 Educar os consumidores permitirá capacitá-los a defenderem-se e exigirem que o
alimento seja fortificado, que pode motivar os pequenos produtores, para fortalecer no
futuro próximo.
 Projectar campanhas de marketing social que beneficiam os retalhistas e produtores.
Sugerir que os produtores ajudem a cobrir os custos das campanhas centradas na
fortificação que fazem uso de apoio de celebridades, o logotipo da fortificação e que
posicionam Moçambique como um líder em nutrição.

Execução da Lai e Impostos:


Durante as nossas entrevistas com o sector privado, tornou-se evidente que eles estão mais do
que dispostos a cumprirem com os mandatos de fortificação, desde que o governo adira ao seu
calendário e imponha/execute multas sobre as moageiras não cumpridoras.

 O Inicio da Fortificação da Farinha foi contactado e está bem equipado e apto a realizar
a formação sobre sistemas de controlo alimentar conforme exigido pelo INAE. Trabalhar
com a indústria a fim de determinar o que será necessário para a certificação e a
amostragem aleatória contínua durante esta primeira fase. Uma vez definidos estes
parâmetros, entrar em contato com FFI para o custo de formação e passos seguintes.

A indústria também solicitou que nenhum imposto de importação seja cobrado para a pré-
mistura de micronutrientes. A pesquisa preliminar mostra que não existem fontes locais para
pré-mistura de micronutrientes e que toda ela será importada da África do Sul.

 O governo está encorajado a conceder esta isenção fiscal pois irá apoiar a indústria e
construir boa imagem. As perdas nas receitas fiscais poderiam ser compensadas
através da cobrança de "certificação".

Associação Comercial
 Seguir os objectivos de longo prazo de desenvolvimento das associações comerciais.
Embora possa ser um desafio reunir as empresas concorrentes para trabalharem em
conjunto, isso poderia beneficiar muito a fortificação evocando a pressão dos pares
entre os membros para a fortificação e permitindo a partilha de avanços e normas
técnicas com relação à mistura e amostragem. A associação comercial bem organizada
também pode projectar e fabricar sob encomenda, a baixo custo o equipamento de
mistura para os seus membros.

IMPLEMENTAÇÃO DA SEGUNDA FASE:


75% do mercado de farinha de trigo e óleo vegetal a fortificar até finais de 2016

Mais uma vez, é fundamental compreender a composição da indústria, a fim de direcionar-se


aos produtores que terão grande impacto nesta segunda fase. As sugestões para esta fase são
gerais, mas assuma-se que o primeiro ano vai concentrar-se em grandes produtores locais, e o
segundo ano vai concentrar-se nos grandes importadores.

 Identificar grandes importadores em ambos os setores e comunicar o programa de


fortificação, seus requisitos e objetivos.

 Convidar os importadores a participarem/partilharem os custos nas campanhas de


marketing social que caracterizam-se pelos alimentos fortificados.

IMPLEMENTAÇÃO DA TERCEIRA FASE:


99% do mercado de farinha de trigo e óleo vegetal a fortificar até finais de 2017

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


31
Essa fase vai muito provavelmente centrar-se nos pequenos produtores. Estes são os grupos
de produtores que são os mais difíceis de alcançar no que respeita a formação e monitoria.
Aqui vão algumas ideias que ajudariam a apoiar este grupo:

Associação Comercial
 Esta actividade é mencionada na fase 1 como um objectivo de longo prazo que vai ajudar a
construir a solidariedade na indústria, bem como a capacidade e a pressão de pares com
relação a fortificação. Um sindicato forte vai ajudar os médios e pequenos produtores.

Avaliar o Impacto da Fortificação


 Pode ser apropriado colher alguns dados biológicos neste momento e compará-los com os
dados da linha de base, a fim de avaliar o impacto da fortificação em relação aos dados de
consumo actuais. As modificações poderiam, então, ser feitas às fórmulas padrão e os
outros alimentos poderiam ser considerados para a inclusão, caso mudassem os hábitos de
consumo.

o Possível fortificação do arroz – Como parte da reforma agrícola, a produção de arroz


em Moçambique continua a aumentar e pode ser suficiente para atender à toda a
demanda doméstica entre 2017 e 2018. De acordo com o Ministro da Agricultura,
José Pacheco, Moçambique tem um consumo médio anual de cerca de 600.000
toneladas métricas de arroz. Numa unidade agrícola de 2012-13, a produção de
arroz aumentou em 100.000 toneladasii

o De um ponto de vista técnico, o pão é um bom veículo para iodo e demonstrou ser
uma forma eficaz de garantir um fornecimento constante de iodo na dieta. Se
provar-se difícil fortificar todo o sal, no mínimo poderia ser uma exigência de que
todo o sal utilizado no pão fosse fortificado.

CAPÍTULO 7: MODELO
FINANCEIRO PARA APOIAR A
FORTIFICAÇÃOP
Recomenda-se o desenvolvimento de um modelo de custo-benefício que poderia comparar o
custo monetário das intervenções de fortificação com o retorno, expresso em termos de
diminuição dos custos de cuidados de saúde e aumento da produtividade, seria extremamente
valioso na avaliação da fortificação em relação a outras intervenções de saúde e outros tipos
de gastos do governo.

Seria sensato construir modelo antes do lançamento oficial da primeira fase da fortificação e
preenchê-lo com os dados de base necessários. Teoricamente, os efeitos da fortificação
podem ser medidos após 6 meses, embora seja mais prática a recolha de dados biológicos
depois de um ano.

Os dados de base que precisariam ser introduzidos, para além dos custos da indústria e do
governo para a implementação do programa de fortificação, estão detalhados abaixo e estão
em três categorias: Demográfica, Económica e Saúde.

Dados Demográficos Nacionais


 População
 População total
 População em idade activa Adultos 15-65 (ou idade activa)
 População masculina Adulta 15-65 (ou idade activa)
 População feminina Adulta 15-65 (ou idade activa)
 População de Crianças <15 anos de idade
 População de Crianças de 6-59 meses
 Esperança de Vida Saudável 1 (Masculino e Feminino Combinados)
 Esperança de vida Saudável, Sexo Masculino
 Esperança de vida Saudável, Sexo Feminino
 Taxa de nascimento ou # Nascimentos anuais
 Média de Idade Materna no nascimento do primeiro filho
 Taxa de Crescimento do Nascimento (% / ano)
 Crescimento da População (% / ano)

As estatísticas nacionais de força de trabalho e económicas são necessárias, a fim de traduzir


o número de pessoas que sofrem de deficits económicos associado à sua deficiência de
micronutrientes, em termos financeiros, ou seja, moeda MZN local. Os principais dados
necessários para fazer os cálculos num modelo estão detalhadas abaixo:
Taxas de participação da força de trabalho para homens, mulheres e todos os trabalhadores
 Duração média de Vida Activa
 Idade média de entrada no Mercado de trabalho
 Duração média de vida activa
 Idade media de morte materna

Estrutura salarial
 Salário Médio Anual por trabalhador adulto que participa na força laboral
 Salário Médio Anual por trabalhador adulto em trabalho manual
 Salário Médio Anual por mulher trabalhadora em trabalho manual

Estes dois grupos de dados precisariam de ser adicionados aos dados nacionais de saúde
abaixo:

Dados de Saúde da População

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


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Demografia
 Partos anuais
 Taxa Anual de Crescimentos Populacional
 Taxa Anual de Nascimento
Dados de Mortalidade
 Mortalidade Materna
 Mortalidade aos 6-59 meses o Mortalidade Neonatal
Prevalência de Deficiência de Micronutrientes
 VAD entre crianças dos 6-59 meses
 Pré Anemia e Anemia por Deficiência de Ferro entre mulheres grávidas
 Anemia por Deficiência de Ferro em crianças de 6-59 meses
 Anemia por Deficiência de Ferro em Mulheres em Idade Activa
 Anemia por Deficiência de Ferro em homens em Idade Activa

Uma vez que os dados de base forem inseridos, a cobertura faseada do projecto seria
adicionada para estimar a eficácia prevista conducente ao potencial benefício.

Este benefício será contrastado com o custo da fortificação a fim de obter o retorno previsto do
investimento. O modelo poderia ser concebido para fornecer uma série de resultados possíveis,
variando do menos ao mais optimista.

O rastreio de uma amostra estatisticamente significativa da população um ano depois do


projeto irá revelar os dados a fim de validar as projecções do modelo.

BIBLIOGRAFIA
Allen, Lindsay, de Benoist, Bruno, Dary, Omar, and Hurrell, Richard, eds. Guidelines on food
fortification with micronutrients. World Health Organization and Food and Agricultural
Organization of the United Nations, 2006.
Copenhagen Consensus 2012. Available at:
http://www.copenhagenconsensus.com/Default.aspx?ID=1637.
Instituto Nacional de Normalizacao e Qualidade; Normas Alimentos Fortificados
Agribusiness Handbook, Wheat Flour, FAO, 2012

Flour Fortification Initiative (FFI). http://www.ffinetwork.org/country_profiles/index.php


Fiedler JL, Afidra R, Dary O. Fortification of vegetable oil and sugar with vitamin A in Uganda:
Progress, issues, costs and prospects. A2Z: The USAID Micronutrient and Child-blindness
Project, AED, Washington, DC, 2009

Zulu R. Zambia regulatory systems in relation to food inspection and fortification. Commissioned
report submitted to HarvestPlus, IFPRI. Washington, DC: IFPRI, 2011
1 http://usa.chinadaily.com.cn/business/2014-02/11/content_17277070.htm

ANEXO A
Draft legislation
Technical standards

FORTIFICATION OF STAPLE FOODS IN MOZAMBIQUE


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