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CRISTIANE APARECIDA BARTELEGA SIQUEIRA

PROPOSTA DE INCLUSÃO DIGITAL PARA PROJETOS SOCIAIS

Monografia apresentada ao Curso de


Licenciatura em Computação das Faculdades
Integradas Teresa D’Ávila como Trabalho de
Conclusão de Curso.

Orientadora: Prof. Me. Ligia Maria T. F.


Brezolin

LORENA, 2011
S618p Siqueira, Cristiane Aparecida Bartelega

Proposta de Inclusão Digital para Projetos Sociais. -


Lorena: Cristiane Aparecida Bartelega Siqueira. - 2011.
41f.

Monografia (Graduação em Computação – Licenciatura Plena)


Faculdades Integradas Teresa D’ Ávila, 2011.
Orientador: Profª. Me. Ligia Maria T. F. Brezolin

1. Projeto Social. 2. Inclusão Digital. 3. Pedagogia de Projetos

CDU 043.2:37
CRISTIANE APARECIDA BARTELEGA SIQUEIRA

PROPOSTA PARA INCLUSÃO DIGITAL PARA PROJETOS SOCIAIS

Monografia apresentada ao Curso de


Licenciatura em Computação das Faculdades
Integradas Teresa D’Ávila como Trabalho de
Conclusão de Curso.
Orientadora: Prof. Me. Ligia Maria T. F.
Brezolin

BANCA EXAMINADORA

Prof. Me. Ligia Maria Teixeira de Faria Brezolin


Faculdades Integradas Teresa D’Ávila

Prof. Me. Maria Cristina Bento


Faculdades Integradas Teresa D’Ávila

Prof. Me. Irmã Maria Luzia Dantas


Faculdades Integradas Teresa D’Ávila

Lorena, 06 de dezembro de 2011


A minha querida avó materna Maria “in memoriam” que com dedicação e amor me
ensinou preciosos valores que levarei por toda a vida.
A meus pais que me inspiraram determinação e coragem, responsáveis por todo
apoio e incentivo para realização de mais uma etapa.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por permitir que encontrasse em minha


busca e evolução pessoal a contribuição do conhecimento acadêmico.
A meus queridos pais João Lucas e Antônia Bartelega, família, irmãos,
amigos e pessoas que estiveram ao meu lado, me dando forças, incentivando e
torcendo para que eu conseguisse concluir esse curso.
Agradeço também meu noivo Filipe Coelho pela paciência, amor e todo apoio
que me ofereceu durante esses anos.
A toda Congregação do Santíssimo Redentor e especialmente ao querido
irmão Mário André que acreditou em mim e contribuiu para que pudesse alcançar
minha formação superior.
A todos os amigos e profissionais que convivo diariamente por todo apoio,
colaboração, amizade e respeito.
Aos queridos professores do curso de Licenciatura em Computação, que com
muita dedicação ministraram suas aulas contribuindo com nosso crescimento. Em
especial ao Coordenador Marcílio Farias, as Professoras Cristina Bento e Irmã Luzia
Dantas, aos quais devo todo meu respeito e admiração, pois muitas vezes me
mostraram o caminho quando perdia o passo. Ensinaram-me muito além do que
suas disciplinas me ensinaram a importância de tratar os alunos como pessoas,
como seres humanos que possuem sentimentos e fraquezas.
Quero ainda agradecer a minha Orientadora Ligia Brezolin, grande
responsável pela realização deste trabalho, por me acompanhar e instruir nessa fase
de pesquisa e elaboração, também agradecê-la pela grande motivação, inovação e
criatividade.
Por fim agradeço a todos os amigos que fiz durante esses anos, que com
muita alegria e amizade tornaram essa jornada mais feliz.
"O ensino deve favorecer a arte de agir"
Edgar Morin
RESUMO

SIQUEIRA, Cristiane Aparecida Bartelega. Proposta para inclusão digital em


projetos sociais. 2011. 41 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em
Computação) - Faculdades Integradas Teresa D’ávila, Lorena, São Paulo, 2011.
[Orientadora: Prof. Me. Ligia M. T. Faria Brezolin]

Este trabalho busca refletir sobre a educação não formal na sociedade


moderna. Um campo específico de manifestação e desenvolvimento de práticas
educativas promovidas por instituições do Terceiro Setor com o objetivo de
promoção humana e cidadania. Analisa a inclusão digital neste contexto, bem como
os profissionais atuantes na área denominados educadores sociais e propõe um
novo olhar sobre o ensino-aprendizagem de informática refletindo sobre
possibilidade de utilização da pedagogia de projetos como forma de organizar
conteúdos de relevância em conjunto com softwares necessários para inclusão
digital e social dos indivíduos participantes de projetos sociais, favorecendo sua
organização em comunidade e novas formas de ler o mundo que os cercam. Assim,
a presente pesquisa contribui nesse sentido apresentando uma proposta para a
organização da prática e dos conteúdos necessários para que a inclusão digital
aconteça, estabelecendo etapas e orientações para o desenvolvimento de um
projeto de trabalho ressaltando sua flexibilidade, podendo ser aplicado de acordo
com a realidade e demanda que se destinam as ações de intervenção social.

PALAVRAS-CHAVES: Projeto Social - Inclusão Digital - Pedagogia de Projetos.


ABSTRACT

SIQUEIRA, Cristiane Aparecida Bartelega. Proposta para inclusão digital em


projetos sociais. 2011. 41 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em
Computação) - Faculdades Integradas Teresa D’ávila, Lorena, São Paulo, 2011.
[Orientadora: Prof. Me. Ligia M. T. Faria Brezolin]

This work reflects about the non-formal education in modern society. A


specific field of manifestation and development of educational practices promoted by
the Third Sector institutions with the aims of human promotion and citizenship.
Examines the digital inclusion in this context as well as professionals working in the
area known as social educators and proposes a new perspective on teaching and
learning computer pondering the possibility of using projects pedagogy as a way to
organize content of relevant in joint with software needed to digital and social
inclusion of individuals participating in social projects, contributing to their community
organization and new ways of reading the world around them. Thus, this study
contributes, like this, by presenting a proposal for the organization of practice and
relevant content so that the digital inclusion happens, establishing guidelines and
steps for developing a work project highlighting its flexibility and can be applied in
accordance with the reality and demand that the intended actions of social
intervention.

KEY-WORDS: Social Project - Digital Inclusion - Education Projects.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 09
1.1 TEMA E PROBLEMA .......................................................................................... 09
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 10

1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 11


1.3.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................... 11
1.3.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ............................................................................ 11
1.4 METODOLOGIA .................................................................................................. 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 13
2.1 Projetos Sociais................................................................................................... 13
2.1.1 Definição e origem............................................................................................ 13

2.1.2 Construção histórica ......................................................................................... 14


2.2 Projetos sociais e educação não formal .............................................................. 15
2.2.1 Formar para a cidadania .................................................................................. 15
2.2.2 O processo de ensino-aprendizagem na educação não formal ....................... 17
2.2.3 O educador social............................................................................................. 21
3 Projetos sociais como facilitadores da inclusão digital ........................................... 24

3.1 Inclusão digital ..................................................................................................... 24


3.2 Exclusão digital ................................................................................................... 25
4 Pedagogia de Projetos e suas contribuições para o ensino-aprendizagem ........... 27
4.1 Objetivos da Pedagogia de Projetos ................................................................... 27
4.2 Diferença entre projetos de trabalho e métodos .................................................. 27
4.3 Aspectos que caracterizam o projeto de trabalho ............................................... 29

5 Proposta da pedagogia de projetos para o ensino-aprendizagem de informática .. 31


5.1 O ensino-aprendizagem da informática em projetos sociais ............................... 31
5.2 Sugestão de plano de ensino para inclusão digital.............................................. 32
5.3 Organização do conteúdo por projetos de trabalho ............................................. 33
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 37
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40
9

1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA E PROBLEMA

A vida social requer do ser humano moderno, características e habilidades


que o torne competente e pró-ativo, respondendo aos desafios cotidianos e
relacionando diferentes saberes e novas tecnologias.
A busca pela eficácia é um dos maiores opressores que o ser humano
convive atualmente e também, não deixa de ser grande causa de exclusão social,
visto que é responsável por incentivar a mentalidade utilitarista, aumentando o nível
de seleção no mercado de trabalho, na participação das atividades sociais e no
convívio social. O avanço tecnológico com sua forte característica transformadora
social moderna, também se apresenta como um dos maiores responsáveis por essa
exclusão.
No desejo de atender a grande demanda que acaba incapacitando a
abrangência do governo, instituições públicas ou privadas do Terceiro Setor
contribuem com várias iniciativas no sentido de promover direitos humanos e formar
cidadãos conscientes e participativos para uma sociedade melhor e mais solidária.
Diante desse contexto surgem projetos sociais que através da inclusão digital
possibilitam e propagam o aprendizado das TICs (Tecnologias da Informação e
Comunicação) para o desenvolvimento de uma comunidade ou um grupo específico
em situação de exclusão, de carência ou algum tipo de vulnerabilidade social.
A dificuldade ou incapacidade de criar ações significativas para a
aprendizagem diante da utilização das TICs tornou-se um dos grandes desafios da
inclusão digital em projetos sociais, pois essa aprendizagem definida como
educação não formal, não possui um método específico ou normas e necessita de
profissionais preparados e de práticas inovadoras para alcançar seus objetivos.
Considerando o fator transformador que as TICs exercem sobre a sociedade,
faz-se necessário buscar novas formas de articular ações e processos que garantam
aos indivíduos o aprendizado necessário para que possam exercer e reconhecer
seus direitos e deveres para com a sociedade, melhores condições de vida e
exercício da cidadania.
10

O presente trabalho busca refletir sobre o processo de ensino-aprendizagem


de informática em projetos sociais com o intuito de propor sugestões para que ela
aconteça de forma eficaz na proposta de inclusão digital e social globalizando e
interligando conteúdos de relevância para a vida dos alunos.

1.2 JUSTIFICATIVA

O tema se apresenta atual e necessário considerando que facilitar o


aprendizado da TICs é um processo de inovação que contribui com a formação
pessoal e social do ser humano moderno, sendo assim buscar formas de fazê-lo se
torna indispensável para o combate a desigualdade social.
Muitos projetos e ações sociais buscam através da inclusão digital promover a
inclusão de comunidades na vida da sociedade de forma participativa e consciente,
promovendo a todos o acesso às informações e serviços que as TICs oferecem.
Para alcançar seus objetivos precisam muito mais que boas intenções devem
oferecer atividades significativas para a vida dos participantes, estas devem ser
planejadas, diagnosticadas e avaliadas constantemente.
Busca-se refletir sobre o papel e importância da educação não formal para
sociedade, tratando em especial à inclusão digital como uma ação comum na
sociedade moderna, propor orientações para que o profissional atuante articule e
ofereça atividades coerentes com a realidade dos participantes.
A organização do ensino de informática por meio da pedagogia de projetos é
uma possível forma de globalizar conteúdos e facilitar o aprendizado necessário
para a inclusão digital e social dos indivíduos.
Sendo assim, identificar o perfil do educador social e contribuir para sua
formação é buscar a eficiência dos serviços de ajuda à comunidade.
O presente trabalho é de interesse para profissionais gestores e
coordenadores de serviço social, assim como educadores atuantes na educação
não formal ou formal, que buscam sucesso e eficácia em suas práticas pedagógicas
e valorização humana.
11

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

Propor orientações para a organização do ensino-aprendizagem de


informática através da pedagogia de projetos de forma a contribuir com a inclusão
digital e social de participantes de projetos sociais.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Refletir sobre a importância da educação não-formal para a formação social


do ser humano em comunidade.
- Apresentar características e perfil necessário para um educador social
atuante na educação não-formal.
- Favorecer a capacitação e formação especializada de educadores sociais.
- Propor um novo olhar sobre o ensino-aprendizagem de informática em
projetos sociais.
- Refletir sobre a possibilidade de utilizar a pedagogia de projetos no ensino-
aprendizagem de informática.
- Possibilitar a globalização e interação de conteúdos relevantes para os
alunos através da inclusão digital.
- Elaborar orientações para o desenvolvimento de projetos de trabalhos como
forma de organizar a inclusão digital.
12

1.4 METODOLOGIA

A metodologia consiste em levantamento bibliográfico, contribuindo para o


desenvolvimento de um conjunto de conhecimentos a respeito de temas
relacionados à atuação do Terceiro Setor na sociedade moderna, a educação não
formal e o educador social, inclusão digital e pedagogia de projetos como forma de
organização de conteúdos.
Para a elaboração do trabalho foram realizadas pesquisas e leituras
abrangendo livros, dissertações, trabalhos científicos, análise e interpretação de
artigos de periódicos online e bibliotecas virtuais.
Todo material pesquisado foi submetido à triagem através de leitura seletiva e
anotações visando sua utilização na fundamentação teórica do trabalho.
Sendo assim em todo seu processo a leitura tornou-se uma rotina auxiliando
toda elaboração e conclusão do trabalho.
13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Projetos Sociais

2.1.1 Definição e origem

Atualmente pode-se encontrar uma grande difusão e multiplicação de ideias e


ações de intervenção na sociedade. Essas ações, planejadas e organizadas a partir
de demandas sociais, buscam transformar uma realidade específica de um
determinado público-alvo. Dessa forma, o projeto social tem como objetivo promover
e articular ações de melhoria das condições de vida e promoção dos direitos
humanos de um grupo de indivíduos. Por outro lado, “para que existam condições
reais de enfrentamento de uma situação problemática, é preciso ter um bom
diagnóstico que permitirá a definição de objetivos, estratégias, resultados e
atividades” (MALVASI, 2006, p. 213).
Com o objetivo de contribuir no combate a desigualdade social em seus
diferentes aspectos, Organizações Não-Governamentais (ONGs) definidas como
organizações da sociedade civil sem fins lucrativos, visam através de programas e
projetos sociais intervir para alcançar impactos significativos na vida dos menos
favorecidos e marginalizados. Deve-se tomar devido cuidado com a colocação do
termo, pois, ao mesmo tempo, as ONGs podem também ser utilizadas como
espaços para abrigar grupos de pressão, interessados em lançar mão das verbas
públicas, direcionando-as para interesses de minorias privilegiadas (CAMARGO et
al., 2001).
Gohn (2010, p. 79), comenta sobre a perspectiva de uma ONG:

A definição de projeto contém o sentido de organizar ideias, pesquisar,


analisar a realidade e desenhar uma proposta articulada com
intencionalidade de mudar uma realidade existente. Os projetos sociais
seguem essa mesma lógica. São construções feitas por um grupo de
pessoas que deseja transformar ideias em boas práticas. Tais projetos
podem se transformar em ações concretas e exemplares que podem mudar
a realidade local. Presentemente as empresas e o governo realizam cada
vez mais investimentos sociais e necessitam de ferramentas para identificar
oportunidades, estabelecer prioridades, elaborar planos de ação, avaliar
resultados e promover melhorias.
14

A elaboração de um projeto social necessita de minuciosa análise e


planejamento, para que possa obter resultados claros e atender os objetivos diante
das atividades.

Segundo Malvasi (2006, p. 214):

O diálogo com a comunidade é estratégia fundamental, pois a ausência dele


pode gerar perda de tempo e de recursos humanos e materiais já que,
mesmo que o projeto esteja bem elaborado, ele poderá não causar impacto
e resultados efetivos para a comunidade.

Diante dessa concepção, atividades não vinculadas a uma necessidade real,


provavelmente serão responsáveis pelo insucesso do projeto.

2.1.2 Construção histórica

Projetos sociais são implementados por entidades que constituem o terceiro


setor, uma organização da sociedade que abrange associações comunitárias,
fundações, ou entidades filantrópicas e outros, todos em comum objetivo: promover
o exercício da cidadania (FERNANDES et al., 2006).
O Terceiro Setor é formado por organizações sem fins lucrativos que surgem
1
da ineficiência ou incapacidade do Primeiro Setor e Segundo Setor2 diante das
demandas sociais.
Os termos “terceiro setor e voluntariado” são confundidos com o
assistencialismo3 que veio a partir da caridade de memória religiosa, desde o século
XVIII e XIX devido a sua origem e formação do dar, do ajudar.
Em países como Estados Unidos e Inglaterra, o terceiro setor se
profissionalizou e atualmente participa da economia como uma das fontes de seu
dinamismo, incorporando-se como parte do modelo econômico existente (GOHN,
2010).

1
Representado pelo governo, responsável por administrar, implantar políticas e serviços públicos.
2
Caracterizado pelo mercado de trabalho, empresas privadas com fins lucrativos.
3
O assistencialismo contrário à assistência social é uma ação caracterizada pela ajuda momentânea
e filantrópica, como por exemplo: doações de alimentos, medicamentos, vestuário, etc. Não colabora
na mudança da realidade social, pois não tira os necessitados da condição de carentes.
15

No Brasil, configurou-se a partir de tradições provindas de ONGs que


apoiavam movimentos sociais populares (anos 80), que reivindicavam direitos,
lutavam contra regimes militares, ditadura, etc. Neste contexto, a responsabilidade
social corporativa é pauta de discussões, no meio empresarial, acadêmico e nas
mídias.
Hoje o terceiro setor brasileiro é constituído por associações e entidades dos
mais diferentes perfis, “isso inclui, portanto, congregações religiosas, hospitais,
museus, grupos de direitos civis que abrigam excluídos, sindicatos, partidos políticos
e organizações ambientais, entre outras” (ASSUMPÇÃO; CAMPOS, 2011, p. 214),
que sobrevivem com o apoio institucional da sociedade civil como: bancos,
empresas, e até instituições internacionais, patrocinando inúmeros projetos sociais
destinados à população em situação de algum tipo de exclusão, vulnerabilidade ou
risco social e pessoal.

2.2 Projetos sociais e educação não formal

2.2.1 Formar para a cidadania

Muitos projetos e ações sociais visam além da educação social, o


fortalecimento do vínculo familiar da união escola e demais instituições da sociedade
civil.

Os processos educativos têm sido sempre centralizados, no Brasil,


naqueles relacionados ao sistema escolar. A demanda emergente das
necessidades sociais, especialmente aquelas referentes à infância e à
juventude trouxe à tona outros processos educativos igualmente
significativos e influentes. Em muitos casos a população socialmente
excluída, em particular crianças, adolescentes e jovens, encontra em
organizações sociais e outros ambientes não formais o apoio indispensável
para superar as suas condições de exclusão (CALLIMAN, 2010, p.345).

O termo não formal no que diz respeito à educação, vem se tornando muito
usado para definir práticas no campo de atuação desses projetos sociais, vinculadas
à promoção e desenvolvimento da cidadania.
16

Definida como aprendizagem e saberes que se constroem de maneira


cooperativa, formando uma rede entre os ambientes informais e a escola formal, é
muitas vezes classificada como atividades extra-escolares que possui métodos
específicos.

Gohn (2010, p. 15), observa com razão quando adverte:

Articular a educação, em seu sentido mais amplo, com os processos de


formação dos indivíduos como cidadãos, ou articular a escola com a
comunidade educativa de um território, é um sonho, uma utopia, mas
também uma urgência e uma demanda da sociedade atual.

Dentro desse contexto a educação não formal é dotada de intencionalidades


e propostas, por isso, não deve ser confundida como educação informal4 nem
educação alternativa e sim uma forma de articular práticas educativas que
contribuam para a formação de um cidadão integro e consciente. Para Gohn (2010,
p. 25), “deve ser vista também por seu caráter universal, no sentido de abranger e
abarcar todos os seres humanos, independentemente de classe social, idade, sexo,
etnia, religião, etc.”.
Além de se diferenciar da educação formal que é representada pelos
processos escolares, a educação não formal não possui um currículo normatizado
por instituições oficiais, mas tem por objetivo formar para a cidadania e reforçar os
conteúdos escolares. Sendo assim, é adotada como prática em projetos sociais,
pois: “[...] ela não é organizada por séries/idades/conteúdos; atua sobre aspectos
subjetivos do grupo; trabalha e forma sua cultura política [...] e ajuda na construção
da identidade coletiva [...]” (GOHN, 2010, p. 20).
Os resultados esperados estão ligados ao despertar da cidadania e
autonomia dos indivíduos de um grupo, incentivando-os e conscientizando-os para
enfrentar as adversidades, utilizando e reconhecendo seus direitos e deveres
perante a vida e a sociedade.

4
Refere-se a processos educativos que se dão de maneira espontânea, como no ambiente familiar,
na igreja, na comunidade que se vive.
17

A educação não formal poderá desenvolver como resultados, uma série de


processos listados por Gohn (2010):

- Consciência e organização de como agir em grupos coletivos.


- A construção e reconstrução de concepção(ões) de mundo e sobre o
mundo.
- Contribuição para construção de identidade com uma dada comunidade.
- Formação do indivíduo para a vida e suas adversidades como também para
o mercado de trabalho.
- Valorização de si próprio diferente de autoestima, ou seja, dá condições aos
indivíduos de lutarem para ser reconhecidos como iguais (como seres humanos),
dentro de suas diferenças (raciais, étnicas, religiosas, culturais etc.).
- Os indivíduos adquirem conhecimentos a partir de sua própria prática.
- Desenvolve a cultura política do grupo.

Assim, sua atuação não deve ser compreendida como desorganizada


simplesmente pela falta de um currículo oficial, mas sim, com uma área do
conhecimento comprometida com questões de real necessidade de um grupo,
possibilitando a criação de novos conhecimentos.
“Ela designa um conjunto de práticas socioculturais de aprendizagem e
produção de saberes, que envolve organizações/instituições, atividades, meios e
formas variadas, assim como uma multiplicidade de programas e projetos sociais”
(GOHN, 2010, p. 33).

2.2.2 O processo de ensino-aprendizagem na educação não formal

“Um processo de aprendizado ocorre quando as informações fazem sentido


para os indivíduos inseridos num dado contexto social” (GOHN, 2010, p. 42).
De acordo com essa afirmação, nos dias atuais o processo caracteriza-se
numa visão que percebe o ser humano e suas relações sociais como um todo
integrado, colocando o indivíduo como centro de sua aprendizagem.
18

Para a educação não formal, além de formar para a cidadania, há a


possibilidade de desenvolver através de suas práticas, por meio de laboratórios e
oficinas, objetivos específicos tais como:

- Propor aprendizagem para atuar no mercado de trabalho;


- Desenvolver capacidade de organização de grupos comunitários para
solução de fins coletivos;
- Desenvolver senso crítico dos indivíduos através de conteúdos que
permitam entender e fazer leitura do mundo ao seu redor;
- Despertar a responsabilidade com o meio ambiente e solidariedade;
exercício de direitos culturais, entre outros, todos fundamentados em conteúdos
atitudinais.

Assim a aprendizagem dos conteúdos é organizada segundo eixos temáticos


de valor social, ético, político, econômico e cultural, visando à comunidade local,
estimulando a autonomia, como forma de vencer dificuldades e problemas
cotidianos.

Como afirma Gohn (2010, p. 41):

A autonomia é um valor, para que se construa uma sociedade onde haja


mudanças e emancipação sociopolítica e cultural dos indivíduos e não a
formação de redes de clientes usuários, não emancipatórias. É preciso ter a
capacidade de fazer uma leitura crítica do mundo que nos rodeia, no plano
local, para entender as contradições globais, para conviver com as
fragmentações e os antagonismos de uma sociedade que faz dos conflitos a
sua base de sustentação, para compreender as novas concepções do
processo cultural civilizatório em marcha na globalização.

Sendo assim, os programas de aprendizagem na educação não formal, são


flexíveis, tendo duração variável e respeitando as diferenças e capacidade de cada
um, tanto referente ao emocional e cognitivo pessoal, quanto a seus diferentes
espaços grupais e de ordem subjetiva. Esses processos buscam através de
atividades e vivências coletivas, ou muitas vezes por meio da auto-aprendizagem se
adaptar a necessidade do indivíduo e tornar a aprendizagem significativa no
contexto social em que vive e se relaciona.
19

Em relação à flexibilidade e aos métodos, Gohn (2010, p. 47) ainda observa:

Mas como há intencionalidades nos processos e espaços da educação não-


formal, há caminhos, percursos, metas, objetivos estratégicos que podem
se alterar constantemente. Há metodologias, em suma, que precisam ser
desenvolvidas, codificadas, ainda que com alto grau de provisoriedade pois
o dinamismo, a mudança, o movimento da realidade segundo o desenrolar
dos acontecimentos, são as marcas que singularizam a educação não-
formal.

Dessa forma, torna-se contraditório falar em metodologia na educação não


formal, visto que, anteriormente refere-se a ela como uma educação não
normatizada em conteúdos formais e pela característica marcante de possuir certa
flexibilidade aos seus processos de aprendizagem, esses muitas vezes provisórios.
Embora essas características sejam consideravelmente importantes para
defini-la, não se pode dizer que não existam métodos ou metodologias em sua
atuação, o que cabe reforçar é que esses são flexíveis de acordo com o foco em
questão.

Gohn (2010, p.46) enfatiza:

O método nasce a partir de problematização da vida cotidiana; os


conteúdos emergem a partir dos temas que se colocam como
necessidades, carências, desafios, obstáculos ou ações empreendedoras a
serem realizadas; os conteúdos não são dados a priori. São construídos no
processo. O método passa pela sistematização dos modos de agir e de
pensar o mundo que circunda as pessoas.

Considerando a forma como surge e se desenvolve os temas para Gohn


(2010), a educação não formal pode acontecer nos seguintes tipos de
aprendizagem: prática, teórica, técnico-instrumental, política, cultural, lingüística,
simbólica, social, cognitiva, reflexiva e ética.

1- Prática: aprendizagem que busca como se organizar, como participar da


sociedade, como unir-se e que eixos escolher.

2- Teórica: conhecer os conceitos que mobilizam as força sociais em


confronto (solidariedade, inclusão social, participação, cidadania,
emancipação, etc).
20

3- Técnico-instrumental: conhecer como funcionam os órgãos


governamentais, as leis e burocracia.

4- Política: aprender a reconhecer seus direitos e formas de exercê-los,


conhecer a hierarquia de quem exerce o poder.

5- Cultural: identificar e reconhecer os próprios elementos e diferenças,


diversidades e adversidades que enfrentam, e que caracterizam o grupo.

6- Linguística: formação de uma linguagem comum a qual o grupo faz a


leitura da realidade e o mundo que os cercam, permitindo refletir sobre
problemas e decodificar temas de pertinência comum aos indivíduos.

7- Simbólica: como representar a aprendizagem adquirida, quais


representações existem, como se autorrepresentam e produzir novas
representações de si mesmo e do mundo.

8- Social: aprendem a se relacionar, como se comportar em diferentes


espaços, aprender a ouvir o outro, falar em público, etc.

9- Cognitiva: propõe a participação em eventos e observação de palestras


a fim de aprender sobre temas que lhes diz respeito em grupo ou
individualmente.

10- Reflexiva: permite o momento de reflexão sobre suas experiências e


práticas geradoras de saberes.

11- Ética: aprender sobre valores que buscam o bem comum, solidariedade e
compartilhamento, a partir da vivência e observação do outro.
21

Contudo, a educação não formal enfrenta dificuldades em sua construção e


precisa ser bem desenvolvida para uma melhor atuação. Embora, constitui um
espaço em crescimento no mercado de trabalho para profissionais da educação é
necessária uma formação adequada de educadores atuantes nesse campo além de
definição de objetivos e sistematização das metodologias.
Como adaptar e sistematizar uma metodologia de aprendizagem para uma
constante mudança nas demandas dos indivíduos? Como avaliar resultados em
meio à autoaprendizagem e aprendizagem coletiva dos cidadãos? Estes são alguns
dos desafios enfrentados pela educação não formal.

2.2.3 O educador social

O educador social possui um papel fundamental no processo educativo,


independente das várias denominações recebidas, como por exemplo, monitor,
facilitador, mediador, entre outros. Ele interage diretamente com o participante,
sendo responsável pela condução e despertar do diálogo, da resolução de conflitos,
da criação de ambiente acolhedor e solidário para a troca de experiências e saberes.
Numa perspectiva da educação não formal, ele aprende ao mesmo tempo em que
ensina.

Afirma Gohn (2010, p.51), que:

Seguindo a pedagogia de Paulo Freire, haveria três fases bem distintas na


construção do trabalho do Educador Social, a saber: a elaboração do
diagnóstico do problema e suas necessidades, a elaboração preliminar da
proposta de trabalho propriamente dita e o desenvolvimento e
complementação do processo de participação de um grupo ou toda a
comunidade de um dado território, na implementação da proposta.

Em sua prática, tem a responsabilidade de identificar demandas, diferenças


culturais, realidade local e articular saberes prévios com a construção de novos
conhecimentos, além de possibilitar o acesso a informações e ao conhecimento
historicamente acumulado, sejam através de pesquisas, diálogos, visitas a museus,
passeios culturais.
22

Da perspectiva de Gohn (2010, p.54), ainda é interessante acrescentar que:

Todas as atividades desenvolvidas pelo Educador Social devem também


buscar desenhar cenários futuros; os diagnósticos servem para localizar o
presente, mas também para estimular imagens e representações sobre o
futuro. O futuro como possibilidade é uma força que alavanca mentes e
corações, impulsionam para a busca de mudanças. A esperança,
fundamental aos seres humanos, reaviva-se quando trabalhamos com
cenários do imaginário desejado, com os sonhos e o desejo de um grupo.

Embora não exista ainda uma formação específica para esse profissional, sua
atuação é reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil, “ em seu
documento CBO – Classificação Brasileira de Ocupações (2002) – , menciona, no
código 5153, os trabalhadores de atenção, defesa e proteção a pessoas em situação
de risco, e inclui os Educadores Sociais nessa categoria” (Gohn, 2010, p. 54).

Estão delimitadas no CBO5, as seguintes atividades do educador social


quanto ao atendimento dos indivíduos assistidos:

 Garantir direitos: orientar e encaminhar denunciando situações de risco.

 Sensibilizar: conscientizar sobre riscos, despertando o desejo de


mudança nos indivíduos, habilidades e aptidões.

 Identificar necessidades: observar comportamentos, levantando dados,


pesquisando histórico familiar.

 Abordar: realizar visitas domiciliares, verificando denúncias, atendendo


solicitações e aproximando-se dos indivíduos.

 Desenvolver atividades socioeducativas: convidar para participar de


reuniões, desenvolvendo dinâmicas, realizando atividades pedagógicas
lúdicas, recreativas e esportivas, construindo hábitos, desenvolvendo
oficinas, atividades artísticas, lazer e cultura.

5
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/home.jsf
23

 Planejar trabalho: definir objetivos, metodologias, estratégias e


cronogramas.

 Avaliar processo de trabalho: analisar resultados, casos e ações,


práticas e experiências.

 Comunicar-se: abrir procedimento de atendimento através de relatórios,


preenchendo documentos e encaminhando, entre outras atividades.

 Demonstrar competências pessoais: trabalho em equipe, servir de


exemplo, inspirar confiança, escutar, demonstrar entusiasmo, criatividade
e coragem nas decisões.

Portanto, o educador social precisa conhecer como se realiza o processo de


ensino-aprendizagem dentro de seu campo de atuação, visando orientar atividades
que formem sujeitos conscientes, ativos e autônomos, aplicando suas ações de
modo condizente com a realidade.
24

3 Projetos sociais como facilitadores da inclusão digital

3.1 Inclusão digital

Tendo como um de seus objetivos principais, lutar por uma melhor educação
e inclusão social dos cidadãos, projetos e ações sociais tanto da sociedade civil
como programas do governo, adotam em suas práticas diárias de atendimento ao
público, iniciativas de atividades e oficinas de inclusão digital, acreditando ser essa,
uma forte aliada no processo de reinserção de um indivíduo ou de um grupo na
participação ativa na sociedade moderna.
A exclusão digital é encarada hoje como um grande fator de exclusão social,
pois amplia um novo conceito de alfabetização, que desafia cada vez mais o
exercício da cidadania e o direito de acesso às Tecnologias da Informação e
Comunicação (TICs), seja por motivos sociais, ou culturais, políticos e econômicos.
A inclusão digital pode ser definida como um processo que promove além do
acesso às TICs, a capacitação para uma utilização significativa e desenvolvimento
de habilidades em favor da melhoria da qualidade de vida de indivíduos com baixa
escolaridade, baixa renda, incluindo indivíduos com limitações físicas e idosos.
Portanto, a inclusão digital é também inclusão social, pois favorece a promoção
humana dos indivíduos menos favorecidos e marginalizados da sociedade.
Para Gomes (2002), essas TICs tem o potencial de oferecer como principal
vantagem ao usuário o acesso ao vasto volume de informação nos mais variados
níveis de conhecimento. Além disso, pode também cumprir um papel social,
promovendo informações aqueles que tiveram esse direito negado ou negligenciado,
e assim permitir maiores graus de mobilidade social e econômica.
Filho (2003) aponta a educação como parceira fundamental da inclusão
digital, reforçando a participação de toda sociedade nesse processo, seja, governo,
ONGs, escolas, universidades, empresas privadas e instituições do Terceiro Setor.
25

A inclusão digital vem no sentido de estar aproximando comunidades e


desenvolvendo mecanismos de inteligência coletiva que possibilitem a elas
achar soluções adequadas aos seus problemas e enriquecer, social, cultural
e economicamente. A informática e a internet são importantíssimas para a
educação, visto que facilitam as pesquisas e apoiam o desenvolvimento de
trabalhos. Soluções como criação de telecentros e doação de computadores
não resolvem o problema da exclusão digital. É necessário mostrar as
pessoas que as tecnologias podem ajuda-las no seu dia a dia, contribuindo
para o desenvolvimento do capital intelectual e facilitando a realização de
suas atividades. Não se pode obrigar pessoas a utilizarem as tecnologias
disponibilizadas. Elas têm que desenvolver seu interesse em aprender e
utilizá-las (ALMEIDA; et al. 2005, p. 66).

Portanto, mais do que aulas de informática, a inclusão digital deve acontecer


de modo que colabore com o indivíduo, promovendo sua emancipação social
através do contato com o computador e demais TICs.

3.2 Exclusão digital

Exclusão digital pode ser entendida como uma realidade encarada pela
sociedade atual e informatizada, na qual várias pessoas enfrentam dificuldades
diante da execução de tarefas simples e serviços que utilizam as novas tecnologias.
Desta forma são excluídas por diferentes motivos do acesso as informações e
facilidades que são disponibilizadas pelas TICs.

Segundo Almeida, et al. (2005, p. 56):

Exclusão digital pode ser vista por diferentes ângulos, tanto pelo fato de não
ter um computador, ou por não saber utilizá-lo (saber ler) ou ainda por falta
de um conhecimento mínimo para manipular a tecnologia com a qual
convive-se no dia-a-dia. De forma mais abrangente, podem ser
consideradas como excluídas digitalmente as pessoas que têm dificuldade
até mesmo em utilizar as funções do telefone celular ou ajustar o relógio do
videocassete, observando-se assim que a exclusão digital depende das
tecnologias e dos dispositivos utilizados.
26

No Brasil, a exclusão digital está normalmente associada à exclusão social.


Grande parte dessa demanda é causada pelas inúmeras desigualdades sociais,
refletindo assim impactos na economia do país, devido à falta de qualificação.

Na sociedade em que vivemos atualmente, uma pessoa sem


conhecimentos em informática, muitas vezes é tida como desqualificada
para trabalhar, visto que mesmo nas pequenas empresas ou escritórios os
sistemas de informação estão presentes. Em consequência, gera-se baixa
renda e desemprego. Com isso, o ciclo da pobreza e fome se torna mais
intenso, havendo então, o desaquecimento da economia e os consequentes
abalos diante dos mercados exteriores concorrentes, sem falar nos
agravantes internos, como a proliferação de favelas, o aumento da violência
e a elevação dos preços de mercado (ALMEIDA; et al. 2005, p. 59).
27

4 Pedagogia de Projetos e suas contribuições para o ensino-aprendizagem

4.1 Objetivos da Pedagogia de Projetos

A Pedagogia de Projetos de Trabalho está diretamente relacionada com


inovação na educação, não somente na maneira de como se dá o processo de
ensino-aprendizagem, como na forma de organizar os conteúdos conceituais,
procedimentais e atitudinais. Porém entender e compreender a importância desse
tema ainda requer busca de informações e estudo, para que principalmente pessoas
competentes da área de educação, não caiam no modismo de transformar essa
poderosa ferramenta de organização do ensino-aprendizagem, em simples
metodologia moderna, pois o sentido de inovação dentro do tema vai muito além de
novo método. Vem do desejo de transformar uma realidade, ou seja, busca
promover mudanças significativas na vida dos indivíduos envolvidos dentro de um
processo aberto que possui modificações em todo seu percurso.
Segundo Lisboa et. al (2003), os objetivos da pedagogia de projetos visam
não somente possibilitar a interação do aluno no processo de construção do
conhecimento como também viabilizar a aprendizagem real e significativa,
trabalhando o conteúdo conceitual de forma procedimental e atitudinal
proporcionando ao aluno uma visão globalizada da realidade e um desejo contínuo
pela aprendizagem.

4.2 Diferença entre projetos de trabalho e métodos

Métodos referem-se a uma fórmula ou uma série de regras que levam a


execução de tarefas com o intuito de alcançar um resultado pré-determinado,
permitindo sua repetição.
No processo de ensino-aprendizagem nem sempre o mesmo método poderá
ser utilizado para diferentes públicos-alvo, pois é preciso conhecer as reais
necessidades dos mesmos antes de sua aplicação.
Atualmente a educação passa por transformações principalmente pela
introdução das TICs nos processos de ensino-aprendizagem e suas necessidades
28

para a vida social. Por isso, repensar métodos e formas faz-se indispensável para
uma melhoria da educação e consequentemente para os demais segmentos da
sociedade.

Para Hernández (1998, p.79):

Na cultura contemporânea, uma questão fundamental para que um


indivíduo possa “compreender” o mundo em que vive é que saiba como ter
acesso, analisar e interpretar a informação. Na educação escolar (desde a
Escola infantil a universidade), supõe-se que se deva facilitar esse
aproveitamento, num processo que começa, mas que nunca termina, pois
sempre podemos ter acesso a formas mais complexas de dar significado à
informação. O que nos leva a formas mais elaboradas e relacionais de
conhecimento da realidade e de nós mesmos.

Nesse contexto, considerando que seja possível uma aprendizagem


significativa para o indivíduo, os projetos de trabalho se diferenciam de simples
métodos, pois não são previsíveis e sofrem mudanças em todo seu
desenvolvimento. A interação do aluno com o conteúdo acontece de modo a buscar
soluções para problemas de natureza tanto pessoal quanto coletiva, não
desprezando a identidade e cultura de cada um.
Projetos de trabalho podem ser muitas vezes confundidos com outras
modalidades de ensino, e muitas vezes citado como algo que já existe há muito
tempo.
Observando a sequência utilizada em geral por muitos professores que dizem
trabalhar com projetos, Hernández (1998) relaciona as seguintes caracterizações
feitas por eles em relação a projetos:

 Um projeto nasce de um tema problema negociado com a turma.


 Após definição do tema inicia-se um processo de pesquisa.
 Buscam-se e selecionam-se fontes de informação.
 Estabelecem-se critérios de ordenação e de interpretação das fontes.
 Recolhem-se novas dúvidas e perguntas.
 Estabelecem-se relações com os outros problemas.
 Representa-se o processo de elaboração do conhecimento que foi
seguido.
29

 Recapitula-se o processo de elaboração do conhecimento que foi


seguido.
 Recapitula-se (avalia-se) o que se aprendeu.
 Conecta-se com um novo tema ou problema.

Essa sequência serve para ajudar muitos professores na condução do ensino-


aprendizagem, tanto na forma de dialogar e negociar com os alunos, quanto na
decisão do tema.

Segundo Lisboa et. al (2003, p.20):

A Pedagogia de Projetos é uma mudança de postura pedagógica


fundamentada na concepção de que a aprendizagem ocorre a partir da
resolução de situações didáticas significativas para o aluno, aproximando-o
o máximo possível do seu contexto social, através do desenvolvimento do
senso crítico, da pesquisa e da resolução de problemas.

Portanto, projetos de trabalho não se tratam de uma metodologia, e sim uma


maneira de organização do conhecimento que permite refletir e entender sobre a
função da escola, os papéis desempenhados por professores e alunos tornando-os
responsáveis pelo desenvolvimento dos trabalhos e pela construção do
conhecimento.
Na pedagogia de projetos o professor é considerado um pesquisador e
aprendiz. Não existe prioridade na forma como se dá o ensino-aprendizagem, sendo
possível interagir com diferentes conteúdos na mesma trajetória, dando novo sentido
e inovação aos processos de ensinar e aprender.

4.3 Aspectos que caracterizam o projeto de trabalho

Para Hernández (1998), alguns aspectos poderiam caracterizar o projeto de


trabalho:

1- Um percurso por meio de um tema-problema partindo de uma situação que


algum aluno apresente na sala de aula, ou sugerido pelo professor. Esse
30

tema-problema precisa favorecer a análise, a interpretação e a crítica,


contendo uma questão que desejam explorar e que seja motivadora.
2- Um ambiente de cooperação onde professor e aluno se tornam aprendizes,
considerando que o professor também desconhece algumas questões e
aprende ao ajudar no processo de aprendizagem dos alunos.
3- A busca de novas leituras da realidade num percurso que estabelece
conexões com diferentes versões, não aceitando a visão única.
4- A singularidade de cada percurso, destacando o fato que um projeto de
trabalho não pode ser repetido ou aplicado como fórmula, sendo que parte
de diferentes momentos e situações.
5- O aprender escutando o outro e interagir com diferentes níveis e idades.
6- Os professores reconhecem que os alunos aprendem de maneiras
diferentes, e nem sempre é o que pretendiam ensinar.
7- Uma aproximação atualizada dos problemas que são abordados com as
disciplinas ou conteúdos gerais.
8- Uma forma de aprendizagem que se leva em conta que todos os alunos
podem aprender, levando em consideração a diversidade e o que cada um
contribui no processo de ensino-aprendizagem.
9- Uma aprendizagem vinculada ao fazer, à atividade manual e à intuição.

De maneira geral, esses aspectos colaboram para que o aluno possa utilizar
os conhecimentos e estratégias adquiridas no percurso dos projetos, para outras
circunstâncias e problemas, melhorando a interpretação e forma de intervir na
realidade em que vive.
A partir da perspectiva de Silva (2005) é possível caracterizar um projeto de
trabalho como uma temática que suscita um problema, questões, sendo essas
responsáveis por definir os rumos do projeto, o levantamento de hipóteses e
soluções que levarão a organização de ações e estratégias.
31

5 Proposta da pedagogia de projetos para o ensino-aprendizagem de


informática

5.1 O ensino-aprendizagem da informática em projetos sociais

Normalmente escolas de informática promovem o ensino de diferentes


softwares utilizados no mercado, tendo como objetivo o ensino de procedimentos e
tarefas de forma técnica e sistematizada. As aulas geralmente acontecem de forma
teórico-prática, com atividades de repetição de passos e etapas, acompanhados de
apostilas e exercícios de fixação, ou métodos que utilizam o computador como tutor,
preocupando-se basicamente com a transmissão de conteúdos e técnicas numa
visão pedagógica tradicionalista.
A busca por uma metodologia que abranja toda a proposta e perfil de um
projeto social, englobando seus objetivos por promover e garantir direitos ao ser
humano, apresenta-se como um grande desafio para a abordagem do ensino-
aprendizagem de informática.
Ao classificar essa prática como educação não formal, está desvinculada de
normatização e procedimentos pré-estabelecidos, ficando muitas vezes difícil
adaptar metodologias que sejam eficazes e estejam de acordo com a proposta de
garantir autonomia ao indivíduo participante das ações de inclusão digital com o
propósito de inclusão social. Sendo assim, na tentativa de uma melhor forma de
atender a demanda, faz-se necessária uma pedagogia que se preocupe com o
indivíduo integrante de um grupo de maneira individual, não ignorando suas
particularidades.
O conhecimento das TICs só se tornará significativo, quando permitir ao
indivíduo interagir com o conteúdo satisfazendo as expectativas que o trouxeram
para o projeto. Nesse contexto, o educador social atuará como mediador do
conhecimento, ora intervindo na aprendizagem, ora desenvolvendo sua experiência
e aprendizagem profissional. Sendo assim, o instrutor de informática denominado
um educador social, precisa obter conhecimento sobre a área, e estar comprometido
com sua qualificação e atualização constante, para o melhor desempenho de suas
atividades.
32

5.2 Sugestão de plano de ensino para inclusão digital

Considerando a inclusão digital como um processo mais amplo do que


apenas ensinar a utilização das TICs, é importante identificar as demandas dos
participantes de forma a desenvolver contextos significativos do uso dos aplicativos,
tornando-os capazes de identificar e solucionar problemas em seu dia a dia, superar
suas limitações, obstáculos sociais e culturais em busca de seu desenvolvimento
integral e sua participação na sociedade.
Para que o indivíduo seja capaz de articular conhecimentos básicos em
relação ao computador e se sinta incluído digitalmente, o aprendizado da informática
pode ser dividido nos seguintes níveis, conforme tabela 1:

Etapas Classificação Conteúdos Conceituais


Atividades que proporcionem a aproximação do
aluno com o computador, tais como:
- definição de conceitos de software e hardware;
- funcionamento dos periféricos, sistema operacional
Introdução à
1ª etapa e configurações;
Informática
- simbologia (ícones e atalhos);
- manipulação de janelas;
- reconhecimento de ambientes e acessórios, regras
de datilografia.
Atividades que envolvam multimídias, navegação,
redes sociais, download e upload, comunicadores
Ferramentas instantâneos, enviar/receber e-mails e anexos,
2ª etapa
da Web orientação aos cuidados com a rede, vírus de
computador, preenchimento de formulários e
pesquisas.
Ferramentas de softwares utilizados no mercado,
como editores para elaboração e formatação de
3ª etapa Aplicativos
textos, planilhas eletrônicos e gráficos, slides, banco
de dados, edição de vídeo e imagens.
Tabela 1 – Níveis de aprendizado para inclusão digital
Fonte: Autor
33

5.3 Organização do conteúdo por projetos de trabalho

Um projeto de trabalho não precisa necessariamente envolver em um mesmo


limite de tempo todas as competências e softwares do plano de ensino. Inicialmente
é necessário levantar as expectativas dos participantes em relação à procura pela
oficina, identificar os conhecimentos prévios dos alunos, e assim a partir das
experiências que vão se desenvolvendo será possível avaliar e traçar novas metas e
intervenções.
O papel do instrutor de informática (educador social) como mediador e
facilitador da aprendizagem é de suma importância em todo o processo de ensino-
aprendizagem. Ele será responsável por direcionar e articular a introdução de novos
conhecimentos sempre que através da avaliação contínua perceber o avanço ou
dificuldades dos alunos tanto de forma individual, como do grupo em geral seja ele
heterogêneo ou não.
Embora cada projeto apresente particularidades e exija adaptações, algumas
preocupações básicas como identificação de um problema; levantamento de
hipóteses e soluções; levantamento de materiais e conteúdos; definição de um
produto final; método de acompanhamento e avaliação; publicação e divulgação
devem ser consideradas na construção de um projeto (ALMEIDA; JÚNIOR, 2000).
Como visto anteriormente, o tema para um projeto pode surgir de alguma
situação apresentada pelos alunos, mas também poderá ser sugerido pelo
professor. Considerando a prática de um projeto social de inclusão digital, o tema
poderia ser a própria intenção do projeto, ou seja, as TICs na atual sociedade
moderna. Assim torna-se possível seguir as seguintes orientações como propostas
para o desenvolvimento de um projeto significativo para os alunos, onde os mesmos
aprendam a relacionar informações, discutir, refletir, negociar, entre outras
habilidades. Essas orientações definem o ciclo para o desenvolvimento de um
projeto de trabalho, conforme figura 1:
34

Figura 1 – Ciclo de um projeto


Fonte: Autor

1- Identificação do problema: ao sugerir o tema, conversar com os alunos


sobre a importância das TICs na sua vida e da comunidade em geral, propor
reflexão sobre como seria se não existissem os meios de comunicação nos dias de
hoje, levantar questões sobre como se sentem diante das TICs, enfim, fazer uma
sondagem das expectativas e conhecimentos prévios dos alunos em relação a esse
tema e definir os objetivos do projeto.

2- Levantamento das hipóteses e soluções: diante das respostas dos


alunos, será possível delimitar com eles os conteúdos necessários para iniciarem a
aprendizagem, propor atividades de pesquisas, vídeos sobre a história do
computador e internet, atividades e leituras.

3- Conteúdos e procedimentos: o educador deverá traçar metas e


percursos que permitam aos alunos entrarem em contato com as atividades teóricas
e práticas necessárias para sua iniciação no processo de aprendizado da
informática. Através de jogos, demonstrações ou dinâmicas propor o contato com o
computador e definição de alguns conceitos como clique, duplo-clique, ligar e
desligar, componentes físicos do computador, etc.
35

Nesta fase do projeto se dará a condução das demais atividades


considerando, público-alvo, dias de aulas, duração das aulas, avaliação da interação
entre os conteúdos aprendidos. O educador deverá sempre promover um ambiente
acolhedor e flexível aonde os alunos vão se descobrindo e identificando sua forma
de colaborar para o processo. Também poderá ser trabalhada nessa fase a
elaboração de textos, pesquisas na internet, entre outras atividades que o educador
considerar possível.

4- Coleta e análise das informações: consistem em reunir os materiais,


pesquisas, textos, até aqui levantados, propor reflexão, diálogo, envolvendo os
participantes em atividades de grupo, onde acontecerá o aprendizado e exercício de
ouvir o outro.

5- Avaliação: a avaliação consiste em lançar um desafio onde o aluno


poderá apresentar através da resolução de atividades, seu nível de aprendizado ou
dificuldades, podendo introduzir novas formas de lidar com a realidade e soluções
de problemas no nível de desenvolvimento alcançado. O educador nesse processo
poderá avaliar o projeto, a aprendizagem dos alunos e sua própria prática.

6- Apresentação de um produto: toda trajetória do projeto poder ser


finalizada com a apresentação de uma nova informação, podendo ser expostas em
diferentes formas, como texto, como imagem, como um vídeo, um cartaz, enfim, da
maneira que o grupo negociar e decidir. Nesse momento o grupo já será capaz de
produzir ou criar algo de acordo com as ferramentas até então aprendidas.

Em toda sequência sugerida, tanto aluno quanto educador são responsáveis


pelo processo.
Tendo como base o projeto, as atividades acontecem de forma a integrar
diferentes conteúdos, não seguindo uma sequência como a do plano, mas sim se
adequando a necessidade de cada fase. Esse é um exemplo de projeto de trabalho,
pois além de integrar conteúdos, possibilita um novo olhar sobre a inclusão digital
dentro de projetos sociais.
36

É importante lembrar que não se trata de um roteiro ou metodologia a ser


seguida, e sim uma forma de organizar o conhecimento. Dessa forma toda estrutura
aqui proposta pode ser adaptada ou melhorada, considerando a particularidade e
circunstâncias a que se deseja aplicá-la.
37

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como objetivo geral essa pesquisa teve a intenção de propor orientações


para a organização do ensino-aprendizagem de informática através da pedagogia de
projetos de forma a contribuir com a inclusão digital e social de participantes de
projetos sociais.
Para que esse objetivo fosse atingido, primeiramente alguns termos e
conceitos foram estudados e apresentados a fim de promover um melhor
entendimento e reflexão da importância da pesquisa e sua relevância social. Assim
buscou-se contextualizar as práticas e ações sociais presentes na atualidade, refletir
sobre sua importância e colaboração para formação do cidadão.
Muito há de se estudar sobre a educação não formal para que seja
reconhecida com a importância que representa para sociedade. Ela se apresenta
hoje como uma grande aliada na formação ética, moral e profissional de um cidadão,
visto que colabora e incentiva a educação formal, oferece ambiente de aprendizado
cooperativo, formação de grupos, promove atividades de reflexão e discussão
estimulando o senso crítico e novas formas de lidar com situações indesejáveis e
provoca mudanças significativas na vida da sociedade. Além disso, com a economia
gerando trabalho para diferentes campos de atuação e disponibilizando serviços
para a sociedade.
O profissional atuante em projetos sociais denominado educador social não
possui ainda uma formação específica ou qualificação adequada. Entretanto, é
possível verificar que a evolução profissional e maturidade desses, vão se
desenvolvendo através de sua própria prática, por isso deve ser um profissional
dinâmico, flexível e pró-ativo. Todo sucesso do processo ensino-aprendizagem
dentro das diferentes atividades que poderá ministrar com o grupo é na maioria de
sua responsabilidade. Investir na formação desses profissionais pode ser uma forma
de aprimorar e oferecer ações sociais de relevância, pois sem qualidade se tornam
práticas vazias não atendendo o objetivo e justificativa para a existência das
mesmas.
O projeto de inclusão social que utiliza a informática em suas ações
promovendo a inclusão digital dos participantes enfrenta dificuldades no sentido de
38

definir uma metodologia que seja coerente com as necessidades fundamentais dos
indivíduos.
A inclusão digital classificada como uma forma de educação não formal não
deve seguir propostas de escolas de informática. Justificando que deva acontecer de
forma a se preocupar com a inclusão social do indivíduo, tanto no mercado de
trabalho como para atividades do dia-a-dia. Deve-se, portanto considerar toda
expectativa que o levou a procura pelo projeto, bem como suas características
culturais, nível de aprendizado escolar, idade e outros fatores que fazem parte de
sua identidade pessoal e comunitária. Só assim participando ativamente de sua
aprendizagem e aprendendo além do uso da máquina e do software em si, o
indivíduo alcançará a sua autonomia e realização pessoal.
Considerando todas as características das ações e projetos sociais e seus
objetivos, não fica difícil perceber a importância e necessidade de um novo olhar
frente os processos educativos que acontecem nesses ambientes.
A pesquisa buscou refletir de forma especial e particular sobre os processos
de ensino-aprendizagem de informática para ações de inclusão digital e social.
Assim comparada com métodos e metodologias de escolas de informática a inclusão
digital não possui os mesmos objetivos do ensino técnico ou cursos livres, ela
necessita de organização e interação com conteúdos relevantes para os alunos,
conteúdos que possuam eixos temáticos socioeducativos e formadores de opinião.
Foi possível através da pesquisa, conhecer mais sobre a pedagogia de
projetos sua proposta e objetivos que envolvem, podendo ser definida como uma
forma de organizar e globalizar conteúdos, possibilitando proposta que seja flexível
de encontro com os objetivos sociais da inclusão digital.
Seguindo a proposta de elaboração de projetos de trabalho defina por
Fernando Hernández, foi possível buscar formas de orientação para a construção de
um projeto que organize a aprendizagem de conteúdos e softwares que geralmente
ofereça a inclusão digital dos alunos. Essas orientações foram divididas em etapas
que se inicia na definição e escolha de um tema problema que pode surgir da
sugestão de um aluno ou mesmo da negociação entre alunos e educador.
Toda proposta tem por objetivo instruir e organizar as fases do projeto
considerando a importância de cada momento até a apresentação de um produto
final produzido pelo grupo. Nesse processo se dará a avaliação contínua
possibilitando diferentes rumos e abrangência do aprendizado, considerando que
39

nem sempre o que se aprende era aquilo que se pretendia ensinar. O aprendizado
acontece na interação de práticas e conteúdos, discussão, negociação, leitura,
conteúdos atitudinais que permitem a colaboração e respeito pelo outro.
Concluindo a sociedade moderna necessita de inovação e tecnologia em seus
diferentes campos de atuação, as diferentes formas de educação e processos de
ensino-aprendizagem devem seguir a mesma busca pelo sucesso de sua prática,
porém a forma como acontecem deve ser significativa promovendo mudanças reais
na sociedade e permitir que a cidadania e dignidade humana aconteçam.
40

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