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Escola senhor do Bomfim

Aluno: José Everton da Silva Souza

TRABALHO
DE
HISTÓRIA
BAYEUX, 26 DE AGOSTO DE 2022
Cuba
República de Cuba

Bandeira Brasão
Lema: ¡Patria o Muerte, Venceremos!
"Pátria ou Morte, Venceremos!"

Hino nacional: La Bayamesa


"A Bayamesa"
0:53

Gentílico: cubano

Localização de Cuba no globo mundial


Capital Havana
(e cidade mais populosa)

Língua oficial espanhol

Governo República socialista marxista-


leninista unitária
• Presidente Miguel Díaz-Canel
• 1º vice-presidente Salvador Valdés Mesa
• Primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz
• Presidente da Esteban Lazo Hernández
Assembleia Nacional
Independência de Espanha 
• Declarada 10 de outubro de 1898 
• República declarada 20 de maio de 1902 
• Revolução Cubana 1 de janeiro de 1959 
Área  
 • Total 110.861 km² (105.º)
População  
 • Estimativa para
11 221 060[1] hab. (82.º)
2017
• Densidade 102,1 hab./km² (106.º)

PIB (base PPC) Estimativa de 2015


• Total US$ 254,865 bilhões*[2] (66.º)
• Per capita US$ 22 237[2] (92.º)

PIB (nominal) Estimativa de 2017


• Total US$ 96,851 bilhões*[3] (63.º)
• Per capita US$ 8 433[3] (88.º)

IDH (2019) 0,783 (70.º) – alto[4]

Gini (2000) 0,38[5] 

Moeda Peso ( CUC )

Fuso horário EST (UTC-5)


• Verão (DST) EST (UTC-4)
Cód. Internet .cu

Cód. telef. +53

Cuba (pronunciado em castelhano: [ˈkuβa]), oficialmente República de Cuba, é


um país insular localizado no mar do Caribe (ou mar das Caraíbas), na América
Central e Caribe (sub-continente da América). É um país que compreende a
ilha de Cuba, bem como a Ilha da Juventude e vários arquipélagos menores.
Cuba está localizada no norte das Caraíbas, onde o Mar das Caraíbas, o Golfo
do México e o Oceano Atlântico se encontram. Fica a leste da Península de
Iucatã (México), a sul tanto do estado norte-americano da Flórida como
das Bahamas, a oeste da Hispaniola, e a norte tanto da Jamaica como
das Ilhas Caimão. Havana é a maior cidade e capital; outras grandes cidades
incluem Santiago de Cuba e Camagüey. A área oficial da República de Cuba é
de 109 884 quilômetros quadrados (sem as águas territoriais). A ilha principal
de Cuba é a maior ilha de Cuba e das Caraíbas, com uma área de 104 338
quilómetros quadrados. Cuba é o segundo país mais populoso das Caraíbas,
depois do Haiti, com mais de 11 milhões de habitantes.[6]
O território que hoje é Cuba foi habitado pelos povos ciboneis taínos desde
o quarto milénio a.C. até à colonização espanhola no século XV.[7] A partir do
século XV, foi uma colónia de Espanha até à Guerra Hispano-americana de
1898, quando Cuba foi ocupada pelos Estados Unidos e ganhou
a independência nominal como protectorado de facto dos Estados Unidos em
1902. Sendo uma república frágil, em 1940 Cuba tentou fortalecer o seu
sistema democrático, mas a radicalização política crescente e os conflitos
sociais culminaram num golpe e subsequente ditadura apoiada pelos Estados
Unidos de Fulgencio Batista em 1952.[8][9][10] A corrupção aberta e a opressão sob
o governo de Batista[11] levaram à sua destituição a Janeiro de
1959 pelo Movimento 26 de Julho, que depois estabeleceu uma ditadura do
proletariado sob a liderança do Partido Comunista de Cuba, sendo Fidel
Castro um dos seus fundadores, eleito primeiro secretário do comité central
desde 1965 até 2011.[12][13][14] A Assembleia Nacional do Poder Popular é
o parlamento legislativo da República de Cuba e o órgão supremo do poder do
Estado[15] e seu atual presidente é Esteban Lazo Hernández. O atual presidente
da República de Cuba é Miguel Díaz-Canel, que também é o atual primeiro
secretário do PCC. O país foi um ponto de discórdia durante a Guerra
Fria entre a União Soviética e os Estados Unidos, e uma guerra nuclear quase
eclodiu durante a Crise dos Mísseis de Cuba de 1962. Cuba é um dos
atuais Estados socialistas marxistas-leninistas existentes.
Sob Castro, Cuba esteve envolvida numa vasta gama de actividades militares e
humanitárias na Ásia e na África.[16] Cuba enviou mais de 400 mil dos seus
cidadãos para combater em Angola (1975-91) e derrotou as forças armadas da
África do Sul em guerra convencional envolvendo tanques, aviões, e artilharia.
[17]
 A intervenção cubana em Angola contribuiu para a queda do regime
do apartheid na África do Sul.[18] Culturalmente, Cuba é considerada parte
da América Latina.[19] É um país multiétnico cujo povo, cultura e costumes
derivam de diversas origens, incluindo os povos Taínos Ciboneis, o longo
período do colonialismo espanhol, a introdução dos escravos africanos e uma
relação estreita com a União Soviética na Guerra Fria.
Cuba é um Estado soberano e membro fundador das Nações Unidas, do G77,
do Movimento Não Alinhado, dos Países ACP, da ALBA e da Organização dos
Estados Americanos. Tem actualmente uma das únicas economias
planificadas do mundo, e a sua economia é dominada pela indústria do turismo
e pelas exportações de mão-de-obra qualificada, açúcar, tabaco, e café. De
acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano, Cuba tem um elevado
desenvolvimento humano e está classificada em oitavo lugar na América do
Norte, e em 72º lugar mundialmente em 2019.[20] Também ocupa um lugar de
destaque em algumas métricas de desempenho nacional, incluindo cuidados
de saúde e educação.[21][22] É o único país do mundo a satisfazer as condições
de desenvolvimento sustentável estabelecidas pela WWF.[23] De acordo com
o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, as políticas governamentais
cubanas erradicaram em grande escala a fome e a pobreza.[24]

Etimologia
Não existe consenso quanto à origem do nome cuba. Entre as diferentes
versões, há duas que se destacam: a primeira diz que a palavra deriva dos
termos taínos cubao, que significa onde a terra fértil abunda,[25] ou coabana ou
cubanacán, que se traduziriam como lugar amplo,[26][27] e outra versão diz que
deriva da contração de duas palavras aruaques: coa (lugar, terra, terreno)
e bana (grande).[28] Circula ainda a teoria de que Cristóvão Colombo possa ter
nascido em Cuba, uma vila portuguesa no Alentejo, e esta ser a origem do
nome da ilha.[29]

História
Período pré-colonial
Estátua de Hatuey, um líder dos taínos, o povo nativo de Cuba

No último século, estudos arqueológicos, etnológicos e morfológicos permitiram


investigar a vida dos primeiros habitantes que chegaram à Cuba por volta de
6.000 a.C. Esses primeiros grupos eram caçadores paleolíticos de
origem mongolóide. A segunda migração veio a ocorrer há 4.500 a.C, vinda da
América Central e do Sul. Eles tinham uma fisionomia semelhante à do
primeiro grupo. As terceira e quarta migrações são provenientes das Antilhas,
cuja ocorrência deu-se por volta de 500 a.C.[30]
O território que atualmente constitui Cuba veio a ser habitado principalmente
por povos ameríndios conhecidos como taínos, também chamados
de aruaques pelos espanhóis, e guanajatabeis e ciboneis antes da chegada
dos colonizadores. Os antepassados desses nativos haviam migrado séculos
antes da parte continental das Américas do Sul, Central e do Norte.[31] Os
nativos taínos chamavam a ilha de Caobana.[32] Os povos taínos eram
agricultores e caçadores, ao passo que os ciboneis eram pescadores e
caçadores e os guanatabeyes eram coletores.[33]
Domínio espanhol
A ilha de Cuba foi descoberta pelos europeus com a chegada de Cristóvão
Colombo em 1492, que a batizou com o nome de Juana, uma homenagem
à Joana de Castela, filha de Fernando II, então rei da Espanha. Entretanto, o
nome não vingou e o local ficou conhecido pelo nome nativo. Colombo morreu
acreditando que Cuba fosse uma península do continente americano. A
condição insular de Cuba foi esclarecida somente com explorações
de Sebastián de Ocampo, que deu a volta completa à ilha em 1509, verificando
a existência de nativos pacíficos e áreas para cultivar e aportar. A ocupação da
ilha foi um dos primeiros passos para a colonização do território pela Espanha.
[34]
Diego Velázquez de Cuéllar, o conquistador de Cuba.

Diego Velázquez, em 1510, desembarcou na ilha e fundou a vila de Baracoa.


No mesmo ano, a Espanha estabeleceu o Governo de Cuba, primeira
administração da região, que englobava, além do território atual de Cuba, áreas
da Flórida e da Luisiana espanhola. Velázquez acabou por fundar outras vilas e
localidades na então capitania, entre as quais estavam San Salvador de
Bayamo (1513), Villa De la Santísima Trinidad, Santa María del Puerto del
Príncipe (hoje Camaguey), San Cristóbal de La Habana e Sancti
Spíritus (1514), além de Santiago de Cuba (1515), que foi a primeira capital
cubana.[34]
Os indígenas Taínos foram forçados a trabalhar sob o sistema de encomienda,
[35]
 que se assemelhava ao sistema feudal da Europa medieval.[36] Em um século,
os povos indígenas foram virtualmente exterminados devido a vários fatores,
principalmente doenças infecciosas da Eurásia, à qual não tinham resistência
natural (imunidade), agravada pelas duras condições da repressiva subjugação
colonial.[37] Em 1529, um surto de sarampo em Cuba matou dois terços dos
poucos nativos que haviam sobrevivido à varíola.[38]
Em 10 de fevereiro de 1516, a pedido de Velázquez, foi criado o bispado de
Cuba, cuja sede original era em Baracoa, tendo sido transferida para Santiago
de Cuba em 1523. Santiago de Cuba servia como a primeira capital de Cuba,
até a transferência definitiva da sede do governo para San Cristóbal de La
Habana, em meados do século XVI.[30] Por outro lado, a cidade de San Cristóbal
de La Habana, situada na costa sul da parte ocidental da ilha, foi deslocada
pelo menos duas vezes até que, em 16 de novembro de 1519, foi finalmente
estabelecida em sua localização atual. Esta última data é considerada a
fundação definitiva da cidade.[39]
Velázquez veio a servir como governador da região até a sua morte, em 1524.
Após ele, aportaram em Cuba Pánfilo de Narváez e Juan de Grijalva, que não
encontraram resistência dos indígenas. Durante a colonização, a Espanha
investiu em monoculturas de açúcar e tabaco, utilizando o sistema
de plantagem que, no início, utilizava-se de mão de obra escrava indígena.
Cerca de trinta anos após a chegada dos espanhóis, a população indígena já
havia se reduzido de cerca de 120 mil para algumas centenas, devido a vários
fatores, tais como doenças, maus tratos e extermínio. Com a redução da
população indígena, a mão de obra escrava começou a ficar escassa. Assim
sendo, Diego Velázquez, que havia dado início à exploração de minas,
começou a substituir os nativos por escravos africanos, em caráter semelhante
ao que ocorria em outras colônias espanholas e portuguesas na América.[34]

Um mapa de Cuba, por volta de 1680

Cuba foi integrada ao Vice-Reino da Nova Espanha quando este foi criado em


1535. A ilha e suas províncias formavam o Governo de Cuba, que dependia
da Capitania-Geral de São Domingos. Posteriormente, recebeu maior
autonomia a partir de 1764, como resultado das reformas Bourbon realizadas
no Vice-Reino da Nova Espanha pelo Conde de Floridablanca. O Governo de
Cuba incluía, além da ilha de Cuba, a Jamaica (até 1655), a província da
Flórida (a partir de 1567) e a Louisiana espanhola (a partir de 1763). Em 1777
foi instituída a Capitania-Geral de Cuba como entidade sucessora do Governo
de Cuba, com maior autonomia e poderes, o que incluía os referidos territórios.
[30]

Nos primeiros anos da colônia, o setor econômico mais importante foi a


extração de ouro e outras formas de mineração. San Cristóbal de La Habana
acabou por se beneficiar das guerras travadas entre França e Espanha, uma
vez que, após o ataque francês à ilha, a Coroa espanhola elaborou dois
projetos visando repelir as pretensões francesas, cuja implementação envolvia
a capital cubana. O primeiro projeto foi o Sistema de Frota ou Porto Único, por
meio do qual todos os navios espanhóis em tráfego pelas Índias
Ocidentais deveriam partir juntos, de volta à Espanha, do Porto de Carenas, na
baía de San Cristóbal de La Habana. O segundo projeto visava fortificar a
cidade, que teve como precedente a construção, em 1538, da segunda
fortaleza da América, o chamado Castelo da Força Real de Havana, além de
outros fortes como o Castillo del Morro e o de la Punta.[30]

Uma pintura em aquarela da Baía de Havana, c.  1639.

Em consequência à estes projetos, San Cristóbal de La Habana experimentou


um significativo crescimento econômico e populacional sem precedentes, eis
que todo o comércio mantido pela metrópole nas Índias Ocidentais passava
pela cidade. A diversificação de sua economia, através da criação de novos
comércios, também foi significativa. Esse desenvolvimento econômico na
capital contrastava fortemente com a redução da atividade comercial de
populações remotas, que iniciaram o contrabando de corsários estrangeiros.[30]
Em 18 de maio de 1539, o conquistador Hernando de Soto partiu de Havana
com cerca de 600 seguidores para uma vasta expedição pelo sudeste norte-
americano, começando no que hoje é a Flórida, em busca de ouro, tesouro e
poder.[40] Em 1º de setembro de 1548, o Dr. Gonzalo Perez de Angulo foi
nomeado governador de Cuba. Ele chegou a Santiago em 4 de novembro de
1549 e imediatamente declarou a liberdade de todos os indígenas.[41] Ele se
tornou o primeiro governador permanente de Cuba a residir em Havana, ao
invés de Santiago, e construiu a primeira igreja de Havana em alvenaria.[42]
Em 1570, a maioria dos residentes de Cuba era composta por uma mistura de
heranças espanholas, africanas e taíno. [54] Cuba desenvolvia-se lentamente
e, ao contrário de outras ilhas do Caribe, tinha uma agricultura diversificada. A
colônia detinha uma sociedade urbanizada que apoiava o império colonial
espanhol. Em meados do século XVIII, havia 50 mil escravos na ilha, em
comparação com 60 mil em Barbados, 300 mil na Virgínia e outros 450 mil
em Saint-Domingue, todos com grandes plantações de cana-de-açúcar.[43]

Uma pintura do Cerco de Havana em 1762.

A eclosão da Guerra dos Sete Anos, entre a França e a Inglaterra, acabou por
dividir as potências europeias. A França foi apoiada pelo Arquiducado da
Áustria, Suécia–Finlândia e pelo Império Russo, enquanto a Inglaterra recebeu
o apoio do Reino de Portugal, Reino da Prússia e da Confederação Iroquois.
Neste cenário, a Espanha aliou-se aos franceses. Esta aliança serviu como
motivação para os ingleses liderarem a maior marinha que havia cruzado o
Atlântico, em 1762, com o objetivo de invadir e tomar Havana, que foi
defendida de forma combativa pelos crioulos e espanhóis. Porém, em 12 de
agosto daquele ano, foi assinada a capitulação da cidade, após Havana se
render. No dia seguinte, as tropas britânicas entraram triunfantes. Os britânicos
imediatamente abriram o comércio com suas colônias norte-americanas e
caribenhas, causando uma rápida transformação da sociedade cubana.[44] Essa
ocupação durou onze meses. Em julho de 1763, Ambrosio de Funes
Villalpando tomou posse do Governo de Cuba e o reivindicou à Espanha, que
cedeu a península da Flórida à Grã-Bretanha, considerada de posicionamento
estratégico.[45]
Entre 1782 e 1785, o Capitão Geral de Havana e Governador de Cuba, Luis de
Unzaga y Amézaga, coordenou a ajuda aos Estados Unidos, os quais
solicitaram, para que pudessem vencer a guerra contra os ingleses. Luis de
Unzaga y Amézaga recebeu, em Havana, a visita do Príncipe Guilherme IV em
abril de 1783, chegando a acordos preliminares para o Tratado de Paris, como
a troca de prisioneiros ou a troca das Bahamas pelo leste da Flórida. Em 1784,
a boa relação de vizinhança com os Estados Unidos era tamanha que, após
um ciclone que devastou a ilha, o governador Unzaga obteve o dinheiro
necessário para a reconstrução de várias cidades e escolas. Isto fez com que
Unzaga fosse considerado o criador do primeiro sistema educacional público
bilíngue do mundo.[46]
O maior fator para o crescimento do comércio de Cuba no final do século XVIII
e início do século XIX foi a Revolução Haitiana. Quando os povos escravizados
daquela ilha - que havia sido a colônia mais rica do Caribe - se libertaram, por
meio de uma revolta violenta, os proprietários cubanos perceberam as
mudanças nas circunstâncias da região com um sentimento de medo e de
oportunidade. O temor era advindo da perspectiva de que os escravos cubanos
também pudessem se revoltar. As numerosas proibições, durante a década de
1790, da venda de escravos, em Cuba, que já haviam sido escravizados nas
colônias francesas enfatizavam essa ansiedade. Com o colapso da escravidão
e do colonialismo na colônia francesa, a ilha espanhola passou por
transformações assemelhadas ao Haiti.[47] As estimativas sugerem que entre
1790 e 1820 cerca de 325 mil africanos foram importados para Cuba como
escravos, o que foi quatro vezes mais a quantidade que havia chegado entre
1760 e 1790.[48]

Escravos em Cuba descarregando gelo do Maine, c. 1832

Embora uma proporção menor da população de Cuba fosse escravizada,


ocorreram revoltas por parte dos escravos. Entre 1811 e 1812, a Rebelião de
Escravos Aponte aconteceu, consistindo num movimento abolicionista que foi
rapidamente suprimido.[49] A liderança da rebelião foi atribuída à José Antonio
Aponte, de origem iorubá, junto a outros escravos e ex-escravos de várias
partes do país, entre os quais Nicolás Morales e Juan Nepomuceno, de origem
congolesa. A população de Cuba em 1817 era de 630.980 habitantes (dos
quais 291.021 eram brancos, 115.691 eram mestiços livres e 224.268 escravos
negros).[50]
Em parte devido aos escravos cubanos trabalharem principalmente em
ambientes urbanizados, no século XIX, a prática da coartacion se desenvolveu
(ou "comprar-se da escravidão", um fenômeno exclusivamente cubano").
[51]
 Devido à escassez de mão de obra branca, os negros dominaram as
indústrias urbanas a tal ponto que quando os brancos em grande número foram
para Cuba, em meados do século XIX, foram incapazes de deslocar os
trabalhadores negros. Um sistema de agricultura diversificada, com pequenas
fazendas e menos escravos, serviu para abastecer as cidades com produtos e
outros bens.[43]
Na década de 1820, quando o restante do império espanhol na América
Latina se rebelou e formou estados independentes, Cuba permaneceu leal à
Espanha. Sua economia se baseava em servir ao império. Em 1860, Cuba
tinha 213.167 pessoas mestiças livres (39% de sua população não branca,
num total de 550 mil habitantes).[43]
Revolução e governo do partido comunista (1959-presente)
Revolução Cubana

Che Guevara e Fidel Castro fotografados por Alberto Korda (1961).

Na década de 1950, várias organizações, incluindo algumas que defendiam o


levante armado, competiram pelo apoio público para promover mudanças
políticas. Em 1956, Fidel Castro e cerca de 80 apoiadores desembarcaram do
iate Granma, na tentativa de iniciar uma rebelião contra o governo Batista. Em
1958, o Movimento 26 de Julho, de Castro, emergiu como o principal grupo
revolucionário. Os Estados Unidos apoiaram Castro sob a imposição de um
embargo de armas em 1958 contra o governo de Batista. Batista tentou evitar o
embargo norte-americano adquirindo armas da República Dominicana.[91]
Em fins de 1958, os revolucionários haviam escapado de Serra Maestra e
lançaram uma insurreição popular geral. Depois que os combatentes de Castro
tomaram Santa Clara, Batista fugiu com a família para a República
Dominicana, em janeiro de 1959. Posteriormente, veio a exilar-se na ilha
portuguesa da Madeira, estabelecendo-se finalmente no Estoril, perto
de Lisboa. As forças de Fidel Castro entraram na capital em 8 de janeiro de
1959. O liberal Manuel Urrutia Lleó tornou-se o presidente provisório.[92][93]
Inicialmente, o governo dos Estados Unidos reagiu favoravelmente à revolução
cubana.[94] Castro legalizou o Partido Comunista, promulgou a Lei de Reforma
Agrária e expropriou milhares de hectares de terras agrícolas, incluindo
aquelas de grandes proprietários de terras dos Estados Unidos. A partir de
então, as relações entre o novo governo revolucionário e os norte-americanos
começaram a se deteriorar. Em resposta, os Estados Unidos impuseram uma
série de sanções entre 1960 e 1964, incluindo a proibição total do comércio
entre os países e o congelamento de todos os ativos de propriedade de
cubanos nos Estados Unidos.[95] Castro assinou um acordo comercial com o
vice-primeiro-ministro soviético Anastas Mikoyan.[94]
Revolucionários do Movimento 26 de Julho montados em cavalos em 1959.

Desde 1959, Cuba considera a presença dos Estados Unidos na Baía de Guantánamo ilegal[96]

Em março de 1960, o presidente estadunidense Dwight D. Eisenhower deu sua


aprovação a um plano da Central Intelligence Agency (CIA) para armar e
treinar um grupo de refugiados cubanos, visando derrubar o governo de Fidel
Castro.[97] A invasão da Baía dos Porcos, como ficou conhecida, foi levada a
cabo em 14 de abril de 1961, durante o mandato do presidente John F.
Kennedy, quando cerca de 1.400 exilados cubanos desembarcaram na Baía
dos Porcos. Tropas cubanas e milícias locais derrotaram a invasão, matando
mais de 100 invasores e fazendo o restante prisioneiro.[98] Em janeiro de 1962,
Cuba foi suspensa da Organização dos Estados Americanos (OEA) e, no
mesmo ano, a OEA começou a impor sanções contra Cuba, de natureza
semelhante às sanções americanas.[99] A crise dos mísseis cubanos (outubro de
1962), em plena Guerra Fria, quase desencadeou a Terceira Guerra Mundial.[100]
[101]
 Em 1963, Cuba estava se movendo em direção a um sistema comunista de
pleno direito modelado na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
[102]

A partir de então, Cuba passou a apoiar outras nações e movimentos com


ideais socialistas e comunistas. Durante a Guerra das Areias, travada entre
a Argélia e o Marrocos, o país apoiou militarmente os argelinos.[103] Em 1964,
uma reunião de comunistas latino-americanos foi organizada em Havana,
desencadeando uma guerra civil em Santo Domingo, capital dominicana, o que
levou os Estados Unidos a invadir a República Dominicana em 1965. Por outro
lado, Che Guevara - que havia se engajado em atividades de guerrilha na
África - foi morto em 1967 enquanto tentava iniciar uma revolução na Bolívia.
Durante a década de 1970, Fidel Castro enviou milhares de soldados à Africa
em apoio às guerras apoiadas pelos soviéticos no continente, apoiando
especialmente o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).[104] Em
1975, Cuba efetivou uma das mais rápidas mobilizações militares da história,
ao enviar cerca de 65 mil soldados e 400 tanques de fabricação soviética
à Angola, em apoio ao MPLA. Seu apoio ao MPLA perdurou até 1988 quando,
na batalha de Cuito Cuanavale, o MPLA derrotou a União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA) e as forças sul-africanas do apartheid.
[105]
 A atuação cubana na África também se caracterizou por seu apoio
à República Democrática Popular da Etiópia, sob liderança de Mengistu Haile
Mariam, tendo sido proeminente em 1978, quando o país ajudou a derrotar
uma invasão somali em território etíope.[106][107]
A atuação e o poderio militar cubano também foi registrado em outras partes do
mundo. No Oriente Médio, o país forneceu apoio bélico ao Iémen do Sul, que
travava conflitos com o Iêmen do Norte, envolvendo-se também na Guerra do
Yom Kippur entre Israel e uma coalizão de estados árabes,
como Egito e Iraque. Na América Latina, Fidel Castro apoiou insurgências
marxistas em Guatemala, El Salvador e Nicarágua. No Sudeste Asiático, o país
apoiou deliberadamente o Vietnã do Norte contra o Vietnã do Sul, em um
conflito que reuniu forças e colocou em lados opostos o Estados Unidos e a
União Soviética, durante a Guerra do Vietnã.[108]

Fidel Castro e Iuri Gagarin em junho de 1961

Fidel Castro e membros do Politburo da Alemanha Oriental no Muro de Berlim com o Portão de


Brandemburgo ao fundo em 1972

O regime socialista cubano adotou como política de Estado tratativas de


combate à desigualdade social, o que permitiu, hodiernamente, a eliminação
do analfabetismo através da Campanha Nacional de Alfabetização em Cuba, a
implementação de um sistema de saúde pública universal e a diminuição
significativa das taxas de mortalidade infantil.[109] Ao longo dos anos da
revolução, críticos do regime de Cuba passaram a sustentar afirmações
envolvendo a possível violação de direitos humanos no país, como a existência
das Unidades Militares de Ajuda à Produção que, a partir de 1965, guiava a
campos de trabalhos forçados pessoas consideradas alheias à moral
revolucionária. O historiador Abel Serra Madero estima que até 30 mil cubanos
foram enviados a estes campos, onde predominavam deliquentes comuns,
dissidentes políticos, religiosos e homossexuais.[110] Outro estudo, conduzido
pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), enfoca que, a partir de 1971,
pessoas homossexuais passaram a sofrer exonerações de cargos públicos
ligados à área cultural, sob a justificativa de que não reuniam os parâmetros
políticos e morais conscritos à revolução, especialmente após a realização do I
Congresso de Educação e Cultura.[111]

Fidel Castro se encontra com Võ Nguyên Giáp

A OEA veio a suspender suas sanções contra Cuba em 1975, com a


aprovação de 16 Estados membros. Os Estados Unidos, entretanto,
mantiveram suas próprias sanções.[112] Em 1979, os norte-americanos se
opuseram à presença de tropas de combate soviéticas em Cuba. Em 23 de
outubro de 1983, as forças dos Estados Unidos invadiram a ilha caribenha
de Granada, sob a justificativa de que a ilha estaria muito próxima
politicamente de Cuba e da União Soviética após o golpe de Estado de Bernard
Coard, além de relatos de ameaças ao território dos Estados Unidos.[108] Neste
intervalo, os estadunidenses mataram quase duas dezenas de trabalhadores
da construção civil de origem cubana, expulsando de Granada o restante da
força de ajuda enviada por Cuba.[107][113]
As tropas soviéticas começaram a se retirar de Cuba em setembro de 1991.
[107]
 Com a dissolução da União Soviética, o governo revolucionário foi
severamente testado e o país enfrentou uma crise econômica severa, em parte
devido à retirada dos subsídios soviéticos. A crise econômica resultou em
efeitos como a escassez de alimentos e combustível, ao passo que uma
manifestação popular notável ocorreu em Havana em agosto de 1994.[114] Outro
efeito da crise, que perdurou até 1995, foi a queda significativa do Produto
interno bruto (PIB) cubano, cujo valor chegou a encolher 35%. Mais de cinco
anos foram necessários para que o PIB do país atingisse os níveis anteriores à
crise.[115][116]
A década de 1990 também propiciou uma aproximação relevante entre Cuba
e China, fator experimentado especialmente após a desintegração da União
Soviética, que comprava 60% do açúcar e fornecia petróleo e manufaturas.
Nos anos subsequentes, o país também aproximou-se da Venezuela e Bolívia,
sob o governo de Hugo Chávez e Evo Morales, respectivamente, além de
flexibilizar a economia, permitindo, dentro da estrutura socialista, a abertura
para atividades capitalistas, como o turismo. Na década seguinte, em 2003,
registrou-se a Primavera Negra, onde um grande número de dissidentes
cubanos foram presos em nome do governo sob a acusação de que agiam
como agentes do Estados Unidos. Posteriormente, os dissidentes foram
liberados, com alguns passando a viver no exílio na Espanha.[117][118]
Fidel Castro renunciou ao cargo de Presidente do Conselho de Estado em
fevereiro de 2008, alegando motivos de saúde. Raúl Castro, de quem Fidel era
irmão, foi declarado o novo presidente. Em 3 de junho de 2009, durante sua
39ª Assembleia Geral, a OEA adotou uma resolução objetivando retirar a
suspensão de Cuba da organização.[119] Cuba, cuja suspensão se dava desde
1962, motivada pela adesão cubana ao marxismo-leninismo e alinhamento com
o bloco comunista, pôde reintegrar-se á organização e de todas as instituições
subordinadas à OEA, como a Comissão de Direitos Humanos.[120][121] Até o
momento, Cuba não solicitou sua reincorporação, sendo considerada pela OEA
um membro inativo.[122]

Raúl Castro e o presidente estadunidense Barack Obama, em sua coletiva de imprensa conjunta


em Havana, 21 de março de 2016

Em janeiro de 2013, Cuba encerrou a exigência estabelecida em 1961, de que


qualquer cidadão que desejasse viajar para o exterior fosse obrigado a obter
uma licença governamental e uma carta-convite.[123] Em 1961, o governo cubano
impôs amplas restrições às viagens para evitar a emigração em massa de
pessoas após a revolução de 1959; aprovando vistos de saída apenas em
raras ocasiões.[124] A partir de 2013, os requisitos foram simplificados,
necessitando-se apenas de passaporte e documento oficial. No primeiro ano
desta nova política, cerca de 180 mil naturais de Cuba deixaram o país e
retornaram.[125] Em 2016, os Estados Unidos, sob o Governo Barack Obama,
iniciou uma política de reaproximação com Cuba, com o restabelecimento da
diplomacia entre as duas nações, a retirada de restrições a cidadãos
americanos que desejam visitar o país e a flexibilizção do embargo econômico,
para permitir a importação, exportação e certo comércio limitado, mas as
negociações não prosperaram.[126]
Atualmente, Cuba é único país socialista do Ocidente e um dos poucos do
mundo, ao lado da China, da Coreia do Norte, do Vietnã e do Laos. A nação
aprovou uma nova constituição em 2019, por meio de um plebiscito nacional. A
nova constituição mantém o Partido Comunista como o único partido político
legítimo, alça o acesso à saúde e educação como direitos fundamentais, impõe
limites aos mandatos presidenciais, consagra o direito à representação legal na
prisão, reconhece a propriedade privada e fortalece os direitos das
multinacionais que investem com o estado.[127]

Geografia
Geografia de Cuba
Imagem de satélite do território cubano em 2001.

Cuba é um arquipélago formado por mais de 1 500 ilhas.[128] As maiores são a


Ilha de Cuba e a Ilha da Juventude (que tem uma superfície de 2 200 km²). A
Ilha de Cuba é a maior ilha do Caribe, com uma superfície 104 945 km². O
conjunto do arquipélago cubano possui uma superfície de 110 860 km² e uma
dimensão linear máxima de cerca de 1 200 km. A ilha de Cuba é a 16.ª maior
ilha do mundo. Banhada a norte pelo estreito da Flórida e pelo oceano
Atlântico Norte, a noroeste pelo golfo do México, a oeste pelo canal
da Península de Iucatã, a sul pelo mar das Caraíbas e a leste pela passagem
de Barlavento.[129]
A ilha de Cuba está formada principalmente por planícies onduladas, com
colinas e montanhas mais escarpadas situadas maioritariamente na zona sul
da ilha. O ponto mais elevado é o Pico Real del Turquino com 1 974 m de
altitude. O clima é tropical, embora temperado pelos ventos alísios. Existe uma
estação relativamente seca de novembro a abril e uma estação mais chuvosa
de maio a outubro. Havana é a capital e a cidade mais populosa. Santiago de
Cuba e Camagüey são também cidades importantes. A Baía de
Guantanamo contém uma base naval tomada pelos Estados Unidos desde
1903.[130]
Clima

Cuba de acordo com a classificação climática de Köppen-Geiger

Como a maior parte da ilha está ao sul do Trópico de Câncer, o clima local
é tropical, moderado por ventos alísios vindos do nordeste que sopram durante
todo o ano. A temperatura também é formada pela corrente caribenha, que traz
água quente a partir do equador. Isso faz com que o clima de Cuba seja mais
quente que o de Hong Kong, por exemplo, que está à mesma latitude de Cuba,
mas tem um clima subtropical. Em geral (com variações locais), há uma
estação seca de novembro a abril e uma estação mais chuvosa de maio a
outubro. A temperatura média é de 21 °C em janeiro e 27 °C em julho. As
temperaturas quentes do Mar do Caribe e o fato do país estar localizado na
entrada do Golfo do México se combinam para tornar o país mais propenso
a ciclones tropicais frequentes. Estes são os mais comuns entre os meses de
setembro e outubro.[131]
População

Pirâmide etária de Cuba em 2016

Taxas de mortalidade infantil em Cuba entre 1963 e 2016

Em 2017, a população cubana era de 11,2 milhões de habitantes,[1] incluindo 5


580 810 homens e 5 610 798 mulheres. A composição étnica era de 7 271
926 brancos, 1 126 894 negros e 2 778 923 mulatos (ou mestiços).[135] A
população de Cuba tem origens muito complexas e casamentos entre os
diversos grupos raciais são comuns. Há discordância sobre as estatísticas
raciais. O Instituto para Estudos Cubanos e Cubano-Americanos
da Universidade de Miami, diz que 62% da população é negra,[136] enquanto as
estatísticas do censo do governo cubano afirma que 65,05% da população era
branca em 2002. O Minority Rights Group International diz que "uma avaliação
objetiva da situação dos afro-cubanos continua a ser problemática devido aos
registros escassos e a uma falta de estudos sistemáticos tanto pré como pós-
revolução. A estimativa do percentual de pessoas de ascendência africana na
população cubana varia enormemente, variando de 33,9% para 62%".[137]
A taxa de natalidade cubana (9,88 nascimentos por mil habitantes em 2006)
[138]
 é uma das mais baixas do hemisfério ocidental. Sua população em geral
teve um aumento contínuo de cerca de 7 milhões em 1961 para mais de 11
milhões atualmente, mas o aumento foi interrompido nas últimas décadas e
uma queda começou em 2006, com uma taxa de fecundidade de 1,43 filhos por
mulher.[139] Esta queda da fecundidade é um das maiores do hemisfério
ocidental.[140] Cuba tem acesso irrestrito ao aborto legal e uma taxa de aborto de
58,6 por mil gestações, em 1996, em comparação com uma média de 35
no Caribe, 27 na América Latina em geral e 48 na Europa. O uso
de anticoncepcionais é estimado em 79% (um terço superior dos países do
hemisfério ocidental).[141]
Religião
A Catedral de São Cristóvão de Havana

Um grupo de praticantes de santeria realizando a cerimônia Cajón de Muertos em Havana em 2011

Em 2010, o Pew Forum estimou que a afiliação religiosa em Cuba é 59,2%


de cristãos, 23% irreligiosos, 17,4% praticantes de religião
folclórica (como santería) e os 0,4% restantes consistindo de seguidores de
outras religiões.[159] Em uma pesquisa patrocinada pela Univision, 44% dos
cubanos disseram que não eram religiosos e 9% não deram uma resposta,
enquanto apenas 34% disseram que eram cristãos.[160] Cuba também hospeda
pequenas comunidades de judeus (500 em 2012), muçulmanos e membros
da Fé Bahá'í.[161] Cuba é oficialmente um Estado secular. A liberdade
religiosa aumentou ao longo da década de 1980,[162] com o governo emendando
a constituição em 1992 para retirar a caracterização de Estado ateu.[163]
O catolicismo romano é a maior religião, com suas origens na colonização
espanhola. Apesar de menos da metade da população se identificar como
católica em 2006, ela continua sendo a fé dominante.[164] O Papa João Paulo II,
o Papa Bento XVI e o Papa Francisco visitaram Cuba em 1998, 2011 e 2019,
respectivamente.[165][166] Antes de cada visita papal, o governo cubano perdoava
prisioneiros como um gesto humanitário.[167][168] O relaxamento das restrições do
governo às igrejas domésticas na década de 1990 levou a uma explosão
do pentecostalismo, com alguns grupos reivindicando até 100 mil membros. No
entanto, as denominações evangélicas protestantes, organizadas no Conselho
de Igrejas de Cuba, permanecem muito mais vibrantes e poderosas.[169]
A paisagem religiosa de Cuba também é fortemente definida
por sincretismos de vários tipos. O cristianismo é frequentemente praticado em
conjunto com a santería, uma mistura de catolicismo e religiões de matriz
africana, que incluem vários cultos. La Virgen de la Caridad del Cobre (a
Virgem do Cobre) é a padroeira católica de Cuba e um símbolo da cultura
cubana. Na santería, ela foi sincretizada com a deusa Oxum. Uma análise dos
seguidores das religiões afro-cubanas mostrou que a maioria dos praticantes
de palo eram negros e a maioria dos praticantes de vodu eram pardos e da
santeria eram brancos.[170]
Línguas
A língua oficial de Cuba é o espanhol, que é falado pela grande maioria dos
cubanos. O espanhol falado em Cuba é conhecido como espanhol cubano e é
uma variação do espanhol caribenho. A língua lucumi, um dialeto da língua
iorubá da África Ocidental, também é usado como língua litúrgica pelos
praticantes da santería[171] e, portanto, apenas como segunda língua.[172] O crioulo
haitiano é a segunda língua mais falada em Cuba e é falada por
imigrantes haitianos e seus descendentes.[173] Outras línguas faladas por
imigrantes incluem galego e corso.[174]

Economia

Exportações de Cuba em 2019

Avenida 23 (La Rampa) em Vedado, Havana

Em 2018, o Banco Mundial listou a indústria cubana como a 66ª mais valiosa


do mundo (13 bilhões de dólares).[225] A economia de Cuba ainda hoje sofre as
consequências do embargo comercial imposto pelos Estados Unidos desde
1962. Quase seis décadas de embargo pelos Estados Unidos causaram danos
quantificáveis em mais de 922,6 bilhões de dólares na economia cubana.[226]
Na agricultura, Cuba produziu, em 2018, 8,7 milhões de toneladas de cana-de-
açúcar (entre o 21 e o 25º maior produtor mundial); 950 mil toneladas
de banana; 795 mil toneladas de mandioca; 752 mil toneladas de legume; 555
mil toneladas de batata doce; 480 mil toneladas de tomate; 382 mil toneladas
de manga; 377 mil toneladas de arroz; 307 mil toneladas de milho; 206 mil
toneladas de yautia; 184 mil toneladas de mamão; 169 mil toneladas de feijão;
129 mil toneladas de batata; 27 mil toneladas de tabaco; além de outras
produções de outros produtos agrícolas.[227]
Os charutos cubanos são considerados, historicamente, como um dos
melhores do mundo e são sinônimos da cultura da ilha e contribuem com
quase um quarto do valor de todas as importações do país. O enchimento, o
aglutinante e a embalagem podem vir de diferentes áreas da ilha, embora
muito seja produzido na província de Pinar del Rio, nas regiões de Vuelta Abajo
e Semi Vuelta, bem como em fazendas na região de Viñales.[228] Toda a
produção de charutos em Cuba é controlada pela estatal Cubatabaco. O
charuto cubano também é conhecido como "El Habano".[229] Cubatabaco
e Habanos SA (detida em partes iguais pelo Estado cubano e pela Altadis, uma
empresa privada com sede na Espanha) fazem todo o trabalho relacionado aos
charutos cubanos, incluindo fabricação, controle de qualidade, promoção,
distribuição e exportação. A Habanos SA lida com exportação e a distribuição,
em grande parte por meio de seu parceiro europeu Altadis.[230]
Na pecuária, Cuba produziu, em 2019, 234 mil toneladas de carne de porco,
438 milhões de litros de leite de vaca, 81 mil toneladas de carne bovina, 24 mil
toneladas de carne de frango, entre outros. A pecuária do país é bastante
reduzida.[231] Na mineração, o país era o 5º maior produtor mundial
de cobalto[232] e o 10º maior produtor mundial de níquel em 2019.[233]

Uma plantação de tabaco no Vale de Viñales

Loja libreta, um sistema racionado para compra de alimentos

De 1994 até 2021, Cuba teve duas moedas oficiais: o peso nacional (ou CUP)
e o peso conversível (ou CUC, muitas vezes chamado de "dólar" na língua
falada). Em janeiro de 2021, entretanto, um tão esperado processo de
unificação da moeda começou, com os cidadãos cubanos tendo seis meses
para trocar seus CUCs restantes a uma taxa de um para cada 24 CUPs.[234]
Em 2004, o índice de pobreza era o sexto menor em 2004 dentre os
102 países em desenvolvimento pesquisados (de acordo com o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento)[235] e Cuba está entre os 83 países do
mundo que ostentam um alto Índice de Desenvolvimento Humano (acima de
0,800): em 2007, o índice de desenvolvimento humano de Cuba foi 0,863 (51º
lugar; 44º, se ajustado pelo produto nacional bruto).[236]
Em 2012, o crescimento econômico de Cuba, segundo as últimas estimativas
da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos, foi de 3,1 por cento
(estimativa), um pouco melhor que os 2,8 por cento conseguido em 2011.
[237]
 Cuba apresenta um défice na sua balança comercial, importando mais do
dobro do que exporta.[237] A produção industrial cresceu 6,6 por cento em 2012
pela estimativa da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos.
A renda per capita dos cubanos atingiu 10 200 dólares estadunidenses em
2011: a 117a na colocação mundial.[237]
O embargo comercial imposto a Cuba pelos Estados Unidos, desde 1962,
dificulta enormemente a expansão do comércio exterior cubano. Mas Cuba tem
conseguido atrair alguns investimentos estrangeiros, cerca de metade deles
feitos pela União Europeia; grandes investimentos têm sido feitos nas áreas de
turismo, energia e telecomunicações. Em meados de 2007, o presidente em
exercício, Raul Castro, anunciou novas medidas para incentivar os
investimentos estrangeiros em Cuba.[238]
O governo cubano tem criado novas leis e aumentado a fiscalização
objetivando regulamentar a criação de novos negócios particulares. Em 2012,
27,7 por cento do produto interno bruto de Cuba foi gerado por negócios
particulares.[237] As atividades que podem ser realizadas por particulares são
oficinas, pequenos negócios, e prestação de alguns serviços. Seu produto
interno bruto anual é de 72 bilhões de dólares estadunidenses (2012).[237]
Educação

Universidade de Havana, fundada em 1728.

Reitoria da Universidade do Oriente em Santiago de Cuba

O sistema educacional cubano é supervisionado e administrado pelo Ministério


da Educação e pelo Ministério da Educação Superior. A educação é controlada
pelo Estado e é obrigatória até o 9º ano. A Constituição de Cuba determina que
os ensinos fundamental, médio e superior devem ser gratuitos a todos os
cidadãos cubanos. O ensino fundamental tem a duração de seis anos, o ensino
médio é dividido em ensino básico e pré-universitário.[257] Ao alcançar a
independência, os governos subsequentes promoveram a educação em Cuba.
Apesar de este setor nunca ter usufruído de amplos recursos, foi estabelecido
um sistema de ensino básico público, gratuito e obrigatório. Com isso, Cuba
alcançou níveis de educação satisfatórios quando comparada aos demais
países latino-americanos.[258]
Em 1958, antes do triunfo da revolução, 23,6% da população cubana era
analfabeta e, entre a população rural, os analfabetos eram 41,7%. Em 1961 se
realiza uma campanha nacional para alfabetizar a população e Cuba torna-se o
primeiro país do mundo a erradicar o analfabetismo (Segundo dados do próprio
governo). Hoje não há mais analfabetos em Cuba. Segundo dados de 2015
do The World Factbook,[259] publicado pela CIA, 99,8% da população cubana
acima de 15 anos sabe ler e escrever, com a maior proporção dando-se entre
homens (99,9%) do que entre mulheres (99,8%).[259] Cuba destina, atualmente,
cerca de 12,8% de seu Produto Interno Bruto (PIB) para gastos e investimentos
em educação, a maior destinação entre os países do mundo. A expectativa de
vida escolar, do ensino primário ao superior, era de 14 anos de estudos em
2018.[259]
De acordo com os resultados obtidos nos testes de avaliação de estudantes
latino-americanos, conduzidos pelo painel da Unesco, Cuba lidera, por larga
margem de vantagem, nos resultados obtidos pelas terceiras e quartas séries
em matemática e compreensão de linguagem. "Mesmo os integrantes do
quartil mais baixo dentre os estudantes cubanos se desempenharam acima da
média regional", disse o painel.[260] O ensino superior é fornecido por
universidades, institutos superiores, institutos pedagógicos superiores e
institutos politécnicos superiores. O Ministério de Educação Superior de Cuba
opera um programa de educação à distância que oferece cursos regulares à
tarde e à noite em áreas rurais para trabalhadores agrícolas. A educação tem
uma forte ênfase política e ideológica e espera-se que os alunos que progridem
para o ensino superior tenham um compromisso com os objetivos do Estado
cubano.[257] Cuba oferece educação subsidiada pelo estado a um número
limitado de estrangeiros na Escola Latino-Americana de Medicina.[261][262] De
acordo com o Webometrics Ranking of World Universities, as melhores
universidades do país são a Universidade de Havana (1 680ª a nível mundial),
o Instituto Superior Politécnico José Antonio Echeverría (2 893ª) e
a Universidade do Oriente (3 831ª).[263]
Saúde

O edifício do Hospital Hermanos Ameijeiras ao fundo com o monumento dedicado a Antonio Maceo,
em Havana
Hospital Materno em Santiago de Cuba

Em Cuba, a prestação de serviços relacionados à saúde é totalmente gratuito


para residentes da ilha, o que se espelha em seus indicadores padrão.
Segundo dados da Organização mundial da saúde (OMS), em 2015, a taxa de
mortalidade infantil para crianças abaixo de cinco anos de idade foi de quatro
para cada mil nascidos, sendo o menor índice da América.[264] A expectativa de
vida ao nascer em Cuba é de 75 anos para os homens e de 79 para as
mulheres, índice semelhante ao dos Estados Unidos, que é de 75 e 80
respectivamente.[265] A mortalidade adulta, de 15 a 60 anos, é em Cuba de 128
para homens e de 83 para mulheres, índices superados, na América, pelo
Canadá e pela Costa Rica.[266]
Em 25 de maio de 2011, foi anunciado na nona edição do Congresso sobre
Longevidade Satisfatória, em Havana, que Cuba é o país com a maior
proporção demográfica de pessoas com mais de 100 anos, à frente até do
Japão.[267] Cuba conta com aproximadamente 1 551 centenários em uma
população de 11,2 milhões de habitantes. Esses dados mostram que
quintuplicaria a proporção existente no Japão, país com maior número de
centenários em termos absolutos. Em 2006, segundo a Organização Mundial
de Saúde, não ocorreu em Cuba nenhum caso
de difteria, sarampo, coqueluche, poliomielite, rubéola, rubéola
CRS, tétano neonatal, ou febre amarela. Uma pequena pandemia
de caxumba iniciou-se em 2004 e ainda não foi controlada, até aquele ano não
havia caxumba em Cuba. Houve apenas três casos de tétano comum em 2006
(não relacionados a partos).[268]
A vacinação da população cubana, segundo as estatísticas da UNICEF, desde
1980 atinge índices bastante elevados. Em 2006, 99% da população tomou a
vacina BCG, 99% tomou a primeira dose da vacina tríplice DTP1
(difteria, tétano e coqueluche), e 89% tomaram sua terceira dose; 99% da
população cubana tomou a terceira dose da vacina contra poliomielite, 96%
tomou a vacina contra sarampo e 89% contra a hepatite B.[269] Estes resultados,
obtidos na prestação de serviços de saúde ao povo cubano - que colocam os
índices padrão internacionais de Cuba dentre os de países do primeiro mundo -
são obtidos com relativamente pouco uso dos recursos econômicos de sua
sociedade. Cuba gasta 7,7% de seu PIB em saúde (Estados Unidos 15,3%,
Canadá 10%, Brasil 7,5%).[270]
Hospital Docente Regional Mario Muñoz em Colón

Em 2009 a UNICEF anunciou que Cuba é o único país dentre todos da


América Latina e Caribe que havia erradicado a desnutrição infantil. Tal
informação é confirmada por relatório apresentado pela organização em 2011.
[271][272]
 Em 2010 o país começou a exigir que os visitantes devem
obrigatoriamente contratar um plano de saúde.[273] Em 2015, a OMS certificou
que Cuba conseguiu impedir que o vírus do HIV e o Sífilis fosse transmitido
entre uma mãe e seu bebê, feito nunca antes realizado na medicina.[274]
Desde 1993, Cuba vem fazendo grandes progressos na área de biotecnologia,
[275]
 tendo obtido registro de suas patentes e direitos de sua exploração
comercial nos Estados Unidos. Sua vacina contra hepatite B é vendida em 30
países do mundo. Em 1994, o ingresso de divisas em Cuba através da
exportação de biotecnologia alcançou a cifra de 400 milhões de dólares e se
estima que no futuro poderia ser maior que o do açúcar.
[276]
 A biotecnologia cubana já gerou mais de 600 patentes para drogas novas e
inovadoras como vacinas, proteínas recombinantes, anticorpos monoclonais,
equipamento médico com software especial, e sistemas de diagnósticos. Cerca
de sessenta outros produtos estão nos estágios finais de pesquisa.[277] Em 2011,
Cuba anunciou ter desenvolvido a primeira vacina terapêutica contra o câncer
de pulmão, chamada CimaVax-EGF.

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