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UNIVERSIDADE FEDERADL DO PARÁ

INSTITTUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


FACULDADE DE DIREITO

ALEXSANDER NOVAES DA SILVA

DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Belém
2022
ALEXSANDER NOVAES DA SILVA

DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Projeto de pesquisa como requisito para


obtenção da segunda avaliação apresentado
à matéria Direito e Sociedade, Universidade
Federal do Pará/ Instituto de Ciências
Jurídicas/ Faculdade de Direito.

Orientador: Prof. Luiz Otávio C. Pereira

Belém

2022
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos ilustres autores das obras em que
me baseio para elaborar este singelo feito de inteligência humana, pois, sem o auxílio
deles, grande parte das ideias ficaria incompleta e, muito provavelmente, este trabalho
não chegaria a existir. Também quero deixar meus agradecimentos ao Prof. Luiz Otávio,
dono de uma cultura invulgar, que tem se mostrado um excelente mestre em sala de
aula, e que é responsável pela disciplina Direito e Sociedade, para qual faço esta
pesquisa. Assim, finalizo reforçando minha gratidão a essas pessoas.
DEDICATÓRIA

“Não morrerá sem poeta nem soldado


A língua em que cantaste rudemente...”

Manuel Bandeira, poema "A Camões".


1

SUMÁRIO

1 TEMA

A influência das instituições de ensino na educação dos povos.

2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

A influências das instituições de ensino contemporâneas na população


brasileira.

3 PROBLEMATIZAÇÃO

Que os últimos séculos foram marcados pelo triunfo do homem sobre a natureza,
ninguém ousa negar. Os recentes progressos na tecnologia e indústria, além de
proporcionarem uma série de benefícios aos cidadãos modernos, foram capazes de
atenuar o estado de miséria em que se encontrava a maioria da população mundial.
Contudo, também são igualmente inegáveis os problemas que surgiram junto desse
novo tempo. Num mundo repleto de demandas tecnológicas e dum funcionamento
cada vez mais sofisticado e nada simples, o homem parece subjugado espiritualmente
e, em contrapartida, dominado por um ânimo positivo, materialista, empirista, que já
se tornou indissociável do modo de vida contemporâneo. A educação, uma das únicas
maneiras de reverter esse cenário, e que um dia buscou desenvolver as chamadas
Humanitatis(Humanidades)1 ou, pelo menos, alçar intelectualmente o homem de suas
circunstâncias, trocou de finalidade, e passou adotar políticas que priorizam a
formação profissional dos discentes, educando-os, sobretudo, para verem sentido na
produção e consumo de bens. Assim, não surpreende que a muito tempo os anseios
culturais dos brasileiros raramente vão além das necessidades profissionais. De certo
modo, tal ensino pode até chegar a formar uma massa de trabalhadores operosos e
ávidos pelo sucesso, excelentes mãos-de-obra para corporações capitalistas, mas
jamais homens verdadeiramente cultos e aptos a lida com as milenares demandas
culturais da humanidade. Em suma, trata-se de uma educação que, se chega a libertar
o homem da miséria material, será para logo em seguida abandona-la numa penúria
espiritual. Com isso admitido, não é dificultoso concluir que há um grave problema no
1
Artigo: Breve estudo de uma educação medieval / Rosana Silva
Moura. Florianópolis: Revista esboços, 2013.
2

sistema educacional atual ou, em melhores palavras, na própria alma das instituições
de ensino de agora.

4 HIPOTESE DE ESTUDO

A hipótese motriz desta pesquisa afirma que o cenário atual da educação,


especialmente no Brasil, deu-se pela transição deficiente de paradigmas e ideais das
instituições de ensino.

De antemão, porém, é importante frisar a desconfiança teleológica com que será


tratado o objeto das instituições de ensino, como uma tentativa de criar um contraste a
excessiva confiança que não só elas gozam, mas também a maioria das estruturas
políticas e sociais suficientemente consolidadas nas sociedades. Sem essa atitude cética
ante o objeto, julga-se que não seria possível eliminar adequadamente os pressupostos
com que uma confiabilidade já natural e firme o reveste, havendo, assim, uma perda na
efetividade da hipótese. Isto posto, pode-se partir para o desenvolvimento.

Em primeiro lugar, como aponta o eminente jusfilósofo Noberto Bobbio 2, as


instituições se originam quando um grupo social adquire ordem suficiente,
transformando-se enfim num organismo. Somente organizados os grupos se tornam
capazes de emanar regras e normas de condutas para a sociedade, sendo esse o
parâmetro para um grupo ser considerando uma instituição. No que se refere as
instituições de ensino, pode-se dizer que um dos primeiros grupos a se organizarem
em prol da educação, no sentido atual do termo, surgiu na Grécia, onde foram criados
os ideais de cultura que seriam essenciais para a formação do Ocidente. Para o homem
grego, o conhecimento de si e o refinamento de todas as suas faculdades eram a
finalidade da educação. Eram também a finalidade da comunidade. Essas e outras
qualidades espirituais desenvolvidas por esse povo culminaram no conceito de
Paidéia3, que representa o mais alto ideal de formação grego, garantindo a ele uma
posição especial na história da educação.

2
Capítulo 1, parte 3: “o direito é instituição?”; TEORIA DA NORMA JURÍDICA / Noberto Bobbio. – 2°
edição – Editora EdiPRO, 2003.
3
Paidéia: a formação do homem grego / Werner Wilhelm Jaeger; [tradução: Arthur M. Perreira]. – 3°
edição – São Paulo: Martins Fontes, 1994.
3

Posteriormente, o conceito de Paidéia seria reaproveitado pelas instituições de


ensino medieval4, misturado, porém, ao Zeitgeist 5
de seu tempo. Segundo Umberto
Eco6, para os homens dessa época era inconcebível que qualquer coisa fosse limitada
“à sua função imediata e fenomênica”, e todas as coisas se estendiam em grande parte
pelo além. Esse modo de ver e sentir o mundo influenciaria a educação, que, após a
dissolução do império romano, reduziu-se à quase inexistência. Somente após o
período classificado como Baixa Idade Média, quando a Europa, fustigada pelas
invasões bárbaras, regredira em todos os aspectos, tornando-se digna do termo “Idade
das Trevas”, que se iniciara uma espécie de restauração. Por meio igrejas, despontou
novamente uma educação, agora fundamentada nos ideais religiosos cristãos, que
predominavam entre outros menos expressivos, mas ainda visando uma formação
plena do homem, de maneira similar à Paidéia grega. Outro fator responsável pela
promoção da educação no ambiente medievo, fora o Terceiro Concílio de Latrão, em
1179, que, no Canon 18, declara ser dever de toda catedral indicar um mestre que
ensinasse os “clérigos e os estudantes pobres da igreja”. Desse modo, marcadas por
um forte senso hierárquico, onde o título de autoridade, diferente do pensamento
contemporâneo, era conferido ao educador por reconhecimento consciente à sua
sabedoria, e ambicionando sempre à aproximação com o divino, as instituições de
ensino desse tempo devolveram a efervescência cultural à Europa. O currículo comum
das escolas, baseado nas “Sete Artes Liberais”, divididas entre o Trivium, que
comporta a gramática, retórica e dialética, e o Quadrivium, que abrange a música,
astronomia, geometria e aritmética, é adotada para desenvolver as qualidades
intelectuais dos alunos. Logo surgiram também as universidades, instituições
importantíssimas que duram até hoje.

No início do Brasil, a educação foi profundamente marcada pela presença do


Jesuítas7. Foram eles os principais responsáveis por promover o ensino nas aldeias
indígenas da colônia. A pedagogia jesuítica era bastante desenvolvida época,
utilizando-se do teatro e propiciando o talento literário, ainda que mantivesse as
4
Artigo: Breve estudo de uma educação medieval / Rosana Silva Moura. Florianópolis: Revista esboços,
2013.
5
“Espirito do tempo”, idem.
6
Capítulo: “O que a Idade Média nos deixou”, parte “ Em que sentido a Idade média foi
radicalmente diferente dos nossos tempos”; Idade Média – Bárbaros, cristãos e mulçumanos /
Umberto Eco. – 1° edição – Editora: Publicações Dom Quixote, 2010.
7
Artigo: O legado dos jesuítas na educação brasileira / Wilson Alves de Paiva. Belo Horizonte: Educação
em revista, 2015.
4

práticas “livrescas” e que embotavam o juízo crítico, segundo a crítica iluminista.


Ainda assim, o legado jesuíta perdurou na educação brasileira, mesmo após a expulsão
deles decretada pelo ministro de Portugal na época, conhecido como Marquês de
Pombal, em 1759, valendo-se de um edito real. A intenção do Marquês era livrar os
indígenas da influência religiosa e modernizar as instituições de ensino do Brasil.
Contudo, a expulsão dos jesuítas, que haviam estabelecidos uma sólida rede de escolas
pelas terras brasileiras, fora péssima para a educação. Por muitos anos a partir daí, o
nível de instrução entre os brasileiros decaiu sem interrupção.

Apenas em 1827, pela lei de 15 de outubro, tornou-se obrigatório no Brasil a


instalação de escolas em lugares povoados8. Porém, influenciado pelas necessidades
econômicas de Portugal, as escolas visavam a formação de cidadãos aptos à auxiliar
no desenvolvimento do país. Sem a essencial influência dos Jesuítas, apenas com seu
método pedagógico, que na prática fora retomado, já que haviam poucos educadores
competentes, e estes pouco tiveram educação jesuítica, os alunos recebiam uma
formação utilitarista e positivada, visando não mais o diálogo com o divino, mas com
a natureza, que, entretanto, degenerava em ambições materiais na prática, criando-se
assim pessoas que favoreciam o crescimento econômico do país.

As instituições de ensino, assim, tornaram-se a máxima organização de um


grupo social com fins educacionais dentro de um Estado. Mas valorizam as
habilidades úteis para economia do pais, a formação de mão de obra e o ensino técnico
mais que a desenvolvimento humano, pleno e universalizante, tal como ansiavam os
gregos e depois, homem medieval e, ainda, os jesuítas.

5 OBJETIVOS

5.1 GERAL

Buscar em antigas tradições de ensino recursos teóricos e inspirações que


se mostrem adequadas para resolver os problemas educacionais modernos.

5.2 ESPECÍFICOS

Dos fins específicos desta pesquisa estão a resposta as seguintes questões:


Como as instituições contemporâneas tem concebido a educação?
8
Artigo: O legado dos jesuítas na educação brasileira / Wilson Alves de Paiva. Belo Horizonte: Educação
em revista, 2015.
5

Como as instituições dos séculos passados concebiam a educação?


De que maneira a retomada inteligente de tais concepções pode contribuir
para o formato de educação contemporâneo?
6 JUSTIFICATIVA

Complementando o desejo natural de conhecer que o ser humano possui, já


percebido por Aristóteles e suficiente em si mesmo, considera-se como justificativa da
presente pesquisa os eminentes problemas educacionais que enfrentam as instituições
de ensino do Brasil, à larga já apontados nos parágrafos acima. Também vale ressaltar
que, apesar destes e outros problemas surgirem em meio as condições singulares do
mundo contemporâneo, como consequências da vitória humana sobre a natureza e do
avanço galopante de novas tecnologia, nota-se que as instituições de ensino
resolveram lidar com elas de maneira extremamente ineficiente. E não foi por menos
que se considerou necessário traçar um pequeno curso de volta ao passado do ensino,
para o tempo em que nasceram alguns homens brilhantes e onde, ainda que de maneira
impopular, comparado aos dias atuais, floresceu uma educação poderosa e
transformadora.

7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRCA

Muito serviu de apoio para esta pesquisa, sendo quase um manual, as conjecturas
apresentadas no Manifesto dos pioneiros da Educação Nova (1932) e dos educadores
(1959). Deles foram retirados conceitos básicos de educação e do papel das
instituições de ensino, assim como as deficiências mais comuns no ensino brasileiro
que, apesar de ter sido analisando há meio século, mostra-se incrivelmente atual. De
uma ajuda semelhante também foi o livro Emburrecimento Programado, do americano
John Taylor Gatto, seja por sua crítica ao sistema escolar contemporâneo ou em sua
inspiração e anseio por liberdade e educação autêntica. Assim como esses dois, o
preciosíssimo estudo sobre a formação grega de Werner Jeager, Paidéia, foi
igualmente essencial, pois deele se extraiu conceitos universais de ensino do brilhante
período helênico.
Outro livro primordial foi A História da Educação no Brasil, que serviu de fonte
histórica para contextualizar a educação brasileira. Além desses, fora utilizado o artigo
O legado dos Jesuítas na educação brasileira, que reforçou os apontamentos da
6

pesquisa sobre os ideais de educação mais antigos e da importância de um resgate de


paradigmas.

8 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O procedimento metodológico empregado nesta pesquisa é método dialético, que


fundamenta suas conclusões em deduções lógicas desenvolvidas a partir de conceitos
e fatos concretos, sendo, assim, um estudo qualitativo do tema proposto.

9 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

Escolha do tema: 17/04/2022

Levantamento bibliográfico inicial: 18/04/2022

Leitura e fichamento de obras:

Coleta e revisão de dados: 19/04/2022

Revisão bibliográfica: 19/04/2022

Análise crítica do material: 20/04/2022

Elaboração preliminar do texto: 26/04/2022

Revisão e redação final: 04/05/2022

Entrega ao coordenador Defesa da monografia: 04/05/2022

REFERÊNCIA

Manifesto dos pioneiros da Educação Nova (1932) e


dos Educadores (1959); Fernando de Azevedo...[et al].
– Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora
Massangana, 2010.

Emburrecimento Programado: o currículo oculto da


escolarização obrigatória / John Taylor Gatto. – 1°
edição- setembro de 2019- CEDET.

Artigo: Breve estudo de uma educação medieval /


Rosana Silva Moura. Florianópolis: Revista esboços,
2013.
7

Artigo: O legado dos jesuítas na educação brasileira /


Wilson Alves de Paiva. Belo Horizonte: Educação em
revista, 2015.

Idade Média – Bárbaros, cristãos e mulçumanos /


Umberto Eco. – 1° edição – Editora: Publicações Dom
Quixote, 2010.

Os Intelectuais na idade média / Jacques Le Goff;


tradução de Marcos de Castro. – 2°edição- Rio de
Janeiro: José Olympio, 2006.

Os jesuítas no Brasil: entre a Colônia e a República /


Carlos Ângelo de Meneses Sousa; Maria Juraci Maia
Cavalcante (Orgs.) / Brasília: Liber Livro, 2016.

Paidéia: a formação do homem grego / Werner Wilhelm


Jaeger; [tradução: Arthur M. Perreira]. – 3° edição –
São Paulo: Martins Fontes, 1994.

História da educação no Brasil : desafios e


perspectivas / Ivone Goulart Lopes, (organizadora). –
Curitiba, PR : Atena Editora, 2016.

PROPOSTA DE SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO
1.1 TEMA
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA
1.3 PROBLEMATIZAÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 HIPÓTESE DE ESTUDO
2.2 OBJETIVOS
3 CONCLUSÃO
3.1 OBJETIVOS
a GERAIS
b ESPECÍFICOS
4 FUNDAMENTAÇÃO
4.1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

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