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“ Avaliação microbiológica de
silagem de milho
10.37885/200901537
RESUMO
O seguinte trabalho teve por objetivo avaliar a presença de fungos na silagem de milho
(Zea mays). No experimento utilizou-se de 4 tipos de cultivares híbridos de milho, sendo
duas cultivares transgênicas (RB9789VIP3, RB9080PRO2) e duas cultivares conven-
cionais (RB9060, RB9308).O ensaio experimental constitui-se em um delineamento
inteiramente casualizado, com 4 tratamentos de três repetições cada, totalizando 20
amostras de silos diferentes, em que, foram coletadas de cada silo três amostras de
níveis diferentes (início, meio e fim do silo). Foi analisada a presença do fungo, sua
frequência e os tipos encontrados. A análise estatística foi realizada de acordo com a
análise de variância utilizando o teste tukey para comparação de médias, em nível de
significância 5%. Foram identificados 4 gêneros de fungos sendo eles: Aspergillus sp.,
Zigomicetos sp, Fusarium sp. e Penicillium sp. Os fungos Aspergillus sp e Zigomicetos
sp obtiveram maior percentual de frequência em relação aos outros fungos e, em relação
a presença ou não dos fungos nas amostras, 93% apresentaram fungos. No presente
estudo foram observados: 20,8% de Aspergillus sp., 2,08% de Penicillium sp., 31,25%
de Zygomycetos sp., 12,5% de Fusarium sp. O manejo inadequado nos processos de
compactação, vedação e fechamento do silo influenciaram no crescimento de fungos,
nesse sentido recomenda-se extremo cuidado nas etapas de produção, pois estes fungos
podem causar redução na qualidade do silo e futuros danos irreversíveis na saúde animal.
O milho (ea mays L.) é uma cultura anual, pertence à familia das poáceas e no grupo
de plantas C4, podendo se adaptar a diferentes condições do ambiente. O grão de milho é
utilizado principalmente para consumo humano e animal, sendo um alimento essencialmente
energético, pois seu principal componente é o amido. (NUNES., 2016). Além disso, é iden-
tificado como uma das culturas mais utilizadas no processo de forragem conservada pelo
método de ensilagem no Brasil, apresentando bom índice em rendimento de matéria verde,
excelente qualidade de fermentação e pequena taxa em perda de valores nutricionais na
massa ensilada. (EMBRAPA, 2019). Para a colheita do milho o ponto ideal para a silagem
está entre 30 e 35% de matéria seca na planta toda, então a cada 100 g de forragem temos
30 a 35 de matéria seca e 60 a 70 g de água (NUSSIO et al., 2001).
Um dos maiores problemas na produção de ensilagem está na parte de enchimento,
compactação e vedação do silo (JOBIM et al., 2007). O fechamento do silo deve ser realiza-
do imediatamente após o término do processo de ensilagem, sempre mantendo o cuidado
de vedar bem em todos os pontos do silo, para evitar a entrada de ar e água. O processo
inadequado das etapas de compactação e vedação podem provocar efeitos insatisfatórios
na silagem, contribuindo para o desenvolvimento de possíveis fungos filamentosos no qual
quando submetidos a estresses criam compostos tóxicos no qual são denominados mico-
toxinas (SOUZA et al., 2011).
Dentre os fungos que podem aparecer em silagem, pode-se citar Aspergillus spp.,
Penicillium spp, Fusarium spp e os zigomicetos, como Rhizopus. Esses fungos atuam de
forma negativa no processo de ensilagem, podendo degradar o alimento, o solo e produzi-
rem substâncias químicas tóxicas, denominadas de micotoxinas. As micotoxinas representa
seus efeitos em quantidades bastante pequenas no alimento, por esta razão a identificação
e avaliação exige uma amostragem aprimorada para preparação de amostras, extração e
técnicas de análise. (REVISTA-FI, 2009).
Uma das micotoxinas mais estudadas são as aflotoxinas, que são produzidas durante
o processo de armazenagem, por conta da umidade e temperatura elevada que favorecem
o crescimento dos fungos. Estes fungos podem provocar intoxicações
irreversíveis em animais que forem infectados, ou seja, poucos animais conseguem
recuperação, mesmo eliminando a fonte tóxica. Aflotoxinas causam distúrbios orgânicos
quando o alimento contaminado for ingerido por um longo período de tempo que, dependendo
de sua gravidade, pode provocar debilidade geral e/ou morte do animal (VITELA et al., 2003)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1. Percentual da análise sobre a presença e frequência dos fungos e seu percentual.
Presença de Fungos
Tratamentos / Silagem
Freq. Não Percentual Freq. Sim Percentual
RB9308 2 17 10 83
RB9060 1 08 11 92
RB9789 0 00 12 00
RB9080 PRO 2 0 00 12 00
Frequência Percentual
PRESENÇA Frequência Percentual
Cumulativa Cumulativo
Não 3 6,25 3 6,25
Sim 45 93,75 48 100.00
Em relação a presença ou não dos fungos em 100% das amostras avaliadas, 93%
apresentaram fungos. De acordo com a literatura, a presença de fungos pode estar asso-
ciada às técnicas inadequadas durante o processo de armazenamento, compactação e
fechamento do silo (BRYDEN, 2012). As cultivares RB9789 e RB9080 PRO2, demostram
25% de presença dos fungos, em todas as repetições, a cultivar.
Já as cultivares RB9060 e RB9308 apresentaram resultados semelhantes referente a
frequência dos fungos nas amostras, quando comparadas a não frequência demonstrando
diferenças estatísticas com valores médios de 4,17% e 2,08% respectivamente.
Na tabela 2 estão expressos os resultados das médias referentes a análise de fre-
quências das variáveis: frequência do fungo, tipo de fungo, percentual total de frequência
do fungo referente as cinco cultivares avaliadas.
Foram identificados quatro tipos de fungos nas referidas cultivares sendo eles,
Aspergillus sp., Zygomycetes, Fusarium sp., e Penicillium sp. De acordo com a literatura,
estes são os principais fungos produtores de micotoxinas que contaminam os alimentos,
sendo elas produzidas durante o período de produção ou armazenamento dos alimentos
(YIANNIKOURIS; JOUANY, 2002).
Baseando-se nas características morfológicas citadas anteriormente, foram encontra-
dos quatro grupos de fungos: Zygomycetes, Penicilllium sp., Aspergillus sp. e Fusarium sp.
Os fungos podem naturalmente ocorrer contaminando os vegetais em diferentes fases
de produção, desde o cultivo da planta no campo até a colheita dos grãos, durante o trans-
porte, armazenamento, processamento, etc., uma vez que as condições de temperatura e
umidade sejam favoráveis para seu desenvolvimento (FRISVAD et al., 2006). No que se
refere a silagens, um grande número de gêneros tem sido isolado, incluindo: Monascus,
Geotrichum, Bissochlamys, Mucor, Moniliella, Aspergillus, Penicillum e Fusarium (McDONALD
et al., 1991). O desenvolvimento de tais fungos está associado a condições de aerobiose,
ou seja, presença de oxigênio o que indica a má vedação da silagem, que em condições
normais, se desenvolveria em ambientes anaeróbicos. Dessa forma, estes e outros micror-
ganismos (bactérias) são os principais agentes que influenciam a qualidade das silagens
(GUIM et al., 2002).
Figura 3. Penicillium sp. (setas) encontrados em diferentes amostras de silagem de milho: A) RB 9060 e B) RB 9060 PRO2
T4 R1.
De acordo com os resultados obtidos conclui-se que o manejo inadequado nos proces-
sos de compactação, vedação e fechamento do silo influenciaram no crescimento de fungos.
Nesse sentido recomenda-se extremo cuidado nas etapas de produção, pois estes fungos
podem causar redução na qualidade do silo e futuros danos irreversíveis na saúde animal.
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