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Introdução de espécies: uma síntese comentada

Article  in  Acta Scientiarum Biological Sciences · July 2008


DOI: 10.4025/actascibiolsci.v21i0.4431

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2 authors:

Rosilene Delariva Angelo A Agostinho


Universidade Estadual do Oeste do Paraná Universidade Estadual de Maringá
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Acta Scientiarum 21(2):255-262, 1999.
ISSN 1415-6814.

Introdução de espécies: uma síntese comentada

1 2
Rosilene Luciana Delariva * e Angelo Antonio Agostinho
1
Departamento de Biologia, Núcleo de Pesquisas em Limnologia Ictiologia e Aquicultura (Nupélia), Universidade Estadual de
Maringá, Av. Colombo, 5790, 87020-900, Maringá-Paraná, Brazil. email:delariva@nupelia.uem.br. 2Universidade
Paranaense/Unipar, Umuarama/Toledo-Paraná, Brazil. *Author for correspondence.

RESUMO. Nesta revisão, são apresentados e discutidos alguns aspectos da introdução e da


transferência de espécies em diferentes ambientes, dando ênfase ao histórico, aos processos,
e ao modo como as espécies foram introduzidas, além de alguns exemplos de impactos que
essa prática pode causar sobre as comunidades nativas. Desde que o homem deixou de ser
nômade, ele iniciou uma trilha de movimentação de espécies que deixou marcas das
civilizações em todos os ecossistemas, modificando a distribuição natural das espécies.
Atualmente, com a crescente demanda por alimentos e as facilidades proporcionadas pelos
meios de transporte, essa prática tornou-se ainda mais exacerbada, aumentando os riscos de
desaparecimento e extinção de espécies.
Palavras-chave: espécies exóticas, transferência de espécies, dispersão, extinção.

ABSTRACT. Species introduction: a commented synthesis. In this review, some


aspects of species introduction and transference into different environment, giving
emphasis to the historical background, the process and the way in which the species were
introduced, as well as some examples of impacts that this practice may cause to native
communities are presented and discussed. Since man quit being nomad, he started a trace
of species movement that stamp civilizations in all ecosystems, modifying the species
natural distribution. At the moment, with the increasing demand for food and the facilities
provided by the transportation means, this practice has become even more exacerbate,
increasing the risks of species disappearance and extinction.
Key words: exotic species, species transference, dispersion, extinction.

A definição de espécie introduzida como imputáveis a forças econômicas e sócioculturais,


“qualquer espécie intencional ou acidentalmente combinada com os processos de recente
liberada pelo homem em um ambiente fora de sua interdependência global da economia, urbanização,
área de distribuição” é hoje utilizada em vários países avanços da agricultura e outras causas de
e para os diferentes grupos de organismos (Drake, et perturbações dos ecossistemas, acelera os processos
al., 1996). Dessa forma, do ponto de vista ecológico, de introdução de espécies, quer pelas pressões
independentemente da origem geográfica econômicas, quer pelas novas rotas para dispersões
(intracontinental ou proveniente de outro país, invasivas que as ações antrópicas proporcionam, com
continente ou zona zoogeográfica), a introdução é grandes prejuízos à diversidade biológica (Di Castri,
entendida como a inserção de um elemento 1996).
totalmente novo em uma dada região (Agostinho e Dentro do contexto teórico, a introdução de
Júlio Jr., 1996). espécies constitui um tipo de alteração ecológica que
A movimentação de seres vivos pela ação do pode modificar a comunidade biótica na qual a
homem, deliberada ou acidental, tem sido a fonte espécie é inserida (Li e Moyle, 1981). As teorias
mais importante de alterações na distribuição natural ecológicas fornecem as bases para o entendimento de
das espécies desde o Pleistoceno (Cox e Moore, como a introdução de espécies pode alterar a
1994). A história da humanidade, em particular comunidade receptora, bem como o grau de
quanto aos aspectos da ocupação e migração das pertubações que elas podem causar. Um dos tópicos
populações, é importante fonte de explicação das relevantes relaciona-se à teoria de nicho, cujos
introduções mais antigas. A quebra de barreiras princípios podem explicar os notáveis equívocos de
256 Delariva & Agostinho

várias introduções desastrosas. A oportunidade da do homem pré-histórico na vegetação, o período da


introdução de muitas espécies foi decidida com base expansão colonial, a fase da agricultura moderna e a
em recursos disponíveis no ambiente de interesse, recente maciça degradação da vegetação acoplada à
baseando-se no recurso explorado pela espécie alvo demanda de recursos. No entanto, essas fases
em outros ambientes (“nicho vazio”). Essa decisão cronológicas não são as mesmas nas diferentes partes
pode, no entanto, se revelar equivocada, visto que a do mundo. Originalmente, a introdução de plantas
espécie pode mudar sua dieta no novo ambiente. O deve ter atendido ao andar errático das tribos
fato de a expressão do nicho de um organismo poder nômades. Mais tarde, acompanhou a expansão dos
ser limitada pelas restrições físicas, químicas e povos agrícolas mais sedentários em novas áreas, à
biológicas no meio, representando um processo medida que a população aumentou. Quando as rotas
interativo do organismo com o seu ambiente, comerciais foram desenvolvidas, houve aumento não
recomenda cautela no processo decisório (Herbold e somente na introdução de plantas, mas também nas
Moyle, 1986 apud Li e Moyle, 1993). distâncias para as quais eram transportadas (Allard,
Além das condições ambientais, o 1971).
desenvolvimento ontogenético e as diferenças Entre 11.000 e 9.000 anos atrás, o homem
individuais podem impor alterações nas dimensões começou a cultivar as plantas, sendo esse avanço o
do nicho. Quando uma nova espécie invade um início da agricultura. Capaz de produzir seu próprio
ecossistema, alguns resultados são possíveis: (i) alimento, ele passou de nômade para sedentário,
substituição de espécies; (ii) adição de espécies sem dando origem às civilizações, onde o
compressão de nicho de espécies similares; (iii) desenvolvimento da agricultura estava ligado à
adição de espécies com compressão de nicho; (iv) movimentação de espécies de uma região para outra
múltiplas extinções de espécies, devido a alterações (Bolen e Robinson, 1995). Exemplos são a civilização
no ambiente ou na cadeia alimentar; (v) insucesso egípcia, que teve no trigo sua fonte de estabilidade, a
das espécies invasoras em tornar-se estabelecidas. babilônica com a cevada, a chinesa com o arroz, e o
Essas predições são baseadas nas teorias de Novo Mundo com o milho. Com a descoberta do
similaridade limitante e ilhas biogeográficas de Novo Mundo, culturas como milho, mandioca,
MacArthur e Levins, (1967) e MacArthur e Wilson, batata, amendoim, tomate, fumo, abóbora, feijão e
(1967) apud Li e Moyle (1993). No entanto, essas outras foram introduzidas no Velho Mundo, onde se
características, na maioria das vezes, não são levadas incorporaram ao consumo humano. Por outro lado,
em consideração quando se propõe uma introdução. culturas como trigo, arroz, cevada, centeio, aveia,
Com base nas teorias acima descritas, alguns cana-de-açúcar, algumas frutíferas, hortaliças,
atributos do ambiente e das espécies invasoras forrageiras, entre outras, foram introduzidas no
influenciam na probabilidade de sucesso ou não das Novo Mundo, assumindo também destacado papel
introduções (Pimm, 1996): a) ambientes isolados, com na alimentação dos povos americanos (Allard, 1971).
baixa diversidade de espécies nativas, são mais Em algumas partes do mundo, numerosas
suceptíveis às introduções; b) as espécies exóticas têm introduções de plantas ocorreram anteriormente à
maior sucesso quando as nativas não ocupam nichos fase colonial, tendo sido elas praticadas pelos
similares; c) o sucesso da invasão aumenta com a aborígeneas em diferentes locais. Em períodos pré-
similaridade física do ambiente entre a fonte e as áreas- colombianos, por exemplo, grãos de amarantus
alvos; d) espécies que habitam ambientes alterados e (Amaranthus hypochondriacus) foram um dos alimentos
ambientes com uma histórica associação com o básicos no Novo Mundo, e milhares de hectares
homem são mais bem sucedidas ao invadir ambientes foram cultivados pelos incas e astecas (Stone, 1984
modificados (Diadmond e Case, 1986; Brown, 1996). apud Heywood, 1996). A descoberta das Américas
Cabe aqui ressaltar alguns exemplos, como os ratos, os levou a grandes trocas de flora entre os continentes,
pardais, as pombas domésticas, que hoje causam sendo responsáveis por importantes impactos em
inúmeros problemas em muitos centros urbanos. diferentes ecossistemas do mundo. Esse fenômeno
Os processos históricos, os meios e os objetivos teve como agentes essencialmente os europeus,
das introduções foram distintos em diferentes principalmente os franceses, portugueses, espanhóis,
ambientes. Dessa maneira, abordaremos ambientes e holandeses e ingleses. Assim, a extensão global em
grupos de organismos separadamente. que a vegetação foi destruída ou modificada pela
introdução de plantas de cultivo está relacionada à
Ambientes terrestres história da colonização. Nos trópicos da Ásia, os
efeitos foram dramáticos, devido à extensão e
Plantas. Historicamente, podemos detectar distintas
duração do período colonial. Nas regiões tropicais
fases nos processos de introdução, como os efeitos
Introdução de espécies 257

africanas e na América Latina, os efeitos nos colonum, Eleusine indica, Sorghum halapense, Imperata
ecossistemas, embora substanciais, foram menores cylindrica, Eichhornia crassipes, Portulaca oleracea, Avena
que naquelas regiões. fatua, Amaranthus hybridus, Amaranthus spinosus,
Durante esse período, os jardins botânicos na Cyperus esculentus, Paspalum conjugatum, Rottboellia
Europa (Itália, França, Inglaterra, Holanda) se exaltata, dez são gramíneas, muitas delas tropicais.
constituíam em focos de dispersão de uma No Brasil, a maioria das espécies cultivadas foi
considerável quantidade de plantas com objetivos introduzida, primeiro, com os colonizadores, depois
ornamentais, medicinais e/ou estudos científicos. com os imigrantes. Esses agentes de difusão foram
Eles foram criados, em muitos casos, como responsáveis pela introdução de diversas espécies,
instrumento de expansão colonial e desenvolvimento algumas das quais são hoje de grande importância
comercial (Heywood, 1985 apud Heywood, 1996). para a economia do país, entre elas o café, a soja, o
Os grandes jardins botânicos tropicais instalados no trigo e o milho. Além dessas espécies, utilizadas na
sudeste da Ásia foram responsáveis pôr massivas agricultura, outras introduções são notáveis no
introduções de plantas nessas região (café, fruta-pão, campo ornamental, constituindo parte da flora
cravo, cacau, batata, etc.). Essas instituições presente nos jardins de casas e centros urbanos
estiveram mais relacionadas como pontos de origem (Lorenzi e Souza, 1995).
ou centros de dispersão de espécies do que
propriamente como jardins botânicos, no senso Vertebrados. As primeiras introduções de
estrito (Heywood, 1996). vertebrados ocorreram como resultado da
Os botânicos são, dessa forma, conscientes de domesticação de animais e subseqüentes
que certamente não existe uma região do mundo movimentos do homem primitivo. Entre as
onde a vegetação não tenha sido alterada pela introduções bem documentadas estão a do cachorro
atividade do homem, com as introduções de espécies (Canis familiaris dingo) na Australia, a do rato da
alienígenas. A extensão e os padrões dessas Polinésia (Rattus exulans) em muitas ilhas do Pacífico,
introduções variam amplamente de uma região para e uma lista de sete espécies de lagartos no Havaí
outra; entretanto, estima-se que a percentagem de (Oliver e Shaw, 1953 apud Brown, 1996). A
espécies introduzidas é menor nas regiões tropicais e descoberta do restante do mundo pelos europeus e o
maior no Canadá, Austrália e Nova Zelândia, desenvolvimento das viagens e do comércio ao redor
alcançando quase 50% das espécies neste último país do globo levaram a uma grande onda de introduções
(Heywood, 1996). nos últimos séculos. Por exemplo, o rato-comensal
A maioria das introduções, de forma geral, (Rattus rattus e R. norvegicus), o rato-de-casa (Mus
concentra-se especialmente no grupo das musculus) e o pardal (Passer domesticus) acompanharam
angiospermas e coníferas. As espécies envolvidas os europeus quando eles colonizaram o mundo.
pertencem a uma ampla variedade de famílias, mas Muitos vertebrados foram deliberadamente
com notável destaque para Asteraceae, Fabaceae e introduzidos por diversas razões. Entre estas, (i)
Poaceae (Heywood, 1996). Parece que as fonte de alimento (o coelho, Oryctolagus cunniculus, na
angiospermas são as mais abundantes e, em termos Austrália; o bode, Capra hircus, em Aldabra, e o
de monocotiledônia/dicotiledônia, a proporção é de porco, Sus scrofa, no Hawai); (ii) práticas desportivas
1193:6218. Nas gimnospermas, as famílias mais (o veado vermelho, Cervus elaphus, na Nova Zelândia
relacionadas são a Pinaceae, com 32 espécies (20 só e América do Norte); (iii) controle biológico (a
de Pinus ssp), e Cupressaceae, com 15 espécies. A raposa, Vulpes vulpes, para controlar os coelhos, e o
nível de gêneros, Cyperus e Euphorbia encabeçam sapo gigante Bufo marinus, para controlar abelhas-da-
uma lista com 81 e 80 espécies, respectivamente, cana na Austrália); (iiii) estético (aves canoras no
seguidos por Solanum (66), Poligonum (62), Panicum Hawai; o pardal doméstico, Passer domesticus, e o
(57), Ipomoea (57) e Acacia (53) (Heywood, 1996). estorninho, Sturnus vulgaris, na América do Norte; o
Nos recentes anos, as mudanças causadas pelos esquilo-cinza na Europa). Outras espécies foram
impactos dos métodos modernos da agricultura têm importadas como domésticas e escaparam dos
alterado a paisagem cultivada e afetado também a cativeiros (ex.: camelos, macacos, cavalos e bodes, na
flora introduzida, causando o aumento de algumas Austrália, peixes tropicais e pardais, na flórida)
plantas daninhas e o declínio de outras. De uma lista (Brown, 1996).
de 18 espécies consideradas daninhas no mundo No Brasil, o histórico e a domesticação de
todo (Heywood, 1996): Cyperus rotundus, Cynodon algumas espécies animais, como os bovinos, os
dactylon, Echinochloa crusgalli, Chenopodium album, suínos e as galinhas domésticas, datam do início da
Digitaria sanguinalis, Convolvulus arvensis, Echinochloa colonização feita pelos portugueses, destacando-se os
258 Delariva & Agostinho

períodos de Tomé de Sousa e Martim Afonso de grande parte, documentado. Dessa forma, o
Sousa. Já no início deste século e na década de 70, significado da alteração da distribuição de espécies
foram introduzidos coelhos, rãs, codornas, perus, em rios, lagos e águas costais é normalmente
gansos (Jardim, 1985; Cavalcanti, 1984; Englert, subestimado (Carlton, 1989 apud Carlton 1992).
1987; Vieira, 1986; Lima e Agostinho, 1992; A aqüicultura é considerada como o principal
Fabichack e Molena, 1985; Kupsch, 1985; Silva, mecanismo de dispersão de espécies exóticas para
1987; Porto, 1994). Os javalis (Sus scrofa), originários novos ambientes. Welcomme (1988) estima que 41%
da Europa e do norte da África, foram introduzidos das 237 espécies de peixes que atravessaram
no Uruguai e na Argentina e recentemente fronteiras alcançaram novos ambientes por essa via.
invadiram o Rio Grande do Sul, tornando-se pragas As espécies podem alcançar os ambientes aquáticos
(Porto, 1994). através de (i) escapes, pela água efluente dos tanques;
Uma grande percentagem dos animais citados é (ii) acidentes, por rompimento ou transbordamento
domesticada e criada em cativeiro. Perfazem quase de tanques; (iii) soltura deliberada de indivíduos
que totalmente a produção animal consumida no remanescentes nos tanques durante seu
Brasil. Ressalte-se, entretanto, que o escape e o esvaziamento; (iv) descartes resultantes das
posterior retorno às características silvestres de atividades de manejo dos tanques (Agostinho e Júlio
alguns organismos como faisões, codornas, gansos, Jr., 1996). As estações de maricultura também são
etc. podem causar muitos danos ao ambiente. O incluídas nessa modalidade. Os chamados pesque-
javali, por exemplo, embora não introduzido pague e a piscicultura em tanques-rede são
diretamente no Brasil, tem causado intensas modalidades cuja prática vem se ampliando no
devastações, tanto econômicas como ecológicas, no Sudeste-Sul do Brasil e que apresentam grande
Rio Grande do Sul (Porto, 1994). potencial na dispersão de espécies alienígenas nos
corpos de água dessas regiões.
Insetos. Aproximadamente 90% dos insetos Outros táxons que não os alvos acompanham
introduzidos na América do Norte antes de 1820 freqüentemente as introduções, embora existam
foram besouros, muitos deles subterrâneos, oriundos poucas informações documentadas a esse respeito. É
do sudoeste da Inglaterra, transportados no lastro típico encontrar uma grande variedade de
dos navios (Sailer 1983, apud Simberloff, 1996). Um organismos, incluindo a epibiota (epizóicos,
meio similar de transporte entre a América do Sul e epífitos), parasitas, patógenos e doenças nas espécies
a América do Norte foi, entre o de outras espécies, o introduzidas. Água, detrito, sedimento, material
da formiga-fogo (Solenopsis invicta). Simberloff empacotado, caixas de acondicionamento,
(1996) cita que os principais meios pelos quais os aquariofilia e atividades de pesca também são
insetos foram introduzidos na América do Norte responsáveis pela dispersão de muitas espécies fora
incluem, além dos navios, introduções de plantas e de suas áreas de distribuição natural.
para controle biológico. A última categoria inclui 227
espécies. Plantas aquáticas. Aliados às viagens de
No Brasil, uma das mais bem documentadas explorações, o fascínio do homem pelos
introduções de insetos foi a das abelhas. Em meados organismos estranhos e exóticos e o desejo de
de 1840, foram trazidas as abelhas-alemãs (Apis desenvolver novos marcos de objetos familiares no
mellifera mellifera) foram introduzidas, seguidas pelas novo ambiente têm motivado muitas das
italianas (Apis mellifera ligustica) nos anos de 1870 e introduções de plantas aquáticas em novos
1880. Essas últimas se tornaram dominantes até a territórios. Seguidos a esse processo, o escape e a
chegada das africanas. Em 1956, com a introdução da subseqüente propagação têm-se repetido em muitas
abelha-africana (Apis mellifera scutellata) e o posterior partes do mundo, e espécies, como Eichhornia
escape, iniciou-se a hibridação, invadindo toda a crassipes e Salvinia molesta, são agora amplamente
América do Sul (De Jong, 1990). distribuídas em regiões tropicais e subtropicais do
globo (Pieterse e Murphy, 1990). Sementes e
Ambientes aquáticos frutos de plantas aquáticas que crescem junto aos
cultivos irrigados e são distribuídos com o produto
A dispersão de organismos aquáticos, embora
das colheitas para diferentes regiões, bem como o
antiga, acentuou-se com as migrações globais dos
seu transporte casual através de barcos e máquinas
últimos séculos. Assim, o movimento intencional de
e ainda o escape de lagos experimentais e jardins
espécies pelo homem, e o não intencional daquelas
botânicos, têm aumentado as taxas de introduções
associadas, seguiram essas migrações. No entanto, o
dessas plantas.
movimento de muitas espécies aquáticas não foi, em
Introdução de espécies 259

Peixes. As introduções de peixes, embora venham comentam sobre os impactos das introduções na
sendo registradas desde a Idade Média, ganharam estrutura e na função dos ecossistemas, listando duas
relevância a partir do final do século passado e foram categorias de mudanças estruturais que podem ser
intensas entre 1950 e 1985, quando, segundo alteradas: redução da riqueza específica (extinção de
Welcomme (1988), essa atividade envolveu cerca de espécies) e alteração do “pool” gênico através da
45% das 1.354 introduções até então registradas ocorrência de híbridos.
entre corpos de água de diferentes países. Entre as As interrelações entre os organismos nos
237 espécies levantadas por esse autor, diferentes níveis tróficos em um ecossistema podem
considerando-se apenas as introduções que ser afetadas pela redução na abundância de uma
atravessaram fronteiras, as mais amplamente única espécie, um efeito chamado “cascata trófica”.
disseminadas são a truta-arco-iris Salmo gairdneri Exemplos disso foram as extinções de pássaros
(82), a tilápia Oreochromis mossambicus (66) e a carpa insetívoros no Havaí (Howart, 1983 apud Macdonald
comum Cyprinus carpio (59). Esta, pioneira nas et al., 1996) e da formiga-argentina (Iridomyrmex
introduções, alcançou seu auge entre 1910 e 1940, humilis) na flora nativa do Havaí (Medeiros et al.,
sendo substituída pelas tilápias nas décadas de 50 a 1986 apud Macdonald et al., 1996).
70 (Welcomme, 1988). As introduções maciças, em A competição é um dos principais meios pelos
geral coincidentes com as tentativas de quais as espécies introduzidas afetam as nativas
desenvolvimento da aqüicultura, mostraram (Agostinho e Júlio Jr., 1996), sendo constantes as
tendência de decréscimo em todo o mundo a partir causas de extinção (Diamond e Case, 1986). Correl
da década de 70. (1982), apud Heywood (1996), cita Casuarina
O Brasil figura entre as principais nações litoranea, nas Bahamas, como uma planta alienígena
neotropicais em relação a essas iniciativas. Ao competitiva que produz efeitos tóxicos em muitas
contrário da tendência mundial, os picos de plantas nativas, impedindo sua reprodução. Espécies
introduções, em nosso país, ocorreram a partir da de Eucaliptus são amplamente utilizadas em projetos
década de 70, ressaltando-se, no entanto, que os de reflorestamento na Espanha e em outras partes do
primeiros lotes de carpa comum chegaram ao Brasil globo, como o Brasil. O vigoroso crescimento e a
no final do século XIX e os de truta-arco-iris, no competitividade dessas espécies constituem grandes
início do século XX. Desde então, foram ameaças para a vegetação nativa (Heywood, 1996).
introduzidas, pelo menos, 20 espécies, com diversos Entre os vertebrados, um exemplo clássico é o da
objetivos, principalmente para fins de cultivo. introdução dos coelhos (Orytolagus cunniculus) na
Além das introduções originárias de outros Austrália, em 1859. Devido à sua alta capacidade
continentes, registrou-se, a partir da década de 60, proliferativa, ao alimento abundante e à falta de
intensa translocação de espécies da bacia amazônica predadores naturais, esses animais disseminaram-se
para bacias do Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, por quase todo o território australiano. Devastaram
geralmente com um estágio nas estações de as pastagens, competindo com as espécies nativas,
piscicultura nordestinas. Nos cursos de água da bacia muitas delas de interesse econômico, como por
do rio Paraná, por exemplo, são registradas 13 exemplo o canguru (Bettongia lesueur), que foi
espécies introduzidas, quase todas com o intuito de exterminado da fauna local (Vieira, 1986; Brown,
aumento do desenvolvimento da piscicultura e da 1996). Outro exemplo foi o deslocamento do esquilo
pesca, como, por exemplo, a curvina (Plagioscion Sciurus vulgaris, no sul da Inglaterra pela introdução
squamosissimus), o tucunaré (Cichla monoculus ), as do esquilo S. carolinensis proveniente da América do
tilápias (Oreochromis niloticus, Tilapia rendalli), dentre Norte.
as mais abundantes (Agostinho e Júlio Jr., 1996). A predação talvez forneça o melhor exemplo de
impacto das introduções nas espécies, sendo que o
Impactos das introduções de espécies consumo de indivíduos das populações nativas altera
a composição da população, e os efeitos a longo
A conservação dos recursos genéticos silvestres
prazo dependem das respostas de cada comunidade.
do mundo pode tornar-se dependente de uma
Efeitos imediatos dessas interações são o
pequena percentagem de área incluída nas reservas
deslocamento espacial de microhabitats ocupados ou
naturais. Nesse sentido, nas alterações dos
mudanças temporais na atividade.
ecossistemas pela introdução de espécies, apesar de
Em ambientes aquáticos, os peixes ictiófagos
elas poderem resultar em algumas melhorias
fornecem alguns dos exemplos mais conhecidos de
econômicas, os riscos associados são altos, sendo, na
extinção de espécies em decorrência de introduções.
maioria das vezes, considerados deletérios
A perca-do-Nilo (Lates niloticus), introduzida no Lago
(Agostinho e Júlio Jr., 1996). Macdonald et al. (1996)
260 Delariva & Agostinho

Vitória, África (Barel et al., 1985), e o tucunaré, constituindo atualmente grande problema para a
(Cichla ocellaris) no Lago Gatun, no Panamá (Zaret e apicultura mundial (Corrêa-Marques, 1996).
Paine, 1973), são exemplos clássicos. Essas Introduções de camarões com objetivos de
introduções, geralmente realizadas com o intuito de cultivo de áreas remotas para o Havaí, México,
fornecer opções à pesca esportiva ou profissional, são Equador, Brasil e América do Norte têm mostrado
inicialmente bem-sucedidas. Com a depleção dos que certos patógenos, mais notavelmente os vírus
estoques forrageiros, seu rendimento na pesca tende IHHN, MBV e HPV (Infectious Hypodermal e
a diminuir, como registrado no Lago Kyoga (Ogutu- Hematopoietic Necrosis Virus, Monodon-type
Ohwayo e Hecky, 1991) e mais recentemente no Baculovirus, Hepatopancreatic Parvo-like Virus,
Lago Vitória (Okemwa e Ogari, 1994). A introdução respectivamente), podem ser facilmente
do tucunaré (Cichla ocellaris) no Lago Gatun exerceu transportados com cargas vivas de camarões. Essa
perturbações em todos os níveis da cadeia trófica. prática de transportar estoques de camarões entre
Essa espécie é nativa do rio Amazonas e de seus diferentes regiões resultou na introdução de cinco
tributários na América do Sul. No Panamá, foi viroses onde antes não ocorriam, implicando
introduzida em 1967, no Lago Gatun, onde resultou conseqüências catastróficas para as indústrias e a
na eliminação de seis das oito espécies nativas aqüicultura (Lightner, et al. 1992).
comuns do lago e reduziu drasticamente a Parasitos e patógenos são responsáveis por
abundância das outras. Houve alterações também na vultosas perdas na aqüicultura mundial. Assim, a
grande quantidade de aves, zooplâncton, septicemia hemorrágica viral (VHS), introduzida
fitoplâncton, e mosquitos, que coincidiu com uma com farinha de peixe contaminada em cultivos de
onda de malária na população humana. truta Salmo gairdneri, na Europa, é responsável por
Outra fonte de impactos são as doenças e os prejuízos de 40 milhões de dólares/ano. As tentativas
parasitos, que são, na maioria das vezes, introduzidos de erradicação de Aeromonas salmonicida em fazendas
junto com as espécies-alvos. Devido ao fato de de criação de peixes na Noruega custaram mais de
muitas famílias de animais apresentarem ampla 100 milhões de dólares (Stewart, 1991). A
distribuição ao redor do mundo, é provável que aqüicultura é, por outro lado, responsável pelo
algumas doenças e parasitos trazidos pelos exóticos caráter cosmopolita atribuído a alguns parasitos
poderiam encontrar hospedeiros alternativos como Lernaea cyprinacea e Argulus foliaceus.
susceptíveis ao novo patógeno. Os patógenos de Outro impacto deletério das introduções na
plantas causam sérias disrupções dos ecossistemas estrutura dos ecossistemas são os efeitos genéticos,
naturais. Os impactos devastantes do fungo através de processos como a hibridação.
Cryphonectria parasitica, da castanha, nas florestas da Normalmente, espécies nativas de similar
América do Norte, e do fungo de raiz Phytophhora hereditariedade e distribuição (congêneres
cinnamomi, nas florestas de Eucaliptus australianas, são simpátricos) possuem características que asseguram
dois clássicos exemplos (Broembsen, 1996). sua integridade genética. Nesse contexto, a hibridação
Alguns patógenos são generalistas e invadem entre espécies congêneres é evitada através de
diferentes tipos de ecossistemas naturais e uma mecanismos de isolamento, sendo assim mais
grande variedade de espécies. A especificidade para o provável a raridade que sua ocorrência abundante.
hospedeiro não é uma importante restrição para os Entretanto, quando uma espécie introduzida possui
generalistas. Outros causam doenças epidêmicas compatibilidade genética com as espécies locais
somente em grupos de espécies relacionadas relacionadas, altas taxas de hibridação podem ocorrer
(Broembsen, 1996). O ácaro Varroa jacobsoni, no novo ambiente (Arthington, 1991).
ectoparasita de crias e adultos de operárias e zangões Alguns exemplos ilustram o perigo das
de abelhas melíferas, tem como hospedeiro original a introduções nesse sentido: a planta Spartina alterniflora
Apis cerana, uma abelha asiática que demonstrou foi introduzida acidentalmente na Inglaterra. No
equilíbrio na relação parasito-hospedeiro com esse início de seu estabelecimento, ocorreu hibridação com
ácaro. Com a importação de abelhas Apis mellifera da uma espécie nativa, a Spartina maritima, produzindo
Europa para a Ásia, o ácaro passou a infestar também um híbrido estéril, Spartina x townsendii. Entretanto,
colônias dessa abelha. Esse ácaro tornou-se esse híbrido deu origem a um diplóide fértil, Spartina
cosmopolitano em sua distribuição e hoje é anglica, e essa espécie invadiu muitas áreas costais,
encontrado em todas as regiões temperadas e causando impactos geomorfológicos e afetando as
tropicais do mundo, com exceção da África Central e comunidades de plantas e animais que antes eram
África do Sul, Austrália e Nova Zelândia (Griffiths e protegidos da erosão marinha (Macdonald et al, 1996).
Bowman, 1981 apud Corrêa-Marques, 1996),
Introdução de espécies 261

A abelha-italiana (Apis mellifera ligustica) tornou-se risco (Gregory, 1992). A despeito dos muitos
dominante no Brasil até a chegada das africanas. Em problemas causados pelas introduções, algumas
1956, com a introdução da abelha-africana (Apis translocações de organismos vivos são necessárias em
mellifera scutellata) e o posterior escape desta, iniciou- termos econômicos, independentemente do grau de
se a fase de africanização (hibridação). Em 1976, risco envolvido. Assim, considerável atenção deve ser
virtualmente todas as colônias de abelhas melíferas dada às conseqüências finais de suas translocações e do
no Brasil tornaram-se africanizadas. De São Paulo, estabelecimento em um novo ambiente, uma vez que
essas abelhas propagaram-se por toda a América do alguns benefícios são, em geral, imediatos, enquanto
Sul e América Central, alcançando os Estados os efeitos nocivos podem demorar a ocorrer (Philipp,
Unidos. Sua presença comprometeu a permanência 1991). Outro aspecto a ser considerado é que os
das espécies nativas (Spivack, et al., 1991; Rinderer et efeitos nocivos são custosos e difíceis, se não
al., 1993). impossíveis de serem revertidos, ocasionando, dessa
Os efeitos genéticos das introduções decorrem de forma, mais prejuízos que benefícios.
alterações induzidas no “pool” gênico de espécies A introdução de espécies é uma questão de
nativas. Assim, os impactos anteriormente extrema importância, haja vista as conseqüências que
mencionados podem levar a reduções populacionais dela podem derivar, devendo, portanto, ser tratada
que resultam em menor variabilidade genética e, com maior rigor e responsabilidade pelos órgãos
eventualmente, na inviabilidade populacional. Em competentes. A preservação do patrimônio genético
peixes, a introdução de um novo “pool” gênico no deve estar acima de qualquer interesse imediatista e
ambiente, pelo fato de a hibridação ocorrer com inconseqüente.
maior facilidade que em qualquer outro grupo de
vertebrados (Purdom, 1993), pode resultar em alta Referências bibliográficas
incidência de híbridos férteis e eliminação do
Agostinho, A.A.; Julio Jr, H.F. Ameaça ecológica: peixes
estoque parental (Holcik, 1991). Além disso, pode
de outras águas. Ciência Hoje, 21(124):36-44, 1996.
ocorrer a substituição de um “pool” gênico adaptado
Allard, R.W. Princípios do melhoramento genético das plantas.
às condições ambientais locais por outro
Rio de Janeiro: Programa de Publicações Didáticas:
(Welcomme, 1988). Os cruzamentos podem ainda Usaid, 1971.
resultar em nenhum híbrido ou em híbridos estéreis Arthington, A.H. Ecological and genetic impacts of
ou debilitados. introduced and translocated freshwater fishes in
A natureza irreversível desses efeitos genéticos Australia. Can. J. Fish. Aquat. Sci., 48(1):33-43, 1991
torna-os particularmente importantes do ponto de vista Barel, C.N.D.; Drit, R.; Greenwood, P.H.; Fryer, G.
conservacionista. Outro aspecto é que os híbridos têm Destruction of fisheries in Africa’s lakes. Nature,
exibido uma alta capacidade invasora. Os exemplos 315:19-20, 1985.
acima são prova disso. Essas novas combinações gênicas Bolen, E.G.; Robinson, W.L. Wildlife Ecol. Maneg. New
dificultam o controle, particularmente em relação às Jersey: Prentice & Hall, 1995.
medidas básicas de biocontrole (Kluge et al., 1986 apud Broembsen, S.L. Invasions of natural ecosystems by plant
Macdonald et al., 1996). pathogens. In: Drake, J.A.; Mooney, H.A.; Di Castri,
As agências governamentais estão cada vez mais F.; Groves, R.H.; Kruger, F.J.; Rejmánek, M.;
cautelosas, mas continuam a introduzir espécies sem Williamson, M. Biological invasions. New York: John
mínima regulamentação em muitos países. Essas Wiley & Sons, 1996. p. 77-82.
ações intempestivas, muitas vezes, levam a fracassos. Brown, J.H. Patterns, modes and extents of invasions by
As razões para isso, algumas intrínsecas de cada caso, vertebrates. In: Drake, J.A.; Mooney, H.A.; Di Castri,
F.; Groves, R.H.; Kruger, F.J.; Rejmánek, M.;
incluem, em geral, uma variedade de fatores: (i)
Williamson, M. Biological invasions. New York: John
ausência de avaliações das características das espécies Wiley & Sons, 1996. p. 85-105.
a serem introduzidas; (ii) liberação de número de
Carlton, J.T. Dispersal of living organisms into aquatic
indivíduos saudáveis insuficiente para assegurar o ecosystems as mediated by aquaculture and fisheries
estabelecimento de populações viáveis; (iii) activities. In: Rosenfield, A.; Man, R. Dispersal of living
condições inadequadas de manuseio dos organismos organisms into aquatic ecosystems. Maryland: Maryland Sea
antes de serem liberados; (iv) falhas no manejo das Grant, 1992. p. 13-46.
populações exóticas. Cavalcanti, S.S. Produção de suínos. São Paulo: Instituto
As razões alegadas para as introduções (produção Campineiro de Ensino Agrícola, 1984.
de alimento, recreação e benefícios econômicos) são, Corrêa-Marques, M.H. Aspectos da resistência da abelha Apis
sem dúvida, legítimas (Agostinho e Júlio Jr., 1996). mellifera ao ácaro Varroa jacobsoni no Brasil. Ribeirão Preto,
No entanto, nenhuma delas pode ser realizada sem 1996. (Master’s Thesis in Entomology) - Faculdade de
262 Delariva & Agostinho

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