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EXPLICAÇÃO DE ISAÍAS CAPÍTULO 7

Capítulo 7: Isaías se encontra com o rei Acaz no campo do Lavandeiro, às vésperas da


guerra Siro-Efraimita, iniciada em 734 AC. O sinal do livramento de Judá seria o
nascimento de Emanuel (profecia Messiânica). Emanuel significa ‘Conosco é Deus’.

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Capítulo 7
Acaz tem medo de Rezim e Peca, é confortado por Isaías – v. 1-9.
• Is 7: 1-9: “Sucedeu nos dias de Acaz, filho de Jotão, filho de Uzias, rei de Judá, que
Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém, para
pelejarem contra ela, porém não prevaleceram contra ela. Deu-se aviso à casa de Davi:
A Síria está aliada com Efraim. Então, ficou agitado o coração de Acaz e o coração do
seu povo, como se agitam as árvores do bosque com o vento. Disse o Senhor a Isaías:
Agora, sai tu com teu filho, que se chama Um-Resto-Volverá [‘shearjashub’ = ‘um
remanescente voltará’, em relação ao remanescente do povo de Deus que se voltaria de
coração para Ele],ao encontro de Acaz, que está na outra extremidade do aqueduto do
açude superior, junto ao caminho do campo do lavadeiro (ou lavandeiro), e dize-lhe:
Acautela-te e aquieta-te; não temas, nem se desanime o teu coração por causa destes
dois tocos de tições fumegantes [NVI: ‘restos de lenha fumegantes’]; por causa do ardor
da ira de Rezim, e da Síria, e do filho de Remalias [se referia ao rei Peca de
Israel].Porquanto a Síria resolveu fazer-te mal, bem como Efraim e o filho de
Remalias [se referia ao rei Peca de Israel], dizendo: Subamos contra Judá, e
amedrontemo-lo, e o conquistemos para nós, e façamos reinar no meio dele o filho de
Tabeal [‘NVI: ‘Tabeel’]. Assim diz o Senhor Deus: Isto não subsistirá, nem tampouco
acontecerá. Mas a capital da Síria será Damasco, e o cabeça de Damasco, Rezim, e
dentro de sessenta e cinco anos Efraim será destruído e deixará de ser povo. Entretanto,
a capital de Efraim será Samaria, e o cabeça de Samaria, o filho de Remalias; se o não
crerdes, certamente, não permanecereis”.

No reinado de Acaz (2 Cr 28: 1-6; 2 Rs 16: 1-4), aliás, desde o final do reinado de seu
pai Jotão (2 Rs 15: 37), Deus enviou a Rezim, rei da Síria (2 Rs 16: 5; 2 Cr 28: 5-6) e
Peca, rei de Israel, filho de Remalias (2 Cr 28: 6; 2 Rs 15: 37; 2 Rs 16: 5) contra as
cidades de Judá, quando os sírios capturaram Elate (2 Rs 16: 5) e levaram uma grande
multidão em cativeiro para Damasco (2 Cr 28: 5-6); também Peca, filho de Remalias, rei
de Israel, matou em Judá cento e vinte mil homens em um dia, ao mesmo tempo em
que duzentos mil de Judá, entre eles mulheres, filhos e filhas, foram levados cativos
pelos israelitas (2 Cr 28: 6; 8), e depois, devolvidos a Judá (2 Cr 28: 11; 14-15). 

Estes versículos de Isaías (Is 7: 1-9) relatam o encontro do profeta com Acaz às
vésperas da guerra Siro-Efraimita, iniciada em 734 AC, quando o rei estava cuidando das
defesas da cidade. O campo do Lavandeiro (cf. Is 36: 2) era um local do lado de fora
do muro oriental, onde as vestes eram espalhadas para secarem ao sol, segundo o
costume dos lavandeiros. O lavandeiro era chamado de ‘pisador’ (em hebraico, kãbhas;
em grego, gnapheus, ‘preparador de panos’ – Mc 9: 3) porque ele lavava as roupas fora
da cidade e perto de bastante água, onde os panos pudessem ser limpos ao serem
pisados sobre uma pedra submersa. Em alguns lugares, o lavandeiro era também o
tintureiro, pois além de lavar, ele tingia os tecidos.

Quir e Kish

Cogita-se que os 65 anos da profecia mencionada em Is 7: 8 (“Mas a capital da Síria


será Damasco, e o cabeça de Damasco, Rezim, e dentro de sessenta e cinco anos Efraim
será destruído e deixará de ser povo”) correspondem ao mesmo trecho escrito em Is 17:
1-3 e às profecias anteriores de Am 1: 1; 3-5. De acordo com Amós 1: 3-5 e 2 Rs 16: 9,
o povo da Síria foi levado pelos Assírios (Tiglate-Pileser III) para Quir(local
desconhecido). Quir significa ‘cidade’. Embora alguns estudiosos a coloquem na planície
da Mesopotâmia, entre as cidades de Cuta, Babilônia e Borsipa, é mais provável que
nesta localização esteja-se falando da cidade de Kish; em Sumério: Kiš; transliteração:
Kiŝki; Acadiano: kiššatu; moderna Tell al-Uhaymir na província de Babilônia no Iraque, a
cerca de doze quilômetros a leste da cidade de Babilônia e a oitenta quilômetros ao sul
de Bagdá. Tell al-Uhaymir significa ‘o vermelho’ segundo a cor dos tijolos vermelhos do
zigurate existente lá. Zigurateera um tipo de templo para os deuses, criado pelos
sumérios, os antepassados dos babilônios e assírios, e construído na forma de pirâmide
terraplanada. O formato era o de vários andares construídos um sobre o outro, com
plataformas ovais, retangulares ou quadradas, que iam diminuindo de tamanho como
uma pirâmide até o topo. O número de andares variava de dois a sete. Havia vários
Zigurates na Babilônia.

Zigurate em Ur dos Caldeus – Fachada reconstruída

Quanto à relação que alguns fazem destes sessenta e cinco anos (Is 7: 8) com Jr 49:
23-27 não parece ser correta, pois o reino de Damasco foi destruído pela Assíria, mas a
cidade permaneceu, e é para ela que Jeremias estava profetizando (Jr 49: 27). O
cumprimento da profecia de Jeremias se deu, provavelmente em 581 AC, cerca de cinco
anos após a destruição de Jerusalém (586 AC) por Nabucodonosor. Porém, quanto aos
anos profetizados por Isaías, provavelmente, trata-se da Assíria entre os reinados de
Tiglate-Pileser III (745-727 AC), Salmaneser V (727-722 AC) e Sargom II (722-705 AC).
Tiglate-Pileser III conquistou três regiões de Israel entre 734-732 AC: Zebulom, Naftali e
Galiléia (2 Rs 15: 29). Damasco foi capturada em 732 AC e foi reduzida a cidade
subsidiária dentro da província assíria de Hamate. Daí por diante perdeu sua influência
política, ficando apenas com a influência econômica (Ez 27: 18). Depois passou
novamente a ser capital durante o governo selêucida de Antíoco IX em 111 AC. Aretas
(Nabateu) conquistou a cidade em 85 AC, entregando-a depois para Tigranes da
Armênia. A partir de 64 AC até 30 DC foi domínio Romano.

Salmaneser V (727-722 AC) sitiou Samaria por três anos (2 Rs 17: 5; 2 Rs 18: 9-11),
enquanto seu sucessor Sargom II (722-705 AC) a capturou no ano em que subiu ao
trono (Exílio de Israel para a Assíria – 722 AC). O rei da Assíria transportou a Israel para
a Assíria e o fez habitar em Hala, junto a Habor (2 Rs 17: 6; 2 Rs 18: 11; 1 Cr 5: 26) e
ao rio Gozã, e nas cidades dos Medos. Habor – um rio (atualmente Habür) que deságua
no Eufrates. Atravessava a província Assíria de Gozã (nehar gôzãn, ‘rio de Gozã’). No
lugar da população israelita, foram trazidos os habitantes da Babilônia, de Cuta, Ava,
Hamate e Sefarvaim.

Só sabemos que após este encontro de Isaías com Acaz, quando Rezim e Peca vieram
contra Jerusalém, não conseguiram invadi-la (2 Rs 16: 5). Os dois reis citados acima
planejavam invadir Judá para depor Acaz e no seu lugar colocar um rei que não era da
linhagem de Davi [o filho de Tabeal ou Tabeel], que envolveria o país na coalizão contra
o Império Assírio. Esse personagem (Tabeal ou Tabeel) é desconhecido, embora pareça
ser um Efraimita.

Deportação dos judeus para a Assíria por Tiglate-Pileser III e Sargom II

A vinda de Emanuel (Cristo, profecia Messiânica) – v. 10-16

Isaías profetiza a vinda do reino messiânico na presença de um menino, Emanuel,


nascido de uma virgem (complementado pela profecia de Is 9: 1-7). Essa condição
incomum para o nascimento de uma criança mostraria a presença de Deus neste
menino, ou seja, o nascimento do Messias seria um nascimento sobrenatural.

• Is 7: 10-16: “E continuou o Senhor a falar com Acaz, dizendo: Pede ao Senhor, teu
Deus, um sinal, quer seja embaixo, nas profundezas, ou em cima, nas alturas [NVI: ‘um
sinal milagroso, seja das maiores profundezas, seja das alturas mais elevadas’]. Acaz,
porém, disse: Não o pedirei, nem tentarei ao Senhor. Então, disse o profeta: Ouvi,
agora, ó casa de Davi [NVI: ‘Ouçam agora, descendentes de Davi’]: acaso, não vos
basta fatigardes os homens, mas ainda fatigais também ao meu Deus? Portanto, o
Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá [NVI: ‘ficará grávida’] e
dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel. Ele comerá manteiga e mel quando souber
desprezar o mal e escolher o bem [NVI: ‘ele comerá coalhada e mel até a idade em que
saiba rejeitar o erro e escolher o que é certo’]. Na verdade, antes que este menino saiba
desprezar o mal e escolher o bem, será desamparada a terra ante cujos dois reis tu
tremes de medo [NVI: ‘reis que você teme ficará deserta’]”.
Aqui, Isaías propôs a Acaz que ele pedisse um sinal miraculoso ao Senhor de que a
profecia era verdadeira, de que Judá não seria invadida nem por Israel nem pelos Sírios
de Rezim num futuro próximo (em menos de 2 anos, ao que dá a entender: ‘até a idade
em que saiba rejeitar o erro e escolher o que é certo’, o que fala de uma tenra idade do
menino). É interessante que o profeta responde não diretamente para Acaz, mas para a
descendência dos reis da linhagem de Davi (‘Ouvi, agora, ó casa de Davi... o Senhor
mesmo vos dará um sinal’; NVI: ‘Ouçam agora, descendentes de Davi’). E aí surge muita
polêmica entre os teólogos porque uns sugerem que o sinal seria o nascimento do
próprio descendente de Acaz, Ezequias, o qual eles chamam de ‘o tipo de Cristo’. Outros
dizem que a ansiedade de Isaías diante de uma situação calamitosa a qual a nação de
Judá atravessava (não só no âmbito político como também religioso, com alto grau de
idolatria) o fazia ansiar pela rápida vinda do Messias, projetando-o em Ezequias. Mas
não é verdade, pois se Ezequias começou a reinar em co-regência com Acaz em 729 AC
e como rei único em 716 AC (com 25 anos de idade – 2 Rs 18: 2; 2 Cr 29: 1) e essa
situação estava ocorrendo em 734 AC, ele já tinha nascido (741 AC) e, portanto, deveria
ter mais ou menos 7 anos na época. O profeta estava se referindo à descendência de
Acaz e à Casa real de Judá; conseqüentemente, ao Messias, a Jesus.

Aí surge outra questão discutida pelos teólogos que é a palavra hebraica usada por
Isaías para ‘virgem’, ou seja, ‘almâ ou `almah (Strong #5959), e que quer dizer, ao pé
da letra, ‘mulher solteira’; também significa: uma moça (como que velada ou privada –
com respeito ao costume de ocultar o rosto da moça com um lenço, um véu): donzela,
menina, jovem, virgem em idade de casamento (entre 12 e 15 anos). A palavra ‘almâ
não é empregada no oriente próximo nem na bíblia, pois poderia se tratar de uma
mulher imoral; ou, então, uma mulher de bom comportamento e ainda solteira; assim, o
nascimento teria que ser sobrenatural, o que nos fala a favor de uma visão muito
longínqua, como o nascimento do Messias.

As outras palavras para ‘virgem’, em Hebraico, poderia ser bethülâ (pode ser uma
virgem), mas geralmente vem acompanhada da palavra ‘desposada’, ou da frase:
‘prometida em casamento’ ou ‘a quem nenhum homem havia possuído’ [como em Jl 1:
8; ou Gn 24: 16, a respeito de Rebeca: “A moça era mui formosa de aparência, virgem,
a quem nenhum homem havia possuído; ela desceu à fonte, encheu o seu cântaro e
subiu”, onde ‘moça’ é na‘arâ ou na`arah – Strong #5291: uma menina (da infância até a
adolescência): donzela, mulher jovem, empregada doméstica; e ‘virgem’ é bethülâ ou
bthuwlah – Strong #1330: separar; uma virgem (de sua privacidade); uma noiva;
figurativamente: uma cidade ou estado: jovem senhora, virgem]. Outro termo para esse
estado de mulher prometida ou noiva, seguida da palavra ‘desposada’, aparece em Dt
22: 23: ’aras (Strong #781): uma raiz primitiva que significa: se comprometer por meio
do matrimônio: noivado, esposa. Em Dt 22: 23, está escrito (ARA): “Se houver moça
virgem, desposada, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela,...”, onde
‘moça’, em hebraico é na`arah – Strong #5291 (como explicado acima); ‘virgem’ é
bthuwlah – Strong #1330, e ‘desposada’ é ’aras (Strong #781).

Quando a mulher é casada, se dá o nome de ’ishshâ do homem (’ish = esposo). Em Is


62: 4, a bíblia escreve Beulá ou Beulah, desposada, casada; e Hephzibah (Chephtsiy
bahh – Strong #2657: Meu deleite é nela, meu prazer está nela, o nome fantasia para a
Palestina).

A palavra ‘virgem’ pode ser encontrada, por exemplo, no NT, em grego, se referindo às
filhas de Filipe, o evangelista (At 21: 9 – virgens, Strong #g3933: parthenos,
significando: uma donzela; por implicação, uma filha solteira; virgem).
Resumindo: numa visão, Isaías contemplou uma virgem grávida, prestes a dar à luz
um filho, ao qual daria o nome de Emanuel; e isso mostraria a presença de Deus no
nascimento da própria criança. Dessa forma, a profecia parece extrapolar o sinal a ser
dado para Acaz (no máximo dois anos) de que Judá não cairia nas mãos desses dois
inimigos. Por isso, o que Isaías escreveu (‘uma mulher de bom comportamento e ainda
solteira’) implicaria num nascimento sobrenatural do menino, como o nascimento do
Messias, uma visão muito longínqua.

Emanuel (Is 7: 14; Is 8: 8), em hebraico é ‘immãnü’el ou ‘immanuw’el (Strong #6005),


significando: Conosco (é) Deus. Mt 1: 23 faz referência a Emanuel, e diz que Jesus havia
nascido para cumprir a profecia de Isaías, portanto, fica inviável também a explicação de
alguns sobre Emanuel se tratar do nome do filho de Isaías. A bíblia só menciona os dois
nomes simbólicos dos dois filhos do profeta; e sua esposa era chamada de ‘a profetisa’
(Is 8: 3), provavelmente porque ela, igualmente, profetizava. Tinha dois filhos com
nomes simbólicos (Is 8: 18): ‘Um-Resto-Volverá’ (‘shearjashub’ = ‘um remanescente
voltará’, em relação ao remanescente do povo de Deus que se voltaria de coração para
Ele – Is 7: 3) e ‘Rápido-Despojo-Presa-Segura’ ou ‘Rápido para o saque, pronto para o
despojo’ (Is 8: 1; 3 – Maher-Shalal-Hash-Baz, por causa da invasão dos assírios sobre a
Síria e Samaria). Mateus (Mt 1: 23) usa o nome grego ‘Emmanouel’ (Strong g#1694),
que significa: Deus conosco; Emanuel: um nome de Cristo.

A bíblia diz no final do trecho acima: “Na verdade, antes que este menino saiba
desprezar o mal e escolher o bem, será desamparada a terra ante cujos dois reis tu
tremes de medo [NVI: ‘reis que você teme ficará deserta’]”. Isso queria dizer que num
prazo menor do que dois anos, tanto Síria quanto Israel (reino do norte) cairiam, o que
de fato aconteceu: a Síria caiu em poder dos assírios em 732 AC, e Israel ficou também
ameaçado pelos assírios. Acaz apelou para os Assírios, e a bíblia diz em 2 Cr 28: 20-21
que Tiglate-Pileser III veio em sua ajuda, mas o pôs em aperto, em vez de fortalecê-lo,
pois Acaz passou a pagar um alto tributo para o rei da Assíria.

Isso não se refere à profecia sobre o segundo filho de Isaías (Is 8: 3), pois a mulher de
Isaías não poderia se chamar de ‘almâ, ou seja, ‘virgem’, ou ‘mulher solteira’. Tampouco
se refere a um terceiro filho, tido com uma virgem (talvez, uma concubina) como muitos
dizem, como outro sinal de Deus, pois a bíblia nos deixa bem claro o número e os nomes
dos seus filhos.
Males sobre Jerusalém – v. 17-25.
• Is 7: 17-25: “Mas o Senhor fará vir sobre ti, sobre o teu povo e sobre a casa de teu pai
[NVI: ‘descendência de seu pai’], por intermédio do rei da Assíria, dias tais, quais nunca
vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá. Porque há de acontecer que,
naquele dia, assobiará o Senhor às moscas que há no extremo dos rios do Egito e às
abelhas que andam na terra da Assíria; elas virão e pousarão todas nos vales profundos,
nas fendas das rochas, em todos os espinhos e em todos os pastios [NVI: ‘em todas as
cisternas’]. Naquele dia [NVI: ‘Naquele dia, o Senhor utilizará uma navalha alugada de
além do Eufrates, o rei da Assíria’], rapar-te-á o Senhor com uma navalha alugada
doutro lado do rio, a saber, por meio do rei da Assíria, a cabeça e os cabelos das
vergonhas [NVI: ‘para rapar os pelos de suas pernas’] e tirará também a barba. Naquele
dia, sucederá que um homem manterá apenas uma vaca nova e duas ovelhas, e será tal
a abundância de leite que elas lhe darão, que comerá manteiga [NVI: ‘Naquele dia, o
homem que tiver uma vaca e duas cabras terá coalhada para comer, graças à fartura de
leite que elas darão’]; manteiga e mel comerá todo o restante no meio da terra.
Também, naquele dia, todo lugar em que houver mil vides, do valor de mil siclos de
prata [NVI: ‘doze quilos de prata’], será para espinheiros e abrolhos. Com flechas e arco
se entrará aí, porque os espinheiros e abrolhos cobrirão toda a terra [NVI: ‘Os homens
entrarão ali com arcos e flechas, pois todo o país estará coberto de roseiras bravas e de
espinheiros’]. Quanto a todos os montes, que os homens costumam sachar [sachar =
lavrar com enxada; sacho= pequena enxada] para ali não irás por temeres os espinhos e
abrolhos; serão para pasto de bois e para serem pisados de ovelhas”.

A profecia diz que a assolação do inimigo será visível e, conseqüentemente, haverá


escassez de suprimento da lavoura e dos animais.

• Is 7: 17: “Mas o Senhor fará vir sobre ti, sobre o teu povo e sobre a casa de teu pai
[NVI: ‘descendência de seu pai’], por intermédio do rei da Assíria, dias tais, quais nunca
vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá” – pode-se dizer que este
versículo dá seqüência ao v. 16 do trecho anterior que falava sobre Emanuel. Emanuel,
ou o Messias, era um plano para a libertação de Seu povo no futuro, mas de qualquer
forma, Acaz tinha sido avisado pelo profeta de que a ameaça de Peca e Rezim estava
longe dele: “será desamparada a terra ante cujos dois reis tu tremes de medo [NVI: ‘reis
que você teme ficará deserta’]” (Is 7: 16). Isso queria dizer que num curto prazo, tanto
Síria quanto Israel (reino do norte) cairiam, o que de fato aconteceu (Is 17: 1; Am 1: 4;
5), pois Acaz apelou para os assírios (2 Rs 16: 7). Os assírios, sob Tiglate-Pileser III
tomaram Damasco em 732 AC e a Síria caiu em seu poder, e levou os cativos de
Damasco para a Assíria. Ele também matou Rezim (2 Rs 16: 9). Em troca dos favores
que Tiglate-Pileser III lhe havia prestado, Acaz tomou a prata e o ouro do templo, da
casa real e da casa dos príncipes e os deu ao rei assírio (2 Rs 16: 8-9; 2 Cr 28: 20-21),
mas depois, foi intimado a pagar tributo a este.

O que se sabe pelo relato bíblico é que nos dias de Acaz ele fez altares em todos os
lugares de Jerusalém e Judá (2 Cr 28: 24-25; 2 Rs 16: 4) e queimou seu próprio filho
em sacrifício (2 Rs 16: 3 – ‘seu próprio filho’; 2 Cr 28: 3 – ‘seus próprios filhos’). Por
isso, não apenas Peca e Rezim vieram contra ele. Os edomitas invadiram Judá e levaram
presos em cativeiro. Também os filisteus invadiram o sul de Judá e tomaram algumas
aldeias, porque o Senhor humilhou Acaz, principalmente, por causa de seus pecados de
idolatria (2 Cr 28: 17-19).
Por causa da recusa de Acaz em pedir um sinal ao Senhor, como o profeta tinha sugerido
(Is 7: 11-12), e ter preferido apelar para o rei da Assíria, agora a profecia era que isto
teria um preço: ele conheceria o jugo assírio. Tiglate-Pileser III capturou três regiões de
Israel entre 734-732 AC: Zebulom, Naftali e Galiléia. Também reduziu o reino do norte
de Israel à região montanhosa de Efraim, sendo Samaria sua capital. Além de ter
matado Rezim, rei da Síria, Tiglate-Pileser III confirmou o reino a Oséias, que matou
Peca (2 Rs 15: 29; 2 Rs 17: 1), deixando-o governar em Samaria. O rei assírio pretendia
vir a Judá e Jerusalém em seguida.

• Is 7: 18-19: “Porque há de acontecer que, naquele dia, assobiará o Senhor às moscas


que há no extremo dos rios do Egito e às abelhas que andam na terra da Assíria; elas
virão e pousarão todas nos vales profundos, nas fendas das rochas, em todos os
espinhos e em todos os pastios [NVI: ‘em todas as cisternas’]”.

O Senhor comparava os egípcios com as moscas que abundavam naquele país, por
causa da multidão de seus exércitos, e da rapidez de sua marcha. Os assírios eram
comparados com abelhas porque elas eram abundantes naquele país, e por causa do
número de seus exércitos, da sua ordem militar e disciplina, e da sua natureza
prejudicial e perniciosa. Pelo que se sabe não houve uma coligação entre o Egito e
Tiglate-Pileser III para entrar em Judá. Mesmo que não tivessem entrado em Jerusalém
(Isaías 7: 18) os assírios vieram e destruíram grande parte das terras de Judá.

• Is 7: 20: “Naquele dia, rapar-te-á o Senhor com uma navalha alugada doutro lado do
rio, a saber, por meio do rei da Assíria, a cabeça e os cabelos das vergonhas e tirará
também a barba”.

Por causa dos pecados de Acaz, o rei da Assíria, como instrumento do Senhor, o deixará
de luto e cheio de preocupação pela desolação de Judá. A navalha também é símbolo de
que as terras serão arrasadas.

O ato de rapar o cabelo e a barba era habitual em grandes lutos. Mas aqui, o Senhor
mostra um luto muito maior a Acaz: não só a cabeça e a barba; também os cabelos das
vergonhas [NVI: ‘das pernas’], ou seja, sua virilidade, sua autoridade e seu poder de
reação também seriam afetados.

• Is 7: 21-25: “Naquele dia, sucederá que um homem manterá apenas uma vaca nova e
duas ovelhas, e será tal a abundância de leite que elas lhe darão, que comerá manteiga
[NVI: ‘Naquele dia, o homem que tiver uma vaca e duas cabras terá coalhada para
comer, graças à fartura de leite que elas darão’]; manteiga e mel comerá todo o
restante no meio da terra. Também, naquele dia, todo lugar em que houver mil vides,
do valor de mil siclos de prata [NVI: ‘doze quilos de prata’], será para espinheiros e
abrolhos. Com flechas e arco se entrará aí, porque os espinheiros e abrolhos cobrirão
toda a terra [NVI: ‘Os homens entrarão ali com arcos e flechas, pois todo o país estará
coberto de roseiras bravas e de espinheiros’]. Quanto a todos os montes, que os homens
costumam sachar [sachar = lavrar com enxada; sacho= pequena enxada] para ali não
irás por temeres os espinhos e abrolhos; serão para pasto de bois e para serem pisados
de ovelhas”.

Quando a bíblia fala sobre um homem ter apenas uma vaca nova e duas ovelhas, isso
parece indicar a escassez tanto de homens como de animais depois que o inimigo se
retirou da terra. Mesmo havendo tão poucos animais, como uma vaca e duas ovelhas, os
que restarem terão como se alimentar a si mesmos e às suas famílias: com leite,
manteiga e mel (pois haveria abelhas lá). Como as plantações foram devastadas e havia
poucos homens e poucos animais para cuidar da terra, a lavoura seria ocupada por
espinheiros e abrolhos; os homens teriam que ir ao campo com flechas e arcos por medo
de se machucar nos espinheiros e por medo dos animais selvagens, serpentes e
escorpiões que poderiam, eventualmente, se esconder nesse tipo de planta. Por não
haver mais cercas entre as propriedades, os animais domésticos que restassem (bois e
ovelhas) pastariam soltos.

A única vez que o Egito, Judá e Assíria estiveram envolvidos ao mesmo tempo em guerra
foi na época de Josias (640-609 AC), quando Neco II do Egito (610-595 AC) tentou
impedir o avanço de Nabucodonosor aliando-se à Assíria. Tentou passar pela terra de
Judá, mais foi detido pelo rei Josias, que morreu na batalha de Megido (2 Reis 23: 29).
Neco não invadiu Judá; seu objetivo era só passar por ali. A batalha decisiva ocorreu em
Carquemis, no norte da Síria, em 605 AC entre Neco II e Nabucodonosor II. Neco foi
derrotado e a Babilônia pôde consolidar seu domínio sobre a região; conquistou tudo que
pertencia ao Rei do Egito, entre o Rio Nilo e o rio Eufrates.

Uma situação de envolvimento entre os três países numa guerra, como referido acima,
poderia ser no sétimo ano de Oséias (725 AC), quando Salmaneser V da Assíria subiu
contra Israel e o derrotou porque este pediu auxílio a Faraó Sô do Egito (2 Rs 17: 4;
provavelmente uma abreviatura de (O)so(rkon), Osorkon IV, da 22ª dinastia – 730-712
AC, que reinou em Tânis e Bubástis – ou Tefnacte, da 24ª dinastia, e que reinou em
Saís, 732-725 AC). Sua autoridade também foi reconhecida em Memphis. Mas Tefnacte
(Sô) não pôde ajudá-lo porque estava com problemas internos no país, em guerra contra
faraós de Cuxe, que disputavam o trono do Egito. Oséias foi encarcerado. Samaria foi
sitiada por três anos (2 Rs 17: 5-6; 2 Rs 18: 9-11). No nono ano (722 AC – 2 Rs 18: 9-
11), Israel foi tomado por Sargom II e exilado. No reinado de Sargom II (722-705 AC) o
Egito também caiu em poder dos assírios (716 AC), no ano que Ezequias subiu ao poder
em Judá. Asdode (cidade da Filístia) foi saqueada em 711 AC por Sargom II (Is 20: 1).

Autora: Pastora Tânia Cristina Giachetti

• Principal fonte de pesquisa: Douglas, J.D., O novo dicionário da bíblia, 2ª ed. 1995, Ed.
Vida Nova.
• Fonte de pesquisa para algumas imagens: wikipedia.org e crystalinks.com

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