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COMO CRIAR UMA LUZ

QUE IMPRESSIONA NA
SUA FOTOGRAFIA
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COMO CRIAR UMA LUZ


QUE IMPRESSIONA NA
SUA FOTOGRAFIA.

ROBERTO CECATO

© Roberto Cecato
Fotoweb Academy
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A luz foi utilizada como elemento expressivo


desde a pré-história na pintura, no teatro, no
cinema e nas artes plásticas.

Aqui vamos entender como usar os efeitos


físicos e psicológicos da luz para construir
uma fotografia que impressione.

COMO CRIAR UMA LUZ QUE IMPRESSIONA NA SUA FOTOGRAFIA


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PRÓLOGO 05

A LUZ 06

A CAVERNA E A OCA 08

PENSANDO A LUZ 11

ILUMINAÇÃO E FOTOGRAFIA 13

ILUMINAÇÕES NA PINTURA 15

SOL E LUA: DUAS SENSAÇÕES 18

A CAVERNA NO CINEMA 19

A LUZ E A ARTE 23

COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ 25

CONSIDERAÇÕES FINAIS 41

SOBRE O AUTOR 43

COMO CRIAR UMA LUZ QUE IMPRESSIONA NA SUA FOTOGRAFIA


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PRÓLOGO

Em 1872 o pintor Claude Monet inaugura com a sua obra “Impressão:


nascer do sol”, um movimento chamado Impressionismo, que
revolucionou a pintura e inspirou o título deste livro.

MOVIMENTO, CONTRASTE E LUZ.


Este movimento libertava a pintura de uma descrição fiel das formas
para dissolve-las em sensações evocadas pelos contrastes de cor e luz.

O Impressionismo guarda uma relação estreita com a fotografia, nascida


pouco antes, e chamando para si o papel de representar fielmente a
realidade.

A luz, elemento fundamental do impressionismo, é também a base da


fotografia, e tem sido durante a história protagonista da nossa
percepção de mundo e dos nossos sentimentos, como veremos a seguir.

PRÓLOGO - 05
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A LUZ

LUZ é vida, e tendo passado a vida trabalhando com a luz, é natural


que a um certo ponto acabasse por refletir sobre o assunto.

Como tudo de importante que me aconteceu, não sei bem porque me


tornei fotógrafo, mas sempre fui fascinado pelos jogos de luz que se
encontram por acaso, em qualquer lugar, como se ali acontecesse uma
pequena revelação da natureza que sen exprime, silenciosa e
surpreendente.

Sombras, reflexos, transparências, que alteram a realidade dando-lhe


um toque de magia.

Além de transmitir calor e energia as variações da luz do dia provocam


sentimentos variados: um dia nublado e cinza nos deprime, um dia de
sol nos alegra, o entardecer é melancólico.

A LUZ - 06
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A LUZ

Não se tratam apenas de lugares comuns, mas um complexo sistema


biofísico que entra em ação para comunicar ao cérebro impulsos que
se transformam em sensações.

Os nossos olhos possuem dois tipos de receptores que captam a luz:


os cones, que identificam as cores, e os bastonetes, que são mais
sensíveis mas não identificam as cores

Assim, em situações de baixa luminosidade o olho humano não é capaz


de distinguir as cores e a acuidade visual é reduzida. Uma expressão
popular diz que à noite todos os gatos são pardos. Essa sensação onde
não se reconhecem bem as coisas e os obstáculos é impressa no
inconsciente coletivo como um perigo potencial.

Já num dia de sol as cores são intensas e a luz cria sombras que
definem contrastes e volumes. Assim tudo se revela em sua
plenitude e nos sentimos seguros e confortados. O calor do sol e a sua
energia que alimenta a vida estão gravados no nosso inconsciente
como uma sensação positiva.

A LUZ - 07
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A CAVERNA E
A OCA
No mito da caverna de Platão, a percepção da luz que projeta sombras
dentro de uma caverna propõe uma visão de mundo distorcida, onde
prisioneiros acorrentado atrás de um muro, sem poder verificar o que
acontece fora, imaginam que o mundo é feito de sombras.

O aspecto psicológico que a luz imprime a uma cena é decisivo para a


construção da imagem e das sensações que ela pode evocar.

A CAVERNA E A OCA - 08
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A CAVERNA
E A OCA

A fotógrafa Claudia Andujar conta no texto ”Na trama da Luz” como


procurou soluções para reconstruir no seu trabalho as sensações
narradas pelo xamã Yanomami Davi Kopenawa (Luzes, muitas luzes,
transitam nos caminhos dos (espíritos )"xapiripî ",descendo das alturas
ao mago da grande casa):

Incorporei esta visão de luzes no meu trabalho na época, ou seja, na


parte que chamo o Invisível do meu trabalho, visão de luz e magia. Não
foi fácil encontrar soluções visuais para trilhar a magia da luz, os raios
de luz, numa casa que vive na penumbra....

Nas construções Yanomami, com tetos altos e fechados, encontrei


soluções naturais, através de aberturas que deixam no cume da
construção para a saída de fumaça e, com isto, a penetração de raios
de luz solar. Em certas imagens, aproveitei os caminhos da fumaça
subindo ao cume da casa, criando assim uma cortina luminosa”.

Em outra ocasião, a fotógrafa utilizou efeitos de longa exposição


associados à luz de flash para representar os delírios e visões vividos

A CAVERNA E A OCA- 09
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A CAVERNA
E A OCA

pelos índios em rituais sob efeito de uma planta alucinógena.

Conhecendo as fotografias de Claudia Andujar percebe-se o quanto a


relação com a luz do lugar influenciou o seu trabalho, seja nos retratos
que nos rituais xamânicos, para representar além do fato observado
uma realidade interior, espiritual,

A CAVERNA E A OCA- 10
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PENSANDO A LUZ

Tudo se transforma com a luz e o fotógrafo, como o escritor que usa as


palavras para construir uma narrativa, também manipula a sua matéria-
prima para criar imagens onde a subjetividade se constrói a partir de
elementos objetivos.

Como em todas as formas de expressão, se a luz for utilizada como


elemento puramente estético pode não comunicar nada. Só ao
contribuir para a construção de uma ideia, criar sentido, é que a luz
revela a sua força.

A luz se revela também através das sombras, e o mistério que estas


escondem provoca a nossa imaginação. Assim também é misteriosa a
própria natureza da luz, que através dos séculos desafiou os cientistas
que tentaram entendê-la.

Quem primeiro formulou hipóteses sobre a natureza luz foram os


filósofos gregos, e então pensava-se o mundo como um todo onde

PENSANDO A LUZ - 11
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PENSANDO A
LUZ

arte, ciência e filosofia faziam parte de um mesmo sistema.

O conhecimento se movia na tentativa de compreender a relação do


indivíduo com o mundo.

Hoje admitimos que a luz tem uma caráter dualístico, ou seja, onda e
energia contemporaneamente, sendo suas característica explicáveis
ora por um modelo, ora por outro. Se a nossa percepção de mundo se
dá em 70% através da visão, pensar a luz é pensar o mistério que anima
e sustenta o mundo que conhecemos.

Refletindo sobre a natureza da luz e os seus efeitos na fotografia vêem


em mente palavras que pertencem tanto à Física quanto à Filosofia,
como reflexão, difusão, revelação e iluminação.

PENSANDO A LUZ- 12
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ILUMINAÇÃO E
FOTOGRAFIA
Iluminação na tradição budista é a realização de um estado de perfeição, de
harmonia com o universo.

Assim como no sentido espiritual é quase impossível atingir a


iluminação, o homem também jamais conseguiu penetrar na
verdadeira natureza da luz. Os modelos de análise propostos pela Física
permitem porém entender a ação da luz, e através dessa observação
podemos então controlar as suas propriedades e utilizá-las a nosso
favor.

Se a luz de certo modo constrói o mundo em que vivemos, permitindo-


nos através da visão de percebê-lo, a fotografia seria uma prova da
existência desse mundo, revelando tanto o aspecto físico quanto
psicológico dos momentos registrados.

Sendo a luz a matéria-prima da fotografia, a "iluminação" da cena


fotografada seria determinada tanto pela luz ambiente quanto pela “luz

ILUMINAÇÃO E FOTOGRAFIA - 13
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ILUMINAÇÃO E
FOTOGRAFIA

dos olhos” que a fotografaram.

Roland Barthes em " A Câmera Clara", conta que ao observar a foto do


ultimo irmão de Napoleão, com assombro lhe veio em mente: “Estou
vendo os olhos que viram o Imperador”. O nosso olhar observa o
mundo, transformando-o e traduzindo-o em sensações que são
diferentes para cada indivíduo.

Quem fotografa de certo modo está sempre refletido na imagem


realizada. A escolha de um enquadramento e uma expressão
específicos revelam muito do fotógrafo, cujo aparato cultural e
experiência de vida determinam essa escolha.

O autor da fotografia se reflete no mundo e é ao mesmo tempo um


reflexo deste, de modo que o mundo também se transforma e a
realidade é sempre relativa. Duas pessoas no mesmo lugar o
descreverão sempre25e modo diverso, seja com palavras que com
imagens.

ILUMINAÇÃO E FOTOGRAFIA - 14
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ILUMINAÇÕES NA
PINTURA
A fotografia nasceu como sucessora da pintura figurativa na descrição
do mundo enquanto a observação e o uso da luz sempre foi presente
na pintura clássica.

No Renascimento era muito utilizada na pintura a "câmera obscura", um


ambiente escuro onde através de um orifício a imagem do exterior se
projetava invertida sobre uma tela ou uma parede, e precursor da
câmera fotográfica.

Nessa parede mágica, após um tempo passado na escuridão,


lentamente se revelava ao pintor um mundo invertido, uma imagem
imaterial que se deixava copiar como simulacro da realidade, o que a
fotografia fez depois de modo perfeito, fixando-a num suporte foto-
sensível.

Da pintura bizantina onde os santos eram representados com um halo


luminoso em torno da cabeça ao coração de Jesus com os raios
flamejantes, a luz na pintura foi representada muitas vezes também
como luz interior.

ILUMINAÇÕES NA PINTURA - 15
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ILUMINAÇÕES NA
PINTURA
Em Caravaggio a luz dramática e pontual constrói a cena, criando
sombras onde se escondem os mistérios da religião e da vida,
revelando somente o essencial. O seu São Jeronimo, que se encontra na
Galeria Borghese, em Roma, é uma obra prima de essencialidade no
retratar a condição humana: uma mesa tendo de um lado um velho
vestindo uma túnica vermelha, cor do sangue e da vida, e do outro uma
caveira e um pano branco, espelho da sua próxima condição, da morte
que se aproxima.

É tudo o que a luz da cena faz emergir das trevas.

ILUMINAÇÕES NA PINTURA - 16
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ILUMINAÇÕES
NA PINTURA

J.W.Turner, provavelmente o mais importante pintor romântico da


Inglaterra, fez da luz o elemento fundamental do seu trabalho. Suas
paisagens, onde a natureza se impõe potente e indomada, evoluíram
no tempo para uma dissolução da forma na pura expressão da luz
como elemento fundamental de um mundo onde o homem se dissolve
no esplendor da criação.

A luz era para ele a manifestação do espírito divino, e teria dito antes
de expirar: “O Sol é Deus”.

ILUMINAÇÃO E FOTOGRAFIA - 17
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SOL E LUA:
DUAS SENSAÇÕES
O homem é um ser diurno, e a noite é o habitat de animais predadores, que
se orientam pelo olfato e enxergam muito melhor que o homem na
ausência de luz.

A noite é também reduto dos amantes, da intimidade reencontrada


após as atividades do dia que acabou, o momento de repouso onde as
estrelas do céu vem nos lembrar da imensidão do universo. Nas
cidades, onde a luz artificial e a poluição escondem as estrelas, a noite
é prazer e divagação, diversão e encontro.

O mecanismo biológico associado à alternância entre o dia e a noite é


fundamental para o nosso equilíbrio psicológico. Uma série de
hormônios e processos se ativam no nosso corpo com a presença ou
ausência da luz.

SOL E LUA: DUAS SANÇÕES - 18


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A CAVERNA NO
CINEMA
No filme Apocalypse Now, de Francis Ford Coppola com fotografia de
Vittorio Storaro, a cena em que o rosto de Marlon Brando emerge das
trevas é um dos exemplos mais significativos de como a luz pode
causar uma impressão psicológica profunda.

Um vulto emerge da escuridão como se fosse parte indissolúvel desta,


uma entidade sobre- humana, um buraco negro que se manifesta e
personifica toda a loucura da guerra.

Das trevas o homem criou o fogo para aquecer-se e proteger-se.


Essa primeira luz artificial também serviria para preparar a comida e
passou a ter um papel fundamental na sobrevivência e no
desenvolvimento humano.

Foi com a luz das tochas que o homem construiu 30.000 anos atrás a
impressionante obra pictórica da caverna de Chauvet, relatada por
Werner Herzog no documentário “A Caverna dos Sonhos
Esquecidos”.

A CAVERNA NO CINEMA - 19
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A CAVERNA NO
CINEMA

A luz artificial evoluiu no tempo para outras formas mais sofisticadas,


sobretudo após o advento da eletricidade, e o cinema tornouse a
caverna do sonhos moderna, onde imersos na escuridão vemos
projetadas sobre uma tela imagens que nos transportam para outras
dimensões do ser.

No cinema, filho da luz artificial e dono de grandes recursos, as


técnicas de iluminação se desenvolveram de modo notável e a luz
sempre foi utilizada como recurso dramático. Na execução de um filme
o diretor de fotografia é responsável pela construção da imagem e
sobretudo pela criação de uma atmosfera através do controle da luz.

São muitos os filmes onde se percebe a


utilização da luz como expressão dramática, como “A Infância de Ivan”
de Tarkowsky, “Othelo” de Orson Welles, “Persona” de Ingmar
Bergman e “Paris,Texas” de Win Wenders.

A CAVERNA NO CINEMA - 20
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A CAVERNA NO
CINEMA

Neste último, a fotografia de Robby Muller, construída com meios


essenciais devido a um orçamento muito reduzido, utiliza-se de luz
natural e ambiente, com uma sequencia inesquecível onde o
personagem principal encontra a ex-mulher numa cabina de striptease
e se falam através de um semiespelho, onde a visão do outro é
permitida apenas num sentido.

Uma obra- prima da utilização da luz para narrar um estado psicológico


(abaixo).

Na obra do cineasta Ingmar Bergman, o diretor de fotografia Sven


Nyqvist protagonizou talvez a mais profícua colaboração da história do
cinema, dando corpo e vida às idéias do cineasta através da imagem,
como no filme Persona, abaixo, cuja abertura é uma elegia à arte
cinematográfica.

A CAVERNA NO CIINEMA - 21
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A CAVERNA NO
CINEMA

Outros diretores de fotografia que deixarama sua marca como grandes


escultores da luz foram Vittorio Storaro, Nestor Almendros, Carlo di
Palma, Vadim Yusov, Henri Alekan, e no Brasil Lauro Escorel, Afonso
Beato e Walter Carvalho, entre muitos outros.

Abaixo, "Blow-up", de Michelangelo Antonioni, com fotografia de Carlo


di Palma, um mito da fotografia e do cinema.

A CAVERNA NO CINEMA - 22
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A LUZ E A ARTE
No mundo contemporâneo muitos artistas escolheram a luz como objeto
de trabalho. James Turrel trabalha a relação da luz com o espaço, a
percepção e o sentido de “ver” confrontando o observador com
experiências sensoriais únicas: “ Meu trabalho é mais sobre a sua visão
que sobre a minha, ainda que seja produto da minha visão”.

Sua obra mais impressionante é o observatório de Roden Crater, no


deserto do Arizona, construído dentro de um cone natural de 400.000
anos: “ É um olho, algo que se percebe a si mesmo, uma peça que não
acaba e muda pela ação do sol, da lua, da cobertura das nuvens, com o
dia e com estação do ano...”

A LUZ E A ARTE - 23
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A LUZ E A ARTE
Olafur Eliasson é outro artista que cria ambientes onde a luz produz
alterações napercepção do espaço, como o sol artificial da instalação
“The Weather Project” na Tate Modern, em 2003.

Na exposição realizada em São Paulo no SESC Pompéia em 2012, uma


das instalações era uma grande sala envolta em névoas, onde a luz
difusa no ambiente causava um senso de total desorientação.

Num encontro publico o artista comentou:


“Como saber se o que eu vejo é verdadeiro? A realidade é relativa.
Enchendo o espaço de fumaça o que acontece é que eu perco os
sentidos, e começo a “ver” com os ouvidos”.

No mesmo encontro, falando sobre a luz, disse ainda: “ você não pode
ver a luz caindo sobre o chão, mas se não houvesse a luz também não
existiria o chão”.

A LUZ E A ARTE - 24
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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Nessa matéria para a revista Casa Vogue realizada na Pinacoteca


do Estado em São Paulo utilizei uma luz direcional para projetar a
sombra de uma estátua que se encontrava num espaço atrás da
coluna direita, e assim criar um elemento surpresa na cena, que
assim ganhou teatralidade e mistério.

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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Nessa outra matéria tinha que fotografar móveis em aço inox. Para
criar uma atmosfera mais tecnológica usei como iluminação
grandes tubos de led recobertos com filtros fotográficos na cor
magenta à esquerda e brancos à direita, que se refletem sobre as
superfícies desenhando-as e criando um degradée. A única luz que
ilumina a cena são os tubos a sua reflexão nas paredes brancas do
estúdio.

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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Aqui retratei a atriz Jun Ichikawa no papel da viuva Ching, uma pirata
chinesa que vive um grande conflito, usando a luz que divide seu
rosto como metáfora dessa tensão interior. Ela se gira na minha
direção mas tem interesse em algo que acontece fora do quadro,
mostrando para a câmera o lado escuro do seu rosto. O filme é
“Cantando Dietro i Paraventi”, do grande cineasta italiano Ermanno
Olmi, e o local é o lago de Scutari, no Montenegro.

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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Nesse editorial para a revista A&D utilizei um fundo branco para dar
destaque à cerâmica da artista Kimi Nii. Para criar uma sensação de
que a cerâmica estava próxima à boca de um forno, iluminei as peças
com uma luz quente e direcional, que confere esse tom alaranjado.

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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Essa matéria da revista Casa vogue tinha o tema Brasilidade, e sugeri


que fizéssemos 4 páginas duplas, cada uma cor uma cor da nossa
bandeira. Esta foi iluminada com 8 flashes cobertos com uma
gelatina amarela para dar a cor ao fundo e ao ambiente, e cada
objeto, de um tom amarelo foi iluminado com um spot de cor branca
para ressaltar o seu volume, cor e textura. Essa imagem acabou
sendo a capa e eleita a melhor capa de revista do ano.

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A LUZ E A ARTE - 25
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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Neste editorial da revista Marie Claire mostrávamos roupas e


acessórios com um aspecto militar. Usamos então uma máquina de
neblina para criar esse clima de batalha, um contra luz colorido para
dar mais ênfase à fumaça e uma luz branca em primeiro plano para
os produtos. Foi muito divertido e de tempos em tempo tínhamos
que abrir as portas do estúdio porque não dava para ver mais nada…

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A LUZ E A ARTE - 25
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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Imagem criada para mostrar o colar, utilizando uma luz suave mas
bem estreita e direcionado lado direito, que ilumina bem o rosto e o
objeto e deixa uma sombra dramática. Revista Casa Vogue, com
styling de Adriana Frattini.

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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Criei esta imagem no meu estúdio em Milão para o lançamento de


uma linha de óculos do designer Tom Ford. Tratando-se de óculos
que tinham uma cor na lente, resolvi dar destaque a esse particular
utilizando um contra luz que projetava as lentes sobre um plano
branco, e posicionando a luz para que fizesse um desenho com as
hastes conectando os diversos modelos.

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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Editorial sobre luminárias para a revista Casa Vogue realizado num


parque e utilizando um efeito chamado Noite Americana, muito
usado no cinema e que já foi título de um filme de François Truffaut.
O efeito consiste em fotografar regulando a câmera para luz de
tungsténio e subexpor de modo que a luz do dia pareça azulada. Os
objetos foram iluminados com luz de tungstênio ou flash com filtro
laranja, de modo que as cores destes ficassem naturais. Styling de
Adriana Frattini.

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A LUZ E A ARTE - 25
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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Seguindo a ideia de que luminárias devem estar acesas na medida


do possível, combinamos a luz ambiente das grandes janelas do
meu estúdio paulistano com as luzes das luminárias, criando uma
atmosfera suave e agradável, donde sobressaem o design
escultórico das luminárias, com styling de Adriana Frattini.

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A LUZ E A ARTE - 25
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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Sempre achei absurdas as fotos de luminárias apagadas, porque a


sua função é iluminar, e eu quero ver que luz produzem. Neste
editorial para a revista Casa Vogue utilizamos fumaça para mostrar
a trajetória das luzes e criar uma atmosfera teatral, com folhas
secas no chão e galhos retorcidos. A luz ambiente é difusa e o fios
que conectam as lâmpadas do chão foram eliminados em pós-
produção. Finalmente tivemos que acertar as cores das diferentes
luzes e usar diferentes tempos de exposição pis a potência das
lâmpadas variava. O resultado belîssimo se deve ao styling
excepcional de Adriana Frattini.

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A LUZ E A ARTE - 25
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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Para esta campanha de publicidade da cerveja Skol, utilizamos o


amarelo de fundo e uma luz solar produzida por um refletor Fresnel,
criado as sombras que definem as garrafas e sugere o verão. Agencia
Tatil com direçáo de criação de Renan Bnevenuti.

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A LUZ E A ARTE - 25
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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Luz do dia na sombra e uma tele objetiva desfocando o fundo


superexposto para trazer movimento e leveza à bela figura da
flautista Sofia Ceccato, jóia da família.

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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Fotografar joias é uma das coisas mais complexas do ponto de vista


técnico, porque se trata de objetos pequenos, portanto com pouca
profundidade de campo, onde se devem mostrar transparências e
reflexos que evidenciam a sua preciosidade. Eu gosto sempre de
ambientar as fotos de jóias, adicionando um elemento
complementar como neste caso o ramo de orquídeas para este
colar da coleção internacional Tiffany, fotografada para a revista
Harper’s Bazaar com produção de Tissy Brauen.

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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Quando comecei a trabalhar com publicidade nos anos 80 era


comum o uso do soft box, para dar uma luz agradável e suave, que
não mostrava as imperfeições dos objetos. A um certo ponto,
fotografando para Casa Vogue, o editor João Carrascosa me pediu
para ousar, usar luzes duras, que criavam sombras. Eu então
descobri esse caminho, com certeza mais complexo mas muito
mais interessante nos resultados, e essa luz solar, que aperfeiçoei
nos anos seguintes tornou-se a minha preferida.

Voltando ao Brasil, 25 anos depois, produzimos para a Casa Vogue


com a diretora de estilo Adriana Frattini este editorial, onde a luz
revela perfeitamente os volumes, transparências e texturas.

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COMO CRIAR UMA ATMOSFERA COM A LUZ


FOTOGRAFIAS DE ROBERTO CECATO

Após o editorial com as jóias da Tiffany revista Harper’s Bazaar me


chamou para fotografar a coleção internacional da Bvlgari. São duas
das mais importantes joalherias do mundo, e como já havíamos
usado flores para a primeira, resolvi usar elementos vegetais para
dar um toque de frescor e leveza para estas jóias muito clássicas.

Neste caso utilizei ramos de hortelã complementando o desenho


deste broche cravejado de diamantes e esmeraldas, porque as
cores e as formas se encaixavam perfeitamente.

Como no primeiro caso fotografei sobre uma superfície iluminada


por baixo para eliminar as sombras e dar transparência às folhas,
iluminado com uma luz mais dura o primeiro plano.

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CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Feche os olhos e o mundo à sua volta desaparece. Ver é quase como
respirar, tão automático que não nos damos conta da sua importância
até que da visão sejamos privados.

Sem respirar morremos, e sem a visão morre um pouco o mundo à


nossa volta.

No encontro da realidade objetiva com a nossa projeção sobre ela, da


luz dos nossos olhos nasce com a fotografia uma nova visão do mundo.

Roberto Cecato 2021.

CONSIDERAÇÕES FINAIS - 41
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CONSIDERAÇÕES
FINAIS

CHEGAMOS AO FINAL DO LIVRO, MAS NÃO AO FINAL DA


JORNADA...

Aqui é o Roberto, e estou muito feliz em dividir esta obra exclusiva


com você.

Espero que você absorva ao máximo o valor de cada linha e aproveite


os 02 presentes que deixei para você!

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Te vejo lá!

Um Abraço Roberto.

CONSIDERAÇÕES FINAIS - 42
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SOBRE O AUTOR

C O M ampla trajetória nas áreas


de still-life, beauty e design para o
mercado de luxo, Roberto Cecato viveu
21 anos em Milão, realizando projetos e
campanhas para grandes marcas como
Gucci, Burberry, Bally, Yves Saint-
Laurent, Bulgari, Shiseido, Tom Ford,
Ferragamo, RAiCinema, EMI, Virgin e
Alfa Romeo.

Com trabalhos publicados nas revistas


Wallpaper, Vogue Italia, Vogue Brasil,
Casa Vogue, Elle, Marie Claire, Interni e
Votre Beauté, entre outras, acumulou
prêmios e realizou exposições
individuais na Italia, França, Portugal,
Alemanha e Brasil.

Voltando ao Brasil em 2012, realizou importantes projetos para a Natura,


editoriais para as revistas Casa Vogue, Elle e Harper’s Bazaar, além da
exposição Impermanências. Em 2016 inaugurou um canal no YouTube para
dividir seu conhecimento, e realizou em 2017 o Encontro Fotoweb, um evento
online com entrevistas a 18 dos maiores fotógrafos brasileiros e mais de 800
inscritos.

Em 2019 criou a Fotoweb Academy, uma plataforma online dedicada ao ensino


de fotografia de alto nível, com vídeos, entrevistas e cursos exclusivos, como
A Linguagem do Olhar.

SOBRE O AUTOR

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