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CURSO DE FOTOGRAFIA

FOTOGRAFIA STILL

FOTOGRAFIA DE GASTRONOMIA

Rose Mary da Silva

São Paulo – SP - Brasil


Fevereiro de 2016
CURSO DE FOTOGRAFIA 2015/2016

FOTOGRAFIA STILL

FOTOGRAFIA DE GASTRONOMIA
Por: Rose Mary da Silva

Monografia:
Apresentada como o Trabalho de
Conclusão de Curso de fotografia, da
escola Focus em 2016.

Orientação: Prof. Ênio Leite

São Paulo – SP - Brasil


Fevereiro de 2016
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho, ao meu marido, Carlos


Barrinha, que acreditou no meu potencial e me
deu todo suporte necessário para concretizar os
meus objetivos. Durante esses meses de total
dedicação à fotografia e esse trabalho, ele foi
paciente, compreensivo e participativo. O seu
apoio e o seu amor foram fundamentais para
que eu chegasse até aqui.

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AGRADECIMENTOS

O meu sincero agradecimento a todos que fazem parte da minha vida e participaram deste
momento comigo; meus amigos, filhos, parceiros de corrida, filhos dos amigos, irmãos,
sobrinhos e cunhada. Estavam sempre dispostos a colaborar. Acreditam em mim, me
incentivam, torcem e esperam como eu, ansiosos o final deste trabalho, que todos de certa forma
participaram.

Aos meus amigos de turma que fizeram parte comigo nesta jornada, alguns por pouco tempo,
mas se tornaram pessoas muito queridas e colaboraram para meu aprendizado. Tendo entre
eles grandes talentos, como meu amigo, dedicado e talentoso fotógrafo Caio Paiva, sempre
disposto a ajudar e dividir seus conhecimentos, com longas caminhadas pelo centro da cidade
com aulas práticas.

Aos professores da escola a minha total admiração, pela didática e bela administração de
conteúdo, pela paciência e incentivo por muitas vezes acreditar em nossa capacidade mais que
nós mesmos. Entrei na escola, não sabendo absolutamente nada de fotografia, e hoje posso dizer
que estou preparada para dar os primeiros passos seguramente pela profissão, com a certeza,
que a cada dia tenho muito e muito a aprender, mas tecnicamente preparada para me considerar
uma fotógrafa e ingressar no mercado de trabalho, conhecendo minhas limitações e
aprimorando meus conhecimentos.

A Escola Focus de Fotografia sob direção do Professor e fotógrafo Ênio Leite, agradeço a
competência e disciplina por me tornar uma profissional apta a ingressar na profissão, com as
qualificações necessárias exigidas pelo mercado de trabalho.

E agradeço a minha mãe, Maísa Alves Silva, mulher forte e guerreira, que foi um exemplo para
minha vida, seguindo seus passos acreditei em mim e sempre lutei pelos meus sonhos.

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ÍNDICE

RESUMO................................................................................................................................... 5
ABSTRACT .............................................................................................................................. 6
1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 7
2 - OS DEZ MELHORES FOTÓGRAFOS DE STILL ........................................................ 8
2.1 - ALAN DE HERRERA ............................................................................................................................... 8
2.2 - CARL WARNER ..................................................................................................................................... 12
2.3 - CLARE BARBOSA ................................................................................................................................. 16
2.4 - EVA TONEVA ........................................................................................................................................ 19
2.5 - MOWIE KAY .......................................................................................................................................... 22
2.6 - DAVID GRIFFEN ................................................................................................................................... 25
2.7 - FRANCESCO TONELLI ........................................................................................................................ 28
2.8 - LOU MANNA ......................................................................................................................................... 31
2.9 - NADINE GREEF ..................................................................................................................................... 34
2.10 - TERY LIN FISHER & JENNY PARK .................................................................................................. 37
3 - FOTOGRAFIA STILL ..................................................................................................... 40
3.1 - EQUIPAMENTOS FOTOGRÁFICOS .................................................................................................... 41
3.2 - A ILUMINAÇÃO EM SUA COMPLEXIDADE .................................................................................... 42
4 - FOTOGRAFIA DE GASTRONOMIA ........................................................................... 44
4.1 - A IMPORTÂNCIA DA FOTO NA GASTRONOMIA ............................................................................ 44
4.2 - CRIANDO O CENÁRIO ......................................................................................................................... 45
4.3 - APRESENTANDO O ALIMENTO......................................................................................................... 46
4.4 - UTENSÍLIOS E SUAS CORES ............................................................................................................... 46
4.5 - EDIÇÃO DE FOTOS ............................................................................................................................... 46
4.6 - A ILUMINAÇÃO NA FOTOGRAFIA DE GASTRONOMIA ............................................................... 47
4.7 - EQUIPAMENTOS NA FOTOGRAFIA DE GASTRONOMIA .............................................................. 47
4.7.1 - CONFIGURAÇÕES DO EQUIPAMENTO ......................................................................................................... 48
4.8 - ENQUADRAMENTO VERTICAL ........................................................................................................ 48
4.9 - O OLHAR DO EXPECTADOR .............................................................................................................. 56
5 - O MERCADO FOTOGRÁFICO NA GASTRONOMIA ............................................. 63
5.1 - FOTOJORNALISMO DE CULINÁRIA ................................................................................................. 64
5.2 - STILL LIFE DE CULINÁRIA................................................................................................................. 65
5.3 - EDITORIAL DE CULINÁRIA ............................................................................................................... 66
5.4 - FOTOGRAFIA COMERCIAL DE CULINÁRIA ................................................................................... 66
5.5 - PERSPECTIVA DE MERCADO ............................................................................................................ 68
6 - HONORÁRIOS ................................................................................................................. 69

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RESUMO

Qual é o grande desafio de fotografar gastronomia? Deixar quem está vendo a foto com água
na boca e despertar o seu apetite. Todos já ouviram essa expressão: nós comemos com os olhos.
Passar credibilidade de que aquele alimento, que você está vendo na foto, possui realmente
aquela cor, aquela textura, e o sabor desejado quando saboreá-lo. Despertar a vontade de
degustar, de forma física e emocional, ter prazer imediato. Este é o papel da foto still na
gastronomia.

Procurei unir as minhas duas paixões ao iniciar este trabalho, a gastronomia e a fotografia,
encontrando no modelo still um desafio interessante, onde eu poderia conhecer melhor os
profissionais da área e me aprofundar num assunto tão atual, afinal, a gastronomia nunca esteve
tão em alta.

A maior dificuldade durante este projeto, foi entender como funciona a luz em relação ao
alimento, dando total autenticidade. Tentar dar vida a um objeto inanimado e criar do zero o
cenário foram os meus objetivos principais.

A luz, o ângulo, o equipamento, são itens essenciais em qualquer área da fotografia, mas para
o modelo still deve-se ir além. A arte de fotografar alimentos requer não só conhecimentos
técnicos, mas também sensibilidade. Gosto por arte, moda e cultura, são úteis no momento de
fotografar. Deste modo os grandes fotógrafos de still procuram sempre estarem antenadas as
novidades, ao que está acontecendo no mundo, pois a fotografia still pede mais do que apenas
um clique.

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ABSTRACT

What is the biggest challenge of gastronomic photography? Leave who is seeing the picture
mouthwatering, work up an appetite. Everybody has already seen this expression: we eat with
our eyes. Show credibility that the food that is in the picture really has that color, that texture
and the ideal flavor when you taste it. Awakening the desire to taste, in a physical and emotional
way, the pleasure. This is the role of the still photography for gastronomy.

I've tried to unite my two passions as I began this work, the gastronomy and the photography,
finding in the still photography an interesting challenge, where I could get to know better the
professionals of the area and go deeper in a present subject because after all the gastronomy is
trending like has never been before.

The biggest challenge during this project was understanding how the lightening works with the
food, giving to it total authenticity. Trying to give life to an inanimate object and creating the
setting from scratch were my main goals.

The lightening, the angle, the equipment, those are all essentials on every area of photography,
but for the still style it must go beyond that. The art of photographing food takes not only
technical knowledge but also the sensibility, the taste for art, fashion and culture, all of them
useful when photographing. In that way the still photographers try to always keep up with the
news and with what is happening in the world because the still photography needs much more
than just a click.

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1 - INTRODUÇÃO

Logo no início do estudo da fotografia still você entende algo simples e direto: o fotógrafo still
não tira foto, ele faz a foto. Por isso é normal encontrar nos melhores fotógrafos de still, grande
percepção em outras áreas. É simples, para se fotografar um casaco, é preciso saber sobre moda.

Esse modelo de fotografia é pouco comentado por quem não é profissional, mas talvez a mais
observada e consumida. Na indústria da publicidade e do sempre crescente e-commerce, a still
fotografia se faz essencial.

Com a explosão das redes sociais que exploram a fotografia como um dos seus carros chefes, é
comum observar amadores fazendo fotografia dos seus pratos em restaurantes, isso apenas
tornou ainda mais importante para os profissionais à sabedoria das técnicas, pois isto torna o
consumidor ainda mais exigente.

O ponto mais importante para se chegar ao ponto ideal de uma foto Still será compartilhado
neste projeto, onde busquei conhecimento nos melhores da área, e tentei mostrar como a foto
de uma simples fruta deve ser tratada com seriedade.

A escolha pela gastronomia foi natural, devido ao meu amor incondicional por essa arte. Assim
busquei aprender com fotos usadas no meu cotidiano, com os pratos que faço para a minha
família no dia a dia, com alimentos que são encontradas na cozinha de qualquer casa comum,
seja no interior ou na cidade grande. Criando deste modo, o cenário ideal para a fotografia a
still, partindo do zero, criando a fotografia.

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2 - OS DEZ MELHORES FOTÓGRAFOS DE STILL

Aqui estão os 10 melhores fotógrafos de alimentos do mundo, baseados na sua relevância para
o mercado fotográfico, mostrando toda a diversidade que existe na área.

2.1 - ALAN DE HERRERA / ESTADOS UNIDOS

Alan de Herrera é um dos melhores e mais criativos fotógrafos


de comida comercial do mundo todo e não apenas dos Estados
Unidos. Depois de ver suas fotos impressionantes, realmente se
pode acreditar que ele é um fotógrafo profissional. Alan
começou como fotógrafo de alimentos em 2006. Ele acredita
que a fotografia de comida é desafiadora em diversos aspectos.
Ele fotografa alimentos e bebidas para livros de receitas,
revistas, jornais, negócios culinários e restaurantes em todo o
mundo. Subway, Coca Cola, Jack Daniel’s Meats, Celebrity Chef Guy Fieri, Bush’s Beans,
Famous Dave’s BBQ, Amoretti, Sana International, Costco products, Trintiy Wines, Buca di
Beppo, Double Tree Hotel, King’s Hawaiian Bread, Direct Pack and Golden West Food Group
estão entre os seus maiores clientes de Alan.
Figura 1

Como um fotógrafo de alimentos freelance, Alan fotografou sete livros de receitas nos EUA e
internacionalmente. Ele trabalhou para grandes marcas como a Subway, Coca Cola, Jack
Daniels, Certified Angus Beef e Feijão de Bush, juntamente com chefs famosos, como

Gianfranco Chiarini, Guy Fieri, Stephane Treand, Jaime del Campo e Ramiro Arvizu do show
Top Chef. Alan também filma regularmente para Westways Magazine, Newport Beach

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Magazine, SouthBay Magazine e Laguna Beach Magazine. "Eu sempre fui fascinado com
projetos humanitários natureza e gastronomia” diz Alan.

(Fonte: http://www.alandeherrera.com)

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2.2 CARL WARNER - ESTADOS UNIDOS

Carl Warner é um dos artistas mais criativos e famosos que você


poderia encontrar no mundo. Sua arte é muito peculiar, pois é
baseada no uso da comida para criar o que se poderia chamar de
paisagens alimentares. Ele utiliza alimentos comuns como frutas,
legumes, chocolate e queijo, com uma criatividade sem
precedentes para impressionar. Carl Warner além de artista e
fotógrafo criativo, é também autor de dois livros. O primeiro
“Food Landscapes” (Paisagens Alimentares), foi publicado em
2010 e o segundo “A World of Food” (Um mundo de comida),
foi lançado em 2012.

Nasceu em Liverpool, Inglaterra, em 1963. Na idade de sete anos, mudou-se para Kent com
seus pais e como uma única criança passou horas em seu quarto a ouvir música, desenho e
criação de mundos de sua imaginação, inspirado pelos cartazes sobre suas paredes de artistas
como Salvador Dali e Patrick Woodroofe e os desenhos manga recorde de Roger Dean e o
trabalho de Hipgnosis.

(Fonte: http://www.carlwarner.com)

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2.3 - CLARE BARBOZA / ESTADOS UNIDOS

Clare Barboza é uma fotógrafa documental que se concentra em


contar a história dos alimentos que comemos através de
imagens. A viagem dos alimentos da fazenda até a mesa e os
bastidores. Clare não trabalha somente com restaurantes e chefs,
ela trabalha também com agricultores. Sua paixão por contar
histórias não a impede de tirar fotos incríveis dos alimentos. Ela
brinca com a textura e a cor para conseguir bons resultados.

(Fonte: http://www.clarebarboza.com)

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2.4 - EVA TONEVA / BULGÁRIA

Eva Toneva é uma food stylist e fotógrafa baseada em Sofia, na


Bulgária, onde tem seu próprio estúdio. Ela se interessa por comida
mediterrânea e dos bálcans. Estilizar e fotografar comida para Eva é
como uns quebra cabeças, cada peça deve estar em seu lugar, a fim de
obter um quadro completo e perfeito. Sua paixão por cozinhar sempre
com atenção aos detalhes, ajuda na hora de capturar imagens
fabulosas.

(Fonte: http://www.evatoneva.com)

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2.5 - MOWIE KAY / REINO UNIDO

Mowie Kay é um fotógrafo de comida e viagens. É especialista em


fotografia de alimentos editorial e comercial. Marks & Spencer, Café
Nero, Electrolux, Ryland Peters & Small, Frances Lincoln
Publishing, Octopus Publishing, Anness Publishing, Harrods,
Morrisons, Ocado, Tesco, Jus Rol, The Simple Things, The Wall Street Journal and The Bread
Factory estão entre os grandes clientes comerciais e editoriais com quem Mowie Kay trabalha.

(Fonte: http://www.mowiekay.com)

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2.6 - DAVID GRIFFEN / REINO UNIDO

David Griffen especializou-se em fotografar as cozinhas dos


restaurantes e produtos. O trabalho com produtores de alimentos, chefs
e fabricantes premiados foi responsável por ajudar David Griffen a
ganhar experiência e capturar imagens impressionantes. David faz
fotos para livros de culinária, revistas de alimentos, imprensa nacional,
aplicativos, embalagens, mídias sociais e campanhas publicitárias.
David também produz vídeos para restaurantes famosos e produtores de alimentos.

David Griffen adora comida quase tanto quanto ele ama a fotografia. Ele também é muito
interessado em um interior bem equipados. David mora na Austrália e tem o prazer de ser
cercado por a comida de chefs de primeira linha e deliciosos produtos locais.

(Fonte: https://www.davidgriffen.co.uk)

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2.7 - FRANCESCO TONELLI / ITÁLIA

Francesco Tonelli é um fotógrafo de comida muito criativo,


chef profissional e food stylist criado em Milão, Itália. Sua
paixão por fotografia e comida é a razão principal por trás de
seu trabalho baseado em Union City, Nova Jersey, onde ele
possui um estúdio grande totalmente equipado.

Burger King, Lipton, PepsiCo, Mandarin Oriental, New


York Times entre outros, estão entre seus principais clientes comerciais e editoriais, o que
reflete seu grande sucesso em todo o mundo, não apenas nos Estados Unidos e na Itália.

(Fonte: http://www.francescotonelli.com)

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2.8 - LOU MANNA / ESTADOS UNIDOS

Lou Manna é um fotógrafo de comida premiado com experiência de


mais de 30 anos neste ramo. Iniciou sua carreira no New York Times.
Suas fotografias ilustraram muitas campanhas de marketing,
publicações do setor e mais de 40 livros de receitas. Utilizando técnicas
criativas de iluminação para conseguir suas fotos, Lou Manna é
responsável por imagens de dar água na boca. Ele ainda é autor e
educador e revela muitos segredos em seu livro "Food Digital
Photography" (Fotografia Digital de Comida).

(Fonte: http://www.loumanna.com)

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2.9 NADINE GREEF / ÁFRICA DO SUL

Nadine Greeff é uma fotógrafa freelance que se especializou em fotografar


comida com ênfase em capturar imagens dos ingredientes crus e na história
dos pratos. Espontaneidade e simplicidade em montar as comidas e a
predominância da luz natural são as principais características responsáveis
pelos resultados incríveis observados em suas fotos. O trabalho de Nadine
está baseado na Cidade do Cabo, África do Sul e suas fotos estão publicadas
em diversas revistas e blogs pelo mundo. Em sua fotografia, Nadine Greeff
captura a beleza e vitalidade dos alimentos, ingredientes, pratos e histórias alimentares.

O escopo do trabalho de Nadine variou de trabalhos de impressão para histórias editoriais


alimentares {Food & Wine EUA, Casa e Lazer, Alimentação e Início}, embalagens de
alimentos, catálogo e na loja material de ponto de venda para sites de comida, blogs e redes
sociais.

A beleza de suas fotos reside na utilização da luz natural, alto contraste e sombras profundas. O
resultado é autêntico.

(Fonte: http://www.nadinegreeff.com)

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2.10 - TERI LYN FISHER & JENNY PARK / ESTADOS UNIDOS

Teri Lyn Fisher & Jenny Park decidiram trabalhar


juntas e iniciar um web site, especialmente criado para
publicar receitas originais ilustradas em detalhes com
fotos. Teri Lyn Fisher é fotógrafa e Jenny park é food
stylist. Elas são proprietárias do Spoon Fork Bacon e
estão baseadas em Los Angeles, Estados Unidos. Elas
ganharam diversos prêmios por terem um blog de
cozinha que oferece tudo o que você poderia precisar, desde aperitivos que podem ser
rapidamente preparados até ideias deliciosas e criativas para um jantar. Tudo isso muito bem
ilustrado por ótimas fotografias.

(Fonte: http://www.spoonforkbacon.com)

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3 - FOTOGRAFIA STILL

Foto still é a fotografia de temas com objetos inanimados, fotografia parada, sem movimento e
com pequeno número de objetos numa mesma cena. Na fotografia still a composição dos
elementos da cena é determinada pelo fotógrafo. É uma arte exigente, que requer dos fotógrafos
grande e sensível conhecimento de iluminação, com habilidades de composição para realizar
seu trabalho.

A fotografia Still propriamente dita é puramente comercial, com objetivos claros de vender o
produto. Com o grande número de lojas virtuais que surgem no mercado, essas fotos são cada
vez mais requisitadas.

As fotos têm um papel fundamental, principalmente na Internet, pois o cliente vai comprar um
produto sem antes ter tido contato físico com ele, impossibilitando de conferir a qualidade, a
textura, o cheiro, etc. Se a foto não condiz com o produto, o cliente não vai comprar ou vai se
sentir enganado após a compra.

Este modelo de fotografia demonstra o produto na sua forma mais autêntica, através da imagem,
para isso, questões como valores e filosofia são importantes meios de se comunicar com o
consumidor.

O briefing é parte fundamental para o bom entendimento entre o marketing e o fotógrafo. É


essencial que o cliente passe exatamente qual o valor da marca, para que o objetivo final não
seja desconstruído. Quanto mais informações forem obtidas, mais sucesso a foto final terá.

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A fotografia Still através de uma imagem transmite ideias e pensamentos, sugere ao consumidor
e impulsiona a compra, por isso a importância do fotógrafo de Still no mercado comercial e
econômico atual.

3.1 - EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS

Existem vários tipos de equipamentos no mercado para serem feitas fotos de still, cada
profissional tem sua preferência. Para os fotógrafos de Still o uso de objetivas macro (50 mm,
60 mm, 100 mm) é a melhor opção, mesmo para objetos grandes. A 100 mm em uma câmera
cropada vira 160 mm, proporcionando que você tire fotos a uma boa distância, tendo assim
menos distorções e correndo menos riscos do seu reflexo sair na imagem quando usados em
objetos reflexivos, como vidros e metais. Para este modelo de fotografia as objetivas zoom não
são aconselháveis.

Existem acessórios que ajudam a driblar os tão indesejados reflexos, são cartolinas brancas e
pretas, papel metalizado e isopores: eles servem como rebatedores e também bloqueadores em
fotos de joias e vidros de perfume metalizados, por exemplo. Outros materiais que não podem
faltar são fita crepe, fita dupla face, corda de nylon, pregadores de madeira e qualquer outro
acessório que possam ser úteis na hora de fazer a sua foto.

Para fotos de objetos é ideal uma mesa própria para still, que geralmente acompanha todos os
itens básicos para uma foto profissional de still, mas é possível aplicar o modelo de outras
formas, com acessórios de fácil acesso. A cabana ou tenda geralmente são usadas para tirar
fotos de objetos de metal. O fundo infinito é para que nada interfira na foto. Fontes de luz hazy
lights são para iluminar o produto e os tripés para sustentar e dar estabilidade a luzes e câmera.

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3.2 - A ILUMINAÇÃO EM SUA COMPLEXIDADE

A iluminação de Still é o grande desafio para o fotógrafo, são necessários ás vezes horas de
dedicação para se chegar ao momento certo e iluminar o produto de forma adequada.

Aprendi durante as minhas pesquisas e experiências que realmente não é fácil fotografar,
principalmente quando se fotografa produtos translúcidos e reflexivos, como cristais, metais e
joias. É preciso analisar bem o produto a ser fotografado em todos os seus ângulos. A marca
do produto, contorno da embalagem e todos os detalhes precisam aparecer com nitidez na
imagem, chegando ao resultado desejado para o cliente final.

Alguns dos principais equipamentos utilizados na iluminação de estúdio são o soft light strip,
que produz luz suave e a flash tocha (snoot longos), que concentram luz diretamente no objeto.

Nem sempre os caros equipamentos utilizados nos estúdios são a solução para encontrar a
melhor iluminação. Rebatedores caseiros, e materiais criados pelos próprios fotógrafos, são
soluções para encontrar a luz ideal numa foto.

Vou exemplificar com uma das minhas experiências em fotografia Still. Preparei um pequeno
estúdio utilizando uma mesa de vidro, papel manteiga e papel celofane para dar cor. Lanternas
nas laterais do produto e também um abajur com luz de led potência 125 watts. Não usei flash,
para valorizar os contornos do produto.

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Foto sem tratamento no Photoshop. Câmera Canon 70D Exif: f/ 2.5 v. 1/60 Iso 100 df 50mm.

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4 - FOTOGRAFIA DE GASTRONOMIA

A origem dessa expressão “comer com os olhos”, surgiu no século VIII A.C. na Roma Antiga,
porque em cerimônias fúnebres haviam banquetes que eram servidos aos deuses, mas ninguém
podia tocar ou comer, somente apreciar, sem nenhum contato físico.

Na fotografia gastronômica é muito usado este termo, porque é o objetivo do fotógrafo, fazer
com que aquela imagem seja tão perfeita como se estivesse diante dos seus olhos, aguçando
todos os seus sentidos.

4.1 - A IMPORTÂNCIA DA FOTO NA GASTRONOMIA

Quem não gosta de ver uma bela foto de comida? Cada vez mais bares, restaurantes, padarias,
e outros estabelecimentos na área de gastronomia e também grandes empresas de alimentos
recorrem ao marketing da fotografia. Com a crise econômica esses recursos são cada vez mais
utilizados para atrair mais clientes para seus estabelecimentos. Nos cardápios, nos sites e
revistas, é preciso transmitir no ato a vontade de comer aquele prato e o trabalho do fotógrafo
é imprescindível para passar ao consumidor essa sensação e realizar a venda.

A fotografia gastronômica envolve todos os sentidos. Tudo tem que ser trabalhado
harmoniosamente. Para se atingir o objetivo, a nitidez da textura e cor originais dos alimentos,
devem deixar clientes e consumidores satisfeitos e só assim o trabalho do fotógrafo tem seu
objetivo alcançado.

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4.2 - CRIANDO O CENÁRIO

Para se fotografar gastronomia o cenário é muito importante, não precisa ser um grande espaço,
metade de uma mesa ou até mesmo uma tábua de frios é suficiente para se produzir um cenário
para uma bela foto. A área que cerca o alimento são as partes essenciais, por isso é necessário
se preocupar com o fundo da foto, para não ter interferência na imagem.

Compor os objetos e utensílios que combinem entre si e que tenham o mesmo estilo, sendo ele
romântico, rústico ou moderno, tudo isso coloca um charme especial ao cenário. Acrescentar
ingredientes crus que foi utilizada para fazer o prato, como forma de acrescentar mais fidelidade
a cena e ao prato preparado. Deve-se também buscar um equilíbrio na composição, evitando
incluir elementos demais, para não tirar o foco do item principal.

EXIF: Câmera Canon D70 - F/5 - V: 1/60 - IS0 200 - DF 50mm

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4.3 - APRESENTANDO O ALIMENTO

Para a apresentação do alimento não existe uma regra, podem ser cortados ou inteiros, depende
de qual alimento vai ser fotografado. Uma carne pode ser fotografada de diversas formas e em
vários ângulos, antes e depois do seu preparo. Tire a foto de um bolo inteiro e depois de uma
fatia, e observe o resultado. A cena também pode ser composta com as duas opções dando a
cena mais conteúdo aos elementos.

4.4 - UTENSÍLIOS E SUAS CORES

Para se fotografar alimentos existe uma infinita variedade de opções e lindas peças que podem
ser utilizadas na composição e produção da foto: Travessas, louças, tigelas, jogos americanos,
talheres, taças, copos, jarras, descansos de panelas, com lindos design e cores vibrantes. O
clássico branco é o preferido dos grandes chefs da gastronomia, pois mantêm em destaque seus
belos pratos, não interferindo na apresentação dos alimentos, mas os tons de vermelho e amarelo
também são bastante utilizados, porque despertam os sentidos e o apetite. Sendo os tons pastéis
ótimos na apresentação de doces.

4.5 - EDIÇAO DE FOTOS

Na foto de gastronomia a edição de fotos é feita de forma cuidadosa, somente para ajustar um
pouco o brilho e contraste, e os tons de laranja e vermelho para aquecer a imagem. A
iluminação, enquadramento e o foco já devem estar perfeitos. A foto de gastronomia não pode
ter cores artificiais; a foto tem que condizer com a realidade.

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4.6 - ILUMINAÇAO NA FOTOGRAFIA DE GASTRONOMIA

A luz natural realmente é a melhor para a foto de gastronomia, as sombras ficam suaves
mostrando textura aos alimentos. Pode parecer que não, mas a luz reduzida é o ideal para
fotografar comida, a luz não pode ser exagerada, pois tira seu aspecto natural, alterando a
textura e a cor natural.

Mas isso nem sempre é possível, nos estúdios fazem uso de luzes que imitam a luz natural, e
trazem efeitos interessantes, como imitar uma luz matinal para uma cena de café da manhã.

O uso de flash não é proibido, basta saber usá-lo, nunca diretamente sobre a comida. Quando
usado indiretamente em rebatedores e superfícies claras, proporcionam efeitos interessantes.

4.7 - EQUIPAMENTOS NA FOTOGRAFIA DE GASTRONOMIA

Existe uma grande variedade de equipamentos para fotografar alimentos, sendo que cada
fotografo da área tem as suas preferências dentro do seu estilo. As melhores e usadas pelos
grandes profissionais são as teleobjetivas e objetivas macro, que são utilizadas para valorizar a
imagem dos alimentos no mercado de comida gastronômica. Seguem os equipamentos básicos:

 Câmeras DSRL e full frame médio formato;


 Refletores softbox, ideal para obter uma luz filtrada, difusa, direta e suave;
 Objetivas macro 50mm e 60mm (as mais utilizadas);
 Flash Tocha;
 Fotômetro para medir a intensidade da luz;
 Tripés, um dos acessórios indispensáveis para fotografar comida, ele nos ajuda a fazer
fotos nítidas e a focar nos lugares certos;

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 Os versáteis rebatedores, que refletem a luz e ajudam na hora de encontrar a luz ideal;
 Radio flashes, para mais controle do seu flash em lugares estratégicos.

4.7.1 - CONFIGURAÇÕES DO EQUIPAMENTO

Para fazer uma foto de comida é necessária uma configuração específica do seu equipamento.
É importante ter pleno conhecimento sobre eu equipamento, usando no modo manual, para você
ter controle total sobre o eu trabalho. Alguns dos ajustes essenciais são ISO, abertura e tempo
de exposição.

ISO: use o ISO (a medida de sensibilidade do sensor a luz) mais baixo possível, para melhor
qualidade de imagem, evitando o efeito granulado, que dá menos contraste a foto.

Abertura: controla a abertura para uma maior profundidade de campo. Se quiser deixar o
produto mais em foco, feche o diafragma (dispositivo que controla a abertura da lente), se quiser
somente um pedacinho em foco, abra o diafragma.

Tempo de exposição: calcule a velocidade necessária para exposição correta de acordo com o
ISO e a abertura do diafragma. O ideal é uma velocidade (em torno de 1/100 dependendo da
distância focal) e usar um tripé. E para ter melhor controle na hora de tratar sua imagem,
fotografe em RAW.

4.8 - ENQUADRAMENTO VERTICAL

Os enquadramentos de planos e cortes na fotografia de gastronomia são elementos tão


importantes como na fotografia convencional. Apenas algumas especificações e demandas
comerciais e de produção devem ser acrescentadas.

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Sobre o enquadramento existem 03 possibilidades: o vertical, o horizontal e o corte quadrado.
Cada um desses tem um sentido fotográfico e usado no mercado mais comum. Quando o
fotógrafo domina esses pontos, potencializa a visibilidade de seu trabalho e atende de maneira
adequada seus clientes. Sendo destes o enquadramento vertical um dos mais usados dentro da
gastronomia, diferente de outros modelos, em que se prioriza o enquadramento horizontal.

O enquadramento vertical é utilizado para a grande maioria das publicações editoriais,


principalmente as que utilizam uma única imagem ocupando toda a capa e para as que usam
fotos em páginas cheias. Normalmente são publicações mais caras e sofisticadas, dirigidas para
um público mais selecionado, ou seja, revistas de alta gastronomia.

Essas imagens também são utilizadas em publicações mais populares, em que a capa possui
inúmeras imagens e em páginas com fotos entre textos e receitas, mas nesse caso ganham cortes
na diagramação e seu sentido vertical é suavizado e muitas vezes até descaracterizado,
tornando-se uma imagem quadrada. Os cardápios em sua grande maioria possuem esse corte
ou utilizam imagens nesse formato.

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Publicação especializada. Imagem única em página inteira.

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Publicação popular, diversas imagens na mesma página, sentido vertical atenuado.

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Esteticamente o enquadramento vertical cria imagens de maior vigor e impacto visual. A
moldura da imagem gera linhas verticais e o fotógrafo pode compor imagens em que suas linhas
internas acompanhem esse eixo, de maneira paralela ou diagonal, assim propiciando que o
resultado final tenha essa mesma imponência, própria da verticalidade.

Tomate-cereja recheado. Linhas verticais internas da imagem seguem o sentido da moldura e


intensificam seu vigor.

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Outro ponto importante é a sensação de força gravitacional, emprestada de nossa sensação
física, para nossa percepção visual, assim o nosso olhar tende a percorrer toda a imagem de
cima para baixo e repousar na região inferior da composição, por esse motivo é recomendável
que este seja o ponto em que o elemento principal esteja posicionado.

Como o enquadramento vertical sugere que o objeto esteja na parte mais abaixo da imagem, é
recomendável que seja a área em que esteja o primeiro plano, sobrando para a parte superior o
segundo plano e fundo, ou seja, os elementos de profundidade. Essa é umas das grandes
dificuldades desse tipo de enquadramento, pois a produção de cena deve preencher toda a área
da imagem que não for ocupada pelo elemento principal, isso sem chamar demasiada atenção
para si, portanto, deve compor o plano de fundo de forma sutil, mas completa.

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Salada de enroladinho italiano. Segundo plano e fundo atuando com sentido coadjuvante.

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Alguns objetos e pratos culinários possuem uma forma especifica que impossibilita que o
elemento em primeiro plano fique na parte inferior da imagem, é o caso das taças e pratos
montados em andares, nesses casos as dificuldades em compor o plano de fundo são menores,
pois, o primeiro plano irá ocupar maior área da imagem.

Primeiro plano não está na parte inferior da imagem.


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4.9 - O OLHAR DO EXPECTADOR

Na fotografia de gastronomia o ponto de vista do espectador é primordial para compor os


elementos de comunicação relacionados com o público a ser atingido. Quando estamos
trabalhando na fotografia comercial muitos pontos devem ser considerados.

A reconstrução do olhar do expectador, que representa o consumidor daquilo que é


comercializado em determinada imagem. Diretores de arte e fotógrafos tem especial
preocupação em proporcionar um ângulo de visão para que a imagem passe algo verdadeiro do
seu cotidiano.

Ponto de vista real ou subjetivo mostra o ângulo de visão real que enxergamos os objetos no
nosso cotidiano, que vivenciamos no nosso dia a dia, porque condiz e aproxima o telespectador
de sua realidade.

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Essa imagem representa um ângulo de visão de uma pessoa que está sentada à mesa e irá se
servir.

Nem sempre poderemos dispor destes meios e devemos criar outras maneiras de fotografar, de
uma forma subjetiva. A próxima foto foi clicada em um ângulo de visão muito alto, que só seria
possível para uma pessoa que fosse comer de pé. Mesmo assim a imagem se mantem próximo
de um ângulo real, pois o fotógrafo subiu e se afastou somente ao ponto de mostrar a comida.
O importante é saber que é necessário refletir sobre os ângulos utilizados na fotografia e
artifícios que aumentem o impacto visual da imagem.

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Foto Subjetiva. O ângulo de visão é como se a pessoa fosse comer de pé.

A próxima foto apresenta um ângulo de visão de um observador pendurado no teto por uma
corda, algo incomum. O fotógrafo amenizou a importância dos elementos de comunicação
visual, próprios da direção de arte e sobrepôs elementos da composição fotográfica, enfatizando
as linhas diagonais, compostas pela forma dos rolinhos primavera e das linhas curvas, dadas
pelos objetos de cena, lembrando que esses elementos visuais são dinâmicos e extremamente
vigorosos.

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Ângulo de visão de um observador pendurado no teto por uma corda.

Nesta próxima foto observamos o ponto de vista que favorece o impacto visual, é o ângulo mais
baixo, próximo à altura do objeto, essa visão só seria possível por uma criança do tamanho da

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mesa, o grande atrativo é a possibilidade de separar a imagem em diferentes planos. Essa
imagem normalmente causa um desfoque que é muito expressivo no mundo visual.

Ângulo mais baixo, próximo à altura do objeto.

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A distância de visualização a imagem, muitos fotógrafos utilizam teleobjetivas ou objetivas
macro, que pode aumentar a quantidade de detalhes e valorizar as texturas dos alimentos, mas
deve-se tomar cuidado para não criar um efeito desproporcional na ampliação.

Foto com teleobjetiva.

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Para se ter um bom controle e resultado é necessário avaliar bem os elementos. Bons treinos de
sessões fotográficas de gastronomia, estar sempre atualizado no mercado e obter referências de
conteúdos atualizados são importantes para realizar uma foto profissional.

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5 - O MERCADO FOTOGRÁFICO NA GASTRONOMIA

Vamos falar sobre o mercado fotográfico de gastronomia, culinária, suas possibilidades de


atuação, conceitos e linguagens.

O mercado de alimentos está em franca expansão no Brasil, multinacionais aparecem o tempo


todo com investimentos em novas redes de restaurantes e a qualidade e diversidade da
gastronomia nacional nunca esteve tão em alta. Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro são
comparadas à Nova Iorque e Paris na área gastronômica. Isso oferece novas possibilidades para
todos aqueles que querem ingressar nessa área.

Dentro deste mundo, existe o mercado da fotografia de culinária, que podemos dividir em
quatro grandes vertentes no mercado: Fotojornalismo, Still Life, editorial e comercial.

A maneira como o fotógrafo se relaciona com essas quatro vertentes do mercado, pode
determinar o seu estilo de atuação e também lhe dar várias possibilidades de atuar. É importante
pesquisar o mercado, as empresas e principalmente onde você melhor se encaixa dentro do seu
perfil. Por exemplo, quem gosta de fotografia social, pode apresentar seus serviços em
publicações jornalísticas. Quem é mais intimista, pode fazer suas fotos em estúdio fotográfico,
ligadas ao still-life de culinária ou fotografia comercial. O importante é saber que o mercado
oferece infinitas opções para o fotógrafo que pretende se profissionalizar.

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5.1 - FOTOJORNALISMO DE CULINÁRIA

O fotojornalismo de culinária está relacionado com as demandas de informação e educação


dessa área, divulgação de eventos e seus protagonistas. Também existem as receitas com o
passo a passo, as degustações de vinho, as festas de inaugurações, os grandes chefs de cozinhas
e outros eventos relacionados à área.

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5.2 - STILL LIFE DE CULINÁRIA

O still life de culinária revela os alimentos como objetos, diminuindo a relação direta do paladar
e o ato de comer, revelando a beleza e suas funcionalidades. Essas imagens são de grande
demanda para empresas de saúde, sustentabilidade, inovação na área de alimentos, assim como,
para o grande mercado de produtos alimentícios. Imagens em fundo branco, os belíssimos
splashes de frutas em águas cristalinas e os close-ups de legumes, frutas e legumes, são algumas
das possibilidades técnicas tratadas pelos profissionais dessa área.

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5.3 - EDITORIAL DE CULINARIA

O editorial é uma das formas mais comuns de empresas e profissionais apresentarem seus
produtos. Relacionar o estilo de vida a um conceito gastronômico é o objetivo e o mais
procurado pelos fotógrafos, pois permite mais flexibilidade de criação e produção,
desenvolvendo seu próprio estilo fotográfico·.

5.4 - A FOTOGRAFIA COMERCIAL DE CULINÁRIA

A fotografia comercial de culinária tem por objetivo vender o alimento. Nesse caso o briefing
é o foco do trabalho, e o principal é atender as demandas de mercado tendo em vista o público
alvo. É necessário desenvolver uma ação comercial, ou seja, determinar um briefing
satisfatório.

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5.5 – PERSPECTIVA DE MERCADO

Desde 2014 a indústria de bares e restaurantes faturou R$ 140 bilhões no Brasil, segundo dados
da Pysxis consumo, ferramenta do Ibope inteligente. Todas as casas dessa área, desde grandes
redes de restaurantes a pequenos food trucks, precisam de uma identidade por meio da
fotografia, além é claro das agências de publicidade e marketing.

Apesar da crise econômica atual, o mercado de e-commerce está no seu melhor momento.
Nunca foi tão fácil e seguro do que comprar pela internet e isso já faz parte do dia a dia dos
consumidores comuns, o que favorece o mercado fotográfico e principalmente o fotógrafo de
Still.

Com a facilidade e acesso dos equipamentos profissionais, se tornou cada vez mais comum os
fotógrafos amadores buscarem uma especialização e entrarem naturalmente no mercado de
trabalho. É comum encontrar nas redes sociais trabalhos de amadores que com talento
conquistaram bons resultados, criando um novo modelo na fotografia, aumentando ainda mais
a concorrência no setor.

Essa proximidade do amador para o profissional é positiva, mas perigosa, pois tem efeito direto
no impacto de precificação e qualidade do trabalho, pois é possível encontrar trabalhos baratos
com uma qualidade ruim e os clientes comuns acreditarem que o valor é o mesmo para o
trabalho de um profissional, que estudou e investiu na sua profissão.

Com base em todas essas questões, entra em cena o fotógrafo gastronômico, que será o agente
viabilizador das imagens que vão resultar em uma campanha atrativa para aumentar os clientes
dos estabelecimentos. Desta forma há uma grande procura por profissionais da área, deixando
o mercado extremamente aquecido para os próximos anos.

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6 - HONORÁRIOS

Para estar bem posicionado no mercado, resolvemos aplicar algumas regras simples de preços,
pois existe uma divergência grande de o quanto cobrar por trabalhos fotográficos.

Para saber quanto cobrar por uma hora de trabalho vamos seguir um método bem simples. Faça
uma estimativa de quantos trabalhos de fotografia de comida mensais você fará e o tempo (em
horas) médio de duração dos mesmos.

Ex.: 10 trabalhos/ mês, de 4 horas cada. Isso dá 40 horas de trabalho por mês.

Calcule o quanto você pretende ganhar trabalhando mensalmente (salário).

Ex.: R$ 5.000,00/mês.

Divida a quantia pelas horas estimadas de trabalho mensais.

Ex.: R$ 5.000,00/40 horas. = R$ 125. Que chamarei de A.

Some os gastos fixos do seu trabalho (aluguel, luz telefone, etc.).

Divida o total pelo número estimado de trabalhos mensais.

Ex,: R$ 1350/10- 135. Chamarei de B.

Divida a quantia pelas horas estimadas de trabalho mensais.

Ex.: R$ 5000 / 40 h = R$ 125. Que chamarei de A.

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Some os gastos fixos do seu trabalho (aluguel, luz, telefone, etc.).

Ex.:
Aluguel: R$ 1.000,00
Telefone: R$ 200,00
Luz: R$ 150,00
Total: R$ 1.350,00

Divida o total pelo número estimado de trabalhos mensais.

E.: R$ 1.350,00 / 10 = R$ 135. Chamarei de B.

Liste os equipamentos de trabalho com os seus respectivos preços, e expectativa de uso.

Ex.:
Câmera: R$ 6.000,00 (2010 – 2013)
Lente 1: R$ 4.000,00 (2010 – 2020)
Lente 2: R$ 3.000,00 (2010 – 2020)
Computador: R$ 4.000,00 (2010 – 2014)
Flash 1: R$ 1.000,00 (2010 – 2020)
Flash 2: R$ 2.000,00 (2010 – 2020)
Acessórios C6 - Flash 2: R$ 2.000,00 (2010 – 2015) = R$ 3,33
C7- Acessórios: R$ 1000 (2010 – 2013) = R$ 2,77

E chamarei de D os custos de trabalho variáveis, como combustível, hospedagem, alimentação,


etc. Assim, chegamos à seguinte fórmula:

(A x horas de trabalho) + B + C1 + C2 + c… + C = preço do trabalho (+ impostos).

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Exemplo: se surgir um trabalho que você irá trabalhar 3 horas, vai usar a câmera, lente 1,
computador, flash 1, flash 2, os acessórios, terá um gasto de R$ 20 de combustível e R$ 20 de
alimentação o cálculo é o seguinte:

(125 x 3) + 135 + 16,66 + 3,33 + 8,33 + 1,66 + 3,33 + 2,77 + 40 = 577,75 (+ impostos) R$
577,75 é a quantia que você precisa embolsar para que, de acordo com sua estimativa, pagar o
seu investimento, os seus custos fixos, variáveis e lucrar.

Alguns podem se questionar que se em um mês for realizado 10 trabalhos de fotografia de


comida de 2 horas, paga-se as contas, porém o lucro é abaixo do estimado. Sim, correto. É que
esta fórmula objetiva primeiramente pagar os gastos para depois obter lucro, pois nada pior que
ter que pagar para trabalhar, não concordam? Como a fórmula é baseada em metas/estimativas,
só dará certo quando estas forem alcançada.

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