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AULA 2

NOVAS TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS


UTILIZANDO ENERGIAS RENOVÁVEIS:
PRINCÍPIOS FÍSICOS, AVALIAÇÃO E
POTENCIAL

1 Fernando Neto 05-10-2008


TAXAS DE CRESCIMENTO DE ALGUMAS
FORMAS DE ENERGIA RENOVÁVEL

2 Fernando Neto 05-10-2008


ENERGIAS RENOVÁVEIS:
POTENCIAL
RECURSO PRODUÇÃO EM 2001 POTENCIAL TÉCNICO POTENCIAL TEÓRICO
(MTEP/ANO) (MTEP/ANO) (MTEP/ANO)
(ratio utilização
/potencial técnico)
ENERGIA HÍDRICA
225,5 1200 (18,8%) 3600
ENERGIA DA
BIOMASSA
1079,5 ¾6000 (18%) 69570
ENERGIA SOLAR
4,8 ¾38380 (0,01%) 93,6 x 106
ENERGIA EÓLICA
4,8 14390 (0,03%) 143930
ENERGIA
GEOTÉRMICA
50,4 119940 (0,04%) 3,36 x 106
ENERGIA DOS
OCEANOS
- - 177520
TOTAL
1365 ¾179910 (0,76%) 97,4 x 106

Produção anual mundial de energia (2001): 10030 MTEP


3 Fernando Neto 05-10-2008
“Although natural flows of renewable
resources are immense in comparison with
global energy use (…), the level of their
future use will primarily depend on the
economic performance of technologies
utilizing these flows.”

“Renewable Energy – a Global Review of Technologies, Policies and Markets”

4 Fernando Neto 05-10-2008


DESAFIOS

| TECNOLÓGICO
z CAPTAR OS RECURSOS DISPONÍVEIS
| ECONÓMICOS
z VIABILIZAR A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS
DISPONÍVEIS

5 Fernando Neto 05-10-2008


RADIAÇÃO SOLAR:
PRINCÍPIOS FÍSICOS
| Fusão contínua no interior do Sol
| Constante solar, GS: intensidade da radiação solar que
atinge a atmosfera – 1353 W/m2
| Varia de acordo com o afastamento entre a Terra e o
Sol (entre 1399 W/m2 em 21 de Dezembro e 1310
W/m2 em 21 de Junho)
| É dispersa, reflectida, absorvida quando chega à
atmosfera terrestre
| Consequentemente, a radiação solar que atinge a
superfície terrestre, num dia límpido, é cerca de 956
W/m2
| Radiação directa e difusa
| A magnitude da radiação varia de acordo com a
localização geográfica, nebulosidade, etc.
Fernando Neto 05-10-2008
6
| Mapa da radiação solar
FN1

POTENCIAL TECNOLÓGICO DE
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
| Células fotovoltaicas
z Monocristalinas: bolachas de silício, eficiências de
16%
z policristalinas: qualidade inferior, mas mais baratas;
z filme fino: silício amorfo, mais barato de produzir;
| Potencial fotovoltaico descentralizado na EU-12: 10,7
MTEP (172 kTEP em Portugal); contribuição máxima de
10% da procura local de energia
| Tecnologia promovida activamente em muitos países da
UE
| Principais barreiras: baixa eficiência → ocupação de
grandes áreas, custos elevados devido à pequena
dimensão do mercado, incerteza do consumidor,
dificuldades na ligação à rede.

7 Fernando Neto 05-10-2008


Slide 7

FN1 Portugal: 250 W/m2


Com 16% de eficiência energética, 40 W/m2
Potência instalada de 4 kW
Área requerida: 100 m2
Custo:
Fernando Neto; 28-09-2008
POTENCIAL TECNOLÓGICO DE
SISTEMAS SOLARES TÉRMICOS
| Sistemas activos
z eficiências de conversão variáveis entre 35% e 60%
z Maioritariamente operando em termo-sifão com tanque de
armazenagem integrado;
z Tecnologia consolidada;
z Tubos evacuados: atingiu o mercado recentemente;
| Potencial na EU-12: 37,8 MTEP (1,4 MTEP em Portugal)
| Mercado para o aquecimento de águas sanitárias
desenvolveu-se muito rapidamente na década de 1970 na
sequência da 1ª crise do petróleo
| Mercado posteriormente estagnado devido aos
subsequentes abaixamentos reais do custo do petróleo e a
problemas de fiabilidade.
| Principais barreiras: baixa reputação dos sistemas
vendidos, custo elevado de capital, poucos fabricantes de
elevada dimensão → baixas produções, altos custos.
8 Fernando Neto 05-10-2008
POTENCIAL TECNOLÓGICO DE
SISTEMAS SOLARES PASSIVOS
| Sistema Passivo: concepção de um edifício tendo em vista a redução
das cargas térmicas de aquecimento/arrefecimento/iluminação;
z Ganhos directos: ganhos de calor e luz são obtidos por maximização
da área envidraçada e exposição solar;
z Ganhos indirectos: os elementos associados aos revestimentos do
edifício são utilizados na captura de energia;
z Arrefecimento solar passivo: as sombras são manipuladas para evitar
aquecimentos excessivos;
| Potencial Solar Passivo na EU-12:
z Eléctrico (ganhos na iluminação): 1 MTEP (34,4 kTEP em Portugal)
z Térmico (ganhos na climatização): 38,7 MTEP (20 kTEP em Portugal)
| Principais barreiras: tecnologia limitada por conservadorismo de
arquitectos, construtores e promotores imobiliários e pela necessidade
de preservar conceitos estéticos relativamente à configuração dos
edifícios.

9 Fernando Neto 05-10-2008


POTENCIAL TECNOLÓGICO DE
SISTEMAS SOLARES PASSIVOS

10 Fernando Neto 05-10-2008


POTENCIAL TECNOLÓGICO DE
SISTEMAS SOLARES TERMO-
ELÉCTRICOS
z Colectores parabólicos: concentradores parabólicos sendo a energia
recolhida no foco das parábolas e transferida para um fluído. Este é
utilizado para mover uma turbina (com recurso a combustíveis
convencionais suplementares).
z Torres solares: uma torre central onde se alojam uma caldeira e uma
turbina é utilizada para recolher a energia reflectida por um conjunto
de espelhos que a rodeiam. Instalações experimentais com potências
variáveis entre 50 KWe e 10 MWe
z Discos parabólicos:
• Produção centralizada – um fluído é aquecido no centro do disco e
utilizado para mover uma turbina;
• Produção distribuída – um motor Stirling é colocado no centro do disco
para produção de energia eléctrica. Potências entre 25 KWe e 1 MWe
(sistemas compostos por mais do que uma unidade)
z Lagos solares: requerem água de elevada salinidade a baixo custo
z Principais barreiras: risco elevado associado à natureza recente da
tecnologia

11 Fernando Neto 05-10-2008


ENERGIA EÓLICA:
PRINCÍPIOS FÍSICOS
| Para uma superfície plana, na ausência
de obstáculos naturais, o perfil da
velocidade do vento pode ser descrito
pela figura à direita (regime estável – há troca de
calor da atmosfera para o chão; regime instável – há troca de
calor do chão para a atmosfera; regime neutro – não há troca
de calor)
| A potência por m2 contida num fluxo de ar
perpendicular a uma superfície é dada
pela equação abaixo onde θ é o ângulo
formado pela direcção do vento e pela
normal à superfície:
1 3
E = ρu cos θ
2
| A energia cinética potencialmente
recuperável será tanto maior quanto
maior for a velocidade do vento e quanto
menor for o ângulo entre a direcção do
vento e a normal ao plano de rotação do
rotor 12 Fernando Neto 05-10-2008
ENERGIA EÓLICA: DISPONIBILIDADE DE
RECURSOS

| Vento:
z Variabilidade espacial (horizontal e vertical)
z Variabilidade temporal

13 Fernando Neto 05-10-2008


EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
DAS TURBINAS EÓLICAS

Características geométricas Potência e produção de energia


14 Fernando Neto 05-10-2008
POTENCIAL TECNOLÓGICO
DE SISTEMAS EÓLICOS
| Turbinas eólicas ligadas à rede para a produção de energia eléctrica: a tecnologia mais
comum consiste em turbinas de eixo horizontal com diâmetros de rotor compreendidos entre
25 m e 40 m e potências de 250 kW a 1 MW.
| Disponibilidades superiores a 95% e tempos de vida útil de mais de 20 anos.
| Factores de carga (energia produzida/energia que seria produzida à potência nominal da
turbina) variando entre 20% e 50%, valores típicos de 35%.
| Eficiências máximas (conversão de energia cinética para energia eléctrica) de 30% a 35%.
| Potências específicas de 200 a 800 W por m2 de área varrida pelo rotor.
| Potencial de desenvolvimentos tecnológicos: melhor eficiência e fiabilidade, máquinas de eixo
vertical, redução do peso, diminuição das perdas por transmissão nas caixas de velocidades,
novos designs das pás, novos sistemas de controlo, etc.
| Mercados consolidados, vasto leque de fabricantes de equipamentos.
| Papel activos de alguns estados na promoção da tecnologia eólica (Dinamarca)
| Melhorias notáveis no desempenho e na redução dos custos das instalações de turbinas
eólicas.
| Principais barreiras: Constrangimentos ambientais → aumento da importância dos sistemas
offshore, atrasos no planeamento de projectos, baixos resultados económicos com baixas
velocidades do vento.
| Para abastecimento remoto são utilizadas turbinas com potências compreendidas entre 1 kW
e 25 kW.

15 Fernando Neto 05-10-2008


ECONOMIA DOS SISTEMAS EÓLICOS
(exemplo para uma turbina de 2 MW)

Item On-shore (€/Wnominal) Off-shore (€/Wnominal)

Turbina 0,77 0,77


Fundações 0,06 0,35
Ligação à rede 0,15 0,27
Projecto e custos administrativos 0,04 0,04
Terrenos, acessos, etc. 0,09 0,07
Operação e manutenção (20 anos) 0,25 0,36
Total 1,36 1,86
Produção estimada (kW.h/ano/Wnominal) 2,6 3,8
Custo da energia produzida (€/kW.h) 0,035 0,033

In “Renewable Energy”, Sorensen, 2004

16 Fernando Neto 05-10-2008


APROVEITAMENTO
ENERGÉTICO DA BIOMASSA

| Conteúdo energético da
biomassa fresca: 10-30
MJ/kg matéria seca
| Fossilização (petróleo,
carvão, gás) aumenta
densidade energética por
um factor de 2

17 Fernando Neto 05-10-2008


BIOMASSA: STATUS ACTUAL

| Biomassa: plantas, dejectos animais, resíduos urbanos sólidos,


resíduos agrícolas, florestais e industriais
| Opções de conversão: calor, electricidade, combustíveis (sólidos,
líquidos e gasosos)
| Tecnologias disponíveis: combustão, densificação (pellets,
briquettes), gaseificação (gás de síntese), pirólise (bio-óleo),
digestão anaeróbica (biogás), transesterificação (biodiesel),
fermentação (bioetanol), hidrólise (bioetanol)
| Neutralidade na emissão de CO2
| Constrangimentos:

18 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA
CONSTRANGIMENTOS
| Erosão
| Utilização de herbicidas, pesticidas e fertilizantes
| Biodiversidade
| Competição com utilização da terra para outros fins
| Competição entre utilização energética da biomassa e
utilizações alternativas:
z Produção alimentar (pessoas e animais)
z Indústrias da madeira e derivados (aglomerados de fibra e
partículas)
z Indústria da pasta e do papel

19 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DIRECTA DA BIOMASSA
PARA FINS ENERGÉTICOS

| COMBUSTÃO

| COMPOSTAGEM

| METABOLISMO ANIMAL

20 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DIRECTA DA BIOMASSA
PARA FINS ENERGÉTICOS - COMBUSTÃO

| Reacção exotérmica de oxidação do carbono contido na biomassa


| Requer algumas operações prévias:
z Recolha e transporte da biomassa
z Redução do tamanho
z Secagem e armazenagem
| Eficiência do equipamento de combustão varia grandemente entre
10% (fogões domésticos) e 60% (instalações industriais). Maiores
eficiências se a biomassa for uniforme em conteúdo energético,
tamanho e teor de água
| Novas tecnologias: combustão em leito fluidizado, co-combustão,
etc.

21 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DIRECTA DA BIOMASSA
PARA FINS ENERGÉTICOS -
COMPOSTAGEM

| Dejectos líquidos (menos de 10% de


matéria seca) ou sólidos (50% a
80% de matéria seca)
| Decomposição bacteriológica da
matéria orgânica contida na
biomassa em condições aeróbias
(necessário o recurso a ventilação)
| Tipicamente a energia para a
ventilação é cerca de 50% da
energia extraída sob a forma de
calor
| O resíduo final pode ser aproveitado
para fertilizante

22 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DIRECTA DA BIOMASSA PARA
FINS ENERGÉTICOS – METABOLISMO
ANIMAL

| 50% da energia contida


nos alimentos dos animais
é convertida em energia
térmica

23 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS:
PERCURSOS POSSÍVEIS

24 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS
GASOSOS
| Conversão da biomassa num produto que pode ser
utilizado mais facilmente
| Histórico: a gaseificação do carvão
z Utilização: por nações ricas em carvão mas
deficitárias em petróleo (Alemanha, África do Sul)
z Carvão é transformado em CO e H2, os quais são
depois convertidos em hidrocarbonetos (Processo de
Fischer-Tropsch – imersão num leito fluidizado na
presença de um catalizador)

25 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS GASOSOS

| Gaseificação da biomassa
z Processo semelhante ao da
combustão mas com déficit de
oxigénio → produção de CO e
H2 em vez de CO2
z Pirólise: utilização de valores
até 10% do O2 necessário para
oxidar um dado combustível →
combustíveis sólidos e líquidos
z Gaseificação: utilização de
valores entre 20% e 40% do O2
necessário para oxidar um
dado combustível →
combustíveis gasosos

26 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS GASOSOS

| Biogás Fonte Dejectos por Biogás por


dia dia
z Produção de hidrocarbonetos,
monóxido de carbono ou Kg MJ m3 MJ
hidrogénio pela digestão
anaeróbica de biomassa fresca Bovinos 40 62 1,2 26
(excepção: a madeira)
Suínos 2,3 6,2 0,18 3,8
z Matéria-prima: dejectos
animais, resíduos urbanos Galinhas 0,19 0,9 0,011 0,26
orgânicos, resíduos agrícolas,
algas, etc.

27 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS
GASOSOS - BIOGÁS

28 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS GASOSOS

| Produção de Hidrogénio
z Fotossíntese: 2H2O + radiação solar → 4e- + 4H+ + O2
z Ainda não é possível combinar em materiais
biológicos vivos os electrões livres com os
catiões para a formação de hidrogénio
molecular

29 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS

| Produção fotossintética de hidrocarbonetos


| Fermentação de álcool

| Metanol a partir da biomassa

| Transesterificação

30 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A OBTENÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS - PRODUÇÃO FOTOSSINTÉTICA
DE HIDROCARBONETOS

| Aproveitamentos de
espécies vegetais
capazes da produção
directa de
hidrocarbonetos sob a
forma de borracha
(Euphorbia lathyris,
Simmondsia chinensis,
Cucurbita foetidissima,
Parthenium argentatum)

31 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS –
FERMENTAÇÃO DE ÁLCOOL

| Fermentação de álcool a partir da cana de


açúcar: C6H12O6 →2C2H5OH+2CO2
| Matérias-primas para a produção de etanol:
cana do açúcar, beterraba sacarina, trigo,
milho

32 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A OBTENÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS – STATUS DOS
PROCESSOS DE FERMENTAÇÃO DE ÁLCOOL

| Brasil (Proálcool)
z 10.400.000 toneladas de etanol (cana de açúcar)
z 1.000.000 de postos de trabalho
z Evita a importação diária de 200.000 barris de
petróleo
| Estados Unidos (etanol, ETBE)
z 1,63 mil milhões de galões de etanol
z substituição do metanol e do MTBE como aditivos
na gasolina (oxigenada e reformulada)
| União Europeia
z Etanol, ETBE (França: 104.000 ton; Espanha –
80.000 ton; Suécia – 20.000 ton)
33 Fernando Neto 05-10-2008
UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS –
ÁLCOOL E SEUS DERIVADOS VS. GASOLINA

PROPRIEDADE GASOLINA METANOL MTBE ETANOL ETBE


FÓRMULA C4 – C12 CH3OH (CH3)3COCH3 C2H5OH C6H14O

MASSA MOLECULAR 100-105 32,04 88,15 46,07 102,2

COMPOSIÇÃO (% MASSA):
CARBONO 85-88 37,5 66,1 52,2 70,6
HIDROGÉNIO 12-15 12,6 13,7 13,1 13,7
OXIGÉNIO 0 49,9 18,2 34,7 15,7

PCI (kJ/kg) 41830-44150 19900 35000 26700 36300

QUOCIENTE 14,7 6,45 11,7 9


ESTEQUIOMÉTRICO
(MASSA)
ÍNDICE DE OCTANO 86-94 100 108 100

DENSIDADE (kg/m3) 720-780 795 742 793 750

34 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A OBTENÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS – PRODUÇÃO DE
BIOETANOL NA EU

2000
1800 France
Germany
1600 Spain
Poland
1400
Milhões de litros

Sweden
Italy
1200
Czech Republic
1000 Slovakia
Hungary
800 Netherlands
Lithuania
600 UK
Latvia
400 Finland
200 Total

0
2004 2005 2006 2007

Fonte: European Bioethanol Fuel Association, 2008

35 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS -
BALANÇO MÁSSICO PARA O BIOETANOL
(TRIGO)
Colheita
12470 kg

Grão Palha
5420 kg 7050 kg

Malte
3252 kg

Matéria-seca
1610 kg

Etanol anídrico
1642 kg
(2081 l)
36 Fernando Neto 05-10-2008
UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A OBTENÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS - BALANÇO ENERGÉTICO
PARA A BETERRABA SACARINA

37 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS -
LIMITAÇÕES À PRODUÇÃO DE
BIOCOMBUSTÍVEIS EM PORTUGAL

| escassez de terra para culturas não-alimentares


| elevado grau de dependência externa de culturas
agrícola aproveitáveis para fins energéticos (grau
de auto-suficiência: milho:45%; trigo:9%;
girassol:11%; beterraba:20%)
| não aproveitamento das terras em pousio para
culturas não-alimentares
| baixa produtividade agrícola (clima, solos, técnica
agrícola)
| custo da matéria-prima e do processamento
industrial
38 Fernando Neto 05-10-2008
UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS –
METANOL A PARTIR DA BIOMASSA

| Três percursos possíveis:


z Hidrogenação a alta pressão para obtenção de hidrocarbonetos
líquidos – ainda em embrião
z Gaseificação : produção do “gás do produtor” (CO+H2+CO2+N2) por
gaseificação da biomassa; eliminação do CO2 e do N2 para obter
“gás de síntese”; obtenção de metanol a partir de CO+2H2→CH3OH
a alta pressão na presença de um catalizador (óxido de ferro ou de
crómio); desenvolvimentos recentes: utilização de oxigénio puro em
vez de ar para eliminar o azoto (de outra forma, a sua eliminação só
se consegue por criogenia)
z Produção de metanol a partir do biogás (2CH4+O2→2CH3OH)

39 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A
OBTENÇÃO DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS -
TRANSESTERIFICAÇÃO

PRODUÇÃO AGRÍCOLA

PROCESSAMENTO INDUSTRIAL I
(EXTRACÇÃO E REFINAÇÃO)

PROCESSAMENTO INDUSTRIAL II
(TRANSESTERIFICAÇÃO)

UTILIZAÇÃO

40 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A OBTENÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS POR TRANSESTERIFICAÇÃO: OS
BIOCOMBUSTÍVEIS DERIVADOS DE ÓLEOS VEGETAIS

• FACILMENTE UTILIZÁVEIS EM MOTORES DIESEL

• OFERECEM A AUTONOMIA ADEQUADA

• PODEM SER OBTIDOS A PARTIR DE RECURSOS


INDUSTRIAIS EXISTENTES

• NÃO HÁ CUSTOS ASSOCIADOS À MODIFICAÇÃO DE


INSTALAÇÕES DE ABASTECIMENTO

• SÃO OBTIDOS A PARTIR DE CULTURAS CONHECIDAS


41 Fernando Neto 05-10-2008
UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A OBTENÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS POR
TRANSESTERIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS DOS
ÉSTERES METÍLICOS

GASÓLEO ÓLEO DE ÉSTER ÉSTER


COLZA METÍLICO METÍLICO
DE COLZA DE
GIRASSOL
DENSIDADE 830-850 910-920 880-885 885
(kg/m3)

ÍNDICE DE 45-54 34-40 48-58 56


CETANO

PCI @ 20º C 42100-42900 35800-37400 37100- 37400


(kJ/kg) 37700

VISCOSIDA 3-8 70-77 6-8 4


DE (cST @
20º C)

42 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A OBTENÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS POR TRANSESTERIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DE ÉSTERES METÍLICOS DE ÓLEOS VEGETAIS NA
UE (ton)

Fonte: European Biodiesel Board, 2008

43 Fernando Neto 05-10-2008


UTILIZAÇÃO DA BIOMASSA PARA A OBTENÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS POR TRANSESTERIFICAÇÃO
BALANÇO MÁSSICO PARA O ÉSTER METÍLICO DE COLZA

Colza
8650 kg

Semente Palha
3180 kg 5470 kg

Óleo Resíduo sólido


1332 kg 1848 kg

Óleo refinado
1279 kg

Metanol
139 kg

Ester metílico de colza Glicerina


1285 kg 133 kg
Fernando Neto 05-10-2008
44
POTENCIAL TECNOLÓGICO DE
SISTEMAS DE CONVERSÃO DE
BIOMASSA
| Tipos de biomassa para conversão em energia: resíduos concentrados
(aterros, resíduos sólidos municipais, alguns resíduos sólidos e líquidos
industriais) ou dispersos (agrícolas, florestais, plantações energéticas
(madeira, herbáceas, cana, trigo, milho, sorgo, oleaginosas, etc.)
| Tecnologias de conversão:
z Bioquímicas: digestão anaeróbica, fermentação, hidrólise, etc.
z Termoquímicas: Combustão, pirólise, gaseificação, transesterificação
| Disponibilidades de resíduos para conversão em biomassa (EU-12):
z florestais e agrícolas: 520 milhões de ton/ano (16 em Portugal)
z industriais e municipais: 306 milhões de ton/ano (2,9 em Portugal)
z área disponível para culturas energéticas: ???
| Principais barreiras: oportunidades limitadas para sistemas de pequena
dimensão, necessidade de reduzir os custos de alguns processos de
conversão (gaseificação, pirólise, etc.), baixas productividades das
culturas energéticas, custos agrícolas elevados

45 Fernando Neto 05-10-2008


ENERGIA DAS MARÉS:
PRINCÍPIOS FÍSICOS
| Origem das marés – atracção
gravitacional da Lua
| As marés podem ter maior ou menor
amplitude consoante a configuração da
costa
| A energia armazenada na água
recolhida na maré alta, numa área A,
relativamente à cota medida na maré
baixa, H, é W=ρW.H2.A.g. A potência
que poderia ser teoricamente recolhida
durante o intervalo de tempo
compreendido entre a praia-mar e a
baixa-mar, T, seria P=ρW.H2.A.g/T

46 Fernando Neto 05-10-2008


POTENCIAL DE SISTEMAS DE
APROVEITAMENTO DA ENERGIA DAS
MARÉS

47 Fernando Neto 05-10-2008


POTENCIAL TECNOLÓGICO DE
SISTEMAS DE APROVEITAMENTO DA
ENERGIA DAS MARÉS
| Rance, Bretanha, 240 MWe, factor de carga de 28%,
em operação desde 1966, gera 600 GW.h por ano
| Eficiências de conversão na ordem dos 90%
(máximo) com médias anuais de 85%
| Obstáculos: dimensão dos projectos e dos
investimentos, tempos de construção, projectos
geradores de preocupações ambientais a nível local
| Potencial na Europa: 54 GW ou cerca de 100 TW.h
(90% dos quais na França e no Reino Unido

48 Fernando Neto 05-10-2008


ENERGIA DAS ONDAS:
PRINCÍPIOS FÍSICOS
| A formação de ondas no
oceano é um processo
complexo e deve-se à acção
do vento sobre a sua
superfície
| A potência mecânica contida
numa onda por unidade de
comprimento é dada por
P=ρW.g2.a2/(4.ω) onde ω é a
frequência das ondas e a é
amplitude da onda.
Representação gráfica em
kW/m para várias zonas do
globo

49 Fernando Neto 05-10-2008


POTENCIAL TECNOLÓGICO DE
SISTEMAS DE APROVEITAMENTO DA
ENERGIA DAS ONDAS

| Sistemas de conversão de energia das ondas


(eficiências de 30%-35%, factores de carga na ordem
dos 75%):
z Costeiros
z Offshore
| Recursos anuais estimados para EU-12: 155 TW.h
| Principais barreiras: novidade tecnológica

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GRADIENTES TÉRMICOS
DOS OCEANOS: PRINCÍPIOS
FÍSICOS
| Os gradientes térmicos
encontrados nos oceanos
podem ser explorados para
a geração de potência
mecânica utilizando as
zonas a baixa temperatura
como fonte fria e as zonas
perto da superfície como
fonte quente

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ENERGIA GEOTÉRMICA:
PRINCÍPIOS FÍSICOS
| A energia geotérmica tem origem no interior da
crusta terrestre onde ocorre um processo de
arrefecimento progressivo
| O calor presente na crusta pode ser aproveitado
em situações distintas consoante o estado em que
se encontre e as temperaturas em vigor:
• Vapor: extracção e expansão numa turbina
• Água quente: extracção, formação de vapor flash e
expansão numa turbina
• Armazenado na rocha: criação de um poço que remova um
aquífero aquecido pelo calor; injecção de um fluído frio e
sua posterior recuperação já aquecido

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POTENCIAL TECNOLÓGICO
DE SISTEMAS
GEOTÉRMICOS
| Tipos de sistemas:
z Hidrotérmicos: os fluídos são bombeados para a superfície onde a sua energia
é aproveitada para accionar uma turbina. Tipicamente utilizados com sistemas
de vapor sobreaquecido (EUA, Itália, Indonésia, Japão e México). Parâmetros
típicos de operação: pressão de vapor: 8-9 bar; temperatura: 180ºC. Eficiências
típicas por volta dos 24%. Podem recorrer à evaporação em unidades flash
possibilitando uma aproveitamento de um maior caudal de vapor. Dados típicos
de projecto apontam para ciclos de vida útil na ordem dos 25 a 30 anos.
z Hot Dry Rock (HDR): um fluído frio é bombeado até uma zona quente onde é
aquecido num permutador de calor sendo recuperado posteriormente e
utilizado para o accionamento de turbinas. Sistema ainda eivado de problemas
técnicos nomeadamente no que se refere à construção e colocação in situ do
permutador de calor.
z Sistemas de magma: sistema conceptual onde o calor do magma é utilizado no
aquecimento de um fluído; ainda sem expressão comercial.
| Potencial para a produção de energia eléctrica na UE-12: 36 TW.h
| Potencial para a produção de energia térmica na UE-12: 200 kTEP
| Principais barreiras: elevados custos de exploração, operação e manutenção,
recursos escassos na UE, preocupações ambientais (libertação de gases que
acompanham os fluídos geotérmicos)
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CÉLUAS DE COMBUSTÍVEL:
PRINCÍPIOS FÍSICOS
| Célula de combustível:
instalação composta por dois
eléctrodos ligados de forma a
constituir um circuito externo.
Se hidrogénio for conduzido ao
eléctrodo negativo (material
poroso), formar-se-ão iões H+
sendo os electrões conduzidos
através do circuito externo
(corrente eléctrica). Oxigénio é
conduzido ao eléctrodo positivo
onde reage com os iões
negativos e com os electrões
conduzidos através do circuito
externo para formar água

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POTENCIAL TECNOLÓGICO DOS
SISTEMAS DE PROCESSAMENTO DE
HIDROGÉNIO

| A utilização de Hidrogénio é uma tecnologia recente que recorre a um


combustível não poluente e extremamente versátil que pode ser
utilizado na produção de calor, energia eléctrica ou energia mecânica.
| Energias renováveis como a energia eólica ou o solar fotovoltaico
podem ser utilizadas na produção de hidrogénio por electrólise.
Adicionalmente e dado o carácter intermitente da produção solar
fotovoltaica e eólica, a armazenagem de energia sob a forma de
hidrogénio é uma alternativa viável à armazenagem em bateria ou à
injecção na rede.
| Principais barreiras: a tecnologia do hidrogénio solar está condicionada
pelo desenvolvimento e integração das tecnologias a montante (eólica,
solar fotovoltaico, solar-eléctrico, etc.) uma vez que só a sua utilização
massificada se traduziria no abaixamento dos custos de produção.

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ENERGIA HÍDRICA: STATUS
ACTUAL
| A energia hídrica é recuperada pela conversão em energia
cinética de rotação da energia potencial armazenada
| Constrangimentos: o seu aproveitamento é condicionado por
questões climatéricas e geográficas, impactos negativos ao nível
da biodiversidade, realojamentos de populações, sedimentação,
etc.
| As grandes barragens são uma tecnologia consolidada; poucas
oportunidades adicionais
| Oportunidades ao nível das mini-hídricas particularmente nos
casos em que obras de regularização de caudais podem ser
mobilizadas para aproveitamentos hidroeléctricos

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POTENCIAL ECONÓMICO DAS
TECNOLOGIAS DE ENERGIAS
RENOVÁVEIS

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BIBLIOGRAFIA
| The European Renewable Energy Study, Main Report, Office for Official Publications of the European
Commission, 1994. ISBN: 92-826-6970-5
| The European Renewable Energy Study, Annex I: Technology Profiles, Office for Official Publications of
the European Commission, 1994. ISBN: 92-826-6450-3
| Renewable Energy: Sources for Fuel and Electricity. Ed. by T.B. Johansson, H. Kelly, A.K.N. Reddy
and R.B. Williams. Earhtscan, London, 1993
| Renewable Energy – a Global Review of Technologies, Policies and Markets. Ed. by D. Assmann, U.
Laumanns and D. Uh. Earthscan, 2006
| Transferência de Calor, um texto básico. M.N. Ozisik, Ed. Guanabara, 1990
| Base de Dados do Potencial Energético do Vento em Portugal – Metodologia e Desenvolvimento.
Teresa Maria Veloso Nunes Simões Esteves, Dissertação de Mestrado em Ciências e Engenharia da
Terra, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, 2004
| http://www.ineti.pt/viewDoc.aspx?src=C7B3D76B5EFCE7DA832880EEAD374110
| Global Wind 2007 Report, GWEC, Global Wind Energy Council, Maio 2008 (http://www.gwec.net)
| G.M. Joselin Herberta, S. Iniyanb,, E. Sreevalsanc, S. Rajapandiand A review of wind energy
technologies, Renewable and Sustainable Energy Reviews 11 (2007) 1117–1145
| Renewable Energy – its physics, engineering, environmental impacts, economics and planning, 3rd
edition. B. Sorensen. Elsevier, 2004. ISBN: 0-12-656153-2
| Wind Power Equipment. D.F.Warne. E&FN Spoon, 1983. ISBN: 0-419-114010-6
| Dados do European Biodiesel Board (www.ebb-eu.org)
| Dados do European Bioethanol Fuel Association (www.ebio.org)
| Células de Combustível – Fernando António Castilho Mamede dos Santos e Fernando Miguel Soares
Mamede dos Santos. Millenium, Revista do ISPV. 29, Junho de 2004

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