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Cartilha

Conhecer, integrar, conservar


Quem são os tubarões e raias e por quê 
devemos conservá-los?
Tubarão martelo
(Sphyrna lewini)
Criticamente ameaçado
de extinção

Os tubarões e raias surgiram no planeta há mais de 400 milhões de anos, 200


milhões de anos antes dos grandes dinossauros. São animais que possuem
incríveis sentidos e adaptações e são essenciais para o equilíbrio marinho, pois
costumam consumir peixes doentes e fracos, deixando o ambiente saudável.
Além disso, por serem predadores de topo, eles controlam toda a cadeia
alimentar do oceano. Infelizmente, muitas pessoas consideram que os tubarões
sejam vilões, mas na verdade eles não são predadores de seres humanos, e
ocorrem raros acidentes. As raias são parte do meio de cadeia, extremamente
sensíveis e sua presença indica um ambiente saudável. Se os tubarões e as raias
forem extintos, além de perdermos animais fabulosos, que podem nos ensinar
muito, todo o ambiente marinho ficará descontrolado e teremos danos
irrecuperáveis que afetarão não só os oceanos, como as populações que
dependem de seus recursos.

Porque os tubarões e raias estão em risco de extinção?

Nas últimas décadas, a captura de tubarões e raias vem aumentando muito


devido à diminuição dos recursos pesqueiros tradicionais e pelos altos valores
obtidos pelas nadadeiras dos tubarões e raias no mercado internacional. Junto a
isso, estão os altos valores obtidos pelo comércio de carne de cação no Brasil,
onde mais de 70% das pessoas não sabem que cação é tubarão. Estimativas
apontam que o número de tubarões capturados anualmente no mundo pode
chegar a 273 milhões.
A vulnerabilidade dos tubarões e raias frente ao impacto da pesca deve-se às
suas características biológicas, pois sua reprodução e crescimento são muito
lentos. A maioria das espécies gera poucos filhotes por gestação (que é longa -
até 24 meses), e demoram cerca de 15 anos para se tornarem adultos, o que
dificulta a recuperação da população quando pescados em excesso.

Cação (raia) viola (Rhinobatus horkelli)


Peixe (raia) serra (Pristis sp.)
Criticamente ameaçados de extinção

1
Além disso, esses animais também são extremamente
sensíveis a poluição e ao aquecimento global. Esses
níveis de exploração e alterações ambientais têm Raia chita/
levado muitas das populações a um grave declínio. De Raia darin darin
(Aetobatus narinari)
acordo com a União Internacional para Conservação Vulnerável a extinção
da Natureza (IUCN), cerca de 25% das espécies de
tubarões e raias do mundo estão ameaçadas de
extinção devido à sobrepesca. No Brasil, de 163
espécies avaliadas, 55 (1/3) econtram-se ameaçadas de
risco de extinção.
Você sabia que tubarões e raias
têm um alto nível de metais
Qual a situação dos tubarões pesados, acima do recomendado
e raias do Paraná? pela Organização Mundial de
Saúde e o seu consumo pode
gerar danos neurotóxicos,
imunológicos e cardiovasculares.

Das 185 espécies de tubarões e raias que ocorrem no Brasil, 83 podem ser
encontradas no litoral do Paraná, sendo destes 52 tubarões e 31 raias. O
preocupante é que 38 dessas espécies estão em risco de extinção, 14 estão
quase ameaçadas e para 20, faltam estudos e informações sobre elas para que
possam ser classificadas. Para reverter esta situação, precisamos diminuir a
poluição dos mares, o aquecimento global e principalmente a captura e o
consumo da carne de tubarões (cações) e raias, valorizando e respeitando-os
para salvarmos nossas incríveis espécies!

Veja informações sobre todas as espécies do Paraná no nosso site:


http://raiardaeducacao.wixsite.com/projeto

No Brasil muitos consomem a carne de tubarão sem saber, porque ela é


comercializada como CAÇÃO. Quando você comprar carne de cação,
está comendo um TUBARÃO, que pode ser desde um tubarão azul a um
tubarão tigre como eu! CAÇÃO = TUBARÃO

Tubarão tigre
(Galeocerdo cuvier)
Próximo ao risco de extinção

2
Projeto RAiAr da eduCAÇÃO

Para auxiliar na conservação e recuperação dos tubarões e raias do Paraná


através da educação ambiental, surgiu o projeto RAIAr da eduCAÇÃO. O
projeto foi aprovado no edital do Instituto Linha d´ Água, lançado para a seleção
de propostas ligadas ao Plano de Ação Nacional para a Conservação dos
tubarões e raias ameaçados de extinção do Brasil, principalmente que
trabalhassem com a sensibilização de pescadores e sociedade em geral acerca da
importância dos elasmobrânquios (tubarões e raias) e de sua conservação para a
integridade dos ecossistemas marinhos.

O RAIAr da eduCAÇÃO atuou na região do litoral paranaense, principalmente no


Complexo Estuarino de Paranaguá, que devido a sua importância e rica
diversidade cultural e biológica, é considerado pela Organização das Nações
Unidas, Patrimônio Natural e Reserva da Biosfera, desde 1991. Da rica
biodiversidade local, fazem parte os tubarões e as raias.

O projeto teve como objetivo promover ações de sensibilização ambiental sobre a


importância de conhecer e conservar os tubarões e raias nesta área de grande
importância ambiental de maneira consciente e equilibrada, sem prejudicar a
pesca artesanal e nem os tubarões e raias. Contamos com uma espécie bandeira,
a raia Manta birostris, uma grande raia, que pode alcançar até 7 m de largura de
disco e pesar 2 toneladas, que pode ser vista saltando para fora d´água na Ilha
das Peças.

Entre Dezembro de 2016 e Novembro de 2017, compartilhamos o conhecimento a


respeito da importância dos tubarões e raias, e de sua conservação para os
ecossistemas marinhos e sociedade com moradores, pescadores, turistas e
estudantes do litoral do Paraná, a partir de um processo participativo, que
possibilitou atividades, reflexões e troca de saberes, visando reverter esta
situação de sobre-exploração dos tubarões e raias, principalmente a partir da
sensibilização ambiental, diálogos e divulgação de informações.

A divulgação das informações sobre os tubarões e


raias do Paraná é essencial porque só amamos e
respeitamos o que conhecemos!
Raia ticonha
(Rhinoptera brasiliensis) 3
Criticamente ameaçada de extinção
Raia Manta

A espécie bandeira do nosso Projeto é a


raia manta (Manta birostris), também
conhecida como raia jamanta, é uma
Raia m
grande espécie de raia, que chega a 7 (Mant anta
a biro
metros de comprimento entre uma Vulne stris)
rável a
extinç
nadadeira e outra quando adulta. ão

É encontrada ao redor de ilhas, onde é avistada por mergulhadores, com os


quais interagem docilmente. O turismo de mergulho com a espécie atrai
milhões de visitantes para países como Havaí e Maldivas.

No litoral do Paraná, pode ser encontrada principalmente em frente a Vila da Ilha das
Peças e também nas proximidades da Ilha do Mel. Ela não pode ser vista em mergulhos
na região porque a água é escura, mas você pode ter a sorte de ver um salto para fora
da água entre o verão e o início de outono. Ainda não se sabe porque saltam e porque
habitam essa área, mas é a única região estuarina no mundo em que se sabe que a
espécie retorna em todos os verões.

A melhor forma de vê-las quando estão por aqui, é sentar na praia da vila da Ilha das
Peças e observar. Elas saltam uma, duas ou três vezes seguidas,. Deve-se ter paciência,
mas é um esforço que vale a pena o espetáculo! Se você vir um grande splash, fique de
olho porque pode ter sido um salto e ali ela poderá saltar novamente.

A raia manta está classificada como Vulnerável a extinção pela UICN, faz parte da
lista de espécies ameaçadas do Brasil e sua captura e comercialização é proibida no
país desde 2013. Se tornam adultas entre 8 a 10 anos de idade, com cerca de 4 metros
de comprimento entre as nadadeiras, e dão a luz a somente um filhote por gestação,
que dura 12 meses, a cada dois anos. Precisamos protegê-las, para que elas continuem
embelezando o nosso mundo.

Acham que eu salto para retirar rêmoras das


costas, para chamar a atenção da fêmea, para
me comunicar, para espantar predadores, para
auxiliar no parto, para me alimentar, para
Foto: Andrielli M. Medeiros brincar...E você o que acha?
4
Ações do Projeto Você sabia que sou
bem pequeno? Meu
Tubarão/cação frango
tamanho máximo é de ou rola rola
80 centímetros. (Rhizoprionodon lalandii)
Dados insuficientes sobre ameça
de extinção

Com o objetivo de atingir públicos distintos, o projeto atuou em 4 frentes principais:


comunidades, turistas, estudantes e pescadores.

COMUNIDADES TURISTAS
MORADORES

ESTUDANTES PESCADORES
Além disso, divulgamos todas as ações do projeto e informações sobre as espécies
para o grande público nas mídias sociais e no nosso site. Visite, curta, comente,
compartilhe.

https://www.facebook.com/RAIArdaeduCACAO/

https://www.instagram.com/raiardaeducacao/?hl=pt-br

http://raiardaeducacao.wixsite.com/projeto

5
Ações do projeto

Antes de escrevermos o projeto, conversamos com membros do Colégio Estadual do


Campo Ilha das Peças e a Associação dos Moradores da Vila das Peças, para saber
se aceitariam participar do projeto e o que gostariam que fosse incluído na
proposta. Após a vitória no edital, nossa primeira ação foi irmos para a Ilha das
Peças e nos apresentarmos e conversarmos com os moradores sobre as ações do
projeto.

Depois, iniciamos as atividades com os turistas da Ilha das Peças, Ilha da Mel e
Pontal do Sul, onde entrevistávamos os turistas sobre o conhecimento deles sobre os
tubarões e raias do Paraná, e quando não sabiam as resposta eram informados
corretamente. Os resultados das entrevistas você pode verificar na
seção "Resultados das entrevistas com os turistas", na página 16. Na tenda do projeto
tínhamos banners informativos e fazíamos brincadeiras com as crianças, que
também jogaram super trunfo e coloriram desenhos. As crianças da Ilha do Mel
participaram de todas as atividades e gostaram tanto, que nos pediram pra ir na
escola deles fazer atividades também.

6
Ações do Projeto

Estivemos presentes mensalmente no ano de 2017 no Colégio Estadual do Campo


Ilha das Peças, realizando atividades, oficinas, jogos e brincadeiras junto ao Grupo
de Ecologia Caiçaras Ecológicos. Os alunos que participaram voluntariamente
destas ações, passaram a ser disseminadores de tudo que aprendiam.
Nos encontros trabalhamos o reconhecimento e valorização da cultura e a
história local, a compreensão do meio ambiente onde se vive, além de destacar a
participação da comunidade na conservação deste patrimônio.
Tivemos momentos de diálogo, troca de saberes e reflexão sobre os problemas
socioambientais da região, além da reutilização de materiais recicláveis para a
confecção de uma maquete representando a região.

7
Ações do Projeto

No segundo semestre de 2017, estivemos mensalmente realizando também as


ações do projeto no Colégio Estadual do Campo Felipe Valentin, na praia de
encantadas na Ilha do Mel (após os alunos que nos conheceram na tenda das
ações com os turistas, nos pedirem para atuarmos na escola deles). As atividades
desenvolvidas foram vinculados às áreas de conhecimento, como ciências exatas,
ciências humanas, ciências da natureza e outras. Todas as ações foram incluídas
ao Plano de Trabalho Docente (PTD) dos professore, e os encontros foram
realizados nas turmas do sexto e sétimo ano. Para saber, como utilizamos o
conhecimento sobre s tubarões e raias em todas as disciplinas, visite o nosso site.

8
Ações do Projeto

Realizamos também oficinas de sensibilização e divulgação do projeto, através da


perspectiva de CONHECER para PRESERVAR, apresentando quem são os tubarões e
as raias, quais são as espécies mais comuns no litoral do Paraná, a sua importância
para o meio ambiente e as principais ameaças a essas espécies. Além de fazer estas
oficinas no início das ações nas escolas com atividades mensais, levamos esta
oficina para outras escolas do litoral paranaense, onde participaram 700 alunos, entre
o 6° ano do Ensino Fundamental e 3° ano do Ensino Médio. As instituições que nos
receberam foram: Escola Estadual Renée Carvalho de Amorim, Escola Estadual Maria
Helena Luciano, Colégio Professora Sully da Rosa Vilarinho, Colégio Estadual
Professor Paulo Freire, Escola Estadual Ilha de Superagui, Escola Estadual Tereza da
Silva Ramos, abrangendo os municípios de Guaraqueçaba, Paranaguá, Pontal do
Paraná e Matinhos.

Cação bagre
 (Squalus acantias)
Criticamente em
risco de extinção
Você sabia que temos "super poderes"? Sentimos vibrações
eletromagnéticas para ajudar a caçar nossas presas, e
conseguimos até mesmo perceber mudanças na composição
química na água! 9
Divulgamos as atividades do projeto para as
comunidades nas festas juninas das Ilhas, nos
ArRAIÁs da eduCAÇÃO.

E sempre que possível interagimos também com as


outras turmas e séries das escolas.

10
Ações do Projeto

Pensamos junto com a comunidade da Ilha das Peças em


um projeto que beneficiasse moradores, tubarões e raias e o meio ambiente como
um todo. Como resultado, foi proposto um Centro Receptivo de Informações e
Casa da Culturas Caiçara. Assim, foi elaborado um projeto para a criação deste
espaço, onde os moradores poderiam divulgar seu trabalho e os turistas poderiam
ser informados sobre os atrativos da Ilha, acomodações, comércios e os cuidados
que deveriam ter e com a natureza e com a cultura local.

Participamos da reunião do conselho do Parque Nacional do Superagui, onde o


projeto foi apresentado e pudemos discutir a situação dos tubarões e raias do
Paraná com os gestores, pesquisadores, moradores e pescadores da região.

Você sabia que as famosas


“selfies” são mais perigosas do
que nós?
Mais pessoas se machucam
tentando tirar fotos em lugares
perigosos e arriscados do que
por acidentes com tubarões.

Tubarão/cação mangona
(Carcharias taurus)
Criticamente ameaçado
de extinção

11
Ações do Projeto

Também conversamos com os pescadores, que relataram a crise da pesca, a


diminuição da quantidade de tubarões e raias na natureza, e sobre o que poderia
ser feito para a resolver estas questões. Tivemos diversas respostas distintas
como:

"No mar ninguém planta, só colhe."

"Tinha que se ter defeso dentro da baía por uns 10 anos."

"Os pescadores industriais lá fora, pegam todos os nossos peixes, tanto os grandes
que estão entrando na baía, quanto os filhotes, que são descartados no mar."

"O pescador artesanal já tem pouco peixe pra pescar e ainda sofre com a
fiscalização que leva as redes embora e faz abuso de poder."

"Peixes já foram extintos da baía como o bagre bacia, parambiju, bagre sari,
tubarão mangona."

"Faz 3 anos que não pego um tubarão na Ilha das Palmas."

"Jamanta tem ano que dá mais e tem ano que dá menos, mas antes tinha muito
mais. Nós não queremos pegá-las, acho que a pesca industrial também deve estar
acabando com elas."

"Acho que o peixe não está acabando, mas está ficando mais inteligente. Esses
dias escutava as corvinas roncando e não pegava nenhuma."

"Tinha que ter defeso de todas as espécies."

"Os sardinheiros entram na baía, dão um lanço e enchem três embarcações,


acabam com a sardinha que é a base pra muitos peixes."

"Também aumentou muito a quantidade de pescadores e tem muita poluição, que


está acabando com tudo."

"O clima anda muito estranho, não existe mais época certa pros camarões e
peixes, todo ano muda, e o defeso não acompanha as mudanças."

"Pra salvar os peixes e os pescadores artesanais, só proibindo a


pesca industrial, que acaba com todo os recursos."

12
Quais espécies vivem na proximidades da Ilha do Mel
e Ilha das Peças?
Os pescadores da Ilha das Peças contaram quais são as espécies de tubarões e raias
que vivem ou passam um tempo na região. A maioria das espécies visita a região
na primavera, verão e outono. Falaram que tubarões só ocorrem perto da Ilha das
Palmas e as raias mais para dentro do estuário. Mas, este ano estavam assustados,
porque um pescador viu a pouco tempo a sombra de um grande tubarão na água,
enquanto colhia a rede em frente a Vila.

Vila das Peças

10 11

Raia manta ou jamanta

Raia ticonha
Raia rabuda
11
10 Raia manteiga

Raia jereva

Raia chita ou10


darin darin

Raia mobula ou jamantinha


Tubarão/cação mangona

Tubarão/cação tigre

10 Tubarão/cação galha preta


11 Tubarão/cação martelo 13
Lendas
Os pescadores da Ilha das Peças nos contaram lendas sobre os tubarões e
raias da região:

"Quando a raia manta salta com as costas


pra baixo, está adivinhando tempo ruim..."

X
"...e  quando uma raia
manta salta, você não
pode apontar, senão
ela não salta de novo."

"Na região existem duas raias


temidas. Uma delas é a raia
rabuda (Dasyatis centroura).
Quando o pescador está colhendo
o espinhel, ela dá rabadas no
pescador com muita força,
machucando muito."

Preciso me proteger, estou


criticamente ameaçada de
extinção!

"Outra temida é a raia manta. Os pescadores tem muito medo de que uma raia manta afunde a
embarcação quando pega cabo da âncora, e também de perder a rede que pode ser arrastada por
ela."
 "Mulher grávida não pode comer carne de raia senão perde o bebê, porque a raia menstrua." 

"Contam que pescadores avistaram


uma ilha e pararam nela pra
descansar. De repente, a ilha
começou a se mexer e perceberam
que  na verdade a ilha era uma raia
jamanta (manta). "

14
Resultados das entrevistas com os turistas

Durante nossas entrevistas, tivemos a participação de 158 pessoas de diversas


localidades, sendo a maioria de Curitiba, mas também de outras cidades do
Paraná, do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Alagoas, Rondônia,
Distrito Federal e de outros países como a Argentina. O questionário conteve 20
perguntas, você pode vê-lo e respondê-lo no nosso site.

A pergunta que mais chamou a atenção


foi o que seria um cação? Onde 88
entrevistados responderam de forma
incorreta, surgindo assim as mais diversas
respostas, como sendo um tipo de peixe,
um tubarão pequeno, uma espécie de
tubarão, filhote de tubarão, tubarão
manso, um tipo de peixe para fazer caldo,
etc. Apenas 49 entrevistados (31%)
responderam de forma correta que um
cação é um tubarão, independente de
espécie ou tamanho.
Você sabe o que é um cação?

Outro questionamentos foi: Você ou


algum conhecido já foi atacado por um
tubarão ou raia? A grande maioria, 138
entrevistados (mais de 87%), nunca foram
atacados e não tem nenhum
conhecimento sobre alguém que já tenha
sido atacado. Muitos citaram ataques que
viram em noticiários. Confirmando que os
elasmobrânquios dificilmente investem
em seres humanos, apenas em caso de
acidentes, como ao pisar em cima de uma
Você ou algum conhecido já foi raia, ou o mais difícil, uma investida de
atacado por um tubarão ou raia?
algum tubarão.

Além disso, nenhum ataque foi no Paraná. Era interessante perceber a


reação dos participantes, quando tinham as informações de que no Paraná
existem 83 espécies de tubarões e raias e de que não existem ataques,
tirando a imagem de vilões dos elasmobrânquios, principalmente dos
tubarões.
15
Resultados das entrevistas com os turistas

Na pergunta referente ao conhecimento das espécies de raias e tubarões que


ocorrem no litoral do Paraná, mais de 75% dos entrevistados não sabiam
responder. Dos 25% restantes, alguns citaram espécies que foram visualizadas
nos banners expostos na tenda e nos folders entregues, assim não sabemos ao
certo se o conhecimento dessas espécies é verdadeiro ou não. No entanto, uma
pequena porcentagem dos entrevistados (menos de 10%) souberam
responder, isso atribui-se o fato de serem pescadores ou moradores locais.

Muitas pessoas também não conheciam o fato da raia manta ocorrer no litoral do
Paraná, e ser avistada saltando para fora d´água. Muitos inclusive não sabiam da
ocorrência dos botos na Ilha das Peças, e todos confirmaram o desejo de poder
ver estes animais de perto. Assim, foi possível perceber que os atrativos naturais
do litoral do Paraná são pouco divulgados, o que acarreta em uma ausência de
cuidado em relação aos animais (muitas embarcações e jet skys em altas
velocidade na área de agregação das mantas e botos em frente a Vila das Peças),
e uma perda de geração de renda para as comunidades que poderiam cuidar
mais das espécies se elas fossem valorizadas pelo turismo (triste realidade).

Também perguntamos sobre a qualidade ambiental nas Ilhas, e em ambas, foram


relatados problemas como lixo urbano sem destinação, esgoto doméstico jogado
ao mar, baixa qualidade da água, ausência de sinalização nas trilhas e ausência
de informações para os turistas.

Foi possível ver que o conhecimento ambiental sobre os tubarões e raias de


muitos turistas e moradores, mesmo a maioria (mais de 60%) ser de adultos e
também possuir o ensino superior completo, ainda é muito limitado. De fato, a
educação ambiental, que por lei, deveria fazer parte de todos os currículos do
ensino infantil até o ensino superior, se mostra falha em nosso sistema.

Assim, ressaltamos a grande importância da continuidade e investimento em


projetos socioambientais, com um viés especialmente forte na educação
ambiental, pois de nada adianta a pesquisa sem a divulgação das informações,
atingindo todos os representantes da sociedade. Este é o trabalho executado pelo
projeto RAIAr da eduCAÇÃO, que leva o conhecimento técnico traduzido de
uma forma simples e compreensível para as escolas, comunidades e turistas das
Ilhas do Mel e das Peças no Litoral do estado do Paraná.

16
Ilha das Peças

Pertencente ao município de Guaraqueçaba-PR, e ao Parque Nacional de


Superagui, a Ilha das Peças é formada por seis comunidades, dentre elas a Vila
das Peças, que é uma comunidade estruturada onde além da prestação de
serviços exerce a pesca artesanal.

O nome de Ilha das Peças pode ter origem devido ao tráfico de escravos, pois
como o comércio era proibido, os navios não podiam chegar até Paranaguá com
a “carga” de escravos a mostra, então, as ‘peças’, como os escravos eram
chamados naquele tempo, eram deixadas na Ilha. Outra suposição para o nome
seria devido ao fato de os piratas esconderem seus tesouros "peças" na Ilha, ou
ainda ser o lugar onde guardavam as armas de guerra, "peças".

Além das praias de estuário, com vista pra linda baía, é possível passear pelo rio
das Peças, Praia Deserta da Ilha das Peças e adentro da vila. Os visitantes
podem desfrutar de um local de rica natureza, avistar muitos botos
(principalmente mães com filhotes), praia virgem com 7 km de extensão com
vista para a Ilha do Mel, além de ter a experiência única entre o verão e o início
do outono de presenciar o salto da raia Manta, que pode ser visto da praia.

A comunidade também proporciona estrutura de hospedagem, passeios de barco


e de canoa caiçara, bailes de fandango, trilhas ecológicas, restaurantes e uma
comida beira mar que você não irá esquecer, no Clube das Mães - Associação
das mulheres da comunidade.

Imagem: Andrielli M. Medeiros

17
Ilha do Mel

A Ilha do Mel pertence ao município de Paranaguá-PR, e está localizada na


desembocadura do Complexo Estuarino de Paranaguá. A Ilha do Mel é um ponto
turístico conhecido do estado do Paraná, sendo dividida em três partes: Encantadas
e Brasília, onde o turista dispõe de pousadas e pequenos restaurantes, e a Estação
Ecológica, essa sendo área restrita, não permitindo a visitação.
Dentre os principais pontos de turísticos da Ilha, destacam-se: a Fortaleza, Farol
das Conchas e a Gruta de Encantadas, além das lindas praias que vão de águas
tranquilas à ondulações perfeitas para Surf.
Existem algumas versões sobre a origem do nome "Ilha do Mel":
- Antes da Segunda Guerra Mundial a ilha era conhecida como a Ilha do Almirante
Mehl, que se dedicou à apicultura na Ilha.
- Marinheiros aposentados viviam na Ilha e dedicaram-se à apicultura, produzindo
em grande quantidade e exportando o produto até a década de 60.
- A água doce existente na Ilha contém mercúrio, e em contato com a água do mar
isto causa uma coloração amarelada, semelhante à cor de favos de mel.
- Os índios Carijós que viviam na região apreciavam muito o mel de abelhas.
- A Ilha seria entreposto para navios comprarem mantimentos, entre eles farinha
(mehl em alemão).

18
Dicas para um turismo consciente

Foto: Projeto Boto Cinza/IPEC.


Respeite a cultura local.

A baía das Laranjeiras/Rio das Peças é


Da Ilha nada se tira, além de
uma importante área para
fotos, nada se leva além de
animais marinhos (mães com filhotes,
lembranças, nada se deixa
especialmente de botos e as raias
além de pegadas. Animais,
mantas), portanto a navegação nesses
plantas, rochas, frutas,
locais restringe-se ao transporte. Não
sementes e conchas devem
pratique esportes náuticos motorizados
permanecer nos locais
(lanchas, esqui aquático e jet ski), pois
encontrados. Todo o lixo
são prejudiciais aos animais e interferem
produzido, deve ser coletado
no cotidiano das comunidades de
e depositado em local
pescadores artesanais.
apropriado.
Não acenda fogueiras, pois
Acampe somente nos incêndios se propagam rapidamente
campings da comunidade. na vegetação de restinga.

O consumo da água deve ser A melhor forma de avistar e se


controlado, bem como a aproximar dos golfinhos (botos) é
produção de lixo, pois observar da praia, ou utilizar meios
ambos serviços em épocas de que não façam barulho, como
temporada são precários nas canoa, caiaque e stand up. O som
Ilhas. de motores estressa e prejudica a
comunicação deles.
A melhor forma de avistar uma raia manta é sentar na
praia e observar, lá você tem a vista mais panorâmica da
região de maior ocorrência dos saltos (em frente a Vila das
Peças). Não adianta tentar andar de barco atrás delas,
porque você não saberá onde elas estão, elas saltam de
repente e em uma grande área, se você se movimentar de
embarcação, as chances de perder os saltos são enormes.

Como chegar?
Via Paranaguá, saem barcos do trapiche das ilhas na Rua da Praia, também
conhecida por Rua General Carneiro. De lá saem barcos tanto para a Ilha do Mel
quanto para a Ilha das Peças. A frequência dos barcos é diária e a viagem pode
durar entre uma hora e meia a duas horas, dependendo das condições climáticas e
da maré. Outro opção para chegar até a Ilha do Mel é por Pontal do Sul, no porto
de embarque, onde a frequência de barcos é horária e a viagem dura em torno de
meia hora.
19
Jogos e diversões

VAMOS RELACIONAR CADA TUBARÃO E SUA SOMBRA E NOMEÁ-LOS?

VAMOS COLORIR?

20
Jogos e diversões

21
Jogos e diversões

RELACIONE O DETALHE AMPLIADO QUE


PERTENCE A CADA TUBARÃO
Como desenhar
 um tubarão?

VAMOS COLORIR?

22
Agradecimentos a todos que nos auxiliaram a RAIAr

Ao apoio do Instituto Linha d’Água, toda sua equipe, em especial ao coordenador


executivo Henrique C. Kefalas pela orientação durante todo o projeto e visita.

A realização do projeto pelo IPeC (Instituto de Pesquisas Cananéia), em especial


Emygdio L. A. Monteiro Filho, Karin Monteiro, Lucimara Xavier, Caio
Noritake, Lucimary Deconto.

A parceria do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO).

Aos nossos colégios parceiros, o Colégio Estadual do Campo Ilha das Peças, da Ilha
das Peças, e o Colégio Estadual do Campo Felipe Valentim, da praia de Encantadas
na Ilha do Mel, principalmente aos diretores Jiu Modesto e Nilsa Batista Paz, além
de toda a equipe do colégio, como Ione A. Fernandes e os professores Luigi F. Paiva,
Kelly C. Brombatti, Katharina I. S. de Mattos, Bárbara V. da Silva. Ambos os colégios
fizeram parte de todo o desenvolvimento do projeto, foram essenciais e
contribuíram imensamente para um bom andamento do projeto. Agradecemos a
todas as professoras que facilitaram as sensibilizações nas escolas do litoral, em
especial à Sandra Luiza de Siqueira e Clarice Jenuaria.
Contamos também com a parceria da Associação dos Moradores da Ilha das Peças,
da Associação de Mães da Ilha das Peças.

A parceria intelectual e didática de materiais taxidermizados e biológicos


disponibilizados pelos Laboratórios de Vertebrados e de Peixes (UFPR),
equipamentos de campo disponibilizados pelos Laboratórios de Peixes e do
Zooplâncton do Centro de Estudos do Mar (UFPR), como redes de plâncton,
fluxômetro, refratômetro, GPS, tudo para fornecemos atividades de qualidade e
incentivar os estudantes a conhecer os tubarões e raias do Paraná e o meio em que
vivem, para que sejam os protetores da região hoje e no futuro.

Agradecemos a todos os turistas, estudantes, pescadores e moradores que doaram


seu tempo para nos auxiliar e nos ouvir e movimentar o projeto. Juliana Ventura de
Pina e Camilla Beatritse que participaram da elaboração inicial do projeto e
Marcello Kawase que elaborou com a linda identidade do projeto. Ao marinheiro
José Hugo Guanais. A Carmem do Rosário e Suzane e Rodrigo Xavier. A Arian
Larroque. A Roze G. Santos e Flávia Carvalho, funcionárias do supermercado
Mergulhão, que sempre compreenderam nossas correrias de final de mês, sendo
também, um apoio fundamental no decorrer do ano. E a ABALINE (Associação de
barqueiros do litoral norte do Paraná), pelo desconto concedido para a realização
das atividades na Ilha do Mel.

Agradecimento especial a toda equipe RAIAr da eduCAÇÃO


que RAIAram, fizeram e aconteceram! 23
Equipe Equipe
RAIAr da eduCAÇÃO Cartilha

Coordenação Andrielli M. Medeiros


Andrielli Maryan Medeiros Renata A. Xavier
Olímpio R. Cardoso
Equipe Técnica Iully Ferretto
Renata AzevedoXavier Yasmim Barbieri
Janina Huk Schamberg
Wilson Rubens Netto Silva Diagramação: Andrielli M. Medeiros
Artes: Andrielli M. Medeiros e
Voluntários Jenyffer P. Medeiros
Olímpio Rafael Cardoso Jogos: Yasmim Barbieri
Cecília V. N. Massagnani Mapa: Olímpio Rafael Cardoso
Luiz Henrique Vergès
Iully Ferretto Impresso por Gráfica Capital
Julyana Martins Curitiba- PR
Yasmim Barbieri
Henrique César Batista 2017
Bruna Hakim

Nós não consumimos, amamos e protegemos as raias e tubarões (cações) porque


eles são animais incríveis, essenciais para o equilíbrio do mar,  que merecem
respeito e estão em risco de extinção!

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Imagem: Andrielli M. Medeiros

Imagem: Andrielli M. Medeiros

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