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Língua Portuguesa EF06LP01

Questão 1
Leia o texto a seguir e faça o que se pede.

O Tamar agora é “trintão”


O projeto que começou com jovens oceanógrafos indignados porque nenhum ninho de tartaruga
dava filhotes completa 30 anos com o mérito de ter restabelecido o ciclo de desova das espécies
da costa brasileira.
Tartarugar. Carebar. Verbos que, graças aos 30 anos de existência do Projeto Tamar, mudaram
de significado ou foram banidos do dicionário de muitas comunidades litorâneas.
Quando os então recém-formados em Oceanologia Catu (José Catuetê de Albuquerque) e Guy
Marcovaldi começaram a coleta de dados para a implementação do projeto, o termo tartarugar
era utilizado no litoral de Sergipe para designar a prática de pegar os ovos dos ninhos sem matar
as fêmeas. Já os carebeiros – como eram chamados no Espírito Santo – matavam as tartarugas
(carebas) durante a desova na praia, para comer a carne e usar o casco.
“Quando começamos, nenhum ninho de tartaruga dava filhotes. O ciclo estava interrompido”,
relembra Neca Marcovaldi, hoje presidente voluntária da Fundação Pró-Tamar, que coadministra
o projeto. “Se não fosse pelo Tamar, essas tartarugas não teriam tido nenhuma chance.”
Os números comprovam. Em seus 30 anos, celebrados este mês [janeiro de 2010], o projeto
está prestes a atingir a marca de 10 milhões de filhotes nascidos sob sua proteção. O Tamar –
hoje vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) –
monitora cerca de 20 mil desovas todos os anos, em mais de mil quilômetros de litoral e ilhas
oceânicas. E libera 900 mil filhotes no mar.
Mas a tarefa de proteção esbarra em desafios. Um deles é a necessidade de parceria com
países vizinhos, já que as tartarugas migram milhares de quilômetros por ano. Podem, por
exemplo, se alimentar em um país e desovar em outro. Sem essa cumplicidade, a conservação é
impossível.
Até 1979, o Brasil não sabia nada sobre tartarugas marinhas. Foi quando o IBDF
(Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal) participou de uma reunião em Washington, a
convite da OEA (Organização dos Estados Americanos). A então representante do órgão federal
voltou envergonhada, pois, diferentemente do Brasil, países como a Costa Rica e o Suriname
apresentaram trabalhos sobre o tema. E resolveu agir, montando uma equipe.
Chamou jovens oceanólogos formados pela Universidade Federal do Rio Grande (RS), que em
1977 haviam presenciado a matança de 11 tartarugas no Atol das Rocas (RN). De praia em
praia, viajando em barcos pequenos, monitorando as areias a pé ou a cavalo, recolhendo dados
com as comunidades, os pesquisadores foram mapeando a presença das tartarugas e definindo
locais para as primeiras bases de apoio.
Descobriram que, das sete espécies existentes no mundo, cinco estavam presentes no Brasil.
Dessas cinco, quatro desovam no litoral e uma nas ilhas oceânicas. Descobriram ainda que a
desova ocorria de setembro a março, no litoral, e de janeiro a junho, nas ilhas. E que daria
trabalho convencer as populações costeiras a abandonar o hábito de consumir os ovos e a
carne. “Encontramos resistência no início. Mas contratamos os melhores tartarugueiros e
carebeiros para trabalhar no projeto, o que foi crucial para o sucesso do Tamar”, afirma Neca.
Conscientização

Atualmente com 23 bases de pesquisa, o projeto mantém um banco de dados e 11 centros de


visitantes, que recebem 1,5 milhão de pessoas ao ano. Nos tanques, aquários e piscinas de
toque, elas aprendem sobre as tartarugas e o ecossistema em que vivem. Em alguns centros há
cinema e teatro.
A conscientização deu certo. Hoje, somente 30% dos ovos encontrados precisam ser
transferidos para cercados de incubação. O restante pode ficar na praia. E o verbo tartarugar,
agora, designa uma prática de monitoramento. O que não quer dizer que as tartarugas marinhas
estejam livres de risco. De cada mil filhotes, somente um ou dois conseguem atingir a
maturidade.
Elas sofrem, por exemplo, com o lixo jogado no mar. Segundo o Tamar, a ingestão de plástico
mata uma em cada quatro tartarugas encontradas sem vida e analisadas no projeto. Elas
confundem os objetos com comida.
A outra ameaça é a pesca incidental, quando elas são capturadas junto com os peixes. O
problema deu origem, em 2001, ao Programa de Interação Pesca e Tartaruga Marinha. “Isso
ocorre em todo o litoral. Elas são fisgadas por anzóis ou ficam enroladas nas redes”, explica
Gilberto Sales, oceanógrafo e coordenador do programa. “Temos observadores monitorando os
barcos de pesca e tentamos convencer os pescadores a trocar de anzol”, diz Sales, salientando
que a mudança de anzol reduziu em 60% a captura incidental.
A prioridade, hoje, é garantir que as tartarugas consigam atingir a idade adulta. Isso demora 30
anos. O que significa que a primeira geração de filhotes lançada ao mar pelo Tamar está
chegando à maturidade agora. Junto com o projeto.
(...)
NINI, Karina. “O Tamar agora é ‘trintão’”. O Estado de S. Paulo, 29 jan. 2010. Disponível em:
<www.estadao.com.br/noticias/vidae,o-tamar-agora-e-trintao,502993,0.htm>. Acesso em: 17 maio 2012.

Entre as alternativas a seguir, assinale aquela que apresenta a intenção da autora do texto ao
transcrever afirmações de Neca Marcovaldi e de Gilberto Sales.
a) Apresentar o texto em forma de entrevista.
b) Tornar o texto mais convincente, pois Marcovaldi e Sales são especialistas em tartarugas e a
opinião deles ajudaria a convencer o leitor.
c) Usar as palavras de pessoas comprometidas com o Projeto Tamar para tornar o texto mais
verdadeiro e ajudar na conscientização do leitor.

Gabarito:

Resolução:

Questão 2
Leia o texto a seguir e responda ao que se pede.
Uma misteriosa baleia chamada sardinheira
Por: Bruna Pagliani S. Di Dario
Ela é um dos animais mais curiosos que existem no mundo — palavra de biólogo! Salta, dá
borrifos bem altos, mas é imprevisível. Avistá-la, xiiiii, não é tarefa fácil. Por isso, pouco se
conhece do seu comportamento, do seu modo de vida. Mas aí vai a boa notícia: algumas vivem
no Brasil! Com vocês, a baleia-sardinheira!
Contando ninguém acredita, mas ela sobe à superfície para respirar com tranquilidade e
delicadeza, apesar de ser um gigante de quase 15 metros de comprimento. Diferentemente da
maioria dos grandes cetáceos, a baleia-sardinheira é mesmo discreta, nem expõe a cauda ao
mergulhar. Consegue isso porque não precisa pegar impulso para voltar a ficar debaixo d’água.
E não precisa de impulso porque é mais esbelta que suas primas baleias, como é o caso da
jubarte e da franca.
Se para emergir e afundar ela é calma, ao borrifar chama muita atenção. Seu borrifo pode
chegar a quatro metros de altura! Sim, é verdade! Porém, como essa espécie pode expirar
dentro da água, nem sempre seu jato-d’água é visível. Aliás, para ver seus saltos, também é
preciso ter muita sorte, de forma que a curiosidade dos biólogos sobre esse mamífero aquático
só aumenta.
Torpedo submarino
Se eu disser que a baleia-sardinheira, mesmo pesando 25 toneladas, nada com grande
velocidade, você acredita? Pois sua facilidade para se deslocar deve-se ao seu corpo em forma
de torpedo, uma anatomia perfeita para quem precisa ser ágil debaixo d’água. Assim, ela pode
nadar até 25 quilômetros por hora e, por conta de seu bom fôlego, pode permanecer submersa
por mais de 20 minutos.
Embora seja ágil, a baleia-sardinheira não realiza migrações. Vive geralmente em águas mais
quentes, em torno dos 20 ºC, entre as regiões tropicais e subtropicais de todo o planeta.
Estudos mostram que, em algumas partes do mundo, essa espécie se reproduz ao longo de todo
o ano, enquanto em outras regiões o período reprodutivo é curto. Os filhotes são como os pais,
bem grandes. Nascem com cerca de quatro metros de comprimento e pesam, aproximadamente,
560 quilos.
Nome que não deixa dúvidas
Como o nome denuncia, a baleia-sardinheira a-do-ra sardinhas. Mas em seu cardápio entram
também outros peixes e pequenos crustáceos, parecidos com camarões. Assim como outras
grandes baleias, ela tem cerdas bucais no lugar dos dentes.
As tais cerdas são feitas de queratina, o mesmo material que reveste a nossa pele e forma
nossos cabelos e unhas. Cada lado da boca possui centenas de placas de cerdas enfileiradas
que agem como um grande coador, filtrando o alimento que entra junto com a água do mar.
Em um único dia, uma baleia-sardinheira adulta é capaz de comer até duas toneladas de peixes
e crustáceos. Também, para manter o seu corpanzil, haja apetite!
Disponível em: <http://chc.cienciahoje.uol.com.br/revista/revista-chc-2010/210/uma-misteriosa-
baleiachamada-sardinheira>. Acesso em: 28 mar. 2011.

GLOSSÁRIO
Borrifos: porção de gotas miúdas de água.
Cetáceos: ordem de mamíferos aquáticos, que inclui baleias, botos e golfinhos.
Esbelta: magra, elegante.
Expirar: expelir o ar dos pulmões.
Anatomia: aparência externa de um corpo.
Corpanzil: corpo grande e forte.

Assinale a alternativa que destaca a intenção comunicativa do texto.

a) ( ) Contar uma história sobre a baleia-sardinheira.


b) ( ) Ampliar o conhecimento do leitor a respeito da baleia-sardinheira.
c) ( ) Expressar um ponto de vista sobre a baleia-sardinheira.

Gabarito:

Resolução:
Questão 3

Leia os textos a seguir para responder à questão.

Texto I

Brumadinho: buscas chegam a cem dias e vão continuar, dizem bombeiros

As buscas por vítimas do rompimento da barragem da Mina do Feijão, em


Brumadinho (MG), chegam hoje a cem dias ininterruptos com a promessa de
que não se encerrarão até que todos os desaparecidos sejam encontrados
ou não haja mais condições de encontrar corpos identificáveis.
Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/05/04/brumadinho-buscas-cem-dias-continuam.htm>. Acesso
em: 18 out. 2019.

Texto II

Buscas por desaparecidos em Brumadinho completam 100 dias

Segundo os Bombeiros, a operação só vai terminar quando todos os corpos


forem encontrados ou não houver mais condições biológicas para as buscas
As buscas por desaparecidos após a tragédia da Vale, em Brumadinho, na
Grande BH, completam 100 dias neste sábado (4). Até o momento, segundo a
Defesa Civil de Minas Gerais, a tragédia matou 235 pessoas e deixou outras 35
desaparecidas.
De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, a operação só vai
terminar quando todos os corpos forem encontrados ou não houver mais
condições biológicas para as buscas.
Disponível em: <https://noticias.r7.com/minas-gerais/buscas-por-desaparecidos-em-brumadinho-completam-100-dias-04052019>. Acesso
em: 18 out. 2019.

Os textos noticiam o mesmo fato. No entanto, a seleção das palavras demonstra


a opinião dos dois veículos de comunicação. Na comparação entre os textos, a
diferença de ponto de vista fica explícita nos trechos:

a) “As buscas por vítimas do rompimento da barragem da Mina do Feijão” / “As


buscas por desaparecidos após a tragédia da Vale”.
b) “Brumadinho: buscas chegam a cem dias” / “Buscas por desaparecidos em
Brumadinho completam 100 dias”.
c) “até que todos os desaparecidos sejam encontrados” / “a operação só vai
terminar quando todos os corpos forem encontrados”.
d) “[...] ou não haja mais condições de encontrar corpos identificáveis” / “[...] ou
não houver mais condições biológicas para as buscas”.

Gabarito:
A

Resolução:

a) Alternativa correta. O texto I fala em “vítimas e rompimento da barragem”,


enquanto o texto II fala em “desaparecidos e tragédia da Vale”.
b) Alternativa incorreta. As escolhas lexicais e os sentidos são equivalentes,
uma vez que ambos falam sobre a busca por desaparecidos, que já dura 100
dias.
c) Alternativa incorreta. As escolhas lexicais e os sentidos são equivalentes, uma
vez que ambos falam que a operação só terá fim quando todos os
desaparecidos (corpos) forem encontrados.
d) Alternativa incorreta. As escolhas lexicais e os sentidos são equivalentes,
uma vez que ambos falam que as buscas só cessarão por motivos específicos.

Questão 4

Leia o trecho da reportagem a seguir e responda à questão.

Nas questões de poluição do ar, mesmo que a matriz energética de um país


utilize combustível fóssil para gerar eletricidade, a grande vantagem do carro
elétrico é a não emissão de gases dentro das cidades onde mora o maior
número de pessoas por área, algo que melhora a qualidade do ar. Em países
como o Brasil, por exemplo, em que mais de 40% da população tem problemas
respiratórios, o impacto seria significativo, já que doenças como bronquite e
asma são agravadas pelo ar impuro. Sem contar a poluição sonora — o motor
elétrico é bem mais silencioso.
Disponível em: <https://veja.abril.com.br/brasil/e-preciso-acelerar/>. Acesso em: 11 nov. 2019.

Ao escrever textos, o autor apresenta, às vezes de forma explícita, às vezes de


forma implícita, seu posicionamento diante dos temas, e isso fica evidente na
forma como mostra suas ideias. A análise do trecho transcrito permite afirmar
que o autor

a) apresenta absoluta neutralidade em relação à poluição ambiental.


b) se posiciona criticamente, tratando do tema de forma fundamentada.
c) recorre inutilmente a dados estatísticos para comprovar sua tese.
d) não usa de forma eficiente recursos que comprovem suas afirmações.

Gabarito:

B
Resolução:

a) Alternativa incorreta. Não há como apresentar ideias, em textos


argumentativos, sem se posicionar em alguma medida. Fica evidente a
preocupação do autor com a poluição ambiental.
b) Alternativa correta. O autor se posiciona criticamente em relação à poluição
ambiental. Apresenta dados estatísticos e exemplos de doenças advindas da
poluição como forma de comprovar de maneira mais fundamentada o seu ponto
de vista.
c) Alternativa incorreta. A apresentação de dados estatísticos ratifica a
argumentação do autor, dando autoridade ao seu texto.
d) Alternativa incorreta. O autor utiliza de maneira muito eficiente os recursos
para indicar seu ponto de vista: posiciona-se criticamente; utiliza linguagem clara
e objetiva; apresenta dados que dão autoridade às informações.

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