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Divulgação Científica

Destruição dos recifes de corais não é


recente
15/8/2003

Agência FAPESP - A caça das tartarugas, peixes e crocodilos são fenômenos que existem
desde que o homem surgiu. A novidade é que essas ações iniciaram o processo de declínio
das estruturas dos recifes de corais, como revela um estudo publicado na edição 15/8 na
revista Science.

Um grupo de 12 pesquisadores, de diferentes instituições dos Estados Unidos, investigou


14 regiões coralinas nos oceanos Atlântico e Pacífico e no Mar Vermelho. Segundo o estudo,
o processo de destruição dos corais, que começou com as populações que apenas caçavam
e coletavam, foi bastante acelerado pelo homem moderno.

Os cientistas compararam principalmente duas variáveis para cada uma das regiões
analisadas. O estado de preservação do ambiente, desde bastante sadio até extinto, foi
identificado em sete estágios de desenvolvimento da vida terrestre. Os pesquisadores
estudaram a fase pré-humana, o período dos caçadores e coletores, a época apenas
agrária, os tempos da ocupação colonial e mais três fases dos tempos modernos, além dos
dados registrados no presente.

"Registros históricos longos, às vezes ignorados pelos cientistas, são ferramentas potentes
para se compreender a relação entre a situação atual e passada dos ecossistemas, quando
eles ainda estavam intactos", disse Richard Cooke, arqueólogo do Instituto Smithsonian de
Pesquisas Tropicais e um dos autores do artigo da Science. "Os humanos nunca foram
conservacionistas natos", disse o pesquisador radicado no Panamá.

Além do Caribe (Panamá, Bahamas e Ilhas Cayman), a Grande Barreira de Corais, na


Austrália, também foi estudada. Mesmo sendo considerada um exemplo de preservação, o
ecossistema do nordeste da Austrália não escapou da depredação. Segundo os resultados
da pesquisa, 80% de todos os sistemas de recifes de coral do mundo já sofreram algum
tipo de impacto desde que o homem apareceu.

"Sempre pensava que a população de tartarugas verdes estava intacta quando Colombo
chegou às Américas. Não vou pensar isso nunca mais", disse Karen Bjorndal, da
Universidade da Flórida, que também participou do estudo, em que ficou responsável pela
investigação das águas caribenhas.

Os cientistas acreditam que os resultados da pesquisa serão fundamentais no auxílio ao


desenvolvimento de políticas públicas de preservação ambiental. Os corais estão sumindo
ou ficando esbranquiçados. E, como agora se descobriu que as agressões contra esses
ecossistemas existem há muito tempo, um plano de ação para reverter esta destruição
marinha é cada vez mais urgente, acredita Cooke.
Notícias

Florestas dos mares ganham documentário


8/2/2008

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Os recifes de coral, considerados como o equivalente nos oceanos das
florestas tropicais úmidas, ocupam cerca de 2,4 mil dos 8 mil quilômetros da costa
brasileira. E são eles os protagonistas do documentário Vida nos Recifes, lançado pelo
projeto Coral Vivo, iniciativa que tem o objetivo de gerar conhecimento sobre os ambientes
recifais brasileiros.

Informações sobre o que são recifes, como são formados, importância dos corais e de
outros fenômenos biológicos presentes nesses ambientes são encontrados no DVD que teve
apoio do Ministério do Meio Ambiente. A proposta é apresentar conhecimentos científicos
sobre o ecossistema por meio de linguagem não-técnica.

Recifes de coral são estruturas rochosas construídas por organismos marinhos, sejam
animais ou vegetais portadores de esqueleto calcário, resistentes à ação mecânica das
ondas e correntes marítimas. Essas estruturas se distribuem na região equatorial do globo
terrestre, em geral em águas rasas, quentes e claras.

"O documentário é destinado tanto a especialistas, que se beneficiam com a riqueza de


imagens inéditas captadas durante pesquisas recentes desenvolvidas no Brasil sobre temas
como o sistema de desova dos corais, como também ao público leigo, que tem acesso a
conteúdos básicos sobre o assunto", disse Clovis Barreira e Castro, coordenador do projeto
Coral Vivo, localizado em Arraial D’Ajuda (BA), à Agência FAPESP.

Além das imagens obtidas do mar, o vídeo tem uma série de animações gráficas para
explicar conceitos geralmente pouco compreendidos, como detalhes sobre a formação dos
recifes de coral.

Segundo Castro, professor do Departamento de Inverterbrados do Museu Nacional,


entidade vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apesar de ter múltiplos
usos como o incentivo à educação ambiental e à multiplicação dos conhecimentos sobre os
recifes brasileiros, um dos principais objetivos do documentário é promover a capacitação
de professores e agentes de turismo que lidam com a conservação e com o uso sustentável
do ecossistema.

"Com base nos conteúdos abordados no vídeo, já fizemos um curso de capacitação para
mais de cem agentes de turismo da Bahia e estamos preparando outro para 200
professores de ensino fundamental do sul do estado, onde estão as áreas recifais mais
importantes de todo o Atlântico sul", contou Castro.

Segundo ele, a noção de que o litoral baiano tem as principais áreas recifais do Atlântico sul
existe desde a década de 1960. "Todas as espécies de corais formadores de recifes do país
conhecidas até o momento pelos cientistas brasileiros e estrangeiros são encontradas no
sul da Bahia, sendo algumas espécies exclusivas da região. Os outros recifes do litoral
brasileiro têm apenas parcelas dessas espécies. Não é à toa que o primeiro parque nacional
marinho brasileiro, o dos Abrolhos, foi criado na região, em 1983", disse.
De acordo com o pesquisador, um dos motivos da grande quantidade de recifes na região é
seu espalhamento em diferentes distâncias da costa, o que contribuiu para o aumento da
diversidade de espécies. "No sul da Bahia, diferentemente da maior parte do litoral
brasileiro, os recifes são encontrados próximos à costa e também a até 70 quilômetros mar
adentro."

Uma segunda edição do documentário, que abordará as relações do homem com o meio
ambiente, deverá ser lançada no segundo semestre de 2008. "A intenção é que essa edição
tenha relatos de pescadores antigos e pesquisadores da área para sabermos quais foram as
principais transformações dos recifes ao longo do tempo", antecipou Castro.

O documentário Vida nos Recifes está sendo distribuído gratuitamente durante as


atividades de conscientização do projeto Coral Vivo e deverá ser colocado à venda para o
público em geral até o fim do ano.

Mais informações: www.coralvivo.org.br ou contato@coralvivo.org.br

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