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Agência FAPESP - A caça das tartarugas, peixes e crocodilos são fenômenos que existem
desde que o homem surgiu. A novidade é que essas ações iniciaram o processo de declínio
das estruturas dos recifes de corais, como revela um estudo publicado na edição 15/8 na
revista Science.
Os cientistas compararam principalmente duas variáveis para cada uma das regiões
analisadas. O estado de preservação do ambiente, desde bastante sadio até extinto, foi
identificado em sete estágios de desenvolvimento da vida terrestre. Os pesquisadores
estudaram a fase pré-humana, o período dos caçadores e coletores, a época apenas
agrária, os tempos da ocupação colonial e mais três fases dos tempos modernos, além dos
dados registrados no presente.
"Registros históricos longos, às vezes ignorados pelos cientistas, são ferramentas potentes
para se compreender a relação entre a situação atual e passada dos ecossistemas, quando
eles ainda estavam intactos", disse Richard Cooke, arqueólogo do Instituto Smithsonian de
Pesquisas Tropicais e um dos autores do artigo da Science. "Os humanos nunca foram
conservacionistas natos", disse o pesquisador radicado no Panamá.
"Sempre pensava que a população de tartarugas verdes estava intacta quando Colombo
chegou às Américas. Não vou pensar isso nunca mais", disse Karen Bjorndal, da
Universidade da Flórida, que também participou do estudo, em que ficou responsável pela
investigação das águas caribenhas.
Agência FAPESP – Os recifes de coral, considerados como o equivalente nos oceanos das
florestas tropicais úmidas, ocupam cerca de 2,4 mil dos 8 mil quilômetros da costa
brasileira. E são eles os protagonistas do documentário Vida nos Recifes, lançado pelo
projeto Coral Vivo, iniciativa que tem o objetivo de gerar conhecimento sobre os ambientes
recifais brasileiros.
Informações sobre o que são recifes, como são formados, importância dos corais e de
outros fenômenos biológicos presentes nesses ambientes são encontrados no DVD que teve
apoio do Ministério do Meio Ambiente. A proposta é apresentar conhecimentos científicos
sobre o ecossistema por meio de linguagem não-técnica.
Recifes de coral são estruturas rochosas construídas por organismos marinhos, sejam
animais ou vegetais portadores de esqueleto calcário, resistentes à ação mecânica das
ondas e correntes marítimas. Essas estruturas se distribuem na região equatorial do globo
terrestre, em geral em águas rasas, quentes e claras.
Além das imagens obtidas do mar, o vídeo tem uma série de animações gráficas para
explicar conceitos geralmente pouco compreendidos, como detalhes sobre a formação dos
recifes de coral.
"Com base nos conteúdos abordados no vídeo, já fizemos um curso de capacitação para
mais de cem agentes de turismo da Bahia e estamos preparando outro para 200
professores de ensino fundamental do sul do estado, onde estão as áreas recifais mais
importantes de todo o Atlântico sul", contou Castro.
Segundo ele, a noção de que o litoral baiano tem as principais áreas recifais do Atlântico sul
existe desde a década de 1960. "Todas as espécies de corais formadores de recifes do país
conhecidas até o momento pelos cientistas brasileiros e estrangeiros são encontradas no
sul da Bahia, sendo algumas espécies exclusivas da região. Os outros recifes do litoral
brasileiro têm apenas parcelas dessas espécies. Não é à toa que o primeiro parque nacional
marinho brasileiro, o dos Abrolhos, foi criado na região, em 1983", disse.
De acordo com o pesquisador, um dos motivos da grande quantidade de recifes na região é
seu espalhamento em diferentes distâncias da costa, o que contribuiu para o aumento da
diversidade de espécies. "No sul da Bahia, diferentemente da maior parte do litoral
brasileiro, os recifes são encontrados próximos à costa e também a até 70 quilômetros mar
adentro."
Uma segunda edição do documentário, que abordará as relações do homem com o meio
ambiente, deverá ser lançada no segundo semestre de 2008. "A intenção é que essa edição
tenha relatos de pescadores antigos e pesquisadores da área para sabermos quais foram as
principais transformações dos recifes ao longo do tempo", antecipou Castro.