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NATÁLIA SAMPAIO - Engenheira Florestal, Especialista em Gerenciamento Ambiental

Estudante de Engenharia Civil. Atua nas áreas de Fiscalização, Meio ambiente e Consultoria Ambiental,
tanto na iniciativa pública quanto na privada.
Coluna para o Jornal Correio de Capivari – Temas relacionados a meio ambiente e sustentabilidade

Décimo primeiro tema: A Ilha de Lixo do Pacífico (para 05/08/2017)

Charles Moore, voltando de uma competição de barco a vela, em 1977, atravessando o oceano
Pacífico, observou com grande estranheza, materiais flutuantes no mar. Segundo ele, tratava-se de uma
imensa ilha de plástico que dominava a superfície marítima e que podia ser avistada da costa.
Assim foi a descoberta de um dos maiores problemas ambientais do planeta. A Grande Ilha de
Lixo do Pacífico, como é chamada pelos pesquisadores. Ela ocupa uma área que possui grande
concentração de plástico, atingindo área estimada em 700 mil quilômetros quadrados, o que
corresponde aos territórios dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro somados.
Pesquisadores ambientalistas do mundo todo tem desenvolvido estudos sobre o local. Segundo
o PNUMA, Programa Ambiental das Nações Unidas, 90% de todos os detritos dos oceanos são
compostos por plástico. Estudos comprovam que para cada quilo de algas marinhas e plâncton
encontrado nos oceanos, há pelo menos seis quilos de plástico. Considerando estes organismos como os
principais responsáveis pela oxigenação do planeta e alimentação de cadeias alimentares, isto é um
dado bastante preocupante.
A “ilha”, na verdade, é uma espécie de sopa de plástico, na qual pequenas partículas do
material, os “microplásticos”, funcionam como uma espécie de esponja, absorvendo as toxinas
presentes no mar como resíduos de inseticidas e pesticidas, que acabam sendo ingeridos por animais
marinhos. Entretanto, ainda não foi determinado se essas toxinas chegariam até os humanos através da
cadeia alimentar. Além disso, existem inúmeros relatos de animais mortos por asfixia ou lesões internas
provocadas pela ingestão destes materiais. O PNUMA, afirma que este material é responsável pela
morte de mais de um milhão de aves marinhas todos os anos.
Um dado alarmante sobre esse fenômeno é que a formação dessa sopa não se deve a poluição
provocada por navios, mas se origina, principalmente, do lixo proveniente dos Estados Unidos e do
Japão. Segundo estimativas, o mundo descarta entre 5,3 a 13,7 toneladas de lixo plástico no mar todo
ano.
Apesar de este fenômeno ocorrer no Pacífico de forma tão alarmante, recentemente foram
descobertas novas pequenas ilhas em todos os oceanos, inclusive no Oceano Atlântico, comprovando
que é um problema de todo o mundo.
Para saber melhor sobre o assunto, a Rede Globo apresentou duas reportagens acerca do
assunto, que podem ser vistas em “Sopa plástica: o lixão do Oceano Pacífico”
(https://www.youtube.com/watch?v=XwvYzmk-NjY) e “Pesquisa descobre para onde lixo jogado nos
oceanos é arrastado” (https://www.youtube.com/watch?v=wpS4VuoUvEE).
Diante destas informações, vale ressaltar que a cada “papelzinho” de bala jogada pra fora do
carro, cada bituca de cigarro apagada e descartada na sarjeta, cada copinho “jogado fora”, cada
embalagem de presente desembrulhada e deixada em qualquer canto, causam impactos imensuráveis e
muitas vezes, distantes de suas origens. Com isso, fica destacada, mais uma vez, a grande necessidade
de repensar a atitude humana, pois para ser “ambientalmente correto”, é indispensável “pensar
globalmente e agir localmente”, como indica Ulrich Beck.

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